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O SIGNIFICADO DE 

TOLERÂNCIA

Tolerância: uma palavra bastante em moda. Ela é equiparada à “mente aberta” e vem
acompanhada de respeito humano. 

Voltaire (1694-1778), quando escreveu sobre tolerância, disse que já que somos todos cheios
de fraquezas e de erros, devemos perdoar mutuamente as nossas obscenidades; que essa é a
primeira lei da natureza.

MAS O QUE É TOLERÂNCIA?

Como Voltaire queria destruir o cristianismo, prefiro refletir sobre o “Apelo à intolerância” do
arcebispo Fulton Sheen.

Fulton Sheen fala de três elementos responsáveis pela confusão que se faz a respeito do termo
tolerância:

1) existe uma tendência em se resolver questões através de palavras e não de argumentos,

2) uma disposição desqualificada em se aceitar a autoridade de qualquer um no assunto


religião, 3) paixão pelo novo. Mas não há nada novo debaixo do sol. Sigamos:

Tem muito pregador moderno muito menos preocupado em pregar Cristo, e Cristo crucificado
do que com sua popularidade entre seus seguidores. Uma falta de determinação intelectual
faz com que ele suba no boi da verdade e no burro da insensatez, elogiando os católicos por
causa de sua “excelente organização” e os sexólogos por causa de seu “desafio honesto aos
jovens desta geração”. Porque dobram-se à multidão e agradam o homem ao invés de Deus,
provavelmente sentiriam escrúpulos de um dia fazerem o papel de João Batista diante de um
Heródes moderno.

Diante dessa falsa tolerância, o que o mundo precisa é de intolerância. A massa do povo
parece ter perdido completamente a capacidade de distinguir entre bom e mau, certo e
errado. A melhor indicação disso é essa distorção dos termos “tolerância” e “intolerância”.

Existem uns que acreditam que a intolerância é sempre ruim, porque eles fazem a
“intolerância” significar ódio, preconceito, intransigência. Estas mesmas cabeças acreditam
que tolerância é sempre bom porque, para eles, significa caridade, abertura mental, bondade.
O que é tolerância?

Tolerância é uma atitude de paciência racional para com o mal, e uma atitude de indulgência
que coibe um ato de ira ou de castigo. Mas mais importante do que a definição é o campo de
aplicação. O ponto importante aqui é que:

A tolerância se aplica somente às pessoas, mas jamais à verdade.

A intolerância se aplica somente à verdade, mas jamais às pessoas.

A tolerância se aplica aos que erram; a intolerância ao erro.

É claro que é preferível uma maior tolerância, pois nunca é demais mostrar caridade para com
as pessoas que discordam de nós. Assim, deve-se ter caridade para com as pessoas.

A TOLERÂNCIA VAI SÓ ATÉ AQUI.


A tolerância não se aplica à verdade ou aos princípios. Para com essas coisas devemos ser
intolerantes, e é para este tipo de intolerância, tão necessária para nos arrancar da corrente
do sentimentalismo, que eu apelo. Intolerância desse tipo é a base da estabilidade.

Alto lá! O que ele quer dizer com intolerância?

A Corte Suprema dos Estados Unidos é intolerante a respeito de qualquer interpretação


privada do primeiro princípio da Constituição que diz que todo homem tem o direito à vida,
liberdade, e busca da felicidade. O cidadão que interpretar que “liberdade” significa “seguir em
frente” quando o semáforo está com a luz vermelha acesa, vai se achar logo numa cela de
prisão onde não existe luz alguma, nem mesmo amarela que é a cor das almas mornas que não
sabem se devem ir ou ficar.

Os arquitetos são intolerantes quanto ao uso da areia como alicerce para arranha-céus tanto
quanto os médicos são intolerantes quanto à presença de germes em seus laboratórios, e
todos nós somos intolerantes para com um certo tipo de mente-aberta, “tolerante”, do
quitandeiro bonachão que, ao calcular a nossa dívida, faz sete mais dez virar vinte.

Muito justo essa intolerância. Quem mora em prédio de apartamentos tem fé que a
construção não vai desmoronar de uma hora para outra justamente por causa dos princípios
da engenharia. Da mesma forma, quem viaja na ponte Rio-Niterói tem fé que não vai acabar
no fundo do mar. Continuando:

Agora, se é certo que os Estados sejam intolerantes acerca dos princípios do governo, e o
construtor de pontes seja intolerante acerca das leis de deformação e pressão, e o físico a
respeito dos princípios da gravidade, por que não seria um direito de Cristo, de Sua Igreja, e
dos homens pensantes de serem intolerantes quanto às leis de Cristo, as doutrinas da Igreja, e
os princípios da razão? Podem as verdades de Deus serem menos exatas do que as verdades
da matemática? Podem as leis do raciocinio serem menos obrigatórias do que as leis da
ciência, que só são conhecidas através das leis do raciocínio?

Devemos dizer que os raios do sol aquecem mas que o sol não é quente?

O QUE DEVEMOS FAZER?

“Deve condenar-se toda a palavra ou atitude que, por lisonja, adulação ou complacência,
estimula e confirma outrem na malícia dos seus atos e na perversidade da sua conduta.”
(Catecismo da Igreja Católica)

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