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Tópicos

de Economia II
Universidade do Minho
Escola de Economia e Gestão
Curso: Preparação e Avaliação de
Capacidade para Frequência do Ensino
Superior para Maiores de 23 anos

Ano Letivo: 2021/2022

Abril de 2022
A Organização Económica das Sociedades
10. Relações Económicas com o Resto do Mundo

10.1. A necessidade e a diversidade de relações económicas internacionais;

10.2. O registo das relações com o Resto do Mundo – a Balança de


Pagamentos;

10.3. As políticas comerciais e a Organização do Comércio Mundial.


10.1. A necessidade e a diversidade das relações
económicas internacionais
Existem várias razões que levam os povos a trocar entre si
bens, serviços e capitais. O facto de um país não produzir um
bem, não o produzir em quantidades suficientes para
satisfazer as necessidades da sua população, o custo da sua
produção ser superior ao de outro país, entre outros. Nestas
situações, deverá procurar esses bens junto de outros países
Grande parte dos bens que consumimos não são
que o produzam com mais eficiência, reservando para si a produzidos internamente pela nossa economia.

produção de bens em que a sua ineficiência é menor.


Um dos aspetos que caracterizam as economias contemporâneas é o facto de serem
economias abertas.

Relações Internacionais
Economias abertas – Nestas economias os
agentes económicos residentes no país Políticas
estabelecem operações económicas com
Económicas
agentes económicos não residentes.
Culturais

Sociais
Para satisfazermos as nossas necessidades, temos que adquirir bens, serviços e capitais capazes
de realizar essa satisfação.
Quando o consumidor dispõe desses bens no mercado do seu país, diremos que a sua aquisição
correspondente a um ato de comércio interno; quando tal não for possível, sendo necessário
comprar a empresas pertencentes a outros países, diremos que se trata de comércio externo.

O comércio externo existe porque:


→ A produção de diferentes bens e serviços exige
diferentes recursos;
→ Os vários recursos estão distribuídos pelo
mundo de forma desigual;
→ A mobilidade dos fatores produtivos é reduzida.
Comércio externo ≠ internacional → Não são expressões equivalentes:

→ Quando nos referimos ao comércio entre um determinado país e os restantes,


estamos perante o comércio externo.
→ Quando nos referimos ao comércio entre os países em geral, estamos perante o
comércio internacional.

Troca de bens, serviços e capitais: § Turismo;


Bens § Transportes;
§…
Comércio Externo Serviços § Empréstimos;
e Internacional
§ Investimentos diretos;
§ Investimentos em carteira;
Capitais
§ Fundos provenientes da UE.
Divisão Internacional do Trabalho:

As sociedades, tal como os indivíduos, sofreram um processo de especialização que


originou as diferenças de produção a que hoje assistimos, e que levam a que se fale
numa Divisão Internacional do Trabalho (DIT).

→ Os países desenvolvidos produzem, duma maneira geral, bens que incorporam tecnologia
mais avançada;
→ Um outro grupo de países, os chamados Novos Países Industrializados (NPI), produzem
muitos bens industrializados mas, geralmente de baixo valor acrescentado;
→ Finalmente, um outro grupo, que engloba os países mais pobres limita-se a produzir bens
primários, bens de pouca ou nenhuma transformação.
Desta especialização da produção surge, então, a necessidade de efetuar trocas entre os
diversos países incrementando o comércio internacional. Permitindo aos países
envolvidos aumentar a sua produção, o seu rendimento e o seu bem-estar (estratégia
de crescimento económico).

No entanto, a Divisão Internacional do Trabalho (DIT)


origina desigualdades nas trocas, beneficiando os
países mais industrializados.

A Suíça é uma economia especializada


em instrumentos de elevada precisão.
Assim, passou a ser possível:

→ A especialização dos povos na produção de determinados bens ou serviços;


→ Aumentar a variedade de bens e de serviços disponíveis em cada país e aumentar a
quantidade produzida por cada país;
→ Aumentar o valor do produto; (crescimento das economias – aumento da produção e rendimento)
→ Melhor utilização dos recursos mundiais;
→ Aumentar o bem-estar da população em geral, embora existam ainda profundas desigualdades
no acesso das populações aos seus benefícios. (melhores níveis de vida)
Que razões estão por detrás desta especialização?

Associada ao conceito de especialização (e, portanto, da DIT) está uma teoria desenvolvida por
David Ricardo, em 1817, segundo a qual a especialização beneficia cada país.

Teoria das Vantagens Comparativas – “Cada país poderá beneficiar com a


especialização e exportação de bens que pode produzir com um custo relativamente
menor; inversamente, cada país beneficiará se importar os bens que, internamente,
produz com um custo relativamente superior.”
Exemplos:

v Um país com abundância de uma determinada matéria-prima, algodão ou petróleo,


poderá ter vantagem em exportar esse bem;

v Se um país possuir mão-de-obra abundante, poderá especializar-se em bens e serviços


de trabalho – intensivos;

v A indústria portuguesa assentou durante décadas em indústrias tradicionais que eram


competitivas em virtude de baixos salários praticados. Mas, perante a concorrência
imbatível (chineses e indianos), Portugal teve que evoluir produções que integram maior
valor acrescentado e tecnologicamente mais evoluídas.
§ Vantagem absoluta:

Diz-se que um país é possuidor de uma vantagem absoluta quando a sua produtividade
é maior e o custo de produção é menor.

Exemplo 1: se o agricultor necessita de 10 horas para produzir 1Kg de arroz, enquanto o pescador
necessita de 15 horas, então o agricultor tem uma vantagem absoluta sobre o pescador.

Exemplo 2: Nº de horas necessárias para produzir

País A País B O País A apresenta vantagem absoluta na


1 kg de batata 60h 80h produção dos 2 bens.

1 m de tecido 70h 110h


§ Vantagem comparativa (ou relativa):

Diz-se que um país apresenta vantagem comparativa se produz o bem com um custo
relativo mais baixo do que outro país.

Exemplo 1:
País A País B

Custo batata/custo tecido = 0,86 Custo batata/custo tecido = 0,73

Custo tecido/custo batata = 1,17 Custo tecido/custo batata = 1,38

O País A deve especializar-se na produção de tecido, exportando para o País B, e importará batata deste
país.
A decisão é tomada com base, não nas vantagens absolutas, mas nas vantagens comparativas.
A especialização é, simultaneamente, uma causa e uma consequência do comércio internacional.

As vantagens comparativas e a especialização que daí decorre não são rígidas: evoluem com o
tempo;
§ A evolução tecnológica, a I&D, a formação de recursos humanos, a evolução dos salários, …,
explicam que os países não tenham de se confinar em determinadas especializações.

Nas últimas décadas, o comércio internacional tem vindo a desenvolver-se de forma muito
acelerada. A mundialização das trocas, juntamente com a globalização, tem provocado
profundas alterações nas formas como os países se relacionam uns com os outros. Como
resultado do incremento das trocas internacionais, registou-se um aumento dos fluxos
migratórios, fazendo com que cada vez circulem mais pessoas de uns países para os outros.
10.2. O registo das relações económicas com o
Resto do Mundo – A Balança de Pagamentos

O aumento das trocas de bens, serviços e capitais entre um país e o Resto do Mundo,
fez surgir a necessidade da existências de registos.

É indispensável conhecer o tipo de bens e serviços que se trocam, o seu valor, a sua
origem e destino, o montante dos capitais recebidos e aplicados para investimentos ou
a situação global do país em relação ao exterior.
Em Portugal estes registos são feitos pelo Banco de Portugal e encontram-se

registados num documento – Balança de Pagamentos

É um documento estatístico e contabilístico anual, elaborado pelo Banco Central dos


países, onde se registam todos os fluxos monetários e financeiros que entram e saem
de um país, decorrentes das relações económicas entre um país e o Resto do Mundo.

Economia Nacional Resto do Mundo


(residentes) (não residentes)

Transações
Económicas
Residentes: Todos aqueles cujo centro principal de interesse económico se fixa em
Portugal (ou seja, efetuam operações económicas em Portugal durante pelo menos um
ano), estando portanto sujeitos ao controlo das autoridades económicas nacionais.

Exemplos:
v Cidadãos nacionais com residência fiscal no país;
v Diplomatas, estudantes e militares portugueses no estrangeiro;
v Imigrantes estrangeiros com residência permanente no país;
v Empresas constituídas no país, ainda que propriedade de não residentes; sucursais e
agências de empresas estrangeiras.
As Contabilidade Nacional e a Balança de Pagamentos são ferramentas essenciais para
estudar a macroeconomia de economias abertas e interdependentes.

As Estatísticas da Balança de Pagamentos ajudam-nos a acompanhar as variações no


endividamento do país com o estrangeiro, bem como o desempenho das suas
indústrias exportadoras e concorrentes com as importações.

A Balança de Pagamentos de um país regista todos os seus pagamentos ao estrangeiro


e todos os seus recebimentos do estrangeiro.
Assim, cada transação internacional é lançada duas vezes na balança de pagamentos:

• Uma vez como crédito (+) → Entrada de moeda (divisa) do exterior

• Uma vez como débito (–) → Saída de moeda (divisa) para o exterior

O saldo de cada uma das componentes da Balança de Pagamentos e o saldo final


resultam da diferença entre os créditos e os débitos.

Saldo = créditos – débitos

O saldo da Balança de Pagamentos é sempre igual a 0


Dada a diversidade e a importância de cada uma das operações efetuadas, estas estão
agrupadas em grandes conjuntos – são as componentes ou rubricas da Balança de Pagamentos.

A Balança de Pagamentos é composta por quatro rubricas, das quais as mais


importantes são a Balança Corrente, a Balança de Capital e a Balança Financeira.

A quarta rúbrica – Erros e Omissões – regista os acertos decorrentes de omissões e


erros inevitáveis em registos de tão grande envergadura.
Balança Pagamentos

Balança Corrente Balança de Capital Balança Financeira


Erros e Omissões
(10.2.1) (10.2.2) (10.2.3)

1. Balança Comercial (Balança de mercadorias ou bens)


2. Balança de Serviços
3. Balança de Rendimentos Primários (Balança de Rendimentos)
4. Balança de Rendimentos Secundários (Balança de Transferências Correntes)
Considerando que a Balança de Pagamentos é um documento de natureza contabilística,
o seu saldo final será zero.

Saldos (milhões de
Estrutura
euros) Como se pode verificar na Balança de
Balança Corrente – 2 557 Pagamentos 2012, a soma dos
Balança de Capital + 3 870 diferentes saldos intermédios (saldos
Balança Financeira – 1 787 das quatro rubricas principais) é zero.
Erros e Omissões + 474

Saldo da Balança Pagamentos = (– 2 557) + 3 870 + (– 1 787) + 474 = 0


10.2.1. A Balança Corrente

A Balança Corrente é um dos saldos mais importantes da Balança de Pagamentos,


traduzindo a situação de uma economia perante o exterior.

Regista, essencialmente, as transações entre residentes e não residentes de bens


(Balança de comercial), de serviços (Balança de serviços), de rendimentos de trabalho
e investimentos (Balança de rendimentos primários) e as transferências unilaterais
(Balança de rendimentos secundários), de compondo-se assim em quatro balanças.
1. Balança Comercial (Balança de Mercadorias ou Bens)

2. Balança de Serviços
Balança de
Corrente 3. Balança de Rendimentos Primários
(Balança de Rendimentos)

4. Balança de Rendimentos Secundários


(Balança de Transferências Correntes)
1. Balança Comercial (Balança de Mercadorias ou Bens)

Na rubrica de mercadorias registam-se os fluxos monetários correspondentes às


exportações e importações de bens de um país e o Resto do Mundo.

Exportações (saída de um bem) → entrada de divisas → registam-se a crédito;


Importações (entrada de um bem) → saída de divisas → registam-se a débito;

SALDO DA BALANÇA
= Valor das Exportações - Valor das Importações
COMERCIAL (Crédito) (Débito)
A título de exemplo, as importações feitas por Portugal constituem débitos e as suas
exportações, créditos, registando-se como se pode ver no quadro abaixo. O saldo da
Balança de Comercial obtém-se subtraindo os débitos com os créditos.

Milhões de euros

Balança
Crédito Débito Saldo
Comercial
Mercadorias/
53 737 68 146 -14 409
Bens
Fonte: INE (2020)

No caso Português, o saldo da Balança Comercial revela-se negativo e tem um forte impacto no saldo da
Balança Corrente, constituindo assim o principal motivo do défice desta balança.
Este saldo pode ser:
v Negativo → défice ou saldo deficitário
• Valor das exportações < valor das importações;
• O país tem de utilizar as divisas ou de contrair empréstimos;
v Positivo → Superavit ou saldo superavitária
• Valor das exportações > valor das importações;
• Obtenção de divisas;
v Nulo → Equilibrada
• Valor das exportações = valor das importações;
• O país não obtém nem utiliza as suas divisas;
A partir dos elementos que constam da Balança Comercial (mercadorias ou bens),
podemos determinar alguns indicadores importantes do comércio externo:

Taxa de cobertura

Grau de abertura ao exterior

Estrutura das importações e das


exportações

Estrutura geográfica
Taxa de cobertura

A Taxa de cobertura é um indicador de comércio externo que representa, em


percentagem, o valor das importações que podemos considerar como pago com o
valor das exportações efetuadas para outros países:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠


𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 = × 100
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠

Quanto maior for a taxa de cobertura, menos deficitário será o saldo da Balança
comercial do país.
Relação entre a taxa de cobertura e o saldo da Balança Comercial:

v Taxa de cobertura superior a 100 → saldo da BC positivo (superavit)


• Valor das exportações ultrapassa o das importações - o país acumula divisas;
v Taxa de cobertura inferior a 100 → saldo da BC negativo (défice)
• Valor das exportações é menor que o valor das importações - é necessário
utilizar as divisas existentes ou contrair empréstimos externos para cobrir o
défice;
v Taxa de cobertura igual a 100 → saldo da BC nulo (equilibrada)
• o país não utiliza nem obtém mais divisas.
Taxa de Cobertura das importações pelas exportações
Rácio - (%)

Fonte: INE (última atualização 08-04)

A taxa de cobertura das importações pelas exportações atingiu o valor de 78,9% em 2020, um aumento em
relação ao valor registado no ano anterior (74,9%). Em 2021 o valor diminuiu para 76,85%.
Grau de abertura ao exterior

Indica o peso (em percentagem) que as trocas com o Resto do Mundo têm face à
dimensão da economia interna, considerando-se que uma economia é tanto mais
aberta quanto maior for esse índice.

𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 + 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠
𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = × 100
𝑃𝐼𝐵@A

Este índice é influenciado, não só pela dimensão das trocas externas, mas também pela
dimensão absoluta da economia interna. Representa, de algum modo, um sinal da
sensibilidade da economia de um país ao que acontece na economia mundial.
Estrutura das importações e das exportações

Indica o peso (importância relativa) dos fluxos comerciais (importações e exportações)


de cada setor no total dos fluxos comerciais de todos os setores:

𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟
𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 = × 100
𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠

𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟
𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 = × 100
𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠
Estrutura geográfica

Indica o peso (importância relativa) dos fluxos comerciais (importações e exportações)


de cada país (ou agrupamento de países) no total das trocas mundiais:

𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑝𝑎í𝑠


𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 = × 100
𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑜 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜

𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑝𝑎í𝑠


𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑔𝑒𝑜𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 = × 100
𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑜 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜
Comércio Internacional de Bens, Exportações
Principais países de destino, 2020

Fonte: Estatísticas de Comércio Internacional, INE (2021)


Comércio Internacional de Bens, Importações
Principais países fornecedores, 2020

Fonte: Estatísticas de Comércio Internacional, INE (2021)


Saldo da Balança Comercial – Evolução anual, 2011 - 2020

Esta evolução favorável, contrariando o


observado nos 4 anos anteriores,
deveu-se sobretudo ao comércio Intra-
UE, que registou um decréscimo do
défice de 4 105 milhões de euros,
enquanto no comércio Extra-UE o
défice diminuiu 1 581 milhões de euros.

Em 2020, a balança comercial de bens apresentou uma diminuição do défice de 5 686 milhões de
euros, face ao ano anterior, registando um saldo negativo de 14 388 milhões de euros.
Portugal continua a importar mais
Evolução mensal das exportações e importações de bens do que exporta: défice da balança
bens – Jan 2020 – Jan 2022
de bens aumentou 617 milhões de
euros em relação a janeiro de 2021.
2. Balança de Serviços

Uma outra rubrica importante da Balança de Pagamentos é a Balança de Serviços.


(componente da Balança Corrente). Nesta rubrica, registam-se os fluxos monetários
entre residentes e não residentes, relacionados com a prestação de serviços entre
países.

A Balança de Serviços portuguesa tem apresentado saldos positivos, essencialmente


devido à rubrica de viagens e turismo, que muito tem contribuído para atenuar os
saldos deficitários que a Balança Comercial provoca na Balança Corrente.
Viagens e Turismo

Seguros

Transportes e fretes
Balança de
Serviços Direitos de utilização

Serviços financeiros

(...)
Exemplos de registos:

Crédito → receitas de turismo provenientes dos turistas


estrangeiros em Portugal;
Viagens e Turismo
Débito → despesas de turismo efetuadas por residentes
no exterior;

Crédito → receitas das seguradoras do país resultantes de

Seguros contratos feitos com não residentes;


Débito → despesas de residentes junto de seguradoras
estrangeiras;
SALDO DA BALANÇA Valor das receitas da Valor das despesas da
SERVIÇOS
= prestação de serviços - prestação de serviços
(Crédito) (Débito)

Este saldo pode ser:

v Negativo → défice ou saldo deficitário


• Se os débitos forem maiores que os créditos;
v Positivo → Superavit ou saldo superavitária
• Se os créditos forem maiores que os débitos;
v Nulo → Equilibrada
• Se existir igualdade entre débitos e créditos;
Evolução Anual da Balança de
Serviços 2009-2018

Evolução mensal da
Balança de Serviços e
viagens e turismo – M€
Jan 2021 – 2022
Antes da pandemia, as receitas de turismo
correspondiam a cerca de a 50% do total de serviços
prestados por Portugal ao exterior. Contudo em
2020, com a crise pandémica desceram para cerca
de 35%.

De onde são os turistas que


mais receitas geram a
Portugal e quais são os
principais destinos onde os
portugueses mais gastam?

https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/sabia-que/1439
Dada a sua similaridade, muitas vezes é feita a junção entre a Balança Comercial
(mercadorias ou bens) e a Balança de Serviços.

BALANÇA BALANÇA DE
BALANÇA
DE BENS E
COMERCIAL SERVIÇOS
SERVIÇOS
Balança de bens (comercial), serviços e bens e serviços
-Saldo-Anual-Milhões de €

https://bpstat.bportugal.pt/serie/12512486
Comércio internacional → 2 conceitos importantes:

Divisas

Taxa de
câmbio
Divisas:

Sabemos que, quando pretendemos efetuar um pagamento num país fora da Área do
Euro necessitamos de trocar euros pela moeda em causa. O processo de troca de uma
moeda por outra designa-se de câmbio.

Quando nos referimos ao comércio internacional, podemos encontrar muitas moedas


diferentes cuja a aceitação é generalizada. As moedas que servem como meio de
pagamento no âmbito do comércio internacional denominam-se de divisas.
Efetivamente, quando os países trocam entre si bens e serviços, necessitam de efetuar
os pagamentos nas respetivas moedas que seja aceite pelos intervenientes.

Esta questão prende-se com o facto de nem todas as moedas nacionais serem aceites
nas trocas internacionais, por estarem sujeitas a flutuações frequentes ou à
instabilidade das respetivas economias.

Existem fortes divisas no mercado internacional. A libra esterlina foi particularmente


estável até 1945, tendo sido preterida pelo dólar. Atualmente o euro faz parte do grupo
das divisas fortes.
Taxa de Câmbio:

É indispensável que haja uma forma de proceder à troca (câmbio) das diferentes moedas.

A taxa de câmbio dá-nos o preço da moeda estrangeira, isto é, o valor a que é possível
trocar moeda de um país pela moeda de outro país.

Esta taxa de câmbio pode ser calculada de duas formas diferentes:


• Pode representar o nº de unidades de moeda estrangeira que se pode comprar com uma
unidade de moeda nacional;
• Pode ser definida como o nº de unidades de moeda nacional que temos de dar para comprar
uma unidade de moeda estrangeira.
Exemplo:

Taxas de Câmbio para Euros

1 Divisa estrangeira = 1 Euro =


… euro … divisa estrangeira
Dólar dos EUA (USD) 0,90480 1,1052
Real do Brasil (BRL) 0,19417 5,1502
Libra esterlina (GBP) 1,1869 0,84255

Fonte: http://pt.exchange-rates.org/ em 03/04/2022

Nº de Libras necessárias para adquirir um Euro = 0,84255

Nº de Euros necessários para adquirir uma Libra = 1,1869


Mercado Cambial:

Mercado em que as diferentes moedas são transacionadas e no qual são definidos os


seus preços, ou seja, onde são definidas as taxas de câmbio entre as diferentes moedas.

Existem dois sistemas de taxas de câmbio:

Sistema de taxas de
câmbio fixas Sistema de taxas
de câmbio flexíveis
Sistema de taxas de câmbio fixas: as autoridades monetárias fixam taxa de câmbio e
intervêm sempre que necessário para garantir que a paridade estabelecida se mantém.

Sistema de taxas de câmbio flexíveis é determinado no mercado cambial, através da


conjugação da oferta e da procura de moeda estrangeira, sem a intervenção da
autoridade monetária.

Atualmente, nos estados da Zona Euro, compete ao Banco Central Europeu definir a
política monetária e cambial, pelo que os Estados membros não podem utilizar a
politica de desvalorização da moeda para incentivar o comércio externo.
Valorização / desvalorização da moeda:
As variações cambiais influenciam as trocas comerciais porque têm repercussões nos
preços dos bens transacionados.

v Desvalorização → quando a taxa de câmbio de um país diminui em valor


relativamente às de outros países.
Os produtos que esse país vende para o exterior tornam-se mais baratos, gerando
um aumento das exportações. Por outro lado, os bens adquiridos ao RM ficam mais
dispendiosos, levando assim a uma diminuição das importações.
Uma desvalorização monetária tem um impacto positivo na Balança de Comercial,
na medida em que faz aumentar as exportações e diminuir as importações.
Valorização / desvalorização da moeda:

v Valorização → quando a taxa de câmbio de um país aumenta em valor


relativamente às de outros países.
Os produtos que esse país vende para o exterior tornam-se mais caros, gerando um
diminuição das exportações. Por outro lado, os bens adquiridos ao RM ficam mais
baratos, levando assim a uma aumento das importações.
Quando há uma valorização acontece o oposto, o impacto na Balança Comercial é
negativo porque as exportações diminuem e as importações aumentam.
3. Balança de Rendimentos Primários
(Balança de Rendimentos)

Uma outra rubrica importante da Balança de Pagamentos é a Balança de Rendimentos


Primários (componente da Balança Corrente). Nesta rubrica, registam-se as entradas e
saídas de fluxos monetários entre residentes e não residentes relativos aos rendimentos
do trabalho e do investimento.

A Balança de Rendimentos é outra balança que apresenta saldos negativos, embora


sejam um valor inferior aos saldos da Balança Comercial, contribuindo negativamente
para o saldo da Balança Corrente.
Rendimentos de Trabalho

Balança de
Rendimentos
Primários Rendimentos de investimento
(Balança de Rendimentos)
• Rendimentos de investimento direto
• Rendimentos de investimento de carteira
• Rendimentos de outro investimento
Enquanto a parcela relativa aos rendimentos de trabalho apresenta um valor baixo, já
a dos rendimentos de investimento tem um valor significativo na BP Portuguesa.

A Balança de Rendimento
A saída regular de divisas
correspondentes ao rendimento
de capitais (juros e lucros) é um
dos fatores que torna a
economia portuguesa mais
vulnerável e dependente do
exterior.

Fonte: GEE (2019)


4. Balança de Rendimentos Secundários
(Balança de Transferências Correntes)

Uma outra rubrica importante da Balança de Pagamentos é a Balança de Rendimentos


Secundários ou Transferências Correntes (Última componente da Balança Corrente).

Regista as entradas e saídas de fluxos monetários entre residentes e não residentes que
não têm qualquer contrapartida de mercadorias, de serviços, ou mesmo de aplicações
financeiras e de investimentos, ou seja, que não resultam de qualquer pagamento ou
recebimento.
Remessas de emigrantes e imigrantes

Pensões de emigrantes regressados a Portugal

Balança de Donativos
Rendimentos
Secundários
(Balança de Indemnizações
transferências correntes)

Transferências correntes com a União Europeia

(...)
Balança de Rendimentos Secundários
(Balança de Transferências Correntes)

Transferências públicas Transferências privadas

Transferências em que um dos Transferências entre particulares.


intervenientes é o Estado. Ex.: Remessas enviadas pelos nosso
Ex.: Recebimentos provenientes da UE emigrantes e as enviadas pelos
(Fundo Social Europeu, Fundo Europeu imigrantes que trabalham no nosso país
Agrícola de Desenvolvimento Rural...) ...)
Exemplos de registos:

Remessas de
Crédito → remessas de emigrantes;
emigrantes e Débito → remessas de imigrantes;
imigrantes

Crédito → recebemos de um donativo do exterior;


Donativos Débito → concedemos um donativo ao exterior;

Crédito → recebemos uma indemnização do exterior;


Indemnizações Débito → concedemos uma indemnização ao
exterior;
Ver vídeo
https://www.bportugal.pt/page/remessas-sabe-
porque-sao-importantes-para-o-pais
Balança Corrente = Balança Comercial + Balança de Serviços + Balança de
Rendimentos Primários + Balança de Rendimentos Secundários

A necessidade de cada país conhecer a sua situação relativamente ao RM, no que


respeita a trocas correntes, pode ser satisfeita através da análise da Balança Corrente,
onde se registam os movimentos de entrada e de saída de fluxos monetários
correspondentes a mercadorias (bens), serviços, rendimentos de trabalho e
investimento e transferências públicas e privadas.
Observações:

Em Portugal:
v A Balança Comercial apresenta tradicionalmente um saldo deficitário.
v A Balança de Serviços tem saldo positivo, devido à rubrica Viagens e Turismo;

v A Balança de Rendimentos Primários tem apresentado saldo negativo, devido


aos lucros e juros pagos ao exterior;
v A Balança de Rendimentos Secundários tem apresentado um saldo positivo,
devido às remessas de emigrantes e às transferências correntes da União
Europeia.
10.2.2. A Balança de Capital

Uma outra rubrica importante da Balança de Pagamentos é a Balança de Capital.

Nesta rubrica, registam-se as transferências de capital entre um país e o Resto do


Mundo que não tenham um carácter corrente (como é o caso das transferências
correntes que se registam na Balança Corrente) e que não constituam fonte de
financiamento da atividade económica (como o investimento direto estrangeiro que se
regista na na Balança Financeira).
Exemplos:
v Os recebimentos de capital para investimento, provenientes da UE (Fundo de
Coesão, FEOGA-Orientação e FEDER) são registados na Balança de Capital.
v Os fundos destinados aos pescadores para reequipamento/modernização da
frota são registados como recebimentos de capital – Balança de Capital.

v Os fundos destinados ao abate da frota pesqueira ou a subsídios aos pescadores


são registados como recebimentos correntes – Balança Corrente.
Transferências públicas: (quando um dos
intervenientes é o estado português) como as
Transferências de transferências da UE para financiamento de
Capital infraestruturas, perdão de dívida, entre outros.
(para investimentos em
capital) Transferências privadas: transferências de
património resultantes do regresso de
Balança emigrantes.
Capital Regista-se as transações sobre a compra e venda
Aquisição ou de ativos intangíveis como, patentes, licenças,
cedência de ativos copyrights, franchises, marcas, contratos de

não produzidos e não “transferência” de jogadores; e sobre ativos


tangíveis, como a aquisição de terrenos ou
financeiros
habitações por parte de embaixadas.
O saldo conjunto da Balança Corrente e de Capital:

Na Balança Corrente e na Balança de Capital registam-se as operações de troca mais reveladoras


da economia de um país.

O saldo conjunto da Balança Corrente e da Balança de Capital traduz a capacidade ou


necessidade de financiamento de um país face ao exterior (RM) em determinado
período de tempo.

Se o saldo for negativo, significa que a economia está a viver acima das suas
possibilidades: consome e investe mais do que aquilo que produz ⇒ recorrer ao
exterior para financiar esse excesso.
Se o saldo for positivo, significa que a economia produz mais do que aquilo que
consome e investe ⇒ pode financiar outras economias com essa poupança.

Assim, o sinal positivo ou negativo do saldo conjunto da Balança Corrente e


da Balança de Capital revela a capacidade ou a necessidade de
financiamento de uma economia.

Ver vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=ZiF4WR4GjAI
https://bpstat.bportugal.pt/serie/12517408 Dados - até 2021
Quando um país começa a registar défices sucessivos na sua balança corrente e de capital, isto
pode ser um reflexo de que o país é pouco competitivo face ao exterior, na medida em que os
pagamentos ao exterior são superiores aos recebimentos.

Veja-se o caso de Portugal que, entre 1994 e 2011, registou défices sucessivos nas suas balanças
corrente e de capital. Neste caso, o país viu-se forçado a pedir um resgate financeiro em 2011.
A partir de 2012 as balanças correntes e de capital têm apresentado um saldo positivo que, até
2019, foi fortemente influenciado pelo excedente das viagens e turismo (Portugal exportou mais
serviços turísticos do que importou) e parcialmente compensado pelo saldo negativo da balança
de bens (Portugal importou mais bens do que aqueles que exportou).
Decomposição do saldo acumulado das Balanças Corrente e de Capital
– JAN 2021 – 2022

• Economia portuguesa com necessidade de financiamento de 552 milhões de euros em janeiro de 2022;
https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/noticias/1635/
10.2.3. A Balança Financeira

Uma outra rubrica importante da Balança de Pagamentos é a Balança Financeira.

Nesta rubrica, registam-se as transações com residentes e não residentes relativas à


mudança de propriedade de ativos e passivos financeiros, ou seja, movimentos de
fluxos financeiros entre um país e o Resto do Mundo que comporta cinco tipo de
operações:
Inclui o investimento direto estrangeiro
Investimento direto feito em Portugal, e de Portugal no
estrangeiro.

Aquisição, por um residente, de ações ou


Investimento de carteira obrigações do Tesouro Americano.

Balança Concessão de um empréstimo ou


depósito de um banco residente a outro
Outro investimento
Financeira não residente.

Transações de derivados financeiros


Derivados financeiros como futuros entre residentes e não
residentes.

Aquisição pelo Banco de Portugal de


Ativos de reserva títulos em dólares (moeda estrangeira)
emitidos fora da Zona Euro.
O Investimento Direto Estrangeiro (IDE): é uma rubrica importante da BP pela
importância que tem para o nosso desenvolvimento, diz respeito ao investimento de
agentes de um país sobre as empresas de outros países.

Regista-se a crédito o investimento direto do exterior em Portugal (IDEP), como a


aquisição de empresas no nosso país por parte de agentes não residentes, e regista-se a
débito os fluxos referentes ao investimento de Portugal no exterior (IDPE), como a
compra ou criação de empresas no Resto do Mundo.
O saldo da Balança Financeira:

Também através do saldo da Balança Financeira é possível verificar a capacidade ou a


necessidade de financiamento externo de uma economia.

Se o saldo for negativo, podemos dizer que a economia tem capacidade líquida de
financiamento externo.

Se o saldo for positivo, podemos dizer que a economia tem necessidade líquida de
financiamento externo.
A relação atrás definida, como já se entendeu, é de sinal contrário à que foi definida ao
saldo conjunto das Balanças Correntes e de Capital.

Se o saldo da Balança Financeira for negativo, então, o saldo conjunto da Balança


Corrente e Capital é positivo. O mesmo se passará quando o saldo da Balança
Financeira for positivo.

Balança Corrente + Balança de Capital = - Balança Financeira


(se não houver erros e omissões)
Exemplo do registo
efetuado na Balança de
Pagamentos
Balança de Pagamentos

Fonte: Banco de Portugal (2021)


10.3. As políticas comerciais e a organização do
comércio mundial
Um país pode adotar várias formas de se relacionar comercialmente com os outros.
Essas diferentes maneiras de relacionamento têm evoluído, no tempo e no espaço, mas,
no essencial é possível identificar dois modelos típicos.

O protecionismo
O livre-cambismo
O protecionismo:

O protecionismo é uma forma de relacionamento comercial entre países que defende


que o comércio entre os países seja sujeito a algumas restrições de forma a não
prejudicar as economias nacionais.

Não é contra a abertura da economia nacional


ao exterior.

Protecionismo
Adota medidas que levam a que esse comércio
se processe de forma distorcida como objetivo
de favorecer a economia nacional.
O protecionismo: Razões para a intervenção do Estado

Os governos intervêm no comércio internacional para ganhar vantagens económicas,


sociais e/ou realizar objetivos políticos.

Razões Económicas Razões Não Económicas

Prevenção contra o desemprego Manter indústrias essenciais

Proteger indústrias emergentes Lidar com países difíceis

Promover a industrialização Manter esferas influenciais

Melhorar de posição em relação


Preservar a identidade nacional
a outros países
O protecionismo: instrumentos de controlo

Os instrumentos usados para proteger as economias nacionais da concorrência externa


podem atuar dificultando as importações (os mais frequentes), mas também atuar do
lado das exportações, facilitando-as.

Barreiras tarifárias Tornam as importações mais caras e

Ex.: Direitos aduaneiros menos competitivas.


(impostos alfandegários)
Barreiras ou alfandegários
Alfandegárias Fixação de limites quantitativos à
Barreiras não tarifárias
Ex.: Contingentação importação, impedindo que se importe a
partir de determinadas quantidades.
O protecionismo: instrumentos de controlo

Direitos aduaneiros: correspondem a impostos sobre os bens importados e têm como


objetivo tornar os produtos estrangeiros mais caros dentro do território que a aplica,
fazendo assim, diminuir as suas importações.

Contingentação: é uma forma mais radical de defender os produtos nacionais, pois


consiste na restrição das importações de determinados produtos ou de produtos de
determinadas origens, pelo estabelecimento de quotas (limites máximos).
O embargo comercial corresponde a uma forma extrema de contingentação, dado que
proíbe a entrada de um bem.
O protecionismo: instrumentos de controlo

Lado das Exportações:

v Subsídios às exportações – tornando as exportações artificialmente mais baratas,


ganhando competitividade no mercado internacional.
v Desvalorização da moeda – torna as exportações mais baratas e as importações
mais caras. Ao desvalorizar a moeda, os bens tornam-se mais competitivos.
v Dumping – consiste em vender produtos nacionais nos mercados externos a preços
mais baixos do que no mercado interno, podendo vender abaixo do custo de
produção para ter competitividade no mercado internacional (é uma prática proibida na OMC).
O protecionismo: vantagens e desvantagens

Benéfico, temporariamente, para as indústrias «infantes» que necessitam de proteção


para ganharem experiência, qualidade e economias de escala.

Pode ter efeitos perversos – a ausência de concorrência externa pode resultar em


prejuízo para a competitividade.
Livre-cambismo:

O livre-cambismo nasceu em França, no século XVIII como os fisiocratas, que consideravam que toda a
riqueza provém da terra, opondo-se assim, ao intervencionismo mercantilista. Apareceu na Grã-
Bretanha, com Adam Smith, e já no século XIX surge outro seguidor, David Ricardo, o autor da teoria das
vantagens comparativas.

As principais críticas ao protecionismo eram que o impedimento da livre concorrência


fazia reduzir a eficiência das indústrias, traduzindo num aumento dos preços dos bens
que diminuía a liberdade de escolha dos consumidores. Desta forma, o Estado não
deveria intervir nas trocas, deixando que elas se processam livremente.
O livre-cambismo defende a liberalização das trocas entre todas as economias,
justificando-a como estratégia de desenvolvimento dos países. Os consumidores terão
acesso a mercados mais ricos e diversificados aumentando-se assim o seu bem-estar
económico e social.

Por outro lado, o livre-cambismo baseia-se na ideia de que quanto menores forem as barreiras à
livre troca de fatores de produção:
§ menores serão as tensões entre Estados, reduzindo-se drasticamente as guerras;
§ maior será a capacidade para a invenção e para a especialização, visto haver uma
dinâmica competitiva.
A Organização Mundial do Comércio (OMC):

Com base no reconhecimento da importância do comércio livre como fator de


desenvolvimento, 23 países de economia de mercado assinaram, em 1947, o General
Agreement on Tarifs and Trade (GATT).

O GATT era um acordo intergovernamental que tinha como objetivo estabelecer as


bases para a criação de uma organização internacional de comércio que defendesse o
desenvolvimento do livre comércio ente os países signatários, de modo a tirar partido
da liberalização das trocas, interrompida entre as duas grandes guerras.
A OMC nasceu em 1995, em substituição do GATT. É constituída por 164 países
membros (mais de 97% do comércio mundial) e o seu principal objetivo é criar a harmonia, a
liberdade, a equidade e a previsibilidade das trocas entre os países membros.

Funções da OMC:
§ Dirigir acordos comerciais;
§ Dinamizar negociações comerciais;
§ Moderar disputas comerciais;
§ Contribuir para a revisão de políticas comerciais nacionais;
§ Apoiar políticas de exportação com assistência técnica e formação;
§ Cooperar com outras organizações.
Para proporcionar a liberalização do comércio externo, a OMC aplica os seguintes
princípios:

§ Reciprocidade: se um país concede facilidades no acesso ao seu mercado por parte de bens
provenientes de outro, então este deverá proporcionar o inverso;
§ Não discriminação: sempre que um país concede mais facilidades no acesso ao seu mercado
aos bens provenientes de outros, então esta situação deverá também estender-se a todos os
outros países a quem adquire bens.

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