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NATAL/RN
2020
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NATAL/RN
2020
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BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Professora Dra. Cleonice Andréa Alves Cavalcante
Orientadora
______________________________________________________________
Professora Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante
Avaliadora interna – PPGSES/UFRN
______________________________________________________________
Professora Dra. Maria Lucia do Carmo Cruz Robazzi
Avaliadora externa – EERP-USP
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A Deus,
que mesmo Soberano e apesar de mim, ouve o meu clamor e me sustenta com
Sua poderosa mão todos os dias, lembrando-me que tudo é dEle e por Ele, inclusive eu.
À vovó Lourdes,
meu primeiro e maior exemplo de Fé e coração nobre nesta vida.
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AGRADECIMENTOS
A realização deste estudo contou com o apoio teórico e prático, além do suporte técnico e
emocional de várias pessoas queridas, às quais desejo expressar meu mais sincero e profundo
agradecimento.
Agradeço a Deus pelo dom da vida, por Sua Graça que me envolve constantemente, dando-
me o equilíbrio e a paz que excede todo entendimento; pela bênção recebida de ter boa saúde
e cognição para batalhar por meus sonhos; agradeço pelas portas abertas e pelas tantas
fechadas também!
Ao Amor da minha vida Elber Joaquim, sem o qual eu jamais conseguiria escrever com tanto
tempo e qualidade cada uma dessas linhas. Obrigada por abrir mão de tantas coisas comigo e
por mim. Obrigada por, a cada dia, esforçar-se mais e mais para me amar assim como Cristo
amou a igreja, entregando-se por ela. Para você o meu “Sim” mil vezes! Eu te amo demais!
Ao doce coração que tive o privilégio de gerar, Elisa! Minha boneca de frases infinitas que
enche nossa casa e nossa vida de pura efusividade. Meu combustível é você minha pipoca!
À minha amada mãe, que já lutava por mim desde antes de eu nascer. Minha maior
incentivadora, aquela que acredita em mim mais do que eu mesma. Meu exemplo de mulher
forte, de resiliência, garra e talento.
Ao meu amado pai, que é prova do poder renovador do sangue de Cristo sobre a vida de uma
pessoa. Que me ama incondicionalmente e que é capaz de tudo para me fazer sorrir.
Às minhas famílias: Fernandes de Souza/Vianna, Higino Ferreira e Caldas dos Santos, que de
várias maneiras distintas, atuaram para que eu me tornasse quem eu sou hoje.
Sou extremamente grata à minha paciente e resolutiva orientadora Cleonice, por trilhar de
braços dados comigo, toda essa trajetória do Mestrado. Bem como à toda equipe do respectivo
Programa, composta por pessoas tão generosas e de corações sensíveis.
Agradeço a todos os meus colegas de trabalho, pela compreensão e colaboração em todas as
etapas de desenvolvimento desta pesquisa. Certamente vocês representam uma família para
mim! Só que com registro de ponto!
Sou demasiado grata aos meus líderes espirituais, às minhas amigas e amigos queridos, os de
longe e os de perto, os da vida e os da igreja (especialmente os da minha célula!).
RESUMO
A promoção a saúde do servidor, além de contar com o seu próprio empenho enquanto agente
ativo na proteção de sua saúde, envolve estratégias multiprofissionais e de multigestão. Nesta
perspectiva, o Exame Médico Periódico atua como importante ferramenta para compor perfis
epidemiológicos pois, de forma coletiva, permite avaliar a condição de saúde dos servidores,
bem como detectar precocemente doenças relacionadas ou não ao trabalho. Neste contexto,
este estudo teve como objetivo construir um diagnóstico situacional e estratégias de
enfrentamento às causas da não realização dos Exames Periódicos na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, com
estratégia multi método sequencial, de abordagem quantitativa e qualitativa. Deste modo,
após o parecer favorável do Comitê de Ética da UFRN, a coleta de dados ocorreu em duas
etapas. Na primeira, de abordagem quantitativa, ocorreu a coleta de dados no Módulo Órgão
do portal SIAPEnet. Em seguida, para a coleta de abordagem qualitativa, foram enviados
convites por e-mail aos participantes, para o preenchimento de um questionário com
perguntas abertas e fechadas. Os dados foram analisados, respectivamente, por estatística
descritiva e análise de conteúdo segundo Laurence Bardin. Os resultados revelaram que a
característica comum ao perfil destes servidores é subjetiva, referindo-se à baixa expectativa
quanto ao potencial de resolutividade do serviço às suas demandas de saúde; e a principal
causa identificada para a não realização dos exames, refere-se à falta de tempo e/ou prioridade.
Assim, constatou-se que o ponto crítico para o distanciamento ao serviço está diretamente
associado à baixa efetividade em comunicar as ações pretendidas, evidenciado pela pouca
adesão, relacionado a inobservância de sua importância enquanto ferramenta de vigilância,
além do conhecimento insuficiente dos servidores em relação a necessidade e importância do
acompanhamento de sua saúde. Esta mudança de paradigma pode ser alcançada mediante
ajustes estratégicos nos fluxos, além da disponibilização de informações mais claras e precisas.
Finalmente, destaca-se a necessidade de ações direcionadas, coletivas e intersetoriais, com
métodos intencionais e programados, a fim de alcançar estes trabalhadores públicos.
ABSTRACT
Promoting government employee health, besides having its own effort as an active agent in
the protection of your own health, involves multi-professional and multi-management
strategies. In this perspective, the Periodical Medical Examination acts as an important tool to
compose epidemiological profiles, since it allows collectively assessing the health condition
of the employees, as well as early detecting illnesses related or not to their job. In this context,
this work aimed to build a situational diagnosis and some strategies to face the causes of non-
performance the Periodic Exams at the Federal University of Rio Grande do Norte. This work
is an exploratory and descriptive research, with a multi-sequential strategy, with a quantitative
and qualitative approach. Thus, after the favorable opinion of the UFRN Ethics Committee,
data collection took place in two stages. In the first, with a quantitative approach, some data
were collected in the ‘’Módulo Órgão’’ of the SIAPEnet web portal. Then, to collect the
qualitative approach, invitations were sent by email to the participants, to fill out a
questionnaire with open-ended and multiple-choice questions. The data were analyzed,
respectively, by descriptive statistics and content analysis according to Laurence Bardin. The
results revealed that the characteristic common to the profile of these servants is subjective,
referring to the low expectation regarding the potential of the service to solve their health
demands; and the main cause identified for not performing the exams refers to the lack of
time and / or priority. Thus, it was found that the critical point for departure service is directly
associated with the low effectiveness in communicating the intended actions, evidenced by
the low adherence, related to the non-observance of its importance as a surveillance tool, in
addition to the insufficient knowledge of the employees in regarding the need and importance
of monitoring your health. This paradigm shift can be achieved by making strategic
adjustments to flows, in addition to providing clearer and more accurate information. Finally,
we highlight the need for targeted, collective and intersectoral actions, with intentional and
programmed methods, in order to reach these public workers.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2 – Prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, 2020......49
Figura 13 – Proposta de fluxograma para execução do Exame Médico Periódico Itinerante ao setor
responsável da UFRN. Natal/RN, 2020................................................................................95
Figura 14 – Página inicial do site dos Exames Médicos Periódicos da UFRN. Natal/RN, 2020.......... 97
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Categorização dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo a faixa etária.
Natal/RN, 2020.....................................................................................................................67
Gráfico 2 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo as variáveis sexo e faixa
etária. Natal/RN, 2020.......................................................................................................... 67
Gráfico 3 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira
institucional. Natal/RN, 2020............................................................................................... 68
Gráfico 4 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira e sexo.
Natal/RN, 2020.....................................................................................................................68
Gráfico 5 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por lotação. Natal/RN,
2020...................................................................................................................................... 72
Gráfico 6 – Distribuição dos tipos de exposição aos riscos aos quais estão expostos no ambiente de
trabalho autodeclarados pelos servidores. Natal/RN, 2020.................................................. 75
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LISTA DE QUADROS
Quadro 2 – Detalhamento dos Exames Ocupacionais estabelecidos pela NR-7. Natal/RN, 2020........43
Quadro 3 – Detalhamento das situações dos Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020................45
Quadro 4 – Tipos de exames dos servidores de acordo com a faixa etária. Natal/RN, 2020................ 47
Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.................................................................... 93
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados apresentados de acordo com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão
para definição da população do estudo. Natal/RN, 2020......................................................... 54
Tabela 3 – Distribuição dos servidores que não realizam o EMP, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.........................................................................................69
Tabela 4 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, em relação ao total de servidores
por cargo. Natal/RN, 2020....................................................................................................... 70
Tabela 5 – Servidores que não realizam EMP, distribuídos por sexo e principais lotações identificadas.
Natal/RN, 2020.........................................................................................................................71
Tabela 6 – Quantidade de convocações dos servidores que não realizam EMP. Natal/RN, 2020........ 72
Tabela 7 – Distribuição dos servidores (as) respondentes, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.........................................................................................73
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 17
2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................21
3 OBJETIVOS.........................................................................................................................23
4 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 24
5 MÉTODO..............................................................................................................................48
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 66
6.2.3 Contribuições propostas pelos servidores para uma melhor adesão ao EMP................................80
6.3 DISCUSSÃO.................................................................................................................................... 81
7 PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS.....................................................................................92
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 99
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 102
1 INTRODUÇÃO
Este foco no trabalho ainda perdurou por alguns anos no Brasil. Considerando que as
medidas de cuidado em saúde se resumiam ao espaço laboral, as ações e serviços de saúde
oferecidos aos empregados inferiam maior importância ao controle e dependência do
empregador, do que o interesse à saúde em si (TAISSUKE, 2016).
Em 1959, através da recomendação da OIT1, é instituído um serviço de saúde
ocupacional nos ambientes laborais, no sentido de assumir a responsabilidade pela
preservação do bem-estar físico e mental dos trabalhadores, protegendo-os contra os riscos
ocupacionais (OIT, 1959).
É a partir dos avanços da Medicina Preventiva e da Saúde Pública, durante as décadas
de 1960 e 1970, que as interpretações do binômio saúde-doença são ampliadas, dando a
devida ênfase nas questões laborais presentes neste processo (PICHEK-SANTOS et al., 2019).
Assim, esta configuração hegemônica perdurou até a elaboração da Constituição de
1988, quando a representatividade dos movimentos sociais obtivera êxitos importantes, como
a origem do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1990, o Regime Jurídico Único (RJU) para
os servidores públicos federais (MARTINS et al., 2017).
Na sociedade atual, o trabalho tem ocupado uma posição de centralidade na vida das
pessoas, constituindo um lugar de identificação, de produção de valores diversos, de
construção de metas e de certo compromisso com o futuro (FRANÇA, 2019; CASTRO, 2012).
Apesar disso, as questões relacionadas ao trabalho, principalmente no tocante à
qualidade, saúde e segurança, revelam preocupações relativamente recentes, avanços lentos e,
certamente, constituem um assunto pouco explorado.
Considerando que se trata de um mundo diversificado e globalizado, os modelos
tradicionais não se aplicam aos novos paradigmas e, por isso, são necessárias investigações,
análises e intervenções constantes, num processo contínuo de avaliação (PÔSSAS; MEIRINO;
PACHECO, 2019).
A Lei Orgânica da Saúde acrescenta à relação trabalho-saúde o destaque à questão da
vigilância, na perspectiva de resgatar para o setor, a responsabilidade de intervir nos processos
determinantes dos agravos, decorrentes desta relação (MINAYO-GOMEZ; MACHADO,
2011).
A situação do mundo do trabalho, na atualidade, é visivelmente uma realidade
desafiadora para os trabalhadores, expressa através da degradação física e mental decorrente
1
“Recomendação de Serviços de Medicina Ocupacional, 1959 (nº 112)” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DO TRABALHO. Genebra, 43ª reunião da CIT, 1959. Disponível em: bit.ly/R112OIT. Acesso em: 13 mar.
2019).
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2
Sistema on-line de abrangência nacional, criado para armazenar informações pessoais, funcionais e financeiras
dos servidores ativos, aposentados e pensionistas; propicia consultas, atualizações, envio e recepção de arquivos
a todos os usuários envolvidos (BRASIL, 1990b).
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2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
− Quantitativo: Traçar o perfil dos servidores que não possuem Atestado de Saúde
Ocupacional por conclusão de Exame Médico Periódico;
− Qualitativo: Identificar as principais causas da não realização dos Exames Médicos
Periódicos;
− Misto: Elaborar tecnologias digitais e estratégias que possibilitem favorecer à
adesão dos servidores ao EMP.
4 REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com Carvalho (2014), ainda que o trabalho tenha sido estabelecido com o
surgimento da humanidade, a relação entre trabalho e doença foi praticamente ignorada até
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ampliar o olhar, voltava o foco, não apenas para o trabalhador, mas também para os ambientes
de trabalho (BILA, 2008; LIMA, 2017).
De maneira mais detalhada, Laurell (1981), relatou que no pensamento clássico da
saúde ocupacional, havia a compreensão de que os problemas do trabalho estavam
relacionados ao ambiente, uma vez que, é a partir dele que o trabalhador entra em contato
com agentes químicos, biológicos e psicológicos, causando-lhe acidentes e doenças.
Entretanto, a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional desconsideravam o
conhecimento do trabalhador como agente ativo sobre os processos e ambientes de trabalho,
então de forma a ampliar ainda mais os conceitos e incluir estes atores, surge a chamada
“Saúde do Trabalhador”, na qual a consciência e os saberes pertinentes à realidade vivenciada
por eles, possui sua devida relevância (DA SILVA, 2014; SANTOS, 2014).
O campo ST foi demarcado por uma construção teórica, recuperada pelo Movimento
Operário Italiano nos anos 1960, a partir de Ivar Oddone (ODDONE, 1986) e de Enrico
Berlinguer (BERLINGUER, 1978), sendo adaptada para a América Latina através das
formulações de Asa Cristina Laurell e Mariano Noriega (LAURELL; NORIEGA, 1989), no
México, além de Cristina Pôssas (PÔSSAS, 1989) e Anamaria Tambellini (TAMBELLINI,
1986), no Brasil, nas décadas de 1970 e 1980 (STRAUSZ, 2019).
No Brasil, por ser um país considerado jovem, a ST também possui uma trajetória
histórica recente. Aqui, como em todos os períodos citados anteriormente, a relação trabalho-
saúde também sofreu influências sociais e econômicas.
Gomez, Vasconcelos e Machado (2018) versam que o campo da ST no Brasil, resulta
de um patrimônio acumulado no âmbito da Saúde Coletiva, cujas raízes partem do movimento
da Medicina Social latino-americana e é influenciado consideravelmente pela experiência
operária italiana.
Os primeiros estudos realizados com essa temática datam entre 1880 e 1903, quando
dez teses de doutorado apresentadas à Faculdade de Medicina da Bahia, versavam sobre a
intoxicação crônica profissional por chumbo (MENDES, 2013), o que já naquela época,
demonstrava a preocupação dos pesquisadores brasileiros sobre a relação saúde-doença
provocadas pelo trabalho (BRASIL, 2011a).
Em 2019, completa-se apenas 100 anos desde a primeira lei que trata de acidentes de
trabalho no Brasil, através do Decreto nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919. Neste mesmo ano
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Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta Lei, um conjunto de atividades
que se destina, através das ações de vigilância sanitária, à promoção e proteção da
saúde dos trabalhadores, assim, como visa à recuperação e reabilitação dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença
profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, em
estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos à saúde existentes no
processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, da
normatização, fiscalização e controle de produção, extração, armazenamento,
transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos de máquinas e de
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
30
Após este marco de 1988, a saúde enfim teve sua importância reconhecida como o
pré-requisito para a manutenção da vida, bem como para o gozo dos demais direitos.
Considera-se o trabalho como parte da vida. A categoria trabalho se configura em
determinante social central da saúde pública, sendo corroborado pela CF, que designa as
ações em ST no âmbito da saúde, como competência do SUS (BRASIL, 1988; NICHELE,
2019).
A partir desta Lei é oficializada a nomenclatura “Saúde do Trabalhador” conforme a
definição supracitada. Seguiram-se a este acontecimento também a II e a III Conferência
Nacional de Saúde do Trabalhador, respectivamente em 1994 e 2005 (MENDES, 2013).
Gomez, Vasconcelos e Machado (2018), ressaltam o avanço da publicação em 1999
da “Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho”. Isto se deu através do artigo 6º (parágrafo
3º, inciso VII) da Lei Orgânica de Saúde, responsável pela revisão da listagem obsoleta e
reduzida que colocava o Brasil num ranking inferior de reconhecimento oficial de doenças
relacionadas ao trabalho, diante da maioria dos países do mundo ocidental.
Bastante ampliada, a listagem é bem detalhada no manual publicado em 2001, até hoje
referência para médicos peritos e profissionais de saúde (LIMA, 2017).
Os anos 2000 começam com a área técnica em ST do Ministério da Saúde,
desenvolvendo uma proposta para criação de uma rede que, após dois anos, seria oficialmente
normalizada como Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast)
(GOMEZ, VASCONCELOS e MACHADO, 2018).
Criada em 2009, através da Portaria Nº 2.728, a Renast tem por objetivo disseminar as
ações de ST, associada às demais redes do SUS (BRASIL, 2009a).
De acordo com o próprio portal3, é compreendida como uma rede nacional de
informações e práticas de saúde, organizada com o propósito de implementar ações
3
Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/rede-nacional-atencao-integral-saude-trabalhador-
renast.
31
4
Secretaria Nacional de Relações de Trabalho, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos. Terceirização e desenvolvimento: uma conta que não fecha: dossiê acerca do impacto da
terceirização sobre os trabalhadores e propostas para garantir a igualdade de direitos. São Paulo: Central Única
dos Trabalhadores; 2014.
Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Reforma trabalhista ignora estudos sobre a saúde do trabalhador,
diz especialista; 2017.
Rede Brasil Atual. Mudanças promovidas pela reforma terão impacto na saúde do trabalhador. São Paulo; 2017.
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incluir a coleta sistemática de dados referentes a tais eventos, sua contínua avaliação e, ainda,
a divulgação destas informações (ARREAZA; MORAES, 2010; LANGMUIR, 1971).
O processo de consolidação da vigilância, sedimentou ainda uma distinção entre a
vigilância epidemiológica e a sanitária (ARREAZA; MORAES, 2010).
Entende-se por Vigilância Epidemiológica, o conjunto de atividades que possibilita a
obtenção de informações essenciais para o conhecimento, a detecção ou prevenção de
qualquer mudança que possa ocorrer nos fatores determinantes e condicionantes do processo
saúde-doença, em nível individual ou coletivo, com objetivo de recomendar e adotar de forma
oportuna as medidas de prevenção e controle dos agravos (BRASIL, 1990a).
Por sua vez, Vigilância Sanitária corresponde a um conjunto de ações, capaz de
prevenir, diminuir ou eliminar os riscos à saúde, além de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse à saúde (BRASIL, 1990a).
Há ainda a sistematização, por Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), de três vertentes do
que chamam de “Vigilância da Saúde”. A saber:
a) Vigilância da saúde equivalente a “análise de situações de saúde”; promove a
ampliação dos objetos da vigilância epidemiológica tradicional, contribuindo para um
planejamento de saúde mais abrangente;
b) Vigilância da saúde como proposta de integração institucional entre a vigilância
epidemiológica e a vigilância sanitária;
c) Vigilância da saúde como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias. Ou
seja, representa a possibilidade de organizar processos de trabalho em saúde num território
delimitado para enfrentar problemas por meio de operações montadas em diferentes períodos
do processo saúde-doença.
O termo “vigilância da saúde” é ainda, por vezes, confundido com “vigilância em
saúde”, como se fossem sinônimos. Entretanto é importante realçar que, em seus contextos, os
dois termos possuem significações relevantes e positivas nas possibilidades de ação menos
fragmentadas em relação às vigilâncias (DE SETA, REIS; PEPE, 2011, grifo da autora).
De forma abrangente, às vigilâncias supracitadas, a Vigilância em Saúde consiste num
espaço estratégico do Estado para recolher evidências, a fim de desencadear ou recomendar
ações. Necessita de preconcepção ou de um modelo (implícito ou explícito) de ações de saúde
que, alimentadas pela teoria ou visão de mundo, consolidam-se em método de percepção da
realidade, para então desvelar as evidências capazes de serem implementadas no modelo
(NETO-RIBEIRO, 2013).
34
intervenção no corpo ou partes dele; mas evoluiu para a intervenção nas causas e, inclusive,
nos ambientes de trabalho (LOURENÇO; BERTANI, 2007).
A princípio argumentava-se sobre a resistência dos profissionais da atenção
primária como desafio a VISAT, por serem sobrecarregados de atividades e programas do
governo federal (CHIAVEGATTO; ALGRANTI, 2013).
Todavia este primeiro nível da atenção hoje caminha como avanço, através da
ampliação do olhar sobre o trabalho e o reconhecimento de seus reflexos sobre o viver e o
adoecer dos trabalhadores, de sua família e da comunidade, como tem demonstrado alguns
estudos (CHIAVEGATTO, 2010; LACERDA E SILVA, 2009).
Apesar dos avanços nas políticas públicas, direitos sociais, trabalhistas e políticos, nas
exigências para a troca, especialmente, no âmbito internacional, nesse início de século XXI,
novas e velhas questões relativas à saúde e ao trabalho se põem no cotidiano dos
trabalhadores (LOURENÇO; BERTANI, 2007; MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005) .
Nos primeiros anos após promulgação da CF, início dos anos 1990, foram criados
novos Programas de Saúde do Trabalhador em todo o país, porém nem todos conseguiram se
consolidar, pois neste período, os avanços da área dependiam da superação de vários desafios,
sendo alguns deles persistentes até hoje (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS;
MACHADO, 2018).
Dentre os desafios, destaca-se a ausência de uma cultura de ST no âmbito da saúde
pública, bem observada na pesquisa de Seta, Reis e Pepe (2011), a saber: “Maior ênfase será
dada às duas primeiras (vigilância epidemiológica e vigilância sanitária); dentre outros
motivos, pelos seus aspectos institucionais e de tradição no campo da saúde”.
Esta cultura (ou falta dela) se constitui em desafio principalmente por demandar o
aprofundamento das ações articuladas e integradas, envolvendo várias instâncias, quer intra
ou extra setoriais ao setor da saúde (PORTO et al., 2003).
Além disso, ainda perduram os conflitos de competência com outras áreas do aparelho
do Estado, somadas a resistência das vigilâncias tradicionais (principalmente a sanitária) a
incorporar o binômio trabalho-saúde em suas práticas, o que por sua vez, ainda implicam na
dificuldade de utilização dos recursos destinados às ações, mesmo os que possuem rubrica
própria (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Outro ponto é a carência de recursos materiais e humanos, leia-se um corpo técnico
com formação específica, bem como de processos de capacitação, considerados deficientes,
como conseqüência da marginalidade atribuída à questão trabalho-saúde, aliada ainda à
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A partir das informações contidas neste sistema e por meio de variadas estratégias
metodológicas, no âmbito da própria UFRN, nos últimos 5 anos foram realizados diversos,
conforme exibe o Quadro1.
Análise da relação entre saúde Analisar a relação entre o trabalho e a saúde mental de
mental e trabalho de docentes docentes de uma instituição pública federal de ensino Costa (2016);
universitários. superior.
Atividade laboral como contexto Realizar uma análise descritiva e clínica da atividade
de sofrimento e adoecimento laboral de servidores públicos de uma Instituição Federal
França
psíquico: análise dos servidores Brasileira de Ensino Superior, que apresentaram histórico
(2016);
públicos em instituição federal de queixa de adoecimento psíquico relacionado ao seu
brasileira de ensino superior. contexto laboral.
Ser realizado obrigatoriamente no primeiro dia de volta ao trabalho, após afastamento igual
de retorno ao
ou superior a 30 dias por motivo de doença, acidente ocupacional ou não, bem como nos
trabalho
casos de licença maternidade.
de mudança de Ser realizado antes que haja alteração de atividade, posto de trabalho ou setor que
função modifique a exposição de fatores de risco para a saúde do trabalhador.
Demissional Detectar doença ocupacional causada durante o exercício de sua função na empresa.
Fonte: Elaboração própria baseada em Carvalho (2014).
Já no serviço público federal, os procedimentos são definidos pelo próprio RJU, além
dos detalhamentos dispostos nos manuais de orientação do SIASS.
Assim, o RJU estabelece o “Exame para investidura em cargo público” e o “Exame
Médico Periódico”, operacionalizados, respectivamente, pelo Manual de Perícia Oficial em
Saúde e pelo Manual Operacional dos Usuários: Órgão (BRASIL, 1990b, 2010a, 2011c,
2017b).
Já os servidores que apresentarem indícios de lesões orgânicas ou funcionais, serão
submetidos à avaliação pericial, procedimento conhecido no serviço público como Avaliação
da capacidade laborativa (BRASIL, 1991).
Referente ao “Exame Médico Demissional”, não há especificação em lei vigente ou
nos manuais, cabendo às instituições estabelecerem seus modelos de atuação para estes casos.
Considerando que no serviço público, a demissão é caracterizada, em lei, como punição, na
UFRN a realização do Exame Médico Demissional é imbricada ao Processo Administrativo
Disciplinar.
Mediante este contexto e, considerando segundo Merhy (2007) que, a especificidade
do trabalho em saúde reside justamente na centralidade do encontro entre a pessoa e o
44
Neste sentido, Campelo (2015) caracteriza o EMP como uma conquista significativa
para a promoção da saúde dos servidores, principalmente por ter a preservação de sua saúde
como prioridade, observando os riscos existentes no ambiente de trabalho e de doenças
ocupacionais ou profissionais.
Além disso, é válido enfatizar que o EMP constitui um direito do servidor, instituído
pelo artigo 206-A da Lei nº 8.112/90, regulamentado pelo Decreto nº 6.856/2009, bem como
destacá-lo como uma importante iniciativa da PASS (BRASIL, 1991, 2009c).
Rebelo e Sortica (2000) detalham ainda, que o programa requer acompanhamento de
um médico do trabalho e que, seu objetivo é priorizar a preservação da higidez de todos os
trabalhadores, utilizando-se para isso, das ações de saúde que privilegiem o diagnóstico
precoce, dos agravos oriundos das atividades laborais que estejam fora do controle da
instituição.
Desta feita, a realização dos exames periódicos é de extrema importância para o
planejamento e a elaboração de ações de acordo com as necessidades dos servidores.
No âmbito da UFRN, o início oficial do EMP, ocorreu no mês de outubro de 2010, a
partir do evento realizado no auditório da reitoria, incluindo somente os servidores da
instituição com idade acima de 60 anos, com o objetivo de conscientizá-los sobre a
importância do novo serviço. Então, a partir de 2011, iniciaram-se as convocações ordinárias,
através do SIAPE, conforme as prerrogativas da legislação (MAGALHÃES, 2017).
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Quadro 3 – Detalhamento das situações dos Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020.
Status Descrição
Não
Após expirada a data estimada para realização do exame e o servidor não se manifestou;
Respondido
Servidor confirmou a realização dos exames, mas não iniciou (após expirada a data
Não Iniciado
estimada para realização do exame);
Não concluído Iniciado e não concluído (após expirada a data estimada para realização do exame);
Após iniciado, faltou alguma informação durante a consulta (geralmente algum resultado
Pendente
de exame);
Atrasado Pendência não resolvida após expirada a data estimada para realização do exame;
Por sua vez, ao Siape Saúde compreende o módulo “Órgão”, dos EMP. Neste,
encontram-se as informações dos EMPs de todos os servidores do SIPEC, além de promover
o envolvimento de todas as partes interessadas no processo, conforme a Figura 1, abaixo:
Quadro 4 – Tipos de exames dos servidores de acordo com a faixa etária. Natal/RN, 2020.
Idade Etapa Exames
Todos Avaliação Clínica ● Anamnese e exame físico, realizados por profissional médico;
● Hemograma completo;
● Glicemia;
● Urina tipo I (EAS);
Exames ● Creatinina;
Todos
laboratoriais ● Colesterol total e triglicerídios;
● Transaminase Glutâmica Oxalacética (TGO);
● Transaminase Glutâmica Pirúvica (TGP);
● Citologia oncótica (Papanicolau) – para mulheres;
Avaliação
≥ 45 anos ● Laudo oftalmológico completo;
oftalmológica
5 MÉTODO
5
Portal da UFRN. Sobre a UFRN. Disponível em: https://ufrn.br/institucional/sobre-a-ufrn. Acesso em: 19 mar
2019.
6
Portal da UFRN. Campi. Disponível em https://ufrn.br/institucional/campi. Acesso em: 08 abr. 2020.
50
unidades acadêmicas e hospitalares dos interiores do estado, a saber: Caicó, Currais Novos,
Santa Cruz e Macaíba (UFRN, 2020).
A etapa inicial e fundamental para realização desta pesquisa, partirá dos dados
quantitativos coletados na DAS, disponibilizados pela DIVIST.
É mister esclarecer que durante a elaboração deste trabalho, ocorreram algumas
mudanças na organização administrativa da UFRN e, com a alteração do Regimento Interno
da Reitoria7, a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor passou a se chamar Diretoria de
Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho, porém, por questões de logística, a sigla
“D.A.S.” permaneceu.
Inaugurada em 7 de dezembro de 2016, as novas instalações da DAS8 estão
localizadas na Rua da Praça, próximo ao Departamento de Artes, como mostra a Figura 3.
Compreende um espaço físico de 2.600 m², com três pavimentos, ocupados por quatro
Divisões e 114 servidores.
Institucionalmente é vinculada à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP), e
realiza mais de dois mil atendimentos por mês.
7
Portal da UFRN. Regimento Interno da Reitoria (2019). Disponível em
https://ufrn.br/resources/documentos/regimentos/RegimentoInternoDaReitoria.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.
8
Fonte: Boletim Diário da UFRN – Natal/RN, segunda-feira, 07 de dezembro de 2015 – nº 228 – Ano XV.
Disponível em: https://www.ct.ufrn.br/ufrn-entrega-novo-predio-da-diretoria-de-atencao-a-saude-do-servidor/.
Acesso em: 23 set. 2019.
51
Este estudo envolveu todos os servidores regidos pelo RJU e lotados na UFRN.
Considera-se que para realizar um estudo quantitativo rigoroso é necessário que haja
uma amostra expressiva. Por sua vez, a ideia qualitativa não é a de generalizar a partir da
amostra e sim, proporcionar informações em profundidade sobre o que se deseja explorar no
estudo proposto (CRESWELL, 2010).
O universo representou o total de 5.475 servidores, ou seja, o número de servidores
ativos na Instituição até 31 de janeiro de 20199. No que diz respeito a abordagem quantitativa,
a população estudada foi selecionada de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
● Ser servidor público ativo da UFRN, ou seja, mantém vínculo empregatício com o
Estado, regido pela Lei 8.112/90;
● Possuir, pelo menos, uma convocação à realização dos EMPs;
● Não possuir Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) emitido por Médico do
Trabalho da UFRN.
Especificou-se “Médico do Trabalho” visto que todos os servidores possuem pelo
menos um ASO emitido pelo “Médico Perito” no momento da investidura no cargo público.
9
O calendário dos Exames Médicos Periódicos, por questões de logística da coordenação responsável, difere do
cronograma da instituição, iniciando suas atividades em 1 de fevereiro de um ano e finalizando em 31 de janeiro
do ano subsequente.
52
Considerando que este ASO o designa “Apto para o exercício”, independentemente de onde
seja lotado, tal ASO não foi considerado como critério de inclusão.
É mister ainda destacar que, o EMP não é obrigatório e, com isso, o servidor
convocado pode não apresentar ASO de conclusão por dois motivos: pela “declaração formal
de recusa”, cadastrada em seu Sistema de Gestão de Acesso (SIGAC) ou apenas por livre
deliberação de não comparecer à consulta com o Médico do Trabalho.
E por sua vez, os critérios de exclusão são:
● Servidor com afastamento vigente e superior a 90 dias10 no período da coleta de
dados;
● Servidor com mais de uma matrícula na instituição (será considerado apenas um
vínculo, para estes casos);
● Servidores da Universidade, mas cedidos a outros órgãos11.
● Servidor categorizado no SIAPEnet como “Cedido”, “Colaborador PCCTAE” ou
“Professor Substituto”, pois existem algumas limitações do sistema na busca com
esses parâmetros;
Inicialmente, foram levantados 1.405 servidores na etapa quantitativa, os quais não
possuíam ASO até a data pré-definida. Destes, após a aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão (mais detalhados a seguir), restaram 1.245, correspondendo à população do estudo.
Então, a partir da categorização destes participantes, foi construída uma amostra,
espontânea e aleatória, utilizada para a abordagem seguinte, qualitativa. A crescente desta
amostra se deu até que houvesse a constatação da saturação das respostas, o que ocorreu no
43º respondente.
10
Segundo a Portaria Normativa nº 04, de 15 de setembro de 2009, o servidor que possuir afastamento superior a
90 dias, não será convocado naquele ano. “Parágrafo único: [...] a realização dos exames periódicos dar-se-á no
ano subsequente.”
11
De acordo com a Portaria Normativa nº 04, de 15 de setembro de 2009, em seu Artigo 7º: “estes servidores
deverão ser considerados no programa de exames periódicos do local de exercício, e não no programa do órgão
ou entidade cedente”.
53
Em relação aos procedimentos, esta pesquisa foi realizada em duas etapas, distribuídas
em seis passos, conforme descrito na Figura 4.
Figura 4 – Descrição das etapas da coleta de dados do estudo. Natal/RN, 2020.
ETAPA QUANTITATIVA ETAPA QUALITATIVA
CONCOMITANTE CONCOMITANTE
12
Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br/servidores
13
Disponível em: https://sipac.ufrn.br/public/jsp/portal.jsf
54
Técnicos Níveis:
TEC_ADM
administrativos: A, B, C, D e E;
Níveis:
(A) Auxiliar,
Assistente A, Adjunto
Docentes
A;
Magistério DOC_SUP
(B) Assistente;
Carreira na Superior:
(C) Adjunto; CARREIRA
Instituição (D) Associado;
(E) Titular;
Aposentadoria 46 3,50%
Demissão 1 0,07%
14
Disponível em: https://www.google.com/intl/pt-BR/forms/about/
58
Consecutiva à etapa anterior, esta correspondeu ao quarto passo, em que, por meio das
estratégias elencadas, foi realizado o contato com os primeiros servidores, através do envio do
primeiro malote virtual de convites, a fim de apresentar os objetivos da pesquisa e
disponibilizar o link para o preenchimento do questionário.
Tomou-se a cautela de checar se, na população do estudo, alguém havia se
apresentado recentemente ao serviço e concluído o EMP, a fim de evitar que o envio do
convite fosse importuno. Observou-se que 76 pessoas (6,1%) haviam regularizado sua
situação e encontravam-se com o ASO atualizado restando, assim, 1.169 servidores-alvos
(93,9%) para o envio.
O início do quinto passo ocorreu em novembro de 2019 quando foram enviados os
primeiros convites, de maneira gradativa, com o intuito de manter o controle das entregas,
bem como o acompanhamento das respostas, considerando que a “saturação das respostas” foi
o parâmetro escolhido para o encerramento da coleta das informações qualitativas.
Como o questionário era composto por duas partes, cuidou-se para que sua disposição
no corpus não desvinculasse as variáveis da Parte I – Caracterização do Participante, com os
textos da Parte II – Percepções a respeito do EMP.
Para a análise das respostas, estas foram separadas conforme as convergências sobre
um determinado assunto. Desta forma, pôde-se destacar as semelhanças e diferenças entre os
textos, a fim de sistematizar os pontos análogos e opostos.
Em seguida, os dados foram agregados e categorizadas mediante suas aproximações
de conteúdo. Definiram-se, então, as seguintes categorias:
a) Efetividade em comunicar o EMP, com as subcategorias: reconhecimento da importância,
desconhecimento ao serviço, EMP x Resultado laboratorial e EMP x Checkup de Saúde.
b) Obstáculos referidos, com as subcategorias: obstáculo superável, obstáculo imaginário,
auto responsabilização e resistência aos serviços de saúde e por último,
c) Sugestões do servidor.
Estas categorias correspondem às principais inquietações da pesquisa.
A análise dos resultados, bem como a interpretações de seus conteúdos, deu-se por
meio do diálogo com os autores estudados na revisão de literatura.
A partir do surgimento das necessidades dos servidores lotados nas unidades externas
ao Campus Central, utilizou-se o Software Wordle™ v0.2, para a elaboração da nuvem de
palavras, especificamente para os conteúdos produzidos por estes, com o objetivo de
representar visualmente estes achados.
Então, através das estratégias elencadas para cada tipo de abordagem, foram
apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa.
Desta maneira, a trajetória metodológica da coleta de dados desta pesquisa foi
esquematizada no fluxograma apresentado na Figura 11.
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Gráfico 1 – Categorização dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo a faixa etária.
Natal/RN, 2020.
Todavia, ao realizar o cruzamento entre as variáveis sexo e idade, observa-se que este
comportamento varia entre homens e mulheres.
O sexo masculino apresenta uma elevação constante, com um aumento expressivo, a
partir dos 40 anos de idade. Já o sexo feminino, mantém-se constante na larga faixa etária dos
30 aos 50 anos apresentando, porém, uma queda a partir de então, como mostra o Gráfico 2.
Gráfico 2 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo as variáveis sexo
e faixa etária. Natal/RN, 2020.
Gráfico 3 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira
institucional. Natal/RN, 2020.
Gráfico 4 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira e
sexo. Natal/RN, 2020.
Tabela 3 – Distribuição dos servidores que não realizam o EMP, segundo faixa etária e
variáveis sociodemográficas. Natal/RN, 2020.
Idade
Variáveis
20-29 30-39 40-49 50-59 60+ Total
Sexo n % n % n % n % n % n %
Feminino 34 2,7 151 12,1 136 10,9 157 12,6 127 10,2 605 48,6
Masculino 39 3,1 126 10,1 119 9,5 176 14,1 180 14,4 640 51,4
Carreira
Técnico 67 5,4 130 10,4 97 7,8 178 14,3 151 12,1 623 50
Administrativo
Docente Magistério 4 0,3 131 10,5 148 11,9 141 11,3 147 11,8 571 45,9
Superior
Tabela 4 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, em relação ao total de
servidores por cargo. Natal/RN, 2020.
Não realiza EMP / sexo
Efetiv
Variáveis
o
Total Feminino Masculino Total
Nº Cargo N n % n % n %
PROFESSOR DO MAGISTERIO
1 2146 244 42,9 325 57,1 569 26,5
SUPERIOR
ASSISTENTE EM
2 757 68 53,9 58 46,1 126 16,6
ADMINISTRAÇÃO
Tabela 5 – Servidores que não realizam EMP, distribuídos por sexo e principais lotações
identificadas. Natal/RN, 2020.
Não realiza EMP / sexo
Variáveis
Efetivo
Feminino Masculino Total
Total
Nº Lotação N n % n % n %
SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
6 90 5 11,7 18 78,3 23 25,5
UNIVERSITÁRIA
Gráfico 5 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por lotação.
Natal/RN, 2020.
Tabela 6 – Quantidade de convocações dos servidores que não realizam EMP. Natal/RN, 2020.
Quantidade de convocações 1 2 3 4 5 6 7 8 9
avaliar seu conhecimento sobre o serviço; e analisar as sugestões de melhorias propostas por
eles.
Busca-se, portanto, contribuir com a (re) construção de um dos três eixos que
compõem a PASS, apresentando a percepção dos servidores em diversos níveis, envolvidos
com os objetivos desta pesquisa.
Na primeira parte do instrumento, que trata sobre à caracterização dos respondentes,
observou-se um equilíbrio de informações referentes ao gênero e ao cargo, com valores
relativamente aproximados. Este fato foi útil pois se assemelha à população descrita na etapa
quantitativa.
Dos 41 questionários analisados, participaram, majoritariamente, os servidores com
até 9 anos de carreira na UFRN (48,8%) sendo, a maior parte, acima dos 40 anos, como
demonstrado na Tabela 7.
Tabela 7 – Distribuição dos servidores (as) respondentes, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.
Dados encontrados
Variável Categorização
N %
Feminino 23 56,1
Gênero
Masculino 18 43,9
18-29 4 9,7
30-39 7 17,1
50-59 8 19,5
60+ 10 24,4
0-9 20 48,8
10-19 7 17,1
30-39 3 7,3
40+ 6 14,6
Docente** 23 56,1
Cargo
Técnico Administrativo 18 43,9
Fonte: Elaboração própria baseada em Fadel, Bordin, Bobato (2019).
* Como o questionário foi encerrado em Jan/2020, contou-se os anos até Dez/2019.
** Do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico, Tecnológico.
74
Gráfico 6 – Distribuição dos tipos de exposição aos riscos aos quais estão expostos no
ambiente de trabalho autodeclarados pelos servidores. Natal/RN, 2020.
Reconhecimento da importância 19
Conhecimento adequado 13
Refere-se aos conceitos e
Desconhecimento ao serviço 40
Conceitos e Percepções as percepções, apropriadas
acerca do EMP ou não, sob a perspectiva Confusão EMP x Resultado
dos servidores ao serviço. 5
laboratorial
Contribuições propostas
Refere-se às sugestões e/ou propostas dos servidores,
pelos servidores para
revelando as potenciais condições que os levariam a realizar os 38
uma melhor adesão ao
exames.
EMP
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Os servidores associaram, com certa frequência, o EMP à consulta de rotina com seu
médico pessoal, inclusive, em alguns casos, constatou-se até o reducionismo de todo o
processo de vigilância do EMP à simples entrega do resultado laboratorial.
A utilização deste recurso gráfico, foi importante para evidenciar os termos mais
frequentes nos discursos dos respondentes, o que por si só não resolve o problema, mas
provoca apontamentos dentro do texto, para o quê se observar dentre as falas ou, mais
importante ainda, para quem.
80
6.2.3 Contribuições propostas pelos servidores para uma melhor adesão ao EMP
“Lembretes automáticos na caixa de e-mail do servidor, podem fazê-lo estar mais atento à
necessidade de acompanhamento do seu quadro clínico” (Q5);
Melhora na
“Já adiantei ‘estratégias de comunicação’; talvez encenações teatrais em locais públicos da
comunicação (5)
UFRN ou exposição de filmes educativos com um toque leve e humorístico; entrevistas de
profissionais de saúde nos meios de comunicação da UFRN (boletins, rádio, televisão) e,
num nível mais profundo, debates” (Q35).
“Palestras periódicas sobre saúde associadas aos temas sobre segurança no trabalho”
(Q25);
“[...] Sugiro uma pesquisa com os pés no chão e voltada para um resultado útil para além
Atividades
de críticas óbvias e impraticáveis. O cidadão deve procurar investir em sua saúde e isso
Educativas (3)
deve ser suposto. O sistema atual é bom. A única medida complementar possível seria a
conscientização que, em algum momento, o protocolo será insuficiente como estratégia
preventiva e que o próprio servidor deve procurar outros exames preventivos
complementares” (Q36).
Vigilância e
“acho que poderia estar melhor atrelado à vigilância e embasar melhor as ações de
promoção à saúde
promoção à saúde. [...] Trabalhar melhor a questão da vigilância, o pós-exame” (Q2).
(2)
Obrigatoriedade do
“[...] o exame teria que ser obrigatório” (Q42).
EMP (1)
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
6.3 DISCUSSÃO
cargos em nível superior (N=834; ≈ 67%), bem como, em sua maioria (56,2%), estão há pelo
menos 7 anos na Universidade (mediante a quantidade de convocações).
Verificou-se ainda que, ao presente perfil, corresponde majoritariamente a lotação no
Campus Central (N=839; 67,3%); embora, proporcionalmente, sejam os servidores das
unidades externas, os que comparecem menos ao EMP.
Dentro do Campus, aproximadamente 59% (N=495) da população estudada,
corresponde aos trabalhadores docentes (em ambas as carreiras institucionais).
Alguns estudos confirmam que a saúde do trabalhador docente se encontra altamente
comprometida, visto que as altas demandas de trabalho, acadêmicas e pessoais podem
comprometer a qualidade de vida e a saúde laboral docente (CORTEZ et al., 2017; SILVA,
2019).
Referente a estes servidores, Costa (2016) analisou as quantidades e as características
dos seus afastamentos, no período de 2010 a 2014. Os resultados apontaram que os
professores do magistério superior ocupavam o segundo lugar na relação das ocorrências dos
afastamentos e, segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID), os diagnósticos
mais expressivos corresponderam aos do grupo F – relacionados aos transtornos mentais e
comportamentais.
Embora o estudo de Assunção, Sampaio e Nascimento (2010) tenha constatado que os
problemas musculoesqueléticos, como dores lombares, dormências nos membros inferiores e
superiores e tendinites são os mais prevalentes entre os servidores docentes, a pesquisa de
Barboza e Soler (2003) ressalta que os ritmos acelerados de produção por excesso de tarefas
são prejudiciais tanto para a saúde física, quanto para saúde mental.
A despeito disso, os transtornos mentais se constituem em uma das principais queixas
entre os docentes, o que pode ser justificado pelas novas estratégias de organização do
trabalho, pela inclusão de novas tecnologias, pelas cobranças por produtividade, o que resulta
em um trabalho fatigante, cuja consequência é um estado de maior vulnerabilidade ao
sofrimento e ao adoecimento (FERREIRA et al., 2015).
Dejours (1992) corrobora esta informação quando refere que o rendimento exigido,
ou seja, o ritmo, o andamento e as metas de produção a serem respeitadas, induzem mais à
quadros de ansiedade do que as condições físico-químicas do trabalho.
Costa (2016) destaca ainda que, no ano de 2014, 25% de todos os afastamentos por
motivo de saúde dos servidores da UFRN foi relacionado as CID do grupo F, ocupando assim
o primeiro lugar, ultrapassando o grupo M, relacionado às doenças do sistema osteomuscular
e do tecido conjuntivo, que correspondeu a 21% dos afastamentos no período.
84
Por fim, de maneira global, pôde-se inferir que uma característica comum ao perfil dos
servidores que não realizaram EMP, refere-se à baixa expectativa quanto ao potencial de
resolutividade do serviço, às suas demandas de saúde.
Desvelar as causas pessoais dos servidores, para a não realização do EMP, constituiu
um dos objetivos primordiais desta pesquisa, a fim de que se obtivesse um produto que
correspondesse às suas reais necessidades.
Desta forma, a estratégia de aprofundar os dados quantitativos (gerais), por meio das
informações qualitativas, possibilitou a compreensão das principais dificuldades existentes,
verificar as percepções dos servidores sobre o serviço e ainda, subsidiar a implementação de
ações mais direcionadas.
No tocante aos servidores, expressões relacionadas às “demandas” (de maneira geral),
“esquecimento” e “preguiça”, evidenciaram que a principal causa identificada por eles para
não realizarem os exames, refere-se à falta de tempo e/ou prioridade.
Este achado converge com os resultados de Pereira (2009), nos quais 34% das pessoas
da amostra faltaram ao EMP por esquecimento, sendo que, parte destas, atribuíram este
esquecimento à sobrecarga de trabalho, ou seja, não puderam ir ao exame pois estavam
comprometidas com a equipe ou estavam com suas unidades lotadas.
Do mesmo modo, na análise do Exame Periódico desenvolvida por Rodrigues (2006), a
sobrecarga de trabalho foi identificada como “fator crítico” pelos servidores da instituição
como um todo. Destacando que, embora o campo do formulário do EMP relativo aos “Fatores
Psicossociais” não contemplasse esta informação, no campo “Outros”, os servidores o
registraram como aspecto de interferência em suas atividades.
Em contrapartida, em outro estudo semelhante, Santos (2017) verificou que a
realização do acompanhamento de saúde fora da instituição, por meio de convênio médico, foi
a principal causa apresentada pelos servidores para não realizarem os EMPs na universidade
pesquisada. Esta causa também foi citada na presente pesquisa, porém com menor
expressividade (22%).
As queixas relacionadas a falta de tempo, em sua maioria associadas a distância,
estiveram ainda mais presentes nos discursos dos servidores das unidades externas,
especialmente os HUs.
Os dados quantitativos revelaram o intenso distanciamento destes servidores às práticas
do EMP, colocando as unidades de ensino em saúde da UFRN nas primeiras colocações, entre
86
Trazer estas insatisfações à pauta é relevante, considerando que apesar do estresse estar
presente em todas as profissões, são os profissionais da saúde que estão diretamente
envolvidos com as ações de saúde, bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos, seja do
ponto de vista fisiológico ou psicológico (ASSIS; CARAÚNA; KARINE, 2015).
Outras causas ainda foram relatadas, de maneira convergente ao encontrado na
literatura, como a insatisfação com a avaliação clínica.
Um estudo realizado na Polônia, relacionado à saúde dos trabalhadores do país,
demonstrou que os exames periódicos realizados nas instituições, resumem-se apenas a
investigação das doenças relacionadas ao trabalho, ou seja, apresentam uma avaliação
objetiva, porém reducionista e limitada das reais condições de saúde dos trabalhadores
(MARCINKIEWICZ et al., 2016).
No momento da avaliação de saúde, destaca-se a atuação do trabalho colaborativo da
equipe, com vistas a prevenção dos riscos ocupacionais, sendo a forma mais eficiente de
promover e preservar a saúde e a integridade física e mental do trabalhador (REBELLO;
SORTICA, 2000).
Reconhecer os riscos, exige observação cautelosa das condições ambientais,
caracterização das atividades, entrevistas e pesquisas, ou seja, uma micropolítica de qualidade
(FEUERWERKER, 2014).
Na presente pesquisa, os apontamentos sobre a avaliação clínica, alinham-se aos
resultados de Santos (2017), nos quais esta etapa foi considerada meramente como um
cumprimento de protocolo, pelo grupo. Em seus discursos, os respondentes expressaram o
desconforto no atendimento, descrevendo-o como algo mecânico, ao ponto de comprometer a
efetividade e a credibilidade do serviço de vigilância.
De modo semelhante, na presente pesquisa, foram coletados os seguintes relatos:
87
Assim, a partir da integração dos dados obtidos com a literatura, pode-se inferir que: a
não realização dos EMPs está atrelada a uma cultura institucional, presente também em outras
Universidades do país, associada a “ruídos” ao comunicar o serviço, prejudicando a
compreensão dos sujeitos enquanto agentes ativos na proteção da própria saúde, além de
outras falhas identificadas no processo e em algumas ações de vigilância.
últimos anos, representou um grande desafio à unidade responsável, dentre outras razões,
devido a adesão ser em torno de 30% do quadro total dos servidores ativos (SANTOS, 2017).
Já na Universidade Federal do Espírito Santo, conforme estudo realizado por Fonseca
(2015) para apuração das representações sociais dos EMPs, o resultado foi ainda mais caótico,
com a adesão em torno de 20,0%, no ano de 2013.
Iwamoto et al. (2008) também desenvolveram uma pesquisa sobre a adesão dos
servidores aos EMPs na Universidade Federal do Triângulo Mineiro e, com resultados um
pouco mais expressivos, constatou que dos 3.078 convocados, 47,9% (1.476) compareceram.
Em contrapartida, no tocante ao setor privado, onde existe a obrigatoriedade da
realização dos exames, exigida pela legislação que abrange os empregados vinculados ao
regime celetista, observa-se uma significativa inversão deste quadro (MAGALHÃES, 2017).
Ao passo que no serviço público a média de adesão é, em torno, de 30%. Pereira
(2009) verificou que 30% corresponde ao absenteísmo do trabalhador ao EMP no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre obtendo, portanto, 70% de adesão.
Na pesquisa realizada com os empregados da Petrobrás, Matos et al. (2004) constatou
que a adesão, dos convocados no período anual para a realização dos exames periódicos, foi
de 81,4% dos trabalhadores à avaliação clínica e laboratorial preconizada.
Da mesma forma, Bruno (2009) ao perscrutar o risco cardiovascular em trabalhadores
de uma grande empresa do Rio de Janeiro através dos EMPs, verificou que a proporção de
exames completos aumentou ao longo dos anos estudados. Enquanto que em 2003 havia 61%
de exames completos, em 2007 o percentual havia atingido a marca dos 97%.
É mister destacar as considerações de Santos e Moura (2016) de que, embora o EMP
possua legislação específica, expressa em lei, decretos e portarias, a adesão por parte dos
servidores públicos ainda é classificada como baixa, ao contrário do que ocorre nas
instituições privadas.
Apesar disso, no setor público, a relação saúde-trabalho não é menos desalentadora
que o das empresas do regime privado. Visto que, infelizmente, o serviço público ainda é
considerado pela sociedade em geral, como oneroso, de baixa produtividade e prestador de
serviços de má qualidade, semelhantemente ao desempenho dos trabalhadores que nele atuam
(RIBEIRO; MANCEBO, 2013).
Neste sentido, o raso percentual de adesão é preocupante, visto que entrava o
rastreamento precoce destes trabalhadores públicos, bem como o diagnóstico inicial dos
agravos relacionados à sua saúde, o que dificulta, o desenvolvimento de ações de promoção e
prevenção (BRUNO, 2009; IWAMOTO et al., 2008).
91
7 PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS
Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.
(continua)
Dificuldades Perspectiva de Fonte
Propostas
encontradas resolução consultada
Magalhães
Realização do Exame Médico Periódico in loco Melhorias no (2017);
(ações de sensibilização, coleta dos exames e acesso ao EMP Sugestão dos
avaliação clínica de modo itinerante, servidores à
periodicamente nos diversos setores). MÉDIO PRAZO presente
pesquisa.
Os serviços são
distantes do local de
Implementação de medidas dirigidas diretamente
trabalho e/ou das Melhorias no
aos servidores dos HU, com maior atenção aos
residências. atendimento e Santos (2017);
trabalhadores lotados ali, enfatizando a
Sugestão dos
ocorrência de muitas situações que exigem acesso; relação
servidores à
medidas pontuais, como o tratamento dado aos com a saúde do
trabalhador presente
acidentes de trabalho e a instalação de um “Setor
pesquisa.
de Periódicos” dentro do hospital para facilitar e MÉDIO PRAZO
agilizar o processo.
Qualificação e
Adoção de um olhar diferenciado do médico, humanização do
Santos (2017);
tratar o servidor como um paciente que atendimento Sugestão dos
comparece à consulta de rotina, mais empatia, (anamnese sobre o
servidores à
maior cuidado, mais atenção, investigar sobre o ambiente de presente
processo de trabalho relacionado às questões de trabalho) pesquisa.
saúde, além do exame físico.
MÉDIO PRAZO
Ampliação da
Reflexão sobre os fatores internos como perspectiva do
EMP CNDSS (2008);
condicionantes e determinantes de saúde.
O relacionamento LONGO PRAZO
interpessoal foi
apontado como um Melhorar a relação
risco psicossocial à Implementação das ações de vigilância aos do EMP com a
saúde. ambientes e processos de trabalho e promoção à saúde e segurança
Brasil (2013);
saúde do servidor envolvendo a mediação de no processo de
conflitos. trabalho
MÉDIO PRAZO
94
Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.
(conclusão)
Qualificação no Bruno
Maior divulgação das finalidades do exame processo de divulgação (2009);
periódico, através de campanhas de sensibilização e comunicação do EMP Pereira
ou o simples envio de lembretes por e-mail. CURTO / MÉDIO (2009).
PRAZO
Ampliação da
Ações de educação em saúde, considerando ser uma Magalhães
perspectiva de
ferramenta que divulga a importância da promoção à (2017);
promoção a saúde do
A comunicação e saúde e proporciona a interação entre os Santos
EMP
a divulgação do profissionais de saúde e os servidores. (2017).
LONGO PRAZO
serviço são vistas
como ineficaz. “Palestras periódicas sobre saúde associadas a temas
sobre segurança no trabalho” (Q25).
“alguma nova estratégia de comunicação. Qualificação no Sugestão
[...] encenações teatrais em locais públicos da processo de divulgação dos
UFRN ou exposição de filmes educativos com um e comunicação do EMP servidores à
toque leve e humorístico; entrevistas de profissionais CURTO / MÉDIO presente
de saúde nos meios de comunicação da UFRN PRAZO pesquisa.
(boletins, rádio, televisão) e, num nível mais
profundo, debates.” (Q35).
Qualificação e
Considerar investimentos em qualificação e
atualização dos
capacitação dos servidores que atuam na Unidade
profissionais que fazem Magalhães
SIASS, para subsidiar o planejamento das ações e
o SIASS (2017);
intervenções efetivas na área de promoção à Saúde
MÉDIO / LONGO
do Trabalhador.
A logística do PRAZO
setor apresenta
falhas de Facilitar a comunicação do serviço com as gerências
Qualificação no
acolhimento e de e os servidores por meio de documentos, internet;
processo de
fluxos. comunicação de mudanças e cancelamentos de
comunicação interna e
atendimentos através de ligações prévias. Santos
divulgação efetiva das
Adotar um fluxograma completo e detalhado do (2017);
ações do setor
processo, tempo disponível para realização,
CURTO / MÉDIO
informações sobre a coleta e que seja
PRAZO
disponibilizado diretamente para o servidor.
Integração com os
A cultura Implementação de uma cultura na instituição desde
serviços de promoção a
organizacional o processo admissional. Estímulo de rotinas
saúde e qualidade de Bekkers
desfavorece a saudáveis logo no processo de integração, no qual
vida no trabalho (2019);
adesão dos são passados todos os benefícios, além dos
MÉDIO / LONGO
servidores. programas de QVT.
PRAZO
Verificou-se que uma das principais solicitações dos servidores à presente pesquisa,
correspondeu a receber o serviço de EMP em seus locais de trabalho.
Tal atividade já foi desempenhada algumas vezes dentro do Campus Central em
eventos isolados; e com maior periodicidade já foram realizadas ações similares, nas unidades
externas do interior do estado, conhecidas como “Interiorização dos Periódicos”.
Com vistas a contribuir para a sistematização destas ações, bem como para que
ocorram de maneira ordinária e em maior frequência, observando o disposto na alínea “c”, do
artigo 10 da Portaria nº17/2009, que compreende o desenvolvimento de materiais didáticos,
instrucionais e de produtos, processos e técnicas, sugere-se o fluxograma correspondente a
logística necessária para efetivação do EMP Itinerante, exibido na Figura 13.
Idealmente, este fluxograma deveria ter sido construído coletivamente, junto aos
membros da DIVIST, todavia, mediante o atual contexto de pandemia pelo novo coronavirus
(COVID19) SARS-CoV-2, não foi possível.
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Então, elaborou-se este protótipo de fluxo, como uma versão teórica e inicial, numa
perspectiva de aprimoramento e atualização contínua por parte da equipe responsável, quando
as rotinas e atividades forem retomadas e as condições sanitárias assim o permitam.
Recomenda-se que, a partir da versão final do fluxograma, seja elaborado um roteiro
do tipo check-list, que compreenda todas as etapas, recursos materiais e humanos, bem como
um espaço específico destinado às metas esperadas, para um melhor direcionamento e
organização, além de ser um registro documental da ação desempenhada.
É importante destacar que a elaboração desses registros é fundamental no tocante a
gestão do conhecimento e, mais especificamente, a retenção do conhecimento organizacional
– descrito como o processo de “aquisição, armazenamento e redistribuição do conhecimento”
(WALSH; UNGSON, 1991).
15
Disponível em: http://bit.ly/ExamesPeriodicosUFRN.
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a) Emissão de guias: por se tratar da maior causa de procura, esta funcionalidade compreende
o destaque do cabeçalho do site, onde foi adicionado um botão que, ao ser clicado, redireciona
a página diretamente para o “Portal do Servidor” no SIGAC, onde é possível que o servidor
emita as próprias guias. Com isso, pretende-se também divulgar que a emissão de guias pode
ser realizada de maneira não presencial e da própria residência;
b) Dúvidas frequentes: através de ícones temáticos em disposição de grade, foram destacadas
as dúvidas mais comuns. Para cada dúvida há a configuração de um hiperlink para a resposta
correspondente;
c) Aviso: foi adicionado um banner em evidência, para que as principais mudanças e/ou
novidades do setor possam ser prontamente divulgadas;
d) Orientações: As informações necessárias foram distribuídas através dos diferentes formatos
disponíveis, como a partir de botões e de mídia de vídeo (e link para “mais vídeos”), além da
ferramenta do Google© Mapas, para informar a localização;
e) Rodapé: por ser a única área do site que se repete em todas as páginas, nesta seção foram
dispostos todos os dados institucionais dos setores envolvidos, a base legal referente ao EMP,
bem como as informações para contato.
Figura 14 – Página inicial do site dos Exames Médicos Periódicos da UFRN. Natal/RN, 2020.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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assistenciais e vigilância da Saúde. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, v. 2, n. 2,
abr./jun. 1998.
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: “Diagnóstico Situacional dos Servidores
que não realizam os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, sob a orientação
da Professora Dra. Cleonice Alves Cavalcante e realizada pela pesquisadora Aysla Monique Fernandes
Ferreira dos Santos, que objetiva estabelecer os motivos e o perfil dos servidores que não aderem aos
Exames Médicos Periódicos.
O que nos motiva é a possibilidade de verificar as potencialidades e fragilidades dos Exames
Periódicos. Pois, a partir da sua participação, poderemos conhecer quais profissionais e/ou setores
demandam mais ênfase na Vigilância em Saúde.
Se aceitar o convite, você fornecerá algumas informações gerais sobre você e em seguida
responderá a apenas cinco perguntas sobre o porquê de não realizar os Exames Periódicos, o que
levará aproximadamente 15 minutos.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem prejuízo algum.
Dentre os benefícios dos possíveis resultados encontrados estão: a elaboração de estratégias
que facilitem sua adesão, o foco das ações de promoção à saúde e até mesmo a possibilidade de
identificar precocemente algumas doenças.
As perguntas possuem mínima previsão de riscos, semelhantes àqueles sentidos em exames
psicológicos de rotina, ou seja, você poderá sentir dificuldade em responder algo. Porém, para
minimizar essas dificuldades, você contará com um local seguro e de sua preferência, para privacidade
e confidencialidade das informações.
Além disso, a qualquer tempo você poderá entrar em contato com Aysla Monique para tirar
dúvidas, através do e-mail ayslamonique@gmail.com ou pelo WhatsApp (84) 988620420; e em caso
de problemas relacionados a pesquisa, você terá direito à assistência gratuita, prestada pela instituição
e pesquisadoras responsáveis. Até mesmo se houver algum gasto ou dano em decorrência desta
pesquisa, você será indenizado.
Os dados fornecidos serão confidenciais e divulgados, de forma anônima, apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo nada que possa lhe identificar. Esses dados serão
guardados pelo pesquisador responsável em local seguro e durante 5 anos.
Qualquer dúvida sobre a ética deste trabalho você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que elas comecem e fornece proteção aos
participantes das mesmas – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84) 3215-
3135 / (84) 9.9193.6266, através do e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br ; Você ainda pode ir pessoalmente
à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa Nova.
Natal/RN.
Rúbrica Pesquisador Rúbrica Participante
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Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Aysla Monique Fernandes Ferreira dos Santos.
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim
e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Causas e Perfis dos
Servidores que não realizam os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, e
autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas
desde que nenhum dado possa me identificar.
_____________________________________________________
Participante da pesquisa
Como pesquisador responsável pelo estudo “Causas e Perfis dos Servidores que não realizam
os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, declaro que assumo a inteira
responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram
esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade
sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –
CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.
_____________________________________________________
Pesquisador responsável
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2. Quais são os seus motivos para não realizar o Exame Médico Periódico?
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4. Quais os pontos positivos e negativos que você pode elencar sobre o processo de
Exame Periódico?
5. Quais sugestões você pode nos dar para resolver esses pontos negativos?
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Se você está recebendo este Convite é EXATAMENTE porque não tem utilizado bem uma das
principais ferramentas de Vigilância em Saúde do Servidor!
Como?
Peço simplesmente que, através da imagem abaixo, responda um rápido Questionário, para que
possamos conhecer um pouco mais sobre você e suas necessidades!
______________________________________
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A imagem do convite pertence a Superintendência de Informática da UFRN. Disponível em:
https://progesp.ufrn.br/saude.
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A imagem do convite pertence a Superintendência de Informática da UFRN. Disponível em:
https://progesp.ufrn.br/qualidade-vida.
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Disponível em: http://bit.ly/ExamesPeriodicosUFRN.
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