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Aulas n.ºs 11, 12, 13

O CASAMENTO

O art.º 20.º do CF. define casamento como sendo “a união


voluntária entre um homem e uma mulher, formalizada nos termos da lei,
com objectivo de estabelecer uma plena comunhão de vida”. Temos aqui,
neste conceito, vários elementos essenciais, destacamos os seguintes:

- o elemento subjectivo da voluntariedade por parte dos nubentes,


homem e mulher;

- a necessidade da sua formalização, segundo a forma estabelecida


na lei, que é o que o distingue da União de Facto;

- afinalidade legal do casamento que é o estabelecimento da plena


comunhão de vida.

PROMESSA DE CASAMENTO

Normalmente, o casamento tem preliminares, é antecedido por


uma promessa recíproca de casamento por parte dos noivos. Hoje, nos
países desenvolvidos a importância do noivado diminuiu, embora na
sociedade tradicional angolana a promessa de casamento tenha ainda
uma acentuada importância sobretudo no que respeita às entregas feitas
pelo noivo à família da noiva, o conhecido alembamento.

Em geral, os diversos sistemas jurídicos não consideram como


relevante a promessa de casamento sob o ponto de vista de obrigar a
contrair casamento.

A promessa de casamento é um acto de importância social,


realizado com seriedade entre os noivos e conhecido entre os seus
familiares e meio social.

O C. Família vem confirmar no seu n.º 1 do art.º 22.º a ineficácia


jurídica da promessa ou seja esta não dá direito a exigir a celebração do
casamento. Trata-se de uma obrigação natural que não é juridicamente
exigível. É uma obrigação fundada em meros deveres de justiça e que não
é exigível juridicamente.

Já quanto ao direito de indemnização, n.º 2 do art.º 22.º do CF.,


ele é exigível mas só nos termos restritos deste artigo. É necessária uma
ruptura injustificada por parte de um dos nubentes, há que analisar esta
ruptura de forma objectiva.

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A promessa de casamento vem constituir também elemento de


facto preponderante para a decisão judicial a tomar em acção para o
estabelecimento da filiação.

NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO

Segundo o art.º 20.º do CF., o casamento é caracterizado como


sendo um acto ou negócio jurídico solene, mediante o qual um homem e
uma mulher aceitam voluntária e reciprocamente estabelecer convivência
de carácter duradouro.

Estão subjacentes duas vertentes a considerar:

- O casamento como acto, a cerimónia que se celebra – como acto


em si.

- O casamento como estado familiar (que é um vínculo jurídico


composto por um conjunto complexo de direitos e de deveres) em que os
nubentes se vão encontrar após a cerimónia; é consequência da
cerimónia – como estado.

Na doutrina civilista predomina a concepção de casamento como


contrato, segundo o prof. Antunes VARELA, casamento é um contrato
solene em que intervêm:

 Duas declarações de vontade que são contrapostas mas são


harmonizadas,
 Caracterizado pela diversidade de sexos que têm como
conteúdo e fim,
 A plena comunhão de vida.

O nosso Código de família quis deixar de reconhecer o casamento


como um Contrato para passar a reconhecê-lo como União; embora
reconheça nele um negócio jurídico em que a declaração da vontade dos
nubentes vai produzir unicamente os efeitos jurídicos previstos na lei e
que são de natureza imperativa.

A sua autonomia de vontade circunscreve-se a dois pontos,


considerados como pertencentes aos direitos fundamentais da pessoa
humana:

1º Cada pessoa é livre de casar ou não;

2º Cada pessoa é livre de escolher a pessoa de outro sexo com quem


quer casar.

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O casamento deve ser definido como um negócio jurídico familiar


bilateral, com a natureza de um pacto, celebrado entre os nubentes. Fica,
portanto, afastada a hipótese de casamento como um contrato civil, pois
a vontade do Estado intervém no acto do casamento, antes da sua
celebração, através do conservador do registo civil, cuja intervenção tem
natureza certificativa e a sua participação é indispensável à própria
existência do acto jurídico.

PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DO CASAMENTO

O casamento é um acto jurídico cuja celebração e validade exigem


que se verifique previamente a existência de certos pressupostos e ainda
certas condições legais.

O casamento para ter existência jurídica necessita de 3 (três)


pressupostos sem os quais a sanção é a de inexistência ou a de
anulabilidade do casamento:

1. Diversidade de sexo: segundo prevê art.º 20.º do CF., o


casamento pressupõe a união de um homem e de uma mulher,
não há pois aceitação legal de casamento entre duas pessoas do
mesmo sexo. Já quanto aos casos de intersexualismo e
transexualismo, a sanção correspondente é a de anulabilidade
do casamento por erro quanto às qualidades físicas essenciais
do outro nubente, se tal tivesse sido ocultado.
2. Duas declarações de vontade: na celebração do casamento é
essencial que haja duas declarações de vontade expressas por
parte de cada um dos nubentes e a omissão de qualquer uma
delas dá lugar à inexistência do casamento.
3. Intervenção do conservador do registo civil: o casamento tem
de ser celebrado por funcionário competente do registo civil ou
por substituto legal deste, sem isso o casamento é irrelevante
perante a ordem jurídica, al. b) do art.º 34.º do CF.

Só o casamento urgente pode ser celebrado sem a presença do


funcionário competente do registo civil, mas só acontece em condições
especiais e está sujeito à homologação posterior.

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