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17 Sugestões de Políticas Públicas para Melhorar A Educação Do Município
17 Sugestões de Políticas Públicas para Melhorar A Educação Do Município
Cristovam Buarque
maio de 2012
Apresentação
No final de meu mandato como governador, o maior elogio que recebi foi de uma
senhora que disse: “você foi um bom inquilino da minha casa: Brasília”. Este deve ser o desafio
do prefeito - no Distrito Federal chama-se governador mas somos prefeitos também - e dos
vereadores. Cuidar de sua cidade.
Até há pouco tempo, o Município era um lugar sem poder. Com a Constituição Federal
de 1988, o Município passou a ser um ente da República, fazendo companhia à União e aos
Estados e Distrito Federal. Não há uma hierarquia. A autonomia que o Município conquistou
com a Constituição implica também um aumento de responsabilidade, tanto dos eleitores,
quanto das pessoas que forem eleitas para as Câmaras de Vereadores e para a Prefeitura; e na
necessidade de cooperação entre município, Estado e União.
Por isso, os partidos devem escolher seus melhores quadros para essas funções, como
servidores do público, responsáveis por colocar em prática um programa de melhoria da
convivência e de transformação social.
Foi pensando nisso, com o respeito pelos dirigentes municipais, que pensei em
compartilhar com vocês a experiência destes projetos e programas que me parecem simples
passos para grandes soluções. Alguns deles eu executei no Distrito Federal, quando era
governador/prefeito, outros me foram sugeridos posteriormente.
Cristovam Buarque
1. PREFEITO-CRIANÇA / PREFEITA-CRIANÇA:
Por mais que tenha motivação, nenhum prefeito ou prefeita pode deixar
de atender suas demais obrigações para cuidar apenas das crianças. Por isso,
você precisa de um auxiliar direto, no mais alto nível da administração, com a
preocupação central de desenvolver esse trabalho. Ele deve ser parte do seu
secretariado, para mediar, apoiar, agilizar e fiscalizar todas as ações do governo
voltadas para as crianças e os adolescentes.
Organização é a palavra-chave
7. VAGA AOS QUATRO ANOS: garanta vaga na escola mais próxima de casa a
todas as crianças no dia em que completarem quatro anos de idade.
Embora este sonho possa não ser possível desde já no seu município,
você pode começar a realizar pequenas ações que lhe permitam caminhar nessa
direção. Uma dessas ações está na implantação da Escola em Casa, um
programa já testado e aprovado no Distrito Federal, que consiste em contratar
jovens do ensino médio de famílias pobres para servirem como monitores das
crianças que estejam no ensino fundamental.
Com R$ 9.750,00 por mês, você pode contratar 130 monitores, pagando
uma Bolsa-Monitor de R$ 75,00. Uma jornada de atividades de três horas diárias
é suficiente para o atendimento de dois grupos com uma média de cinco
crianças por dia, em aulas particulares de recuperação e de apoio às atividades
esportivas ou artísticas realizadas na escola, na casa de algum dos alunos ou do
monitor, ou ainda em locais cedidos pela Prefeitura, pelas igrejas ou clubes.
· complemento educacional,
· aumento da sociabilidade,
· redução da repetência,
Com R$ 90.000 por ano pode-se atender até 100 mães, o que equivale a
200 crianças beneficiadas.
· Ainda que as famílias saibam gastar os recursos que recebem, estes não
serão suficientes para a compra de brinquedos, sem os quais as crianças não
alcançarão pleno desenvolvimento. Por isso, o governo municipal precisa
fornecer, em complemento à Bolsa Primeira Infância, um crédito para a compra
de brinquedos pedagógicos adequados à idade das crianças. Ao custo de R$
2.000,00 é possível financiar a aquisição de até dois brinquedos por criança ao
ano, para até duzentas crianças de cem famílias.
O apoio que você conseguir para garantir educação às crianças mais pobres do
seu município só terá efeito completo se os adultos com os quais elas convivem
forem todos alfabetizados. A eliminação do analfabetismo de adultos é uma
condição básica para o bom desempenho intelectual das crianças.
A casa onde mora uma criança tem reflexos em sua saúde, bem-estar e
educação. Por essa razão, o prefeito ou prefeita que desejar apoiar as crianças
de sua cidade deve dar atenção especial aos programas habitacionais dirigidos
às suas famílias. Por outro lado, a Bolsa-Escola e outros programas dirigidos às
crianças, além de transformarem a escola em centro de organização social das
famílias, garantem a elas uma renda mensal, permitindo a utilização de todo o
seu potencial para a construção e a recuperação de suas casas.
Agentes de Leitura
Cesta Ilustrada
Mas para fazer isso, precisamos de uma escola de tempo integral. Uma
escola que se dedique à formação e desenvolvimento da criança e da juventude
em tempo total.
A escola não pode ser fechada, nem nos finais de semana, nem nas férias
escolares. As outras secretarias (de Cultura, de Assistência Social, de Saúde)
devem e podem se integrar em um esforço conjunto para ocupar produtiva e
pacificamente a escola, com atividades de lazer, de cultura, cursos
profissionalizantes, espaços para reuniões da juventude, uma escola aberta à
participação política e social da comunidade e das entidades sociais. Aproveite o
espaço da escola para que à noite e nos finais de semana a comunidade possa
praticar esportes. E não precisa criar mais estruturas na prefeitura para isso,
chame a própria comunidade a se responsabilizar por essas atividades,
empodere as lideranças comunitárias e chame-as a construir esse projeto com
você.
Um dia vamos ter também o ensino superior como parte do que hoje
chamamos educação de todos. Todas as pessoas terão acesso à educação
integral, desde o maternal até a universidade. Isso não é impossível, já existe
em Cuba, que não é o país mais rico do mundo, mas que soube fazer escolhas e
priorizar a educação de seu povo. Poderá ser possível também no Brasil, se
soubermos, hoje, fazer nossas escolhas.
Dependendo das características de seu município, se aí tem uma
universidade ou não, se há universidades nos municípios vizinhos ou não, você
poderá criar programas de apoio para que estudantes que concluíram o ensino
médio possam ingressar na Universidade e frequentar cursos que tragam
benefícios para toda a sua comunidade.
b) Bolsas Universitárias:
c)Transporte Universitário:
Mas essa não é uma tarefa apenas de prefeitos e prefeitas. Todos devem
colaborar. Por isso, foi elaborado este pequeno documento, com sugestões
para vocês, líderes sociais e políticos que querem ser eleitos para os governos
municipais e câmaras municipais e que queiram fazer da criança e da educação
as prioridades de seus mandatos.