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e-DOC AD561D9D

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DO


DISTRITO FEDERAL

URGENTE

Representação nº 4/2022 – G3P

O MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL, com fulcro


no art. 85, da Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF)1, no art. 1º, § 3º, da Lei
Complementar Distrital nº 1/19942, bem como nos arts. 54, I, e 230, § 1º, IV, do
Regimento Interno do TCDF3, vem oferecer a presente
REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO CAUTELAR
em face da POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL, órgão público do Poder
Executivo do Distrito Federal, inscrito no CNPJ sob o nº 37.115.482/0001-35,
com sede no Setor Policial (SPO), Conjunto A, Lote 23, DF, CEP 70.610-907,
doravante denominada meramente por “PCDF”, pelas irregularidades descritas
a seguir.
I – DOS FATOS

1 Art. 85. Funcionará junto ao Tribunal de Contas o Ministério Público, regido pelos princípios
institucionais de unidade, indivisibilidade e independência funcional, com as atribuições de
guarda da lei e fiscal de sua execução.
2 Art. 1º Omissis.

(...)
§ 3º O Tribunal de Contas agirá de ofício ou mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do
Ministério Público ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Federal ou dos
demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de irregularidade em qualquer despesa,
inclusive naquela decorrente de contrato.
3 Art. 54. Compete ao Ministério Público junto ao Tribunal, por seu representante, em sua missão

de guarda da lei e de fiscalização de sua observância:


I - promover a defesa da ordem jurídica, requerendo perante o Tribunal as medidas de interesse
da justiça, da Administração e do Erário;
(...)
Art. 230. O Tribunal receberá representações sobre ilegalidades, irregularidades ou abusos
identificados no exercício da administração contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial dos órgãos e entidades sujeitos à sua jurisdição ou na aplicação de quaisquer
recursos
repassados ao Distrito Federal, ou por este, mediante ajuste de qualquer natureza.
§ 1º Têm legitimidade para representar ao Tribunal:
(...)
IV - membros do Ministério Público, inclusive do Ministério Público junto ao TCDF;
1
Ministério Público de Contas do Distrito Federal – Terceira Procuradoria – Fone: (61) 3314-2362
Anexo do Palácio Costa e Silva – 8º andar – Praça do Buriti – Brasília-DF – CEP 70.075-901

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2. A PCDF lançou o Edital nº 01 – PCDF4, de 3 de dezembro de


2019, que estabelece as normas do concurso público para provimento de vagas
no cargo de Escrivão de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal,
promovido pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de
Promoção de Eventos (Cebraspe).
3. Em sua cláusula 13.10.2, o instrumento convocatório estabelece
rol de “condições clínicas, sinais ou sintomas que incapacitam o candidato no
concurso público, bem como para a posse no cargo”. Entre as condições citadas,
chama atenção a constante do item 35: “expressões cutâneas das doenças
autoimunes”.
4. A despeito da vagueza da cláusula editalícia, em resposta a
impugnações ao instrumento, a banca responsável pelo certame explicitou as
patologias potencialmente eliminatórias, a saber, vitiligo, lúpus eritematoso
sistêmico ou localizado, esclerodermia e hanseníase. Transcreve-se abaixo a
resposta dada pelo Cebraspe nas impugnações de sequenciais nº 101 e 177, as
quais questionavam a possibilidade de eliminação de candidato portador de
vitiligo5:
“Resposta: improcedente. A inclusão de expressões cutâneas
de doenças autoimunes como condição incapacitante justifica-
se porque elas indicam muitas vezes doenças de base crônica e
evolutiva, tais como o vitiligo, o lúpus eritematoso sistêmico ou
localizado, a esclerodermia, a hanseniase, entre outras. Assim,
a regra editalícia objeto de impugnação é baseada na melhor
técnica científica e está em consonância com o perfil
profissiográfico da atividade em tela, razão pela qual a
impugnação não merece acolhimento.”

5. Desse modo, o vitiligo passa a constituir hipótese


ensejadora da exclusão do certame, revelando, por parte do Estado, odiosa
prática discriminatória e reforçadora de estigma social que recai sobre
enfermidade que não impõe qualquer limitação às atividades policiais, para
além de meras alterações dermatológico-fenotípicas.
6. Como se demonstrará a seguir, a interpretação dada à previsão
editalícia revela-se irrazoável e, portanto, ilegal, cabendo a esta Corte de Contas
agir com vista a impedir eventual eliminação de candidatos portadores de vitiligo,
no exercício de sua competência judicante relativa ao recrutamento de pessoal
no âmbito da Administração.

https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_19_escrivao/arquivos/ED_1_2019_PCDF_ESCRI
VAO_19_ABERTURA.PDF. Acesso em 05 jun. 2022.
5

https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_19_escrivao/arquivos/PCDF_2019_RESPOSTAS_
IMPUGNACOES.PDF. Acesso em 05 jun. 2022.
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II – DOS FUNDAMENTOS
7. De acordo com informações disponibilizadas no sítio da Rede
D’Or6, renomado grupo prestador de serviços de saúde, “vitiligo é uma doença
que faz com que as células de pigmentação da pele, ou seja, aquelas que fazem
a pessoa ter um determinado tom de pele, comecem a morrer”. É de relevo para
o caso em tela trazer o alerta veiculado pela rede especializada, no sentido de
que “o vitiligo não pode ser transmitido de uma pessoa para outra, e é essencial
que essa questão seja desestigmatizada” (grifei).
8. De acordo com a fonte citada, a despigmentação da pele pode
afetar a autoestima do paciente e ensejar a necessidade de
acompanhamento psicológico. Isso, não como um desdobramento imediato
da doença, mas antes como uma decorrência do próprio processo de
estigmatização social, razão pela qual tal enfermidade revela-se inidônea para
ensejar a exclusão de candidatos de certame policial.
9. O potencial danoso de uma dada situação – médica ou não –
sobre a condição psicológica de candidatos a um cargo público constitui, o mais
das vezes, matéria de futurologia, sendo absolutamente incerto e inescrutável o
efeito do vitiligo para a saúde mental de cada portador.
10. Ainda que se admitisse, ad argumentandum tantum, que o
portador de vitiligo, pelo estigma que a alteração da pele proporciona, possui
uma maior predisposição a sofrer abalos psicológicos, tal circunstância seria um
motivo a mais para o Estado agir de forma diversa, na medida em que a
República Federativa do Brasil tem, por objetivo fundamental, “promover o bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação” (art. 3º, IV, da Constituição Federal).
11. Diante da ausência de fundamentos que suportem a ideia de que
a doença, per se, gera obstáculos ao desempenho das atribuições dos cargos
da Carreira de Polícia Civil, não parece haver dúvidas de que a condição de
portador de vitiligo não pode ser causa de eliminação do certame.
12. Nesse sentido, chama atenção o raciocínio circular e, portanto,
inconclusivo que fundamentou as respostas às impugnações citadas. Diz a
banca que “expressões cutâneas de doenças autoimunes (...) indicam muitas
vezes doenças de base crônica e evolutiva, tais como o vitiligo (...)”. Ora, afirmar
que “expressões cutâneas de vitiligo indicam a presença de vitiligo” certamente
não é um argumento válido.
13. Mesmo que seja doença de base crônica e evolutiva, o
desenvolvimento do vitiligo não tende a gerar gravames médicos de outra ordem,
senão por desdobramentos do próprio preconceito culturalmente alimentado a
propósito desta enfermidade. Em casos tais, a eventual deterioração da saúde
mental não é atribuível à doença em si, como sua consequência inarredável, mas

6 https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/vitiligo. Acesso em 05 jun. 2022.


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antes do próprio processo social excludente que, in casu, seria perpetrado pelo
poder público que, em revés, deveria fustigar qualquer prática discriminatória.
14. Nessa senda, vedar ao cidadão portador de vitiligo, doença que
traz mais estigma social do que dano à saúde física do acometido, a
possibilidade de exercer cargo público configura frontal violação ao princípio do
amplo acesso aos cargos públicos, prescrito pelo art. 37, I, da Constituição
Federal7, ao princípio da igualdade (art. 5º, caput, CF8) e ao fundamento
republicano da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF9).
15. Não à toa, em concurso público realizado pela Marinha do Brasil
para admissão às escolas de aprendizes-marinheiros, em 2018, a despeito de
se prever como condição incapacitante “expressões cutâneas das doenças
autoimunes”, estabeleceu-se, de forma peremptória, a exceção do vitiligo, de
modo a não constituir causa de eliminação10. Igualmente, em 2020, a Polícia
Civil do Estado do Paraná retificou edital de concurso para excluir do item
“causas incapacitantes – prova de higidez física” os termos “vitiligos extensos e
comprometimento estético” 11.
16. Revela-se válido, também, citar parecer técnico elaborado pelo
Conselho Regional de Medicina do Estado do Tocantins12, em resposta a
consulta formulada pela Defensoria Pública desse ente federado, indagando, in
verbis: a) “a patologia de vitiligo impede o exercício profissional do soldado
militar?” e b) “a doença é incapacitante totalmente para o trabalho como policial
militar?”. Em atendimento aos questionamentos, assim se pronunciou o CRM-
TO:
A resposta às duas questões formuladas é não.

A doença vitiligo não é patologia incapacitante totalmente para o


trabalho como policial militar e nem impede o exercício
profissional do soldado militar, já que na maioria dos casos não
traz prejuízos à saúde física e nem acomete órgãos internos.

7 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham
os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
8 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à


liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
9 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como


fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana;
10 https://www.inscricao.marinha.mil.br/marinha/CPAEAM2018%20-Tatuagem.pdf?id_file=3781.

Acesso em 05 jun. 2022.


11 https://servicos.nc.ufpr.br/PortalNC/PublicacaoDocumento?pub=2434. Acesso em 05 jun.

2022.
12 https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/pareceres/TO/2018/1_2018.pdf. Acesso em 05

jun. 2022.
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Importante ressaltar que a resposta às perguntas da consulente


é de abrangência geral, e que cada indivíduo, portador ou não
da doença vitiligo, apresenta particularidades próprias e
variadas, e que a avaliação clínica do trabalhador para exercício
da profissão de policial militar, além de individualizada deve ser
realizada pelo médico do trabalho.

17. No âmbito judicial, o mesmo entendimento prosperou no


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, sendo válido citar o Acórdão
nº 928437, em que se reconheceu que o ato administrativo que declara o
candidato inapto para o exercício de cargo público deve fundar-se em
demonstração de incompatibilidade da condição de saúde com as atribuições a
serem desempenhadas. Por absoluta pertinência entre o caso julgado – atinente
a concurso da Polícia Militar do Distrito Federal – e a questão ora apresentada à
Corte de Contas, transcrevo trecho do voto condutor:
Quanto ao segundo motivo para a eliminação do candidato,
‘apresentar expressões cutâneas de doenças autoimunes’,
também não merece prosperar.
A uma, porque a decisão administrativa (fl. 31) não fundamentou
e demonstrou os motivos os quais aquela avaliação poderia
influenciar no cargo pretendido. A duas, posto que consoante o
relatório médico (fl. 33) a patologia não incapacita o apelado de
exercer a atividade laboral que exige o certame e nem é
contagiosa: ‘Paciente (...), 27 anos, apresenta lesões
dermatológicas de vitiligo há 18 anos. Patologia esta não
contagiosa e que não impede o exercício de qualquer atividade’.
18. Diante da constatação da existência de interpretação de
cláusula editalícia que estabelece causa de eliminação com discrímen
desprovido de fundamentos e razoabilidade, é de rigor reconhecer sua
ilegalidade, impedindo-se a Administração Pública de agir com fulcro em tal
exegese do instrumento convocatório.
19. Por oportuno, registro que não se está, por esta via, a postular
direitos individuais ou patrimoniais disponíveis de qualquer candidato em
particular, tratando-se a questão de matéria de ordem pública revestida de
interesse social afetado por ato administrativo iminente e ilegal. Versando o
objeto da representação sobre aspecto de cunho geral relacionado à admissão
de servidores públicos, mostra-se inarredável a competência desta Corte de
Contas para deliberar a respeito.
20. Friso que se busca, aqui, o afastamento de interpretação de viés
discriminatório que pode ter por resultado indevida alteração da classificação de
um concurso público, bem como a indesejável restrição à ampla competitividade
esperada de tais certames.
21. Por fim, tendo em vista que idêntica previsão editalícia
consta do item 12.10.2, item 35, do concurso público para provimento de
vagas no cargo de agente de polícia da carreira de Polícia Civil do Distrito

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Federal, igualmente em andamento13, pelas mesmas razões, requerer-se-á a


extensão dos pedidos cautelar e de mérito a seguir detalhados a este certame e
aos futuros concursos promovidos pela jurisdicionada.

III – DA MEDIDA CAUTELAR


22. Como é cediço, nos termos do art. 277 de seu Regimento
Interno, este Tribunal de Contas pode conceder medida cautelar em caso de
urgência ou fundado receio de grave lesão ao interesse público. Assim, cumpre
evidenciar a presença, in casu, dos requisitos autorizadores dos provimentos de
urgência, a saber, a probabilidade do direito (fumus boni iuris), de um lado, e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in mora), de
outro (art. 300, do Código de Processo Civil, c/c art. 298, do RITCDF).
23. Demonstrada a ilicitude da interpretação concedida à cláusula
13.10.2, item 35, do edital do concurso público, por afronta ao art. 5º, caput, c/c
art. 37, I, da Constituição Federal, revela-se presente o primeiro requisito, da
plausibilidade da alegação.
24. Por sua vez, o perigo da demora dessume-se do risco de
indevida eliminação de candidatos, o que, além de afetar direitos individuais,
acarreta a probabilidade de intervenção judicial pontual, em caso de provocação,
e consequente tumulto na sequência do concurso público, com prejuízo para o
desejável preenchimento das vagas. Observe-se que, em 31/05/2022, foi
disponibilizada, no sítio do Cebraspe, consulta de local e horário de realização
de avaliação médica14, estando prevista para 15/06/2022 a divulgação do
resultado de tal avaliação15.
25. A manifestação da banca examinadora indica claramente sua
intenção de agir ilegalmente, excluindo do certame candidatos com tais
manifestações dermatológicas, estando plenamente configurada a alta
probabilidade de lesão à ordem pública ora impugnada.
26. Dessa forma, reputo indispensável que esta Corte, sempre
zelosa pela preservação do interesse público e da ordem jurídico-administrativa,
adote provimento acautelatório de forma a viabilizar o escorreito andamento do
certame, determinando à Polícia Civil do Distrito Federal e ao Cebraspe que se
abstenham de eliminar candidatos com fundamento exclusivo em
expressões cutâneas de vitiligo.
IV – DOS PEDIDOS

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https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/PC_DF_20_AGENTE/arquivos/ED_1_2020_PCDF_AGE
NTE_20_ABERTURA.PDF. Acesso em 05 jun. 2022.
14 https://www.cebraspe.org.br/concursos/pc_df_19_escrivao. Acesso em 05 jun. 2022.
15

https://cdn.cebraspe.org.br/concursos/PC_DF_19_ESCRIVAO/arquivos/PCDF_ESCRIVAO_COMUNICAD
O_DATA_DE_RESULTADO.PDF. Acesso em 06 jun. 2022.
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27. Diante do exposto, tendo em vista as competências cometidas


ao Tribunal de Contas do Distrito Federal no art. 1º, XIV, c/c art. 1º, § 3º, da Lei
Complementar Distrital n. 1/199416, o MPC/DF requer ao egrégio Plenário que:
I. presentes os requisitos de admissibilidade inscritos no
art. 230, § 2º, do Regimento Interno deste TCDF, conheça da presente
Representação;
II. com fulcro no art. 277, do Regimento Interno do TCDF,
presente o risco de grave lesão ao interesse público, conceda medida cautelar
para determinar à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao Centro
Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos
(Cebraspe) que, nos concursos para provimento de vagas nos cargos de
escrivão e agente de polícia, abstenham-se de eliminar candidatos na
avaliação médica com fundamento exclusivo em expressões cutâneas de
vitiligo;
III. com fulcro no art. 230, § 9º, c/c art. 248, V, do Regimento
Interno do TCDF, determine à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e ao
Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de
Eventos (Cebraspe) que, no prazo de 10 (dez) dias, manifeste-se sobre o teor
da presente representação;
IV. determine o encaminhamento dos autos à unidade técnica
competente para instrução; e
V. no mérito, considere procedente a Representação nº 4/2022
– G3P, determinando à Polícia Civil do Distrito Federal, com fulcro no art. 1º, X,
da Lei Complementar Distrital nº 1/1994, que, nos concursos em tela e nos
certames futuros, abstenha-se de considerar, como causa de eliminação no
certame, expressões cutâneas de vitiligo.

Brasília/DF, 6 de junho de 2022.

DANILO MORAIS DOS SANTOS


Procurador

16 Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, órgão de controle externo, nos termos da
Constituição Federal, da Lei Orgânica do Distrito Federal e na forma estabelecida nesta Lei
Complementar, compete:
(...);
XIV – apreciar e apurar denúncias sobre irregularidades e ilegalidades dos atos sujeitos a seu
controle;
(...).
§ 3º O Tribunal de Contas agirá de ofício ou mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do
Ministério Público ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Federal ou dos
demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de irregularidade em qualquer despesa,
inclusive naquela decorrente de contrato.
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