Ana Luísa Vallim Machado – 10° B.

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) denomina ação coletiva o

instrumento processual para a proteção dos direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos. A Lei 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública) e a Constituição Federal (art. 129,
III) utilizam, de outro lado, a expressão ação civil pública.
A referida variação terminológica gerou debates na doutrina e jurisprudência
quanto à distinção e significado das expressões ação coletiva e ação civil pública. a par da
divergência doutrinária sem maiores consequências práticas, o STJ, antes da recente
declaração, pelo STF, de inconstitucionalidade do art. 16 da Lei da Ação Civil Pública, já
distinguiu ação coletiva de ação civil pública com o objetivo de ampliar a eficácia territorial
da decisão proferida em ação coletiva, de modo a afastar a literalidade do disposto no art. 16
da Lei 7.347/1985. Como exemplo, registre-se o REsp 411.529, no qual a Corte concluiu, por
maioria, que a limitação territorial contida no art. 16 da 7.347/1985 ano se aplica à categoria
dos direitos individuais homogêneos (v. comentários ao art. 103).
A análise da evolução das normas que tratam do processo coletivo indica
claramente que as expressões são sinônimas, possuem exatamente o mesmo significado.
Em sua origem (LC 40/1981), a expressão ação civil publica foi utilizada para
diferenciar da ação penal proposta pelo Ministério Público (MP): qualquer ação ajuizada pelo
MP fora do processo criminal era considerada uma ação civil pública. Nessa fase inicial, a
denominação – ação civil pública – conferia enfoque subjetivo: considerava o autor da ação
(MP) e não o objeto (direito coletivo ou individual) da demanda.
A Lei 7.347/1985, ao ressaltar uma das hipóteses de atuação cível do MP – a
defesa dos direitos coletivos –, vinculou a expressão ação civil pública à defesa judicial dos
direitos coletivos. Além disso, estabeleceu amplo de legitimados à propositura da ação.
Posteriormente, o CDC, em complemento e incremento à disciplina da Lei da Ação Civil
Pública, denomina ação coletiva toda a demanda proposta pelo MP como pelos outros
legitimados na tutela dos direitos metaindividuais: fica claro que se trata um novo título –
ação coletiva – para a defesa judicial dos direitos coletivos na linha do disposto na Lei
7.347/1985.
Desse modo, ação civil pública e ação coletiva passa a significar –
independentemente da parte autora (MP, Defensoria Pública, associação civil, etc.) – demanda
como o objetivo de tutelar os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. A absoluta
integração e o caráter complementar entre a Lei 7.347/1985 e o CDC reforçam a sinonímia
entre as expressões.
 Ademais, em razão do caráter abstrato e da autonomia do processo, perde força a
ideia de nominar e diferencias as ações. Ação coletiva e ação civil pública significam a
invocação, por legitimados específicos (art. 82), da prestação jurisdicional para tutela das
mais diversas espécies de direitos coletivos (DMC e DPC).
Em síntese, as expressões ação civil pública e ação coletiva possuem o mesmo
sentido, ou seja, demanda que, independentemente da qualificação do autora, veicula
pretensões de direitos coletivos (lato sensu).

BIBLIOGRAFIA
BESSA, Leonardo Roscoe. Código de Defesa do Consumidor Comentado. 2 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2022.