O texto conta a história de Zimba, um escravo que foge de uma fazenda após ser condenado a 150 açoites. Ele decide fugir à noite e viaja para longe, oferecendo seu trabalho em troca de remuneração para continuar escapando da captura. Anos depois, ao ouvir um anúncio sobre sua fuga em um jornal, Zimba compreende que seu senhor está desesperado para recapturá-lo e decide mudar de região novamente para dificultar sua captura.
O texto conta a história de Zimba, um escravo que foge de uma fazenda após ser condenado a 150 açoites. Ele decide fugir à noite e viaja para longe, oferecendo seu trabalho em troca de remuneração para continuar escapando da captura. Anos depois, ao ouvir um anúncio sobre sua fuga em um jornal, Zimba compreende que seu senhor está desesperado para recapturá-lo e decide mudar de região novamente para dificultar sua captura.
O texto conta a história de Zimba, um escravo que foge de uma fazenda após ser condenado a 150 açoites. Ele decide fugir à noite e viaja para longe, oferecendo seu trabalho em troca de remuneração para continuar escapando da captura. Anos depois, ao ouvir um anúncio sobre sua fuga em um jornal, Zimba compreende que seu senhor está desesperado para recapturá-lo e decide mudar de região novamente para dificultar sua captura.
Alunos: Eduardo Alves Ferreira de Carvalho, Yuri Gabriel
Odeseira Calabria
CONTO
ZIMBA
Já pensando no castigo que o esperava no dia seguinte Zimba decidiu
que ao calar da noite sua fuga seria feita. A rota tomada não tinha importância, contanto que o levasse para longe daquela fazenda. Mas o que faria após sua fulga? Como se alimentaria? Do quê viveria? Todas essas perguntas enchiam sua cabeça enquanto esperava todos adormecer, perguntas essas que ele resolveu se preocupar depois, o mais importante agora era evitar os 150 açoites prometidos pelo senhor. Zimba mal tinha se recuperado do último castigo, suas costas não aguentariam mais uma série de açoites sobre o tronco, certamente se ele não saísse dali essa noite aquilo que o esperava no dia seguinte era a morte.
E assim foi feito, ao perceber um silêncio absoluto sobre a fazenda
Zimba se danou a atravessar o canavial, ao sair do meio de toda aquela cana sua fuga se deu em maior velocidade, atravessando arbustos e batendo em alguns galhos, se a noite estava fria Zimba não sentia, seu coração batia tão forte que seu sangue percorria rapidamente seus vasos sanguíneos. Ele tentou evitar o máximo que pode os caminhos de terra, temia que se por algum acaso descobrissem sua ausência ali seria o primeiro trecho a procurarem, além de que preferia não deixar rastros como pegadas ou fiapos de sua roupa como meios para encontrar o escravo fujão.
Parando para descansar resolveu subir em uma árvore grande o
suficiente para Zimba interpretar que seus galhos eram resistentes para suportar o seu peso. Ao subir encontrou um emaranhado de galhos no qual conseguiu apoio para se encostar e esticar suas pernas de maneira que Zimba ficou confortável. Enquanto estava lá cima um flash de pensamentos passa pela cabeça de Zimba, todos os acontecimentos que o levaram a situação em que se encontrava, desde o afastamento forçado da sua mãe quando ele tinha 10 anos até a sabotagem feita por ele das ferramentas de trabalho na fazenda. Agora com 26 anos, Zimba passou dezesseis anos de sua vida alimentando uma consciência de revolta no qual o levou a realizar atos de resistência contra a situação que se encontrava desde o seu nascimento. Ao sabotar o moedor de café três dias antes de sua fuga Zimba foi descoberto pelo seu senhor, que consequentemente o condenou a cem açoites sobre o tronco. Não satisfeito e alimentado de revoltado pelo castigo Zimba danifica mais do maquinário de trabalho da fazenda, seu senhor tomou como prerrogativa o último acontecimento e não pensou duas vezes ao responsabilizar o escravo atuante da última sabotagem, dessa vez o senhor prolonga o castigo de Zimba o condenando a um dia sem alimento e 150 açoites ao amanhecer, prolongando o sofrimento do infeliz, porém antes da segunda parte do castigo ser realizada Zimba decide fugir e agora se encontra em cima de uma árvore pensando para onde ir.
Ao descer da árvore, Zimba decide continuar sua fuga até a cidade, ao
decidir isso pensou imediatamente em se oferecer para trabalhar para ganhar um valor no qual o ajudaria ir mais longe do território da fazenda de onde tinha fugido. Para Zimba a comunicação oral nunca foi um problema, ao chegar na cidade conseguiu facilmente um trabalho após conversar alguns instantes com um dono de mercearia falando para este que tinha acabado de ser livre e procurava o que fazer para sobreviver, ofereceu sua mão de obra em troca de uma remuneração semanal. Após um mês de trabalho Zimba procurou sair da cidade em que se encontrava para amenizar o risco de ser encontrado, ao juntar boa parte de suas remunerações semanais decidiu viajar para uma outra província no qual usou da mesma estratégia na cidade anterior, oferecendo sua mão de obra em troca de remunerações semanais. E assim ele levou sua fuga até se manter longe o suficiente da fazenda em que era escravo.
Um dia, ao caminhar para o trabalho Zimba escuta dois senhores
conversarem na praça ao lado, um deles com um jornal em mãos. Com tempo restante para chegar ao trabalho Zimba decide parar na dita praça à uma distância audível das duas figuras que por acaso estavam falando de um anúncio publicado no jornal Boca do Império. Do muito que conseguiu escutar Zimba consegue captar a leitura em voz alta vinda de um dos senhores sobre o dito anúncio, que assim dizia:
“Há quatro meses, mais ou menos, fugiu o escravo Zimba, pertencente a
abaixo assignada, cujo sinais são o seguinte: Côr parda, estatura alta, boa figura, é um pouco prosa e valente quando embriaga-se, idade de 26 anos, mais ou menos, tem falta de dentes na frente, sem barba, pés e mãos grandes, andar moleirão, gosta de viajar, é bem conhecido nesta província, na de Goiás e S. Paulo. Tem um irmão em Jacuhy, por nome João Bueno nesta província onde desconfia-se estar o aludido escravo. É criminoso nesta cidade e sentenciado a 150 açoites. Quem o apreender e entregar ao senhor abaixo assinado será gratificado.”
Ao escutar aquilo Zimba imediatamente sai andando para o trabalho.
Naquele instante milhares de coisas passavam na sua cabeça, logo passou a andar mais devagar e processou melhor as palavras que tinha acabado de escutar. Sabia claramente que o anúncio dizia respeito a sua fuga, porém as características que Zimba escutou poderia facilmente ser associado a qualquer outro possível escravo fugido, e considerando que ele veio mudando seu nome para cada província que chegava dificilmente poderia ser capturado e levado para aquela fazenda novamente. Levou em consideração que deveria continuar se locomovendo para outras regiões e continuar com sua fuga para melhor dificultar sua captura. Pensando melhor sobre o que escutou antes de chegar ao trabalho, Zimba considerou-se orgulhoso de si mesmo, para fazer um anúncio em jornal era deveras muito caro, para chegar aquele ponto seu senhor estava desesperadamente atrás de Zimba, já que sua fuga completava 4 meses. Assim, ao entender a sociedade em que se encontrava Zimba foi aprendendo a lidar com as ferramentas ao seu alcance, traçando uma estratégia de fuga que consistia em vender sua mão de obra e juntar o suficiente para ir o mais longe possível do território que o faziam escravo, sempre usando as palavras ao seu favor. Talvez a sua vontade e todo aquele sentimento de revolta se converteram na forma com qual Zimba passou a sobreviver, burlando o sistema no qual era totalmente desfavorável a ele e a seus semelhantes.