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Aluno (a): Gabriel Dias Moraes Matrícula: 0097814/1

Curso: Psicologia Período: 3


Disciplina: PSICOLOGIA ANALÍTICA
Professor(a): BRUNO PÓRTELA

- ATIVIDADE ACADÊMICA -
Análise Junguiana 22/06/2016

Nesta Breve análise, estarão dispostas descrições arquetípicas acerca do Filme ”O


Rei Leão”, onde serão levantadas reflexões sobre a individuação de Simba, aquele que
nasceu pra ser rei, herdeiro do rei Mufasa e rainha Sarabi. Tendo conhecimento sobre a
jornada do herói, que na animação, também incorpora a figura de um rei, a identificação e
descrição dos símbolos e arquétipos ao longo de toda a animação será delimitada, tentarei
me prender aos arquétipos e símbolos mais evidentes, ainda assim, com conhecimento de
minhas limitações.

O NASCIMENTPO DO HERÓI

A primeira Cena, o sol nasce no horizonte e a trilha remete-nos a uma nova


jornada, um nascimento milagroso anunciado por um fenômeno natural (como a estrela de
Belém no Novo Testamento), todos os que entendem o ciclo, reconhecem o sinal, vemos
que o percurso do sol é uma referência ao caminho até o Self. Quando a figura do Velho
Sábio, o líder espiritual babuíno Rafiki unge a testa de Simba com a essência dos céus e a
essência da terra, como aquele que uni os opostos e separa os indivisíveis lembra-nos do
batismo católico, onde o padre usa-se da água para a purificação e o óleo para ungir a
criança como o novo filho de Deus. Rafiki levanta o filhote e o apresenta a todos os animais
(como a apresentação de Jesus no Templo por Simeão, a criança que traria a salvação). A
figura da Grande Mãe aparece encarnada em Sarabi, mãe de Simba, o protagonista da
história.

TUDO QUE O SOL DA CONCIÊNCIA TOCA

O sol é o símbolo da soberania de Mufasa, as terras banhadas pelo sol estão


amparadas e protegidas por ele, mais tarde Simba, herdaria o lugar do antigo rei, num
continuo renascimento, o novo tem de renovar o velho em um ciclo sem fim. Musafa, no
entanto, explica a Simba que havia um local no qual não deveria ir, onde o sol não tocava
(remetendo-nos ao Gênesis, todas as árvores eram permitidas, menos a do fruto proibido e
se a comessem seriam castigados). No entanto, aqueles que nascem para serem reis,
precisam desvendar-se reis, refiro-me ao processo de revelação da personalidade que Jung
denominou Individuação, Simba ainda não entendia isso, e demonstrava traços de
narcisismo específicos do poder, a voz do pai ecoava em sua mente “jamais deve ir onde o
sol não toca”. Simba então vai visitar o tio, empolgado e orgulhoso com as revelações do
pai sobre a pedra do poder.

SCAR, O ARQUÉTIPO DA SOMBRA

O “outro lado da fronteira” talvez pudesse ser entendido como o inconsciente,


onde o sol da consciência não toca, e os seres que nele habitam os conteúdos do
inconsciente. A experiência de ir além dos limites do reino da consciência e entrar em
contato com a escuridão daquele lugar tenebroso, torna-se mais irresistível quando Scar
manipula o jovem Simba, que em contato comum ego má formado, desobedece a Mufasa e
parte com sua anima (personificada pela figura de Nala) e Zazu (o informante) para a “terra
proibida”. Lá os seres do submundo atacam e Mufasa aparece para defende-los.

Na dinâmica psíquica vemos que o inconsciente trai constantemente os desejos do


Ego que tende a inflexibilidade e ao fechamento em busca de segurança e estabilidade,
reduzindo suas possibilidades de vir a ser quem é. Após o incidente, Simba explica ao pai
que quis mostrar sua coragem, atributo indispensável a sua persona de Leão e futuro rei,
seu diálogo com o pai, agora demonstrou medo e a insegurança de não ter o pai ao lado
para protegê-lo, no entanto, Mufasa bem sabia que não estaria sempre ao lado do filho para
sempre, pelo próprio ciclo da vida. Mufasa é vítima de uma emboscada organizada pelo seu
irmão Scar, que coloca seu sobrinho propositalmente numa situação de perigo para atraí-lo.
Tentando salvar o filho, foi traído por Scar e acabou morrendo. Enganado pela sua sombra,
vai embora acreditando ser o culpado pela morte de seu pai. A morte de Mufasa significou
a morte da consciência, situação indispensável para que Simba pudesse se tornar um herói,

HAKUNA MATATA – O REINO DA ETERNA JUVENTUDE

Quando não há mais esperanças para o renascimento do novo rei e a concretização


do ciclo da vida, o filhote é encontrado por dois seres perdidos num mundo hedonista,
aparece neste cenário, Timão e Pumba. Sem a possibilidade da consciência dialogar com os
conteúdos do inconsciente, que pressupõe a flexibilidade do Ego, Simba reprimi, paralisa e
esconde seu conflito durante muito tempo, a partir daqui, inconsciente de si-mesmo se
esquece do rei que existe dentro dele, o lema agora era “Hakuna-Matata”, o esquecimento
dos problemas do passado, das regras e responsabilidades, o reino da eterna juventude.
“Quando o mundo vira as costas pra você, você vira as costas para o mundo”, virar as
costas pode ser entendido como voltar-se pra direção oposta, ao caminho para o processo
de individuação.
No entanto é preciso sair do “Éden”, confrontar-se com sua orfandade, suportar a
angústia de seu destino, e ir ao encontro de sua sombra. Enquanto Simba estava num
mundo “sem problemas”, o seu reino estava sendo tomado por forças sombrias, é quando
Nala, a anima de Simba reaparece fazendo-o pensar no que ele realmente é, o filho de
Mufasa e herdeiro de trono (lembra-nos, Jesus Cristo, Sidarta Gautama, e outros grandes
personagens que conseguiram a individuação após uma jornada de isolamento). Simba,
desorientado com a visita de Nala, sai pensativo e se encontra novamente com Hafiki, o
sábio profeta pressentiu que era chegado o momento para a grande revelação de Simba, e a
hora para desempenhar seu verdadeiro papel no ciclo da vida (assim como nas religiões
onde a figura do padre, guru, monge, pastor desempenham um papel de ajuda no processo
de individuação). O sábio tenta mostrar a Simba qual é seu verdadeiro caminho.

A PERGUNTA É: QUEM É VOCÊ?

Simba, confuso indaga quem era ele? O sábio devolvendo a pergunta lhe diz: “A
pergunta é, quem é você?”. A busca por si mesmo dá inicio a caminhada de Simba rumo ao
Self. Seu pai estava vivo e o seu reflexo na água mostrava-lhe a imagem de Mufasa. Com
esse entendimento em mãos, Hafiki pôde esclarecer afirmando: “Ele vive em você”.

Simba entra em conexão com a energia paterna até então esquecida e reprimida e
“escuta” a voz de sua alma, a luz da transcendência, lança-o em direção à voz do pai, que
ecoa em sua mente num momento de tomada de consciência. Mufasa, agora encarnando
uma representação diferente, hierofânica, fala ao seu filho: “Simba, você esqueceu-se de
mim, esqueceu quem você é. Olhe para dentro de você, você é muito mais do que pensa que
é. Você tem que ocupar seu lugar no ciclo da vida.” A partir daí Simba, sai em sua jornada
com a consciência de que enfrentará sua sombra, o Herói deixa seu reino da juventude e
toma luz de suas responsabilidades e deveres. O deserto, é como o lugar árido e escasso que
fortifica a residência, Simba precisa atravessa-lo para chegar ao seu reino (travessia do
povo judeu no deserto, a tentação de cristo). Sua anima e o velho sábio estarão cooperando
para ajuda-lo.

O CONFLITO COM A SOMBRA – O SELF

Com o estabelecimento desse novo posicionamento psíquico, o herói vai em


direção ao seu destino. Simba chega ao reino devastado e leva um choque. È quando
renasce a grande mãe novamente e desafia a sombra, Sarabi, junto com as demais leoas
viviam a mercê de Scar. Presenciando a cena em que Scar dá uma patada na face de sua
mãe, Simba aparece rugindo com toda a sua força. Agora Simba é capaz de olhar a
verdadeira face do tio, entrar em contato com o lado sombrio do pai, confrontar-se com sua
sombra.
A sombra o acusa, mas dessa vez, Simba não cede, assume a culpa e diz que foi
um acidente, Scar, no entanto o encurrala em um desfiladeiro, o fogo arde, indicando um
clima de grande decisão, Simba estava prestes a ser jogado pelo tio, igual ao seu pai,
quando escuta a confissão do tio e reverte a situação. O herói por fim toma o que é seu por
direito, e que antes estava preso nas garras da sombra. A intensidade do incêndio aumenta,
indicando a mudança e a morte do antigo reino de sombras, a chuva o resurgimento da vida
e de uma nova ordem, banha e purifica o novo rei, a situação muda e o reino volta a
florescer. Simba se casa com Nala, aquela que enquanto imagem de sua anima o iluminou
com sua presença e o ajudou a entender seu papel no grande ciclo da vida, o caminho para
o processo de individuação de Simba termina com o Self alcançado.

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