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14/04/22, 17:42 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais - Antropólogos indígenas propõem descolonização do pensamento para comb…

Universidade Federal
 de Minas Gerais

POR 
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Arte e Cultura

Antropólogos indígenas propõem


descolonização do pensamento para
combater epistemicídio
Célia Xakriabá e Edgar Kanaykõ abordaram a
luta de seu povo pelo 'território do
conhecimento’ em conversa no Festival de
Inverno
sábado, 31 de julho 2021, às 11h22
atualizado em segunda-feira, 2 de agosto 2021, às 14h16

A luta pela retomada da terra sempre foi central na vida dos povos indígenas.
Nos últimos tempos, esse processo também se estendeu para outros
territórios e alcançou o ambiente acadêmico. “Não é somente a retomada da
terra, há também uma disputa pelo território do pensar, do falar, do narrar,
do conhecimento, da política”, destacou Celia Xakriabá, doutoranda em
Antropologia na UFMG, que participou da roda de conversa Epistemicídio,
realizada na última quinta-feira, 29, no âmbito da programação do 53º Festival
de Inverno UFMG.

Além de Célia, o bate-papo reuniu o fotógrafo indígena Edgar Kanaykõ


Xakriabá e foi mediado pela professora e escritora Luana Tolentino,
doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UFMG. A íntegra
da conversa, traduzida para Libras, está disponível no canal Cultura UFMG no
YouTube, a partir de 1’40’’49’’’.

6º dia do 53º Festival de Inverno UFMG

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Em sua exposição, Célia, que é mestra em desenvolvimento sustentável pela


UnB, assessora parlamentar, professora e militante do movimento indígena
brasileiro, contou que os primeiros doutores indígenas não estavam na
universidade, mas na comunidade Xakriabá. Eram as parteiras, as benzedeiras
e as rezadeiras. “O primeiro livro que li foi o meu avô. Ele fala que
conhecimento precisa de ‘assuntamento’ e que é preciso tomar cuidado,
porque na universidade todo mundo pode ser inteligente, mas nem todo
mundo adquire a sabedoria, porque a sabedoria se adquire pisando firme no
chão do território”, avaliou.

Sobre o epistemicídio – expressão associada ao processo de exclusão e


de silenciamento de formas tradicionais e não acadêmicas de saber –, Célia
Xakriabá foi enfática. “Na universidade, nós não somos vítimas da bala de
fogo, mas somos vítimas da bala que tenta negar a nossa identidade e o
nosso modo de conhecimento em uma matança da nossa identidade. Somos
mortos quando nos tiram o nosso território e o nosso território do pensar”,
disse a doutoranda.

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Célia Xakriabá: "nossos antepassados foram ignorados quando alertaram sobre as mudanças climáticas"
Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

Para ela, a primeira fake news da história surgiu em dia 22 de abril de 1500,
com a "descoberta" do Brasil por Pedro Álvares Cabral em uma época em que
o seu território era habitado por mais de cinco milhões de indígenas. Célia
também defendeu a necessidade de ouvir os povos indígenas e outros
agentes do saber. “Nossos antepassados já falavam há muito tempo sobre as
mudanças climáticas e foram ignorados. Foi preciso que a ciência da
universidade dissesse isso”, lembrou ela, que pregou a descolonização do
pensamento. “Quando transitamos dentro da universidade, nós carregamos o
território dentro de nós. A intelectualidade não está em um único lugar, ela
está na cabeça, na mão, no nosso útero; nós, mulheres, escrevemos com
nosso útero, e, nós, povos indígenas, escrevemos principalmente com os pés,
a partir da história do caminhar coletivo”, destacou. “É urgente pensar a
descolonização contra a monocultura das mentes e do enxergar, porque toda
monocultura mata, inclusive a do pensamento", sustentou.

Novo arco e flecha


O fotógrafo Edgar Kanaykõ Xakriabá trouxe referências imagéticas para
ressaltar a importância da memória e da resistência indígenas. “Nesse mundo
tecnológico, as transmissões on-line são como uma fogueira fria, e, aos
poucos, nós vamos aquecendo-a com nossos saberes”, metaforizou Edgar,

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que é mestre emUniversidade


Antropologia, com dissertação no campo da etnofotografia,
Federal
 peladeFormação
e graduado Intercultural para Educadores Indígenas da UFMG.
Minas Gerais

Edgar analisou o imaginário construído em torno da presença indígena na


sociedade. “As pessoas ainda estranham quando veem o indígena fora desse
espaço que a sociedade lhe reservou, o do índio com arco e flecha."

Premiado, Edgar usa as lentes de sua câmera como “ferramenta” de luta, o


que torna possível lançar novos olhares sobre a vida indígena. “A câmera
fotográfica é o nosso novo arco e flecha. Graças à imagem, podemos contar
nossa história, que sempre foi contada do ponto de vista do branco. Isso
gera equívocos e estereótipos que matam vários saberes, pois somos vários
povos. A fotografia, o audiovisual, os meios tecnológicos também são usados
pelos indígenas como formas de transmissão de saberes”, reforçou.

Edgar Kanaykõ Xakriabá recorre à fotografia para valorizar a memória e reforçar a luta do seu povo
Reprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

(Gabriela Augustha Andrade)

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