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Caro(a) Aluno(a), ler crônicas é ler o dia a dia, é ler a vida nos seus
pormenores... Crônicas são uma escola de vida!
Lembrando: Crônica são narrativas curtas de acontecimentos reais
ou fictícios, encontrados em livros e também em jornais e revistas, e
focalizam um momento da vida, numa linguagem coloquial. 1
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Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/luizcaversan/ult513u357404.shtml Acesso em Mai/2020.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE GUARAPUAVA
USINA DE CONHECIMENTO DE GUARAPUAVA – UD
Coração de mãe2
No espelho, a tristeza do olhar é remissiva, leva até os primeiros olhares, as lembranças
deles, da proximidade, da proteção, da segurança, do colo.
Muitos, muitos gestos e hábitos, e mesmo alguns vícios, a trazem de volta:
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Limpa bem a orelha, menino! E o não-mais-menino ainda deixa os pavilhões auriculares
vermelhos de tão esfregados...
Pensa que é sócio da Light, menino? E o quase-velho vai apagando as luzes por onde
passa, até na casa dos outros, um vexame...
Não se entrega, que aí é que a gripe pega mesmo! E lá vem a culpa de se render à cama
por conta de um resfriado qualquer...
Mãe é mãe, só muda de endereço, disse aqui mesmo em outra data festiva, relacionando
um monte de adjetivos que elas, as mães, fazem por merecer.
Mesmo quando se vai, ela fica, para sempre, determinando os hábitos mais comezinhos
(fechar a torneira enquanto escova os dentes...) ou os sentimentos mais profundos (faça o mal ou faça
o bem, mas saiba que o que vai sempre volta...)
Nos últimos anos de vida da mãe, não levava mais presentes, apenas flores. Flores do
campo, variadas, cheirosas e simples. Enquanto ajeitava o buquê no vaso, ela ia apontando, uma a
uma, as belezas particulares, as cores, os formatos, a delicadeza.
Delicadeza
Era surpreendente como ainda a mantinha, apesar de toda a dureza que a vida fora. À
máquina de costura, na barraca da feira, no balcão da lojinha ou do armazém, à direção do fusquinha
62 para atender as freguesas que garantiriam o sustento da casa, a roupa que o filho pedia, a
mensalidade da escola...
Não entendi direito, mas adorei, disse ela diante da primeira reportagem com o nome do
filho já lá se vão três décadas, cheia de orgulho e deixando de lado a vergonha pela ignorância.
Ignorância, aliás que se transformara em permanente alavanca da curiosidade e do aprendizado --outra
herança, forte, que também ficou.
Nunca foi de alegrias inúteis, sarcástica e de humor ácido que era; mas foi tornando-se cada
vez mais triste, numa quietude angustiada e retraída — ah, então não se sabia quase nada sobre
depressão, ainda mais que seria hereditária...
Miúda, elétrica e cheia de atitude, não chegou a definhar, mas os olhos tristes foram ficando
esgazeados, perdendo a luz, recolhendo-se, até que a vontade de viver partiu, incontinente.
Tinha feito quase tudo o que houvera para, exceto estudar mais, ler mais, conhecer mais e
exercer por mais tempo o domínio da supermãe que sempre tentara ser — nunca perdoou o filho por
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Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/luizcaversan/ult513u400449.shtml Acesso em Mai/2020.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE
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USINA DE CONHECIMENTO DE GUARAPUAVA – UD
este ter "ido embora", ou seja, apenas ter saído do campo de sua proteção. Um não-perdão do bem,
sem rancor e sem mágoa.
Faz falta, ainda e sempre. A conversa vigorosa, os conselhos, até mesmo a intransigência e
ranhetice — deve estar pegando no pé do pai lá em cima, mandando ele sair da frente da televisão.
Ensinou muito, pediu pouco, viveu mal e bem, foi-se mas aqui sempre estará.
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Não se iluda: coração de mãe jamais deixa de bater.
Informação sobre o autor
ANÁLISE DO TEXTO
Caro(a) aluno(a), depois da leitura respondam as perguntas, depois transforme em um texto.
Organizem assim: cada questão respondida equivale a um parágrafo OU dois.
Vocês podem acrescentar mais informações.
Algumas orientações para a leitura e para a elaboração do texto: (faça primeiro de uma, depois da outra)
Relembre as Crônicas e conte resumidamente os fatos.
Quem são os personagens e como se comportam?
Você se identificou com algum deles? Qual? Por quê?
Em que época (tempo) e local (espaço) a história acontece?
Você gostou das Crônicas? Por quê?
E o que você não gostou? Por quê?
A leitura deste texto traz alguma reflexão importante para a sua vida? Qual?
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Org. Neusa Moro