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XV
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS ................................. 1


Sugestão de debate ........................................................................... 5
Jogar e/ou brincar? Vamos entender! ............................................. 6
De acordo com o dicionário o que significa? ................................. 8
Atividade (Proposta de Seminário) mãos na massa! ..................... 9
Atividade ............................................................................................ 9
Pesquisa ............................................................................................. 10
Atividade ............................................................................................ 10
Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá? .... 11
Proposta de atividade ....................................................................... 11
Os jogos eletrônicos e os jogos populares .................................... 12
Atividade ............................................................................................ 16
Atividade ............................................................................................ 17
Curiosidade/você sabia que...? ........................................................ 18
Pesquisa ............................................................................................. 18
Mais Pesquisas .................................................................................. 19
Atividade ............................................................................................ 19
Jogos cooperativos: Uma possibilidade para todos ...................... 20
Você conhece? .................................................................................. 20
Você imagina como surgiu? ............................................................. 20
Atividade ............................................................................................ 21
Atividades .......................................................................................... 22
Atividade ............................................................................................ 24
Leitura e discussão ........................................................................... 25
Referências bibliográficas ................................................................ 26

CAPÍTULO 2 – ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL .......... 27


Pesquisa ............................................................................................. 28
Debate ................................................................................................. 32
Atividade ............................................................................................ 33
Complemento ..................................................................................... 33
Curiosidades ...................................................................................... 33
Na marca do pênalti .......................................................................... 35
Vamos ver um filme ........................................................................... 35
Textos complementares ................................................................... 37
Sobre a copa de 2010 ........................................................................ 37
Este domingo poderia ter sido diferente ......................................... 37
Referências bibliográficas ................................................................ 40
ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO ..................................... 41
O futebol ............................................................................................. 42
O futebol feminino ............................................................................. 43
Um pouco da história ........................................................................ 44
O futebol feminino na Paraíba .......................................................... 44
Jornada dupla .................................................................................... 45
Sobre as Marias ................................................................................. 46
Lei Maria da Penha ............................................................................ 47
Atividade em grupo ........................................................................... 48
Atividade ............................................................................................ 49
Atividade ............................................................................................ 49
Atividade de pesquisa ....................................................................... 50
Atividade ............................................................................................ 50
Atividade ............................................................................................ 51
Leitura ................................................................................................. 52
Questões para o debate .................................................................... 54
Debate ................................................................................................. 54
E o futebol paraibano? ...................................................................... 55
Pesquisa ............................................................................................. 55
Um pouco da historia do futebol paraibano ................................... 55
Atividade ............................................................................................ 57
Referências bibliográficas ................................................................ 58

CAPÍTULO 3 – UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA .......... 59


O ontem e o hoje: Origem de tudo e estilos de dança ................... 62
Curiosidade ........................................................................................ 62
Você sabia? ........................................................................................ 63
Atividade – Vamos ao debate ........................................................... 63
Atividade de pesquisa ....................................................................... 63
Danças Populares: Compreendendo as nossas raízes ................. 64
Atividade de pesquisa ....................................................................... 66
O Balé ................................................................................................. 67
Curiosidades ...................................................................................... 68
Atividade de pesquisa ....................................................................... 68
Dança Moderna .................................................................................. 69
Atividade ............................................................................................ 70
Dança Contemporânea ..................................................................... 70
Atividade de pesquisa ....................................................................... 71
Dança de Rua/Danças Urbanas ........................................................ 72
Curiosidades ...................................................................................... 73
Atividade de pesquisa ....................................................................... 73
Quem pode dançar? Meninos ou meninas: Questões de Gênero 74
Você sabia? ........................................................................................ 74
Atividade ............................................................................................ 75
Atividade ............................................................................................ 75
Funções da Dança ............................................................................. 76
Atividade de pesquisa ....................................................................... 77
Dança da moda: Moda da dança ...................................................... 77
Atividade de pesquisa ....................................................................... 78
Curiosidade ........................................................................................ 78
Esperando novas viagens ................................................................ 78
Referências bibliográficas ............................................................... 79

CAPÍTULO 4 – A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR ..... 81


Um pouco de história da ginástica .................................................. 83
Atividade ............................................................................................ 84
Curiosidades ...................................................................................... 85
Pesquisa ............................................................................................. 85
As escolas de ginástica: Saúde, disciplina e civismo ................... 86
Pesquisa ............................................................................................. 88
Atividade ............................................................................................ 88
Curiosidades ...................................................................................... 89
Você sabia? ........................................................................................ 90
A chegada da ginástica no Brasil .................................................... 90
Sugestão de debate ........................................................................... 91
Pesquisa ............................................................................................. 91
Você sabia? ........................................................................................ 91
Sistematizando o conhecimento até aqui ....................................... 91
Texto de apoio ................................................................................... 92
Atividade ............................................................................................ 94
Perguntas para pesquisas escolares .............................................. 94
Referências bibliográficas ................................................................ 95
Capítulo 1:
O Jogo e seus signos sociais
EDUCAÇÃO FÍSICA
Capítulo 1:
O Jogo e seus signos sociais
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rosalândia Nascimento Pessoa


Escola Municipal Santa Emília de Rodat

Francisca Dasminele Gomes Feitosa


Escola Tharcilla Barbosa da Franca

Adeilton dos Santos Gonzaga


Escola Euclides da Cunha

Francisco Alberione Teixeira Torres


Escola Seráfico da Nóbrega

Júlia Elisa Albuquerque de Almeida


Escola Tharcilla Barbosa da Franca

Anne Caroline Lima de Melo


Escola Ana Cristina Rolim Machado

Carlos Alberto Antunes „NACO”


Escola João Monteiro da Franca

Marco Antônio de Oliveira Vilarin


Escola Zumbi dos Palmares

Noêmia Rodrigues do Oriente


Escola Ana Cristina Rolim Machado

Valéria Simonethe de Melo Albuquerque


Escola Dr. José Novais

Cristiane Maria Paolin


Escola Anita Trigueiro do Valle

Jeimison de Araújo Macieira


Universidade Federal da Paraíba - UFPB
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Olá pessoal! Nós somos uma turma de estudantes, assim como vocês, e
queremos convidá-los a embarcar em uma viagem cheia de conhecimentos,
atividades e desafios. Desafios para os quais buscaremos respostas juntos, de
forma coletiva e organizada. Temos aqui um conhecimento que historicamente
vem sendo produzido por toda a humanidade: o JOGO! Vocês sabem o que é
jogo? Quais formas de jogo vocês conhecem? De onde vem o jogo? Como ele
nasce? Será que jogar é o mesmo que brincar?

Então vamos lá! O conteúdo que a partir de agora traremos para vocês
faz parte da história da humanidade e tem demonstrado ser um importante
elemento da cultura de diversos povos e comunidades do nosso planeta. A
origem do jogo, não se sabe ao certo; porém verificam-se nas paredes de
cavernas antiquíssimas desenhos que remontam atividades de jogos,
reiterando, portanto, o caráter lúdico empregado pelos povos mais antigos a
essa atividade, o jogo. Nesse sentido, o jogo configura-se como ―uma invenção
do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num
processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente‖
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 65-66). De acordo com Huizinga (2007, p.
6),

Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado


existente antes da própria cultura, acompanhando-a e
marcando-a desde as mais diferentes origens até a fase de
civilização em que agora nos encontramos. Em toda parte
encontramos presente o jogo, como uma qualidade de ação
bem determinada e distinta da vida comum.

Jogo é toda atividade praticada de forma descontraída, natural, divertida,


prazerosa e espontânea, e cujas regras são construídas de acordo com seus
costumes, cultura, vontade e meio social em que seus praticantes estão
inseridos.

O jogo é um conteúdo fundamental nas aulas de Educação Física.


Muitos jogos são conhecidos por vocês; outros são novidades. No jogo, todos
participam, interagem, se divertem e, o mais interessante, aprendem. Esta
talvez seja a principal característica do jogo: a aprendizagem através da
ludicidade. Por intermédio dos jogos, aprendemos e desenvolvemos muito a
cognição. Além disso, devemos considerar a alegria e o prazer que sentimos
ao jogar com nossos colegas, bem como entender o desafio que cada jogo
tem. O jogo é jogado, mas também é vivido. No jogo são colocados e
explorados elementos que caracterizam as atividades humanas e suas
expressões histórico-culturais. Cada jogo tem um significado importante e
admite variações de acordo com cada região do território nacional, bem como
com cada participante (criança ou não) aprende com ele. Cascudo (2003, p.
145) afirma que:

O jogo ensina-lhes as primeiras normas da vida, acomoda-o


na sociedade, revela-lhes os princípios do homem, sacode-lhe
os músculos, desenvolve-lhe o sistema nervoso, acentua-lhe a
decisão, a rapidez do conhecimento, põe-lhe ao alcance do
direito do comando, da improvisação, da criação mental.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nas palavras de Bregolato, em seu livro A Cultura Corporal do Jogo (2007),

O Jogo é um fenômeno constituído de atividades lúdicas –


brincadeiras – que envolvem pessoas e animais, que por sua
vez podem, nessas atividades, interagir com objetos e com a
natureza. Sendo o jogo o provocador dessa relação entre as
pessoas e delas com o meio ambiente, ele torna-se uma fonte
de conhecimento. Conhecimento que está presente em vários
processos. Enfim, o jogo está incluído como um todo na vida
do ser humano como parte integrante da existência.

O jogo, portanto, contém elementos lúdicos e atua de forma decisiva na


formação humana de seus praticantes. Tendo o jogo uma função
fundamentalmente lúdica, jogar necessariamente implica ser espontâneo, ser
criativo, ser construtor do próprio conhecimento. Dessa forma, quando a
criança joga ―ela opera com os significados de suas ações, o que a faz
desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente de suas
escolhas e decisões‖ (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66).

Nas aulas de educação física, o jogo é abordado como conteúdo


estruturante de conhecimento, pois são desenvolvidos o caráter coletivo, os
valores, a consciência social, o pensamento sobre a ação e as relações
sociais, atuando, assim, de forma decisiva no trabalho das possibilidades
corporais e, também, do elemento perceptivo.

Outro fator que faz do jogo um importante conteúdo das aulas de


educação física é a ―liberdade‖ que os alunos têm para recriar a prática
cotidiana das atividades. Em outras palavras, jogar a amarelinha, o elástico, a
barra-bandeira e outros jogos do nosso cotidiano não necessariamente
significa jogar da mesma maneira todos os dias. O jogo e suas regras podem,
devem e em sua maioria vão ser modificados ou recriados todas as vezes que
seus praticantes acharem que devem fazê-lo.

Portanto, seria importante que o(a) professor(a) selecionasse jogos


cujos conteúdos impliquem:

1. A possibilidade do conhecimento de si mesmo;


2. O conhecimento dos objetos/materiais de jogos;
3. As relações espaçotemporais e, especialmente, as relações com as outras
pessoas;
4. A inter-relação do pensamento sobre uma ação com a imagem e a conceituação
verbal dela;
5. A vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do
país, de outros países
6. A auto-organização, a autoavaliação e a avaliação coletiva das próprias
atividades;
7. A elaboração de brinquedos, tanto para jogar em grupo como para jogar sozinho.
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 67-68)

É papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas que venham


dar aos alunos oportunidades de, com essa vivência, ampliar seus
conhecimentos e poder opinar/escolher o que jogar e brincar. Com efeito, as
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

crianças de hoje não brincam ou jogam nas ruas como faziam antigamente,
pois os pais, por medo da violência e, por conseguinte, por motivo de
segurança, muitas vezes privam seus filhos dos conhecimentos e vivências
proporcionados por alguns jogos e brincadeiras.

Então, pessoal, feitas as primeiras interpretações sobre o conteúdo


JOGO, agora vamos buscar entender como esse mundo cheio de ludicidade
pode nos levar a lugares nunca dantes visitados. Vamos, através das
atividades sugeridas, conhecer melhor o mundo em que vivemos. Mundo esse
repleto de contradições para serem desvendadas. Para isso não estaremos a
sós, pois contamos com nossos colegas de sala e de escola, além, é claro, do
nosso querido(a) professor(a).

SUGESTÃO DE DEBATE

Como o jogo é um dos


conteúdos estruturantes das aulas
de educação física, ele deve ser
selecionado para o conjunto dos
temas referentes ao plano de ensino.
Dessa forma, devemos tratá-lo
pedagogicamente, não apenas para
possibilitar o acesso a esse
conteúdo, que vem sendo criado e
reconstruído historicamente, mas
também oportunizar o trabalho com
esse importante conteúdo no que diz
respeito aos elementos sociais,
políticos, econômicos e culturais que o permeiam. É importante ressaltar que
todas as características inerentes a esse conteúdo – criatividade, processo
histórico de construção, transmissão de conhecimentos de pai para filho,
diferentes modos de jogar nos diversos estados brasileiros, etc. – são
imprescindíveis para a formação humana dos alunos.

Como sugestão de atividade, crie um momento onde a sala possa ser


dividida em dois grandes grupos, sendo que um grupo defenderá a importância
do conteúdo JOGO para as aulas de Educação Física, enquanto o outro
defenderá que esse conteúdo não é importante para as aulas.

DICAS IMPORTANTES

 O(a) professor(a) deve trazer para os alunos uma seleção de informações


sobre o conteúdo, retiradas, por exemplo, de sites, revistas, livros, filmes e
jornais;
 Cada professor(a) pode escolher o período em que esta atividade
acontecerá, ou seja, no início ou final do capítulo;
 Procure adequar o conteúdo às possibilidades sociocognoscitivas de cada
turma. Surgindo qualquer dúvida, recorra ao livro Coletivo de Autores,
páginas 30 a 34.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

JOGAR E/OU BRINCAR? VAMOS ENTENDER!

Olá meus amigos, depois de entender um pouco sobre o jogo e sua íntima
relação com a nossa vida social, vamos, a partir de agora, procurar melhorar
nosso entendimento sobre o que seria jogar e/ou brincar? Será que podemos
pensar nessas duas ações separadamente, ou uma depende da outra? Jogar e
brincar tem o mesmo significado?

O jogar e o brincar são inerentes à vida de qualquer ser humano. Todos


nós já nos deparamos com situações que envolveram jogos e/ou brincadeiras,
não só na infância, mas em todas as fases de nossas vidas. Segundo Huizinga
(2007, p.4), ―no jogo existe alguma coisa ‗em jogo‘ que transcende as
necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação‖. Quem nunca
soltou pipa, brincou de casinha, escolinha, pião, baleado, dominó, dama, barra-
bandeira, dono da rua, enfim, todos esses jogos/brincadeiras que são bem
íntimos à nossa realidade?
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os atos de brincar e jogar são indispensáveis à vida social e sempre


estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos tempos.
Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um adulto
capaz de enfrentar desafios e de participar da construção de um mundo mais
igual, tanto do ponto de vista econômico quanto político, social e cultural.

O jogo e a brincadeira são atividades que envolvem a ludicidade. Bruhns


(1993), citado por Fensterseifer (2008, p. 270),

(...) concebe a atividade lúdica como prática social real das


relações sociais, como produto coletivo da vida humana,
podendo se manifestar no jogo, no brinquedo e na brincadeira,
desde que possua características como desinteresse,
seriedade, prazer, organização, espontaneidade.

O jogo, nas suas diversas formas,


auxilia no processo ensino-
aprendizagem da capacidade
imaginativa, na possibilidade de
interpretação, na tomada de decisão, na
criatividade, no levantamento de
hipóteses, na obtenção e organização
de dados e na aplicação dos fatos e dos
princípios a novas situações, as quais,
por sua vez, acontecem quando
jogamos, quando obedecemos a regras,
quando vivenciamos conflitos numa
situação real, etc. Através do brincar e
do jogar, o aluno forma conceitos (os
quais estão inseridos em nossa
sociedade), seleciona ideias, estabelece
relações lógicas, integra percepções, faz
estimativas compatíveis com suas
possibilidades e, o que é mais
importante, se sociabiliza.

O jogo é uma atividade rica e de grande efeito que corresponde às


atividades lúdicas, intelectuais e afetivas. É uma atividade que estimula a vida
social à medida que representa os diferentes papéis assumidos na sociedade,
desde as relações de poder (empregado x patrão, pai/mãe x filho, professor x
aluno) até as estruturas de ações comunitárias (nas diferentes profissões, na
igreja, no círculo de amigos). No campo social, os jogos permitem que o
trabalho em grupo se estruture e que os alunos estabeleçam relações de
trocas, que aprendam a esperar sua vez, que se acostumem a lidar com
regras, conscientizando-se de que podem ganhar, perder ou simplesmente
jogar. Luise Weisse (1992, p. 65) afirma que ―através do brinquedo, a criança
inicia sua integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se
frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita brincando.‖
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Segundo Piaget (1967), ―o jogo não pode ser visto apenas como
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
aprendizado [grifo nosso] cognitivo, afetivo, social e moral.‖ Em outras palavras,
através do jogo se processa a construção do conhecimento.

Os alunos, desde pequenos, estruturam seu espaço e seu tempo,


desenvolvem a noção de causalidade, chegando à interpretação e, finalmente, à
sistematização. Além disso, os alunos ficam mais motivados para usar a
inteligência, pois querem entender melhor o jogo. Dessa forma, esforçam-se
para superar problemas, agindo nos planos cognitivo, afetivo, social e cultural,
sendo estes problemas referentes a cada faixa etária. Por fim, estando mais
motivados, os alunos ficam mais atentos durante o jogo.

―Nos domínios da psicologia, da dinâmica fisiológica, da memória,


inteligência, raciocínio, vontade, virtudes de honra, disciplina, lealdade e
obediência às regras, a brincadeira é o processo iniciador da criança‖
(CASCUDO, 2003, p. 145). Brincar não é perda de tempo nem é simplesmente
uma forma de preencher o tempo. A criança que não tem oportunidade de
brincar sente-se deslocada. A brincadeira possibilita o aprendizado integral da
criança, já que, ao brincar, ela se envolve afetivamente, opera mentalmente e
convive socialmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, de modo que a
criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para
resolver imprevistos que surgem no ato de brincar.

O jogo e a brincadeira, portanto, mesmo podendo ser definidos


separadamente, agem em conjunto, pois as atividades de jogar e brincar
propriamente ditas não se separam. Além disso, os conceitos devem moldar-se
à realidade social sem perder sua essência, e conectar-se com a totalidade dos
fatos presentes no cotidiano.

De acordo com o dicionário, o que significa?

- Jogar: do latim ―jocare‖: entregar-se ao ou tomar parte no jogo de; executar


as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo;
perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se.

- Brincar: ―de brinco+ar‖; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de


criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua
Portuguesa – Aurélio, 1986)

Pois bem! Agora que temos um entendimento melhor sobre o que é


brincar e/ou jogar, que tal realizarmos algumas atividades? Vamos entrar no
mundo das brincadeiras e conhecer a importância desse conteúdo para as
aulas de educação física.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE (Proposta de Seminário) mãos na massa!

Divida a turma em grupos para a realização de um seminário. Os


grupos irão criar um jogo (com nome, regras, materiais a serem utilizados,
número de participantes, etc.). Cada grupo deverá apresentar o jogo que
sistematizou. A apresentação poderá conter uma parte teórica (de explicação
do jogo, mostrando seu sentido, seu significado, sua forma de jogar e,
principalmente, sua relação com a sociedade e com o meio em que estão
inseridos) e uma parte prática (de demonstração do jogo). Enquanto um grupo
faz a apresentação, o outro deverá estar atento à atividade.

ATIVIDADE

Observe o quadro a seguir:

Brincando (Domínio público). Pintado por Cândido Portinari, sem data.

O quadro vem justamente nos mostrar elementos da cultura brasileira.


Leva-nos para o passado, quando as cidades ainda não eram tão apertadas e
cheias de carros por todos os lados. O desenho mostra crianças brincando de
jogos infantis, como a cabra-cega, a gangorra, a carniça, a bola de gude e a
pipa. Todos esses jogos e brincadeiras fazem parte de nossas vidas, de nosso
processo histórico de formação. De acordo com Cascudo (2003, p.147),

Há brinquedos de 10.000 anos. E alguns mais antigos. O pião


rodador, puxado a cordel, strombos grego, turbo romano, são
encontrados nos túmulos mais velhos de Micenas, na quinta e
nona Tróia, e continuam presentes, vistos em qualquer local,
na mesma função que lhe davam escravos númidas e
gladiadores, crianças de Atenas e de Roma, há mais de
cinqüenta séculos.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Vamos agora fazer uma viagem para o passado e descobrir um pouco


mais sobre os jogos populares que fizeram e fazem parte da nossa história e
da de nossos pais.

Pesquisa

Faça uma pesquisa com seus pais, tios, vizinhos, etc. (de preferência
pessoas mais velhas) sobre os jogos que eles brincavam quando eram
crianças. Pergunte-lhes sobre as regras, as maneiras de jogar e em que época
(quantos anos atrás) eles jogavam. Relacione os jogos com o momento
histórico, político e cultural vivido no Brasil e descubra como era a relação entre
os entrevistados seus pais, principalmente no que se refere a características
como respeito, obediência, palmatória, ditadura, censura, etc.

ATIVIDADE

Escravos de Jó
Enquanto manifestação espontânea da cultura popular, as brincadeiras
tradicionais têm a função de
perpetuar a cultura infantil e
desenvolver formas de
convivência social.Considerada
como parte da cultura popular,
essa tradicional brincadeira
―Escravos de Jó‖ guarda a
produção de um povo em certo
período histórico. Essa cultura
não oficial, desenvolvida
sobretudo pela oralidade, não
fica cristalizada; está sempre em
transformação, incorporando
criações anônimas das gerações
que vão se sucedendo. Por ser elemento folclórico, essa brincadeira infantil
assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral,
conservação, mudança e universalidade.

“Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota
Deixa o Zambelê ficar
Guerreiros são guerreiros
Fazem zigue-zigue-zá
Guerreiros são guerreiros
Fazem zigue-zigue-zá”.
(Domínio público)
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá?1

Jó é um personagem do Antigo Testamento. Segundo o livro,


Deus apostou com o Diabo que, mesmo perdendo os filhos e a riqueza, Jó não
perderia a fé. E Deus ganhou a aposta. Daí a expressão "paciência de Jó".

Daí para frente é só mistério. Nada indica que Jó tivesse escravos. O


mais provável é que a cultura negra tenha se apropriado de sua figura para
simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os escravos que faziam o ―zigue-
zigue-zá‖ seriam os fujões que corriam em zigue-zague para despistar os
capitães do mato.

O significado de caxangá é ainda mais obscuro. Segundo o Dicionário


Tupi–Guarani – Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de
‗caá-çanga‘, que significa mata extensa. Para o Dicionário do Folclore
Brasileiro, é um adereço usado pelas mulheres alagoanas. A palavra também
já foi associada aos saquinhos utilizados no contrabando de sementes para as
senzalas2.

Tudo indica que, de boca em boca, o significado da palavra ou até


mesmo a composição dos versos tenham sido muito modificados. Isso também
explicaria as variações regionais da cantiga. Afinal, deixamos o Zambelê ou o
Zé Pereira ficar?

PROPOSTA DE ATIVIDADE

De acordo com o texto acima, tente elaborar uma atividade por meio
da qual os alunos possam conhecer esse jogo (observe os ciclos de
escolarização) presentes no livro Coletivo de Autores e adéque a atividade de
acordo com os critérios da seleção de conteúdo). Antes de começar a aula,
pergunte aos alunos se eles conhecem e/ou já jogaram "Escravos de Jó"?
Como eram (são) as regras do jogo praticado/conhecido por eles? Durante a
prática propriamente dita, problematize com os alunos a possibilidade de
organizar o jogo de diferentes maneiras, de acordo com o que foi discutido na
primeira parte da aula. No momento final da aula, momento de avaliação do
que foi feito, faça uma discussão sobre: 1) o(s) significado(s) encontrado(s) no
jogo (observe os diferentes significados para cada aluno); 2) as diferenças
observadas nas práticas executadas (observe as diferenças na música e na
forma); 3) as principais habilidades físicas, motoras, cognitivas e sociais
exercitadas.

LEMBRETE: As atividades não são receitas, mas, sim, sugestões de


possibilidades de aulas. Procure adequar os conteúdos ao cotidiano
dos alunos e fazer novas relações com esse cotidiano. É sempre bom exercitar
a criatividade e cognição! Mãos à obra.

1
Texto de Anna Virgínia Balousser (Revista Superinteressante, setembro, 2008)
2
Esta informação é de total responsabilidade da autora.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

OS JOGOS ELETRÔNICOS E OS JOGOS POPULARES

Oba! Vamos jogar video game! Mas espera aí! Será que jogar video game é
um conteúdo das aulas de educação física? Podemos utilizá-lo para aprender
sobre nossa história? Se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos
populares?

Calma amiguinhos, vamos responder devagar! Em primeiro lugar, os


conteúdos que fazem parte da disciplina de educação física são: dança,
esporte, ginástica, lutas, mímicas, jogos, entre outros! Hum... se os jogos
fazem parte da educação física, podemos trabalhar com o video game?
Podemos, sim, mas temos que saber tratar esse conteúdo antes de trazê-lo
para nossa aula. E como fazer isso?

Vamos lá!.Temos, antes de tudo, que estabelecer alguns critérios. dentre


os quais selecionamos os seguintes: ―relevância social” (verificar se esse
conteúdo tem relação com a realidade social dos alunos);
―contemporaneidade do conteúdo” (garantir aos alunos o que existe de mais
avançado no mundo contemporâneo); ―adequação às possibilidades
sociocognoscitivas dos alunos” (adequar o jogo à capacidade cognitiva e à
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

prática social do aluno); “provisoriedade do conteúdo” (romper com a ideia


de terminalidade e retraçar o conteúdo desde sua gênese para que o aluno
perceba-se enquanto sujeito histórico) (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 31-
33).

Feito isso, vamos ao conteúdo! O video game é um jogo adaptado para


TV e PC (computador). Esse jogo tomou maiores proporções na década de 90,
mas sua criação e história datam de algumas décadas anteriores. Em 1949, o
engenheiro Ralph Baer foi incumbido de criar a melhor televisão do mundo, o
que para a época era uma grande revolução tecnológica. Ele pensava em criar
uma TV interativa, com jogos; mas a ideia não se proliferou. Alguns anos
depois, mais precisamente em 1972, Baer, ao questionar se havia algo mais
interessante do que ficar mudando de canal com o controle remoto, teve a ideia
de desenvolver um jogo que seria conectado à TV. Ele apresentou sua ideia
para um amigo que era engenheiro e, então, surgiu o primeiro jogo, que foi
chamado Pong. ―A Magnavox resolveu comprar o projeto de Baer, da Sanders
Associates, e começou a desenvolver o console Odyssey, o primeiro video
game para ser conectado à TV. Em contrapartida, nessa época a Atari foi
acusada por Baer de plagiar o Odyssey‖ (WIKIPÉDIA, citado por FEITOZA,
2007, p. 15).

A humanidade está diariamente construindo sua história e, através da


ciência e da tecnologia, modificando a forma de perceber a realidade. Nesse
sentido, os video games têm se mostrado um importante meio pelo qual as
crianças, os jovens e os adultos apreendem o sentido e o significado do meio
social e da vida. Os video games, cada vez mais reais, copiam jogos que
fazem parte dos nossos signos sociais – como o futebol, a dama, o xadrez, o
bilhar, entre outros – atribuindo-lhes novos sentidos.

Com a ciência e a tecnologia mais avançadas, temos a possibilidade de


acessar o conhecimento de forma mais rápida e direta. Para perceber isso é só
ir até a esquina mais próxima e entrar nas famosas LAN HOUSES (que são
casas de computadores conectados à internet). Lá temos a oportunidade de
conhecer o mundo virtualmente. Todo esse conhecimento é muito importante.
Mas atenção: ter acesso ao conhecimento de forma virtual não significa dizer
que agora não precisamos mais de escola, de livros e de professores, pois
todos esses elementos são responsáveis por tratar esse conhecimento e dar
sentido e significado a eles. A partir dos jogos eletrônicos, podemos perceber
que nossa história está sendo construída e reconstruída. Isso pode ser
percebido nos diferentes jogos, nas diferentes tecnologias (equipamentos,
suportes, etc.), nas formas de jogar (individual ou coletiva) e no modo como
construímos nossas regras de convivência com nossos amigos e família.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os jogos populares são aqueles que estão na memória de todos e que


ainda podemos ver nas ruas, nas praças, nos parques e nas aulas de
educação física. Materializam-se na amarelinha, no pega-pega, no pique-
esconde, no vivo-morto, na barra-bandeira, no baleado e inúmeras outras
brincadeiras. Contudo, parece que esses jogos estão sendo deixados de lado
por causa dos jogos eletrônicos. De fato, brinquedos mais tecnológicos vêm
fazendo com que as crianças não precisem mais sair de casa para brincar nem
precisem de outras crianças para se divertir. Dessa forma, elas acabam
preferindo os jogos eletrônicos. O fato de os jogos populares serem, em grande
parte, passados de geração a geração agrava ainda mais essa situação.

Os pais que são submetidos a jornadas de trabalho massacrantes para


garantir o sustento de sua família, sendo, portanto, obrigados a ficar longe de
casa por várias horas, geralmente não conseguem ensinar a seus filhos as
brincadeiras que no passado lhes foram ensinadas por seus pais. Além disso,
com o aumento significativo das grandes cidades (repletas de prédios e carros
por todos os lados), os pais se veem na obrigação de proteger seus filhos de
um meio cada vez mais perigoso e acabam deixando de lhes ensinar os jogos
populares. Nesse sentido, a escola e principalmente a educação física têm um
papel fundamental ao possibilitar o acesso a esse conteúdo – ―apresentando
(identificando), sistematizando (adquirindo a consciência), ampliando
(reorganizando as referências conceituais) e aprofundando (refletindo e dando
um salto qualitativo) o conhecimento do aluno sobre tais jogos‖. (COLETIVO
DE AUTORES, 1992, p. 35)
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Agora chegamos a nossa terceira pergunta: se jogarmos video game


deixaremos de lado os jogos populares?

De forma alguma! Temos um conhecimento que vem sendo


historicamente sistematizado pela humanidade, que são os jogos eletrônicos, e
também um conhecimento que faz parte da história, que são os jogos
populares. Portanto, ambos têm uma importância significativa na nossa vida
social e devem ser selecionados para as nossas aulas de educação física.
Além disso, ambos fazem parte de uma série de elementos que constituem a
nossa cultura corporal. Sendo assim, vamos buscar entender o jogo, vamos
relacioná-lo com o momento social, econômico e cultural do nosso país e do
mundo, vamos recriá-lo a partir de nossas experiências concretas, vamos
coletivamente e de forma organizada acessar mais essa possibilidade de
entender o mundo ao qual estamos expostos.
Mãos na massa! E joguem à vontade!

SE LIGA AÍ...

Se você é um daqueles fanáticos por jogos eletrônicos, fique de olho nas


seguintes observações:

 Jogos violentos podem incentivar o comportamento agressivo;


 Os jogos eletrônicos fazem com que a pessoa deixe de ser mero
espectador da violência, pois são projetados para que se participe dela;
 Para os mais impressionáveis, pode ficar difícil distinguir a realidade da
fantasia;
 Como um vício, os games podem levar o jogador a negligenciar
obrigações e relacionamentos importantes;
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

 Os jogos podem tomar o tempo que a criança deveria gastar em outras


atividades importantes, como estudar, interagir com os outros e
participar de brincadeiras que estimulam a criatividade;
 Olhar muito tempo para uma tela pode causar fadiga visual;
 Falta de exercício, um possível resultado de se jogar muito video game,
pode causar obesidade, problemas posturais e lesões por esforço
repetitivo (LER);
 Os jogos eletrônicos podem consumir seu tempo e seu dinheiro.

ATIVIDADE

Leia os textos abaixo e em seguida reflita sobre a mensagem transmitida


por eles:

Texto 01
A Bola (Luis Fernando Veríssimo)
Fonte: www.olhoscriticos.com.br

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que


sentira ao ganhar a primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de
couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os


garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar
o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

– Como é que liga? – perguntou.


– Como, como é que liga? Não se liga.

O garoto procurou dentro do papel de embrulho.

– Não tem manual de instrução?

O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os


tempos são decididamente outros.

– Não precisa manual de instrução.


– O que é que ela faz?
– Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
– O quê?
– Controla, chuta...
– Ah, então é uma bola?
– Claro que é uma bola!
– Uma bola, bola?. Uma bola mesmo?
– Você pensou que fosse o quê?
– Nada, não.

O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o


encontrou na frente da TV, com a bola nova do lado, manejando os controles
de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo


tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha
coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a
bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito
do pé, como antigamente, e chamou o garoto.

– Filho... Olha!

O garoto disse "Legal", mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou
a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro do
couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa
idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar!

Texto 02
Fonte: www.watchtower.org

Um dos vídeo games mais vendido em todo o mundo, segundo a revista


Newsweek, foi o Grand Theft Auto 3. O objetivo do jogo, cujo título significa ―O
Grande Ladrão de Carros 3‖, é progredir em uma organização criminosa. Para
isso, é preciso envolver-se em vários crimes, como prostituição e assassinato.
―Cada ato tem conseqüências‖, explica a Newsweek. Se o jogador mata um
pedestre usando um carro roubado, a polícia vem atrás dele. Se dá um tiro
num policial, o FBI entra no caso. Se ele matar um agente do FBI, os militares
vão tentar acabar com ele. O jogo foi projetado para maiores de 17 anos, mas
sabe-se de lojas que o vendem para jovens de menos idade. Até crianças de
12 anos dizem que gostariam de jogá-lo.

Texto 03
Fonte: www.watchtower.org

Rick Dyer, presidente da empresa Virtual Image Productions, diz: ―Não


são mais apenas jogos, são instrumentos de aprendizado. Estamos mostrando
às crianças — da maneira mais inacreditável — a sensação que se pode ter ao
puxar um gatilho (...). O que elas não aprendem são as conseqüências na vida
real.‖

ATIVIDADE

A partir da leitura dos textos acima procure responder às seguintes


perguntas: Existe alguma relação entre os textos? Que relação você faria entre
a popularização dos jogos de rua e dos jogos eletrônicos? Qual a intenção dos
criadores dos jogos eletrônicos Em que momento social surgiram os jogos
eletrônicos? Há algum perigo para os jogadores destes jogos? Eles têm
consciência do perigo que correm? Há alguma relação entre os jogos
eletrônicos e a educação física?
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

CURIOSIDADE / VOCÊ SABIA QUE...?

No Brasil, o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e


Qualificação (Dejus) é responsável por analisar e classificar os jogos
eletrônicos. As Portarias ministeriais 899 e 1035 de 2001 dão suporte legal às
classificações. Elas estabeleceram, entre outras coisas, as seguintes faixas de
classificação:

I. – livre;
II. – inadequado para menores de 12 anos;
III. – inadequado para menores de 14 anos;
IV. – inadequado para menores de 16 anos;
V. – inadequado para menores de 18 anos.

Entre os critérios utilizados pelos analistas para a classificação indicativa


de jogos eletrônicos está a avaliação das situações que envolvem sexo, drogas
e violência.

PESQUISA

Elabore uma pesquisa sobre a


origem dos jogos eletrônicos, os
conhecidos vídeo games. Descubra
como surgiu essa atividade e quando
os alunos passam a trocar os jogos
populares pelos jogos eletrônicos.
Tente problematizar a pesquisa,
perguntando sobre os preços de video
games e se todos têm acesso a esses
aparelhos. A charge ao lado mostra
dois garotos jogando vídeo game. Eles
estão jogando um jogo bem
interessante! É o jogo eletrônico da vida
real, onde eles reproduzem os signos Fonte: www.panoramablogmario.blogger.com.br
sociais produzidos pela sociedade. Na charge, eles brincam com um episódio
recente da nossa história: o mensalão. Pergunte aos estudantes se eles
lembram desse episódio ou se eles acham que isso tem algo a ver com a
Educação Física.

IMPORTANTE

Durante a elaboração da pesquisa, o(a) professor(a) deve estar atento a


todos os questionamentos possíveis acerca dos dados da realidade dos
estudantes. Assim, eles poderão identificar as contradições (ricos x pobres;
escola pública x escola particular; favela x condomínio de luxo; entre outras)
presentes na nossa sociedade e, principalmente, nas aulas de Educação
Física.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

MAIS PESQUISAS

1. Quais jogos populares existem? Divida a turma em grupos de dois ou


até quatro estudantes e proponha para cada grupo pesquisar com
familiares, amigos, internet, livros, jornais e revistas sobre a diversidade
dos jogos populares, de onde vieram e quais objetivos estão presentes
na realização de cada jogo. Cada grupo deverá explicar para a sala
como jogar os jogos pesquisados, além de falar um pouco do histórico
desses jogos.

2. Maneiras diferentes de jogar o mesmo jogo. Por exemplo, faça grupos


de dois estudantes para pesquisarem formas diferentes de jogar a barra-
bandeira.

ATIVIDADE

O dia das crianças é sempre


lembrado entre professores e
professoras da escola. Nesse dia, é
comum vermos apresentações de
grupos de danças folclóricas, de
teatro, de capoeira, entre outros. Na
Educação Física, percebemos a
realização de um dia inteiro de
atividades esportivas, que sempre
copiam o modelo propagandeado pela
mídia (TV, jornais, revistas, etc.).
Contudo, como já foi dito no nosso
texto, ―a Educação Física é muito mais Foto: Rosalândia Pessoa –
do que uma prática solta e sem Escola Municipal Santa Emília de Rodat.
relação com nossa vida cotidiana. É preciso lembrar que o jogo satisfaz a
necessidade das crianças, especialmente a necessidade de ação‖ (COLETIVO
DE AUTORES, 1992, p. 66). Portanto, como proposta de atividade para o dia
das crianças, que tal organizarmos um festival de jogos populares? Aqueles
jogos que praticamos na rua e os levamos para o ambiente escolar. Estamos
falando da amarelinha, do pula-corda, do sete-pecados, do seu rei mandou
dizer, do esconde-esconde, do elástico, da barra-bandeira, do dono da rua,
entre outros.

Os professores irão a partir de agora dividir as turmas da escola em


quatro grandes grupos de estudantes. Esses grupos devem ter cores distintas
que possibilitem a todos distinguir os grupos. A cada grupo será atribuída uma
personalidade da história (Exemplo: Ariano Suassuna – grupo verde). Para os
professores das turmas, a organização do festival distribuirá um material
referente ao histórico de vida de cada personalidade. Esse material deverá ser
estudado pelas turmas, pelo menos uma semana antes do dia do festival.

A atividade proposta será uma corrida de aventura durante a qual cada


grupo passará por estações e, em cada uma delas, terá que realizar um jogo
popular e ainda responder a uma pergunta sobre a história da personalidade
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

referente à sua cor. O número de estações, a pontuação das tarefas e os jogos


populares devem ser decididos pela comissão organizadora. A premiação pode
ser feita pelos próprios estudantes que construiriam as medalhas com material
alternativo. No final do festival sugere-se uma grande confraternização entre
todo o corpo escolar.

DICAS

 Seria muito importante incluir nessa atividade todo o corpo docente e de


funcionários da escola;
 Tente não obedecer à faixa etária nem à seriação, para problematizar
melhor a atividade;
 Tenha cuidado com a distribuição dos grupos para não criar um grupo
muito forte;
 A personalidade pode ser da própria escola, da Paraíba, do Nordeste ou
do Brasil;
 A comissão organizadora pode ser composta por representantes dos
professores, da direção e dos estudantes.

JOGOS COOPERATIVOS: UMA POSSIBILIDADE PARA TODOS

Você conhece?

Jogos Cooperativos são jogos em que os participantes ―jogam uns com


os outros, ao invés de uns contra os outros‖ (DEACOVE, citado por BROTTO,
2001, p.54). Em outras palavras, considera-se o outro como um parceiro e não
como adversário. Segundo Brotto (2001), no Jogo Cooperativo, joga-se para
superar desafios e não para derrotar o adversário. Joga-se pelo prazer de
jogar, cooperando para alcançar um objetivo comum e priorizando a
integridade de todos. Os Jogos Cooperativos visam promover a integração e a
participação de todos, pois ―(...) são jogos de compartilhar, unir pessoas,
despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o
fracasso e o sucesso em si mesmos‖ (BROTTO, 2001, p.55).

A principal característica do jogo cooperativo é sua forma de


participação. As atividades são realizadas com o objetivo de proporcionar aos
seus participantes a máxima diversão. Dessa forma, cada participante dá sua
parcela de contribuição para que todos possam vivenciar a atividade, não
enfatizando a individualidade, mas, sim, a coletividade; não há, portanto, a
preocupação exclusiva em competir.

Você imagina como surgiu?

O Jogo Cooperativo ―começou há milhares de anos, quando membros


das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida‖ (ORLICK, citado por
BROTTO, 2001, p.47). Alguns povos ancestrais ainda praticam a vida
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

cooperativamente através da dança, do jogo e de outros rituais, como, por


exemplo, a ―Corrida das Toras3‖ dos Índios Kanela, no Brasil.

Na sociedade moderna, mais especificamente na cultura ocidental, os


Jogos Cooperativos surgiram como resposta à excessiva valorização dada ao
individualismo e à competição exacerbada. Dessa maneira, o jogo cooperativo
contrapõe-se a essa competitividade evidenciada pela sociedade capitalista,
em que o fenômeno da competição se reproduz em vários setores da vida
social. No jogo cooperativo ocorre o favorecimento à promoção da autoestima
e à potencialização de valores e atitudes que colaboram para a melhoria da
sociedade, como a solidariedade, a confiança e o respeito mútuo.

No Brasil, os jogos cooperativos começaram a ser utilizados a partir de


1980. Atualmente, essa proposta está amplamente difundida, influenciando
reflexões e transformações em diferentes seguimentos da sociedade brasileira.

Que tal vivenciar essa nova forma de jogar!

ATIVIDADE

Golfinhos e Sardinhas (jogo infinito)4

Há um tipo de Jogo Cooperativo muito especial: Os Jogos Infinitos.


Nesse tipo de jogo todos têm a oportunidade de exercer o poder pessoal e o
grupal sobre a vivência que estão compartilhando.

Participação: todo o grupo;


Espaço: amplo, dividido por uma linha central;
Como jogar: com base no pega-corrente;
Passos:

1. Começamos com todos os participantes (menos 1) agrupados numa das


extremidades do espaço. Este é o ―cardume de sardinhas‖;
2. Aquela pessoa que ficou separada das ―sardinhas‖ será o ―golfinho‖ e
ficará sobre a linha transversal demarcada bem no centro do espaço.
Ela somente poderá se mover lateralmente e sobre essa linha;
3. O objetivo das ―sardinhas‖ é passar para o outro lado do ―oceano‖ (linha
central) sem serem pegas pelo ―golfinho‖. Este, por sua vez, tem o
propósito de pegar o maior número possível de ―sardinhas‖ (bastando
tocá-las com uma das mãos);
4. Toda ―sardinha‖ pega transforma-se em ―golfinho‖ e fica junto com os
demais ―golfinhos‖ sobre a linha central, lado a lado e de mãos dadas,
formando uma ―corrente de golfinhos‖;
3
Essas atividades são realizadas sempre com duas toras praticamente iguais. Os participantes se dividem
em dois grupos de corredores, cabendo apenas a um participante de cada grupo carregar a tora,
revezando-se em um mesmo percurso.
4
Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 129-130)
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

5. Na ―corrente de golfinhos‖, somente os ―golfinhos‖ das extremidades


podem pegar as ―sardinhas‖;
6. O jogo prossegue assim até que a ―corrente de golfinhos‖ ocupe toda a
linha central. Quando isso acontecer, a ―corrente‖ poderá sair da linha e
se deslocar por todo o ―oceano‖ para pescar as ―sardinhas‖.

ATENÇÃO

Quando a ―corrente de golfinhos‖ for maior do que a quantidade de


―sardinhas‖ restantes, propomos que as ―sardinhas‖ passem a poder salvar os
―golfinhos‖ que desejarem ser salvos. Para tanto, basta a ―sardinha‘ passar
entre as pernas do ―golfinho‖. Daí o ―golfinho‖ solta-se da corrente e vira
―sardinha‖ de novo.

Agora faça as seguintes reflexões com seus colegas:

1. Que dificuldades surgiram ao longo da atividade?


2. Essas dificuldades foram solucionadas? Como?
3. Quem participou com sugestões para a solução das dificuldades?
4. Houve competição ou cooperação durante a atividade?
5. As pessoas participaram como parceiros ou como adversários?

E então, você gostou da brincadeira? Para que você possa se


familiarizar mais com os Jogos Cooperativos, convide seus colegas e
professor(a) para participar das atividades descritas abaixo. É uma
oportunidade para experimentar, refletir e discutir mais com seus colegas e
professor(a).

ATIVIDADES

1. Um time “zoneado” (jogo de inversão) *

Este jogo, que tem como ponto de partida o handebol, é literalmente


uma ―zona‖. Todos jogam dentro de uma ―zona‖ determinada e conforme o
desenrolar da atividade, promovem uma interação muito dinâmica, com
participação total e sem fronteiras. Todos percebem que são um só grupo.

Participação: grupos de 16 participantes ou mais, distribuídos em duplas ou


trios nas ―zonas‖ da quadra;
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

Espaço: quadra de handebol ou similar, dividida em 08 ―zonas‖ A e B,


demarcadas da seguinte maneira:

A B A B A B A B

Passos

1. Os participantes são distribuídos nas 08 ―zonas‖, ficando 2 ou 3 em cada


uma delas;
2. Somente poderão jogar dentro da ―zona‖ que ocupam no momento;
3. O grupo A deverá tentar fazer gol no grupo B e vice-versa;
4. A bola deve ser passada para a ―zona‖ seguinte mais próxima,
correspondente ao respectivo grupo;
5. Feito o gol, promove-se um rodízio em que todos trocam de ―zona‖,
passando a ocupar a próxima ―zona‖ (ex.: a dupla ou trio que estava no
gol da ―zona‖ B vai para o gol da ―zona‖ A; assim, a dupla ou trio que
estava no gol da ―zona‖ A vai para a próxima ―zona‖ B e empurra a dupla
que ocupava essa ―zona‖ B para a próxima ―zona‖ A; e assim vai
sucessivamente até completar a troca lá no gol da ―zona‖ B);
6. Reinicia-se o jogo.

Atenção

Ao final do jogo, todos os participantes terão passado tanto pela ―zona‖


A como pela ―zona‖ B. Portanto, pergunta-se: quem é o grupo A e quem é o
Grupo B? Quem venceu o jogo? Todos são um só grupo!5

Vamos às reflexões...

1. Foi possível competir e, no final, todos vencerem? Os participantes


ganharam do outro ou ganharam juntos?
2. A relação estabelecida entre os grupos foi de interdependência, parceria
e confiança, ou de dependência, rivalidade e desconfiança?
3. Nas atividades do cotidiano escolar ou familiar é possível estabelecer
essa mesma relação?
4. Qual a contribuição deste jogo para a realização de um mundo melhor?

5
Atividade retirada do livro Jogos Cooperativos (BROTTO, 2001, p. 141-142)
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

2. Sentando nas CADEIRAS... ou não!

Quem nunca brincou da brincadeira das cadeiras? Aquele clássico


joguinho em que começam mais pessoas do que cadeiras e assim que a
música para, uma pessoa SOBRA e fica fora da brincadeira. Então, eis nossa
proposta de atividade. Vamos inverter um pouco essa lógica que está presente
há muito tempo nessa brincadeira. A sugestão é que, ao invés de as pessoas
saírem do jogo, elas terão de encontrar formas de CONTINUAR nele, sentando
no colo dos demais participantes ou nas cadeiras que ainda restam. Enquanto
isso, as cadeiras continuarão saindo ao final da música.

DICAS para o professor(a)

 A partir dessa atividade sugira discussões de pares dialéticos. Por


exemplo, a discussão de gênero (menino x menina), competitividade x
cooperação, desrespeito x respeito, individualidade x coletividade, etc;
 Caso algum aluno se negue a participar do jogo, ele pode ficar de
costas, cantarolar uma música e parar na hora que ele quiser para dar o
tom da brincadeira. Obs: quando o(a) professor(a) não tiver aparelho de
som, alguém obrigatoriamente terá que desempenhar essa função.

Agora que você já sabe o que é Jogo Cooperativo, já teve a


oportunidade de experimentá-lo, que tal fazer um trabalho de pesquisa em
grupo?

ATIVIDADE

Pesquise as categorias de Jogos Cooperativos, exemplificando com o


maior número possível de atividades. Depois, elabore uma proposta de um
festival de jogos cooperativos a ser realizado na escola. Mãos à obra e bom
trabalho!
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

LEITURA E DISCUSSÃO

Relacione a tabela a seguir com o conteúdo trabalhado (jogos


cooperativos) e realize uma leitura, seguida de discussão com os alunos.

JEITOS DE VER E VIVER O JOGO DA VIDA6

VER

VIVER OMISSÃO COOPERAÇÃO COMPETIÇÃO


(Individualismo) (Encontro) (Confronto)
- Abundância X Escassez
- Insuficiência - Suficiência
- Parece possível só para
VISÃO DO JOGO - É impossível - Possível para todos
um
- Separação Inclusão
- Exclusão
- Ganhar sozinho
OBJETIVO - Ganhar... juntos - Ganhar do outro
- ―Tanto faz‖
O OUTRO - ―Quem?‖ - Parceiro, amigo - Adversário, inimigo
- Dependência,
- Independência - Interdependência
RELAÇÃO Rivalidade e
- ―Cada um na sua‖ - Parceria e confiança
Desconfiança
- Jogar COM - Jogar CONTRA
- Jogar sozinho
- Troca e criatividade - Ataque e defesa
AÇÃO - Não jogar
- Habilidades de - Habilidades de
- ―Ser jogado‖
relacionamento rendimento
- Ativação, atenção e - Tensão, stress e
- Monótono
CLIMA DO JOGO Descontração contração
- Denso
- Leve - Pesado
- Ilusão de vitória - Vitória às custas dos
RESULTADO - Sucesso compartilhado
- individual outros
- Alienação,
- Vontade de continuar
CONSEQUÊNCIA conformismo e - Acabar logo com o jogo
jogando
indiferença
MOTIVAÇÃO - Isolamento - Amor - Medo
- Alegria (para muitos) - Diversão (para alguns)
- Comunhão (entre - Realização (para
- Solidão
SENTIMENTOS todos) poucos)
- Opressão
- Satisfação, - Insegurança, raiva,
cumplicidade e Harmonia frustração
SÍMBOLO - Muralha - Ponte - Obstáculo

6
Tabela retirada do livro “JOGOS COOPERATIVOS – O jogo e o esporte como um Exercício de
Convivência”. FÁBIO OTUZI BROTTO, 2001.
CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS
EDUCAÇÃO FÍSICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal do jogo. 2ª Ed. Ícone. São


Paulo, 2007.

BROTTO, Fábio. Otuzi. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um


exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001.

CASCUDO, Luís da Câmara. A história dos nossos gestos. 1ª Ed. Global.


São Paulo, 2003.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 12ª


ed. São Paulo: Cortez, 1992;

FEITOZA, Joelson Andrade. Jogos eletrônicos e jogos de rua: Uma busca


na era do videogame. João Pessoa, UFPB. 2007. 47p.

FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo e González Fernando Jaime . (orgs).


Dicionário crítico de educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2007.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São


Paulo: Perspectiva, 2007.

PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1967.


[Six Études de Psichologie, 1964]

SOLER, Reinaldo. Brincando e Aprendendo com os Jogos Cooperativos.


Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2005.

TEXTO 2. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 06 nov. 2009.

TEXTO 3. Disponível em: www.watchtower.org. Acesso em: 27 out 2009.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. A bola. Disponível em:


<www.olhoscriticos.com.br> Acesso em: 06 nov. 2009

WEISS, Luise. Brinquedos & engenhocas: atividades lúdicas com sucata.


2ª. ed. São Paulo: Scipione, 1992. 65p.
Capítulo 2 - Esporte:
A prosa e a poesia no futebol
EDUCAÇÃO FÍSICA

Professor Carlos Alberto Antunes


Escola Municipal de Ensino Fundamental João Monteiro da Franca

Professor Robson Ananias de Lucena


Escola Municipal de Ensino Fundamental Anayde Beiriz

Professor Lucas Vieira de Lima Silva


Universidade Regional do Cariri

Professor Lauro Pires Xavier Neto


Universidade Federal de Campina Grande
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Você sabe a diferença entre prosa e poesia? Qual a relação


existente entre prosa, poesia e futebol? O que você sabe sobre as
Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982?

No Brasil, o futebol sempre foi considerado um esporte de grande


importância na vida do povo. Somos conhecidos culturalmente como o “país do
futebol” e fomos o primeiro país a receber o título de pentacampeão mundial. O
futebol tornou nosso país mais conhecido internacionalmente. Jogadores como
Pelé, Rivelino e Tostão, que atuaram na Copa de 1970, e Zico, Sócrates e
Falcão, atuantes na Copa de 1982, são mundialmente conhecidos como
legítimos praticantes e disseminadores do “futebol-arte”. Mas estes são apenas
alguns exemplos, pois a lista de jogadores brasileiros que praticavam, e ainda
praticam, o futebol-arte é imensa.

Leia com atenção o seguinte texto de Tostão:

Após a Copa de 1970, o grande poeta e cineasta italiano


Pasolini escreveu que a poesia brasileira ganhou da prosa
italiana. Em 1982, aconteceu o contrário. Evidentemente, a
Seleção Brasileira, nas duas Copas, não era só poesia nem a
italiana era só prosa. Mas havia um nítido predomínio de um
estilo. Hoje, a diferença é pequena. (TOSTÃO, 2008, p. 7)

Pôster da Copa de 1970 Pôster da Copa de 1982

PESQUISA

- Pergunte ao seu professor(a) de português as diferenças entre prosa e


poesia;
- Descubra o que seus avós, pais, familiares e pessoas de sua comunidade
sabem sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982;
- Pesquise as mascotes das Copas do Mundo ao longo da história;
- Analise o texto do ex-jogador de futebol Tostão e explique porque Pasolini
denomina a seleção brasileira de poesia e a seleção italiana de prosa;
- Na atualidade o futebol brasileiro é prosa ou poesia? Seus amigos(as) que
jogam futebol praticam a prosa ou a poesia?
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

QUADRO EXPLICATIVO
a
A 9 Copa do Mundo de Futebol (1970) foi realizada no México e teve
como mascote Juanito, enquanto a Copa de 1982 aconteceu na Espanha
e teve como mascote Naranjito.

Naranjito Juanito
Mascote de 1982 Mascote de 1970

“Os anos 1970 foram marcados pela humanização das mascotes nas Copas do
Mundo. No México em 1970 a mascote escolhida foi Juanito, um menino com
características caucasianas com um sombreiro e uma bola.
Em 1982, Naranjito foi a primeira fruta como mascote em Copas do Mundo. A
laranja com a camisa da seleção espanhola fez muito sucesso por ser simples.
Além de estar estampada em vários produtos da Copa a laranjinha da Copa
protagonizou uma série de desenhos animados na televisão espanhola.”

Obtido em: http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-


alemanha/mascotes-das-copas-do-mundo.html (14 de novembro de 2008, às 21h00)

Futebol, poesia, arte e música sempre estiveram presentes nas Copas


do Mundo. Porém, nem só de poesia vive o futebol. A Copa de 1970 é um
exemplo disso. Em 1970, o Brasil passava por um momento difícil da política
nacional. Em 1964, o povo brasileiro sofreu um golpe: os militares depuseram o
Presidente João Goulart e tomaram o poder por via da força, instaurando a
Ditadura Militar, que durou até 1985. Infelizmente, os militares aproveitaram a
Copa para fazer propaganda política. Enquanto matavam ou torturavam
aqueles que eram contra o regime militar, utilizavam o futebol para tentar
enganar o povo, encobrindo a dura realidade e fantasiando-a de um Brasil
apenas de festa e alegria. Dessa forma, a maioria da população ficava alheia
às discussões sobre economia e política.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Daí surgiu a música Pra Frente Brasil (composição de Miguel


Gustavo), que dizia:

Noventa milhões em ação,


Pra frente Brasil,
Do meu coração;
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil,
Salve a seleção;
De repente é aquela
Corrente pra frente,
Parece que todo Brasil deu a mão,
Todos ligados na mesma emoção,
Tudo é um só coração;
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil, Brasil,
Salve a seleção...

Para Eduardo Galeano (2004, p. 136), Pra Frente Brasil “transformou-


se na música oficial do governo. (...) O futebol é a pátria, o poder é o futebol:
Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares”. Para os militares, os
resultados positivos da seleção na Copa ajudavam a manter o regime militar
cada vez mais forte entre os brasileiros, visto que estes ficavam, em grande
parte, concentrados apenas nas vitórias do Brasil.

Será que essa situação ainda existe nos dias de hoje? Será que o
povo brasileiro conhece mais a seleção brasileira do que os assuntos
sobre economia e política? Será que é mais fácil saber o nome de
quem marcou o gol do Brasil no último jogo da seleção do que o
nome do ministro da educação ou da economia? Será que o futebol ainda é o
“ópio do povo”?
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na Copa de 1982, o jogador paraibano Júnior, que atuava na


lateral esquerda, cantava uma música que encantou o povo
brasileiro. Conheça a letra da música “Voa Canarinho” (Composição
de Memeco e Nonó):

Voa, canarinho, voa


Mostra pra este povo que é rei
Voa, canarinho, voa
Mostra na Espanha o que eu já sei
Verde, amarelo, azul e branco
Formam o pavilhão do meu país
O verde toma conta do meu canto
Amarelo, azul e branco
Fazem meu povo feliz
E o meu povo
Toma conta do cenário
Faz vibrar o meu canário
Enaltece o que ele faz
Bola rolando
E o mundo se encantando
Com a galera delirando
Tô aqui e quero mais

O jornalista João Saldanha escreveu o livro O Trauma da Bola: a Copa


de 82, em que relata todos os jogos daquele certame. Saldanha sempre foi um
crítico de futebol e da política brasileira. Ele comandou a seleção de 1970 até
as vésperas da Copa. Foi perseguido pela ditadura militar e expulso da
seleção, dando lugar a Zagalo, ex-jogador da Copa de 58. João Saldanha
chegou a criticar a poesia exagerada dos jogadores brasileiros da Copa de
1982 que, embalados pelo “Voa, Canarinho, Voa”, acabaram, segundo o
jornalista, deixando de lado a seriedade (ou a prosa) necessária para vencer
uma competição. “Não se ganha Copa do Mundo com musiquinha ou batendo
bumbo.” (JOÃO SALDANHA, 2002, p. 191).

O que será que Saldanha quis dizer com a frase acima? Será que ele era
mesmo contrário ao futebol-poesia?
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

DEBATE

Para você, o que é mais importante num jogo de futebol: o placar final do
jogo ou um futebol-arte, alegre e que encanta, independentemente do
resultado?

Vamos realizar um debate em sala de aula? Um grupo irá defender o


futebol-prosa e outro, o futebol-poesia.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

Vamos formar duas equipes? Uma equipe será formada pelos(as)


alunos(as) que defenderam o futebol-prosa e a outra, pelos(as) alunos(as) que
defenderam o futebol- -poesia. Cada equipe deverá confeccionar sua própria
mascote, seu pôster e sua música. Em seguida, vamos para a quadra ou
campo para realizamos nosso jogo de futebol.

COMPLEMENTO

Brasil e Itália já se enfrentaram em várias Copas do Mundo, em


diferentes momentos. O confronto mais recente foi em 1994, na final da
competição. Foi uma Copa do Mundo cheia de novidades, tal como a
realização do evento nos Estados Unidos, país que, apesar de não ter tradição
no esporte, aproveitou o evento esportivo para tentar lucrar com a venda das
imagens e produtos com a marca da Copa. Infelizmente, o sistema capitalista
tenta transformar tudo em lucro. Até as mascotes se transformaram em artigos
meramente de venda, perdendo seu significado histórico.

Outra novidade foi o resultado da final. Pela primeira vez a final da Copa
foi um cansativo 0 a 0, de um futebol cheio de prosa e pouca poesia. Sobre
esse fato, Galeano (2004, p.188) escreveu o seguinte:

A Itália jogou a final contra o Brasil. Foi uma partida


aborrecida, mas entre bocejo e bocejo, Romário e Baggio
deram algumas lições de bom futebol. A prorrogação terminou
sem gols. Na definição por pênaltis, o Brasil se impôs por 3 a 2
e se consagrou campeão do mundo.

CURIOSIDADES

Primeiro Tempo
O país escolhido pela FIFA para sediar a Copa de 1986 foi a Colômbia.
Contudo, desde 1982 havia rumores de que o país sul-americano não
conseguiria sediar o evento. As discussões sobre qual país poderia sediar a
Copa gerou discordância, em especial quando os Estados Unidos colocaram-
se à disposição. Veja o que Saldanha (2002, p. 186) escreveu a esse respeito:

Importantíssimo o „pacto sul-americano' se é que existe, de


não participar da Copa de 86, caso não seja na Colômbia e
sim transferida para os EUA. Pode parecer uma medida
antiesportiva. Mas não é. Nos EUA, apesar dos esforços, o
futebol não pegou. Até é chamado de soccer, cujo pronúncia é
igual a outra não muito amável – sucker, que quer dizer otário,
trouxa etc.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

(...) Como se sabe, o futebol lá não pegou, apesar dos


esforços de alguns empresários. No momento está caindo no
número de clubes, porque os donos, os tais empresários do
futebol, como no vôlei, no comércio ou outro investimento
qualquer, fecham um negócio não lucrativo.

Segundo Tempo
Na Copa de 1986, que acabou acontecendo no México, os jogos eram
disputados sob um calor tremendo, em horários inconvenientes para os
jogadores, mas convenientes para os interesses da televisão. Veja o que
escreveu Galeano (2004, p. 165) sobre o assunto:

No Mundial de 86, Valdano, Maradona e outros jogadores


protestaram porque as principais partidas eram disputadas ao
meio-dia, debaixo de um sol que fritava tudo que tocava. O
meio-dia do México, anoitecer da Europa, era o horário que
convinha à televisão européia. (...) A venda do espetáculo
importava mais do que a qualidade do jogo? (...) Quem dirigiu
o Mundial de 86? A Federação Mexicana de Futebol? Não, por
favor, chega de intermediários: quem dirigiu foi Guilermo
Cañedo, vice-presidente da Televisa (...). Foi o Mundial da
Televisa, o monopólio privado que é dono do tempo livre dos
mexicanos e também dono do futebol no México. E nada era
mais importante que o dinheiro que a Televisa podia receber,
junto com a FIFA, pelas transmissões aos mercados europeus.

Charge da Seleção da Argentina 1986 por Javad Alizadeh:


CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na marca do pênalti

É possível haver futebol-poesia quando o futebol é transformado num


negócio que visa o lucro de empresários? O que é monopólio? No Brasil
existem canais de televisão que monopolizam a programação do futebol e de
outros programas?

VAMOS VER UM FILME?

Dois filmes retratam bem as discussões que fizemos em sala de aula:


O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Todos os Corações do
Mundo. O primeiro mostra a realidade da Copa de 1970 sob o olhar de um
garoto de 12 anos que, alheio aos problemas enfrentados pelo país, deseja
apenas que o Brasil se torne tricampeão mundial. O segundo é um
documentário que mostra, sob um olhar menos técnico, a Copa do Mundo de
1994. Os dois filmes são imperdíveis!
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006)

» Direção: Cao Hamburger


» Roteiro: Cao Hamburger, Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani
» Gênero: Drama
» Origem: Brasil
» Duração: 110 minutos
» Tipo: Longa

» Sinopse: Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na
vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País, seu maior
sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se
adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus,
italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade.

Todos os Corações do Mundo (1995)


» Direção: Murilo Salles
» Gênero: Documentário
» Origem: Brasil
» Tipo: Longa

» Sinopse: Documentário oficial da Copa do Mundo de 1994, na qual o Brasil tornou-se tetracampeão. Além
dos jogos, conhecemos culturas dos países envolvidos, imagens de bastidores das partidas e muitas outras
curiosidades. (Obtido em: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975. 16 de novembro de 2008, às 08h)
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Textos complementares

Sobre a Copa de 2010

O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo


como referência a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a
seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do
futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o
país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo
brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como
propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os
presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia,
representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da
América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o
instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar
de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em
gol.

Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos


enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais.
Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria
emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho
colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na
mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já
sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que
pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa
com problemas de organização.

A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos


eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em
2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo,
como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a
promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em
Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é
muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes
promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda
corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de
resultado, possam chegar ä final.

Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta


época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal
e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC
(Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o
primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato
falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não
representava mais nada.

No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a


opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando,


xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos
estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou
nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do
torpor típico desses espaços.

Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores


reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de
1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso
pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao
espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e
no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso
branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos
durante quase um mês. Em contrapartida a propagando ideológica segue se
aproveitando do evento. Não deixam escapar que a Coréia do Norte é
esquisita, é um país fechado que nada por lá presta e que são... comunistas
(ainda bem que já não comem criancinhas). Até pensei em ir ao primeiro jogo
do Brasil com uma camisa vermelha, provocativa, mas tenho certeza que eu
não seria compreendido pelos meus alunos e os doutos professores,
lembrando que a partida é em plena terça-feira, precedida por uma reunião
departamental e logo em seguida, no período noturno, aula normal.

PS: Enfim tive que corrigir a minha tabela da Copa, Gana marcou 1x0 na
Sérvia gol de... pênalti – e tome prosa!

Este domingo poderia ter sido diferente

Fim da Copa. Com uma atuação fantástica dos craques brasileiros


conseguimos conquistar o hexacampeonato mundial. A vitória sobre a
Argentina foi incontestável, apesar de los hermanos mostrarem um futebol de
alto nível. Nossos jogadores desfilaram no campo e finalmente o futebol arte
vingou o desastre de 1982 (apesar de termos vencido a Argentina naquele
triangular classificatório para as semifinais, o futebol poesia perdeu para a Itália
na catástrofe do Sariá). Uma final sul-americana, no primeiro campeonato no
continente africano, afirma que um futebol bem jogado merece também
resultados positivos.

Um 3x2 inesquecível com jogadas magistrais e uma atuação impecável


dos goleiros, apesar do placar elástico para os tempos atuais. Os meninos da
Vila Belmiro, leves e soltos, deslumbraram o mundo com jogadas geniais e
souberam ouvir um técnico experiente, ofensivo, estudioso do futebol e que
como um grande companheiro conseguiu retomar os ares idílicos de um
esporte que merece ser lembrado pelas grandes jogadas e não por resultados
frios.

A Argentina não perdeu o jogo. Todos nós sabíamos que o resultado


seria inesperado. Nada mais exuberante que uma final de Copa do Mundo com
dois times ofensivos, com dois técnicos experientes e amantes do futebol.
Estes fatores só afirmam um outro futuro para esporte. Mudanças também vão
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

acontecer na FIFA já que os técnicos das equipes vencedoras, bem como os


jogadores, já iniciaram uma campanha de moralização da entidade que está
envolvida em várias denúncias de corrupção e tráfico de influências. As
federações brasileiras também serão atingidas por esta campanha e tudo
indica que teremos uma reorganização completa destas estruturas falidas e
vinculadas aos interesses dos poderosos de plantão. As primeiras medidas
indicam que a Adidas, Puma e principalmente a Nike, acusadas de usar mão
de obra escrava nos países asiáticos, não mais interferirão nos resultados dos
jogos e na organização dos Mundiais.

Empresas que produzem lixo alimentar, como a Coca-Cola e o


McDonald´s, que viciam e adoecem a população mundial, em especial as
crianças, serão banidas de todas as competições oficiais de futebol. Os
grandes conglomerados de TV também serão punidos com novas normas. As
imagens serão abertas para qualquer transmissora que desejar repassar o
sinal da Copa, em especial as TV´s comunitárias e àqueles que postam vídeos
na internet.

Com essas medidas o futebol tem tudo para voltar a ser um excelente
mecanismo de divulgação cultural e uma das marcas indeléveis da identidade
de um povo.

Não podemos deixar de aproveitar este momento de euforia para


escrever sobre a grande festa que toma conta do país do futebol. Estive na
praia e solidarizei-me às milhares de pessoas que estavam na orla da cidade,
embriagadas com a vitória da seleção canarinho. Acostei-me aos gritos de “É
campeão!” e por um momento esqueci que amanhã é segunda-feira. Na volta
para casa fui abordado por um garoto, no máximo 10 anos de idade, que me
perguntou com uma voz tímida e precedida do pedido de esmola. “Ei, o Brasil
ganhou um jogo, foi?”.

Realmente, este domingo poderia ter sido diferente.


CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM, 2004.

SALDANHA, João. O trauma da bola: a Copa de 82. São Paulo: Cosac &
Naify, 2002.

TOSTÃO. Prosa e Poesia. A Tarde, Salvador, 12 de nov. 2008. , p. 7.


Capítulo 2 - Esporte:
Futebol sem impedimento
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rogéria Maria Fabião de Araújo


Escola Municipal Analice Caldas

Adeilton dos Santos Gonzaga


Escola Municipal Euclides da Cunha

Marco Antônio de Oliveira Vilarim


Escola Municipal Zulmira de Novais

Carlos Alberto Antunes


Escola Municipal João Monteiro da Franca

Lauro Pires Xavier Neto


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Lucas Vieira de Lima Silva


Universidade Regional do Cariri (URCA)
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Você joga futebol? Que tipo de futebol você joga? Em que


condições você pratica futebol? Você adapta as regras do futebol para
a sua realidade? Futebol é um esporte masculino? Existe futebol
feminino profissional na Paraíba?

Neste capítulo iremos questionar as regras oficiais do futebol e verificar


como o futebol é jogado por vocês. Discutiremos a inclusão das mulheres no
futebol e a profissionalização do futebol feminino. Também discutiremos a
questão econômica do futebol, debatendo sobre a mídia, o salário e as
condições de vida dos jogadores, bem como abordaremos a realidade do
futebol paraibano.

O FUTEBOL

O futebol é um dos esportes mais populares do mundo. Praticado em


centenas de países, desperta interesse pela atraente forma de disputa e pela
simplicidade de suas regras e dos equipamentos utilizados para sua prática.
Para jogar futebol, basta uma bola ou qualquer objeto que possa deslizar pelo
chão: castanhola, lata de refrigerante e até mesmo um velho sapato, o qual, no
momento do jogo, será a estrela rodopiante. Na mesma “fórmula” lúdica
seguem as traves, podendo ser substituídas por pedras, caixas, pedaços de
madeiras, etc. Tudo sendo “adequado” com muita imaginação e paixão para
que a “pelada” possa surgir no seu mais belo estilo de desafios físicos, ou seja,
entre gargalhadas e piadas, sob o sol ou chuva, na “boca” da noite, descalços
ou calçados... Todos juntos no mesmo ciclo “bolístico”. Enfim, o assovio ou
apito dará início à partida (o chute, a defesa, mais chutes, mais defesas... os
chutes tornam-se mais fortes e as defesas, mais acrobáticas) um espetáculo!
Todos envolvidos na mesma onda corporal, motivados pelo desejo de tocar a
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

bola, seja com o pé, o calcanhar ou a canela, seja com o peito ou a cabeça. E
ela, “estrela” sinuosa, ora foge, ora se rende (Fulano passa pra Beltrano, que
passa para Cicrano). Assim segue a beleza do futebol, na sua boa política
democrática, sem impedimentos; todos podem jogá-lo! Nas ruas, nas escolas,
nos clubes, nos campinhos de bairro e até mesmo no quintal de casa, desde
cedo crianças de vários cantos do mundo começam a praticar o futebol.

O FUTEBOL FEMININO

A história das mulheres no Brasil e no mundo tem sido marcada por


processos de luta contra o preconceito e pela conquista de espaço na
sociedade. Durante muito tempo, as mulheres foram proibidas, entre outras
coisas, de votar e de praticar esportes, ficando relegadas apenas aos serviços
domésticos. Além disso, muitas sofriam, e ainda sofrem, com os maus tratos
praticados por seus parceiros

Todo esse preconceito histórico também pode ser visto na prática do


futebol feminino, pois inicialmente este esporte foi caracterizado como
masculino, sem espaço para as mulheres. De acordo com Silva (2007),

(...) homens e mulheres, meninos e meninas são educados no


sentido de conceberem o „mundo do futebol‟ como um espaço
masculino, verifica-se que esse esporte vem sendo praticado
pelo sexo feminino de diferentes faixas etárias. No entanto,
essa sua inserção continua sendo alvo de tabus e estigmas
socialmente construídos, como acontece em outros lugares e
ocasiões da vida em sociedade.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

E na sua escola, existe algum preconceito com relação às meninas que


jogam futebol?

Leia o texto abaixo e analise como se deu a inserção do futebol feminino


no Brasil.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Em 1940, Hollanda Loyola escreveu uma crônica na Revista


Educação Physica, mostrando o início do futebol feminino no Brasil. A própria
crônica, cujo título é “Pode a mulher praticar futebol?”, mostra que o começo da
prática do futebol pelas mulheres foi permeado por concepções
preconceituosas. Leia abaixo trechos da crônica:

Mais uma conquista de Eva... o futebol. Há cerca de uns três


meses um grupo de moças dos mais conceituados clubes
esportivos dos subúrbios da nossa Capital iniciou a prática do
futebol feminino entre nós. (...) Tal acontecimento, pelo sabor
da novidade, provocou sensação e a imprensa esportiva
explorou-a hábilmente através de um noticiário minucioso e de
propaganda intensa, aumentando o entusiasmo do público
(...). E as partidas repetiram-se animadas e concorridas,
violentas e movimentadas, com todas as características do
jôgo masculino, sem mesmo lhes faltar êsse complemento que
parece imprescindível no famoso esporte bretão – as
agressões e os socos... As nossas patrícias – belas e gentis –
foram completas na exibição de seu futebol, igualaram a
popularidade dos Faustos e dos Leônidas. A propósito dêsse
sensacional acontecimento esportivo inúmeras teem sido as
consultas a nós endereçadas sôbre êsse tema: Pode a mulher
praticar futebol? (Hollanda Loyola, Revista Educação Physica,
n. 46. setembro de 1940). Goellner (2000)

O FUTEBOL FEMININO NA PARAÍBA

Por: ASTIER BASÍLIO


Agora é que são elas
“Campeonato Paraibano: muita disposição e pouca estrutura
Elas vêm do futebol de salão. E todas têm uma história
parecida. Enfrentaram preconceitos, não têm medido
esforços para a prática do futebol. Mesmo que para isso
entrem em campo sem qualquer treinamento antes.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

A disputa traz à arena oito equipes. Os chamados grandes times da


Paraíba como Treze, Campinense e Botafogo não enviaram representações.
Participam da competição as seguintes equipes: Auto Esporte, Portuguesa,
Treze de Guarabira, River Plate, Flamengo, Santa Rita, CCCLB, Goiás.
É assim, com a cara e a coragem que está sendo realizada a I Copa Paraíba
de Futebol Feminino.”

JORNADA DUPLA

O perfil é comum. São sonhadoras, guerreiras. Tiveram uma infância


difícil e foi junto com os irmãos ou com os vizinhos que deram os primeiros
passos no futebol, em campinhos de várzea, muitas delas sofrendo o
preconceito e tendo que ouvir: “Vem pra casa que isso não é brincadeira de
menina”.
Mas elas não levam na brincadeira. Mantêm uma rotina séria. Cumprem dupla
jornada. Trabalham, estudam e ainda arrumam tempo para sonhar com uma
carreira no futebol. É o caso de Camila Machado, meio-campista da
Portuguesa, 17 anos. Trabalha em um supermercado, cursa a 8ª série e
planeja fazer vestibular para educação física.

“Primeiramente meu objetivo é estudar e seguir minha carreira de


jogadora. Sonho, sim, em me destacar no futebol e em representar a Paraíba”.

Neide tem 22 anos e mora em Queimadas. Ela só estuda. É lateral-


direito do Treze de Guarabira. Tem como ídolos, a jogadora Marta, escolhida a
melhor do mundo pela Fifa e o meia Kaká, do Milan e da Seleção Brasileira. Já
atuou em alguns times de Pernambuco. “Eu pretendo ir em frente. Vai
depender de muitas oportunidades”, pondera.

Quem guarda a defesa do Auto Esporte guarda uma frustração na vida.


No futebol desde os 13 anos, quando jogava de pivô, Leni, hoje com 28 anos,
lamenta ter perdido uma chance de atuar no futebol gaúcho. “Naquele época,
eu era de menor. Queriam me levar, mas meu irmão não deixou. Eu iria ficar só
lá e acabei não indo. Me arrependo muito”, conta.

Leni sofreu resistência em casa, sempre que voltava dos jogos, com
alguns ferimentos próprios do jogo, ouvia a mãe dizer, “onde já se viu uma
moça, machucando as pernas desse jeito”. Determinação, disposição de
vencer não lhe faltam. “Vontade eu tenho, só falta essa palavrinha: chance”.

Jornal da Paraíba, 27 de julho de 2008.


CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Sobre as Marias...

MARIA, MARIA OU MARIA CHUTEIRA?

Quem é essa Maria, que tem sonhos, que tem planos, um ideal a seguir e mesmo
enfrentando desde cedo, tantos pré-conceitos, não desiste nunca?

Quem é essa Maria da dança, do teatro, da música e da literatura?

Quem é essa Maria da lavagem de roupa, empregada ou diarista, bóia fria, balconista,
vendedora ambulante, doméstica, iletrada, professora e feirante?

Quem é essa Maria: mãe, avó, filha, órfã, criança, adolescente, jovem, adulta ou
idosa?

Quem é essa Maria?


Maria chuteira ou Maria, Maria?

Margarida Maria Alves

“Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1943, em Alagoa


Grande, na Paraíba. Foi a filha mais nova de nove irmãos. O contato
permanente com o latifúndio, que começou desde muito cedo, devido à
necessidade de manutenção da família, estimulou seu desejo de lutar pelos
trabalhadores rurais.

O nome Margarida Alves significa luta em defesa dos direitos


trabalhistas. Ela é considerada uma das principais representantes da liderança
feminina no Brasil, que viveu e morreu lutando pelos direitos das trabalhadoras
e trabalhadores da terra.” (Brasil, 2008)
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

Lei Maria da Penha

Maria da Penha Maia Fernandes

A Lei 11.340 de 2006, que “cria mecanismos para coibir e prevenir a


violência doméstica e familiar contra a mulher (...) e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e
familiar” (Brasil, 2006), também é conhecida por Lei Maria da Penha, uma
alusão a Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu várias agressões por
parte do seu marido e lutou para que o mesmo fosse condenado pela justiça. A
Lei Maria da Penha, considerada um avanço na luta pelos direitos das
mulheres, também trata da questão do esporte. Veja o que diz o artigo terceiro:

Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício


efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à
justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária. (Brasil, 2006)
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Será que esses direitos são respeitados em sua escola?


Que tal cantarmos agora a música Maria, Maria, do grande
compositor Milton Nascimento? Vamos lá!

Maria, Maria
(Milton Nascimento)

Maria, Maria Mas é preciso ter força


É um dom, uma certa magia É preciso ter raça
Uma força que nos alerta É preciso ter gana sempre
Uma mulher que merece Quem traz no corpo a marca
Viver e amar Maria, Maria
Como outra qualquer Mistura a dor e a alegria...
Do planeta Mas é preciso ter manha
Maria, Maria É preciso ter graça
É o som, é a cor, é o suor É preciso ter sonho sempre
É a dose mais forte e lenta Quem traz na pele essa marca
De uma gente que ri Possui a estranha mania
Quando deve chorar De ter fé na vida....
E não vive, apenas aguenta Mas é preciso ter força
Mas é preciso ter força É preciso ter raça
É preciso ter raça É preciso ter gana sempre
É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca
Quem traz no corpo a marca Maria, Maria
Maria, Maria Mistura a dor e a alegria...
Mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha
Mas é preciso ter manha É preciso ter graça
É preciso ter graça É preciso ter sonho, sempre
É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca
Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania
Possui a estranha mania De ter fé na vida
De ter fé na vida

ATIVIDADE EM GRUPO

Faça uma pesquisa sobre as Marias, da vida, da história e das


comunidades, que contribuíram de alguma maneira para o progresso da
educação, da saúde, da política e das leis do nosso país;

Faça uma pesquisa em sua comunidade, escola, família ou vizinhança


sobre as meninas, que gostariam de praticar, que praticam ou que já
praticaram futebol e sofrem ou sofreram algum tipo de preconceito,
discriminação ou exclusão. Inclua em sua pesquisa até mesmo aquelas
meninas que são bem aceitas pelo grupo;

Realize um seminário, debate ou outras atividades, tal como relato de


experiências, sobre a história dessas meninas.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

Na sua escola existem equipes femininas de algum outro esporte que


não seja o futebol ou o futsal? Que tal realizarmos um evento esportivo na
escola no qual as alunas de outros esportes praticarão o futebol ou o futsal? Os
meninos participarão da organização desse evento, fazendo a inscrição e
formando as equipes, a arbitragem e a torcida organizada. Ao término do
evento, junte toda a turma e debatam sobre a inserção da mulher no esporte.

Fonte: Revista Cascão, n.324, p.26.

ATIVIDADE

Leia a historinha do Cascão e responda: na sua escola existem equipes


femininas de algum outro esporte que não seja o futebol ou o futsal? Que tal
realizarmos na escola um evento esportivo no qual as alunas que praticam
outros esportes jogarão futebol ou futsal? Os meninos participarão da
organização do evento, fazendo a inscrição e formando as equipes, a
arbitragem e a torcida organizada. Ao término do evento, juntem toda a turma e
debatam sobre a inserção da mulher no esporte.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Agora iremos discutir em que condições o futebol tem sido praticado no


Brasil e no mundo.

ATIVIDADE DE PESQUISA

Quais são seus ídolos no futebol? Você conhece, pessoalmente, algum


jogador ou ex-jogador profissional? Você saberia dizer qual a situação
financeira deste jogador? Você sabe quanto ganha, em média, um jogador de
futebol profissional? Veja a lista dos jogadores brasileiros mais bem pagos em
2009:

“Sai lista dos `marajás´ do futebol”


Fonte: Jornal Correio da Paraíba – 17 de setembro de 2009
Tabela – Os brasileiros mais bem pagos

Posição Nome Equipe Salário (milhões em euros)


1 Kaká Real Madrid/ESP 9,0
2 Robinho Manchester City / ING 7,65
3 Diego Juventus / ITA 7,0
4 Ronaldinho Gaúcho Milan / ITA 6,5
5 Deco Chelsea / ING 6,0
6 Rivaldo Bunyodkor / UZB 5,0
7 Roberto Carlos Fenerbahçe / TUR 4,5
8 Cris Lyon / FRA 4,2
9 Dida Milan / ITA 4,0
10 Doni Roma / ITA 4,0

C. Tadeu. Quadrinhos afins. Jornal Correio da Paraíba, 15 de outubro de 2009.

ATIVIDADE

Analise a lista dos brasileiros mais bem pagos e o quadrinho do


humorista paraibano C. Tadeu, estabelecendo uma relação entre o sucesso e o
fracasso de alguns jogadores profissionais.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

Regras oficiais x regras adaptadas (ou construídas)

Organize as equipes para jogar uma partida de futebol conforme as


regras oficiais. Posteriormente, confronte o jogo „oficial‟ com a prática do
futebol sem as regras sistemáticas. Veja abaixo o quadrinho de Ziraldo e o
texto de Luís Fernando Veríssimo para criar inspiração!

ZIRALDO. As melhores tiradas do Menino Maluquinho.


São Paulo: Melhoramentos, 2005.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

LEITURA

FUTEBOL DE RUA
Luís Fernando Veríssimo (com adaptações)

Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um tipo de


futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do
futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã
em jogo noturno. Se você é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que
eu estou falando. Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora.

Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel
as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim:

DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até


uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role,
como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do seu irmão menor, que
sairá correndo para se queixar em casa. No caso de se usar uma pedra, lata ou
outro objeto contundente, recomenda-se jogar de sapatos. De preferência os
novos, do colégio. Quem jogar descalço deve cuidar para chutar sempre com
aquela unha do dedão que estava precisando ser aparada mesmo. Também é
permitido o uso de frutas ou legumes em vez da bola, recomendando-se nestes
casos a laranja, a maça, o chuchu e a pera. Desaconselha-se o uso de
tomates, melancias e, claro, ovos. O abacaxi pode ser utilizado, mas aí
ninguém quer ficar no gol.

DAS GOLEIRAS – As goleiras podem ser feitas com, literalmente, o que


estiver à mão. Tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, os livros da
escola, a merendeira do seu irmão menor, e até o seu irmão menor, apesar dos
seus protestos. Quando o jogo é importante, recomenda-se o uso de latas de
lixo. Cheias, para aguentarem o impacto. A distância regulamentar entre uma
goleira e outra dependerá de discussão prévia entre os jogadores. Às vezes
esta discussão demora tanto que quando a distância fica acertada está na hora
de ir jantar. Lata de lixo virada é meio gol.

DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua,


calçada, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o quarteirão inteiro.
O mais comum é jogar-se só no meio da rua.

DA DURAÇÃO DO JOGO – Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier


primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a
polícia.

DA FORMAÇÃO DOS TIMES – O número de jogadores em cada equipe


varia, de um a 70 para cada lado. Algumas convenções devem ser respeitadas.
Ruim vai para o gol. Perneta joga na ponta, a esquerda ou a direita
dependendo da perna que faltar. De óculos é meia-armador, para evitar os
choques. Gordo é beque.

DO JUIZ – Não tem juiz.


CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

DAS INTERRUPÇÕES – No futebol de rua, a partida só pode ser


paralisada numa destas eventualidades:

a) Se a bola for para baixo de um carro estacionado e ninguém


conseguir tirá-la. Mande o seu irmão menor.

b) Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores


devem esperar não mais de 10 minutos pela devolução voluntária da
bola. Se isto não ocorrer, os jogadores devem designar voluntários para
bater na porta da casa ou apartamento e solicitar a devolução (...). Se a
janela atravessada pela bola estiver com o vidro fechado na ocasião, os
dois times devem reunir-se rapidamente para deliberar o que fazer. A
alguns quarteirões de distância.

c) Quando passarem pela calçada:


1) Pessoas idosas ou com defeitos físicos.
2) Senhoras grávidas ou com crianças de colo.

d) Quando passarem veículos pesados pela rua.

DAS SUBSTITUIÇÕES – Só são permitidas substituições:

a) No caso de um jogador ser carregado para casa pela orelha


para fazer a lição.

b) Em caso de atropelamento.

DO INTERVALO PARA DESCANSO – Você deve estar brincando.

DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o Futebol


de Verdade (que é como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com
algumas importantes variações. O goleiro só é intocável dentro da sua casa,
para onde fugiu gritando por socorro. É permitido entrar na área adversária
tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina é córner.

DAS PENALIDADES – A única falta prevista nas regras do futebol de


rua é atirar um adversário dentro do bueiro. É considerada atitude antiesportiva
e punida com tiro indireto.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

UMA MÚSICA SOBRE O FUTEBOL PARA ANÁLISE DA TORCIDA!

Um a Um
(Jackson do Pandeiro)
Composição: Edgar Ferreira

Esse jogo não é um a um


(Se meu time perder tem zum-zum-zum)
Esse jogo não pode ser um a um
O meu clube tem time de primeira
Sua linha atacante é artilheira
A linha média é tal qual uma barreira
O center-forward corre bem na dianteira
A defesa é segura e tem rojão
E o goleiro é igual um paredão
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco e preto
É encarnado e branco
É encarnado e preto e branco
É encarnado e preto
O meu time jogando, eu aposto
Quer jogar empate, é pra você
Eu dou uma zurra a quem aparecer
Um empate pra mim já é derrota
Eu confio nos craques da pelota
E meu clube só joga pra vencer

Questões para o debate:

A paixão pelo futebol só vale se for pra vencer? Outras “ondas” de


emoções podem ser vivenciadas? Como incluir futebol e cidadania?

DEBATE

Com base nas discussões deste capítulo, responda rápido: quais são
os três maiores problemas do Brasil?
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CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

Agora leia abaixo a tirinha do Menino Maluquinho e explique a resposta


do personagem criado por Ziraldo. Estabeleça uma relação com suas
respostas e tente entender os verdadeiros problemas existentes em nosso
país.

ZIRALDO. As melhores tiradas do Menino Maluquinho.


São Paulo: Melhoramentos, 2005.

E O FUTEBOL PARAIBANO?
PESQUISA

Faça uma pesquisa na sua escola, procurando saber para qual time os
alunos torcem. Tente deixar os pesquisados bem à vontade e não induza uma
resposta. Depois, veja qual a porcentagem de alunos que torcem pelos times
de outros estados e quantos torcem pelos times paraibanos. Por último, faça
uma análise desses dados.

Futebol e Identidade

E você, para qual time você torce? Que motivo o(a) levou a torcer por
esse time? Analise a seguinte frase do ex-craque francês e presidente da
UEFA, em 2010, Michel Platini:

Se não há ninguém de Liverpool no Liverpool onde está o


verdadeiro Liverpool? (...) Você quer um Liverpool de um sheik
árabe, com o técnico brasileiro e onze africanos titulares? (...)
No futebol, você tem de ter identidade e daí vem a
popularidade do esporte. (Revista FUT! Novembro, 2008)

Um pouco da história do futebol paraibano

Tudo começou com um grupo de rapazes paraibanos que estudavam


em outros estados (Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Um deles,
ao vir de férias para a Paraíba, trouxe uma bola de couro. Formou-se, então, o
Club de Foot Ball Parahyba (campeão em 1908), que se dividiu em duas
equipes: uma formada por estudantes vindos de outras capitais nordestinas e
outra, por jovens que estudavam no sudeste. O primeiro jogo ocorreu no dia 15
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

de janeiro de 1908, no sítio do Coronel Deodato, próximo à atual Praça da


Independência. A grande dificuldade da época era a falta de bolas, pois estas
vinham do Rio de Janeiro. Em 1909, foi fundado o Parahyba United (campeão
1909), em seguida o Red Cross e, depois, o América; entretanto a Federação
Paraibana de Futebol (FPF) só reconhece o início do Campeonato Paraibano a
partir de 1917, vencido pelo Colégio Pio X!!!! (FUT!, 2008)

Veja a relação dos campeões paraibanos de todos os tempos no final


deste capítulo.

O processo de globalização e mercantilização do futebol atingem


também a nossa realidade e mostra como o sistema capitalista privilegia
apenas uma minoria. A todo tempo vemos na TV que os jogadores de futebol
ganham milhões com contratos e propagandas de marcas esportivas. Mas
essa realidade é para poucos, pois a maioria ganha até dois salários mínimos e
raramente consegue patrocinadores.

O futebol paraibano é um reflexo da realidade econômica. A Paraíba é


um estado com poucos recursos, onde o povo enfrenta dificuldades extremas,
chegando a repercutir no cenário futebolístico. Os times paraibanos também
têm poucos recursos e, em geral, estes são mal geridos. O futebol da Paraíba
está fora da chamada “elite” do futebol profissional (apenas o Campinense
Clube esteve na série B do Campeonato Brasileiro em 2009), e seus jogadores
profissionais recebem salários abaixo da média nacional.

Inúmeras são as matérias de jornais que confirmam essa realidade. Vamos ler
algumas?

Clubes de Campina Grande têm problemas para o Paraibano


Campinense ainda não quitou os compromissos do ano passado
Onias Xavier (1999)

É de muita expectativa a situação dos times de futebol de Campina


Grande em relação ao Campeonato Paraibano da próxima temporada. O
pessimismo é a marca inconfundível em relação ao Campinense Clube. Pelo
menos, foi o que deixou transparecer o presidente do Conselho Deliberativo ao
informar que ainda não pagou os compromissos atrasados do plantel rubro-
negro.

Sinal de alerta
Pessoa Júnior (1999)

(...) [Time] Grande na Paraíba, não existe. Basta analisar o nível técnico
do Campeonato Paraibano do ano passado. Horrível. Clube nenhum trouxe
para a competição um craque de destaque nacional. E vou mais além:
Botafogo, Treze e Campinense, os mais tradicionais, quando cruzaram a
fronteira paraibana no ano passado, foi um Deus nos acuda. Tudo isso porque
não houve investimento.
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO
EDUCAÇÃO FÍSICA

Fraca campanha faz o Treze dispensar quinze jogadores


Giovannia Brito (2008)

Sem chances de brigar por uma das vagas na Série C, a diretoria do


Treze começa a enxugar a folha com a dispensa de jogadores que não
interessam mais ao clube, e a previsão é que ainda essa semana, 15 atletas
deixem o Presidente Vargas. (...) A intenção da diretoria é diminuir as despesas
com a folha de pagamento que hoje ultrapassa os R$ 200 mil, entre atletas e
funcionários.

Negativo
Pessoa Júnior (2008)

Não é nada fácil a situação do Auto Esporte. Como não conseguiu voltar
à elite do futebol profissional, agora enfrenta uma série de problemas,
principalmente no campo financeiro. Quem trabalhou quer receber, mas a
diretoria ainda não conseguiu meios de saldar os compromissos pendentes. Se
não aparecer apoio para solucionar esses problemas, o Auto Esporte vai
acabar na Justiça do Trabalho. É isso o que mais preocupa os conselheiros do
Clube do Povo.

ATIVIDADE

Visite os locais de treino das equipes de futebol profissional de sua


cidade. Converse com os jogadores sobre as condições de trabalho, verifique
as expectativas desses jogadores e descubra por que eles escolheram a
profissão de jogador de futebol.

Campeões Paraibanos de todas as épocas (de acordo com


levantamento feito por historiadores)

Amadorismo:
Parahyba Foot Ball Club (1908)
Parahyba United (1909)
América (1913)
Brasil (1914)
Esporte Clube Cabo Branco (1915)
Obs: Nos anos de 1910, 1911, 1912 e 1916 não houve disputa.

Profissional:
Botafogo Futebol Clube (1936, 1937, 1938, 1944, 1945, 1947, 1948, 1949, 1953,
1954, 1955, 1957, 1968, 1969, 1970, 1975, 1976, 1977, 1978, 1984, 1986, 1988, 1998,
1999, 2003)
Campinense Clube (1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1967, 1971, 1972, 1973,
1974, 1979, 1980, 1991, 1993, 2004, 2008)
Treze Futebol Clube (1940, 1941, 1950, 1966, 1975, 1981, 1982, 1983, 1989, 2000,
2001, 2005, 2006)
Esporte Clube Cabo Branco (1918, 1920, 1924, 1926, 1927, 1929, 1931, 1932,
1934)
Auto Esporte Clube (1939, 1956, 1958, 1987, 1990, 1992)
CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL
EDUCAÇÃO FÍSICA

Palmeiras (1919, 1921, 1928, 1933, 1935)


América (1923, 1925)
Clube Astréa (1942, 1943)
Sousa Esporte Clube (1994, 2009)
Santa Cruz (1995, 1996)
Colégio Pio X (1917)
Felipéia (1946)
Red Cross (1952)
Estrela do Mar (1959)
Confiança Esporte Clube (1997)
Atlético Cajazeirense (1992)
Nacional Atlético Clube (2007)
Obs: Não houve disputa nos anos de 1922, 1930, 1951 e 1985.
No ano de 1975 houve dois campeões: Botafogo e Treze.

Fonte: Correio da Paraíba, 18 de janeiro de 2009, p. D3.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Lei 11.340. Brasília, 2006.

BRASIL. Cadernos pedagógicos do ProJovem Campo – Saberes da Terra.


Brasília: MEC/SECAD, 2008.

GOLLNER, Silvana Vilodre. Pode a mulher praticar futebol? IN: Futebol:


Paixão e Política. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

REVISTA FUT!. Rio de Janeiro: Lance, Novembro, 2008.

SILVA, Lucas Vieira de Lima. Torcedores e torcidas: um estudo sociológico


do futebol. João Pessoa: Sal da Terra, 2007.
Capítulo 3:
Uma viagem pelo mundo chamado dança

EDUCAÇÃO FÍSICA
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Carmem Raquel Cahino de Sá


Escola Municipal David Trindade e Escola Analice Caldas
Brígida Batista Bezerra
Escola Municipal Severino Patrício
Gizely Araujo da Silva Bezerra
Escola Municipal Frutuoso Barbosa
Joseneide Correia Behar
Secretaria de Educação e Cultura do Município de João Pessoa
Laurecy Dias dos Santos
Formação Continuada dos Professores da Secretaria de
Educação e Cultura do Município de João Pessoa
Luciene Maria Martins de Carvalho Santiago
Escola Municipal Fenelon Câmara
Conceição Maria de Oliveira de Souza
Escola Municipal Apolônio Sales de Miranda
Márcia Kesller da Silva
Escola Municipal Antenor Navarro
Maria de Fátima Oliveira Cunha
Escola Municipal Dom Helder Câmara
Maria Iêda de França Bizerra
Escola Municipal Pedra do Reino
Noêmia Rodrigues do Oriente
Escola Municipal Ana Cirstina Rolim Machado
Rosalândia Nascimento Pessoa
Escola Municipal Santa Emília de Rodat
Sílvia Azevdo Sousa
Escola Municipal Euclides da Cunha
Valeria Simonethe de Melo Albuquerque
Escola Municipal Doutor José Novais
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Você vai realizar uma longa viagem pelo


tempo através da dança, desde o surgimento dos
primeiros movimentos dançantes até a atualidade.
Isso fará com que você perceba a importância
deste estudo para compreender a dança, sua
origem e evolução (colocar figuras relacionadas
passado e presente).

Você sabia que a história da dança se


confunde com a própria evolução da humanidade?
Como podemos comprovar isso? Bem antes do
aparecimento da linguagem articulada, o homem
primitivo utilizava seu corpo para expressar
sentimentos, comunicar acontecimentos, agradecer
e exaltar seus deuses, os quais o faziam
compreender os acontecimentos do cotidiano.

Sendo a dança tão antiga quanto a própria humanidade, o homem


encontrou nela um meio de resguardar sua história, sua cultura e suas
características peculiares, transmitidas de geração à geração. A dança é,
portanto, parte de sua natureza e há grande necessidade que ele a compartilhe
no decorrer de sua vida. Dançando, o homem deu o grande passo que o
livraria gradativamente do pensamento mágico e o levaria ao pensamento
lógico (MENDES, 1985).

Mas será que na escola utilizamos a dança como meio de adquirirmos


conhecimentos? Onde dançamos? Para que dançamos? Como dançamos?
Por que dançamos? Esses são questionamentos que discutiremos no decorrer
da leitura deste livro. Assim, poderemos compreender o valor histórico, cultural
e educativo de desenvolver esta prática corporal na escola, bem como em
outros espaços sociais.

Desejamos que este estudo contribua para que você se torne uma
pessoa mais crítica e reflexiva e que possibilite uma melhor compreensão não
só da dança como também do mundo, estimulando sua livre expressão, sua
criatividade e sua ludicidade através do movimento, do ritmo e da música.

A dança faz parte da história da humanidade e, portanto, está contida no


seu passado e no seu presente. Por isso, é importante que façamos uma
relação entre a dança e esses dois momentos de sua história.

Selecionamos textos contendo conteúdos e questões importantes que


provocarão questionamentos e despertarão um olhar crítico diante das
situações abordadas.

Então, estão prontos para nossa viagem pela história da dança?


CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

O ONTEM E O HOJE: ORIGEM DE TUDO E ESTILOS DE


DANÇA
A dança é uma das expressões mais antigas da existência humana.
Foi a primeira arte criada pelo homem. É um jogo de movimentos e gestos
de representação simbólica de sensações, emoções, sentimentos e
ideias que remetem à experiência vivida pelo homem. Ela está
carregada de um teor emocional que não pode ser desprezado.
Através da representação dançada, o ser humano aprende, domina e
resolve seus conflitos. O aumento do vocabulário expressivo não verbal
trará condições ao individuo de dar formas externas ao que ele traz
internamente, transformando suas ações, emoções e pensamentos
em símbolos, numa ordenação de formas e ritmos.

Contam os historiadores que a dança é uma das


formas mais primitivas de se comunicar; antes de falar o
homem já dançava. Os povos primitivos utilizavam-se de
movimentos combinados, e a maneira como esses
movimentos eram vivenciados permitia a eles se relacionar
com o meio em que viviam. Isso está gravado em cavernas dos
sítios históricos pelo mundo, e os registros apresentados,
escritos e pintados, apontam para essa comprovação.

Dançava-se a princípio para atrair uma caça, conquistar alguém,


expressar suas emoções. O desconhecido, a magia e a religião também eram
dançados. Alguns chegam até a afirmar que não só o homem dança, mas toda
a natureza dos seres vivos dança. No embalar das folhas, no voar de um
pássaro, ações rítmicas parecem tomar forma de um bailado da natureza. Os
povos primitivos dançavam expressando as mais profundas emoções.

CURIOSIDADE

É difícil determinar hoje em dia quando, como e por que o homem


dançou pela primeira vez. Há quem distinga nas figuras gravadas nas cavernas
de Lascaux, pelo homem pré-histórico, figuras dançando. E com o homem da
Idade da Pedra só gravava nas paredes de suas cavernas aquilo que era
importante, como caça, alimentação, a vida e a morte, é possível que essas
figuras dançantes fizessem parte de rituais de cunho religioso, básico para a
sociedade de então. (FARO, 1986, p.13)

Com o passar dos tempos a dança acompanhou a evolução


organizacional e social dos homens, e através dos tempos sofreu influências do
desenvolvimento socioeconômico e sociocultural dos povos. O encontro da
dança com a música mostrou--se sendo realizada nas manifestações religiosas
de louvação entre os deuses e a natureza, assim sendo serviu para explicar
fenômenos da natureza ou para agradecer pela colheita. Nesse sentido
ritualístico, a dança já tinha o propósito de trazer a paz, a saúde e a felicidade.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

VOCÊ SABIA?

Nas civilizações antigas a dança tinha


grande importância na formação do ser
humano. Para os gregos, ela foi primordial na
formação dos cidadãos, pois os mesmos
cultuavam a arte de guerrear e acreditavam que
a rítmica marcação dos pés batendo no chão
intimidaria os adversários na hora da batalha;
afirmavam que os melhores dançarinos se
tornavam os melhores guerreiros. Esses povos
incluíram a dança na educação, e Platão foi um
dos organizadores da implantação dessa
experiência com os jovens. Na Índia e na China,
quando o objetivo era a adoração de
divindades, as máscaras e os trajes coloridos
eram usados pelos dançarinos como poder de
representação e abstração.

ATIVIDADE - VAMOS AO DEBATE!


Formem grupos e discutam com seus colegas de classe quais são as
danças de hoje que se aproximam dessas referências gregas de corpo.

ATIVIDADE DE PESQUISA
Procure nos sites tipos de dança, como danças campesianas, danças
circulares, dança da corte, dança de salão e outras. A proposta é fazermos
uma apresentação das pesquisas realizadas na forma de cartazes, fotos,
recortes e atividades práticas.
Mãos à obra!
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

DANÇAS POPULARES: COMPREENDENDO NOSSAS


RAÍZES

Para entendermos o que é dança popular, teremos primeiro que


entender o que é popular. Você sabe o que é popular? Como você descreveria
a dança popular?

Popular é tudo que vem do nosso povo,


segundo Luís da Câmara Cascudo (2002), é tudo
que é passado pelo povo através da
comunicação oral e coletiva. Assim
também ocorre com a dança. Conta-se
que as pessoas que viviam no campo,
trabalhando com as plantações e
colheitas, reuniam-se em algumas épocas
do ano para realizar comemorações
específicas das estações climáticas.
Como consequência, foram surgindo
certas formas de danças próprias da
cultura daquele povo. Com o tempo, essas
danças foram levadas para outros lugares,
sofrendo uma adaptação à cultura de onde estavam
sendo vivenciadas de acordo com as pessoas que as
recebiam e, assim, foram se popularizando.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Aqui no Brasil você sabe dizer exemplos dessas danças?

Vamos ajudar: a quadrilha, o


pastoril, o galante, entre outras danças e
folguedos. As danças e folguedos,
principalmente do ciclo junino e natalino,
trazidos pelos europeus para o Brasil
são as que mais sofreram alterações, se
popularizando e ao mesmo tempo
fazendo parte da cultura folclórica do
país.

Além da dança, vieram também


os folguedos populares. Você sabe falar
sobre os folguedos populares? Vamos então verificar o que vem a ser
Folguedo. De acordo com Cascudo (2002), folguedo compreende-se como
uma

[...] manifestação folclórica que reúne as seguintes características: 1)


letra (quadra, sextilhas, oitavas ou outro tipo de versos); 2) música
(melodia e instrumentos musicais que sustentam um ritmo); 3)
Coreografia movimentação dos participantes [...]o pesquisador José
Tenório Rocha assim classificou os folguedos: Folguedos Natalinos:
Reisado, Guerreiro, Bumba-meu-boi, Chegança, Fandango, Marujada,
Presépio, Pastoril, Pastoril Profano.[...] Folguedos Carnavalescos:
Cambindas, Negras da Costa, Samba de Matuto, Caboclinhos [...]
Folguedos de Festas Religiosas: Mane do Rosário, Bando. (p. 241)

O Brasil é um país muito extenso e tem uma diversidade cultural muito


rica, de diversas origens étnicas. Para dar exemplos disso, escolhemos
algumas danças e folguedos de nossa região nordeste.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

A região nordeste é composta de nove estados: Rio Grande do Norte,


Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Ceará, Sergipe, Maranhão e Piauí. É
uma região muito rica em danças e folguedos populares, como, por exemplo,
as danças de Araruna, Ciranda, Coco de Roda, Camaleão, Xaxado, Frevo,
entre outras, e os folguedos de Bumba Meu Boi, Cavalo Marinho, Chegança,
Guerreiros, Maracatu, Pastoril, Reisado, entre outros.

De acordo com o local, a dança é a mesma que conhecemos, porém


com nomes diferentes.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Reúnam-se em pequenos grupos e, de acordo com o texto acima,


pesquise três dessas danças ou folguedos. Descubra as formas
como são apresentados e qual época do ano são
vivenciados pelos povos.

2- Junto com seu professor ou professora


escolha e vivencie algumas dessas
formas de danças apresentadas
acima.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

O BALÉ

Na Itália do século XVI, surge uma dança com uma métrica bem
marcada para sua execução, o balltet, cuja palavra vem do latim ballator. em
1585, definida por Bastiano Di Rossi. Essa dança foi difundida e praticada com
mais intensidade na França, a contar da data do ano de 1555.

No século XVII, a França era o centro da expansão do balé. O apoio


vindo do rei Luís XIV fez com que houvesse grandes mudanças nessa dança.
Ele próprio participou como primeiro bailarino de 26 ballet. Nessa época dois
nomes foram fundamentais para o surgimento do ballet clássico: Lully e
Beachamps. Este último fixou as cinco posições de pés do ballet.

Em 1832, surge o primeiro quadro romântico no balé francês. Nessa


época, a sensibilidade é maior do que a razão, que segundo Bourcier (2001)
surge bem mais tarde do que nas outras artes. A aparição do balé romântico
nos traz mais leveza nos movimentos, e “uma grande novidade caracteriza a
técnica romântica: as pontas” (BOUCIER, 2001, p.201). Foi a partir daí que as
bailarinas começaram a equilibrar-se nas pontas dos pés, nos dando
impressão de flutuarem durante os movimentos.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

CURIOSIDADES

A princípio o ballet era dançado apenas por homens. Somente a partir


de 1681 as mulheres da corte de Luís XIV começaram a tomar parte nessa
dança. Até então, os papéis femininos eram realizados por homens que
usavam máscaras e se travestiam de mulheres.

L'Aprés-Midi d'un Faune por Vaslav Nijinski (1890-1950)

ATIVIDADE DE PESQUISA
Converse com seu professor de história ou de artes sobre o período do
romantismo na arte e traga o relato para aula de Educação Física.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

DANÇA MODERNA

Mas as inovações não param. No final do


século XIX e início do século XX surge a Dança
Moderna, tendo como precursora Isadora
Duncan (1877-1927), uma bailarina que rompeu
com as rígidas técnicas do ballet clássico
utilizando os movimentos naturais. Dançava
com roupas simples e pés descalços, indo de
encontro à rigidez da dança do seu tempo.
Isadora conseguiu transmitir com o seu modo de
dançar a beleza dos movimentos livres do corpo
onde tudo poderia ser dançado.

Acreditando na ideia de Isadora, outros


estudiosos deram sua contribuição para a dança
moderna. François Delsarte (1811-1871) criou
uma linguagem corporal composta por
Isadora Duncan (1877-1927) contração e relaxamento, sendo o tronco o
centro vital que origina os movimentos e sentimentos. Rudolf Laban (1879-
1958) compreendia a dança como uma passagem de uma posição para outra
através de impulsos iniciados na parte central do corpo, sendo que tais
impulsos tinham como características força, tempo, espaço e fluência. A
bailarina e coreógrafa Martha Graham (1894-1991) criou uma técnica baseada
nas leis naturais do movimento, tornando-se tão importante para o dançarino
moderno quanto a técnica clássica é para o dançarino tradicional, pois é a mais
aplicada em todo mundo.

Martha Graham (1894-1991)


CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

1- É hora de praticar!
Com base nas características da dança moderna, vamos realizar uma aula com
o que aprendemos.

2- Que tal conversarmos sobre as características do ballet clássico e da


dança moderna?
Vamos realizar um júri simulado (você decide) entre o ballet clássico e a dança
moderna? Apresente a sua defesa e mãos à obra!

As mudanças continuaram e deram origem à dança contemporânea,


sendo mais uma forma de quebrar as formas organizadas que a dança
ainda carregava consigo.

DANÇA CONTEMPORÂNEA

Essa forma de dança parte dos protestos e movimentos de rompimento


com a forma clássica que circundava a dança. Tudo isso ocorreu durante a
década de 60 do século XX, mas só a partir da década de 80 essa forma de
dança se definiu tendo sua própria linguagem. Tomazzoni (2006),
apresentando as ideias de Jean George Noverre (1760) sobre o balé e suas
rígidas regras, afirma que:
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Será preciso transgredi-las e delas se afastar constantemente, opondo-


se sempre que deixarem de seguir exatamente os movimentos da
alma, que não se limitam necessariamente a um número determinado
de gestos. (p. 01)

Afirma ainda que a dança como apenas uma repetição mecânica de


passos bem executados não traduz a complexidade das conquistas e
descobertas sobre nós seres humanos.

Atualmente no Brasil temos bons grupos de dança contemporânea, que


trabalham construindo suas coreografias a partir de temas próximos a nossa
realidade social, ética e artística. Para nós, a condição socioeconômica e
cultural de uma sociedade será refletida nas formas e possibilidades de dança
que ela venha praticar.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Que tal utilizar a internet para conhecer esses grupos?


Acesse www.youtube.com.br e procure sites de grupos de dança
contemporânea.

2- Vivência
a) Agora chegou a vez de você organizar uma lista de palavras que na
sua ideia faz parte da realidade brasileira;
b) Partindo dessa ideia construa com seus colegas a forma como esse
tema pode ser representado com o corpo;
c) E agora demonstre a construção de seu grupo.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

DANÇA DE RUA/DANÇAS URBANAS

Em todos os tempos, a dança sempre possibilitou ao ser humano


retratar seus anseios em busca da felicidade, do autoconhecimento, do
aperfeiçoamento de cada gesto expressado, e de suas críticas à sociedade.

Dança de Rua ou „Street Dance’, em seu original em inglês, é um termo


geralmente usado para classificar estilos de dança que nasceram nas ruas dos
bairros periféricos dos EUA nos fins dos anos 60, principalmente os estilos
Locking e Popping (estilos de Dança de Rua de Los Angeles e Fresno no
Estado da Califórnia, chamados pelos seus praticantes como ‘Funky Styles’) e
Breaking (ou „B-boying/B-girling’ criado por latinos e negros no Bronx e
Brooklyn na cidade de New York na primeira metade dos anos 70). Também
teve a participação de imigrantes asiáticos e descendentes de outras etnias e
países. Nos anos 80 estes estilos foram reunidos e divulgados naquilo que foi
batizado pela mídia como „Breakdance’, tornando-se uma febre durante a
primeira metade dos anos 80 espalhando-se pelo mundo e ressurgindo dentro
da cultura que ficou conhecida como Hip-Hop (que abrangia também
discotecagem ou Djing/Turntablism, canto falado e rimado ou Rap/Mcing e a
arte dos sprays ou Graffiti/Writing) ainda no início desta década.

Também se usa o termo “Danças Urbanas” para caracterizar um grande


número de estilos que antes tinham apenas as ruas e as festas de bloco como
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

cenários e espaços de expressão e hoje abrange clubes, centros de dança,


academias, eventos, teatros, etc.

Pode-se, portanto definir dança de rua como um conjunto de estilos de


dança que exploram ao extremo a criatividade, o ilusionismo, as acrobacias e
movimentos impressionantes, giros extraordinários, a reiteração e fusão de
diversas linguagens e de várias proveniências e influências como a ginástica
artística, circo, artes marciais, mímica, efeitos cinematográficos, danças
urbanas norte-americanas, danças latinas e africanas, danças étnicas,
desenhos animados, etc.

A dança de rua é um fenômeno mundial e aqui no Brasil já faz parte de


uma das mais importantes expressões da juventude nos bairros periféricos de
todo o país. Inclusive sendo uma importante ferramenta de inclusão e
transformação social ou como elemento preponderante na formação de
identidades juvenis.

CURIOSIDADES

Se observarmos na dança de rua, tanto em suas músicas como em suas


danças estão presentes momentos de desafios que se assemelham com o
repente* e embolada** no Nordeste e com o desafio de viola no Sudeste e
Centro-Oeste do país.

Na dança, podemos fazer uma relação com a “Catira” ou “Cateretê” (no


Sudeste e Centro-Oeste). Esta dança é organizada em duas fileiras que se
desafiam, através de passos cada vez mais difíceis de executar.

Encontramos também nas danças utilizadas no Hip Hop, principalmente


na modalidade Breaking, representações que têm semelhanças e relação com
a Capoeira, isso se deve por ter sido também a Capoeira uma de suas
influencias.

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Vamos agora pesquisar na nossa comunidade a realidade sobre as


vivências, apresentadas no quadro anterior e, assim, conhecermos de
que forma o ontem e o hoje se relacionam culturalmente.

2- Vamos nos organizar em grupos e juntos criarmos e vivenciarmos as


possibilidades pesquisadas e, por fim, apresentá-las.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

QUEM PODE DANÇAR? MENINOS OU MENINAS:


QUESTÕES DE GÊNERO

Inicialmente, comunicamos a todos que


a dança é uma expressão inerente ao ser
humano e que todos dançam. Homens e
mulheres, num continuo vai e vem de ritmos e
formas, dançam sob varias formas, de acordo
com o sentido e significado que se vá buscar.

Antes de darmos início a nosso estudo,


vamos expor nossas idéias sobre o assunto.
Responda às seguintes perguntas: Afinal,
dança é para meninos ou meninas? Que
dança conhecemos hoje? O que se dança no
dia a dia do povo nordestino?

Apesar da constante luta pela igualdade


de papéis na sociedade, percebemos que
existe uma divisão de papéis para
determinados tipos de atividades físicas. No
caso da dança, essa divisão é ainda mais reforçada em nossa sociedade por
causa da pouca informação ou da falta de conhecimento de que a prática da
dança nos dá a oportunidade de desenvolver valores independentemente da
sexualidade.

Em se tratando da dança, não é raro as pessoas estranharem ou até


mesmo não compreenderem como alguém do sexo masculino pode fazer a
opção por essa prática como atividade física. Ao invés de criticar, deveriam
incentivar, para que outros pudessem vivenciar a dança e através dela
perceber que, além do prazer e dos benefícios, pode existir a vocação nata
para dançar. Infelizmente, apesar da evolução da nossa espécie, ainda temos
que evoluir significativamente sobre esse tema através do autoconhecimento e
do conhecimento do outro.

VOCÊ SABIA?

Você sabia que, com relação às características dos movimentos/signos


da dança entre os sexos, no balé clássico temos para o masculino a força e a
agilidade (saltos e piruetas), enquanto o corpo feminino se presta aos efeitos
de flexibilidade e equilíbrio (arabesques e pequenos saltos). É isso que garante
a verticalidade, característica que permanece no balé até os dias atuais
(BOURCIER, 2001)
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

1- Para compreendermos melhor essa discussão sobre dança, sugerimos


assistir ao filme Billy Elliot, de Stephen Daldry (2000), que conta a
história de um garoto de 11 anos que descobriu sua vocação com a
dança.
Depois de ter visto ao filme responda:
a) De que trata o filme?
b) Que estilo de dança era praticado pelo menino?
c) Foi fácil para ele chegar a ser um grande bailarino? Por quê?
d) Qual a importância da professora de dança na vida de Billy?
e) Como é finalizado o filme?
f) O que você aprendeu com a mensagem do filme?

2- Formem grupos com meninos e meninas, escolham um estilo de dança


e juntos vamos construir uma coreografia para apresentar.
Mãos à obra!

Desde os primórdios todas as pessoas dançam. Existem danças


criadas para homens e danças para mulheres, pois as danças são
criações da sociedade. Em algumas manifestações culturais há
funções para os homens e funções para as mulheres. Da mesma maneira,
algumas formas de dança nascem distinguindo as pessoas por suas classes
sociais.
Aqui estabelecemos que a dança em si é dança independentemente de
gênero.

ATIVIDADE
Assista ao filme “Vem Dançar” (2006).
A partir da leitura desse filme, vamos fazer uma reflexão sobre a realidade dos
alunos mostrada no filme, e vamos ao debate!

A seguir, você conhecerá as varias funções da dança que ao longo da


história foram organizadas pelos estudiosos e que hoje são vivenciadas
também direcionadas a uma necessidade que pode estar relacionada ao que
tínhamos desde os tempos dos nossos antepassados, ao que temos hoje na
contemporaneidade.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

FUNÇÕES DA DANÇA

Hoje a dança é praticada por todos, em grupos ou individualmente. Na


nossa vida ela pode estar presente sob vários aspectos, enquanto forma
inclusiva, terapêutica, litúrgica, competitiva, de lazer, entre outras.

Vamos conhecer quais os benefícios que a dança proporciona às


pessoas que dançam!

Inclusiva: É a partir do conhecimento Você não pode levá-la para casa,


do seu próprio corpo que o homem numa caixa, se ela o agradar. No
passará a conhecer, respeitar e momento em que o bailarino pára, a
interagir com o corpo do outro, o que dança deixa de existir.
nos faz lembrar que dança simboliza
união e encontro entre seres Competitiva: Sendo o corpo o
humanos. Esse aspecto é de instrumento expressivo da dança, é
relevante importância para a necessário, antes de tudo, conhecê-lo
educação, visto que a dança favorece e enriquecer suas possibilidades de
o processo de socialização do ser movimento, o que passa por um
humano. trabalho técnico, mas também
sensível. Nas práticas de dança de
Terapêutica: Esta função aparece salão, por exemplo, existem vários
gradativamente com a prática da campeonatos em que os casais
dança. Com o passar do tempo de apresentam as mais variadas danças
prática, temos a melhora da desse contexto.
autoestima, socialização/integração,
cooperação, coeducação, Lazer: Não importa a forma da qual
relaxamento, entre outros. (CAMPOS se pratica nem onde se pratica a
& SANTOS, 2005) dança. No lazer, a dança apresenta
vários objetivos, como a exploração
Litúrgica: Esta função aqui do ser humano e das próprias
apresentada aparece a partir de uma descobertas.
necessidade religiosa de aproximar o
povo da igreja. A vivência da dança Dança Educação: As mais antigas
nas louvações e cultos fez com que civilizações têm a dança como
até a Igreja Católica mudasse sua elemento importante na educação dos
forma de organização litúrgica das povos. De acordo com Marques
missas. Outras religiões concebem a (2002), a dança colabora com a
dança como celebração, como, por formação do ser humano, tornando-o
exemplo, o hinduísmo na Índia, que mais sensível e, por isso, temos a
assim descreve o relacionamento responsabilidade de vivenciá-la na
entre Deus e sua criação: Deus escola de forma que se possa
“dança” a sua criação. Ele é o contribuir com a contextualização
bailarino e a criação é a dança. A dessa formação de homem/mulher na
dança é diferente do bailarino e, no sociedade atual.
entanto, não pode existir sem ele.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE DE PESQUISA

1- Na sua comunidade descubra espaços que desenvolva a dança voltada


para algumas dessas funções.

2- Agora apresente a atividade para que todos conheçam a sua pesquisa,


com depoimentos de pessoas que são beneficiadas por esses trabalhos.

DANÇA DA MODA - MODA DA DANÇA

Agora, em nossa longa viagem, estacione em uma reflexão e, nessa


breve pausa, vamos listar as danças que estão sendo apresentadas pelos
grupos de música que temos por aqui no Brasil. Vamos também trazer figuras
que representem as formas de dança apresentadas por esses grupos.

Nos últimos anos temos tido o surgimento de várias formas de dança.


Muitas delas apareceram a partir de uma música e de determinados grupos
musicais. Algumas coreografias existem a partir de um movimento próprio de
representação do que diz a letra da música. Essas formas coreográficas são
construídas com o intuito apenas de alegrar a população.

IMPORTANTE!
Você poderá ampliar seus conhecimentos refletindo acerca das
questões a seguir:

1- Qual a influência da mídia sobre as danças?


2- Onde fica o realismo da dança?

Os esportes, as artes marciais, a ginástica e a dança tornaram-se


produtos de consumo, objetos de conhecimento e informações divulgadas para
o público sem posicionamento crítico (MAURO BETTI, 1998).

As danças ditas da “moda” são responsáveis pela grande audiência das


emissoras de televisão e acabam por influenciar diretamente o comportamento
do grande público espectador, tornando-os reprodutores de modelos
padronizados pela mídia e moldados em função do interesse comercial.

Diante disso, podemos fazer uma análise reflexiva e questionar se as


chamadas “danças da moda” contribuem para a construção de práticas
corporais de movimento que legitimem a real essência da dança ou se são
simplesmente reprodutoras de modelos e padrões implicitamente determinados
pela mídia para o consumo em massa.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE DE PESQUISA
Agora reflita e tente responder a estas questões:

1- Qual é a influência dessas músicas para a sua formação?


2- De que maneira a letra dessas músicas pode influenciar o seu
comportamento?
3- Quais são as contribuições do conteúdo das mensagens contidas nas
letras dessas músicas para a sua formação moral e intelectual?

CURIOSIDADE

Quando não são bem orientadas, as crianças vão deixando de serem


crianças para assumirem papéis de “adultos” precocemente, pois não estão
com a devida maturidade para tal, atropelando a fase de desenvolvimento
natural, característico e próprio de cada fase da vida infantil. E a mídia favorece
uma exposição inadequada da sexualidade na TV, principalmente através das
novelas que são veiculadas diariamente, influenciando e modificando
comportamentos (MACIEL, 2008) “(...) que o consumo infantil, geralmente
acrítico e passivo sem dúvida terá decisiva interferência na representação que
a criança formará da realidade” (REZENDE, 1998, p. 4).

ESPERANDO NOVAS VIAGENS

Aproximando-nos do fim deste nosso maravilhoso contato, temos


certeza de que você agora conhece um pouco mais sobre a dança. Trocamos
experiências que nos faz confirmar o seu ticket para essa maravilhosa viagem
pelo universo envolvente da dança.

Agora você pode afirmar que a dança nem sempre foi como
conhecemos hoje. Ela passou por diversas transformações, sofreu influências
do desenvolvimento socioeconômico e sociocultural dos povos, sobreviveu a
diversas mudanças que aconteceram no campo das artes, da cultura, da
política e da religião como forma de organização social de cada época e, por
fim, tornou-se diferenciada entre as classes sociais.
CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTI, M. Educação física: novos olhares, outras práticas. São Paulo:


Hucitec, 2003.

BOUCIER, P. História da Dança no Ocidente. Trad. Marina Appenzeller. 2


Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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ANAIS DO IV CONPECE. Recife, 2005.

CAMPOS, Flavio; SANTOS, Laurecy Dias dos. Reinserção Social De Idosos


Através Da Dança De Salão. ANAIS DO IV CONPECE, Recife, 2005.

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Global, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular


no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.

CORRÊA, Roberto. A Arte de Pontear Viola. Brasília/Curitiba: 1ª ed. 2000.


pp.259.Disponível em: www.voaviola.com.br.

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Rio de Janeiro: Zahar, 1989.

FARO, Antonio José. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor LTDA, 1986.

GARCIA, Ângela; HASS, Aline. Ritmo e Dança: aspectos gerais. Canoas: Ed.
Ulbra, 2002.

GIFFONI, Maria A. C. Danças Folclóricas Brasileiras. São Paulo: Edições


Melhoramentos, 1973.

HASELBACH, Bárbara. Dança improvisação e Movimento: expressão


corporal na educação física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1988.

LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. Org. Lisa Ulfmann. São Paulo:


Summus, 1978.

MALANGA, Eliana. Comunicação e balê, São Paulo: Edima, 1985

MACIEL, Aline. Erotização da Música Influi na Precocidade Sexual da


Criança. (2008). Disponível em: www.redeandibrasil.org.br/.../erotizacao-da-
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MELO, Anthony de. O canto dos Pássaros. São Paulo: Loyola,1982


CAPÍTULO 3: UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA

EDUCAÇÃO FÍSICA

MENDES, Míriam Garcia. A Dança. São Paulo: Ática, 1987.

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Brasil. Anais do III Fórum de Pesquisa Científica em Arte. Escola de Música
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NANNI, Dionísia. Dança Educação: pré-escolar à universidade. Rio de
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ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. São Paulo: Editora


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OSSONA, Paulina. A Educação Pela Dança. Trad. Norberto A. e Silva Neto.


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www.infoescola.com/danca/danca-de-rua. Acesso em: 13 dez. 2009.

PRIOLLI, Maria Luisa de Matos. Princípios Básicos da Música para


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RAMOS, Renata Carvalho Lima. Danças circulares sagradas: uma proposta


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REZENDE, A. M. de. Concepção fenomenológica da educação. São Paulo:


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TOMAZZONI, Airton. A Dança Contemporânea no Brasil e no Mundo. 2006.


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VARGAS, Lisete A. M de. Escola em dança: movimento, expressão e arte.


Porto alegre: Mediação, 2007.

VOLTAIRE. In: Histórias sobre ética. Trad. Luciano Vieira Machado. São
Paulo: Ática, 1999. (Fragmento).

Lifar (1925)
Capítulo 4:
A prática corporal da ginástica escolar
EDUCAÇÃO FÍSICA
Capítulo 4:
A prática corporal da ginástica escolar
EDUCAÇÃO FÍSICA

Áurea Augusta Rodrigues da Mata


Escola Municipal Castro Alves

Fernando José de Paula Cunha


Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Fernando Silveira Filho


Escola Municipal Carlos Neves

Francisco de Assis Alves Bezerra


Escola Municipal Fenelon Câmara

George Paiva Farias


Escola Municipal Tharsila Barbosa

Goretti Vieira
Secretaria de Educação e Cultura do Município de João Pessoa

Nilvania Barbosa Rodrigues


Escola Municipal Euclides da Cunha

Rodrigo Wanderley de Sousa Cruz


Escola Municipal Agostinho Fonseca Neto

Rosário de Fátima de Albuquerque Holanda


Escola Municipal Leonel Brizola

“A ginástica é um bem cultural da humanidade,


historicamente construída e socialmente
desenvolvida, adquiriu sentidos e significados nas
relações sociais, determinadas pelo modo de
produção da existência humana” (ALMEIDA, 2005,
p. 22).
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

Você saberia responder se todo movimento corporal é ginástica? Para


você, o que é ginástica? Você sabe a origem da ginástica? A ginástica é
praticada hoje da mesma maneira que no passado? Quais os tipos de ginástica
que você conhece? Homens e mulheres executam todos os tipos de ginástica?
A ginástica é praticada na escola pública? A ginástica tem relação com a
saúde? A prática da ginástica exige ambiente e material específicos? A prática
da ginástica é inclusiva?

O ensino-aprendizagem da ginástica deve ser não apenas prazeroso,


mas também deve desenvolver uma linguagem corporal por meio da qual
podemos nos comunicar. Você pode aprender este conteúdo estruturante e sua
inter-relação com outras áreas do conhecimento, como a história e a ciência,
através da sua contextualização com o passado e o presente, dos elementos
do cotidiano referentes aos aspectos político e socioeconômico e dos pares
dialéticos, tais como, contemporâneo x moderno, saúde x doença, público x
privado, autonomia x subordinação, inclusão x exclusão, competição x
cooperação, etc.

Se você aceitar o desafio, faremos uma viagem ao passado e juntos,


vivenciaremos momentos de reflexão/ação/reflexão que nos permitirão
construir novas sínteses sobre a organização e sistematização do
conhecimento deste conteúdo estruturante.

Um Pouco de História da Ginástica

Onde surgiu a ginástica? Que civilizações criaram e aprimoraram novas


formas de praticar ginástica? O que aconteceu com a ginástica ao longo do
tempo? Para tentarmos responder a essas e a outras perguntas importantes
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

sobre a ginástica, precisamos voltar ao


passado, precisamente no período em que a
“educação física” 1 em Atenas, na Grécia, era
bastante significativa. Os locais para a prática
esportiva, serviam não apenas à “educação
física”, como também à formação intelectual
do povo, salvo os escravos.
A ginástica tem suas origens
justamente na Grécia. A gymnastiké, isto é, „a
arte de exercitar o corpo nu‟, tinha um caráter
natural; sua prática era fundamentada no
atletismo (correr, saltar e lançar) e realizada
em total estado de nudez. Além de fazer
parte da preparação dos guerreiros, a
ginástica também era integrante na educação
das crianças, desenvolvendo atividades
necessárias para estimular a inteligência,
O barraco dos saltimbancos, por volta de 1793.
fortalecer o corpo e torná-las corajosas Figura retirada do livro:
(ALMEIDA, 2005). Imagens da educação do corpo (2005).

Os ginásios, palestras e estádios possuíam grandes espaços para o


público, o que mostra o interesse popular da época pela prática dessa
atividade. O ginasiarca era a figura mais importante da educação física e,
quase sempre, da educação intelectual. Eleito pela comunidade, ele dirigia
alguns dos ginásios e, em alguns lugares, todos os ginásios da cidade. O
pedótriba2 correspondia ao que hoje chamamos de professor de educação
física. Tinha conhecimento e prestígio comparados aos do médico e era
também responsável pela formação do caráter dos jovens atenienses.

Dando um salto histórico, surge com o Renascimento uma nova forma


de ver o mundo, e a inclusão da ginástica, jogos e esportes na escola passa a
ser vista como base para a educação física escolar.

ATIVIDADE
Questionar os alunos em relação aos conhecimentos que possuem a
respeito da ginástica, os elementos que conhecem e quais movimentos são
capazes de realizar.

1
O termo educação física na Grécia antiga não era utilizado, mas, para efeitos didáticos decidimos manter
a nomenclatura no texto.
2
“Função exercida com o intuito de desenvolver os programas de estudos sobre a ginástica, com o
sentido de formação do homem num crescente domínio de si, pela libertação dos seus instintos, desejos e
paixões submetidas à razão” (LOBATO, 2001)
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

CURIOSIDADES

Junto com as idéias de força, energia, resistência, velocidade, destreza,


vigor, estava a formação do caráter. O desenvolvimento do caráter era
associado à ginástica e, deveria contribuir para o desenvolvimento da coragem,
ousadia, perseverança e às vezes a sabedoria e amor ao bem. (OLIVEIRA,
1999).

PESQUISA

Que atividades eram essas realizadas no período grego? Que


semelhanças e diferenças podemos identificar com a prática da ginástica nos
dias atuais? Procure em livros, sites, revistas, conversando com professores e
familiares a respeito.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

AS ESCOLAS DE GINÁSTICA: SAÚDE, DISCIPLINA E


CIVISMO

A partir do ano de 1800 vão surgindo na Europa, em diferentes regiões,


formas distintas de encarar os exercícios físicos. Essas “formas” receberão o
nome de “métodos ginásticos” (ou escolas) e correspondem aos quatro países
que deram origem às primeiras sistematizações sobre a ginástica nas
sociedades burguesas: a Alemanha, Suécia, a França e a Inglaterra (que teve
um caráter muito particular, desenvolvendo de modo mais acentuado o
esporte). Essas mesmas sistematizações serão transplantadas para outros
países fora do continente europeu (SOARES, 2004).

Na Alemanha, a ginástica
surge nas instituições escolares,
chamadas de Philanthropinum.
As atividades realizadas eram
jogos de peteca, de bola, de
pelotas e pinos, corridas,
natação, entre outros. Segundo
Bregolato (2008), nessas
instituições, Johann Cristoph
Friedrich Guts Muths (1759 –
1839) iniciou a ginástica
pedagógica, que se originou da Exercício no pórtico, 1836.
Figura retirada do livro Imagens da educação do corpo (2005).
“ginástica natural” ou “método
natural”. De acordo com Hébert, o método natural deduz uma série de 10
grupos de exercícios: 1- marcha; 2- corrida; 3- salto; 4- quadrupedia; 5- trepar;
6- equilíbrio; 7- lançamentos; 8- transporte; 9- defesa; 10- natação. Esses 10
gêneros de exercícios, ou “atos naturais”, podem ser utilizados em sua forma
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

simples, ou seja, a execução deles mesmos ou, então, em combinações


variadas entre si, acrescidas de atividades ligadas à vida prática e aos
divertimentos (HÉBERT apud SOARES, 2004, p. 27).

No século XVIII, foi fundada na Alemanha a primeira escola com um


currículo no qual a ginástica e as disciplinas intelectuais tinham o mesmo valor.
A corrente alemã representa um notável impulso aos exercícios físicos e, com
isso, a ginástica passou a ser incluída entre os deveres da vida humana. A
nova ginástica alemã – a palavra Gymnastik foi traduzida para o Alemão como
Turnkunst, que significa „arte da ginástica‟ – ia ao encontro das necessidades
do povo, pois os exercícios físicos não eram meios de educação escolar, mas,
sim, de educação do povo. O importante era formar o forte. “Viver quem pode
viver” era o lema.

Quando a Alemanha foi derrotada por Napoleão, em 1805, foi criado por
Friedrich Ludwing Jahn (1778 – 1852) um modelo de ginástica militar que tinha
o objetivo de fortalecer física e moralmente a juventude alemã. Janh deixa
como contribuição para a educação física a criação de aparelhos como a barra
fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo, portanto, um dos precursores da
ginástica olímpica com aparelhos (BREGOLATO, 2008).

Na Suécia, Pehr Henrick Ling (1776 – 1839) apropria-se das ideias


naturalistas alemãs para dividir a ginástica em quatro vieses: militar, médica,
estética e pedagógica. Em 1813, Ling funda o Real Instituto Central de
Ginástica de Estocolmo, que serviu de modelo para os demais países europeus
e, elabora o livro “Bases Gerais da Ginástica” (1839).

Arrasados em virtude da guerra com a Rússia, os suecos pretendiam


que a ginástica colaborasse para elevar a moral de seu povo. Esperavam
obter, por meio de uma ginástica estudiosa e racional, uma raça livre do
aumento constante do alcoolismo e tuberculose que assolavam o país. Hjalmar
Ling (1820-1886) desenvolveu a ginástica pedagógica, também conhecida por
ginástica educativa, e Josef Gottfrid Thulin (1875-1965) inovou o método
criando o Instituto de Ginástica de Lund, que visava à ginástica infantil.

A ginástica sueca
preocupava-se com a execução
correta dos exercícios, emprestando-
lhes um espírito corretivo. Uma das
maiores contribuições suecas para a
ginástica foi o grande impulso que
deu a uma antiga tendência desse
povo: a “ginástica para todos”, que
surgiu em 1912 com o objetivo de
A ginástica Sueca.
ampliar a prática de atividades Figura retirada do livro Imagens da educação do corpo
físicas para a totalidade da (2005).
população.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na França, a ginástica foi


introduzida por militares, que
dominaram o panorama da
educação física ao longo do século
XIX nesse país. Em 1819, foi
fundado o primeiro instituto de
ginástica para o Exército e para as
escolas civis. O “Manual de
Educação Física, Ginástica e Moral”
(1836), escrito por Francisco
Amoros y Ondeano (1770-1840), foi
adotado na Escola Militar de Amoros conduzindo uma aula, 1820.
Joinville em 1852. Essa escola Figura retirada do livro Imagens da educação do corpo (2005).

também recebeu as contribuições de Georges Demeny (1850 – 1917), com


“Mecanismo de Educação do Movimento” (1924), e Philipe Tissié, (1852-1935)
com “Tratado da Ginástica Nacional”.

O que caracterizava a ginástica francesa era seu marcante espírito


militar e uma preocupação básica com o desenvolvimento da força muscular,
não sendo, pois, adequada a ambientes escolares. Apesar disso, as
autoridades francesas atribuíram a derrota na guerra franco-prussiana, em
1870, à degeneração física e moral do povo. Dessa forma, foram criadas leis
obrigando a inclusão da ginástica no currículo escolar, com a mesma finalidade
anterior: melhorar a condição física e moral do povo.

PESQUISA

Você conhece o Le Parkour? como ele se caracteriza? ele tem algo a


ver com o método natural? Essa é uma boa oportunidade de você saber mais
sobre os elementos que compõem a ginástica.

ATIVIDADE
Dividir a turmas em vários grupos e construir um painel (fotos,
principais nomes, formas de treinamento) sobre os métodos ginásticos (grego,
francês, alemão, sueco) e suas relações com a sociedade, para,
posteriormente, apresentar ao restante da turma, discutindo e trocando
informações entre si.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

CURIOSIDADES

“No final do século XIX e inicio do século XX, existia um debate entre os
defensores do esporte (na Inglaterra) e os defensores da ginástica (no
continente Europeu), ou seja, os sistematizadores dos métodos ginásticos,
quanto ao meio mais adequado da educação física da juventude. No entanto,
menos conhecidas entre nós no Brasil são as críticas oriundas das
organizações de ginástica e esportiva de trabalhadores europeus (Alemãs,
Belgas, Francesas, Suíças e Inglesas principalmente). A classe trabalhadora
em países como a Bélgica, a Tchecoeslováquia, a França e principalmente a
Alemanha criou uma organização de clubes de ginástica e, posteriormente,
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

também de esportes, própria, que procurava diferenciar-se das organizações


ginásticas e esportivas „burguesas‟. Esse movimento produziu textos (de
jornais e livros) em que os princípios que norteavam suas atividades, bem
como as críticas, estavam bem expressos.” (BRACHT, 2003, p. 24)

VOCÊ SABIA?
Apesar de a ginástica sueca ter ganho reconhecimento internacional,
foi a Dinamarca que deu continuidade às ideias alemãs de ginástica. Neste
país, foi criado (1804) um instituto militar de ginástica, o mais antigo
estabelecimento especializado do mundo. Como premiação, implantou-se
obrigatoriamente a ginástica nas escolas, fazendo com que a Dinamarca se
adiantasse em anos em relação a outros países europeus.

A CHEGADA DA GINÁSTICA NO BRASIL


No Brasil, os povos primitivos já realizavam os movimentos de correr,
rolar, pendurar-se, lançar-se. A Família Real Portuguesa, ao instalar-se no
Brasil em 1808, estabeleceu novas formas de dominação, iniciando um
processo de desenvolvimento cultural com tendências elitizantes. A fase
imperial revela tentativas de organização de um sistema educacional
inexistente na época. A partir de então, algumas reformas educacionais
tentaram minimizar o verdadeiro caos em que se encontrava a educação
brasileira. O Ginásio Nacional, criado em 1837 como instituição-modelo, incluiu
a ginástica em seus currículos. Em 1851, teve início a legislação que tornou
obrigatória a prática da ginástica nas escolas primárias do município da corte,
isto é, o Rio de Janeiro (OLIVEIRA, 1999).

No final do Império, o ministro recomendou a utilização do método de


ginástica alemã para os estabelecimentos de ensino, principalmente para o
Colégio Pedro II. Esse método vinha sendo oficialmente aplicado no Exército
Brasileiro desde 1860 e, por isso, sua adoção nos meios escolares provocou
reações por parte daqueles que viam a educação física como elemento da
educação e, não, como um mero instrumento para adestramento físico. Essa
ginástica também era praticada pelos imigrantes alemães, que criaram as
“Sociedades de Ginástica Alemã”, existentes até 1937.

Em 1911, o sueco Arthur Higgens publicou o “Compêndio de Ginástica


Escolar”. A sistematização apresentada nesse livro (que ficou conhecida como
ginástica higiênica) foi oficialmente adotada nas escolas do Rio de Janeiro
durante a Primeira República.

Através das contribuições do Regulamento Geral de Educação Física


(1927) ou Método Francês da escola de Joinville-Le-Pont, introduzido no Brasil
em 1932, houve um norteamento da prática da educação física escolar até o
fim do Estado Novo, sob a tutela do governo de Getúlio Vargas.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

SUGESTÃO DE DEBATE

Você conhece os movimentos calistênicos? Conhece alguém que já


praticou a calistenia?

PESQUISA
Procure seus avôs, pai, mãe, irmãos mais velhos, tios e/ou vizinhos e
perguntem como era a Educação Física na época deles. De que forma a
ginástica era praticada e como era a relação entre os alunos e os professores
nessa prática corporal?

VOCÊ SABIA?

A organização do trabalho
pedagógico nas aulas de Educação Física
era desenvolvida com movimentos repetitivos
e ordenados, com o objetivo de realizar o
movimento simultâneo, alternado e sem erro. Isso
foi iniciado no final do século XIX, e até o inicio dos
anos de 1980 era dessa forma que as aulas eram
sistematizadas.

SISTEMATIZANDO O CONHECIMENTO ATÉ AQUI...

Selecionamos temas com significado, recortados e articulados na


relação de ir e vir entre o passado e o presente. Para dar ênfase à importância
da sua ação nesse processo de construção do conhecimento sobre ginástica,
você pode começar fazendo uma pesquisa com pessoas mais idosas para
saber quais tipos de ginástica elas praticavam, com quais materiais, em que
locais, se era utilizada música, se meninos e meninas faziam os mesmos
movimentos, etc. Você pode entrevistar seus avós, pais, tios, vizinhos. Depois,
compare os dados coletados por você com o resultado da pesquisa de seus
colegas. Os resultados podem ser apresentados com cada grupo
caracterizando-se de acordo com cada época e demonstrando, na prática, os
tipos de ginástica praticada por seus antepassados.
Mãos na massa!
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

TEXTO DE APOIO
GINÁSTICA AERÓBICA – O MAIOR FENÔMENO
SOCIOESPORTIVO DOS ANOS 70 E 803

No início da década de 1970, aconteceu no


Brasil um fato muito interessante: a população
começou a adotar a corrida como forma de treinamento
aeróbio, o que ficou popularmente conhecido como “Cooper”.
Na realidade, o famoso teste dos 12 minutos, o teste de Cooper
para avaliar a capacidade aeróbia, acabou tornando-se a forma de
treinamento para os milhares de brasileiros que diariamente se
dirigiam aos parques, praças, ruas ou pistas para “fazer Cooper”, ou
seja, caminhar por 20 a 30 minutos ou correr por 12 minutos.

Após o grande boom da corrida como forma de treinamento


aeróbio, a ginástica aeróbica tornou-se a nova mania de fazer exercício.
Porém, se por um lado essa mania motivou milhares de pessoas, por
outro criou uma grande polêmica em torno de sua prática. Lesões nos
joelhos, jovens, adultos e idosos participando da mesma aula, alunos
iniciantes e avançados fazendo exercícios com a mesma intensidade,
exercícios agressivos, música alta, professores sem formação
acadêmica, excesso de saltos no mesmo lugar e impacto nas
articulações foram alguns dos principais problemas identificados pelos
especialistas na época do surgimento da ginástica aeróbica nos
Estados Unidos, Canadá e, depois, no Brasil.

A polêmica criada em torno dos aspectos negativos da ginástica


aeróbica, independentemente do sucesso que ela representava, despertou
interesse no meio científico. Inúmeras pesquisas investigaram os aspectos
fisiológicos, biomecânicos e pedagógicos relacionados a essa ginástica, dando
aos professores informações que causaram mudanças tanto na escolha dos
exercícios e técnicas de execução quanto na maneira de ensinar. Além disso, a
maioria das pesquisas que, até então, era voltada para os atletas de alta
performance, passou a investigar mais profundamente a prática do exercício
físico entre os sedentários, oferecendo uma grande quantidade de subsídios
para a criação de novas técnicas.

Devido aos estudos da biomecânica e da mudança na técnica de


execução dos movimentos, a diminuição do impacto ocasionado pela corrida
estacionária e pelos saltos deu lugar à chamada “ginástica de baixo impacto”,
que garante a mesma eficiência cardiorrespiratória, mas não apresenta os
riscos de lesões musculoesqueléticas acarretadas pelos exercícios de alto
impacto. Dessa forma, as aulas de ginástica tornaram-se mais seguras e
menos lesivas, consequentemente beneficiando os alunos.

O uso da marcha acompanhada de movimentos vigorosos de braços,


elevação do joelho com um dos pés em contato com o solo, deslocamentos
laterais e passos de jazz combinados em forma de coreografias deram à
3
Informações: pesquisar o livro Aptidão Física, Saúde e Bem-estar. Mauro Guiseline, 2004. Ed. Phorte.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

ginástica aeróbica uma característica mais suave, sendo recomendada até


mesmo para pessoas obesas, mulheres grávidas e idosos. Assim, a ginástica
aeróbica passou a representar uma “velha nova” opção de treinamento para
milhares de pessoas de ambos os sexos, várias idades e diferentes níveis de
condicionamento físico.

Os exercícios, muito parecidos com aqueles utilizados nas odiosas


sessões de ginástica calistênica das escolas secundárias ou como castigo para
os soldados relapsos nas tropas do exército, reaparecem mais fortes do que
nunca na década de 1980, constituindo uma excelente alternativa de
condicionamento físico.

A combinação de exercícios simples, acompanhados de músicas


alegres, fez da ginástica aeróbica um dos maiores fenômenos socioesportivos
nas décadas de 1970 e 1980, pois nenhuma atividade física conseguiu reunir,
em um curto espaço de tempo, tanta gente para fazer exercício.

Atualmente, a ginástica aeróbica mudou de nome, mas os fundamentos


fisiológicos continuam os mesmos. Os milhares de adeptos em todo mundo,
que antes tinham como única alternativa a “vovó aeróbica”, passaram a praticar
novas modalidades de exercícios aeróbicos, agora conhecidos pelos seguintes
nomes: dança aeróbica, funk, hip-hop, street dance, aero-bahia, afro-aeróbica,
ginástica jazz, axé aeróbica, samba aeróbico, body jam, hidroaeróbica, entre
outros.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE

Agora que os alunos já conhecem vários elementos da ginástica, dividir


a turma em grupos que deverão organizar movimentos ao som de alguma
música que eles próprios irão escolher. Os alunos devem ensaiar uma
coreografia e apresentá-la em uma aula. É possível ainda organizar uma
festival com as apresentações na escola ou incluí-las em algum evento da
instituição.

PERGUNTAS PARA PESQUISAS ESCOLARES:

Aqui você (aluno) pode acrescentar mais algum dado que tenha
pesquisado a partir das questões iniciais deste estudo, certo?

Atualmente existem vários tipos de ginástica: rítmica, aeróbica,


localizada, de solo, artística, entre outras. Porém, antes de aprender a praticar
os diversos tipos de ginástica, precisamos saber a história de cada modalidade,
mas o que é mesmo história?Pôxa! O que tem haver ginástica com História?

Olha, História é o estudo do que fazem, pensam e/ou realizam os


grandes grupos sociais ao longo do tempo. Sacou? A ginástica faz parte da
cultura corporal que ao longo do tempo vem sendo construída, reconstruída e
praticada por diferentes grupos sociais, em diferentes lugares. Ao conhecer a
história da ginástica, você poderá relacioná-la com outras áreas do
conhecimento construído pela humanidade, possibilitando a intervenção,
reinvenção e utilização na e para vida.
CAPÍTULO 4: A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Roseane Soares. A ginástica na escola e na formação de


professores. Tese de Doutorado (Doutorado em Educação) – Universidade
Federal da Bahia, 2005.

BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Ed. Unijuí,


2003.

BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal da ginástica. Ícone, 2008.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA Jr., Osmar Moreira. Para ensinar educação
física: possibilidades de intervenção na escola. Papirus, 2008.

GUISELINE, Mauro. Aptidão física, saúde e bem-estar. Ed. Phorte, 2004.

OLIVEIRA, Vitor Marinho. O que é Educação Física. Ed. Brasiliense, 11ª


edição, 1999.

SOARES, Carmem Lúcia. Educação Física: Raízes Européias e Brasil.


Autores associados, 2004.

______. Imagens da educação no corpo. Autores associados,


2005.

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