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UFERSA LEIAS

Ministério da Educação
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Departamento de Ciências Animais

Disciplina de Animais Silvestres


Carlos Iberê Alves Freitas
TAXONOMIA
◼ Classificação científica:
Reino: Animal
Filo: Cordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Família: Dasiproctidae;
Gênero: Dasyprocta; Myoprocta (cutiara)
Espécies: sete conhecidas
D. aguti D. primnolopha
D. azarae, M. acouchi
D.fuliginosa, M. exilis
D. leporina,
Nomes vulgares: cotia, cutia/ Common agouti
D. aguti – vermelha D. fuliginosa – preta
Dasyprocta azarae – parda

D. leporina D. prymnolopha

Myoprocta acouchi Myoprocta exilis


Outra - curiosidade
◼ Família Cavidae - só na Argentina.

◼ Mara, Lebre-patagônica ou “Patagonian Cavies”


(Dolichotis patagonum).

◼ Mamífero sul-americano.

◼ Grande porte, quase 2x tamanho de uma lebre europeia adulta, 7-9 Kg.

◼ Gestação: 91 - 111 dias. 25% um, 70% dois, 5% três crias.

Dolichotis_patagonum_-Temaiken_Zoo-8a.jpg: Luis Argerich derivative work:


Snowmanradio (talk) - originally posted to Flickr as Mara and uploaded
Outra - curiosidade

http://www.flickr.com/people/7147684@N03/ - Jason Hollinger - Batdorf, Ann Smithsonian’s National Zoologic Park, Washington, DC.
http://www.flickr.com/photos/7147684@N03/908293012/

◼ Apesar do nome popular é um parente bem distante das lebres.

◼ Sua ligação com os lagomorfos se dá somente por meio do clado Glires.


DISTRIBUIÇÃO

◼ Vive em:
➢ Selvas caducifólias e chuvosas tanto primárias como
secundárias,
➢ Bosques (em galerias) e
➢ Plantações das Guianas e do Brasil.
➢ Caatinga

◼ Encontrada em todo País.


DESCRIÇÃO
◼ Roedor herbívoro de tamanho intermediário

◼ Tempo de vida: 8 – 10 anos

◼ Patas:
a) Longas e finas,
b) Extremidades anteriores bem mais curtas que as
posteriores
c) Pés compridos, 5 dedos
 Três dedos desenvolvidos, c/ unhas cortantes
 Equivalentes a pequenos cascos,
 5º dedo muito reduzido
DESCRIÇÃO
◼ Cauda:
✓ Rudimentar (± 1cm compr.),
✓ Costuma ficar escondida entre o pêlo.

◼ Cabeça:
✓ Estreita,
✓ Focinho achatado,
✓ Olhos grandes e
✓ Orelhas médias e largas.

◼ Pelagem:
✓ Curta e áspera,
✓ Cor variável: vermelho  amarelada.
COMPORTAMENTO/ HABITAT

◼ Terrestre

◼ Vive em áreas com:


✓ Árvores grandes,
✓ Rios e zonas pantanosas,
✓ Onde encontra abrigos ideais para se refugiar.

◼ Hábitos noturnos.

◼ Tímida e estressada

◼ Situação atual: Amplamente espalhada e é bastante comum.


LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA

◼ PORTARIA Nº 118 DE 15 / OUTUBRO / 1997


Dispõe sobre o funcionamento de criadouros de animais da fauna
silvestre brasileira
➢ Com fins econômicos e industriais

◼ Formas de Implantação:
1. Registro no IBAMA,
2. Iniciar a formação do plantel:
◼ De onde obter os animais:
1. Captura na própria região onde está localizada a propriedade;

2. Doações de zoológicos que tenham excedentes de animais;

3. Doações de criadores conservacionistas

4. Apreensões do IBAMA;

5. Aquisições de criadores que fornecem matrizes e reprodutores.


TIPOS DE CRIATÓRIOS
E FINALIDADES P/ A ESPÉCIE

◼ Tipos de criação:
1. Conservacionistas (U.C. ou particular),
2. Científicas ou
3. Econômicas.

OBS: Unidades conservacionistas (UC):


 Têm como objetivo proteger ambientes naturais

 Onde se asseguram condições para a existência ou reprodução


da espécie.
CRIAÇÃO EM CATIVEIRO COMERCIAL

Baixo custo de implantação (Vantagens):


1) Instalações são simples e

2) Animais estão disponíveis para serem capturados.

Formas de criação utilizadas


A) Semi-intensivo

B) Intensivo
A) Semi-intensivo:
✓ Local amplo c/ baixa taxa de lotação,

✓ Área média dos piquetes telados 120m²,

✓ Devem conter vegetação e se aproximar o máximo do habitat.

✓ Dificulta a sociabilização e formação dos grupos.

✓ Custo não viabiliza produção comercial neste sistema

✓ Recomendada para conservação


B) Intensivo:
✓ Apresenta melhor relação custo/ benefício e produtividade por
área.

✓ Recomendada comercialmente

✓ Local de pouco trânsito


✓ Estrutura:
❑ Galpão de criação: semi-coberto
➢ Boxes de 12 a 15m²
➢ Reprodução: ninhos com cama (palha, capim, etc)
➢ Manejo e Apartação
➢ Crescimento

❑ Solário – área externa do box

❑ Piscina – 1m² e 25 cm de profundidade

❑ Boxes de quarentena – fora do galpão


❑ Piso concretado ou não

❑ Paredes de alvenaria – 30 a 40 cm

❑ Baldrame – 30 a 40 cm

❑ Cercado de alambrado – 1,5m de altura

❑ Uso de caixa ninho

❑ Corredor central

❑ Uso de quebra ventos

* Pode-se aproveitar instalações de aviários, etc.


SISTEMAS DE CRIAÇÃO

◼ Confinamento - em galpões fechados ou

◼ Semi-confinamento - soltas em piquetes cercados.

 Influência nos custos da criação:


◼ Ao ar livre são +baratos, porém exige um espaço.

◼ Sistemas intensivos podem usar propriedades com áreas de


diversos tamanhos.
Instalações

Cumeeira
Alvenaria e tela

Solário

Ninhos
Piscina
CONSTRUÇÃO DOS GALPÕES

◼ Deve ser considerada a região onde se faz a criação.

◼ Isto determinará:
1. Posicionamento do estabelecimento.
2. Especificações da construção.
3. Material utilizado.
CONSTRUÇÃO DOS GALPÕES

◼ Posicionamento do estabelecimento:
✓ Sentido norte-sul, para permitir a incidência dos raios solares

OU
✓ Sentido leste-oeste, para reduzir a incidência dos raios

solares.

◼ Material utilizado:
Podem ser construídos de alvenaria e tela,

Mais adequados às condições climáticas da região onde estão


localizados.
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

◼ Em locais que ocorrem temperatura abaixo de 10°C :


 Feche totalmente a instalação.

 Porém, assegure que haja boa ventilação no interior


do criatório

 O telhado pode ser de amianto*, p/ absorver mais o


calor do sol.
* TÓXICO
◼ Para clima mais quente, acima de 25°C :
 Construção de amplas janelas:
➢ Devem ser teladas ou
➢ De cobertura parcial.

 Telhas de barro:
➢ Mais frescas
➢ Não deixam aquecer o interior do galpão.

 Pé-direito alto:
➢ Beiral 1,80 m,
➢ Cumeeira 2,50 m,
➢ Garante ambiente mais ventilado e arejado.
ÁREA MÍNIMA INICIAL

▪ Área total: 60 m2,

▪ Conteúdo: 3 baias (boxes) para 5 matrizes (15)


DENTRO DE CADA BAIA INDIVIDUAL

 Caixa - ninho ou toca artificial


➢ 1,10 m (compr.) x 0,70 m (larg.) x 0,50 m (alt.)
➢ 0,20 cm (diâmetro) entrada(s)
➢ Com ou sem subdivisões
➢ Alvenaria, madeira ou compensado.

Perspectiva Fundo
DENTRO DE CADA BAIA INDIVIDUAL

 Manilhas de concreto ou cerâmica:


➢ Na horizontal,
➢ Na vertical.

 Latão tipo barrica:


➢ 200 Litros,
➢ Cortado ao meio longitudinalmente

 Lado interno:
➢ Forneça palha seca:
❖ Forrar os ninhos

❖ Eliminar a existência de umidade.


DENTRO DE CADA BAIA INDIVIDUAL

 Como os animais gostam de se banhar:


➢ Piscinas de 1 m2 c/ profundidade de 25 cm3

➢ Sem rampas ➔ impossibilita a entrada de filhotes

 E necessitam:
➢ Bebedouro

Cimentado em volta
SOLÁRIO

 Área com espaço ao ar livre


➢ Pode ser de chão batido,
➢ Mas o cimentado impede que escapem

 Bons escavadores
➢ Capazes de fazer pequenos túneis  fuga.

 Opção para baratear os custos:


➢ Alguns criadores utilizam criatórios de suínos
desativados.
MARCAÇÃO

◼ Anilha / Brincos

◼ Tinta (tatuagem)

◼ Microchip
SELEÇÃO

Boxes de Engorda
(Entram sexados e marcados)


Aos 4 – 5 meses

Corte (Abate) Box de reprodução


Descarte de matrizes
◼ Taxa de descarte: 20 %

◼ Descarta com 7 anos de vida ou 6 deIdade de


reprodução.
performance
máxima
◼ Matrizes Fêmeas:
✓ Manter no plantel na idade de 1-5 anos

OBS: Machos alfa:


✓De 4 em 4 anos deve ser permutado
Evita predileção por uma fêmea.
Hierarquização de fêmeas.
Consanguinidade.
MANEJO ALIMENTAR
Geral
◼ Herbívoras,

◼ Sementes e frutos,
◼ Dispersores de sementes

◼ Fazem coleta cuidadosa, época de abundância, p/


utilização em épocas de escassez.

◼ Coquinhos, castanhas-do-pará, verduras e legumes.

 Christian Ziegler
◼ D. azarae:
 Vida livre preda ninhos, ovos e aves,

 Hábito que perde em cativeiro se não os receber.


◼ Também gostam de milho, cana-de-açúcar e
mandioca.

◼ Devem ser alimentados diariamente, de preferência


ao entardecer.

◼ Animal consumo 10 – 15% do peso


Ex: animal adulto (2,0 - 3,5 Kg) máx. 5,0 Kg. Após
pesagem 4,5 Kg.
 450 g/dia
 30%: Ração e
70%: Frutas, milho, raízes, tubérculos, soja, etc.
COMPORTAMENTO

Categoria alimentação
(Feeding category)

a - abocanhar alimento; b – roer alimento;


c – comer com patas dianteiras na boca;
d – carregar alimento.
Categoria repouso
(Rest category)
a – sentado; b – deitado lateral;
c – deitado sobre os membros.
Categoria cuidados autodirigidos
(Category corporal care)
a – lamber dorso; b – coçar dorso c/ pata traseira;
c – lamber pata dianteira; d – lamber pata traseira;
e – lamber ventre; f – esticar o corpo.
Categoria locomotora
(Locomotive category)
a - Caminhada.

Categoria exploração
(Exploring category)
b - Observar ambiente;
c – Farejar apoiado nos membros traseiros;
d – Farejar superfície; e – Farejar ao ar;
f - Parado quadrúpede com pata dianteira elevada;
g – Cavar superfície.
Categoria coespecíficos
(Co-specific category)
a – Lamber outro indivíduo;
b – Farejar outro individuo.
Formação de grupo familiar
◼ Processo de socialização
✓ Função de formar colonias estáveis.

✓ Depende da sensibilidade e senso de observação


do criador.
 Passos:
1. Introduzir macho no box.
 Esperar período de acomodação e
 Exploração do novo ambiente (território)

2. Introdução de fêmeas
Uma a uma, até completer 5 matrizes

3. Enjaular uma fêmea


 Gaiola p/ 4 galinhas poedeiras de granja ou
 1m (c) x 0,6 m (l) x 0,5 m (a)
4. Introduzi-la no no box.

5. O macho inicia reconhecimento


 Urina e se esfrega na gaiola  marcação da fêmea
 Pode demonstrar agressividade
 Ocorrem aproximações que início são +frequentes
 Demonstram curiosidade com o animal novato

6. Dos cuidados:
 O tratador deve ficar em plantão de observação.
 Esta se resume ao comportamento alojado(s) ao
introduzido
 Alimentação em dias e horários determinados.
7. Aguarda a aceitação
 Macho e fêmeas (caso alguma já introduzida), não
demonstram a agressividade
 Perdem interesse e curiosidade
 Param de fazer aproximações
 Confirmar o estabelecimento do comportamento
acima.

8. Retirada da fêmea da gaiola.

9. Fazer vigília:
 Para detectar qualquer ataque ou comportamento
de agressividade.
Observações:
◼ Processo de socialização tem duração de 20-60 dias.

◼ Em indivíduos jovens este é menor de que em


adultos.

◼ Novos animais no plantel serão submetidos a este


processo.
Categoria agonística
(Agonistics category)
a - Bater patas traseiras na superfície
b - Piloereção;

KAISER.2011 modificado e revisado)


MANEJO REPRODUTIVO E REPRODUÇÃO

 Deve ser cuidados durante todo o ano,


➢ Pois os nascimentos ocorrem em qualquer mês
do ano.

 A partir do 1º mês de gestação,


➢ Filhotes podem ser sentidos PAROU
AQUI
(palpação abdominal).
Categoria reprodutiva
(Reproductive category)
Extra: Bater patas traseiras na superfície,
mas sem presença de outro macho
e sim fêmea próxima.
c - Cópula;

Categoria cuidados parentais


(Parental Care category)
d – amamentação

KAISER.2011 modificado e revisado)


◼ Proporção M/ F: de min. 1:1 ou máx. 1:5.
1:4 muito utilizada

◼ Maturidade sexual: 325 ± 102 dias F


266 ± 14,85 M.

◼ A fêmea apresenta um cio longo, logo após o parto.

◼ Ciclo estral
◆ Em geral: de 34 dias continuamente durante o ano,
◆ D. primnolopha: um pouco mais curto, 31 dias.

◼ Gestação: 103 - 117 dias.

◼ Mas os nascimentos se concentram em agosto e


setembro (inverno e primavera onde tem).
◼ As cutias tem 2 partos/ ano, na maioria das vezes
gêmeos.

◼ Intervalo médio entre partos: 179 ± 93 dias,

◼ N° médio de crias/ ninhada: 2,09 ± 0,69


 Os filhotes devem ser pesados periodicamente.
 Taxa de mortalidade:
➢ Filhotes: Infanticídio: 28,93%, 19,5%,
➔ Com evidências de canibalismo.
Combate ao infanticídio:
✓ Separação de perto ao parto para box específico.

✓ Apartação logo que evidenciados sinais pré-parto.

✓ Caso amanheça c/ cria junto ao grupo social, separação


imediata.

✓ que cometer infanticídio 2 partos seguidos, descarte e abate.

✓ Teor de ptn da dieta balanceado.


1. Atender a exigências nutricionais adequadas e

2. Componentes de qualidade.

✓ Níveis altos de estresse podem ser causa deflagadora.


◼ Taxa de mortalidade (continuação):

Jovens:10 %
➔ Segundo Hosken e Silveira, 2001.
➔ No geral, considerando filhotes também

➢ Adultos: 5 %
MERCADO

◼ Podem ser destinados a comercialização como:


➢ Reprodutores e matrizes ou

➢ Destinados ao abate.

◼ Principais produtos comercializáveis:


➢ Carne e

➢ Subprodutos (Pele).
Carne descrita como:
◼ Branca, macia e bastante saborosa
◼ Boa fonte de Ca e P
◼ Baixo valor calórico (120 kcal/ 100g).
ABATE
◼ 8 e 12 meses, =x
4,5 Kg

◼ Jejum de alimento sólido min. 24 h

◼ Atordoamento choque elétrico ou concussão

◼ Sangria
◼ Inspeção sanitária municipal, estadual ou federal
 Deve ser cadastrado junto ao IBAMA
 Animal recebe carimbo:
► (SIF) e
► n° de registro do criador

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