O art. 106 estabelce que a coordenação do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor (art. 105) compete a órgão federal que, atualmente, é a Secretaria Nacional do Consumidor – Senacon, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que sucedeu o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC, o qual foi criado, no âmbito da Secretaria de Direito Econômico – SDE do Ministério da Justiça, pelo Decreto 2.181/1997. As atribuições da Senacon estão arroladas no art. 106 do CDC e, também, no art. 3° do Decreto 2.181/1997, com a redação conferida pelo Decreto 7.738/2012. Dentre suas atribuições, destaquem-se as seguintes: 1) planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor; 2) receber, examinar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas ou pessoa jurídicas de direito público ou privado; 3) apresentar orientação aos consumidores sobre direitos; 4) auxiliar a fiscalização dos direitos do consumidor; 5) incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a instituição de entidades de defesa do consumidor; 6) desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. Em 07.07.2020, por meio do Decreto 10.417, foi instituído o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor com o objetivo de “assessorar o Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública na formulação e na condução da Política Nacional de Defesa do Consumidor, e, ainda, formular e propor recomendações aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor para adequação das políticas públicas de defesa do consumidor” (art. 1°). Integram o referido Conselho: o Secretário Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública (presidente); representantes do Ministério da Economia, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica; do Banco Central do Brasil; da Agência Nacional de Petróleo; três representantes de entidades públicas estaduais ou distritais destinadas à defesa do consumidor; um representante de associações destinadas à defesa do consumidor; um representante dos fornecedores com conhecimento e capacidade técnica para realizar análises de impacto regulatório; um jurista de notório saber e reconhecida atuação em direito econômico, do consumidor ou de regulação (art. 3°). Além desses integrantes, o art. 6° do Decreto estabelece que “serão convidados a compor o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, sem direito a voto, um membro de Ministério Público Estadual, indicado pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais; um membro do Ministério Público Federal, indicado pelo Procurador-Geral da República; e um membro da Defensoria Pública, indicado pelo Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais”. Importante ressaltar que não há hierarquia entre Senacon e órgãos e entidades que integram o SNDC. Sua posição e manifestações não possuem caráter coercitivo, considerando a autonomia dos integrantes do SNDC. A legislação permite que a Senacon aplique as sanções administrativas previstas em face de ofensa a norma de defesa do consumidor. É fundamental, entretanto, para racionalizar suas atividades e evitar fiscalizações paralelas sobre o mesmo fato, que o trabalho seja articulado com os Procon e, também, outros órgãos federais que exercam a tutela indireta do consumidor. Cabe destacar que o CDC institui um verdadeiro dever de educar em relação públicos que atuam na área de defesa do consumidor, com destaque para Senacon. A ausência de conhecimento sobre os seus direitos, em sociedade massificada e complexa, conduz a lesões que, com educação, poderiam ser evitadas. Apesar da autonomia dos integrantes do SNDC, a Senacon, com o objetivo de implementar, o trabalho de integração entre os órgãos de defesa do consumidor, tem conseguido, ao longo de sua existência, promover importantes discussões com o SNDC, com a obtenção de desejável consenso em algumas áreas.
BIBLIOGRAFIA BESSA, Leonardo Roscoe. Código de Defesa do Consumidor Comentado. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022.