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AMBIENTAL
UNIDADE II
QUÍMICA DA
ATMOSFERA E DA
ÁGUA
2018 1
Ficha Técnica:
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Índice
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CAPITULO VI – CONTAMINAÇÀO DAS ÁGUAS 42
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INTRODUÇÃO
Caro Estudante!
Seja Bem-vindo(a) à unidade II da disciplina de QUÍMICA AMBIENTAL.
Para ter sucesso nesta unidade necessita de estudar com atenção todo o manual, não deixando de
rever as unidades anteriores. Para complementar os seus conhecimentos recomenda-se que
realize uma leitura pelos recursos auxiliares recomendados ao longo desta unidade, não só pela
bibliografia indicada como pelos websites sugeridos. Para aceder a outras bibliotecas faça-se
acompanhar do seu cartão de estudante.
A biblioteca virtual do ISM inclui livros digitalizados, artigos, websites e outras referências
importantes para esta e outras disciplinas, que deverá utilizar na realização de casos práticos. A
biblioteca virtual pode ser consultada em http://www.ismonitor.ac.mz/biblioteca.
O aluno pode ainda recorrer a outras bibliotecas virtuais, como por exemplo em:
www.saber.ac.mz www.books.google.com
Recomenda-se que o aluno não guarde as suas dúvidas para si e que as apresente ao tutor,
sempre que achar pertinente. Recomenda-se que entre em contacto com o respectivo tutor, caso
ainda não tenha o contacto do mesmo poderá obtê-lo através do site:
https://www.ismonitor.ac.mz/ ou através da página facebook:
https://www.facebook.com/ismonitor/.
Os exercícios práticos têm como objectivo a consolidação do conhecimento dos temas
apresentados nesta unidade. O Instituto Superior Monitor fornece as soluções de muitos desses
exercícios de forma a facilitar o processo de aprendizagem, mas atenção caro estudante, você
deve resolver os exercícios de auto-avaliação antes de consultar as soluções fornecidas.
No final desta unidade encontra-se o teste de avaliação. A avaliação deve ser submetida ao
Instituto Superior Monitor até 30 (trinta) dias após a recepção da unidade. A avaliação da
unidade pode ser submetida por e-mail (testes@ismonitor.ac.mz) ou entrega directa na
instituição sede ou centros de recursos. É da responsabilidade do aluno certificar-se da recepção
do teste no exacto número de páginas.
Esta unidade pressupõe que a realização de 37,5 horas de aprendizagem, distribuídas da seguinte
forma:
Tempo para leituras da unidade: 22 horas;
Tempo para trabalhos de pesquisa: 5 horas;
Tempo para realização de exercícios práticos: 8,5 horas;
Tempo para realizar avaliações: 2 horas.
A presente unidade é válida por 12 (doze) meses. Os estudantes que não tenham obtido
aproveitamento na disciplina (por terem interrompido o curso ou reprovado) devem contactar o
Instituto Superior Monitor. Esta recomendação deve-se ao facto de os materiais serem
periodicamente revistos e actualizados, de forma a se adaptarem às mudanças do mundo actual
e às dinâmicas da produção de conhecimento no seio da própria disciplina.
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UNIDADE I – QUÍMICA DA ATMOSFERA
Objectivos do capítulo
No final deste capítulo os estudantes deverão ser capazes de:
Conhecer a estrutura vertical da atmosfera;
Identificar os principais elementos químicos que compõem a atmosfera;
Descrever as reacções fotoquímicas e ácido-base (processos naturais) que ocorrem na
atmosfera.
A Biosfera constituída por conjunto de organismos interage entre si e com o meio abiótico. A
figura abaixo ilustra esta interacção com as diferentes camadas da Ecosfera.
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Figura 1. Interação entre as camadas da Ecosfera. Fonte: Baird (2002).
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Hélio 5.24×10-4
Metano 1.6×10-4
Crípton 1.14×10-4
Gases nobres e outros Óxido nitroso 3×10-5
Monóxido de carbono 1.2×10-5
Xénon 8.9×10-6
Amónio 10-8 -10-7
Fonte: Manahan (2000)
Troposfera: é a camada mais próxima da superfície e turbulenta onde ocorre diversos fenómenos
meteorológicos, como a formação das chuvas, neve granizo e desempenha um papel de extrema
importância para a humanidade, pois dela depende a vida do homem. A sua espessura varia de
região para região, sendo de 15 Km (equador) e reduzindo até 8 km na medida em que
aproximamos aos pólos) até contém 80% da massa dos gases atmosféricos. A s.
A temperatura diminui 0, 6º C a cada 100 metros de altitude até atingir cerca de 60ºC negativo.
A tropopausa é o nome dado à camada intermediária entre a troposfera e a estratosfera, situada a
uma altura média de 17km, no equador.
A distância da tropopausa em relação ao solo varia conforme as condições climáticas da troposfera,
da temperatura do ar, a latitude entre outros factores. Se existe na troposfera uma agitação climática
com muitas correntes de convenção, a tropopausa tende a subir, por causa do aumento do volume
do ar na troposfera.
Estratosfera: é segunda camada da atmosfera definida e fica situada entre altitudes onde a
temperatura tende a apresentar inversões. Varia de 15 até 50 Km, e é esta camada que contém a
camada de ozono.
Nessa camada a temperatura aumenta com a altitude e caracteriza-se pelos movimentos de ar no
sentido horizontal. Este aumento de temperatura deve-se ao aumento da interacção química e
térmica entre a radiação ultravioletas e os gases existentes.
Apresenta pequena concentração de vapor da água e temperatura constante até a região limítrofe,
denominada estratopausa. É próximo à estratopausa que se situa a maior parte do ozono
(responsável pela absorção dos raios ultravioletas) (ver a figura 2) em torno de 22 Km acima da
superfície, na parte superior da estratosfera e esta camada é normalmente designada de ozonosfera.
Mesosfera: Esta camada está situada depois da estratosfera, entre 50 a 85 km de altitude e
caracteriza-se pela redução da temperatura com a altitude, podendo atingir 90ºC negativos, na
mesopausa. É na mesosfera que ocorre o fenómeno da aeroluminescência das emissões do grupo
hidroxilo.
A zona limite desta camada é designada por mesopausa. A mesopausa contém massa molecular
constante e predomina a difusão molecular.
Termosfera: varia entre 80 à 800Km e esta atinge temperaturas mais elevadas com cerca de
2000ºC, isto deve-se a absorção das radiações de energia superior que é resultado da interacção
dos efeitos térmicos e químico das radiações.
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O conjunto da mesosfera superior e a termosfera denomina-se ionosfera. A ionosfera. Esta
camada é constituída de electrões livres produzidos por influências ionizantes da radiação solar e
de partículas cósmicas e solares energéticas incidentes. A ionosfera está sujeita a acentuadas
variações geográficas e temporais e ela exerce um profundo efeito sobre as características das
ondas de rádio propagadas dentro ou através dela.
As camadas ou regiões iónicas da ionosfera são classificadas como regiões D, E, F1 e F2.
A camada D é a mais próxima da superfície terrestre, situando-se entre os 50 e 80 km, que
absorve a maior quantidade de energia electromagnética.
A camada E que se localiza-se acima da camada D, abaixo das camadas F1 e F2, com
altitude média situada entre os 80 e os 100- 140km.
A camada E esporádica que tem a particularidade de ficar mais activa quanto mais
perpendiculares são os raios solares que incidem sobre si.
A camada F1 que se localiza acima da camada E e abaixo da camada F2 ~100-140 até ~200
Km. Existe durante os horários diurnos.
A camada F2 que é a mais alta das camadas ionosféricas a camada F2, e situa-se entre os
200 e 400km de altitude. Acima da F1, E, e D respectivamente.
Exosfera: é a camada externa à atmosfera.
Quanto a estrutura vertical da atmosfera, a figura abaixo ilustra as diferentes camadas que a
compõem.
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1.1.4 QUÍMICA DA ATMOSFERA
A atmosfera recebe muitos gases de fontes naturais e antropogénica (actividade humana). Os gases
resultantes de fontes naturais e que são emitidos para atmosfera estão listados na tabela abaixo.
Tabela 2. Lista de substâncias químicas resultantes de fenómenos químicos.
Composto Fonte
Metano
Amónia Decomposição biológica anaeróbica
Gás sulfídrico
Ácido clorídrico Decomposição biológica anaeróbica,
vulcões
Cloreto de metila
Brometo de metila Oceanos
Iodeto de metila
Monóxido de carbono Incêndios
Dióxido de enxofre Vulcões
Óxido nítrico Relâmpagos
Fonte: Baird (2002)
Estas substâncias químicas e aquelas que constituem a atmosfera (não poluída) sofrem reacções
químicas, tais como: reacções fotoquímicas e reacções ácido-base.
A química da atmosfera envolve a atmosfera não poluída, atmosfera poluída e as degradações que
ocorrem nos dois ambientes. Todos fenómenos são importantes na transformação de substâncias
químicas, de modo a manter os ciclos que ocorrem na atmosfera. Exemplo: o ciclo de Chapman
“ciclo que consiste em etapas de formação e degradação da molécula de ozono” (será tratado no
Capítulo II, ponto 3.4).
As reacções que ocorrem através da absorção da radiação para produzir outras espécies excitadas
são amplamente determinadas pela forma no qual essas substâncias perdem o excesso de energia,
por uma das seguintes formas:
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Perda da energia para outra molécula ou átomo (M) seguida de dissipação (libertação)
dessa energia como calor:
O2* + M→O2 + M (com alta energia de translação)
Dissociação da molécula excitada (responsável pela quantidade de O2 na alta atmosfera):
O2*→O+O
Reacção directa com outras espécies químicas:
O2+O3→2O2+O
RADICAIS LIVRES
Estão envolvidos em muitos processos químicos devido aos seus electrões desemparelhados que
têm forte tendência de reagir para formar pares de electrões. Na troposfera, reagem com moléculas
como o oxigénio:
H3C* + O2→CH3OO*(radical peróxido)
Exemplo de um radical
Uma das mais importantes espécies química encontrada dna atmosfera é o radical hidróxilo (OH-
), e na atmosfera é formado por:
Fotolise da água: H2O + hν→OH* + H
Reacção do átomo de oxigénio excitado e o vapor de água na atmosfera: O2* + H2O →2HO*
Fotólise do ácido nitroso na atmosfera: HNO2 + hν →OH* + NO
O radical hidróxilo é frequentemente removido da atmosfera pelas seguintes reacções:
(1) CH4 + OH* →H3C + H2O
O radical metil formado nessa reacção reage com O2 e forma metilperoxil: H3C* + O2
→H3COO*
(2) CO + OH* →CO2 + H
O átomo de H formado reage com O2 para produzir radical hidroperoxil (HOO*): H+O2
→HOO*
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O radical hidroperoxil reage com radical hidróxilo e hidroperoxil:
HOO* +OH*→ H2O + O2
HOO* + HOO*→ H2O2 (peróxido de Hidrogénio) + O2
Os radicais hidroperoxil (HOO*) e hidroxilo (OH*) são muito importantes na remoção por
oxidação, de poluentes do ar.
Exemplos destas reacções:
CH4 + OH* →H3C + H2O
CH3Cl + OH* → CH2Cl* + H2O
Com a presença do dióxido de enxofre (SO2) forma-se um ácido forte, o ácido sulfúrico (H2SO4):
SO2(g) + H2O →H2SO4 (este é facilmente dissociado)
Em termos de poluição, os ácidos fortes, tais como: ácido nítrico (HNO3) e H2SO4 formados pela
oxidação de óxidos de nitrogénio e de enxofre e sulfeto de hidrogénio (H2S) são muito importantes
porque estão relacionadas com a chuva ácida (a ser tratado no capítulo II).
As substâncias de carácter básico são menos comuns na atmosfera. A espécie química mais
importante é a amoníaco (NH3), cuja maior fonte é a degradação da matéria biológica contendo
nitrogénio e a redução do nitrato por bactérias:
NO-(aq) + 2{CH2O} + H+ →NH3 + 2CO2 + H2O
O amoníaco é um composto gasoso muito importante na atmosfera, porque é única base solúvel
em água no ar. Quando reage com água o amoníaco desempenha um papel importante na
neutralização1 dos ácidos na atmosfera, segundo a equação da reacção abaixo:
NH3(aq) + HNO3(aq) → NH4NO3 (nitrato de amónio)
NH3(aq)+ H2SO4(aq)→ NH4HSO4 (Hidrogeno sulfato de amónio)
As substâncias resultantes não são muito perigosas para o ambiente.
EXERCÍCIOS
1. Desenhe um gráfico de variação de temperatura e de pressão com o aumento da altitude na
estrutura vertical da atmosfera.
2. A medida que um individuo desloca de uma região de baixa altitude para a região de alta atitude
está sujeita à variações de oxigénio. Este facto relaciona-se com as variações de pressão e
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Reacção de ácido e base, resultando num composto neutro de pH igual a 7.
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temperatura, com ilustra o gráfico que terá representado na pergunta anterior. Represente
graficamente a variação da quantidade de oxigénio em função da altitude.
3. Estabeleça diferenças entre os termos: ião, radical livre e espécie química excitada.
4. Explique de forma clara a relação que a Biosfera tem com outras camadas da ecosfera:
Hidrosfera, litosfera e atmosfera.
5. O amoníaco é uma substância que desempenha um papel importante na atmosfera. Qual é o
papel do amoníaco na atmosfera?
OBJECTIVOS DO CAPÍTULO
No final deste capítulo os estudantes deverão ser capazes de:
Explicar os fenómenos químicos que ocorrem na camada da estratosfera;
Descrever a química da camada do ozono;
Descrever os efeitos resultantes da depleção da camada de ozono;
Identificar os gases que induzem os efeitos da depleção da camada de ozono.
Descrever os mecanismos de indução destes efeitos.
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Que facilmente se transforma noutra forma
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2.1 FORMAÇÃO DO OZONO
O ozono forma-se através da acção da radiação solar nas moléculas de oxigénio (O2) segundo um
processo denominado fotólise em que moléculas de oxigénio são quebradas dando origem a
átomos de oxigénio, que depois combinam com com outras moléculas de oxigénio formar o ozono.
UV
O2 O +O
O2+ O O3
Esta reacção é a fonte de todo o ozono na atmosfera. Através deste processo ozono forma-se
durante as horas do dia em que há luz do sol, e a velocidade da reacção depende da quantidade da
luz UV-B, ou da concentração de átomos e de moléculas de oxigénio a uma dada altura.
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2.2.3 ABSORÇÃO DA LUZ UV-B PELO OXIGÉNIO DIATÓMICO (O2)
Outro exemplo de absorção de luz UV é o oxigénio molecular diatómico (O2), que não absorve
maior quantidade de luz visível, mas absorve alguns tipos de luz ultravioleta (UV), que é a
radiação electromagnética com comprimentos de onda que variam entre 50 e 400 nm
aproximadamente.
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2.4 MECANISMO DE DEPLECÇÃO DA CAMADA DO OZONO
A química da depleção de ozono, como muitos outros processos da estratosfera é controlada pela
energia associada à luz proveniente do sol. Por essa razão, foi importante em primeiro lugar
examinar a relação entre a absorção da luz por moléculas (O2 e O3) e a activação resultante
(energização) das moléculas que permite reagir quimicamente.
A quantidade de ozono presente na estratosfera é mantida num equilíbrio dinâmico por processos
naturais, através dos quais é continuamente formado e destruído. Mas este equilíbrio natural de
formação e destruição do ozono estratosférico tem vindo a ser perturbado devido às emissões
antropogénicas de compostos halogenados, como os compostos apresentados na tabela abaixo.
Tabela 3. Algumas substâncias químicas produzidas por actividades humanas e que são emitidas
para a atmosfera. CFC- Clorofluorcarbonetos.
Substância Uso
química
CFC-11
CFC-12
CFC-113 Refrigeração, climatização
CFC-114
CFC-115
CFC-11 Espumas e solventes
CFC-113
Halons Extintores de incêndios
Tetracloreto de Uso laboratorial
carbono
1,1,1-tricloetano Solvente
Brometo de Controlo de pestes,
metilo fumigação
Fonte: elaborado pelo Autor
Estes compostos são muito estáveis e não são destruídos na troposfera podendo um átomo do
halogénio (cloro ou bromo) destruir milhares de moléculas de ozono antes de ser removido da
estratosfera resultando naquilo que se chama de depleção da camada do ozono.
O primeiro processo químico de destruição da camada de ozono está representado pela equação
de reacção abaixo.
O3 UV O2 +O
Numa atmosfera não poluída, a produção de ozono resulta de recombinação de átomo de oxigénio
(O) com uma molécula de oxigénio (O2) constituindo um ciclo, e isto pode ser ilustrado através da
fórmula:
O+ O2 O3
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O ciclo de formação e destruição do ozono é designado por Ciclo de Chapman.
No entanto, devido a emissão de substâncias químicas para a atmosfera, essencialmente para a
camada de ozono e por serem persistentes, estas substâncias atingem altas concentrações e reagem
com ozono atmosférico, segundo a equação da reacção abaixo:
O3+X XO + O2
Onde o X pode ser O, NO, OH, Br ou Cl
Exemplo: Cl2 + O3 ClO + O2
Na estratosfera, a radiação UV de alta energia origina a fotodecomposição das moléculas com
cloro libertando átomos do cloro livre que é um grande catalisador da destruição de ozono.
UV
ClO + O Cl + O2
Inicialmente os átomos de cloro livres reagem com compostos instáveis contendo ozono, por
exemplo ozono formando monóxido de cloro
Cl+O3 (g) ClO+O2 (g)
Para além da quebra do ciclo de formação do ozono, um outro fenómeno frequente na estratosfera
é a reacção do monóxido de azoto (NO) com ozono resultando em dióxido de nitrogénio,
estabelecendo-se assim um equilíbrio estado estacionário do ciclo fotolítico entre os três
constituintes NO2, NO e O3, que não origina por si só, um aumento do ar em ozono, reduzindo a
quantidade de ozono na atmosfera.
Portanto, a quebra do ciclo de destruição e formação de ozono e consumo pela oxidação do
monóxido de nitrogénio resulta na diminuição de ozono na estratosfera. A diminuição da
concentração de ozono para valores muito abaixo dos normais e é designado Buraco na camada
do ozono. Identifique a importância da estratosfera e explique porque nessa camada há um
aumento da temperatura em relação as camadas anteriores.
1. Explique o processo de redução da camada de ozono e as suas consequências.
2. Depois de ter lido o capítulo, elabora um esquema ilustrando as fases de formação e
destruição do ozono (ciclo de Chapman).
Porque os indivíduos de pele clara são mais susceptíveis a desenvolver doenças relacionadas
com a pele, exemplo: o cancro da pele?
Objectivos do capítulo
No final deste capítulo os estudantes deverão ser capazes de:
Mencionar os gases que induzem o efeito estufa, smog fotoquímico e chuvas ácidas;
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Descrever os mecanismos pelos quais os gases induzem o efeito estufa, smog fotoquímico
e chuvas ácidas;
Mencionar as consequências do efeito estufa, smog fotoquímico e chuvas ácidas na saúde,
na agricultura e no ambiente;
INTRODUÇÃO
O efeito estufa, smog fotoquímico e chuvas ácidas são causados pela emissão de quantidades de
gases nocivos a atmosfera. Estes gases são resultantes da intensa actividade humana nos diversos
pontos, tais como indústrias de refinação de petróleos, combustão nos motores, queima de matéria
orgânica e outras.
As substâncias químicas emitidas para a atmosfera, nem sempre são elas que causam estes efeitos,
mas estas transformam-se noutras reagem com outras substâncias, daí a os termos Poluentes
primários e poluentes secundários.
Poluente primário: São substâncias intermediárias, isto é, quando emitidas para a atmosfera são
transformadas noutras;
Poluente secundário: são substâncias resultantes da transformação química dos poluentes
primários.
3. EFEITO ESTUFA
Gases indutores do efeito estufa
O efeito estufa é um fenómeno caracterizado pelo aquecimento da superfície terrestre e do ar
atmosférico. Este aquecimento deve-se a absorção de radiação infravermelha térmica. Os gases
que absorvem maioritariamente a radiação infravermelha térmica (comprimento de onda entre
4000 a 100.000nm) são: vapor de água (H2O) e dióxido de carbono (CO2). Outras substâncias tais
como: ozono (O3), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e CFC’s absorvem a radiação infravermelha
num comprimento de onda muito curto.
Portanto o “efeito estufa” da atmosfera deve-se principalmente aos dois componentes dos seres
vivos: água (sob forma de vapor) e carbono (sob forma de dióxido de carbono molecular, CO2).
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da radiação reflectida, condição que mantém constante a temperatura ambiental. Esta radiação
absorvida e reflectida é a radiação infravermelha térmica.
Nem toda a radiação infravermelha reflectida (emitida) pela superfície da terra passa para
atmosfera, pois uma parte desta radiação é absorvida temporariamente por substâncias químicas
(H2O e CO2) presentes no ar. A radiação que colide com estas substâncias é reemitida de forma
aleatória para todas as direcções. Deste modo a parte da radiação que é direccionada de volta a
superfície da terra é reabsorvida, e como consequência provoca o aquecimento adicional tanto na
superfície como no ar.
No entanto, este fenómeno de redirecionamento da radiação infravermelha (IR) térmica para a
terra é designado Efeito estufa.
Portanto, o aumento do dióxido de carbono e de gases traço (gases cuja concentração no ambiente
é muito baixa, <ppm) no ar resultantes da actividade antropogénica, aumenta a absorção da
radiação infravermelha resultando no redicrecionamento de uma maior quantidade de de IR
reflectida, e isto tem como consequência o aumento da temperatura média na superfície da terra.
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3.3.1 GASES INDUTORES DO SMOG FOTOQUÍMICO
As substâncias mais importantes que induzem o smog fotoquímico são: óxido nitroso (NO), óxidos
nítricos (NO2) resultantes da actividade antropogénica e de processos naturais; hidrocarbonetos
gasosos resultantes da evaporação de combustíveis líquidos e outros compostos orgânicos
designados por compostos orgânicos voláteis (COV).
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3.4 CHUVA ÁCIDA
Este fenómeno foi descoberto por Robert Argus Smith na Grã-Bretanha em meados de 1800 e
permaneceu esquecido até aos anos 50.
Chuva ácida refere-se a deposição húmida de constituintes ácidos os quais se dissolvem nas
nuvens e formam uma solução de pH inferior a 5,6.
As substâncias que causam este fenómeno são: dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogénio
(NOX, x é número de oxidação do nitrogénio). Estes óxidos são poluentes primários são
transportados pelo vento e espalham-se pela atmosfera até centenas de quilómetros em relação ao
local onde foram emitidos.
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De mesoescala - quando são formadas entre 1 e 10 horas depois da emissão de poluentes,
normalmente em um raio de 100 km.
Sinóptica – formadas entre 10 a 100 horas e o raio é inferior a 1.000 km;
Planetária- formada após 100horas à distâncias de até 10.000 km.
EXERCÍCIOS
1. Explique porque é que nos desertos (exemplo deserto de Sahara) as temperaturas são mais
frias no período da noite e mais quentes no período da noite.
2. A chuva ácida é formada, principalmente, em locais onde existem grandes concentrações
de indústrias que liberam gases na forma de óxidos não metálicos, por exemplo, dióxido
de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogénio. Supondo que esta chuva ácida caia
em solo rico em calcário (CaCO3), escreva uma equação representativa de uma reacção de
um dos ácidos formados na chuva ácida e o calcário.
3. Porque as substâncias químicas nitrogénio e oxigénio não são consideradas gases de efeito
estufa?
4. O vapor de água é um gás indutor do efeito estufa (responsável por cerca de 2/3 do efeito)
e habitualmente esta substância não consta na lista de substância causadoras do efeito
estufa. A que se deve este facto?
Objectivos do capítulo
No final deste capítulo os estudantes deverão ser capazes de:
Conhecer o historial e desenvolvimento do fenómeno aquecimento global;
Identificar as causas do aquecimento global;
Identificar os impactos do aquecimento global nos ecossistemas aquáticos e terrestres e na
saúde humana.
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4. AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Actualmente é muito comum ouvir comentários como: “o clima está mudando”, devido à verões
extremamente quentes, chuvas torrenciais, pluviosidade acima da média em algumas regiões do
mundo, secas pronunciadas, fortes ondas de calor e incêndios e inverno rigoroso.
A média mundial de desastres naturais subiu de 260 em 1990 para 337 em 2003, e o número de
pessoas atingidas por estes desastres cresceu exponencialmente. É certo que a terra tem variações
naturais (geológicas e climáticas) ao longo do tempo, mas as mudanças mais recentes não são
variações naturais pois estão relacionadas com aumento na temperatura da terra - o aquecimento
global.
O tema aquecimento global começou a fazer parte da agenda internacional na década de 1980
(século XX) a partir de pesquisas científicas que indicavam uma relação entre a concentração do
dióxido de carbono na atmosfera com o aumento da temperatura terrestre. Reconhecendo estes
resultados, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das Nações Unidas para
o Ambiente, estabeleceram em 1988, um Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
(IPCC). O IPCC tinha como inventariar os gases de efeito estufa e compreender os riscos das
mudanças climáticas induzidas pelo homem, potenciais impactos e propostas para mitigação.
Para tal forma estabelecidos três grupos:
Grupo I:. Avalia resultados de pesquisas científicas sobre as mudanças climáticas;
Grupo II: avalia a vulnerabilidade dos ecossistemas naturais e consequências das mudanças
climáticas e acções para mitigação;
Grupo III: avalia acções para limitar emissões de gases de efeito estufa.
Em 1990 o IPCC publicou o primeiro relatório de avaliação, confirmando que:
As actividades humanas estão aumentando substancialmente as concentrações de gases de
efeito estufa, tendo como resultado o aquecimento adicional da superfície terrestre, e isto
incitou a negociação dos países, por um acordo global para tratar o problema.
Previa que no século XXI, um aumento da temperatura média global de 0.3ºC e o nível do
mar de 6cm por década.
Em 1995, o IPCC apresentou o segundo relatório indicando um crescimento significativo das
concentrações dos gases do efeito estufa, essencialmente o CO2, desde a era pré-industrial (1750),
de 280 para 360ppm e a temperatura havia aumentado entre 0.3 e 0.6ºC desde o século XIX.
Em 2001, O IPCC publicou o terceiro relatório, confirmando o aumento da temperatura média na
superfície terrestre em 0.6ºC, sendo a década 90 a mais quente e o ano 1998 o mais quente, desde
de 1861.
Em 2008 O IPCC publicou o quarto relatório, onde reportava as concentrações de gases de efeito
estufa na atmosfera desde 1750 até 2005:
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Tabela 4. Concentrações de Gases de Efeito Estufa na Atmosfera desde 1750 até 2005
Ano
Gases de efeito estufa 1750 2005
Dióxido de carbono 280 379
(ppm)
Metano (ppb) 715 1774
Óxido nitroso (ppb) 270 319
Fonte: elaborado pelo autor.
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O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Comércio de emissões tinham como princípio: “Os
países industrializados podem investir em projectos de redução de emissões de dióxido de carbono
nos países não-desenvolvidos e receber créditos por essa redução”. Exemplos destes projectos:
implementação de energia eólica e solar, aproveitamento de biomassa, plantio de árvores em vários
países não-desenvolvidos, como Moçambique.
a) Ao nível ecológico
A nível ecológico pode-se considerar duas escalas:
Oceânica: ampliação do derretimento de gelo do Árctico devido as mudanças de temperaturas;
aumento na quantidade de precipitação, salinidade oceânica, nos padrões de vento, eventos
climáticos extremos tais como secas, chuvas intensas, ondas de calor, alta intensidade de ciclones
tropicais e elevação do nível do mar.
Continental: ecossistemas terrestres afectados de seguinte modo: antecipação de eventos da época
de primavera (formação das folhas nas plantas), migração de aves e postura de avos, distribuição
de espécies animais e de plantas; alteração dos ecossistemas marinhos e de água doce, tais como:
distribuição e mudanças de algas e zooplâncton (são organismos aquáticos caracterizados por não
realizar fotossíntese e possuem baixa capacidade de locomoção) nos lagos de alta altitude,
diminuição dos níveis de oxigénio, migrações antecipadas de peixes nos rios e exposição das zonas
litorâneas à erosões.
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EXERCÍCIOS
1. A maior parte da energia usada hoje no planeta provém da queima de combustíveis
fósseis. O protocolo de Kyoto, acordo internacional que inclui a redução da emissão
de CO2 e de outros gases, demonstra a grande preocupação actual com o meio
ambiente. Explique de forma clara como é que o excesso de CO2 pode influenciar nos
níveis de águas nos oceanos. (Se tiver dúvida consulte no capítulo III, ponto 2 e
capítulo IV, ponto 2).
2. O relatório dos cientistas do IPCC em Bangcoc (Maio/2007) chama a atenção para
os biocombustíveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar. Os olhos
estão voltados para a Amazónia, cujo papel no equilíbrio actual do clima da Terra é
fundamental, pois a floresta actua como um gigantesco reservatório de carbono (100
a 400 milhões de toneladas por ano), além de funcionar como um regulador
atmosférico e influenciar no estabelecimento do regime de chuvas em toda a América
do Sul e outros continentes.
a) Por que o uso dos biocombustíveis é apontado por técnicos e especialistas como
alternativa para o controle do efeito estufa?
b) O texto menciona a produção de biocombustível derivado da cana-de-açúcar. No
entanto, relatório do próprio IPCC aponta a actividade agrícola e o uso da terra como
as principais fontes de CO2 na América do Sul, na África e na Ásia. Práticas tradicionais
de manejo aplicadas na agricultura podem intensificar ainda mais a liberação de gás
carbónico. Que prática, tradicionalmente utilizada na cultura da cana-de-açúcar, tem
sido apontada como a principal fonte de libertação de CO2? Explique sua resposta.
3. No âmbito do Protocolo de Kyoto, cada parte visa limitar e reduzir a emissão de gases, a
fim de promover o desenvolvimento sustentável, buscando o aumento da eficiência
energética em sectores relevantes da economia nacional.
“Gases atmosféricos, especialmente o gás carbónico, causam danos no meio ambiente,
pois funcionam como uma capa protectora que, durante a noite, impede a dispersão total,
para o espaço exterior, do calor absorvido pela Terra durante o dia, evitando, assim, o
resfriamento excessivo da Terra (troposfera) e tornando possível a vida no planeta”.
a) A que fenómeno se refere?
b) Propõe 3 medidas mitigadoras deste efeito.
Tema Conteúdo
Regiões da atmosfera Compartimentos do ambiente
Estrutura vertical da atmosfera
Composição química da atmosfera
Principais gases N2, O2, Ar e
CO2;
Química da atmosfera
26
Reacções fotoquímicas
Reacções ácido-base)
Importância destas reacções
27
de substâncias tóxicas, função reguladora da temperatura. A água apresenta também funções
quando se junta aos processos de produção agrícola, industrial, como elemento do processo de
arrefecimento do calor produzido pelas máquinas industriais ou centrais de produção de energia
(as centrais termoeléctricas ou as centrais nucleares).
Apesar de fazer parte do dia-a-dia, a quantidade da água disponível sobre a terra é bastante
reduzida.
A história da descoberta da composição química da água pode ser resumida de acordo com o texto
da caixa abaixo.
A salinidade refere-se à quantidade de sais dissolvidos na água do mar, sendo definida pelo peso
total de sais inorgânicos dissolvidos em 1 kg de água. A água do mar de todo o mundo possui em
28
média uma salinidade de 35ppm. Isto significa que para cada litro de água do mar há 35 gramas
de sais dissolvidos (a maior parte é cloreto de sódio, NaCl), embora possam existir variações em
função do ambiente. A água menos salina do planeta é encontrada no Golfo da Finlândia, no Mar
Báltico. O Mar Vermelho, no Oriente Médio, é considerado como o mais salino, com a maior
concentração de sais dissolvidos devido à alta taxa de evaporação na superfície, bem como à pouca
descarga fluvial. A água encontrada nos rios, lagos e lençóis subterrâneos têm uma salinidade
próxima de zero, por oposição à água do mar e à água salobra (pântanos) ou dos estuários, tem
uma salinidade intermédia.
As propriedades da água e os seus efeitos estão resumidos na tabela a seguir.
Tabela 6. Propriedades da Água e Seus Efeitos.
Propriedade Efeito
Elevada constante dieléctrica Alta solubilidade das substâncias iónicas e sua ionização
em solução
Transparente para a maior Incolor, permitindo a luz chegar ao fundo dos corpos de
água, para a realização da fotossíntese
fracção do comprimento
ultravioleta
excepto Amónia
execepto Amónia
29
5.2. FONTES DA ÁGUA
A água encontra-se distribuída de uma forma irregular na superfície terrestre e pode ser captada
em diversas fontes. Cerca de 97% de toda água existente na terra é encontrada nos oceanos e os
restantes 3% representam a água doce. Desta porção de água doce cerca de 77% está retida nos
glaciares (é uma grande e espessa massa de gelo formada em camadas sucessivas de neve
compactada e recristalizada, de várias épocas, em regiões onde a acumulação de neve é superior
ao de gelo ou descongelamento). Também conhecidos como geleiras e icebergs (são pedaços de
gelo gigantescos flutuando no mar em que a maior porção fica debaixo da água - um deles causou
o naufrágio do navio Titanic, considerado impossível de se afundar, sobre este assunto lê o texto
da caixa 2) e 22% constituem a água subterrânea. Cerca de 1% da água doce corresponde a água
superficial distribuída da seguinte maneira; 61% corresponde a lagos, 39% distribui-se pela
atmosfera e solos e menos que 0.4% corresponde aos rios. Na natureza a água pode ser encontrada
em todas as fases de agregação ou estados físicos: sólida, líquida e gasosa. A distribuição do
volume da água nos diferentes reservatórios está apresentada na tabela abaixo.
30
Exemplo: águas oceânicas, mares (Ex: Mar Mediterrâneo) lagoas costeiras como por exemplo a
lagoa de Xidenguele na província de Gaza.
Estuários: constitui outro tipo de corpo de água que descarrega águas para o oceano. A sua
principal característica química e biológica é a mistura de águas salgada e doce.
Águas subterrâneas: são aquelas que ocorrem em grandes profundidades a partir de um (1)
Quilómetro.
A principal fonte das águas subterrâneas é a água da chuva que uma parte infiltra-se até atingir
a zona saturada.
A medida que se percorre verticalmente o solo apresenta sob a camada inicial húmida, a camada
denominada por zona de aeração ou zona insaturada. Esta zona é constituída por partículas
de solo cobertas por uma camada de água, mas que entre as partículas existe o espaço
preenchido por ar, daí a designação zona de aeração ou insaturada.
A seguir a zona insaturada está a zona saturada que é caracterizada por preenchimento total dos
espaços entre as partículas por água, nesta zona não existe ar (O2). A água doce da zona
saturada é designada por lençol freático. Em alguns locais, ele ocorre mesmo a superfície do
solo fenómeno que permite a formação de pântanos. Se a água subterrânea está contida em solos
compostos por rochas porosas, como arenito, ou em rochas altamente fracturadas, como
pedregulho ou areia, e se as águas mais profundas estão em contacto com uma camada de argila
ou rochas impermeáveis, então constitui-se um reservatório permanente, uma espécie de lago
subterrâneo chamado aquífero. Alguns aquíferos estão situados sobre várias camadas ou solo
impermeáveis e são designadas por aquíferos confinados ou artesianos (Baird, 2002).
A água subterrânea pode ser extraída para consumo humano mediante perfuração de poços. Na
Europa a água potável extraída dos aquíferos atinge cerca de 100% na Dinamarca, Áustria e
Itália e 2/3 na Alemanha, Suíça e Países Baixos como por exemplo Suécia. Em Moçambique
mais de metade da população é abastecida de água proveniente de poços domésticos individuais
ou comunitários. A extracção de maiores quantidades de água subterrânea gera insegurança no
consumo de água doce no futuro porque tais aquíferos são preenchidos muito lentamente e,
sendo assim, o nível de contaminação das águas subterrâneas está-se tornando um problema
sério em muitos países (Baird, 2002).
As águas subterrâneas têm sido consideradas tradicionalmente como uma forma de água pura
devido ao processo de filtração no seu movimento através do solo (perde turbidez, cor e fica
cada vez mais limpa) e devido ao longo tempo de permanência no subsolo. Elas contêm uma
quantidade muito menor de matéria orgânica e muitos menos organismos causadores de doenças
que as águas dos rios, lagos e lagoas.
Tanto as águas superficiais como subterrâneas são corpos de águas que se apresentam
estratificados em resultado da relação temperatura densidade e isto resulta na formação de
camadas nos corpos de águas. As camadas estão referenciadas no texto da caixa a seguir.
31
5.5. CICLO HIDROLÓGICO
32
para o seu metabolismo a partir da fotossíntese) e outros heterotróficos (que não realizam a
fotossíntese) causam a biotransformação de compostos.
Estes organismos são de extrema importância na água devido a:
A sua capacidade de fixar (transformar) o carbono de compostos inorgânicos em
substâncias orgânicas. Exemplo: algas e bactérias fotossintéticas são organismos
produtores predominantes suportando a cadeia alimentar nos corpos de água.
Ao seu poder catalizador de reacções químicas na água. Exemplo: bactérias que medeiam
os processos de Oxidação-redução que ocorrem na água;
A capacidade de degradação da biomassa e mineralização de elementos químicos
essenciais (aqueles que tem funções biológicas específicas) principalmente o nitrogénio e
o fósforo;
A sua participação nos ciclos biogeoquímicos (transformações químicas de substâncias por
agentes biológicos) dos nutrientes na água como nitrogénio e fósforo.
São responsáveis pela destruição e detoxificação (transformação de uma substância tóxica
em substância não tóxica, por alteração de forma ou propriedades químicas) de muitos
poluentes xenobióticos que entram na hidrosfera.
Estes microrganismos como catalisadores permitem a ocorrência de muitas reacções químicas
tanto na água como no solo. Muitas reacções químicas importantes na água, particularmente as
que envolvem a matéria orgânica e outros compostos inorgânicos, ocorrem na presença de
bactérias, resultando em depósitos de sedimentos e minerais, que também desempenham um papel
importante no tratamento de águas residuais.
Alguns desses organismos, como certas bactérias vírus e protozoários são patogénicos, podendo,
portanto, provocar doenças e até mesmo ser a causa de epidemias. Outros organismos, como certas
algas são responsáveis pela ocorrência de sabor e odor desagradáveis, ou por distúrbios em filtros
e outras partes do sistema de abastecimento de água.
Algas
As algas são organismos que diferem das plantas por não formarem tecidos nem orgãos ordenados,
ou seja, não apresentam uma estrutura dividida em raiz, caule e folhas. Podem ser unicelulares ou
pluricelulares e são autotróficos e fotossintetizantes. Produzem matéria orgânica (compostos
orgânicos) a partir do dióxido de carbono (CO2) que de uma forma simplificada é descrita pela
seguinte equação de reacção:
CO2+ H2O+ E→{CH2O} + O2(g)
Onde: {CH2O}= representa a unidade de carbohidrato;
E=energia de um quantum de luz
33
Fungos
Os fungos são micro-organismos tais como as leveduras e bolores, bem como os cogumelos. Os
fungos são classificados num reino separado das plantas, animais e bactérias, que é reino Fungi.
Uma grande diferença é o facto de as células dos fungos terem paredes celulares que
contêm quitina (polissacarídeo que constitui as paredes celulares de plantas), ao contrário das
células vegetais, que contêm celulose. Morfologicamente, os fungos apresentam uma variedade de
formas, sendo a forma frequente a estrutura filamentosa.
Os fungos são organismos não fotossintéticos e aeróbios (requerem oxigénio) que geralmente
toleram meios ácidos (pH <7) e meios com altas concentrações de metais pesados.
Os fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica nas trocas
e nos ciclos de nutrientes. São importantes na determinação da composição das águas naturais e
residuais, através do processo da decomposição (reacções de quebra) de produtos, por exemplo: a
decomposição da celulose presente na madeira e outros materiais de plantas através da enzima
celulase e resulta no material húmico (com húmus) que pode interagir com iões de hidrogénio e
metais.
Bactérias
São microrganismos unicelulares, embora, várias espécies se apresentem como colónias, formadas
por agrupamentos celulares. As bactérias reproduzem-se (multiplicação) rapidamente. Uma
bactéria dá origem a duas e assim sucessivamente, apresentando assim, as colónias, um
crescimento rápido.
As bactérias obtêm energia e materiais necessários para a sua multiplicação, no processo de
mediação das reacções químicas. As bactérias participam nas reacções de muitos ciclos
biogeoquímicos de muitos elementos químicos na água (exemplo ciclo de nitrogénio abaixo) e no
solo.
As bactérias podem-se agrupar nas duas categorias mencionadas acima, autotróficas e
heterotróficas. As bactérias heterotróficas têm maior ocorrência do que as bactérias autotróficas.
São responsáveis pela degradação da matéria orgânica na água e resíduos orgânicos nos processos
de tratamentos de resíduos.
De acordo com Manahan (2001), as bactérias heterotróficas podem ser: bactérias aeróbias, que
requerem oxigénio molecular e bactérias anaeróbicas que não requerem oxigénio
(principalmente nas águas paradas), em substituição de oxigénio usam ião nitrato (NO-3) e ião
sulfato (SO2-4). Muitas vezes o oxigénio molecular é tóxico para estas bactérias; bactérias
facultativas são aquelas que usam o oxigénio molecular quando está disponível e usam outras
substâncias (NO-3 e SO2-4) quando o oxigénio não está disponível.
34
a compreender a oxidação-redução das águas naturais faremos uma revisão dos fundamentos
básicos deste processo ao longo do texto e no texto da caixa 3.
Reacção de oxidação: ocorre quando a actividade do electrão é relativamente baixa e a espécie
química (elemento químico) tende a perder electrões.
Exemplo:
A água pode ser oxidada segundo a seguinte reacção:
2H2O→ O2(g)+ 4H+ + 4e- (oxigénio passou de -2 para 0)
Reacção de redução: ocorre quando a actividade de electrões é relativamente alta, as espécies
químicas (elemento químico) tendem a receber electrões e são reduzidos.
O oxigénio molecular (O2) é o agente oxidante mais importante em águas naturais e pode ser
reduzido do estado de oxidação zero até o estado de oxidação -2 (isto é, o número de oxidação 0
para -2) quando forma H2O ou o ião hidroxilo (OH-).
Exemplo: A semi-reacção que ocorre:
Em solução ácida é: O2+4H+ +4e-2H2O
Em solução básica (ou alcalina) é: O2+2H2O +4e- 4OH-
Caixa 4. Potencial hidrogeniónico
pH (potencial hidrogeniónico): refere-se a actividade de iões hidrogénio num
determinado meio;
Meio ácido: é aqule que possui um pH <7;
Meio neutro: é aquele que possui pH=7;
Meio básico ou alcalino: é aquele que possui um pH>7
Reacção de oxidação: é aquele que uma determinada espécie química perde electrões;
Reacção de redução: é aquele que uma determinada espécie química ganha electrões;
Fonte: Manahan (2001)
A concentração de oxigénio dissolvido (OD) na água é baixa e, por conseguinte, precária do ponto
de vista ecológico. Essa concentração de um corpo deágua qualquer é controlada por vários
factores, sendo um deles a solubilidade do oxigénio em água. A solubilidade do OD na água e
noutras moléculas de gases apolares com interacção inter-molecular fraca com águaé pequena
devido à característica polar da molécula de água. A presença do O2 na água se deve, em parte, à
sua dissolução do ar atmosférico para a água pela reacção:
O2(gasoso) O2(aquoso), cuja constante de equilíbrio apropriada é a constante da Lei de Henry (KH).
Outra fonte importante de oxigénio para água é a fotossíntese.
35
A constante da Lei de Henry KH para o oxigénio a 25oC tem o seguinte valor 1,3 x 10-3 mol L-1
atm-1, isto é:
KH = (O2 (aq))/PO2 = 1,3 x10-3 mol L-1 atm-1:
Dado que a pressão parcial de oxigénio em ar seco é 21 atm, deduz-se que a solubilidade do
oxigénio é 8.7 miligramas por litro de água ou a sua concentração é igual a 8.7 ppm. Na tabela
abaixo estão apresentadas as constantes de solubilidade de alguns gases.
Tabela 4. Solubilidade de Alguns Gases em Água e Constante da Lei de Henry.
Gás Solubilidade / KH / mg L–1 mol L–1 atm–1
a
Valores para pressão atmosférica de 1atm e temperatura de 25 °C. Fonte: Adaptado de Connell(1997)
Como a solubilidade dos gases aumenta quando a temperatura diminui, a quantidade de oxigénio
que se dissolve a 0oC (14,7 mg/L ou ppm) é maior que a quantidade dissolvida a 35oC (7,0 ppm).
Pode-se considerar que águas naturais aquecidas artificialmente experimentam a poluição
térmica porque contêm menos oxigénio. Por exemplo, os peixes necessitam de água que
contenha pelo menos 5ppm de oxigénio dissolvido para manter-se vivos.
Em química ambiental, para caracterizar a extensão ou tendência que as águas naturais têm de
ser redutoras ou oxidantes usa-se o conceito potencial eléctrodo (pE). Potencial eléctrodo é o
logaritmo da base 10 da concentração efectiva (ou actividade) de electrões. O pE é calculado
pela seguinte fórmula:
pE = pEi − log10 𝑎𝑒
Onde pE=potencial eléctrodo
pEi= potencial eléctrodo inicial
ae=actividade de electrões
Em águas naturais ocorrem várias reacções envolvendo matéria orgânica e compostos químicos
de enxofre (S), nitrogénio (N) e fósforo (P) que estão dissolvidos.
36
1. Matéria orgânica
a. Decomposição anaeróbica da matéria orgânica
A decomposição anaeróbica da matéria orgânica refere-se aos processos de transformação
de carbono presente na matéria orgânica (CH2O “glicose”) dissolvida na água em carbono
inorgânico (CO2) sob condições anóxicas ou anaeróbicas (condições redutoras) por
bactérias anaeróbicas, processo designado por respiração anaeróbica. Neste processo, uma
parte de carbono é oxidado (para o CO2) e outra é reduzida (para CH4), segundo a equação
de reacção abaixo.
bactérias
2{CH2O} CH4(insolúvel)+CO2;
Este é um exemplo de reacção de fermentação que é definida como aquela em que o
oxidante e o redutor são materiais orgânicos. O metano libertado desta reacção é insolúvel.
Por isso este forma bolhas que podem ser observadas na superfície da água. As condições
anaeróbicas ocorrem na natureza em águas estagnadas como em pântanos, em partes
inferiores nos sedimentos de lagos e rios profundos ou mesmo em lagos mares e oceanos.
Na Índia os moradores das zonas rurais usam digestores para transformar os excrementos
(fezes) dos animais em gás metano que é usado como combustível para iluminação, para
cozinhar e aquecer a água e o ambiente.
c. Fotossíntese
As algas e bactérias autotróficas fixam o carbono inorgânico presente na água. Estes
organismos transformam o carbono que está na forma de CO2 para matéria orgânica
(CH2O), processo que é designado por fotossíntese.
luz
CO2 + H2O {CH2O}+ O2(g)
2. Compostos de enxofre
Algumas reacções que ocorrem nas águas naturais envolvem interconversão de espécies de
enxofre. As reacções mediadas por microrganismos e que fazem parte do ciclo de enxofre
nas águas naturais são:
a. Redução do sulfato
Esta reacção é catalisada por bactéria Disulfovibrio, que oxida a matéria orgânica
{CH2O} na presença do sulfato (SO2-4) e é convertido em ácido sulfídrico (H2S),
segundo a equação da reacção:
37
SO2-4 + 2{CH2O} + 2H+→ H2S + 2CO2 + 2H2O
Estados de oxidação -3 0 +1 +2 +3 +4 +5
NO-2
Soluções aquosas e sais NH+4 NO3
NH3
Algumas reacções químicas mediadas por microrganismos no meio aquático são aquelas que
envolvem compostos de nitrogénio. O ciclo de nitrogénio descreve os processos através dos
quais o nitrogénio circula entre a atmosfera, matéria orgânica e compostos inorgânicos. As
principais reacções mediadas por microrganismos nas águas naturais são:
a. Fixação do nitrogénio
É a ligação do nitrogénio atmosférico para uma forma combinada, como é ilustrada na
equação de reacção abaixo.
38
CH2O + N2+3H2O+ 4H+ 3CO2+ 4NH+4
A fixação biológica do nitrogénio é um processo bioquímico chave no ambiente e é
essencial para o crescimento das plantas na ausência de fertilizantes (substâncias
químicas usadas na agricultura para a fertilização dos solos) sintéticos.
b. Nitrificação
É a reacção de conversão do N+3 para N+5, processo que ocorre por acção de bactérias,
Nitrosomonas e Nitrobacter através da equação de reacção.
2O2 + NH+4 NO-4 + 2H+ +H2O
c. Redução do nitrato
O nitrogénio dos compostos químicos é reduzido por acção das bactérias anaeróbicas
(ausência de oxigénio) para estado mais baixo de oxidação:
NO-3 + {CH2O}-- NO-2 + H2O + CO2
2NO-2 + 3{CH2O} + 4H+ 2NH+4 + 3CO2 + H2O
d. Denitrificação
Este mecanismo serve para retornar o nitrogénio fixado (nitrogénio em compostos
orgânicos e inorgânicos) para a atmosfera (nitrogénio molecular N2).
4NO-3 + 5{CH2O} + 4H+ 2N2 + 5CO2 + 7H2O
Esta reacção é muito usada nos processos de tratamento de água com finalidade de
remover compostos nitrogenados. Na atmosfera o nitrogénio forma tetróxido de
nitrogénio (N2O) e dióxido de nitrogénio (NO).
Recentemente, o excesso de nitratos na água potável constitui um risco para a saúde das crianças
e recém-nascidos. Por exemplo, em beberrões, as bactérias reduzem o nitrato à nitrito e este liga-
se a hemoglobina (proteína responsável pelo transporte de gases respiratórios O2 e CO2)
resultando numa hemoglobina não funcional (metemoglobina) e estas crianças tem insuficiência
respiratória.
4. Compostos de fósforo
O fósforo é um dos constituintes do ADN (Ácido Desoxirribonucleico) celular. O fósforo
orgânico ocorre nos insecticidas organofosforados (ver na Unidade I, capítulo III). As espécies
de fósforo inorgânico solúveis são ião fosfórico (H2PO-4) e ião fosforoso (HPO2-4).
O fósforo é um elemento limitante nas águas, particularmente para o crescimento das algas. A
degradação de compostos de fósforo é importante no ambiente por duas razões:
No processo de mineralização) liberta-se fósforo inorgânico a partir da forma orgânica.
Este processo fornece nutrientes ortofosfatos para o crescimento de plantas e algas.
A biodegradação desactiva compostos organofosfatos altamente tóxicos; exemplo de
insecticidas organofosfatos.
39
5.8. QUMICA ACIDO-BASE EM AGUAS NATURAIS
As águas naturais contêm quantidades significativas de dióxido de carbono dissolvido, iões de
cálcio e de magnésio.
Várias características são notadas nas águas naturais, tais como solubilidade dos gases que é
importante para a manutenção de organismos aquáticos como já foi referido e da qualidade da
água, alcalinidade da água que é a habilidade dos solutos na água neutralizar ácidos fortes e dureza
da água devido a presença de iões de cálcio (Ca2+) e menor quantidade dos iões de magnésio
(Mg2+).
Sistema CO2/Carbonato
A química ácido-base de sistemas aquáticos naturais resulta da interacção do ião carbonato (CO2-
3), uma base moderadamente forte com ácido carbónico (H2CO3), um ácido fraco.
Normalmente existe um equilíbrio entre o gás CO2 e o H2CO3, representada pela seguinte equação
de reacção:
CO2 (g) + H2O(aq) H2CO3(aq)
Em meio aquoso, o ácido carbónico formado está em equilíbrio com ião bicarbonato (HCO-3) e
ião hidrogénio (H+), segundo a reacção abaixo:
H2CO3 H+ + HCO-3
O ião bicarbonato é predominante nas rochas calcárias que contém alto teor de carbonato de cálcio
(CaCO3) e quando em contacto com a água, uma pequena parte deste composto fica dissolvido
formando o ião carbonato (CO2-3).
CaCO3 (s) Ca2+ + CO2-3
Na água o ião carbonato actua como base produzindo ião bicarbonato e grupo hidroxilo (OH-).
CO2-3 + H2O HCO-3 + OH-
Em águas naturais, essas reacções ocorrem em três fases (ar, água e rochas).
A água do mar possui uma alta concentração de iões do que a água doce, devido a presença de
altos teores de sais nela dissolvidos, entre os quais o sódio (Na), cloro (Cl), magnésio (Mg) e ião
sulfato (SO42+) se destacam.
As concentrações de catiões (iões positivos) e aniões (iões negativos) na água do mar são
diferentes, originando seguintes características: a alcalinidade e a dureza da água.
A alcalinidade é a medida da capacidade que a água tem de se comportar como uma base nas
reacções com protões ou seja é a capacidade que a água tem de receber iões de hidrogénio (H+).
É a forma de expressar a quantidade de iões bicarbonato presentes na água ou a capacidade de
40
resistir às mudanças de pH. Por exemplo, a capacidade de um corpo de água resistir à acidificação
quando recebe uma carga de chuva ácida;
A alcalinidade é importante porque permite que a água suporte o crescimento de algas e outros
organismos aquáticos.
A dureza da água é a propriedade que caracteriza a presença de metais alcalinos terrosos que
resultam da dissolução de minerais do solo e das rochas ou de resíduos industriais;
Portanto, a dureza da água representa a concentração total dos iões de cálcio (Ca2+) e de magnésio
(Mg2+) na água e é expressa em miligrama por litro (mg/L).
Dureza = [Ca2+] +[Mg2+]
Quando a concentração desses sais é alta diz-se que a água é dura e quando é baixa a água é mole;
41
4Fe2+ +O2 + 2H2O + 8OH-→ 4Fe (OH)3(s)
EXERCÍCIOS
1. Que formas químicas o nitrogénio pode apresentar na superfície de um lago (ambiente
aeróbio) e no fundo do lago (ambiente anaeróbico)?
2. Que forma química de nitrogénio pode ser absorvida pelas plantas?
3. Qual é a importância do sistema carbonato nas águas naturais?
4. Com base na tabela 3 (Tempo de permanência da água no ciclo hidrológico), compara como
varia o tempo de residência da água superficial com a água subterrânea e glaciares. Indique
as principais causas dessa diferença.
5. Qual é o significado dos termos “água subterrânea” e “aquífero”? Como difere a zona saturada
da zona insaturada do solo?
A qualidade da água é elemento central de todos os papéis que este recurso desempenha. Da beleza
dos cursos de agua, rios, mares e lagos naturais repletos de vida animal e vegetal, as actividades
económicas vitais (industrial, comercial (por exemplo: das aguas minerais) e turística) que a água
limpa dos rios, dos lagos e lagoas proporcionam até o papel fundamental para a saúde que a água
potável segura desempenha – a água de boa qualidade e de importância fundamental para toda a
cadeia vital e para meio ambiente.
42
facilmente acessível, usamos a água sem lhe dar o devido valor, tornando-a num dos recursos
naturais mais ameaçados: gastamos e poluímos água, e sendo um recurso finito poderemos deixar
de a tá-la disponível para suprir as nossas necessidades, e isto pode afectar ainda saúde humana e
os ecossistemas aquáticos.
As águas naturais estão sujeitas à ameaças por agentes químicos, biológicos e físicos. Esta
condição designa-se por poluição. A palavra poluição provém da grego Poluere que significa
“sujar”.
Existem muitas fontes possíveis de contaminação química das águas tais como: resíduos das
indústrias de processamento de químicos, escoamento de pesticidas a partir de campos agrícolas.
A ameaça para águas subterrâneas pode ser causada por depósito de resíduos químicos em aterros
sanitários, lagoas de armazenamento e tratamentos de águas residuais.
O conhecimento das propriedades da água, reacções mediadas por microrganismos, interacção
água-sedimento, transporte dos agentes de poluição num sistema aquático e efeitos destes
poluentes permitem monitorar a qualidade da água.
A poluição pode ser definida de várias formas, tais como:
De acordo com Valle (2004) a poluição “é toda acção que resulta na descarga de materiais
orgânicos e inorgânicos ou excedentes de energia no ambiente (na água, no solo e no ar),
causando um desequilíbrio de curto ou longo prazo, no homem e no meio ambiente” Para
Medeiros “é qualquer alteração das características da água que afecte as diversas formas de vida
da biosfera, podendo ser de natureza física, química e biológica e é consequência da introdução
ou do aumento de algum elemento ou material que leve a tais modificações”..
O poluente “é o agente causador de poluição ou é a entidade química, física ou biológica
responsável pelo desiquilíbrio no homem e no ambiental” Valle (2004).
Os poluentes podem ter dois tipos de fontes:
Pontual ou fixa: cuja origem do poluente é um ponto específico e conhecido ao longo de um
curso de água. Exemplo: pontos de lançamento de esgotos colectados em áreas urbanas, descarga
de resíduos resultantes das indústrias e das minas.
Não pontual ou difusa: quando a origem do poluente é desconhecida ou não identificável, isto é,
a descarga do poluente é feita em vários pontos do curso de água. Estes tipos de poluentes provêm
de actividades que depositam poluentes de forma dispersa, podendo chegar aos corpos de água de
forma intermitente, associado aos períodos de chuvas.
43
Biológica: quando os agentes poluentes são seres vivos, tais como: bactérias, plantas invasivas,
algas e fungos;
Química: quando os agentes poluentes são substâncias químicas orgânicas (pesticidas, petróleos)
ou inorgânicas (metais pesados);
Térmica: quando provem de águas aquecidas através dos processos industriais ou usinas
nucleares.
44
6.1.2. CONTAMINAÇÃO TAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
As águas superficiais podem ser poluídas por poluentes químicos e biológicos.
A tabela abaixo mostra tipos de poluentes e os efeitos que causa no homem e no ambiente.
Tabela 7. Tipos de poluentes e os efeitos na saúde humana e ambiental.
Radionuclideos Toxicidade
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FeS2(s) + 14Fe3+ + 8H2O 15Fe2+ + 2SO42- + 16H+
Num pH>3, o ião Fe3+ precipita-se na forma de hidróxido de ferro (III), Fe(OH)3 sólido:
Fe3+ + 3H2O Fe(OH)3(S) + 3H+
O Fe(OH)3 é um composto amorfo e semi-gelatinoso que é depositado nas águas ácidas de
minas.
Portanto, o componente que causa danos das águas ácidas de minas é o ácido sulfúrico (H2SO4)
devido a sua toxicidade e efeitos deletérios. A presença deste ácido reduz o pH até abaixo de 3
(pH<3), condição que propicia morte de organismos aquáticos excepto as bactérias que participam
neste processo pois são tolerantes aos meios ácidos.
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pode-se facilmente determinar a DQO. Contudo, utilizando o ião dicromato torna-se difícil a
interpretação dos resultados derivado do facto do que o dicromato oxida substâncias que não
seriam oxidadas pelo O2 na determinação de DBO. Os valores de DQO tendem sempre a serem
maiores que os valores de DBO.
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7. BIBLIOGRAFIA
1. ABREU, M. L. (2005). Ocorrência de chuva ácida em unidades de conservação da natureza
urbanas – estudo de caso no parque estadual da pedra branca – Rio de Janeiro. Dissertação
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2. BAIRD, C. (2002). Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman University of California
Museum of Paleontology. (2011). Thomas Malthus (1766-1834).
3. CARAPETO, C. (2004). Fundamento de Ecologia. s/e. Editora Universidade Aberta, Liboa.
Sites online:
2. http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/CFQ/Atmosfera/Composio_Atmosfera.html,
acessado em 11 de Junho de 2012
3. http://educacao.uol.com.br/geografia/aquecimento-global---causas-mudancas-climaticas-
afetam-vida-no-planeta.jhtm
4. http://www.mundoquente.com.br/
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