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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO

AYSLA MONIQUE FERNANDES FERREIRA DOS SANTOS

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DOS SERVIDORES QUE NÃO REALIZAM OS


EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA

NATAL/RN
2020
1

AYSLA MONIQUE FERNANDES FERREIRA DOS SANTOS

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DOS SERVIDORES QUE NÃO REALIZAM OS


EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Dissertação apresentada à banca de defesa do


Programa de Pós-graduação em Saúde e
Sociedade da Escola de Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Práticas de Saúde e Educação.

Linha de pesquisa: Epidemiologia, Vigilâncias e


o Cuidado em Saúde.

Orientadora: Professora Doutora Cleonice


Andréa Alves Cavalcante.

NATAL/RN
2020
2

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Bertha Cruz Enders - Escola de Saúde da UFRN -
ESUFRN

Santos, Aysla Monique Fernandes Ferreira Dos.


Diagnóstico situacional dos servidores que não realizam os
exames médicos periódicos em uma Universidade Pública / Aysla
Monique Fernandes Ferreira Dos Santos. - 2020.
143f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Escola de Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Sociedade. Natal, RN, 2020.
Orientadora: Profa. Dra. Cleonice Andréa Alves Cavalcante.

1. Serviços de saúde do trabalhador - Dissertação. 2.


Vigilância em saúde do trabalhador - Dissertação. 3. Servidores
públicos - Dissertação. I. Cavalcante, Profa. Dra. Cleonice
Andréa Alves. II. Título.

RN/UF/BS-Escola de Saúde CDU 331.451

Elaborado por MAGALI ARAUJO DAMASCENO DE OLIVEIRA - CRB-15/519


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AYSLA MONIQUE FERNANDES FERREIRA DOS SANTOS

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DOS SERVIDORES QUE NÃO REALIZAM OS


EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Dissertação apresentada à banca de defesa do


Programa de Pós-graduação em Saúde e
Sociedade da Escola de Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.

Aprovada em 16 de Setembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________
Professora Dra. Cleonice Andréa Alves Cavalcante
Orientadora

______________________________________________________________
Professora Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante
Avaliadora interna – PPGSES/UFRN

______________________________________________________________
Professora Dra. Maria Lucia do Carmo Cruz Robazzi
Avaliadora externa – EERP-USP
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A Deus,
que mesmo Soberano e apesar de mim, ouve o meu clamor e me sustenta com
Sua poderosa mão todos os dias, lembrando-me que tudo é dEle e por Ele, inclusive eu.
À vovó Lourdes,
meu primeiro e maior exemplo de Fé e coração nobre nesta vida.
5

AGRADECIMENTOS

A realização deste estudo contou com o apoio teórico e prático, além do suporte técnico e
emocional de várias pessoas queridas, às quais desejo expressar meu mais sincero e profundo
agradecimento.

Agradeço a Deus pelo dom da vida, por Sua Graça que me envolve constantemente, dando-
me o equilíbrio e a paz que excede todo entendimento; pela bênção recebida de ter boa saúde
e cognição para batalhar por meus sonhos; agradeço pelas portas abertas e pelas tantas
fechadas também!
Ao Amor da minha vida Elber Joaquim, sem o qual eu jamais conseguiria escrever com tanto
tempo e qualidade cada uma dessas linhas. Obrigada por abrir mão de tantas coisas comigo e
por mim. Obrigada por, a cada dia, esforçar-se mais e mais para me amar assim como Cristo
amou a igreja, entregando-se por ela. Para você o meu “Sim” mil vezes! Eu te amo demais!
Ao doce coração que tive o privilégio de gerar, Elisa! Minha boneca de frases infinitas que
enche nossa casa e nossa vida de pura efusividade. Meu combustível é você minha pipoca!
À minha amada mãe, que já lutava por mim desde antes de eu nascer. Minha maior
incentivadora, aquela que acredita em mim mais do que eu mesma. Meu exemplo de mulher
forte, de resiliência, garra e talento.
Ao meu amado pai, que é prova do poder renovador do sangue de Cristo sobre a vida de uma
pessoa. Que me ama incondicionalmente e que é capaz de tudo para me fazer sorrir.
Às minhas famílias: Fernandes de Souza/Vianna, Higino Ferreira e Caldas dos Santos, que de
várias maneiras distintas, atuaram para que eu me tornasse quem eu sou hoje.
Sou extremamente grata à minha paciente e resolutiva orientadora Cleonice, por trilhar de
braços dados comigo, toda essa trajetória do Mestrado. Bem como à toda equipe do respectivo
Programa, composta por pessoas tão generosas e de corações sensíveis.
Agradeço a todos os meus colegas de trabalho, pela compreensão e colaboração em todas as
etapas de desenvolvimento desta pesquisa. Certamente vocês representam uma família para
mim! Só que com registro de ponto!
Sou demasiado grata aos meus líderes espirituais, às minhas amigas e amigos queridos, os de
longe e os de perto, os da vida e os da igreja (especialmente os da minha célula!).

Que Deus abençoe a cada um de vocês, sempre!


6

“Saúde do servidor é a própria saúde da


Instituição. Estão entrelaçados.”
(Ângela Maria Paiva Cruz)
7

RESUMO

A promoção a saúde do servidor, além de contar com o seu próprio empenho enquanto agente
ativo na proteção de sua saúde, envolve estratégias multiprofissionais e de multigestão. Nesta
perspectiva, o Exame Médico Periódico atua como importante ferramenta para compor perfis
epidemiológicos pois, de forma coletiva, permite avaliar a condição de saúde dos servidores,
bem como detectar precocemente doenças relacionadas ou não ao trabalho. Neste contexto,
este estudo teve como objetivo construir um diagnóstico situacional e estratégias de
enfrentamento às causas da não realização dos Exames Periódicos na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, com
estratégia multi método sequencial, de abordagem quantitativa e qualitativa. Deste modo,
após o parecer favorável do Comitê de Ética da UFRN, a coleta de dados ocorreu em duas
etapas. Na primeira, de abordagem quantitativa, ocorreu a coleta de dados no Módulo Órgão
do portal SIAPEnet. Em seguida, para a coleta de abordagem qualitativa, foram enviados
convites por e-mail aos participantes, para o preenchimento de um questionário com
perguntas abertas e fechadas. Os dados foram analisados, respectivamente, por estatística
descritiva e análise de conteúdo segundo Laurence Bardin. Os resultados revelaram que a
característica comum ao perfil destes servidores é subjetiva, referindo-se à baixa expectativa
quanto ao potencial de resolutividade do serviço às suas demandas de saúde; e a principal
causa identificada para a não realização dos exames, refere-se à falta de tempo e/ou prioridade.
Assim, constatou-se que o ponto crítico para o distanciamento ao serviço está diretamente
associado à baixa efetividade em comunicar as ações pretendidas, evidenciado pela pouca
adesão, relacionado a inobservância de sua importância enquanto ferramenta de vigilância,
além do conhecimento insuficiente dos servidores em relação a necessidade e importância do
acompanhamento de sua saúde. Esta mudança de paradigma pode ser alcançada mediante
ajustes estratégicos nos fluxos, além da disponibilização de informações mais claras e precisas.
Finalmente, destaca-se a necessidade de ações direcionadas, coletivas e intersetoriais, com
métodos intencionais e programados, a fim de alcançar estes trabalhadores públicos.

Palavras chaves: Serviços de Saúde do Trabalhador. Vigilância em saúde do trabalhador.


Servidores públicos. Exames médicos.
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ABSTRACT

Promoting government employee health, besides having its own effort as an active agent in
the protection of your own health, involves multi-professional and multi-management
strategies. In this perspective, the Periodical Medical Examination acts as an important tool to
compose epidemiological profiles, since it allows collectively assessing the health condition
of the employees, as well as early detecting illnesses related or not to their job. In this context,
this work aimed to build a situational diagnosis and some strategies to face the causes of non-
performance the Periodic Exams at the Federal University of Rio Grande do Norte. This work
is an exploratory and descriptive research, with a multi-sequential strategy, with a quantitative
and qualitative approach. Thus, after the favorable opinion of the UFRN Ethics Committee,
data collection took place in two stages. In the first, with a quantitative approach, some data
were collected in the ‘’Módulo Órgão’’ of the SIAPEnet web portal. Then, to collect the
qualitative approach, invitations were sent by email to the participants, to fill out a
questionnaire with open-ended and multiple-choice questions. The data were analyzed,
respectively, by descriptive statistics and content analysis according to Laurence Bardin. The
results revealed that the characteristic common to the profile of these servants is subjective,
referring to the low expectation regarding the potential of the service to solve their health
demands; and the main cause identified for not performing the exams refers to the lack of
time and / or priority. Thus, it was found that the critical point for departure service is directly
associated with the low effectiveness in communicating the intended actions, evidenced by
the low adherence, related to the non-observance of its importance as a surveillance tool, in
addition to the insufficient knowledge of the employees in regarding the need and importance
of monitoring your health. This paradigm shift can be achieved by making strategic
adjustments to flows, in addition to providing clearer and more accurate information. Finally,
we highlight the need for targeted, collective and intersectoral actions, with intentional and
programmed methods, in order to reach these public workers.

Keywords: Occupational Health Services. Surveillance of the Workers Health. Government


Employees. Medical Examination.
9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxo do processo no Módulo Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020.................... 46

Figura 2 – Prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, 2020......49

Figura 3 – Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho durante a campanha de


vacinação 2020, contra Influenza. Natal/RN, 2020..............................................................50

Figura 4 – Descrição das etapas da coleta de dados do estudo. Natal/RN, 2020...................................53

Figura 5 – Procedimentos para a coleta dos dados quantitativos. Natal/RN, 2020............................... 54

Figura 6 – Procedimentos utilizados para o envio dos convites. Natal/RN, 2020.................................59

Figura 7 – Tela inicial do Questionário. Natal/RN, 2020...................................................................... 60

Figura 8 – Barra de progresso. Natal/RN, 2020.................................................................................... 61

Figura 9 – Questionário encerrado. Natal/RN, 2020............................................................................. 61

Figura 10 – Construção do produto através de métodos mistos. Natal/RN, 2020.................................62

Figura 11 – Etapas da coleta de dados. Natal/RN, 2020........................................................................65

Figura 12 – Nuvem de percepções dos servidores externos ao Campus. Natal/RN, 2020.................... 79

Figura 13 – Proposta de fluxograma para execução do Exame Médico Periódico Itinerante ao setor
responsável da UFRN. Natal/RN, 2020................................................................................95

Figura 14 – Página inicial do site dos Exames Médicos Periódicos da UFRN. Natal/RN, 2020.......... 97
10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Categorização dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo a faixa etária.
Natal/RN, 2020.....................................................................................................................67

Gráfico 2 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo as variáveis sexo e faixa
etária. Natal/RN, 2020.......................................................................................................... 67

Gráfico 3 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira
institucional. Natal/RN, 2020............................................................................................... 68

Gráfico 4 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira e sexo.
Natal/RN, 2020.....................................................................................................................68

Gráfico 5 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por lotação. Natal/RN,
2020...................................................................................................................................... 72

Gráfico 6 – Distribuição dos tipos de exposição aos riscos aos quais estão expostos no ambiente de
trabalho autodeclarados pelos servidores. Natal/RN, 2020.................................................. 75
11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Pesquisas realizadas a partir de informações obtidas no SIASS. Natal/RN, 2020............. 42

Quadro 2 – Detalhamento dos Exames Ocupacionais estabelecidos pela NR-7. Natal/RN, 2020........43

Quadro 3 – Detalhamento das situações dos Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020................45

Quadro 4 – Tipos de exames dos servidores de acordo com a faixa etária. Natal/RN, 2020................ 47

Quadro 5 – Detalhamento das variáveis de interesse do estudo. Natal/RN, 2020.................................55

Quadro 6 – Servidores que responderam ao questionário, segundo a unidade de lotação. Natal/RN,


2020........................................................................................................................................................ 74

Quadro 7 – Categorização dos discursos provenientes da análise de conteúdo. Natal/RN, 2020......... 76

Quadro 8 – Sugestões dos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.....................................................81

Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.................................................................... 93
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultados apresentados de acordo com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão
para definição da população do estudo. Natal/RN, 2020......................................................... 54

Tabela 2 – Fatores que influenciaram na definição da população do estudo. Natal/RN, 2020............. 57

Tabela 3 – Distribuição dos servidores que não realizam o EMP, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.........................................................................................69

Tabela 4 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, em relação ao total de servidores
por cargo. Natal/RN, 2020....................................................................................................... 70

Tabela 5 – Servidores que não realizam EMP, distribuídos por sexo e principais lotações identificadas.
Natal/RN, 2020.........................................................................................................................71

Tabela 6 – Quantidade de convocações dos servidores que não realizam EMP. Natal/RN, 2020........ 72

Tabela 7 – Distribuição dos servidores (as) respondentes, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.........................................................................................73
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCS Centro De Ciências Da Saúde


CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CEREST Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
CF Constituição Federal
CID Classificação Internacional das Doenças
CIPA Comissão Internas de Prevenção de Acidente
CIST Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
CNS Conselho Nacional de Saúde
DAS Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho
DIVIST Divisão de Vigilância em Saúde e Segurança do Trabalho
DOD Faculdade de Odontologia
DOL Departamento de Oceanografia e Limnologia
EMP Exames Médicos Periódicos
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
GADA Apoio aos Acometidos pela Doença do Alcoolismo
Hosped Hospital de Pediatria da UFRN
HU Hospital Universitário
HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes
IAPs Institutos de Aposentadoria
ICe Instituto do Cérebro
MEJC Maternidade Escola Januário Cicco
MCC Museu Câmara Cascudo
NRs Normas Regulamentadoras
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONU Organização das Nações Unidas
OMS Organização Mundial da Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PASS Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público
Federal
14

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


PNSST Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho
PNSTT Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
PROGESP Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas
QVT Qualidade de vida no trabalho
RJU Regime Jurídico Único
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
SIAPE Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos
SIASS Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
SIGAC Sistema de Gestão de Acesso
SIPEC Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal
SUS Sistema Único de Saúde
ST Saúde do Trabalhador
TAE Técnico Administrativo em Educação
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 17

2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................21

3 OBJETIVOS.........................................................................................................................23

3.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................................................... 23

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................... 23

3.3 RESULTADOS ESPERADOS.........................................................................................................23

4 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 24

4.1 BASES HISTÓRICAS DA RELAÇÃO TRABALHO-SAÚDE..................................................... 24

4.1.1 A saúde como um direito do trabalhador.......................................................................................25

4.1.2 Relação Trabalho-Saúde no Brasil: uma trajetória política........................................................... 27

4.2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR........................................................................32

4.2.1 Avanços e desafios da VISAT....................................................................................................... 35

4.3 A PASS: UMA CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO....................................................................38

4.3.1 Atenção à saúde do servidor na UFRN..........................................................................................40

4.3.2 Os Exames Ocupacionais de Saúde na UFRN...............................................................................42

5 MÉTODO..............................................................................................................................48

5.1 TIPO DE ESTUDO.......................................................................................................................... 48

5.2 LOCAL DO ESTUDO......................................................................................................................48

5.2.1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN...............................................................48

5.2.2 Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho – DAS.....................................50

5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM..................................................................................................51

5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS.............................................................................52

5.4.1 Etapa quantitativa.......................................................................................................................... 53

5.4.1.1 Dificuldades encontradas............................................................................................................ 56

5.4.2 Etapa qualitativa............................................................................................................................ 58

5.4.2.1 Instrumento para coleta de dados................................................................................................60

5.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS..................................................................................62


16

5.5.1 Quantitativo: descritivo..................................................................................................................63

5.5.2 Qualitativo: análise de conteúdo temática – segundo Laurence Bardin........................................ 63

5.6 ASPECTOS ÉTICOS....................................................................................................................... 64

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 66

6.1 REFERENTES A ETAPA QUANTITATIVA: PERFIL DO SERVIDOR..................................... 66

6.2 REFERENTES A ETAPA QUALITATIVA: PERCEPÇÕES DOS SERVIDORES......................72

6.2.1 Conceitos e Percepções acerca do EMP........................................................................................ 76

6.2.2 Principais causas para a não realização do EMP........................................................................... 77

6.2.3 Contribuições propostas pelos servidores para uma melhor adesão ao EMP................................80

6.3 DISCUSSÃO.................................................................................................................................... 81

6.3.1 O perfil dos servidores...................................................................................................................82

6.3.2 Exposição das causas..................................................................................................................... 85

6.3.3 Exposição dos Desafios................................................................................................................. 89

7 PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS.....................................................................................92

7.1 PROPOSIÇÕES GERAIS................................................................................................................ 92

7.2 PROPOSIÇÃO ESPECÍFICA.......................................................................................................... 95

7.3 PRODUÇÃO TÉCNICA.................................................................................................................. 96

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 99

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 102

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE..........115

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO | Saúde do Servidor................................................. 117

APÊNDICE C – CONVITE ELETRÔNICO PARA RESPONDER AO QUESTIONÁRIO ...... 119

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO | Saúde do Servidor......................120

APÊNDICE E – SITE DOS EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS................................. 125

ANEXO A – Carta de Anuência DAS................................................................................. 134

ANEXO B – Carta de Anuência Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas............................... 135

ANEXO C – Termo de Concessão Unidade SIASS............................................................136

ANEXO D – Parecer favorável pelo Comitê de Ética da UFRN...................................... 137


17

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho “decente” é o


“trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e
segurança, capaz de garantir uma vida digna” (OIT, 1999).
Os contextos históricos, registrados na literatura da Saúde do Trabalhador (ST),
revelam que, se por um lado existem várias concepções do que seja trabalho, por outro, estas
vão mudando de acordo como a dinâmica social (LIMA, 2017; NICHELE, 2019).
A mais visível, porém, continua sendo aquela advinda do início do capitalismo, na
Inglaterra do século XVIII, quando o trabalho passa a ser o aspecto fundamental para o
desenvolvimento do Estado (ALBORNOZ, 2017; ZANELLI et al., 2014).
Neste período de inovação das fábricas, as condições e ambientes insalubres, o ritmo
acelerado e a acumulação rápida de capital, trouxeram consequências danosas aos operários,
como acidentes e/ou doenças, principalmente para mulheres e crianças (CARVALHO, 2014;
MENDES, 2013).
Além disso, estes fatores também comprometiam a própria produção da fábrica, até
que, especialmente pela necessidade de se manter a produção, iniciou-se a “Medicina do
Trabalho” (CARVALHO, 2014; DA SILVA, 2014; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA,
1997).
Ainda no século XIX surge a Medicina Social, apontando para a determinação do
trabalho no processo de adoecimento, bem como para a morte dos trabalhadores, desvelando a
insuficiência da Medicina do Trabalho frente às suas necessidades de saúde (BILA, 2008;
SODRÉ, 2002).
Com isso, engendrou-se a “Saúde Ocupacional”; todavia, como o próprio nome sugere,
esta concepção também estava em defesa da "saúde do trabalho" e não da “saúde do
trabalhador”. Ou seja, considera-se que seu objetivo principal também era manutenção da
produtividade e a diminuição dos gastos com os afastamentos (SOUZA, 2017).
Assim, tanto a Medicina do Trabalho, quanto a Saúde Ocupacional desconsideravam o
conhecimento do trabalhador como agente ativo sobre os processos e ambientes do trabalho
(DA SILVA, 2014; SANTOS, 2014).
No Brasil, na década de 1940, com o surgimento da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), tem início de fato, a regulamentação das questões laborais. Afirmada pelo
seu capítulo V, referente às condições de Segurança e Medicina do Trabalho (CLT, 1943).
18

Este foco no trabalho ainda perdurou por alguns anos no Brasil. Considerando que as
medidas de cuidado em saúde se resumiam ao espaço laboral, as ações e serviços de saúde
oferecidos aos empregados inferiam maior importância ao controle e dependência do
empregador, do que o interesse à saúde em si (TAISSUKE, 2016).
Em 1959, através da recomendação da OIT1, é instituído um serviço de saúde
ocupacional nos ambientes laborais, no sentido de assumir a responsabilidade pela
preservação do bem-estar físico e mental dos trabalhadores, protegendo-os contra os riscos
ocupacionais (OIT, 1959).
É a partir dos avanços da Medicina Preventiva e da Saúde Pública, durante as décadas
de 1960 e 1970, que as interpretações do binômio saúde-doença são ampliadas, dando a
devida ênfase nas questões laborais presentes neste processo (PICHEK-SANTOS et al., 2019).
Assim, esta configuração hegemônica perdurou até a elaboração da Constituição de
1988, quando a representatividade dos movimentos sociais obtivera êxitos importantes, como
a origem do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1990, o Regime Jurídico Único (RJU) para
os servidores públicos federais (MARTINS et al., 2017).
Na sociedade atual, o trabalho tem ocupado uma posição de centralidade na vida das
pessoas, constituindo um lugar de identificação, de produção de valores diversos, de
construção de metas e de certo compromisso com o futuro (FRANÇA, 2019; CASTRO, 2012).
Apesar disso, as questões relacionadas ao trabalho, principalmente no tocante à
qualidade, saúde e segurança, revelam preocupações relativamente recentes, avanços lentos e,
certamente, constituem um assunto pouco explorado.
Considerando que se trata de um mundo diversificado e globalizado, os modelos
tradicionais não se aplicam aos novos paradigmas e, por isso, são necessárias investigações,
análises e intervenções constantes, num processo contínuo de avaliação (PÔSSAS; MEIRINO;
PACHECO, 2019).
A Lei Orgânica da Saúde acrescenta à relação trabalho-saúde o destaque à questão da
vigilância, na perspectiva de resgatar para o setor, a responsabilidade de intervir nos processos
determinantes dos agravos, decorrentes desta relação (MINAYO-GOMEZ; MACHADO,
2011).
A situação do mundo do trabalho, na atualidade, é visivelmente uma realidade
desafiadora para os trabalhadores, expressa através da degradação física e mental decorrente

1
“Recomendação de Serviços de Medicina Ocupacional, 1959 (nº 112)” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DO TRABALHO. Genebra, 43ª reunião da CIT, 1959. Disponível em: bit.ly/R112OIT. Acesso em: 13 mar.
2019).
19

da intensificação das jornadas, da precarização das relações interpessoais, dos contratos de


trabalho, além da perda dos direitos sociais, entre outras questões que atingem a saúde
(ALVES; KRUG, 2019).
No senso comum, para o âmbito dos servidores públicos, existe uma abstração de que
o trabalho não gera impactos ou agravos para a saúde. Considera-se que os ambientes
deveriam ser salubres, os vínculos são formais e estáveis, os salários são fixos e adequados e
as relações são mais horizontais, democráticas e participativas (PÔSSAS; MEIRINO;
PACHECO, 2019).
Entretanto, tais expectativas não são condizentes com a realidade, posto que o Estado
vem precarizando os contratos de trabalho, além do que se verifica na degradação dos espaços
públicos, dos quais a tão decantada estabilidade nos serviços do setor público, já não existe
mais (LOURENÇO; LACAZ; GOULART, 2017).
Com isso, acredita-se que compreender os contextos a partir dos perfis e das
perspectivas dos trabalhadores, tal como propõe esta pesquisa, é fundamental para o
direcionamento das ações do serviço prestado, bem como, para impulsionar a realização de
uma vigilância efetiva.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os contextos e cenários
não são diferentes.
Nos últimos anos, sucessivas pesquisas vêm sendo desenvolvidas em torno dos
sofrimentos e afastamentos vivenciados pelos servidores públicos (CAMPELO, 2015;
COSTA, 2016; FRANÇA, 2016; LIMA, 2017; SANTOS, 2019).
Neste sentido, a instituição propôs em seu Plano de Gestão 2015-2019, o compromisso
de aprimorar as políticas de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança no Trabalho, a busca pela
motivação e bem-estar das pessoas, para então humanizar os contextos laborais dos servidores
docentes e técnico-administrativos (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE, 2015).
Na UFRN, dentre as principais estratégias de Vigilância à Saúde de seus servidores,
destaca-se o Exame Médico Periódico (EMP), ferramenta a ser detalhada nesta pesquisa.
Para tanto, por meio do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos2
(SIAPE), instituído pelo Decreto nº 99.328/90, em seu Módulo Órgão, foram recolhidas as

2
Sistema on-line de abrangência nacional, criado para armazenar informações pessoais, funcionais e financeiras
dos servidores ativos, aposentados e pensionistas; propicia consultas, atualizações, envio e recepção de arquivos
a todos os usuários envolvidos (BRASIL, 1990b).
20

informações referentes ao EMP de todos os servidores que integram o Sistema de Pessoal


Civil da Administração Federal (SIPEC).
O módulo Órgão é uma importante ferramenta que compõe o perfil epidemiológico
dos trabalhadores públicos, sendo relevante ainda, por subsidiar o desenvolvimento de ações
de promoção à saúde, prevenção de agravos, bem como as ações de vigilância aos ambientes e
processos de trabalho (BRASIL, 2010).
O EMP permite avaliar a condição de saúde dos servidores e detectar precocemente as
doenças relacionadas ou não ao trabalho, por meio de exames clínicos, avaliações
laboratoriais gerais e específicas, bem como possibilita uma escuta qualificada pela equipe de
saúde (CARVALHO, 2014; MAGALHÃES, 2017).
Além da avaliação dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos
inerentes ao ambiente de trabalho, é durante a consulta do EMP, que o servidor tem a
oportunidade de expor seus aspectos psicossociais (medos e insatisfações), subjetivos ou
associados às atividades por ele exercidas, à equipe de saúde.
Além disso, é mister destacar que o Enfermeiro é o profissional atuante desde as
questões macro, como o estabelecimento dos fluxos e processos de trabalho do serviço, até as
questões singulares e subjetivas como o acolhimento do servidor adoecido (ou não) por
questões relacionadas ao trabalho, o que expressa claramente sua importância enquanto
integrante da equipe de vigilância, além de garantir o êxito desta micropolítica indispensável
ao EMP.
21

2 JUSTIFICATIVA

A motivação para a realização do presente estudo pautou-se, sobretudo, nas


experiências e observações cotidianas desta pesquisadora na Divisão de Vigilância em Saúde
e Segurança do Trabalho (DIVIST), setor responsável pela promoção a saúde dos servidores
no âmbito da UFRN, cujos integrantes vêm vivenciando a problemática da não adesão aos
EMP desde a sua proposição inicial em 2011.
Outrossim, conforme a busca nas bases de dados, o presente estudo justifica-se
relevante, inicialmente, por contribuir com o campo do conhecimento referente a vigilância à
saúde do servidor público, uma vez que não há muitas publicações sob a mesma ótica na
instituição.
Esta pesquisa se mostra significativa ainda, pelo fato de que por meio dos resultados
aqui apresentados, será possível avaliar as potencialidades e as fragilidades do EMP no
tocante à promoção à saúde. Há a possibilidade de verificar quais são as necessidades do
público ao qual se destina, a fim de cumprir a eficiência esperada pelas políticas que o
estabelecem.
Com vistas a desvelar quais são as áreas e/ou setores mais críticos e que, portanto,
demandem uma ênfase nas ações de vigilância, a autora espera que, a partir dos produtos
obtidos, seja possível a elaboração e implementação de estratégias para maior adesão e
incentivo ao acesso, além da possibilidade de enxergar na perspectiva de território, de que
forma se distribuem estes fenômenos.
Neste sentido, não se pretende descrever o processo e a logística necessária para que o
serviço de EMP aconteça; todavia busca-se avaliar os moldes já existentes e verificar se os
objetivos das ações estão atingindo a quem se destinam.
Finalmente, aspira-se fomentar as discussões intra e extra equipe dos EMP, referentes
às suas condutas e o que poderá ser feito para o aprimoramento do serviço. Pretende-se que se
pratique, de fato, uma vigilância ativa à saúde do servidor público federal, contribuindo para a
qualidade de vida no trabalho (QVT) e, consequentemente, reduzindo o absenteísmo e as
doenças relacionadas ou não ao trabalho.
Portanto, pretende-se que um dos possíveis impactos seja o direcionamento das ações
de promoção a saúde, de forma mais contundente, aos servidores em seus locais de trabalho.
Esta pesquisa, por constituir uma intervenção em prol do setor e da instituição na qual
atua esta pesquisadora, possui a aprovação, o auxílio e o comprometimento de toda a equipe
de promoção e prevenção à saúde dos servidores da UFRN.
22

A DIVIST e os servidores da Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do


Trabalho (DAS) mostram-se sensíveis e atentos às questões relativas às medidas,
potencialidades e fragilidades dos serviços desempenhados. Considera-se que a qualidade no
tocante ao cuidado e a vigilância, beneficia tanto a demanda da equipe, quanto a própria
equipe, já que todos integram o quadro público de atores envolvidos nesta Universidade e
desta forma, assumem importância inquestionável deste tipo de trabalho.
Assim, o presente estudo pretende contribuir com a construção de um diagnóstico
situacional das causas da não realização dos EMP, bem como a proposição de estratégias e
recursos necessários à minimização dessa problemática. Pretende, também, colaborar com as
condições de saúde e de trabalho dos profissionais, realizando o adequado uso das
ferramentas já existentes, com foco na QVT e visando reduzir os impactos do processo saúde-
doença no contexto laboral, familiar e social.
Busca-se então, a atenção integral aos servidores, bem como às pessoas atendidas pelo
serviço público, por meio da prevenção dos riscos e vulnerabilidades de forma ativa e
eficiente.
Neste contexto, diante do problema identificado na realidade dos EMP realizados
pelos servidores da UFRN, procurou-se responder ao seguinte questionamento: Qual o perfil e
quais as causas, relatadas pelos servidores públicos da UFRN, para a não realização dos
Exames Médicos Periódicos?
23

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Construir um diagnóstico situacional e propor estratégias para o enfrentamento das


causas de não realização dos Exames Médicos Periódicos na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

− Quantitativo: Traçar o perfil dos servidores que não possuem Atestado de Saúde
Ocupacional por conclusão de Exame Médico Periódico;
− Qualitativo: Identificar as principais causas da não realização dos Exames Médicos
Periódicos;
− Misto: Elaborar tecnologias digitais e estratégias que possibilitem favorecer à
adesão dos servidores ao EMP.

3.3 RESULTADOS ESPERADOS

− Possibilitar, a partir do diagnóstico situacional, a adoção de estratégias e/ou ações


de vigilância, de forma direcionada, aos principais perfis identificados;
− Contribuir com a melhoria da adesão ao EMP, a partir da identificação das
principais causas e entraves à sua realização;
− Desvelar as potencialidades e fragilidades das formas e estratégias atuais utilizadas
pelo serviço para a adesão e/ou realização dos EMP.
24

4 REVISÃO DE LITERATURA

Echer (2001) considera a revisão de literatura imprescindível na elaboração de um


trabalho científico, bem como a julga fundamental para a clareza do problema a ser resolvido.
A revisão seguinte considera a trajetória da compreensão do processo saúde-doença
sob a perspectiva do trabalho, bem como as repercussões, avanços e desafios em nível
mundial e nacional. Por esse motivo, justifica-se essencial, pois intenta contemplar os fatores
principais relacionados à temática.
O texto apresenta uma linha temporal do passado aos dias atuais e dispõe as
informações a partir da perspectiva macro, ao abordar as noções primárias da relação
trabalho-saúde no mundo, perpassando ainda pela ênfase na Vigilância em Saúde do
Trabalhador, para a micro, trazendo estas noções para o âmbito da UFRN.

4.1 BASES HISTÓRICAS DA RELAÇÃO TRABALHO-SAÚDE

A atividade laboral é um dos fatores que interfere na condição e na qualidade de vida


dos indivíduos e, consequentemente na sua saúde, desde os tempos mais remotos
(CARVALHO, 2014).
Apesar de aludir a aspectos negativos, como a errônea interpretação bíblica de castigo
ou a própria definição em dicionário que remete a “luta”, “lida” e “labor”, o trabalho é uma
necessidade natural, logo o homem trabalha para subsistir, constituindo-se como um dos
direitos do indivíduo, ou seja, imbricado ao direito à própria vida (CARVALHO, 2014;
FREDIANI; ALVARENGA, 2014).
Ao longo da história, foi possível perceber as diversas maneiras de organização do
trabalho que influenciaram a temática saúde dos trabalhadores (NICHELE, 2019).
Fato é que as associações entre trabalho e saúde vem sendo estabelecidas desde a
antiguidade, com registros em papiros egípcios, onde já havia o reconhecimento da existência
de doenças relacionadas ao trabalho, e até mesmo “atendimento médico” em alguns ambientes
laborais. Tais associações também são percebidas na tradição judaica através de primitivas
normas que já demonstravam preocupação com possíveis danos relacionados ao trabalho
(MENDES; WAISSMANN, 2013).
Perpassando ao mundo greco romano, surge a palavra trabalho, como derivação da
expressão grega tripalium (instrumento de tortura) representando um sentimento de mal-estar,
25

esforço demasiado e castigo, atrelados ao Império Romano (LIMA, 2017; MENDES;


WAISSMANN, 2013).
Os primeiros estudos relacionados à saúde do trabalhador (ST) datam de 460-375 a.C.
a partir da descrição de Hipócrates sobre a intoxicação saturnina; neste estudo foram, ainda,
levantados questionamentos relativos aos impactos do trabalho sobre a ST (ALMEIDA et al.
2019).
Os registros de Galeno possuem quase tantas referências às doenças ocupacionais
quanto os de Hipócrates. Há relatos sobre as práticas de trabalho dos escravos das minas de
sulfato e ainda registros variados a respeito de doenças associadas a corredores, fazendeiros,
lutadores, etc. (MENDES, 2013).
Já os primeiros registros de atendimento e prevenção de enfermidades relacionadas ao
trabalho foram realizados por Aristóteles (384 – 322 a.C.) no século IV a.C.. Também neste
período, Platão observou e expôs a relação entre doenças específicas do esqueleto em
determinados trabalhadores com o exercício de suas profissões (MULATINHO, 2001).
Bastos, Costa e Melo (2019) acrescentam que tempos depois, após conhecer alguns
ambientes de trabalho, Plínio – O Velho (23 - 79 d.C.) – escreve o tratado "Historia
Naturalis" onde, pela primeira vez, percebe-se uma atenção voltada para a Segurança do
Trabalho, na perspectiva de ambiente, com registros sobre as rústicas medidas de proteção
utilizadas e desenvolvidas pelos próprios trabalhadores, visando a proteção contra chumbo,
mercúrio e poeira (PAIVA; TEIXEIRA, 2015).
Tempos depois, após pesquisas e observações, um médico italiano chamado
Bernardino Ramazzini, publicou no ano de 1700 o livro: Morbis artificum diatriba – Doenças
dos trabalhadores. Obra na qual sugere a introdução de uma simples pergunta na anamnese
médica: “que arte exerce?” (BEDRIKOW; BANDINI, 2018).
A partir de então, diversos estudos com esta mesma perspectiva passaram a ser
realizados em todo o mundo, com vistas a estabelecer a relação trabalho-saúde-doença,
observados e concretizados em formas de sofrimentos, adoecimentos, acidentes e mortes
(BRASIL, 2011a; CAVALCANTE, 2016).

4.1.1 A saúde como um direito do trabalhador

De acordo com Carvalho (2014), ainda que o trabalho tenha sido estabelecido com o
surgimento da humanidade, a relação entre trabalho e doença foi praticamente ignorada até
26

algumas décadas atrás. Historicamente essa compreensão se inicia a partir da Revolução


Industrial na Europa – marco inicial da industrialização moderna.
Neste período de mecanização das fábricas, as precárias condições de trabalho, os
ambientes insalubres, o ritmo acelerado e a acumulação rápida de capital, causaram efeitos
danosos aos operários, dos quais também estavam envolvidos mulheres e crianças
(CARVALHO, 2014; MENDES, 2013).
Estas débeis condições de trabalho e de vida porém, acabavam muitas vezes por
comprometer a própria produção da fábrica, em decorrência da grande constância de acidentes
e/ou doenças que reduziam a intensidade produtiva (MENDES, 2013).
É nesse contexto que ocorre uma mudança significativa em todo o sistema econômico
mundial, refletindo sobre as perspectivas sociais e de saúde. E é através do surgimento dessas
necessidades que se origina a “Medicina do Trabalho” (CARVALHO, 2014; DA SILVA,
2014; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997).
A medida em que o processo industrial avançava, pioravam as condições de trabalho.
Neste sentido, o governo Inglês nomeou o doutor Robert Baker, em 1830, como inspetor
médico das fábricas, considerado como o primeiro serviço médico industrial do mundo.
Destarte, a partir de 1833, as condições de trabalho nas fábricas começariam a melhorar,
enfrentando a resistência dos empresários (CARVALHO, 2014).
Waissmann e Castro (1996) consideram alguns dos registros daquela época, como
marcos políticos de estímulo à reforma normativa para a melhoria das condições laborais,
somados ainda, à capacidade de organização e clamor popular.
Mendes (2013) ainda destaca que estes registros contribuíram para a elaboração dos
saberes em Patologia do Trabalho por um período que se estende até o final do século XIX.
Sodré (2002) relata que no mesmo século surgiu, na Inglaterra, a medicina social. Cuja
abordagem, entre seus postulados, apontava oficialmente para a determinação do trabalho no
processo de adoecimento e a morte dos trabalhadores e, Bila (2008), complementa ao dizer
que foi exatamente devido a esses dois fatores, que a mesma Medicina do trabalho, mostrou-
se insuficiente às necessidades de saúde dos trabalhadores, o que, por sua vez, levou a origem
de uma nova concepção.
Após a segunda guerra mundial, abre-se espaço para uma nova forma de ação político-
sanitária, denominada de Saúde Ocupacional. Esta proposta trouxe um modelo multicausal
para o processo saúde-doença, ou seja, atribuiu a causa das doenças a diversos fatores, como
individualidade, comportamentos, fatores de risco, estilo de vida, entre outros. De modo a
27

ampliar o olhar, voltava o foco, não apenas para o trabalhador, mas também para os ambientes
de trabalho (BILA, 2008; LIMA, 2017).
De maneira mais detalhada, Laurell (1981), relatou que no pensamento clássico da
saúde ocupacional, havia a compreensão de que os problemas do trabalho estavam
relacionados ao ambiente, uma vez que, é a partir dele que o trabalhador entra em contato
com agentes químicos, biológicos e psicológicos, causando-lhe acidentes e doenças.
Entretanto, a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional desconsideravam o
conhecimento do trabalhador como agente ativo sobre os processos e ambientes de trabalho,
então de forma a ampliar ainda mais os conceitos e incluir estes atores, surge a chamada
“Saúde do Trabalhador”, na qual a consciência e os saberes pertinentes à realidade vivenciada
por eles, possui sua devida relevância (DA SILVA, 2014; SANTOS, 2014).
O campo ST foi demarcado por uma construção teórica, recuperada pelo Movimento
Operário Italiano nos anos 1960, a partir de Ivar Oddone (ODDONE, 1986) e de Enrico
Berlinguer (BERLINGUER, 1978), sendo adaptada para a América Latina através das
formulações de Asa Cristina Laurell e Mariano Noriega (LAURELL; NORIEGA, 1989), no
México, além de Cristina Pôssas (PÔSSAS, 1989) e Anamaria Tambellini (TAMBELLINI,
1986), no Brasil, nas décadas de 1970 e 1980 (STRAUSZ, 2019).

4.1.2 Relação Trabalho-Saúde no Brasil: uma trajetória política

No Brasil, por ser um país considerado jovem, a ST também possui uma trajetória
histórica recente. Aqui, como em todos os períodos citados anteriormente, a relação trabalho-
saúde também sofreu influências sociais e econômicas.
Gomez, Vasconcelos e Machado (2018) versam que o campo da ST no Brasil, resulta
de um patrimônio acumulado no âmbito da Saúde Coletiva, cujas raízes partem do movimento
da Medicina Social latino-americana e é influenciado consideravelmente pela experiência
operária italiana.
Os primeiros estudos realizados com essa temática datam entre 1880 e 1903, quando
dez teses de doutorado apresentadas à Faculdade de Medicina da Bahia, versavam sobre a
intoxicação crônica profissional por chumbo (MENDES, 2013), o que já naquela época,
demonstrava a preocupação dos pesquisadores brasileiros sobre a relação saúde-doença
provocadas pelo trabalho (BRASIL, 2011a).
Em 2019, completa-se apenas 100 anos desde a primeira lei que trata de acidentes de
trabalho no Brasil, através do Decreto nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919. Neste mesmo ano
28

houve a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cuja doutrina de prover


serviços médicos aos trabalhadores foi difundida velozmente entre os países desenvolvidos e
em desenvolvimento, tornando-se cada vez mais prioritária por intermédio de recomendações
e orientações de grupos de especialistas na área (MAGALHÃES, 2017).
De maneira breve, Carvalho (2014) aborda que no início deste histórico no país, entre
os anos de 1923 a 1950, basicamente predomina a criação das instituições para aposentadoria;
a partir das Caixas de Aposentadoria – CAPs para empresas ferroviárias, seguidas em 1933
pelos Institutos de Aposentadorias (IAPs) dos marítimos e, nos anos subsequentes seguindo o
mesmo modelo, foram criadas IAPs para outras categorias profissionais.
Neste período, em 1943, um dos marcos históricos foi a criação da CLT através do
Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio, visando unificar toda a legislação trabalhista em vigor no
Brasil, sendo sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas que, dois anos antes (1941), já
havia criado a Justiça do Trabalho.
Então, a partir desta regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho
descritas na CLT, a questão da Segurança e Medicina do Trabalho ganhou destaque, havendo
a Criação das Comissões Internas de Prevenção de Acidente (CIPAS) (VASQUEZ-
MENEZES, 2012).
Entre os anos de 1960 a 1971 os trabalhadores obtiveram algumas conquistas como o
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Instituto Nacional de Previdência
Social – INPS, atual Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, pelo qual aquele que sofre
acidente de trabalho é assegurado (MENDES, 2014; VASCONCELOS, 2013).
Criado em 1930, o Ministério do Trabalho instituiu um grande avanço em 1972,
através das Portarias nº 3.236 e nº 3.237, que obrigava as empresas com mais de 100
trabalhadores a dispor de uma equipe de saúde e segurança composta por médico do trabalho,
engenheiro de segurança, técnico em segurança e auxiliar de enfermagem do trabalho.
A partir de 1977, através da Lei nº 6.514, de 22 de Dezembro, passa a ser obrigatório
para todas as empresas com empregados celetistas do Brasil, fornecer um Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
No ano seguinte, em 1978, com o intuito de promover a proteção da saúde e a
segurança dos trabalhadores nos mais diversos estabelecimentos e atividades de trabalho, o
Ministério da Saúde criou 28 normas para regulamentar as condições das atividades
laborativas: as Normas Regulamentadoras (NRs) (BRASIL, 1978; PICHEK-SANTOS, 2019).
Mendes (1991) refere que a emergência da ST no Brasil tem início a partir da década
de 80, no contexto da transição democrática, em sintonia com o ocorrido no mundo Ocidental.
29

Em 1983, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) publicou o Programa de


Salud de los Trabajadores e em 1984 financiou um seminário na cidade de Campinas. Foi
neste seminário que se discutiu a necessidade de ultrapassar o conceito de saúde ocupacional
para o de saúde dos trabalhadores, a fim de contemplar a problemática saúde-trabalho de
forma mais abrangente, envolvendo fatores econômicos, culturais e individuais (GOMEZ,
VASCONCELOS e MACHADO, 2018).
Um marco importante parte do relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde
de 1986. A partir de então, pôde-se enxergar a necessidade de condições dignas para o
trabalho, bem como o reconhecimento do trabalhador como ator relevante aos processos e
ambientes laborais, além de considerar o seu entendimento e conhecimento como pré-
requisitos para o processo de saúde-trabalho-doença (GOMEZ, VASCONCELOS e
MACHADO, 2018).
Já em 1988, a Constituição Federal (CF), através do Art. 196º, passa a abordar a saúde
como um direito social, afirmando que este deve ser “garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso
universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”
(CASTRO, 2012).
Dois anos depois, na primeira metade da década de 1990, ocorria também a instituição
da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST), vinculada ao Conselho Nacional
de Saúde (CNS), prevista nos artigos 12 e 13 da Lei Orgânica de Saúde.
Em 19 de setembro de 1990, como um dos maiores ganhos em ST, foi promulgada a
Lei nº 8.080/90 – que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, conhecida como “Lei Orgânica da Saúde” –, trazendo definições e segurança jurídica
aos trabalhadores a partir de seu Art. 5º, inciso 3º, a saber:

Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta Lei, um conjunto de atividades
que se destina, através das ações de vigilância sanitária, à promoção e proteção da
saúde dos trabalhadores, assim, como visa à recuperação e reabilitação dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença
profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, em
estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos à saúde existentes no
processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde – SUS, da
normatização, fiscalização e controle de produção, extração, armazenamento,
transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos de máquinas e de
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
30

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas


sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem
como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de
admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética médica;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do
trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de
trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a
interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo o ambiente de trabalho,
quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.

Após este marco de 1988, a saúde enfim teve sua importância reconhecida como o
pré-requisito para a manutenção da vida, bem como para o gozo dos demais direitos.
Considera-se o trabalho como parte da vida. A categoria trabalho se configura em
determinante social central da saúde pública, sendo corroborado pela CF, que designa as
ações em ST no âmbito da saúde, como competência do SUS (BRASIL, 1988; NICHELE,
2019).
A partir desta Lei é oficializada a nomenclatura “Saúde do Trabalhador” conforme a
definição supracitada. Seguiram-se a este acontecimento também a II e a III Conferência
Nacional de Saúde do Trabalhador, respectivamente em 1994 e 2005 (MENDES, 2013).
Gomez, Vasconcelos e Machado (2018), ressaltam o avanço da publicação em 1999
da “Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho”. Isto se deu através do artigo 6º (parágrafo
3º, inciso VII) da Lei Orgânica de Saúde, responsável pela revisão da listagem obsoleta e
reduzida que colocava o Brasil num ranking inferior de reconhecimento oficial de doenças
relacionadas ao trabalho, diante da maioria dos países do mundo ocidental.
Bastante ampliada, a listagem é bem detalhada no manual publicado em 2001, até hoje
referência para médicos peritos e profissionais de saúde (LIMA, 2017).
Os anos 2000 começam com a área técnica em ST do Ministério da Saúde,
desenvolvendo uma proposta para criação de uma rede que, após dois anos, seria oficialmente
normalizada como Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast)
(GOMEZ, VASCONCELOS e MACHADO, 2018).
Criada em 2009, através da Portaria Nº 2.728, a Renast tem por objetivo disseminar as
ações de ST, associada às demais redes do SUS (BRASIL, 2009a).
De acordo com o próprio portal3, é compreendida como uma rede nacional de
informações e práticas de saúde, organizada com o propósito de implementar ações

3
Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/rede-nacional-atencao-integral-saude-trabalhador-
renast.
31

assistenciais, de vigilância, prevenção, e de promoção da saúde, sendo integrada a rede de


serviços do SUS através dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).
Castro (2012) concorda que a criação da Renast foi um impulso na inserção da ST
entre as políticas de valorização com esta temática, entretanto ressalta que ainda há um longo
caminho para superar todos os desafios existentes à consecução dessas políticas como, por
exemplo, o desafio de se ter profissionais qualificados para desenvolver as ações.
Em 2011 é instituída a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST),
por meio do Decreto nº 7.602, cujos objetivos são: a promoção da saúde e melhoria da
qualidade de vida do trabalhador, bem como a prevenção de acidentes e danos à saúde
relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução
dos riscos nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2011b).
Somando-se a esta política, em 2012 é instituída a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), através da Portaria Nº 1.823, de 23 de agosto do
mesmo ano. Com o mesmo propósito, esta política considera a transversalidade das ações de
ST e o trabalho como determinantes no processo saúde-doença, com o compromisso de
garantia a todos os trabalhadores (COSTA et al., 2017).
Em 2017 ocorre a aprovação da Reforma Trabalhista, trazendo as possibilidades de
terceirização do trabalho, teletrabalho, jornada de 12 horas para qualquer categoria, intervalo
mínimo do horário de refeição para 30 minutos, grávidas e lactantes trabalharem em locais de
insalubridade média ou reduzida (BRASIL, 2017a).
Apesar desta reforma promover um maior número de trabalhadores contratados,
algumas instituições4 e pesquisas alertam para o fato de o que aumento da jornada de trabalho
e a diminuição do horário de refeição e descanso geram estresse ocupacional, o que reflete
direta e negativamente na QVT do trabalhador e de seus familiares, além de torná-lo mais
suscetível a acidentes (COSTA et al., 2017).
Neste percurso de mudanças no mundo do trabalho, histórica e socialmente
desencadeadas, muitas abordagens no campo da saúde surgiram como forma de amparo social
às contraditórias relações entre a saúde e o trabalho (SODRÉ, 2002).

4
Secretaria Nacional de Relações de Trabalho, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos. Terceirização e desenvolvimento: uma conta que não fecha: dossiê acerca do impacto da
terceirização sobre os trabalhadores e propostas para garantir a igualdade de direitos. São Paulo: Central Única
dos Trabalhadores; 2014.
Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Reforma trabalhista ignora estudos sobre a saúde do trabalhador,
diz especialista; 2017.
Rede Brasil Atual. Mudanças promovidas pela reforma terão impacto na saúde do trabalhador. São Paulo; 2017.
32

Deste modo, a criação de medidas, geralmente abarcadas pelas políticas sociais do


Estado, correspondem a tentativas de intervenção nos efeitos do trabalho sobre a saúde dos
trabalhadores (SODRÉ, 2002; TAISSUKE, 2016).
Em síntese, os avanços e conceitos convergem em reconhecer a necessidade de
intervenções sistemáticas do Estado, considerando a participação ativa dos trabalhadores na
promoção e proteção de sua saúde. Contudo, na atual conjuntura neoliberal, essa proposta se
apresenta como contraditória, ampliando a necessidade de avaliação das ações na perspectiva
da eficiência e da eficácia das políticas públicas (TAISSUKE, 2016).

4.2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

A ST compreende um direito à saúde, ou seja, é dever do Estado, como expressão do


direito civil de cidadania, de ordem política, de vida em sociedade e base para os direitos
humanos, aos quais os demais direitos se sujeitam (SANTOS, 2014; VASCONCELOS, 2011).
Esta nova concepção – saúde do trabalhador –, engendrou o rompimento dos
modelos advindos da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional, incluindo ainda a
estruturação das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) no país
(MENDES; DIAS, 1991).
Todavia, antes de iniciar as discussões sobre esta, faz-se necessário explicitar as
diferenças existentes entre os tipos de vigilâncias, segundo seus contextos, ações e
competências.
A vigilância apresenta duas definições internacionalmente consagradas em saúde
pública: uma que poderíamos denominar de clássica, aplicada inicialmente no final do século
XIX, possui sua utilização vinculada aos conceitos de isolamento e quarentena (WALDMAN,
1998).
A segunda se deu devido ao desenvolvimento do comércio internacional na segunda
metade do mesmo século. Quando, a partir dos avanços da microbiologia e dos saberes sobre
a transmissão das doenças infectocontagiosas, surge, em saúde pública, um novo conceito,
definido pela específica, mas limitada, função de observar os comunicantes dos pacientes
atingidos pelas moléstias graves da época (ARREAZA; MORAES, 2010; WALDMAN,
1998).
Apenas na década de 50, observa-se uma concepção de vigilância aplicada à saúde
pública, mais próxima da atual. Esta considera o acompanhamento sistemático dos eventos
adversos à saúde na comunidade, com vistas a aprimorar as medidas de controle, além de
33

incluir a coleta sistemática de dados referentes a tais eventos, sua contínua avaliação e, ainda,
a divulgação destas informações (ARREAZA; MORAES, 2010; LANGMUIR, 1971).
O processo de consolidação da vigilância, sedimentou ainda uma distinção entre a
vigilância epidemiológica e a sanitária (ARREAZA; MORAES, 2010).
Entende-se por Vigilância Epidemiológica, o conjunto de atividades que possibilita a
obtenção de informações essenciais para o conhecimento, a detecção ou prevenção de
qualquer mudança que possa ocorrer nos fatores determinantes e condicionantes do processo
saúde-doença, em nível individual ou coletivo, com objetivo de recomendar e adotar de forma
oportuna as medidas de prevenção e controle dos agravos (BRASIL, 1990a).
Por sua vez, Vigilância Sanitária corresponde a um conjunto de ações, capaz de
prevenir, diminuir ou eliminar os riscos à saúde, além de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de
interesse à saúde (BRASIL, 1990a).
Há ainda a sistematização, por Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), de três vertentes do
que chamam de “Vigilância da Saúde”. A saber:
a) Vigilância da saúde equivalente a “análise de situações de saúde”; promove a
ampliação dos objetos da vigilância epidemiológica tradicional, contribuindo para um
planejamento de saúde mais abrangente;
b) Vigilância da saúde como proposta de integração institucional entre a vigilância
epidemiológica e a vigilância sanitária;
c) Vigilância da saúde como uma proposta de redefinição das práticas sanitárias. Ou
seja, representa a possibilidade de organizar processos de trabalho em saúde num território
delimitado para enfrentar problemas por meio de operações montadas em diferentes períodos
do processo saúde-doença.
O termo “vigilância da saúde” é ainda, por vezes, confundido com “vigilância em
saúde”, como se fossem sinônimos. Entretanto é importante realçar que, em seus contextos, os
dois termos possuem significações relevantes e positivas nas possibilidades de ação menos
fragmentadas em relação às vigilâncias (DE SETA, REIS; PEPE, 2011, grifo da autora).
De forma abrangente, às vigilâncias supracitadas, a Vigilância em Saúde consiste num
espaço estratégico do Estado para recolher evidências, a fim de desencadear ou recomendar
ações. Necessita de preconcepção ou de um modelo (implícito ou explícito) de ações de saúde
que, alimentadas pela teoria ou visão de mundo, consolidam-se em método de percepção da
realidade, para então desvelar as evidências capazes de serem implementadas no modelo
(NETO-RIBEIRO, 2013).
34

Desta forma, para Vasconcellos (2007), a vigilância em saúde é a máxima expressão


de mediação do Estado democrático e de direito a fim de garantir a saúde aos cidadãos.
Por sua vez, a VISAT, enquanto foco e objeto de atuação, diferencia-se da vigilância
em saúde geral, bem como das intervenções dos demais setores que envolvem as relações
entre saúde e trabalho, pois concentra suas atuações dentro de um escopo específico,
realizando investigações e intervenções na relação entre o processo de trabalho e a saúde
(MACHADO, 1996).
Portanto, é importante destacar que equiparar a vigilância em saúde e, por conseguinte,
a vigilância em saúde do trabalhador às concepções restritas de “vigilâncias no campo da
saúde” – expressão adotada por de Seta, Reis e Pepe (2011) –, acima das questões semânticas,
ensejam consequências importantes na definição das competências institucionais referentes à
implementação das ações de intervenção nos ambientes de trabalho (MACHADO, 1997).
Neste contexto, a concepção de “Vigilância em Saúde do Trabalhador” emerge,
influenciada, diretamente pelas contribuições da medicina social latino-americana, bem como
pela experiência italiana de reforma sanitária, que carregavam algumas características e
princípios norteadores dessas ações (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997;
PINHEIRO, 1996).
Segundo Machado (1997) é mister destacar as seguintes concepções do pensamento da
medicina social latino-americana: a) a determinação social da saúde; b) a relativização de
métodos quantitativos na análise da associação entre causa e efeito; c) a multidisciplinaridade
em torno da discussão da saúde; d) as práticas e gestões participativas em saúde e, ainda, e) o
entendimento da dicotomia entre sujeito individual e coletivo.
Por sua vez, a reforma sanitária italiana trouxe os princípios básicos do chamado
modelo operário italiano, no sentido de não delegar, não monetizar os riscos e buscar a
validação consensual em grupos homogêneos (LAURELL; NORIEGA, 1989; ODONNE,
1986).
Percebe-se que no Brasil, a evolução da importância dada a ST se expressa através da
grande quantidade de leis, que ao longo do tempo foram criadas, visando atender as demandas
sociais, sendo um indicativo das progressivas conquistas obtidas nessa área (LIMA, 2017).
Dentre estas, também como fruto de participação ativa e decisiva das CISTs, a
Instrução Normativa da VISAT foi promulgada através da Portaria nº 3.120, de 01 de julho de
1998 (MINAYO-GOMES; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Segundo a Portaria, a Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende:
35

[...] uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar,


conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos
à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos
tecnológico, social, organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar,
executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou
controlá-los.
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compõe um conjunto de práticas sanitárias,
articuladas supra-setorialmente, cuja especificidade está centrada na relação da
saúde com o ambiente e os processos de trabalho e nesta com a assistência, calcado
nos princípios da vigilância em saúde, para a melhoria das condições de vida e saúde
da população.
A Vigilância em Saúde do Trabalhador não constitui uma área desvinculada e
independente da vigilância em saúde como um todo, mas, ao contrário, pretende
acrescentar ao conjunto de ações da vigilância em saúde estratégias de produção de
conhecimentos e mecanismos de intervenção sobre os processos de produção,
aproximando os diversos objetos comuns das práticas sanitárias àqueles oriundos da
relação entre o trabalho e a saúde (BRASIL, 1998).

Desta forma, desde o início, a ST buscou, através de novas estratégias de intervenção,


abarcar não apenas os riscos e os adoecimentos relacionados ao trabalho, mas também o
processo do trabalho e seus determinantes na promoção da saúde (DALDON; LANCMAN,
2012).
De acordo com os princípios da ST, a VISAT preconiza a subjetividade e o
conhecimento dos trabalhadores, além de se configurar como instrumento de transformação
articulado ao contexto social (PINHEIRO, 1996).

4.2.1 Avanços e desafios da VISAT

A disposição continental do Brasil, sua variedade cultural, a ocupação com foco


econômico dos territórios e a diversidade de seus equipamentos de saúde agregam desafios na
esfera do que já é efetivamente considerado como avanço para a área de ST (MINAYO-
GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Daldon e Lancman (2012) verificaram que por não se tratar de um processo linear,
a VISAT está sujeita a tensões e conflitos de várias naturezas, que precisam ser
considerados ao avaliá-la, bem como durante a busca por avanços no alcance de suas
ações.
Um dos primeiros e principais avanços em VISAT foi justamente, à década de 1980,
quando o próprio trabalhador passou a ser reconhecido como sujeito possuidor de saber e não
mero consumidor de serviços de saúde (LACAZ, 1996).
Avanço inquestionável foi, através da Carta Constituinte (BRASIL, 1988), o
estabelecimento dos parâmetros legais para a constituição do campo saúde do trabalhador no
SUS. Onde, no artigo 200, estabeleceu a ampliação do atendimento do SUS para além da
36

intervenção no corpo ou partes dele; mas evoluiu para a intervenção nas causas e, inclusive,
nos ambientes de trabalho (LOURENÇO; BERTANI, 2007).
A princípio argumentava-se sobre a resistência dos profissionais da atenção
primária como desafio a VISAT, por serem sobrecarregados de atividades e programas do
governo federal (CHIAVEGATTO; ALGRANTI, 2013).
Todavia este primeiro nível da atenção hoje caminha como avanço, através da
ampliação do olhar sobre o trabalho e o reconhecimento de seus reflexos sobre o viver e o
adoecer dos trabalhadores, de sua família e da comunidade, como tem demonstrado alguns
estudos (CHIAVEGATTO, 2010; LACERDA E SILVA, 2009).
Apesar dos avanços nas políticas públicas, direitos sociais, trabalhistas e políticos, nas
exigências para a troca, especialmente, no âmbito internacional, nesse início de século XXI,
novas e velhas questões relativas à saúde e ao trabalho se põem no cotidiano dos
trabalhadores (LOURENÇO; BERTANI, 2007; MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005) .
Nos primeiros anos após promulgação da CF, início dos anos 1990, foram criados
novos Programas de Saúde do Trabalhador em todo o país, porém nem todos conseguiram se
consolidar, pois neste período, os avanços da área dependiam da superação de vários desafios,
sendo alguns deles persistentes até hoje (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS;
MACHADO, 2018).
Dentre os desafios, destaca-se a ausência de uma cultura de ST no âmbito da saúde
pública, bem observada na pesquisa de Seta, Reis e Pepe (2011), a saber: “Maior ênfase será
dada às duas primeiras (vigilância epidemiológica e vigilância sanitária); dentre outros
motivos, pelos seus aspectos institucionais e de tradição no campo da saúde”.
Esta cultura (ou falta dela) se constitui em desafio principalmente por demandar o
aprofundamento das ações articuladas e integradas, envolvendo várias instâncias, quer intra
ou extra setoriais ao setor da saúde (PORTO et al., 2003).
Além disso, ainda perduram os conflitos de competência com outras áreas do aparelho
do Estado, somadas a resistência das vigilâncias tradicionais (principalmente a sanitária) a
incorporar o binômio trabalho-saúde em suas práticas, o que por sua vez, ainda implicam na
dificuldade de utilização dos recursos destinados às ações, mesmo os que possuem rubrica
própria (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Outro ponto é a carência de recursos materiais e humanos, leia-se um corpo técnico
com formação específica, bem como de processos de capacitação, considerados deficientes,
como conseqüência da marginalidade atribuída à questão trabalho-saúde, aliada ainda à
37

generalizada insatisfação profissional. (DALDON; LANCMAN, 2012; MINAYO-GOMEZ;


THEDIM-COSTA, 1997; MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Observa-se que ainda hoje persiste a desarticulação entre os ministérios, havendo, até
mesmo, concorrências na definição das atribuições de cada órgão (DALDON; LANCMAN,
2012); esta inconsistência e heterogeneidade de entendimento, da questão da ST, quando não
a ausência, nos dispositivos normativos nas três esferas de governo obstaculiza ainda mais o
processo (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
Outro desafio está nos limites relacionados à organização das forças sociais que sejam
capazes de superar as barreiras das políticas de gestão do trabalho das empresas, bem como as
inércias estruturais da organização do trabalho em cada setor econômico (MACHADO et al.,
2011).
Neste caso, uma premissa metodológica seria a interlocução com os próprios
trabalhadores, depositários de um saber emanado da experiência e sujeitos essenciais quando
se visa a uma ação transformadora (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Todavia,
tem-se a percepção da população trabalhadora com viés puramente assistencial e auto
excludente como protagonista de suas práticas (MINAYO-GOMEZ; VASCONCELLOS;
MACHADO, 2018).
Os problemas sanitários, ocupacionais e ambientais da atualidade, da mesma forma
configuram enormes desafios à VISAT no Brasil, dada sua missão de conhecer-intervir nos
determinantes e condicionantes da saúde da população trabalhadora (LEÃO; BRANT, 2015).
Os avanços em ST são delimitados pelo tamanho dos desafios. Considerando o
contexto e as competências da Visat, é incompreensível a insensibilidade dos agentes públicos
para com as missões do SUS de promoção, prevenção e proteção à saúde dos trabalhadores,
sob a determinação constitucional do exercício do SUS a esta vigilância (MINAYO-GOMEZ;
VASCONCELLOS; MACHADO, 2018).
A construção da VISAT no SUS significa então, uma intensa luta para a viabilização
de seu projeto contra-hegemônico, que encontra fortes resistências em importantes setores da
sociedade e do próprio Estado (PINHEIRO, 1996).
Acresça-lhe o enorme desafio até hoje que, mesmo após 21 anos da promulgação de
sua instrução normativa, ainda não se caracteriza em instrumento normativo-metodológico de
ação cotidiana nas práticas dos CERESTS (GOMEZ, 2018).
Portanto, a VISAT compreende uma questão de saúde pública que, a fim de promover
e prevenir os agravos à saúde nos ambientes laborais, associa teorias e conhecimentos, à
prática (BILA, 2008; SANTOS, 2014).
38

4.3 A PASS: UMA CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO

Como visto anteriormente, antes da Constituição de 1988, as estratégias de proteção à


saúde do trabalhador estavam limitadas apenas às NRs da CLT onde, a partir do conceito de
saúde ocupacional, o foco estava na preservação da força de trabalho, com intervenções
restritas às atividades de assistência e fiscalização (SOUZA, 2017).
Neste mesmo período – em contrapartida – os servidores públicos não dispunham de
nenhum tipo de regulação e instrumentos de proteção à saúde (CARNEIRO, 2006;
MAGALHÃES, 2017; MARTINS et al., 2017).
Por este motivo, na ausência de uma Política Nacional em Saúde do Servidor, foram
instituídos serviços de saúde com recursos, estruturas e critérios periciais distintos entre os
Ministérios e os outros órgãos que compõem o SIPEC (BRASIL, 2008; 2010b).
De forma mais precisa, é somente a partir da criação do SUS, que as políticas públicas
de saúde no Brasil passam a ser pensadas (e construídas), tomando como base os seus
princípios (ALVES; KRUG, 2019).
As primeiras medidas neste sentido surgem em 1990, a partir da construção do RJU
dos Servidores Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais, que passa a
regular as relações de trabalho no setor público, traduzindo-se em normas específicas –
restritas às licenças médicas e aposentadorias por invalidez (MARTINS et al., 2017; PÔSSAS;
MEIRINO; PACHECO, 2019).
Todavia, o contexto histórico sobre a implementação das políticas de ST no Brasil,
mostra que não se pode apenas trabalhar com uma perspectiva normativa, em que o processo
por si só consiga dar conta da complexidade que compreende o campo da saúde (ALVES;
KRUG, 2019).
Como agravante, desde o surgimento do serviço público federal brasileiro, até
aproximadamente o ano de 2006, os contextos e informações referentes à saúde dos
servidores não representavam prioridade para a gestão, sendo relevantes somente quando o
adoecimento causava, finalmente, o afastamento do trabalho (MAGALHÃES, 2017).
Num esforço para estruturar e regulamentar um sistema para os servidores públicos, o
então Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) instituiu, em 13 novembro
de 2006, o Sistema de Saúde Ocupacional do Servidor Público – SISOSP. Este sistema
pretendia cobrir igualmente todos os servidores públicos federais civis. Neste período, a
proposta ainda estava baseada na concepção de saúde ocupacional (MARTINS, 2017;
PÔSSAS; MEIRINO; PACHECO, 2019).
39

Contudo, as experiências estaduais atreladas aos debates nos diversos contextos,


resultaram na reformulação do SISOSP para o SIASS, elevando a concepção de saúde
ocupacional para o conceito de Saúde do Trabalhador (CAMPELO, 2015; MARTINS, 2017;
PÔSSAS; MEIRINO; PACHECO, 2019).
Assim, entre os anos de 2006 e 2009 – como resultado das três Conferências
Nacionais de Saúde do Trabalhador – o governo federal estabeleceu um compromisso de
construir e implantar, de forma compartilhada, uma Política de Atenção à Saúde do servidor
público federal, a PASS (MAGALHÃES, 2017; PÔSSAS; MEIRINO; PACHECO, 2019;
PÍCOLO; LIMA; DE MELO LEÃO, 2019).
A partir de então, a proposta de elaboração da PASS, apresentou-se organizada através
dos três eixos de operação do SIASS que, segundo o Decreto n° 6.833, de 29 de abril de 2009,
art. 3º, são:
I – assistência à saúde: ações que visem à prevenção, a detecção precoce e o
tratamento de doenças e, ainda, a reabilitação da saúde do servidor, compreendendo
as diversas áreas de atuação relacionadas à atenção à saúde do servidor público civil
federal;
II – perícia oficial: ação médica ou odontológica com o objetivo de avaliar o estado
de saúde do servidor para o exercício de suas atividades laboratoriais;
III – promoção e vigilância à saúde: ações com o objetivo de intervir no processo
de adoecimento do servidor, tanto no aspecto individual quanto nas relações
coletivas no ambiente de trabalho (BRASIL, 2009b, grifo do autor).

Objetivando a sustentação desta Política, o governo ainda estabeleceu um sistema de


informação em saúde do servidor, uma sólida base legal, uma rede de unidades e serviços e a
garantia de recursos financeiros específicos para a implementação das ações e dos projetos
(BRASIL, 2010b).
Assim, a sistematização dos dados sobre o serviço público federal se deu tardiamente,
uma vez que as informações só foram efetivamente uniformizadas no SIASS, a partir do ano
de 2009 (LIMA, 2017).
Por sua vez, o SIASS objetiva coordenar e integrar ações e programas nas áreas de
assistência à saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e acompanhamento da saúde dos
servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional (BRASIL, 2009b, 2017b).
No Rio Grande do Norte, a UFRN foi o primeiro local de implantação de uma
Unidade SIASS. Esta instauração, estava prevista em seu Plano de Desenvolvimento
Institucional – PDI 2010-2019:
A UFRN deverá ampliar as ações de apoio social aos seus servidores implantando o
subsistema de atenção à saúde do servidor (técnico-administrativos e docentes), integrando a
vigilância em saúde, perícia em saúde e ações promotoras de saúde (UFRN, 2010, p.79).
40

Isto se deu em 2010 pelo Termo de Cooperação Técnica – ACT n° 003/2010,


atendendo grande parte dos servidores públicos federais do Estado que, utilizam os serviços
de perícia oficial em saúde para concessão de seus direitos (CAMPELO, 2015; COSTA, 2016;
LIMA, 2017).
Além do SIASS e a fim de operacionalizar a PASS, o Decreto nº 7.602/2011, que trata
sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), corrobora as diretrizes
de promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos
locais de trabalho.
Nesse contexto, a promoção a saúde do servidor passa a configurar medidas amplas e
complexas, necessitando de uma estruturação que envolva estratégias multiprofissionais e de
multigestão, contando ainda com o empenho do próprio servidor, como agente ativo na
proteção de sua saúde (BRASIL, 2013).

4.3.1 Atenção à saúde do servidor na UFRN

As ações em saúde com enfoque laboral dos órgãos públicos, historicamente se


revelam em estratégias segmentadas e diversificadas, o que obstaculiza o delineamento do
perfil epidemiológico dos servidores, prejudicando o foco e a direção das ações de VISAT
correspondentes ao quadro do setor público (Bizarria et al., 2014; MAGALHÃES, 2017).
No princípio, a antiga Junta Médica – fundada em 09 de março de 1964, através da
Resolução nº 28/64U – era a responsável pelas ações de saúde da Universidade, estabelecidas
pela legislação. Esta condição perdurou até a instalação da Unidade SIASS-UFRN em 2010,
renomeando a Junta Médica para Perícia Oficial em Saúde (CAMPELO, 2015).
Ainda à época, a Universidade apresentou dois esforços referentes às ações de
promoção e prevenção à saúde do servidor. O primeiro em 1988, com a criação do SESMT –
Serviço Especializado em Higiene, Segurança e em Medicina do Trabalho, não prosperou
pela falta de profissionais especialistas em medicina do trabalho. O segundo, em 1998,
também não conseguiu avançar, desta vez pela falta de recursos específicos para as ações
(SILVA, 2012).
Já em 2008, a partir do Plano de Reestruturação e Expansão da UFRN - REUNI, foi
possível, dentre outros avanços repor e aumentar o quadro de pessoal da instituição.
Neste período, a Pró-Reitoria de Recursos Humanos – PRH foi reformulada em Pró-
Reitoria de Gestão de Pessoas – PROGESP, sendo composta pela Diretoria de Administração
de Pessoal – DAP, Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas – DDP e pela Diretoria de
41

Atenção à Saúde do Servidor – DAS (hoje, Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e


Segurança do Trabalho).
Elucidado este breve resgate histórico, mais recentemente, em seu Plano de Gestão
2015-2019, a UFRN apresenta como um de seus eixos programáticos a preocupação com a
gestão de pessoas, o desenvolvimento institucional e a QVT.
Ou seja, por meio do aprimoramento das políticas de Qualidade de Vida, Saúde e
Segurança no Trabalho, a instituição busca a motivação e o bem-estar das pessoas, com a
pretensão de humanizar os contextos laborais para os servidores docentes e técnico-
administrativos.
Neste sentido, faz-se necessária a compreensão de como e de quais são as ferramentas
existentes e disponíveis, para que tais pretensões, relacionadas à saúde dos servidores da
instituição, possam ser realizadas.
A saber, a elaboração e implementação do plano de gestão, orienta-se também pelo
mecanismo criado através do Decreto nº 99.328/90, no qual o governo federal dispõe do
Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos – SIAPE, sendo o SIAPEnet seu
sítio oficial de informações (BRASIL, 1990b).
Trata-se de um sistema on-line de abrangência nacional, criado para armazenar
informações pessoais, funcionais e financeiras dos servidores ativos, aposentados e
pensionistas. Seu objetivo é propiciar consultas, atualizações, envio e recepção de arquivos a
todos os usuários envolvidos (BRASIL, 1990b).
Os indicadores epidemiológicos são considerados fundamentais para a elaboração e o
desenvolvimento de quaisquer ações em ST, de tal forma que alinhem a promoção da saúde à
epidemiologia (ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003).
Considerando o exposto, a PASS instituiu como base de informações epidemiológicas,
o Sistema de Informações de Saúde e Segurança no Trabalho da Administração Pública
Federal – o SIAPE SAÚDE.
Configurado como o banco de dados epidemiológicos que subsidia os três eixos de
atuação do SIASS, este sistema é composto por cinco eixos: Perícia Oficial, Exames Médicos
Periódicos, Promoção e Vigilância, Investidura em Cargo Público e Informações Gerenciais
(BRASIL, 2010a).
Tal sistema disponibiliza os dados relativos à saúde dos servidores, transformando-os
em informações gerenciais (BRASIL, 2017b).
42

A partir das informações contidas neste sistema e por meio de variadas estratégias
metodológicas, no âmbito da própria UFRN, nos últimos 5 anos foram realizados diversos,
conforme exibe o Quadro1.

Quadro 1 – Pesquisas realizadas a partir de informações obtidas no SIASS. Natal/RN, 2020.


Título Objetivo Autor (ano)

Morbidade de servidores de uma Analisar a morbidade de servidores de uma Universidade


Santos
universidade federal afastados Federal brasileira afastados para tratamento da própria
(2019);
para tratamento da própria saúde. saúde no ano de 2016.

Afastamento do trabalho a partir


Analisar o afastamento do trabalho por absenteísmo-
do Sistema de Informação em
doença a partir do Sistema de Informação em Saúde e
Saúde no contexto de uma Lima (2017);
Segurança no Trabalho (SIAPE SAÚDE), no contexto de
Instituição Federal de Ensino
uma Instituição Federal de Ensino Superior
Superior

Indicadores de saúde do Conhecer os indicadores de saúde do trabalhador, com


trabalhador: um estudo com foco foco na Perícia Oficial em Saúde e Exame Médico Magalhães
na perícia oficial e exame médico Periódico dos servidores da Universidade Federal do Rio (2017);
periódico Grande do Norte.

Saúde do trabalhador: um estudo


Analisar os afastamentos por motivo de saúde dos
acerca da determinação social da
servidores atendidos na unidade SIASS-UFRN, com
saúde que perpassa os Silva (2017);
vistas a contribuir para identificação dos determinantes
afastamentos em uma universidade
sociais que perpassam o processo saúde-doença.
pública federal.

Análise da relação entre saúde Analisar a relação entre o trabalho e a saúde mental de
mental e trabalho de docentes docentes de uma instituição pública federal de ensino Costa (2016);
universitários. superior.

Atividade laboral como contexto Realizar uma análise descritiva e clínica da atividade
de sofrimento e adoecimento laboral de servidores públicos de uma Instituição Federal
França
psíquico: análise dos servidores Brasileira de Ensino Superior, que apresentaram histórico
(2016);
públicos em instituição federal de queixa de adoecimento psíquico relacionado ao seu
brasileira de ensino superior. contexto laboral.

Caracterizar as condições de trabalho dos servidores


técnico-administrativos, especificamente dos auxiliares e
Condições de trabalho e saúde
assistentes em administração do campus central da Campelo
psíquica de servidores técnico-
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, (2015);
administrativos da UFRN.
Natal, Brasil, bem como, identificar a incidência de
sofrimento psíquico nesse grupo de servidores.
Fonte: Elaboração própria (2020).

4.3.2 Os Exames Ocupacionais de Saúde na UFRN

A NR-7, estabelece a elaboração e a implementação obrigatória do Programa de


Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) aos empregadores e instituições.
43

Por sua vez o PCMSO determina exames médicos obrigatórios em 5 níveis:


admissional, o periódico, o de retorno ao trabalho, o de mudança de função e o demissional,
conforme o detalhamento no Quadro 2.

Quadro 2 – Detalhamento dos Exames Ocupacionais estabelecidos pela NR-7. Natal/RN,


2020.
Exame Médico Objetivos

Assegurar que as capacidades, as necessidades e as limitações fisiológicas e psicológicas


Admissional
do candidato sejam compatíveis com os esforços físico e mental exigidos pelo cargo.

Diagnosticar precocemente as doenças ocupacionais e contribuir eficientemente para a


Periódico
promoção da saúde dos trabalhadores.

Ser realizado obrigatoriamente no primeiro dia de volta ao trabalho, após afastamento igual
de retorno ao
ou superior a 30 dias por motivo de doença, acidente ocupacional ou não, bem como nos
trabalho
casos de licença maternidade.

de mudança de Ser realizado antes que haja alteração de atividade, posto de trabalho ou setor que
função modifique a exposição de fatores de risco para a saúde do trabalhador.

Demissional Detectar doença ocupacional causada durante o exercício de sua função na empresa.
Fonte: Elaboração própria baseada em Carvalho (2014).

Já no serviço público federal, os procedimentos são definidos pelo próprio RJU, além
dos detalhamentos dispostos nos manuais de orientação do SIASS.
Assim, o RJU estabelece o “Exame para investidura em cargo público” e o “Exame
Médico Periódico”, operacionalizados, respectivamente, pelo Manual de Perícia Oficial em
Saúde e pelo Manual Operacional dos Usuários: Órgão (BRASIL, 1990b, 2010a, 2011c,
2017b).
Já os servidores que apresentarem indícios de lesões orgânicas ou funcionais, serão
submetidos à avaliação pericial, procedimento conhecido no serviço público como Avaliação
da capacidade laborativa (BRASIL, 1991).
Referente ao “Exame Médico Demissional”, não há especificação em lei vigente ou
nos manuais, cabendo às instituições estabelecerem seus modelos de atuação para estes casos.
Considerando que no serviço público, a demissão é caracterizada, em lei, como punição, na
UFRN a realização do Exame Médico Demissional é imbricada ao Processo Administrativo
Disciplinar.
Mediante este contexto e, considerando segundo Merhy (2007) que, a especificidade
do trabalho em saúde reside justamente na centralidade do encontro entre a pessoa e o
44

profissional, dentre os tipos de Exames Ocupacionais, as funcionalidades do EMP, pela


perspectiva de vigilância, configuraram o relevante objeto de investigação desta pesquisa.
Assim, de acordo com o “Manual Operacional dos Usuários: Órgão”, o Exame
Médico Periódico:

[...] é parte integrante da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do


Servidor Público Federal e integra um conjunto de avaliações necessárias ao
acompanhamento da saúde dos servidores. Estes exames objetivam, prioritariamente,
a preservação da saúde, a partir da avaliação médica e a detecção precoce dos
agravos, relacionados ou não ao trabalho, por meio de exames clínicos, avaliações
laboratoriais e de imagens, baseados nos fatores de riscos aos quais os servidores
poderão estar expostos no exercício das diversas atividades no serviço público
federal. As informações dos exames médicos periódicos comporão o perfil
epidemiológico dos servidores públicos federais, sendo importante para subsidiar o
desenvolvimento de ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, bem como
de ações de vigilância aos ambientes e processos de trabalho. Essas informações,
preservado o sigilo, serão sistematizadas no Sistema Integrado de Administração de
Recursos Humanos – SIAPE, no Módulo de Exames Médicos Periódicos (BRASIL,
2011c).

Neste sentido, Campelo (2015) caracteriza o EMP como uma conquista significativa
para a promoção da saúde dos servidores, principalmente por ter a preservação de sua saúde
como prioridade, observando os riscos existentes no ambiente de trabalho e de doenças
ocupacionais ou profissionais.
Além disso, é válido enfatizar que o EMP constitui um direito do servidor, instituído
pelo artigo 206-A da Lei nº 8.112/90, regulamentado pelo Decreto nº 6.856/2009, bem como
destacá-lo como uma importante iniciativa da PASS (BRASIL, 1991, 2009c).
Rebelo e Sortica (2000) detalham ainda, que o programa requer acompanhamento de
um médico do trabalho e que, seu objetivo é priorizar a preservação da higidez de todos os
trabalhadores, utilizando-se para isso, das ações de saúde que privilegiem o diagnóstico
precoce, dos agravos oriundos das atividades laborais que estejam fora do controle da
instituição.
Desta feita, a realização dos exames periódicos é de extrema importância para o
planejamento e a elaboração de ações de acordo com as necessidades dos servidores.
No âmbito da UFRN, o início oficial do EMP, ocorreu no mês de outubro de 2010, a
partir do evento realizado no auditório da reitoria, incluindo somente os servidores da
instituição com idade acima de 60 anos, com o objetivo de conscientizá-los sobre a
importância do novo serviço. Então, a partir de 2011, iniciaram-se as convocações ordinárias,
através do SIAPE, conforme as prerrogativas da legislação (MAGALHÃES, 2017).
45

Antes de fornecer mais detalhamentos sobre o serviço, é importante esclarecer


algumas terminologias comuns à rotina da equipe de vigilância, a fim de situar os interessados
na temática, a saber, no Quadro 3.

Quadro 3 – Detalhamento das situações dos Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020.
Status Descrição

Convocado Servidor selecionado para realizar EMP no presente ano;

Recusado Servidor recusou-se a realizar o exame, mediante “Termo de recusa”;

Não
Após expirada a data estimada para realização do exame e o servidor não se manifestou;
Respondido

Confirmado Servidor confirmou a realização dos exames, mediante “Termo de Confirmação”;

Servidor confirmou a realização dos exames, mas não iniciou (após expirada a data
Não Iniciado
estimada para realização do exame);

Iniciado Registro do exame periódico iniciado pelo profissional médico;

Não concluído Iniciado e não concluído (após expirada a data estimada para realização do exame);

Após iniciado, faltou alguma informação durante a consulta (geralmente algum resultado
Pendente
de exame);

Atrasado Pendência não resolvida após expirada a data estimada para realização do exame;

Concluído Exame periódico concluído com emissão do ASO.


Fonte: Brasil (2011c, 2011d).

Na instituição, tais convocações, trâmites burocráticos e a avaliação clínica com o


médico do trabalho, são desempenhadas pela equipe multiprofissional da DIVIST,
considerando que cabe à DAS, enquanto Unidade SIASS, ser “responsável pela gestão de
ações referentes à atenção à saúde, perícia em saúde, vigilância e segurança no trabalho e
qualidade de vida” (UFRN, 2011, p.47).
A logística e os dados da Unidade SIASS foram implementados virtualmente, através
do portal SIAPEnet, cujas informações relacionadas à saúde dos servidores, encontram-se
organizadas no módulo Siape Saúde.
O Siape Saúde, possui informações sobre a saúde do servidor público do Poder
Executivo Federal, incluindo aspectos relativos às perícias, EMPs, promoção à saúde,
vigilância dos ambientes e processos de trabalho, concessões de adicionais ocupacionais,
exames de saúde para investidura em cargo público, além de informações gerenciais.
Desenvolvido para a gestão e controle das ações da saúde e segurança no trabalho dos
servidores, apresenta-se na forma de prontuário eletrônico de saúde (BRASIL, 2017b).
46

Por sua vez, ao Siape Saúde compreende o módulo “Órgão”, dos EMP. Neste,
encontram-se as informações dos EMPs de todos os servidores do SIPEC, além de promover
o envolvimento de todas as partes interessadas no processo, conforme a Figura 1, abaixo:

Figura 1 – Fluxo do processo no Módulo Exames Médicos Periódicos. Natal/RN, 2020.

Fonte: Brasil (2011d).

Trata-se de uma importante ferramenta que compõe o perfil epidemiológico destes


trabalhadores públicos, sendo relevante ainda, para subsidiar o desenvolvimento de ações
direcionadas de promoção à saúde, prevenção de agravos, bem como as ações de vigilância
aos locais e processos de trabalho (BRASIL, 2010a).
Da mesma forma, Magalhães (2017), destaca que todos os dados obtidos através da
avaliação periódica são registrados no prontuário eletrônico do Siape Saúde, com o intuito
coletivo de vigilância epidemiológica e de desenvolvimento de melhorias para os servidores.
Os EMPs avaliam a condição de saúde dos servidores e doenças relacionadas ou não
ao trabalho, por meio de exames clínicos, avaliações laboratoriais gerais e específicas, bem
como através da escuta qualificada (BRASIL, 2011c). As especificidades dos exames são de
acordo com a faixa etária, definidos pela legislação de origem, conforme mostra o Quadro 4.
47

Quadro 4 – Tipos de exames dos servidores de acordo com a faixa etária. Natal/RN, 2020.
Idade Etapa Exames

Todos Avaliação Clínica ● Anamnese e exame físico, realizados por profissional médico;

● Hemograma completo;
● Glicemia;
● Urina tipo I (EAS);
Exames ● Creatinina;
Todos
laboratoriais ● Colesterol total e triglicerídios;
● Transaminase Glutâmica Oxalacética (TGO);
● Transaminase Glutâmica Pirúvica (TGP);
● Citologia oncótica (Papanicolau) – para mulheres;

Avaliação
≥ 45 anos ● Laudo oftalmológico completo;
oftalmológica

● Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSO);


Exames
≥ 50 anos ● Mamografia – para mulheres;
complementares
● Antígeno Prostático Específico (PSA) – para homens.
Fonte: BRASIL (2009d).

Além da avaliação dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos


inerentes ao ambiente de trabalho, é através da anamnese ocupacional, que o servidor tem a
oportunidade de expor seus aspectos psicossociais (medos e insatisfações), subjetivos ou
associados às atividades por ele exercidas.
É importante esclarecer que a adesão ao EMP é facultativa ao servidor, conforme o
Art. 12 da Portaria Nº 04/2009, porém em caso de recusa, esta decisão precisa ser registrada
mediante termo de desistência (BRASIL, 2009d).
Assim, conforme a literatura apresentada, nota-se a urgente demanda de perscrutar
estas questões tão presentes no serviço público, como à vigilância e a promoção da saúde do
servidor. Através da avaliação de um instrumento singular e pouco investigado nas pesquisas,
cujo potencial de alcance não se esgota teoricamente, aliás está em constante (des)construção
diária e, para além disso, seus impactos positivos na vida dos trabalhadores públicos, não se
esgotam.
48

5 MÉTODO

5.1 TIPO DE ESTUDO

Quanto ao delineamento, trata-se de um estudo de campo, configurado como trabalho


sistemático, visto que se utiliza dos conhecimentos advindos da pesquisa ou experiência
prática, com o objetivo de produzir materiais, instrumentos, políticas e comportamentos (GIL,
2007).
No tocante ao objetivo, trata-se de um estudo exploratório, por proporcionar mais
familiaridade com um fenômeno, a fim de torná-lo mais evidente e, descritivo pela
precedência ao caráter representativo sistemático que, neste caso, alude a caracterização da
população estudada, visando identificar as possíveis relações entre as variáveis (MARCONI;
LAKATOS, 2002).
Quanto à natureza, utilizou-se de métodos mistos, com a abordagem quantitativa para
obtenção de informações úteis, rápidas e confiáveis de um grande número de observações e, a
abordagem qualitativa, visando oferecer diferentes perspectivas sobre o tema e delineamento
dos aspectos subjetivos do fenômeno (CRESWELL; POTH, 2016).
Como estratégia de investigação, adotou-se o procedimento explanatório sequencial,
isto é, partiu-se da abordagem quantitativa para a construção da qualitativa e, desta forma, a
análise qualitativa foi realizada a partir dos resultados preliminares produzidos via análise
quantitativa (CRESWELL; POTH, 2016; PARANHOS, 2016; SMALL, 2011).
É mister destacar que a combinação das diferentes fontes de dados, métodos e teorias
deste trabalho, representou a estratégia necessária para superar o viés natural que atinge
estudos desenvolvidos com abordagens singulares (DENZIN, 1970).

5.2 LOCAL DO ESTUDO

5.2.1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi criada em de 25 de junho de 1958


por meio de uma lei estadual como Universidade do Rio Grande do Norte e federalizada em
18 de dezembro de 1960 sendo constituída a partir de faculdades e escolas de nível superior
49

existentes como a Faculdade de Farmácia e Odontologia; a Faculdade de Direito; a Faculdade


de Medicina; a Escola de Engenharia, entre outras (UFRN, 2020).
De acordo com o próprio portal5, a construção do Campus Central nos moldes atuais,
ocorreu durante os anos 70 e hoje, representa um audacioso complexo arquitetônico, como
exposto na Figura 2, sendo circundado por um anel viário que abrange as vias urbanas da
cidade.

Figura 2 – Prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN,


2020.

Fonte: Portal da UFRN6.

No município de Natal, além do Campus, a UFRN é composta ainda, pelas seguintes


unidades externas: Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), Maternidade Escola
Januário Cicco (MEJC), Hospital de Pediatria da UFRN (Hosped), Centro De Ciências Da
Saúde (CCS), Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL), Museu Câmara Cascudo
(MCC), Faculdade de Odontologia (DOD) e o Instituto do Cérebro (ICe).
Trata-se de uma instituição que oferece, entre cursos de lato sensu e stricto sensu,
mais de 200 oportunidades de capacitação, cuja comunidade discente é formada por mais de
43.000 estudantes (UFRN, 2020).
Sua estrutura ainda conta com aproximadamente 5.500 servidores, entre técnico-
administrativos e docentes efetivos, além dos professores substitutos e visitantes. Estes
servidores estão distribuídos no Campus Central e unidades externas em Natal, bem como nas

5
Portal da UFRN. Sobre a UFRN. Disponível em: https://ufrn.br/institucional/sobre-a-ufrn. Acesso em: 19 mar
2019.
6
Portal da UFRN. Campi. Disponível em https://ufrn.br/institucional/campi. Acesso em: 08 abr. 2020.
50

unidades acadêmicas e hospitalares dos interiores do estado, a saber: Caicó, Currais Novos,
Santa Cruz e Macaíba (UFRN, 2020).

5.2.2 Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho – DAS

A etapa inicial e fundamental para realização desta pesquisa, partirá dos dados
quantitativos coletados na DAS, disponibilizados pela DIVIST.
É mister esclarecer que durante a elaboração deste trabalho, ocorreram algumas
mudanças na organização administrativa da UFRN e, com a alteração do Regimento Interno
da Reitoria7, a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor passou a se chamar Diretoria de
Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho, porém, por questões de logística, a sigla
“D.A.S.” permaneceu.
Inaugurada em 7 de dezembro de 2016, as novas instalações da DAS8 estão
localizadas na Rua da Praça, próximo ao Departamento de Artes, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho durante a


campanha de vacinação 2020, contra Influenza. Natal/RN, 2020.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (2020).

Compreende um espaço físico de 2.600 m², com três pavimentos, ocupados por quatro
Divisões e 114 servidores.
Institucionalmente é vinculada à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP), e
realiza mais de dois mil atendimentos por mês.

7
Portal da UFRN. Regimento Interno da Reitoria (2019). Disponível em
https://ufrn.br/resources/documentos/regimentos/RegimentoInternoDaReitoria.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.
8
Fonte: Boletim Diário da UFRN – Natal/RN, segunda-feira, 07 de dezembro de 2015 – nº 228 – Ano XV.
Disponível em: https://www.ct.ufrn.br/ufrn-entrega-novo-predio-da-diretoria-de-atencao-a-saude-do-servidor/.
Acesso em: 23 set. 2019.
51

A DAS é uma unidade que presta assistência à saúde do servidor, predominantemente


com ações de promoção à saúde e prevenção de agravos; por meio de diversos programas
como os Exames Médicos Periódicos, Hiperbetes, Imunização, Prevenção da Obesidade,
Grupo de Apoio aos Acometidos pela Doença do Alcoolismo (GADA), Vida com Maturidade,
Vigilância e Segurança dos Ambientes de Trabalho, Projeto PROTALENTOS, Por Amor a
Vida, entre outros.
Configura uma das 5 sedes das Unidades Administrativas SIASS no Rio Grande do
Norte, realizando ações de perícia oficial em saúde para 32 órgãos Federais, além dos serviços
de Perícia rotineiros da própria instituição, como: homologação de licenças para tratamento da
própria saúde e/ou dependentes, processos por acidente em serviço, licença gestante, exame
de investidura em cargo público, entre outras. Oferece ainda ações de atenção à saúde
primária (básica), como atendimentos clínicos por profissional médico, enfermeiro,
odontólogo, assistente social, psicólogo e nutricionista.

5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM

Este estudo envolveu todos os servidores regidos pelo RJU e lotados na UFRN.
Considera-se que para realizar um estudo quantitativo rigoroso é necessário que haja
uma amostra expressiva. Por sua vez, a ideia qualitativa não é a de generalizar a partir da
amostra e sim, proporcionar informações em profundidade sobre o que se deseja explorar no
estudo proposto (CRESWELL, 2010).
O universo representou o total de 5.475 servidores, ou seja, o número de servidores
ativos na Instituição até 31 de janeiro de 20199. No que diz respeito a abordagem quantitativa,
a população estudada foi selecionada de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
● Ser servidor público ativo da UFRN, ou seja, mantém vínculo empregatício com o
Estado, regido pela Lei 8.112/90;
● Possuir, pelo menos, uma convocação à realização dos EMPs;
● Não possuir Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) emitido por Médico do
Trabalho da UFRN.
Especificou-se “Médico do Trabalho” visto que todos os servidores possuem pelo
menos um ASO emitido pelo “Médico Perito” no momento da investidura no cargo público.

9
O calendário dos Exames Médicos Periódicos, por questões de logística da coordenação responsável, difere do
cronograma da instituição, iniciando suas atividades em 1 de fevereiro de um ano e finalizando em 31 de janeiro
do ano subsequente.
52

Considerando que este ASO o designa “Apto para o exercício”, independentemente de onde
seja lotado, tal ASO não foi considerado como critério de inclusão.
É mister ainda destacar que, o EMP não é obrigatório e, com isso, o servidor
convocado pode não apresentar ASO de conclusão por dois motivos: pela “declaração formal
de recusa”, cadastrada em seu Sistema de Gestão de Acesso (SIGAC) ou apenas por livre
deliberação de não comparecer à consulta com o Médico do Trabalho.
E por sua vez, os critérios de exclusão são:
● Servidor com afastamento vigente e superior a 90 dias10 no período da coleta de
dados;
● Servidor com mais de uma matrícula na instituição (será considerado apenas um
vínculo, para estes casos);
● Servidores da Universidade, mas cedidos a outros órgãos11.
● Servidor categorizado no SIAPEnet como “Cedido”, “Colaborador PCCTAE” ou
“Professor Substituto”, pois existem algumas limitações do sistema na busca com
esses parâmetros;
Inicialmente, foram levantados 1.405 servidores na etapa quantitativa, os quais não
possuíam ASO até a data pré-definida. Destes, após a aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão (mais detalhados a seguir), restaram 1.245, correspondendo à população do estudo.
Então, a partir da categorização destes participantes, foi construída uma amostra,
espontânea e aleatória, utilizada para a abordagem seguinte, qualitativa. A crescente desta
amostra se deu até que houvesse a constatação da saturação das respostas, o que ocorreu no
43º respondente.

5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

De acordo com os objetivos propostos no estudo, a coleta de dados foi relativa ao


período desde a implantação do módulo Órgão na UFRN em 2011 até 31 de janeiro de 2019.
Considerando que o calendário dos Exames Médicos Periódicos inicia suas atividades em 1 de
fevereiro de um ano e finaliza em 31 de janeiro do ano subsequente, esta data corresponde ao
último fechamento dos Exames Periódicos até o desenvolvimento deste estudo.

10
Segundo a Portaria Normativa nº 04, de 15 de setembro de 2009, o servidor que possuir afastamento superior a
90 dias, não será convocado naquele ano. “Parágrafo único: [...] a realização dos exames periódicos dar-se-á no
ano subsequente.”
11
De acordo com a Portaria Normativa nº 04, de 15 de setembro de 2009, em seu Artigo 7º: “estes servidores
deverão ser considerados no programa de exames periódicos do local de exercício, e não no programa do órgão
ou entidade cedente”.
53

Em relação aos procedimentos, esta pesquisa foi realizada em duas etapas, distribuídas
em seis passos, conforme descrito na Figura 4.
Figura 4 – Descrição das etapas da coleta de dados do estudo. Natal/RN, 2020.
ETAPA QUANTITATIVA ETAPA QUALITATIVA

CONCOMITANTE CONCOMITANTE

Fonte: Autoria própria (2020).

5.4.1 Etapa quantitativa

O levantamento dos dados quantitativos foi iniciado imediatamente após a apreciação


e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN em 8 de outubro de 2019, sendo
finalizado em 3 de novembro de 2019.
A primeira necessidade verificada nesta coleta, foi conhecer quantos servidores
possuem duplicidade de matrícula, visto que a DIVIST disponibilizou informações referentes
a quantidade de pessoas e não a quantidade de vínculos. Assim, através dos filtros de consulta
pública no Portal da Transparência12, foi apurado que no período de interesse, a UFRN
possuía 5.543 vínculos, mas apenas 5.475 pessoas físicas e ativas, correspondendo então, ao
universo deste trabalho.
A partir daí e, também, viabilizado pela DIVIST, iniciou-se o primeiro passo com a
realização da coleta dos dados brutos no SIAPEnet, por meio do módulo Órgão, para efetuar o
levantamento dos servidores que atenderam aos critérios, conforme descrito na Tabela 1.
A informação específica a respeito do “afastamento maior que 90 dias” não se
encontra no SIAPEnet, contudo esta foi concedida pelo administrativo da DIVIST, sem
detalhar o afastamento, respeitando-se a privacidade do servidor.
Ocorreu ainda que alguns servidores não puderam ser encontrados no sistema por
haverem se aposentado no meio do processo. Todavia, a obtenção deste dado específico se
deu nominalmente por meio da consulta pública nos Boletins de Serviço da UFRN13.

12
Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br/servidores
13
Disponível em: https://sipac.ufrn.br/public/jsp/portal.jsf
54

Tabela 1 – Resultados apresentados de acordo com a aplicação dos critérios de inclusão e


exclusão para definição da população do estudo. Natal/RN, 2020.
Critérios N %

Não Possui Aso Até 31/01/2019 1.405 25,66%


Inclusão
Possui, pelo menos, uma convocação 1.403 25,62%

Afastamento maior que 90 dias durante a coleta 43 0,78%


Exclusão
Servidor “Cedido”, “Colaborador PCCTAE” ou “Professor Substituto” 46 0,84%

TOTAL 1.314 24%


Fonte: Dados da pesquisa (2020).

O segundo passo foi executado concomitantemente ao primeiro, pois a medida em que


ocorria o levantamento dos dados, as informações iam sendo dispostas e organizadas em uma
tabela, com a devida categorização dos servidores. Para isto, utilizou-se o esquema de
planilhas, funções e filtros dinâmicos do Microsoft Office Excel® (versão 2016).
Assim, a trajetória metodológica para a coleta dos dados quantitativos está
esquematizada no fluxograma da Figura 5.

Figura 5 – Procedimentos para a coleta dos dados quantitativos. Natal/RN, 2020.

Fonte: Elaboração própria (2020).

De acordo com o plano de interesse da análise descritiva, para a elaboração da planilha


do “Perfil dos Servidores”, foram consideradas as seguintes variáveis: "Matrícula", "Sexo"
(biológico), “Idade”, “Carreira na Instituição” “Lotação de Exercício”, “Cargo” e
“Quantidade de Convocações”. Seguem os detalhamentos no Quadro 5:
55

Quadro 5 – Detalhamento das variáveis de interesse do estudo. Natal/RN, 2020.


(continua)
Identificação Identificação no
Variável Justificativa
específica banco de dados

Optou-se pela utilização da matrícula (chamada


de SIAPE pelos servidores) ao invés do nome
pessoal, com o objetivo de evitar erros durante
a análise devido aos possíveis homônimos;
Matrícula Por se tratar do único meio de identificação do – MAT_SIAPE
servidor (dado sigiloso e disponível apenas para
a pesquisadora), esta variável foi crucial na
construção da amostra de abordagem
qualitativa.

A utilização biológica desta variável, justificou-


se como necessária, visto que nos EMPs são SEX_F
realizadas solicitações específicas à fisiologia
feminina ou masculina, a saber: citopatologia
cervical oncótica (papanicolau/preventivo),
Sexo (biológico) SEXO
mamografia bilateral e antígeno prostático
específico – PSA;
Este dado foi fornecido pelo Módulo Órgão no SEX_M
SIAPEnet e não pela interpretação da
pesquisadora.

A utilização desta variável foi necessária, visto


que no EMP são realizadas solicitações ID18_44
específicas conforme a faixa etária dos
servidores, a saber: Laudo Oftalmológico para
servidores ≥ 45 anos; mamografia bilateral,
Idade ID45_49
pesquisa de sangue oculto nas fezes – PSO e IDADE
antígeno prostático específico – PSA para
servidores ≥ 50 anos;
Além de identificar quais foram as principais ID50
faixas etárias que nunca realizaram o EMP.

Pretendeu-se explorar quais foram as principais


categorias envolvidas com o problema desta
pesquisa, utilizando, para isto, os níveis -
Carreira na segundo os planos de cargos e carreiras da
CARREIRA
Instituição UFRN:

Técnicos Níveis:
TEC_ADM
administrativos: A, B, C, D e E;

Níveis:
(A) Auxiliar,
Assistente A, Adjunto
Docentes
A;
Magistério DOC_SUP
(B) Assistente;
Carreira na Superior:
(C) Adjunto; CARREIRA
Instituição (D) Associado;
(E) Titular;

Docentes Básico, Níveis:


Técnico e DI, DII, DIII, DIV e DOC_BTT
Tecnológico: Titular;
56

Quadro 5 – Detalhamento das variáveis de interesse do estudo. Natal/RN, 2020.


(conclusão)
Considerando que após tomar posse, os
servidores são lotados em setores
específicos, possuindo estes suas
Lotação de
particularidades, esta variável pretendeu - LOTACAO
Exercício
identificar na perspectiva de território,
quais foram os principais locais de trabalho
menos adeptos ao EMP.

Considerando que cada cargo apresenta


diferentes responsabilidades, riscos e
benefícios, esta variável pretendeu
Cargo - CARGO
identificar quais são os cargos que
demandam maior direcionamento das
ações.

Esta variável foi necessária,


principalmente, a fim de respaldar a equipe
de convocação do EMP; considerando que
o serviço data de 2011 e que, caso se
Quantidade de enquadre nos pré-requisitos do sistema, os
- QTD_CONV
Convocações servidores que não concluíram o EMP no
ano, são convocados no ano seguinte;
então, esta variável indicou quantas
convocações foram feitas, ou seja, quantas
vezes o servidor não respondeu.
Fonte: Elaboração própria (2020).

É importante destacar que a categorização dos participantes já se constituiu em uma


parte relevante dos resultados esperados por esta pesquisa. Pois, a partir da constatação destes
perfis, foi possível conhecer quais são os sujeitos e/ou setores da instituição que demandam
mais ênfase nas ações de Vigilância em Saúde.

5.4.1.1 Dificuldades encontradas

Durante o período de coleta e tabulação dos dados quantitativos surgiram alguns


obstáculos que afetaram diretamente a definição da população inicial desta pesquisa. Tais
entraves variaram desde questões operacionais, como a constatação de alguns dados ausentes
e/ou cadastros incompletos, até aqueles relacionados aos aspectos de natureza política,
marcado principalmente pela Emenda Constitucional 103, de 12 de novembro de 2019, que
alterou o sistema de Previdência Social dos servidores públicos federais.
Ocorreu que, diante das incertezas e das medidas que poderiam estender o tempo de
contribuição, assim como a falta de garantias a benefícios gerais, a reforma da previdência
57

acabou enfrentando muita resistência entre os servidores (LOBATO; COSTA; RIZZOTTO,


2019).
Desta forma, o impacto direto da reforma na coleta das informações, pôde ser
observado pela crescente aposentação dos servidores que já possuíam este direito adquirido,
modificando com certa frequência o número da população do estudo. Este e outros motivos
foram elencados abaixo na Tabela 2.

Tabela 2 – Fatores que influenciaram na definição da população do estudo. Natal/RN, 2020.


FENÔMENOS REGISTRADOS N %

Aposentadoria 46 3,50%

Exoneração a pedido 11 0,83%

Tomada de posse em outro cargo inacumulável 7 0,53%

Erro de cadastro 2 0,15%

Solicitação de redistribuição 1 0,07%

Retorno ao Órgão de origem 1 0,07%

Demissão 1 0,07%

POPULAÇÃO FINAL 1.245 94,74%


Fonte: Dados da pesquisa (2020).

O segundo passo foi finalizado após a completude da planilha de “Perfil dos


Servidores”, sendo constituída a estrutura necessária para a etapa seguinte.
No que concerne ao terceiro passo, foram realizadas discussão sobre quais seriam as
estratégias mais viáveis, para o recrutamento dos participantes à etapa seguinte.
Considerando a vasta pluralidade e quantidade de pessoas, serviços e Campi da
Instituição, optou-se pela coleta de dados a partir do uso de questionários via e-mail, ou seja,
por meio da internet, tendo como método para a coleta de dados a entrevista assíncrona,
elaborada no formato de questionário eletrônico, utilizando-se da ferramenta Google Forms14.
Para tanto foi criado um convite sucinto e atrativo (APÊNDICE C), além do termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), e enviado ao e-mail pessoal de todos os servidores
que foi disponibilizado pela DIVIST.

14
Disponível em: https://www.google.com/intl/pt-BR/forms/about/
58

5.4.2 Etapa qualitativa

Consecutiva à etapa anterior, esta correspondeu ao quarto passo, em que, por meio das
estratégias elencadas, foi realizado o contato com os primeiros servidores, através do envio do
primeiro malote virtual de convites, a fim de apresentar os objetivos da pesquisa e
disponibilizar o link para o preenchimento do questionário.
Tomou-se a cautela de checar se, na população do estudo, alguém havia se
apresentado recentemente ao serviço e concluído o EMP, a fim de evitar que o envio do
convite fosse importuno. Observou-se que 76 pessoas (6,1%) haviam regularizado sua
situação e encontravam-se com o ASO atualizado restando, assim, 1.169 servidores-alvos
(93,9%) para o envio.
O início do quinto passo ocorreu em novembro de 2019 quando foram enviados os
primeiros convites, de maneira gradativa, com o intuito de manter o controle das entregas,
bem como o acompanhamento das respostas, considerando que a “saturação das respostas” foi
o parâmetro escolhido para o encerramento da coleta das informações qualitativas.

O processo de envio dos convites, deu-se da seguinte maneira:


a) De 1.169 (100%) servidores, 36 (3,1%) não possuíam nenhum e-mail, mas 1.133 (97,9%)
possuíam pelos menos um.
b) 427 (36,5%) servidores possuíam dois endereços de e-mail e o convite foi enviado para
ambos.
c) Assim, havia 1.560 e-mails disponíveis para o recebimento dos convites.
d) O envio foi realizado em malotes de 100 endereços, a cada 2 dias, na modalidade “Com
cópia oculta - Cco”, a fim de manter o sigilo entre os destinatários; e os grupos foram
organizados segundo a variável “CARGO”.
e) Todos os convites foram enviados.
f) 359 (23%) convites não foram entregues, devido os e-mails estarem desativados e
retornaram à caixa de entrada da pesquisadora.
g) Então, mesmo com um hiato considerável, no período das festas de fim de ano, as respostas
atingiram a saturação das informações em janeiro de 2020, no 43º questionário preenchido,
conforme ilustrado na Figura 6.
59

Figura 6 – Procedimentos utilizados para o envio dos convites. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

A pesquisa qualitativa on-line, favoreceu a realização da coleta de dados, já que os


respondentes tiveram acesso às perguntas em ambiente digital, contaram com a comodidade e
segurança de acessá-las em qualquer lugar e a qualquer momento (CAMILLO, 2017;
MENDES, 2009).
Por se tratar de um estudo com método bem -dirigido e planejado, não foram
necessárias outras formas de coleta além da virtual, o que, corroborando com os autores que
defendem esta abordagem, excluiu custos com material impresso, envio de materiais pelos
correios, bem como os custos e/ou tempo com transcrições (FLICK, 2009; FREITAS et al.,
2004; MENDES, 2009).
Além disso, este método ainda otimizou o tempo entre o preenchimento dos
questionários e o começo da análise dos dados, visto que o Google Forms viabiliza a
organização das respostas e até dispõe de sumarização de alguns itens do instrumento em
formato de gráficos, ou seja, permitiu que parte da análise pudesse ser feita concomitante ao
processo de coleta, o que possibilitou e agilizou o processo de análise das informações
(FREITAS et al., 2004).
Por outro lado, a falta da abordagem presencial impediu explicações mais detalhadas
sobre a relevância do estudo, o que, de alguma maneira, estabelece um vínculo que favorece
uma maior adesão dos sujeitos a participarem da pesquisa. Para compensar – em parte – essa
ausência, foram utilizadas frases de afirmação e encorajamento, como por exemplo: “São
apenas 5 perguntas! ”, no topo de cada nova tela do questionário.
60

5.4.2.1 Instrumento para coleta de dados

Inicialmente foi elaborado um questionário (APÊNDICE B) a partir dos objetivos


propostos no estudo, contemplando algumas variáveis quantitativas, visando a comparação de
informações nos resultados e discussões.
Logo após a autorização para o início da pesquisa, a fim de avaliar a validade e a
confiabilidade, foi realizada uma testagem do questionário, junto aos profissionais aleatórios,
de diferentes níveis de escolaridade e com certa similaridade ao grupo pesquisado. Assim,
após algumas sugestões, houve pequenas modificações e adequações para melhor
aplicabilidade do instrumento.
O questionário foi adaptado e otimizado para o formato da plataforma do Google
Forms (APÊNDICE D). Esta ferramenta foi escolhida por ser gratuita, de manejo simples e
rápido.
Assim, optou-se por uma interface limpa, atrativa e, utilizando-se das várias opções de
construção de perguntas disponíveis, algumas questões foram elaboradas com a praticidade de
serem respondidas apenas com “um clique”.
A fim de respeitar os preceitos éticos, na primeira página do instrumento (Figura 7), já
foi exibido o TCLE (APÊNDICE A) e, somente após o registro do consentimento do
respondente, era possível visualizar e iniciar as etapas de perguntas.

Figura 7 – Tela inicial do Questionário. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

Caso o servidor se recusasse a participar, a plataforma já o encaminhava


automaticamente para a tela final, onde só havia uma mensagem de agradecimento pela
atenção.
Na parte inferior de cada tela do instrumento havia uma barra de progresso (Figura 8),
para que o participante pudesse se situar dentro da sequência do questionário.
61

Figura 8 – Barra de progresso. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

Conforme os objetivos propostos no estudo, o questionário foi organizado em duas


partes: Parte 1, cuja intenção, descrita logo no topo da página, era apenas a de caracterização
(sem qualquer identificação) do participante e a Parte 2, composta por 5 (cinco) perguntas
abertas.
É mister destacar a diferenciação referente à variável “sexo”, presente na etapa
quantitativa, obtida através do sistema, com a utilizada nesta etapa.
Considerando que, segundo Camillo (2017), a pesquisa qualitativa examina as
relações dentro de seus contextos de modo amplo, não tendo, portanto, o forte controle sobre
as variáveis (como na pesquisa quantitativa) e, ainda que, segundo Genuíno (2018), as
mudanças referentes às identidades sociais contemplam a diferenciação entre o sexo e o
gênero, sendo o sexo uma categoria biológica e o gênero uma categoria social e cultural, para
o questionário de abordagem qualitativa, foi utilizada a variável “gênero”.
Após constatada a saturação nas respostas, houve, na própria plataforma, a reunião e
organização de todos os questionários. Visto que em cada um consta a data e a hora de
finalização, dessa forma cada questionário recebeu um número sequencial correspondente (Q1,
Q2, Q3...) para que os trechos dos dados obtidos e apresentados nos Resultados e Discussão
fossem identificados com essa nomenclatura. Assim, declarou-se encerrada a etapa de coleta
de dados desta pesquisa, como mostra a Figura 9.

Figura 9 – Questionário encerrado. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).


62

5.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Correspondente ao 6º passo, após a coleta dos dados, partiu-se para a análise e a


interpretação. Nesta fase, considera-se que a escolha do procedimento mais adequado depende
dos dados que serão analisados, dos objetivos propostos, bem como da posição ideológica e
social do pesquisador (CHIZZOTTI, 2006, p. 98).
É mister destacar que a complementaridade da pesquisa de métodos mistos, foi
fundamental para o desenho desta análise e para o efetivo estabelecimento das principais
potencialidades e fragilidades dos Exames Médicos Periódicos. De tal modo que intensificou
e potencializou as discussões intra e extra “equipe EMP”, bem como contribuiu
significativamente para a construção de um produto sólido e significativo, conforme ilustra a
Figura 10.

Figura 10 – Construção do produto através de métodos mistos. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

Em geral, tanto as técnicas quantitativas quanto as qualitativas são utilizadas com


propósitos distintos e possuem potencialidades e limitações. Portanto, a vantagem da
associação consiste em retirar o que cada uma oferece de melhor para responder à questão
proposta (PARANHOS, 2016).
Neste estudo, mediante a estratégia explanatória sequencial, os dados quantitativos
foram coletados e analisados na primeira etapa da pesquisa, dando seguimento para a coleta e
análise parcial dos dados qualitativos (quan→QUAL), desenvolvidos sobre os resultados
quantitativos iniciais (SANTOS et al., 2017).
Assim, enfatiza-se que o delineamento metodológico para a análise final dos dados foi
conduzido qualitativamente e, a integração dos métodos se deu, pela incorporação dos dados
secundários (quan), em apoio às informações do banco de dados principal (QUAL)
(CRESWELL, 2010).
63

5.5.1 Quantitativo: descritivo

Para os dados de natureza Quantitativa, foi realizada uma tabulação através do


software Microsoft Office Excel® (versão 2016) a partir do esquema de planilhas, funções e
filtros dinâmicos.
Respeitando os preceitos éticos, todo o conteúdo do banco de dados foi mantido em
absoluta confidencialidade para que nenhum servidor pudesse ser identificado.
Foram tabulados e categorizados todos os servidores ativos Técnicos Administrativos
em Educação (TAE) e Docentes correspondentes aos critérios de inclusão e exclusão.
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva simples, com cálculos de
prevalência das variáveis. O processo teve como alicerce: a literatura pertinente à temática,
associada à materialização dos objetivos específicos da pesquisa.
Na apresentação dos resultados, foram produzidos gráficos, quadros e tabelas,
delineando o perfil dos participantes de acordo com as variáveis de interesse: SEXO, IDADE,
CARREIRA, LOTAÇÃO e CARGO, seguidos pela análise e discussão correspondente.

5.5.2 Qualitativo: análise de conteúdo temática – segundo Laurence Bardin

Para Bardin (2011), a análise de conteúdo é uma técnica de investigação cuja


finalidade é a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da
comunicação.
Assim, considerando o desmembramento do texto em subgrupos, para clarear a
discussão e facilitar o entendimento das informações mais relevantes, esta foi a estratégia de
análise apropriada para a etapa (BARDIN, 2011).
Seguindo as fases propostas pela autora (BARDIN, 2011), após ser constatada a
saturação das respostas no 43º questionário, iniciou-se a pré-análise. Nesta, a partir da leitura
flutuante, foram selecionados 41 dentre eles, cujo conteúdo também foi transferido para o
Microsoft Office Excel®, a fim de ser preparado por tabulação e organização, o que resultou no
corpus qualitativo da pesquisa.
Depois, foi iniciada a exploração do material, em que foram retirados os vícios de
escrita e realizada a verificação ortográfica, com a cautela de não modificar seu sentido
original.
64

Como o questionário era composto por duas partes, cuidou-se para que sua disposição
no corpus não desvinculasse as variáveis da Parte I – Caracterização do Participante, com os
textos da Parte II – Percepções a respeito do EMP.
Para a análise das respostas, estas foram separadas conforme as convergências sobre
um determinado assunto. Desta forma, pôde-se destacar as semelhanças e diferenças entre os
textos, a fim de sistematizar os pontos análogos e opostos.
Em seguida, os dados foram agregados e categorizadas mediante suas aproximações
de conteúdo. Definiram-se, então, as seguintes categorias:
a) Efetividade em comunicar o EMP, com as subcategorias: reconhecimento da importância,
desconhecimento ao serviço, EMP x Resultado laboratorial e EMP x Checkup de Saúde.
b) Obstáculos referidos, com as subcategorias: obstáculo superável, obstáculo imaginário,
auto responsabilização e resistência aos serviços de saúde e por último,
c) Sugestões do servidor.
Estas categorias correspondem às principais inquietações da pesquisa.
A análise dos resultados, bem como a interpretações de seus conteúdos, deu-se por
meio do diálogo com os autores estudados na revisão de literatura.
A partir do surgimento das necessidades dos servidores lotados nas unidades externas
ao Campus Central, utilizou-se o Software Wordle™ v0.2, para a elaboração da nuvem de
palavras, especificamente para os conteúdos produzidos por estes, com o objetivo de
representar visualmente estes achados.
Então, através das estratégias elencadas para cada tipo de abordagem, foram
apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa.
Desta maneira, a trajetória metodológica da coleta de dados desta pesquisa foi
esquematizada no fluxograma apresentado na Figura 11.

5.6 ASPECTOS ÉTICOS

Antes da execução da pesquisa e após a autorização escrita do gestor da instituição


(ANEXO B), o projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN
que o autorizou por meio do Parecer N° 3.627.677 (ANEXO D), atendendo o que determina a
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012).
65

Figura 11 – Etapas da coleta de dados. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).


66

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção estão apresentados os resultados provenientes de ambas as abordagens de


investigação metodológica. Inicialmente, tem-se a caracterização do perfil dos servidores com
base nos dados sociodemográficos coletados através do Módulo Órgão do SIAPEnet.
Na sequência, a partir da exploração dos questionários, apresenta-se o detalhamento
sobre as percepções, causas para a não realização do EMP, bem como a grande contribuição
dos servidores ao serviço, por meio de suas sugestões de melhorias.
Ao final, visando melhores possibilidades analíticas que ampliam o entendimento
sobre o objeto de investigação proposto, promove-se uma discussão alicerçada sobre a
abordagem multimétodo e, estruturada pela triangulação dos resultados quantitativos,
qualitativos e a literatura consultada.

6.1 REFERENTES A ETAPA QUANTITATIVA: PERFIL DO SERVIDOR

As análises e discussões referentes a esta abordagem tiveram por objetivos: desvelar o


perfil dos servidores que não realizam os exames médicos periódicos, por meio de
características sociodemográficas específicas e amplas, como por exemplo: sexo e faixa etária
respectivamente; além de diligenciar para o direcionamento das ações de vigilância aos locais
de trabalho menos alcançados.
Os resultados mostraram que, até 31 de janeiro de 2019, havia 1.403 servidores
(25,62% do corpo efetivo total) com o histórico de pelo menos uma convocação, mas sem
conclusão de EMP. Destes, 158 (11,26%) apresentavam alguma especificidade no vínculo
(cedidos, afastados, etc.) que os impossibilitavam de regularizar sua situação e, por este
motivo, tais servidores não foram categorizados nesta seção.
Assim, dos 1.245 servidores (88,73%) que se encontravam aptos à procurarem o
serviço, não houve diferença significativa referente à variável sexo, com discreta diferença do
sexo masculino 640 (51,4%) em relação ao sexo feminino 605 (48,6%).
Quanto a variável idade, observou-se que, isoladamente, a realização do EMP é mais
negligenciada entre os servidores (as) a partir dos 30 anos de idade, seguindo uma tendência
crescente nas faixas etárias subsequentes, cujo pico é atingido aos 50 anos, conforme
demonstrado no Gráfico 1.
67

Gráfico 1 – Categorização dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo a faixa etária.
Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Todavia, ao realizar o cruzamento entre as variáveis sexo e idade, observa-se que este
comportamento varia entre homens e mulheres.
O sexo masculino apresenta uma elevação constante, com um aumento expressivo, a
partir dos 40 anos de idade. Já o sexo feminino, mantém-se constante na larga faixa etária dos
30 aos 50 anos apresentando, porém, uma queda a partir de então, como mostra o Gráfico 2.

Gráfico 2 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, segundo as variáveis sexo
e faixa etária. Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

A partir da organização e compilação dos dados obtidos através da variável “cargo”,


constatou-se a existência de quantitativo proporcional e considerável de servidores, nas três
modalidades de carreiras institucionais que compõem a UFRN.
Embora numericamente haja uma discrepância significativa entre as carreiras
institucionais, em proporção, os dados revelam uma aproximação estatística entre os docentes
do magistério superior e os docentes do ensino básico, técnico e tecnológico, seguidos pelos
servidores técnicos administrativos, em quantitativo pouco abaixo. Conforme representação
do Gráfico 3.
68

Gráfico 3 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira
institucional. Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

O cruzamento entre as variáveis carreira e sexo, permitiu discriminar com mais


especificidade os grupos alvo da investigação. Como mostra o Gráfico 4, a seguir.

Gráfico 4 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por carreira e
sexo. Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Através de tais variáveis, verificou-se que, proporcionalmente, os homens docentes do


magistério superior (14,6%) e as mulheres docentes do ensino básico técnico e tecnológico
(14,23%), demandam maior foco das ações de vigilância.
A estes dados, pode-se ainda acrescentar a variável idade, por meio desta tríade,
desvela-se com mais proximidade qual é o perfil dos sujeitos aos quais as investigações
buscavam. Conforme detalhados na Tabela 3.
69

Tabela 3 – Distribuição dos servidores que não realizam o EMP, segundo faixa etária e
variáveis sociodemográficas. Natal/RN, 2020.
Idade

Variáveis
20-29 30-39 40-49 50-59 60+ Total

Sexo n % n % n % n % n % n %

Feminino 34 2,7 151 12,1 136 10,9 157 12,6 127 10,2 605 48,6

Masculino 39 3,1 126 10,1 119 9,5 176 14,1 180 14,4 640 51,4

Carreira

Técnico 67 5,4 130 10,4 97 7,8 178 14,3 151 12,1 623 50
Administrativo

Docente Magistério 4 0,3 131 10,5 148 11,9 141 11,3 147 11,8 571 45,9
Superior

Docente Básico, 2 0,16 16 1,3 10 0,8 14 1,12 9 0,7 51 4,1


Técnico,Tecnológic
o
Fonte: Elaboração própria baseada em Pilger, Menon, Mathias (2011).

Ao explorar estas carreiras, utilizando-se a variável cargo, é possível identificar,


especialmente dentre os técnicos administrativos, quem são esses profissionais. Os dados
revelam que há um equilíbrio quase que paritário entre os docentes de modo geral (49,8%) e
os técnicos administrativos (50,2%) que não realizam o EMP.
Todavia, dentre os técnicos administrativos, destaca-se a expressiva presença dos
profissionais da saúde (30,56%); sendo entre estes médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares
de enfermagem que mais negligenciam o acompanhamento dos EMP.
Ainda referente a variável cargo, conforme a Tabela 4, revelaram-se duas categorias
administrativas de quantitativo preocupante e bastante relevante, os enfermeiros (97,1%) e os
técnicos em enfermagem se destacam entre as mulheres, e os vigilantes (100%) e médicos
(58,5%) entre os homens, que não realizam o acompanhamento de saúde por meio do EMP,
considerando que estes profissionais estão pulverizados por todos os setores da Universidade.
Destaca-se ainda o fato que os vigilantes são homens em sua totalidade.
70

Tabela 4 – Distribuição dos servidores (as) que não realizam EMP, em relação ao total de
servidores por cargo. Natal/RN, 2020.
Não realiza EMP / sexo
Efetiv
Variáveis
o
Total Feminino Masculino Total

Nº Cargo N n % n % n %

PROFESSOR DO MAGISTERIO
1 2146 244 42,9 325 57,1 569 26,5
SUPERIOR

ASSISTENTE EM
2 757 68 53,9 58 46,1 126 16,6
ADMINISTRAÇÃO

3 MÉDICO 196 37 41,5 52 58,5 89 45,4

PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO,


4 211 33 63,5 19 36,5 51 24,2
TÉCNICO, TECNOLÓGICO

5 AUXILIAR DE ENFERMAGEM 217 39 84,7 7 15,3 46 21,2

6 ENFERMEIRO 117 33 97,1 1 2,9 34 29

7 AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO 143 19 57,5 14 42,5 33 23

8 TÉCNICO DE LABORATÓRIO 180 14 45,2 17 54,8 31 17,2

9 VIGILANTE 125 - - 31 100 31 24,8

10 TÉCNICO EM ENFERMAGEM 86 20 90,9 2 9,1 22 25,6

Total: 1.032 82,9*


Fonte: Elaboração própria baseada em Pilger, Menon, Mathias (2011).
* da população total da etapa quantitativa, ou seja, N = 1.245 servidores.

A variável “lotação” ratifica a variável “cargo”, na qual os profissionais da saúde estão


entre as dez primeiras colocações, considerando que a esta variável compreendem as maiores
unidades hospitalares da UFRN, respectivamente: Hospital Universitário Onofre Lopes
(N=158, 12,7%) e Maternidade Escola Januário Cicco (N=75, 6%), como os locais de maior
quantitativo de servidores que não realizam o EMP. Conforme exibido na Tabela 5.
71

Tabela 5 – Servidores que não realizam EMP, distribuídos por sexo e principais lotações
identificadas. Natal/RN, 2020.
Não realiza EMP / sexo
Variáveis
Efetivo
Feminino Masculino Total
Total

Nº Lotação N n % n % n %

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE


1 489 92 58,2 66 41,8 158 32,3
LOPES

MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO


2 234 65 86,7 10 13,3 75 32,0
CICCO

3 ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ 189 14 46,7 16 53,3 30 15,9

4 DIVISÃO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL 108 - - 27 100 27 25

5 DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA 110 14 60,9 9 39,1 23 20,9

SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
6 90 5 11,7 18 78,3 23 25,5
UNIVERSITÁRIA

7 ESCOLA DE MÚSICA 81 12 57,1 9 46,9 21 25,9

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO


8 120 15 71,4 6 28,6 21 17,5
TRAIRI

9 INSTITUTO DE QUÍMICA 75 6 28,6 15 71,4 21 28

10 DEPARTAMENTO DE LETRAS 55 14 73,7 5 26,3 19 34,5

Total: 418 33,6*


Fonte: Elaboração própria baseada em Pilger, Menon, Mathias (2011).
* da população total da etapa quantitativa, ou seja, N = 1.245 servidores

Assim, destacam-se as servidoras lotadas na MEJC (86,7%), departamento de letras


(73,7%) e FACISA (71,4%) e, entre os servidores, os lotados na divisão de segurança
patrimonial (100,0%), superintendência de comunicação universitária (78,3%) e o instituto de
química (71,4%) que não se encontram em acompanhamento da própria saúde por meio do
EMP.
Outros locais chamam a atenção, pela expressividade de prevalência, pois além de
estarem dentro do Campus, situam-se bem próximo à DAS.
Verificou-se que as lotações correspondentes aos servidores pesquisados, estão
majoritariamente dentro do Campus Central (N=839; 67,3%).
Em contra partida, embora estes servidores numericamente superem os das unidades
externas, é importante esclarecer que o Campus concentra 69,8% do total de servidores
72

efetivos da UFRN, o que possivelmente justifica este achado, considerando que, em


proporção, são os servidores das unidades externas que comparecem menos, conforme mostra
o Gráfico 5.

Gráfico 5 – Distribuição dos servidores de acordo com a realização dos EMP, por lotação.
Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Em relação a variável “quantidade de convocações” dos servidores, observou-se que


deste a implantação do serviço na Universidade em 2011, as convocações vêm ocorrendo
conforme previsto na legislação, visto que ao longo dos 7 calendários de EMP contemplados
nesta pesquisa, os quantitativos correspondem aos resultados descritos na Tabela 6:

Tabela 6 – Quantidade de convocações dos servidores que não realizam EMP. Natal/RN, 2020.

Quantidade de convocações 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Quantidade de Servidores 108 61 66 72 80 129 700 27 2

Total: 1.245 100%


Fonte: Dados da pesquisa (2020).

6.2 REFERENTES A ETAPA QUALITATIVA: PERCEPÇÕES DOS SERVIDORES

As análises e discussões referentes a esta abordagem, tiveram por objetivos: propor


ações que contribuam com o aprimoramento das ações da VISAT, através da ferramenta do
EMP; identificar as principais dificuldades dos servidores para aderirem ao modelo atual;
73

avaliar seu conhecimento sobre o serviço; e analisar as sugestões de melhorias propostas por
eles.
Busca-se, portanto, contribuir com a (re) construção de um dos três eixos que
compõem a PASS, apresentando a percepção dos servidores em diversos níveis, envolvidos
com os objetivos desta pesquisa.
Na primeira parte do instrumento, que trata sobre à caracterização dos respondentes,
observou-se um equilíbrio de informações referentes ao gênero e ao cargo, com valores
relativamente aproximados. Este fato foi útil pois se assemelha à população descrita na etapa
quantitativa.
Dos 41 questionários analisados, participaram, majoritariamente, os servidores com
até 9 anos de carreira na UFRN (48,8%) sendo, a maior parte, acima dos 40 anos, como
demonstrado na Tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição dos servidores (as) respondentes, segundo faixa etária e variáveis
sociodemográficas. Natal/RN, 2020.
Dados encontrados
Variável Categorização
N %

Feminino 23 56,1
Gênero
Masculino 18 43,9

18-29 4 9,7

30-39 7 17,1

Idade 40-49 12 29,3

50-59 8 19,5

60+ 10 24,4

0-9 20 48,8

10-19 7 17,1

Anos completos na instituição* 20-29 5 12,2

30-39 3 7,3

40+ 6 14,6

Docente** 23 56,1
Cargo
Técnico Administrativo 18 43,9
Fonte: Elaboração própria baseada em Fadel, Bordin, Bobato (2019).
* Como o questionário foi encerrado em Jan/2020, contou-se os anos até Dez/2019.
** Do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico, Tecnológico.
74

Na abordagem quantitativa se verificou um considerável número de casos de não


realização do EMP por parte dos servidores lotados nas unidades externas ao Campus Central.
E, através da etapa de caracterização sociodemográfica do instrumento qualitativo, foi
possível conhecer, as percepções de alguns destes sujeitos, lotados exatamente em tais
unidades.
Não obstante, a maioria dos respondentes integravam setores de trabalho no Campus
da UFRN (78%), enquanto os demais (22%) constituíam as diversas lotações externas,
detalhadas no quadro 6.

Quadro 6 – Servidores que responderam ao questionário, segundo a unidade de lotação.


Natal/RN, 2020.
Localização Categoria Lotação (n)

de Biociências (2), Ciências da Saúde (4), Ciências


Centros
Sociais Aplicadas (1);

de Artes (1), Ciências Contábeis (1), Ciências Sociais


(1), Educação Física (1), Enfermagem (2), Engenharia
Civil (1), Física Teórica e Experimental (1),
Departamentos
Fundamentos e Políticas Educacionais (1), Geofísica (1),
Campus
Informática e Matemática Aplicada (2), Letras (1),
UFRN
Nutrição (1) e Psicologia (2);

Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas – PROGESP (1), Pró-


Reitoria de Pós-graduação (1), Secretaria de Educação a
Unidades Administrativas
Distância – SEDIS (1), Superintendência de
Infraestrutura – INFRA (1);

Escola de Ciências e Tecnologia (1), Escola de Música


(1),
Campus
Outros Instituto de medicina tropical (1), Núcleo de Educação
UFRN
da Infância (1), Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais (1);

Órgão suplementar Museu Câmara Cascudo (1);


Natal
Maternidade Escola Januário Cicco (3), Onofre
Lopes (2);
Hospitais Universitários
Hospital Universitário Ana Bezerra (1);
Santa Cruz
Unidade Acadêmica
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (1);
Especializada

Macaíba Ensino Técnico e Superior Escola Agrícola de Jundiaí (1);

Fonte: Dados da pesquisa (2020).


75

Quanto a exposição a riscos, como as classificações estabelecidas pelas NRs 9 e 17


não são amplamente conhecidas pela população em geral, foram coletadas apenas
informações referentes à não exposição, a exposição aos riscos que implica na concessão do
adicional de insalubridade (químicos, biológicos e irradiação ionizante) e ainda, do campo
“outros”, a critério do servidor.
Assim, a partir das respostas, foi realizada a devida classificação das exposições,
seguindo as NRs correspondentes. Dentre os resultados do campo “outros” é mister destacar
duas ocorrências de “relações interpessoais” como risco – enquadrado no gráfico 6 como risco
ergonômico (NR-17), por interferir na condição psicofisiológica do trabalhador.

Gráfico 6 – Distribuição dos tipos de exposição aos riscos aos quais estão expostos no
ambiente de trabalho autodeclarados pelos servidores. Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Na segunda parte do instrumento, sobre as percepções dos servidores, considerando os


objetivos essenciais para esta abordagem metodológica, qual seja: identificar as principais
causas da não realização dos EMP, a fim de construir um produto que as atenda minimamente,
as informações coletadas foram agrupadas em categorias próprias.
Para Bardin (2011), o sistema de categorias é válido se puder ser aplicado com
precisão ao conjunto de informações e ainda, se for produtivo ao plano das inferências.
Portanto, foram realizadas duas revisões completas do banco de dados textual, com a
conferência dos conteúdos distribuídos em cada categoria para, então, partir para a análise,
tratamento dos resultados, triangulação e discussão.
Assim, as categorias elaboradas para a análise de conteúdo, mediante similitude
temática, com seus respectivos significados, estão classificadas e descritas no Quadro 7.
76

Quadro 7 – Categorização dos discursos provenientes da análise de conteúdo. Natal/RN, 2020.


Categoria Descrição Subcategorias Discursos

Reconhecimento da importância 19

Conhecimento adequado 13
Refere-se aos conceitos e
Desconhecimento ao serviço 40
Conceitos e Percepções as percepções, apropriadas
acerca do EMP ou não, sob a perspectiva Confusão EMP x Resultado
dos servidores ao serviço. 5
laboratorial

Confusão EMP x Chekup de


22
saúde

Refere-se as principais Obstáculo superável 32


justificativas e/ou
Obstáculo imaginário 18
Principais causas para a insatisfações mais
não realização do EMP recorrentes nos discursos
Auto responsabilização 15
dos respondentes, para a
não realizarem os EMP. Resistência a serviços de saúde 3

Contribuições propostas
Refere-se às sugestões e/ou propostas dos servidores,
pelos servidores para
revelando as potenciais condições que os levariam a realizar os 38
uma melhor adesão ao
exames.
EMP
Fonte: Dados da pesquisa (2020).

6.2.1 Conceitos e Percepções acerca do EMP

A comunicação faz parte da vida de todas as pessoas, incluindo no ambiente


profissional (DE JESUS, 2020). Todavia, ruídos como: o vocabulário utilizado, crenças,
cultura, barulho, desatenção ou desinteresse e problemas com os canais, podem fazer com que
as mensagens não cheguem de forma clara (TOMASI; MEDEIROS, 2014).
No entanto, a comunicação adequada, requer fornecer aos sujeitos informações
precisas, oportunas e compreensíveis, configurando-se fundamental em qualquer instituição
(ATOUBA, 2018).
Quando questionados sobre o entendimento a respeito do serviço, do total de
servidores, apenas 17 (41,46%) reconheceram a sua importância, ainda com o agravante de
que somente 11 (26,82%) apresentaram um conhecimento adequado das ações.

“Exigência burocrática” (Q18).


“Entendo que serviriam como medida de prevenção, mas não tenho
uma ideia clara sobre isso” (Q21).
“Muito importante por fazer uma análise geral da saúde e prevenir
doenças” (Q23).
77

“De suma importância para monitorar a saúde do trabalhador”


(Q24).

Os servidores associaram, com certa frequência, o EMP à consulta de rotina com seu
médico pessoal, inclusive, em alguns casos, constatou-se até o reducionismo de todo o
processo de vigilância do EMP à simples entrega do resultado laboratorial.

“Se eu pudesse levar um relatório da minha médica homeopata seria


ótimo. Mas, o tempo passa rápido demais, mal faço um exame de
sangue, já tem que fazer outro. Quando vejo, o tempo passou, expirou
e tem que fazer tudo de novo...” (Q14).
“Muito importante. Eu mesmo, faço todos os anos” (Q16).
“Importante, mas deveria ser uma escolha fazê-los [...]” (Q33).

As falas demonstram uma falta de entendimento em relação ao objetivo e importância


do serviço de acompanhamento do EMP, seja a respeito de suas rotinas e ações, seja sobre seu
propósito e resultados.

6.2.2 Principais causas para a não realização do EMP

Em relação aos questionamentos que intentavam desvelar as causas para a não


realização dos EMP, surpreendentemente, destacaram-se os obstáculos superáveis, referidos
por 25 (60,97%) respondentes. Dentre as colocações, é importante destacar a necessidade de
uma escuta mais qualificada, o que pode ser suprido pela equipe, a partir da conscientização
quanto a necessidade de não subestimar as queixas ou necessidades expostas pelos servidores.

“No primeiro exame, ao sinalizar que sentia dores no ombro, a


atendente me orientou a usar as pernas e não deu mais atenção (não
fez perguntas nem anotações), pouco tempo depois eu estava
cirurgiando o exato ombro em questão” (Q9)
“Um trabalho com psicólogos” (Q34);
“O uso de ‘protocolo’ que desconhece as necessidades individuais”
(Q36).

Dos 25 relatos de obstáculos superáveis, destacam-se a falta de tempo e/ou prioridade


referidas por 13 (52%) servidores.

“Em virtude das demandas de serviço, acabo esquecendo do


compromisso com o exame periódico. ” (Q5);
78

“Falta de tempo e preguiça do deslocamento” (Q8);


“Eu realizo os exames anualmente, porém sempre esqueço de
entregar na universidade. ” (Q11);

Outras causas que apareceram em menor frequência foram: a distância da DAS ao


local de trabalho e das residências aos laboratórios e clínicas conveniadas, a longa espera
pelos atendimentos, os exames solicitados atenderem parcialmente às necessidades pessoais e
a predileção em fazer os exames através do próprio plano de saúde.

“Falta de tempo. Além do tempo gasto para me deslocar até o


atendimento: gasta-se tempo esperando pelo atendimento, para fazer
coleta de material para exames e depois tendo que retornar ao médico
para mostrar os exames. ” (Q13);
“Tempo de espera em clínicas; alguns exames essenciais não são
solicitados; o mau hábito de não dar atenção à saúde preventiva. ”
(Q21);
“Tempo e também como tenho plano de saúde fico planejando fazer
pelo plano e acabo não fazendo. ” (Q41).

Os obstáculos levantados apontam diretamente para a ineficiência em comunicar as


ações e fluxos do serviço, visto que 16 respondentes (39,02%) engendraram a subcategoria
“obstáculos imaginários”, por citarem condições e soluções já implementadas nas atividades,
ou seja, demonstrando falta de informação e desconhecimento de ações que já estão sendo
utilizadas na prática do serviço.

“Agendamento com horário marcado. ” (Q7);


“Entregar a guia online e enviar os resultados online” (Q11);
“Receber um e-mail com relação dos exames e facilitar a entrega do
resultado. Sou professor 20h e dou aula a noite. ” (Q23);
“Disponibilizar os encaminhamentos no local de trabalho e acertar
com o prestador do serviço um horário para a sua realização” (Q30);
“Aproveitamento dos meus exames normais” (Q33).

Em relação aos servidores das unidades externas, faz-se necessário destacar as


inquietações comuns e frequentes dos servidores, a fim de promover um direcionamento
adequado das estratégias de vigilância.
As colocações destes servidores abordam temáticas referentes à questão da
acessibilidade relacionada à distância, à falta de tempo, às demandas de trabalho e até, a
sensação de acompanhamento negligente da sua saúde por parte da instituição.
79

“[...]. Negativo: dificuldade para a realização devido distância” (Q3);


“Indisponibilidade de horário compatível com meu trabalho, se fosse
no HUOL seria melhor, como fica no campus, fica contramão ao meu
trabalho e casa. ” (Q6);
“Se tivesse como fazer isso tudo na FACISA, seria ótimo. Fui à
médica lá ano passado e foi ótimo, mas faltou justamente o resultado
do preventivo que fiz em natal, nas férias, mas não levei o resultado. ”
(Q14).

Tomou-se o desvelo de agrupar as várias percepções dos 11 respondentes lotados em


unidades externas, em corpus textual único, para que, por meio do Software Wordle™ v0.2
fosse gerada uma nuvem de palavras que os correspondessem, a fim de representar
visualmente os principais apontamentos, conforme a Figura 12.

Figura 12 – Nuvem de percepções dos servidores externos ao Campus. Natal/RN, 2020.

Fonte: Dados da pesquisa (2020), elaborado no Wordle™.

A utilização deste recurso gráfico, foi importante para evidenciar os termos mais
frequentes nos discursos dos respondentes, o que por si só não resolve o problema, mas
provoca apontamentos dentro do texto, para o quê se observar dentre as falas ou, mais
importante ainda, para quem.
80

6.2.3 Contribuições propostas pelos servidores para uma melhor adesão ao EMP

Considerando a ST como um campo de práticas e de conhecimentos estratégicos


interdisciplinares, multiprofissionais e interinstitucionais, para sua completude é necessário
que haja a participação dos trabalhadores enquanto atores e parceiros capazes de contribuição
e compreensão do impacto do trabalho sobre seu processo saúde-doença, a fim de intervir
efetivamente na transformação da realidade (ALVES; KRUG, 2019).
Nesse sentido, esta seção apresenta as contribuições propostas pelos servidores,
revelando quais as potenciais condições que os levariam a aderir e/ou realizarem os exames.
Nos 41 questionários, apesar da falta de aproximação dos respondentes com o serviço,
já constatado anteriormente, foram concedidas 38 sugestões de 26 servidores diferentes, das
quais foram possíveis identificar 8 temáticas distintas.
A primeira, e mais expressiva dentre elas, com um total de 18 discursos, refere-se ao
que foi definido como “EMP Itinerante”, no qual os servidores expressam sua aspiração em
receber o serviço nos próprios locais de trabalho.
Ressalta-se que já existe uma proposta do serviço semelhante à sugestão, com ações
voltadas tanto para dentro do Campus, quanto para as unidades do interior do estado, o que
claramente aponta para a necessidade de aprimoramento da referida estratégia e/ou da sua
divulgação de modo mais ampliado aos servidores.
Tais sugestões possuem similaridade e podem ser bem representadas pelos seguintes
discursos:
“Se os médicos fizessem atendimento com hora marcada em um dia
da semana em determinados setores. Isto seria um análogo ao médico
da família que vai até o paciente. Teríamos o médico institucional
itinerante indo até o servidor [...]” (Q13);
“Ampliar a janela de realização de exames e trazer a coleta para
mais próxima do setor do servidor. ” (Q16);
“Disponibilizar os exames que fossem necessários no local do
trabalho” (Q30);
“[...]trabalhamos em um hospital, os exames e consultas poderiam ser
no próprio hospital” (Q37).

Os demais sete temas identificados, apesar de menor expressividade numérica nos


discursos, possuem pontos extremamente relevantes às discussões que se seguem. Assim, para
melhor visualização, as sugestões foram organizadas no Quadro 8.
81

Quadro 8 – Sugestões dos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.


Temática (N) Discursos representativos

“Lembretes automáticos na caixa de e-mail do servidor, podem fazê-lo estar mais atento à
necessidade de acompanhamento do seu quadro clínico” (Q5);
Melhora na
“Já adiantei ‘estratégias de comunicação’; talvez encenações teatrais em locais públicos da
comunicação (5)
UFRN ou exposição de filmes educativos com um toque leve e humorístico; entrevistas de
profissionais de saúde nos meios de comunicação da UFRN (boletins, rádio, televisão) e,
num nível mais profundo, debates” (Q35).

“Palestras periódicas sobre saúde associadas aos temas sobre segurança no trabalho”
(Q25);

“[...] Sugiro uma pesquisa com os pés no chão e voltada para um resultado útil para além
Atividades
de críticas óbvias e impraticáveis. O cidadão deve procurar investir em sua saúde e isso
Educativas (3)
deve ser suposto. O sistema atual é bom. A única medida complementar possível seria a
conscientização que, em algum momento, o protocolo será insuficiente como estratégia
preventiva e que o próprio servidor deve procurar outros exames preventivos
complementares” (Q36).

“Investigar quando um servidor se queixar de dores” (Q9);

EMP mais “A Universidade é um espaço de experiências múltiplas e plurais. Desde a minha


humanizado (3) graduação, a experiência é dura, sempre muita cobrança por produtividade. Ter no Exame
Médico Periódico apenas mais uma meta a ser cumprida não ajuda. Faltam variáveis de
acolhimento e humanização” (Q19).

“A realização dos exames fosse concentrada em uma única instituição” (Q18).


Estrutura única (3)
“Se todos pudessem ser realizados no mesmo lugar. De preferência na UFRN-DAS, onde
oferecem um excelente serviço” (Q21).

“Reduzir a quantidade e diversidade de exames” (Q8);


Quantidade de
exames (3) “Adicionar exames de hepatites (A, B, C, D), sífilis e HIV para quem trabalha com
amostras biológicas (sangue, preferencialmente)” (Q11).

Vigilância e
“acho que poderia estar melhor atrelado à vigilância e embasar melhor as ações de
promoção à saúde
promoção à saúde. [...] Trabalhar melhor a questão da vigilância, o pós-exame” (Q2).
(2)

Obrigatoriedade do
“[...] o exame teria que ser obrigatório” (Q42).
EMP (1)
Fonte: Dados da pesquisa (2020).

6.3 DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo realizado no âmbito da UFRN com vistas à promoção da


saúde dos servidores, realizado através de suas perspectivas, sobre a ferramenta de vigilância
“Exame Médico Periódico”. Além disso, a pesquisa ainda inova por utilizar a abordagem
82

multimétodo para alcançar um entendimento mais aprofundado das potencialidades e


fragilidades relacionadas ao serviço e aos sujeitos.
Pautar esta discussão mediante a complementação dos métodos – quantitativo e
qualitativo – tornou possível visualizar que uma abordagem complementou a outra,
interagindo dinamicamente e excluindo prováveis dicotomias (GALVÃO; PLUYE;
RICARTE, 2017; MINAYO, 1999).

6.3.1 O perfil dos servidores

Conhecer as condições de saúde dos trabalhadores é um importante indicador para que


as instituições, públicas ou privadas, adotem medidas de promoção e prevenção, a fim de
contribuírem com a melhoria das condições de saúde de sua força de trabalho, além de agirem
para que as atividades desempenhadas não produzam agravos ou intensifiquem condições pré-
existentes (MARIYA, 2019; MENDES, 2017).
A partir da integração entre os resultados quantitativos e qualitativos, pode-se afirmar
que o perfil dos servidores que não realizam EMP é “paritário” entre os docentes de modo
geral (Superior e Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) e os Técnicos Administrativos,
respectivamente com 622 e 623 servidores.
Além disso, por meio da triangulação entre os dados de ambas as abordagens e a
literatura, pode-se ainda inferir que no perfil do servidor em questão, predomina o fator de
conhecimento superficial ou o desconhecimento propriamente dito do serviço do EMP.
Em relação à faixa etária é possível observar que grande parte dos servidores estão
acima dos 30 anos, sendo a média das idades, aproximadamente 47 anos, variando entre 21 e
73 anos. Todavia chama a atenção o fato de que 51,4% destes, já ultrapassaram a faixa dos 50
anos, sem haverem concluído o EMP uma única vez.
Esta constatação torna-se agravante, considerando que estes grupo acima dos 50 anos
corresponde exatamente ao perfil dos servidores que mais se afastam por motivo de doença na
UFRN (MAGALHÃES, 2017).
Além disso, estes dados se aproximam das médias encontradas em outros estudos
semelhantes (Bruno, 2009; Pereira, 2009; Matos, 2004). Por outro lado, estes resultados
divergem dos achados de Mendes (2016), em seu estudo realizado em uma Unidade Federal
de Produção de Imunobiológicos.
Estes profissionais superam ainda as questões de gênero, apresentando valores
relativamente equivalentes (Feminino: 605; Masculino: 640). Ocupam predominantemente os
83

cargos em nível superior (N=834; ≈ 67%), bem como, em sua maioria (56,2%), estão há pelo
menos 7 anos na Universidade (mediante a quantidade de convocações).
Verificou-se ainda que, ao presente perfil, corresponde majoritariamente a lotação no
Campus Central (N=839; 67,3%); embora, proporcionalmente, sejam os servidores das
unidades externas, os que comparecem menos ao EMP.
Dentro do Campus, aproximadamente 59% (N=495) da população estudada,
corresponde aos trabalhadores docentes (em ambas as carreiras institucionais).
Alguns estudos confirmam que a saúde do trabalhador docente se encontra altamente
comprometida, visto que as altas demandas de trabalho, acadêmicas e pessoais podem
comprometer a qualidade de vida e a saúde laboral docente (CORTEZ et al., 2017; SILVA,
2019).
Referente a estes servidores, Costa (2016) analisou as quantidades e as características
dos seus afastamentos, no período de 2010 a 2014. Os resultados apontaram que os
professores do magistério superior ocupavam o segundo lugar na relação das ocorrências dos
afastamentos e, segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID), os diagnósticos
mais expressivos corresponderam aos do grupo F – relacionados aos transtornos mentais e
comportamentais.
Embora o estudo de Assunção, Sampaio e Nascimento (2010) tenha constatado que os
problemas musculoesqueléticos, como dores lombares, dormências nos membros inferiores e
superiores e tendinites são os mais prevalentes entre os servidores docentes, a pesquisa de
Barboza e Soler (2003) ressalta que os ritmos acelerados de produção por excesso de tarefas
são prejudiciais tanto para a saúde física, quanto para saúde mental.
A despeito disso, os transtornos mentais se constituem em uma das principais queixas
entre os docentes, o que pode ser justificado pelas novas estratégias de organização do
trabalho, pela inclusão de novas tecnologias, pelas cobranças por produtividade, o que resulta
em um trabalho fatigante, cuja consequência é um estado de maior vulnerabilidade ao
sofrimento e ao adoecimento (FERREIRA et al., 2015).
Dejours (1992) corrobora esta informação quando refere que o rendimento exigido,
ou seja, o ritmo, o andamento e as metas de produção a serem respeitadas, induzem mais à
quadros de ansiedade do que as condições físico-químicas do trabalho.
Costa (2016) destaca ainda que, no ano de 2014, 25% de todos os afastamentos por
motivo de saúde dos servidores da UFRN foi relacionado as CID do grupo F, ocupando assim
o primeiro lugar, ultrapassando o grupo M, relacionado às doenças do sistema osteomuscular
e do tecido conjuntivo, que correspondeu a 21% dos afastamentos no período.
84

Por culminarem em quadros de saúde incapacitantes, os transtornos mentais e


comportamentais também configuram um alto custo social e econômico, evidenciado pelos
dias perdidos de trabalho, pelo aumento na demanda dos serviços de saúde e, acima de tudo,
por afetar a qualidade de vida dos trabalhadores (FERREIRA et al., 2015).
Fora do Campus, destaca-se a prevalência dos profissionais lotados nos Hospitais
Universitários (HUs), o que correspondeu a 65,5% (N=266) do total de servidores das
Unidades Externas.
O estudo de Magalhães (2017) destaca que o perfil deste grupo de servidores é,
predominantemente, composto por mulheres na faixa etária de 51 a 60 anos, ocupantes de
cargos de escolaridade em níveis fundamental e médio.
Este dado é preocupante ao considerar que, no conjunto de análises realizadas por
Gomes, Cruz e Cabanelas (2009), as mulheres apresentaram mais problemas de estresse em
seis dos oito fatores avaliados, possuindo mais dificuldades de saúde física que os seus pares.
Corroborando a literatura neste domínio que, de modo geral, atribui às mulheres níveis mais
elevados de estresse relacionados aos aspectos do trabalho.
As condições e o ambiente de trabalho dos servidores nos HUs, podem trazer riscos à
sua saúde, principalmente por lidarem com o cuidado e o sofrimento do outro. Pesquisadores
apontam que altos índices de estresse levam a uma piora da qualidade de vida, pois aumentam
os níveis de ansiedade e depressão, além de afetarem o humor e a capacidade laborativa
(ASSIS, 2015; BATISTA; BIANCHI, 2006; GUIDO, 2003).
Ressalta-se que em instituições como os HUs, que possuem vínculos diferenciados de
contratação, é recomendável que os trabalhadores possuam os mesmos instrumentos de
avaliação de saúde, ou seja, ações de vigilância eficientes para ambos, visto que estão
submetidos às mesmas regras institucionais e iguais processos e condições de trabalho
(MENDES; TEIXEIRA; BONFATI, 2017).
Todavia, a presente pesquisa verificou que este ponto representa uma fragilidade do
serviço, considerando ser exatamente nestas unidades em que a ações de VISAT não têm
conseguido obter o êxito preconizado.
Assim, o direcionamento das ações a fim de “cuidar de quem cuida”, pode ser a
alternativa para tratar as condições internas que determinam a forma pela qual o profissional
de saúde enfrenta os infortúnios do trabalho na instituição de saúde, ressaltando que tal
enfretamento advém, direta e profundamente, da sua condição de saúde mental (CIRINO,
2013; MORETTO, 2013).
85

Por fim, de maneira global, pôde-se inferir que uma característica comum ao perfil dos
servidores que não realizaram EMP, refere-se à baixa expectativa quanto ao potencial de
resolutividade do serviço, às suas demandas de saúde.

6.3.2 Exposição das causas

Desvelar as causas pessoais dos servidores, para a não realização do EMP, constituiu
um dos objetivos primordiais desta pesquisa, a fim de que se obtivesse um produto que
correspondesse às suas reais necessidades.
Desta forma, a estratégia de aprofundar os dados quantitativos (gerais), por meio das
informações qualitativas, possibilitou a compreensão das principais dificuldades existentes,
verificar as percepções dos servidores sobre o serviço e ainda, subsidiar a implementação de
ações mais direcionadas.
No tocante aos servidores, expressões relacionadas às “demandas” (de maneira geral),
“esquecimento” e “preguiça”, evidenciaram que a principal causa identificada por eles para
não realizarem os exames, refere-se à falta de tempo e/ou prioridade.
Este achado converge com os resultados de Pereira (2009), nos quais 34% das pessoas
da amostra faltaram ao EMP por esquecimento, sendo que, parte destas, atribuíram este
esquecimento à sobrecarga de trabalho, ou seja, não puderam ir ao exame pois estavam
comprometidas com a equipe ou estavam com suas unidades lotadas.
Do mesmo modo, na análise do Exame Periódico desenvolvida por Rodrigues (2006), a
sobrecarga de trabalho foi identificada como “fator crítico” pelos servidores da instituição
como um todo. Destacando que, embora o campo do formulário do EMP relativo aos “Fatores
Psicossociais” não contemplasse esta informação, no campo “Outros”, os servidores o
registraram como aspecto de interferência em suas atividades.
Em contrapartida, em outro estudo semelhante, Santos (2017) verificou que a
realização do acompanhamento de saúde fora da instituição, por meio de convênio médico, foi
a principal causa apresentada pelos servidores para não realizarem os EMPs na universidade
pesquisada. Esta causa também foi citada na presente pesquisa, porém com menor
expressividade (22%).
As queixas relacionadas a falta de tempo, em sua maioria associadas a distância,
estiveram ainda mais presentes nos discursos dos servidores das unidades externas,
especialmente os HUs.
Os dados quantitativos revelaram o intenso distanciamento destes servidores às práticas
do EMP, colocando as unidades de ensino em saúde da UFRN nas primeiras colocações, entre
86

os setores menos alcançados. O levantamento qualitativo possibilitou a compreensão deste


fenômeno, ao traduzir números impessoais em discursos subjetivos, como os seguintes:

“se fosse no hospital que trabalho assim como os funcionários da


EBSERH tem equipe de saúde do trabalhador no próprio hospital”
(Q6);
“[...] desde que a EBSERH assumiu a administração do HUOL, nós
servidores RJU's, sentimos um certo abandono por parte da UFRN”
(Q22).

Trazer estas insatisfações à pauta é relevante, considerando que apesar do estresse estar
presente em todas as profissões, são os profissionais da saúde que estão diretamente
envolvidos com as ações de saúde, bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos, seja do
ponto de vista fisiológico ou psicológico (ASSIS; CARAÚNA; KARINE, 2015).
Outras causas ainda foram relatadas, de maneira convergente ao encontrado na
literatura, como a insatisfação com a avaliação clínica.
Um estudo realizado na Polônia, relacionado à saúde dos trabalhadores do país,
demonstrou que os exames periódicos realizados nas instituições, resumem-se apenas a
investigação das doenças relacionadas ao trabalho, ou seja, apresentam uma avaliação
objetiva, porém reducionista e limitada das reais condições de saúde dos trabalhadores
(MARCINKIEWICZ et al., 2016).
No momento da avaliação de saúde, destaca-se a atuação do trabalho colaborativo da
equipe, com vistas a prevenção dos riscos ocupacionais, sendo a forma mais eficiente de
promover e preservar a saúde e a integridade física e mental do trabalhador (REBELLO;
SORTICA, 2000).
Reconhecer os riscos, exige observação cautelosa das condições ambientais,
caracterização das atividades, entrevistas e pesquisas, ou seja, uma micropolítica de qualidade
(FEUERWERKER, 2014).
Na presente pesquisa, os apontamentos sobre a avaliação clínica, alinham-se aos
resultados de Santos (2017), nos quais esta etapa foi considerada meramente como um
cumprimento de protocolo, pelo grupo. Em seus discursos, os respondentes expressaram o
desconforto no atendimento, descrevendo-o como algo mecânico, ao ponto de comprometer a
efetividade e a credibilidade do serviço de vigilância.
De modo semelhante, na presente pesquisa, foram coletados os seguintes relatos:
87

“O único ponto foi a falta de atenção nesse primeiro atendimento.


Infelizmente, a primeira impressão foi a que me ficou.” (Q9);
“A insuficiência dos indicadores prospectados. A coleta insuficiente
exige o mesmo esforço que a coleta completa. O uso de exames em
"protocolo" não discrimina as necessidades individuais. Prefiro o
exame com acompanhamento médico e focado. ” (Q36).

Assim, ao médico do trabalho também confere o compromisso com a saúde dos


trabalhadores. Compromisso este, que demanda conhecer o que efetivamente significa saúde,
além de tudo o que pode afetá-la no ambiente de trabalho e fora dele (REBELLO; SORTICA,
2000).
No tocante aos obstáculos imbricados à própria estrutura do serviço, os servidores
apresentaram algumas causas importantes, como “estar melhor atrelado à vigilância e embasar
melhor as ações de promoção à saúde” (Q2) e os longos períodos de espera nas diferentes
etapas do processo.
Nesse sentido, alguns estudos apresentam outros fatores prejudiciais ao serviço e que
podem ser aplicados ao contexto da UFRN, a saber: mudança nos fluxos de atendimento, falta
de prosseguimento mediante alteração nos exames, planejamento deficiente, indisposição de
recursos humanos, gestão e outras demandas (MACAGI, 2013; SANTOS, 2017).
Estes fatores associados corroboram a afirmação de que “é necessário que o servidor
esteja bastante interessado em fazer os EMP para não desistir diante das dificuldades
interpostas à sua realização” (SANTOS, 2017, p. 99).
Certamente o ponto crítico, dentre os obstáculos relacionados à estrutura – e descoberta
chave desta pesquisa –, foi a categoria “Efetividade em comunicar o EMP”. Pois, através de
tal categoria foi possível compreender melhor os dados, a fim de justificá-los e até mesmo a
fim de subsidiar o diagnóstico situacional dos servidores que não realizam o EMP na UFRN.
Verificou-se que, entre as várias causas referidas, as possíveis soluções para a maior
parte delas, poderiam ser aplicadas meramente mediante uma comunicação eficaz, clara,
objetiva e “sem ruídos”.
Os dados revelaram que a causa que mais implica na realização ou não dos EMPs na
instituição, relaciona-se a efetividade com a qual a equipe consegue comunicar as ações e
intenções do serviço prestado, visto que, o segmento textual mais expressivo entre os
servidores que não aderem ao EMP na UFRN, compôs a subcategoria “Desconhecimento ao
serviço”. Em relação a isso a literatura corrobora tal achado.
Na Universidade Federal do Espírito Santo, os resultados de uma pesquisa com caráter
quali-quantitativo evidenciaram que os servidores compreendem o EMP como uma forma de
88

cuidar da saúde e, ao mesmo tempo, como um controle do empregador sobre os trabalhadores.


Ademais, o estudo concluiu que foi notório o desconhecimento dos servidores sobre a atual
proposta de atenção à saúde do servidor público federal (FONSECA, 2015).
Por sua vez, na Universidade Federal de Uberlândia, os resultados de uma pesquisa
sobre o EMP, a respeito do conhecimento da finalidade e da importância do serviço,
mostraram que os participantes que realizavam o EMP regularmente, o consideravam muito
importante por se tratar de uma medida voltada ao acompanhamento da saúde, que deveria
garantir segurança dos trabalhadores e da Instituição, tendo assim uma dupla finalidade
(SANTOS, 2017).
Em uma outra pesquisa realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, chamou
atenção o percentual de 49,1% dos trabalhadores que não concordaram com a afirmação de
que o exame periódico contemplaria uma análise de prevenção de doenças
musculoesqueléticas e ainda, que 47,2% também não concordaram que o exame periódico
contemplaria um controle dos trabalhadores portadores de síndromes metabólicas, entre outras
doenças crônicas. Assim, o estudo evidenciou a falta de esclarecimento sobre a finalidade dos
exames periódicos (PEREIRA, 2009).
O estudo de Santos (2017) ainda acrescentou a falta de visão por parte dos servidores,
referente a necessidade de acompanhamento de sua própria saúde, prevenindo doenças e
agravos, além da promoção do autocuidado; do entendimento dos EMPs apenas como dados
laboratoriais dissociados da avaliação clínica; e ainda, a imagem estereotipada do médico do
trabalho.
Nessa perspectiva, vale destacar a importância de comunicar bem a avaliação de saúde
realizada no EMP, por meio do qual as queixas e subjetividades dos servidores, referidas no
momento da consulta médica ou no acolhimento inicial com a enfermagem, poderão ser
encaminhadas para análise de uma equipe multiprofissional especializada e capacitada no
atendimento das necessidades de saúde percebidas.
Ressalta-se ainda a necessidade do apoio dos gestores para o atendimento das
recomendações da equipe de saúde e segurança do trabalho da UFRN, visto que, muitas vezes,
envolvem adequações que só podem ser efetivadas com a autorização e o financiamento dos
responsáveis pela unidade de lotação dos servidores (MAGALHÃES, 2017).
Embora se tenha obtido avanços no entendimento destes fenômenos, as causas aqui
apresentadas não pretendem esgotar as análises das características individuais, relacionadas
ou não ao trabalho destes trabalhadores públicos, independentemente de suas relações
institucionais.
89

Assim, a partir da integração dos dados obtidos com a literatura, pode-se inferir que: a
não realização dos EMPs está atrelada a uma cultura institucional, presente também em outras
Universidades do país, associada a “ruídos” ao comunicar o serviço, prejudicando a
compreensão dos sujeitos enquanto agentes ativos na proteção da própria saúde, além de
outras falhas identificadas no processo e em algumas ações de vigilância.

6.3.3 Exposição dos Desafios

Uma das principais questões para a implantação de um programa de saúde é envolver


os trabalhadores. Entender como e o porquê as pessoas se tornam motivadas e engajadas em
atividades é uma das chaves para o desenvolvimento e o sucesso do programa (MARIYA,
2019).
Por esta razão, apesar de não ter sido diretamente um dos objetivos desta pesquisa, é
válido discutir, e ainda fomentar futuras discussões, sobre as preocupantes questões referentes
à “adesão”.
Neste sentido, o estudo de Magalhães (2017) apresentou resultados relativos aos
servidores da UFRN e a sua adesão ao EMP, considerando a série histórica de 2011 a 2015,
quando foram convocados em média 4.362 servidores. Os dados evidenciaram um importante
decréscimo nos índices de adesão ao longo do período estudado, configurando uma realidade
desfavorável em relação ao preconizado pelo EMP.
O estudo de Magalhães (2017) revelou ainda que os fatores para a não adesão aos
EMP foram: excesso nas atividades laborais dos servidores; realização de exames periódicos
via plano de saúde privado e falta de reconhecimento da importância do EMP por parte dos
servidores. Esses achados correspondem integralmente também às causas desveladas pela
presente pesquisa.
Conforme dados do SIAPEnet fornecidos pela DIVIST, a adesão aos EMPs nos anos
de 2018 e 2019 foi respectivamente, 30,8% e 31,6%. O que representa um discreto aumento
frente aos achados no estudo de 2017. Embora estes valores ainda se distanciem
consideravelmente do pretendido.
Em comparação a outros estudos realizados em Instituições Públicas, encontram-se
quadros similares a este (FONSECA, 2015; SANTOS, 2017).
Uma pesquisa que buscava compreender as práticas envolvidas nos EMPs da
Universidade Federal de Uberlândia, identificou que a execução dos referidos exames nos
90

últimos anos, representou um grande desafio à unidade responsável, dentre outras razões,
devido a adesão ser em torno de 30% do quadro total dos servidores ativos (SANTOS, 2017).
Já na Universidade Federal do Espírito Santo, conforme estudo realizado por Fonseca
(2015) para apuração das representações sociais dos EMPs, o resultado foi ainda mais caótico,
com a adesão em torno de 20,0%, no ano de 2013.
Iwamoto et al. (2008) também desenvolveram uma pesquisa sobre a adesão dos
servidores aos EMPs na Universidade Federal do Triângulo Mineiro e, com resultados um
pouco mais expressivos, constatou que dos 3.078 convocados, 47,9% (1.476) compareceram.
Em contrapartida, no tocante ao setor privado, onde existe a obrigatoriedade da
realização dos exames, exigida pela legislação que abrange os empregados vinculados ao
regime celetista, observa-se uma significativa inversão deste quadro (MAGALHÃES, 2017).
Ao passo que no serviço público a média de adesão é, em torno, de 30%. Pereira
(2009) verificou que 30% corresponde ao absenteísmo do trabalhador ao EMP no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre obtendo, portanto, 70% de adesão.
Na pesquisa realizada com os empregados da Petrobrás, Matos et al. (2004) constatou
que a adesão, dos convocados no período anual para a realização dos exames periódicos, foi
de 81,4% dos trabalhadores à avaliação clínica e laboratorial preconizada.
Da mesma forma, Bruno (2009) ao perscrutar o risco cardiovascular em trabalhadores
de uma grande empresa do Rio de Janeiro através dos EMPs, verificou que a proporção de
exames completos aumentou ao longo dos anos estudados. Enquanto que em 2003 havia 61%
de exames completos, em 2007 o percentual havia atingido a marca dos 97%.
É mister destacar as considerações de Santos e Moura (2016) de que, embora o EMP
possua legislação específica, expressa em lei, decretos e portarias, a adesão por parte dos
servidores públicos ainda é classificada como baixa, ao contrário do que ocorre nas
instituições privadas.
Apesar disso, no setor público, a relação saúde-trabalho não é menos desalentadora
que o das empresas do regime privado. Visto que, infelizmente, o serviço público ainda é
considerado pela sociedade em geral, como oneroso, de baixa produtividade e prestador de
serviços de má qualidade, semelhantemente ao desempenho dos trabalhadores que nele atuam
(RIBEIRO; MANCEBO, 2013).
Neste sentido, o raso percentual de adesão é preocupante, visto que entrava o
rastreamento precoce destes trabalhadores públicos, bem como o diagnóstico inicial dos
agravos relacionados à sua saúde, o que dificulta, o desenvolvimento de ações de promoção e
prevenção (BRUNO, 2009; IWAMOTO et al., 2008).
91

Tal cenário, ainda ressalta a importância da realização do EMP de maneira completa,


incluindo a história clínica, o exame físico, os exames laboratoriais e encaminhamentos
específicos. Além disso, não pode faltar o diálogo qualificado com vistas à prevenção de
doenças relacionadas ou não ao trabalho e à adoção de hábitos de vida saudáveis, que
constituem objetivos essenciais do exame periódico (BRUNO, 2009).
Para tal, é necessário entender as necessidades de saúde da população a ser cuidada,
bem como a intenção de mudança de hábitos, a fim de que os trabalhadores vejam as
vantagens em sua participação e que, sobretudo, percebam os impactos positivos dos
programas em sua saúde (MARIYA, 2019).
Assim, o exame periódico não pode ser considerado apenas como uma obrigação legal,
e sim como um momento chave para aproximar os sujeitos, oferecer a prevenção e a
promoção da saúde do trabalhador, sensibilizar quanto a importância desta ferramenta, além
de estimular o autocuidado (BEKKERS, 2019; BRUNO, 2009).
Para além da responsabilização do próprio servidor, ainda existem os entraves
institucionais que podem interferir neste processo.
Uma pesquisa documental realizada na Universidade Federal do Paraná identificou
diversos fatores que dificultaram a efetivação do EMP, tais como: a ausência do planejamento
para a realização dos exames, o surgimento de outras demandas institucionais, o
remanejamento dos profissionais da equipe, as mudanças na gestão, além das greves ocorridas
na Universidade (MACAGI, 2013).
Em pesquisa similar, Bekkers (2019) ainda acrescenta outras considerações como
influentes à estas operações falhas, a saber: pouca confiabilidade no serviço, cultura deficiente
da instituição em relação à promoção a saúde e qualidade de vida, existência de muitas etapas
e processos no agendamento que não agregam valor, falhas de comunicação entre os diversos
setores envolvidos e número reduzido de profissionais, sendo alguns em regime de 20 horas
semanais. Dentre outros, tais fatores convergem com as insatisfações referidas pelos
servidores da UFRN à presente pesquisa.
Considera-se que a avaliação da satisfação é um importante indicador da qualidade do
serviço prestado, baseado no conceito atual de Saúde do Trabalhador, e que pode orientar as
condutas da gestão responsável por sua execução (TRAD; ESPERIDIÃO, 2005; DIAS, 1994).
Portanto, é necessário que haja mais pesquisas sobre como os trabalhadores são
atendidos durante seus exames de saúde periódicos, se o fazem de maneira regular e, se suas
necessidades vinculadas à prevenção e proteção no local de trabalho, estão sendo atendidas
adequadamente (PEREIRA, 2009).
92

7 PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS

O mestrado profissional é definido como uma modalidade de formação pós-graduada


stricto sensu que possibilita a incorporação e atualização permanentes dos avanços da ciência
e das tecnologias, com foco na gestão, na produção técnico-científica em pesquisa aplicada e
a proposição de inovações e aperfeiçoamentos tecnológicos que possam solucionar problemas
específicos (BRASIL, 2009e).
Neste sentido são objetivos do mestrado profissional melhorar a eficiência das
organizações públicas e privadas, através da solução de problemas, com a geração e aplicação
de processos de inovação apropriados, dentre outros (BRASIL, 2009e).
Consonante ao exposto, esta seção pretende contribuir, primeiramente, com os
indivíduos que constituíram o público alvo desta pesquisa, através da apresentação de
variadas propostas de ações frente às dificuldades mais frequentes. Decorrente disto, espera-se
contribuir com o serviço do EMP e, consequentemente, com a instituição.
A seção é composta por proposições gerais, aos diversos obstáculos levantados e
inferidos dos discursos; por uma proposição específica, relativa a principal necessidade e
solicitação dos servidores – o EMP itinerante; e finalmente, pela produção técnica, referente
ao obstáculo compreendido como crítico, relacionado à estrutura do serviço, a comunicação.

7.1 PROPOSIÇÕES GERAIS

Após a análise e discussão dos resultados foram identificadas dificuldades relativas


aos servidores e ao modelo atual da ferramenta de vigilância. Visando a solução (ou
amenização) desses fatores, a curto e/ou longo prazo, foram elaboradas e apresentadas
algumas sugestões para este fim.
De maneira geral os servidores relataram diversos fatores, no âmbito pessoal e
institucional, como desafios potenciais e reais à adesão e execução do EMP.
Neste sentido, foi elaborado o Quadro 9 a fim de expor os obstáculos gerais – porém
frequentes – e as inferências que emergiram das análises dos discursos, seguidos pelas
propostas correspondentes e as fontes consultadas.
Ressalta-se que as propostas de ações demandam o envolvimento tanto da equipe
técnica, a qual compete a realização logística dos exames, quanto do setor responsável pela
saúde do trabalhador além, obviamente, da gestão superior (SANTOS, 2017).
93

Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.
(continua)
Dificuldades Perspectiva de Fonte
Propostas
encontradas resolução consultada

Magalhães
Realização do Exame Médico Periódico in loco Melhorias no (2017);
(ações de sensibilização, coleta dos exames e acesso ao EMP Sugestão dos
avaliação clínica de modo itinerante, servidores à
periodicamente nos diversos setores). MÉDIO PRAZO presente
pesquisa.
Os serviços são
distantes do local de
Implementação de medidas dirigidas diretamente
trabalho e/ou das Melhorias no
aos servidores dos HU, com maior atenção aos
residências. atendimento e Santos (2017);
trabalhadores lotados ali, enfatizando a
Sugestão dos
ocorrência de muitas situações que exigem acesso; relação
servidores à
medidas pontuais, como o tratamento dado aos com a saúde do
trabalhador presente
acidentes de trabalho e a instalação de um “Setor
pesquisa.
de Periódicos” dentro do hospital para facilitar e MÉDIO PRAZO
agilizar o processo.

Qualificação e
Adoção de um olhar diferenciado do médico, humanização do
Santos (2017);
tratar o servidor como um paciente que atendimento Sugestão dos
comparece à consulta de rotina, mais empatia, (anamnese sobre o
servidores à
maior cuidado, mais atenção, investigar sobre o ambiente de presente
processo de trabalho relacionado às questões de trabalho) pesquisa.
saúde, além do exame físico.
MÉDIO PRAZO

Efetivação da atenção de qualidade por parte dos


médicos durante a realização do exame, Qualificação e Pereira (2009);
A avaliação clínica sugerindo-o de modo mais detalhado, fornecendo humanização do Sugestão dos
foi considerada os devidos encaminhamentos aos especialistas se atendimento servidores à
insuficiente. necessário, a fim de contemplar o indivíduo em presente
vários aspectos, não só físico, mas também MÉDIO PRAZO pesquisa.
psíquico.

Agregação de outros elementos (com cages Relação com a


validados para as questões de saúde mental, saúde e segurança Mendes,
ergonomia, estilo de vida, doenças no trabalho Teixeira e
cardiovasculares, organização do trabalho etc.) e melhorias no Bonfatti (2017);
outros profissionais, permitindo uma avaliação atendimento Rodrigues
mais ampla, além de possibilitar a verificação da (2006).
eficiência das ações. MÉDIO PRAZO

Ampliação da
Reflexão sobre os fatores internos como perspectiva do
EMP CNDSS (2008);
condicionantes e determinantes de saúde.
O relacionamento LONGO PRAZO
interpessoal foi
apontado como um Melhorar a relação
risco psicossocial à Implementação das ações de vigilância aos do EMP com a
saúde. ambientes e processos de trabalho e promoção à saúde e segurança
Brasil (2013);
saúde do servidor envolvendo a mediação de no processo de
conflitos. trabalho
MÉDIO PRAZO
94

Quadro 9 – Descrição das propostas de ações a serem implementadas a partir das dificuldades
sinalizadas pelos servidores pesquisados. Natal/RN, 2020.
(conclusão)
Qualificação no Bruno
Maior divulgação das finalidades do exame processo de divulgação (2009);
periódico, através de campanhas de sensibilização e comunicação do EMP Pereira
ou o simples envio de lembretes por e-mail. CURTO / MÉDIO (2009).
PRAZO

Ampliação da
Ações de educação em saúde, considerando ser uma Magalhães
perspectiva de
ferramenta que divulga a importância da promoção à (2017);
promoção a saúde do
A comunicação e saúde e proporciona a interação entre os Santos
EMP
a divulgação do profissionais de saúde e os servidores. (2017).
LONGO PRAZO
serviço são vistas
como ineficaz. “Palestras periódicas sobre saúde associadas a temas
sobre segurança no trabalho” (Q25).
“alguma nova estratégia de comunicação. Qualificação no Sugestão
[...] encenações teatrais em locais públicos da processo de divulgação dos
UFRN ou exposição de filmes educativos com um e comunicação do EMP servidores à
toque leve e humorístico; entrevistas de profissionais CURTO / MÉDIO presente
de saúde nos meios de comunicação da UFRN PRAZO pesquisa.
(boletins, rádio, televisão) e, num nível mais
profundo, debates.” (Q35).

Qualificação e
Considerar investimentos em qualificação e
atualização dos
capacitação dos servidores que atuam na Unidade
profissionais que fazem Magalhães
SIASS, para subsidiar o planejamento das ações e
o SIASS (2017);
intervenções efetivas na área de promoção à Saúde
MÉDIO / LONGO
do Trabalhador.
A logística do PRAZO
setor apresenta
falhas de Facilitar a comunicação do serviço com as gerências
Qualificação no
acolhimento e de e os servidores por meio de documentos, internet;
processo de
fluxos. comunicação de mudanças e cancelamentos de
comunicação interna e
atendimentos através de ligações prévias. Santos
divulgação efetiva das
Adotar um fluxograma completo e detalhado do (2017);
ações do setor
processo, tempo disponível para realização,
CURTO / MÉDIO
informações sobre a coleta e que seja
PRAZO
disponibilizado diretamente para o servidor.

Integração com os
A cultura Implementação de uma cultura na instituição desde
serviços de promoção a
organizacional o processo admissional. Estímulo de rotinas
saúde e qualidade de Bekkers
desfavorece a saudáveis logo no processo de integração, no qual
vida no trabalho (2019);
adesão dos são passados todos os benefícios, além dos
MÉDIO / LONGO
servidores. programas de QVT.
PRAZO

Execução de buscas ativas, visando conhecer as


razões que têm impedido os servidores a utilizarem
o serviço, bem como as reais necessidades destes; Implantação de uma
A falta de realização de visitas aos setores para conhecimento busca ativa dos
credibilidade ao dos processos de trabalho e para ouvir o servidor, a servidores para
Santos
potencial fim de ajudá-lo. melhorar a adesão aos
(2017);
resolutivo do Elaboração de projetos que tratem da saúde em sua EMP
EMP. totalidade, com incentivo à prática de atividade MÉDIO / LONGO
física, alimentação saudável, meditação; divulgação PRAZO
dos programas existentes e sua oferta em todos os
campi.
Fonte: Elaboração própria baseada em Pôssas, Meirino e Pacheco (2019).
95

7.2 PROPOSIÇÃO ESPECÍFICA

Verificou-se que uma das principais solicitações dos servidores à presente pesquisa,
correspondeu a receber o serviço de EMP em seus locais de trabalho.
Tal atividade já foi desempenhada algumas vezes dentro do Campus Central em
eventos isolados; e com maior periodicidade já foram realizadas ações similares, nas unidades
externas do interior do estado, conhecidas como “Interiorização dos Periódicos”.
Com vistas a contribuir para a sistematização destas ações, bem como para que
ocorram de maneira ordinária e em maior frequência, observando o disposto na alínea “c”, do
artigo 10 da Portaria nº17/2009, que compreende o desenvolvimento de materiais didáticos,
instrucionais e de produtos, processos e técnicas, sugere-se o fluxograma correspondente a
logística necessária para efetivação do EMP Itinerante, exibido na Figura 13.

Figura 13 – Proposta de fluxograma para execução do Exame Médico Periódico Itinerante ao


setor responsável da UFRN. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

Idealmente, este fluxograma deveria ter sido construído coletivamente, junto aos
membros da DIVIST, todavia, mediante o atual contexto de pandemia pelo novo coronavirus
(COVID19) SARS-CoV-2, não foi possível.
96

Então, elaborou-se este protótipo de fluxo, como uma versão teórica e inicial, numa
perspectiva de aprimoramento e atualização contínua por parte da equipe responsável, quando
as rotinas e atividades forem retomadas e as condições sanitárias assim o permitam.
Recomenda-se que, a partir da versão final do fluxograma, seja elaborado um roteiro
do tipo check-list, que compreenda todas as etapas, recursos materiais e humanos, bem como
um espaço específico destinado às metas esperadas, para um melhor direcionamento e
organização, além de ser um registro documental da ação desempenhada.
É importante destacar que a elaboração desses registros é fundamental no tocante a
gestão do conhecimento e, mais especificamente, a retenção do conhecimento organizacional
– descrito como o processo de “aquisição, armazenamento e redistribuição do conhecimento”
(WALSH; UNGSON, 1991).

7.3 PRODUÇÃO TÉCNICA

A presente pesquisa constatou, a partir da execução de toda a trajetória metodológica,


que o ponto crítico que distancia os servidores da realização dos EMP na UFRN, está
diretamente associado com a baixa efetividade em comunicar as ações pretendidas,
evidenciado pela pouca adesão ao serviço, relacionado a inobservância de sua importância
enquanto ferramenta de VISAT, além do conhecimento insuficiente dos servidores em relação
aos aspectos legais e de promoção a saúde do EMP.
Desta forma, consonante às sugestões de alguns servidores e, visando solucionar a
principal problemática identificada, criou-se mais um canal de comunicação, através de uma
página em meio eletrônico, com domínio gratuito e voltado exclusivamente para o
fornecimento de informações referentes ao serviço (APÊNCIDE E).
O site15 foi elaborado na plataforma do Google© Sites, em colaboração com um dos
assistentes em administração da DIVIST que possuía familiaridade com o serviço e com a
ferramenta. É composto por sete telas com design agradável, dotado de funcionalidades
dinâmicas e interativas, com adaptação gráfica automática para computadores, tablets e
celulares, de navegação intuitiva e, principalmente, dotado das mais diversas informações a
respeito do EMP, redigidas em linguagem clara e simples.
A tela inicial (Figura 14) foi pensada para atender as principais solicitações dos
servidores durante o cotidiano do serviço, a saber:

15
Disponível em: http://bit.ly/ExamesPeriodicosUFRN.
97

a) Emissão de guias: por se tratar da maior causa de procura, esta funcionalidade compreende
o destaque do cabeçalho do site, onde foi adicionado um botão que, ao ser clicado, redireciona
a página diretamente para o “Portal do Servidor” no SIGAC, onde é possível que o servidor
emita as próprias guias. Com isso, pretende-se também divulgar que a emissão de guias pode
ser realizada de maneira não presencial e da própria residência;
b) Dúvidas frequentes: através de ícones temáticos em disposição de grade, foram destacadas
as dúvidas mais comuns. Para cada dúvida há a configuração de um hiperlink para a resposta
correspondente;
c) Aviso: foi adicionado um banner em evidência, para que as principais mudanças e/ou
novidades do setor possam ser prontamente divulgadas;
d) Orientações: As informações necessárias foram distribuídas através dos diferentes formatos
disponíveis, como a partir de botões e de mídia de vídeo (e link para “mais vídeos”), além da
ferramenta do Google© Mapas, para informar a localização;
e) Rodapé: por ser a única área do site que se repete em todas as páginas, nesta seção foram
dispostos todos os dados institucionais dos setores envolvidos, a base legal referente ao EMP,
bem como as informações para contato.

Figura 14 – Página inicial do site dos Exames Médicos Periódicos da UFRN. Natal/RN, 2020.

Fonte: Autoria própria (2020).

As páginas seguintes “Emitir Guias” e “Formulário”, apresentam tutoriais mostrando,


respectivamente, como o próprio servidor pode emitir as suas guias e o que precisa fazer para
preencher corretamente o formulário do EMP, a fim de otimizar sua avaliação clínica.
98

A página “Orientações” apresenta uma caixa de opções na qual o servidor seleciona as


suas características pessoais, a fim de receber as informações específicas dos exames para si.
Logo abaixo, foi adicionada uma lista completa, contendo todos os exames, visando destacar
os prazos de validade de cada um.
Com o objetivo de abranger as unidades externas do interior do estado, a página
“Clínicas” é a única que dispõe de um menu suspenso. Neste, o servidor tem a opção de
selecionar em qual município pretende realizar os exames laboratoriais e consultas clínicas,
com as prestadoras conveniadas.
A penúltima página, “Quem somos”, foi criada a fim de ressaltar que o serviço, apesar
de ser executado através de várias etapas e processos, é desempenhado e manejado por
pessoas, trabalhadores que, da mesma forma, também se enquadram no público alvo da
ferramenta com a qual exercem suas atividades.
A última página, “Fale conosco”, foi destinada a interação entre o interessado e a
equipe do EMP. Por meio de um campo de mensagem, os servidores são incentivados a
colaborarem com as suas dúvidas, críticas, sugestões e/ou elogios. As mensagens de texto são
encaminhadas diretamente para a caixa de e-mail institucional do EMP.
Devido às informações publicadas no site, estarem vinculadas ao Gmail® do EMP,
estas podem ser alteradas, acrescidas ou excluídas a qualquer tempo, de maneira rápida, pela
própria equipe do EMP, sem a necessidade de administradores terceiros da rede.
Como limitações deste produto, destaca-se o fato de que o domínio não é próprio, o
que prejudica sua exibição nos resultados de busca, bem como a inexistência de opções para
acessibilidade na plataforma do Google©. Neste sentido, sugere-se que, semelhante às ideias
e estruturas apresentadas, o site possa ser “transportado” para dentro dos domínios próprios da
superintendência de informática da UFRN.
99

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No tocante ao diagnóstico situacional dos servidores que não realizaram o EMP na


UFRN, a partir da integração dos dados obtidos com a literatura, consideraram-se os fatores
relativos aos sujeitos e aos contextos aos quais estavam inseridos.
O perfil destes servidores apresentou relativa paridade entre as variáveis dicotômicas
(“sexo”) e faixas extensas de dados, entre as variáveis com possibilidade de respostas amplas
(“idade”). Por este motivo as características mais significativas para a obtenção deste perfil
foram atreladas às variáveis relativas aos contextos (cargo e lotação).
Em atendimento aos objetivos propostos, observou-se que os trabalhadores docentes e
os das equipes de saúde de maneira global, necessitam de maior direcionamento das ações de
vigilância, especialmente se lotados nas unidades externas ao Campus.
Verificou-se que a principal causa do baixo índice de realização dos EMPs, foi
relacionada a prevalência de falhas nas estratégias de comunicação e, considerando que sua
implantação data de 2011, associado ao total desconhecimento por parte de alguns servidores
ao serviço, constatou-se que – mesmo com ruídos –, as informações ainda não conseguiram
atingir um alcance mínimo desejável.
Desta forma, a característica comum ao público alvo do presente estudo foi o
conhecimento insuficiente das ações de vigilância desempenhadas por meio do Exame
Periódico, concordando com outros resultados dispostos na literatura.
Concluiu-se que grande parte dos obstáculos, superáveis ou imaginários, referidos
pelos servidores, podem ser contornados mediante ajustes estratégicos nos fluxos ou através
da disponibilização de informações mais claras e efetivas.
É necessário apontar o fator desconhecimento, imbricado ao distanciamento dos
servidores aos exames, como um ponto de fragilidade, visto que é fundamental que esses
atores compreendam a relação trabalho-saúde-doença e, para além disso, que o seu
envolvimento no processo é algo decisivo para que se obtenha efetivamente uma melhoria na
qualidade de vida e de saúde.
Neste sentido, é válido ainda destacar a necessidade de fortalecer as singularidades
desses trabalhadores que atuam no serviço público.
É preciso (re) construir conceitos e a imagem social de que este contexto se configura
em “trabalho” propriamente dito e que, apesar do fator “estabilidade”, também apresenta
riscos potenciais de sofrimento e adoecimento, seja por causas horizontais ou verticais.
100

Além disso, destacam-se as questões referentes ao acolhimento e a avaliação clínica.


Neste ponto, envolve-se toda a equipe responsável pelo serviço. Alguns servidores referiram
problemas nesse sentido, o que é preocupante, considerando que se algo assim ocorreu é
porque já houve uma tentativa prévia em realizar os exames e que, pela experiência negativa,
os levaram a não concluir o EMP.
Este caso específico requer um trabalho coordenado com a gestão do setor e da
diretoria, visto que implica mudanças e melhorias no processo de trabalho que requer
transformações a médio e longo prazo no sentido de qualificar o atendimento no EMP e a
padronização das ações e serviços a serem oferecidos.
Como propostas para auxiliar neste aspecto, sugere-se um maior comprometimento da
gestão e dos profissionais envolvidos, bem como a mobilização, capacitação e educação
permanente e contínua dessas equipes.
Como potencialidade, observou-se que as emissões de ASOs apresentaram um
discreto, mas constante crescimento nos últimos anos. Apesar disso é necessário que se
busquem estratégias mais eficazes para a redução do absenteísmo ao EMP, com foco no
fortalecimento das ações de VISAT e, consequentemente, na qualidade de vida dos
trabalhadores.
Verificou-se que, para além do diagnóstico situacional, alinhado com o disposto na
literatura, a não realização do EMP na UFRN representa uma construção cultural,
influenciada pelas constantes mudanças estruturais da organização do trabalho, em níveis de
gestão local e/ou superior.
Assim, como estratégias para aumentar a adesão ao EMP, sugere-se a implementação
de ações coletivas, intersetoriais e interprofissional com métodos intencionais e programados
aos diversos públicos envolvidos, desde os que estão em admissão, até os que iniciaram o
processo de aposentação, a fim de promover a reestruturação dos conceitos negativos.
Nesse sentido, propõe-se ainda, a prática de sensibilização constante nos ambientes
laborais, visando a promoção das ações entre os servidores e suas chefias; recomenda-se a
realização de avaliações permanentes da qualidade do serviço, através das perspectivas
internas e externas; além da intensificação das vistorias à rede de laboratórios credenciados,
para que não ocorram falhas no fluxo de atendimento.
Ressalta-se ainda como contribuição deste estudo, a intenção de reflexão sobre as
questões individuais e plurais, espera-se que os resultados e discussões engendrem ações e
melhorias na oferta dos serviços prestados, no sentido de possibilitar o direcionamento da
vigilância de maneira equânime aos servidores da UFRN.
101

Estas contribuições serão encaminhadas à gestão do setor de interesse, além de serem


apresentadas à equipe técnica, por meio de relatório contendo os resultados obtidos, com
ênfase nos principais pontos críticos identificados, ainda no segundo semestre do presente ano.
Como limitação do estudo, destaca-se principalmente o presente contexto de pandemia
pelo novo coronavírus, que inviabilizou a construção coletiva do produto técnico junto à
equipe do EMP, resultante desta pesquisa.
No campo profissional, para esta pesquisadora enquanto enfermeira e integrante da
equipe de Vigilância em Saúde na Universidade estudada, a realização deste trabalho,
considerando os conhecimentos teóricos adquiridos e o desvelo das significativas percepções
dos servidores, ampliou a responsabilidade e a atenção às subjetividades presentes nas
implicações que o processo trabalho-saúde-doença podem ocasionar.
No campo pessoal, o delineamento e a execução de cada uma das etapas desta
pesquisa, no âmbito de um mestrado profissional, com a construção e a apresentação de um
produto relevante ao serviço no qual estou inserida, promoveu uma experiência enriquecedora,
o fortalecimento da sensação de pertencimento à equipe de vigilância, além da satisfação do
cumprimento dos objetivos propostos e a obtenção dos resultados esperados.
Considera-se relevante que futuras pesquisas analisem outras dimensões do EMP que
não puderam ser investigadas nesta, como as perspectivas e desafios vivenciados pela própria
equipe da DIVIST, considerando a escassez de estudos nesse cenário. A pesquisa sobre a
satisfação dos sujeitos que possuem consistência na utilização do EMP na UFRN, também
pode ser recomendada, a fim de identificar os elementos positivos que possibilitam a adesão
desses servidores.
Nesse contexto, enfatiza-se a necessidade de investimentos em estudos voltados para a
prevenção de agravos e promoção da saúde nos ambientes de trabalho do serviço público,
visando a superação da visão hegemônica/assistencialista, como é preconizado pelo conceito
de saúde do trabalhador.
Finalmente, destaca-se a relevância do EMP à instituição, como ferramenta de
vigilância imprescindível para a promoção da saúde e prevenção dos riscos relacionados ao
trabalho; bem como, um direito pleiteado e adquirido legalmente que, portanto, deve ser
defendido e usufruído por todos os trabalhadores públicos.
102

REFERÊNCIAS

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115

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: “Diagnóstico Situacional dos Servidores
que não realizam os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, sob a orientação
da Professora Dra. Cleonice Alves Cavalcante e realizada pela pesquisadora Aysla Monique Fernandes
Ferreira dos Santos, que objetiva estabelecer os motivos e o perfil dos servidores que não aderem aos
Exames Médicos Periódicos.
O que nos motiva é a possibilidade de verificar as potencialidades e fragilidades dos Exames
Periódicos. Pois, a partir da sua participação, poderemos conhecer quais profissionais e/ou setores
demandam mais ênfase na Vigilância em Saúde.
Se aceitar o convite, você fornecerá algumas informações gerais sobre você e em seguida
responderá a apenas cinco perguntas sobre o porquê de não realizar os Exames Periódicos, o que
levará aproximadamente 15 minutos.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem prejuízo algum.
Dentre os benefícios dos possíveis resultados encontrados estão: a elaboração de estratégias
que facilitem sua adesão, o foco das ações de promoção à saúde e até mesmo a possibilidade de
identificar precocemente algumas doenças.
As perguntas possuem mínima previsão de riscos, semelhantes àqueles sentidos em exames
psicológicos de rotina, ou seja, você poderá sentir dificuldade em responder algo. Porém, para
minimizar essas dificuldades, você contará com um local seguro e de sua preferência, para privacidade
e confidencialidade das informações.
Além disso, a qualquer tempo você poderá entrar em contato com Aysla Monique para tirar
dúvidas, através do e-mail ayslamonique@gmail.com ou pelo WhatsApp (84) 988620420; e em caso
de problemas relacionados a pesquisa, você terá direito à assistência gratuita, prestada pela instituição
e pesquisadoras responsáveis. Até mesmo se houver algum gasto ou dano em decorrência desta
pesquisa, você será indenizado.
Os dados fornecidos serão confidenciais e divulgados, de forma anônima, apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo nada que possa lhe identificar. Esses dados serão
guardados pelo pesquisador responsável em local seguro e durante 5 anos.
Qualquer dúvida sobre a ética deste trabalho você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que elas comecem e fornece proteção aos
participantes das mesmas – da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84) 3215-
3135 / (84) 9.9193.6266, através do e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br ; Você ainda pode ir pessoalmente
à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h, na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa Nova.
Natal/RN.
Rúbrica Pesquisador Rúbrica Participante

1 de 2
116

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Aysla Monique Fernandes Ferreira dos Santos.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim
e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Causas e Perfis dos
Servidores que não realizam os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, e
autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas
desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal (RN), ______ de _______________ de 20______


Datiloscópica
Impressão

_____________________________________________________
Participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “Causas e Perfis dos Servidores que não realizam
os Exames Médicos Periódicos em uma Universidade Pública”, declaro que assumo a inteira
responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram
esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade
sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei
infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –
CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal (RN), ______ de _______________ de 20______

_____________________________________________________
Pesquisador responsável

2 de 2
117

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO | Saúde do Servidor

Parte I – Caracterização do Participante

Questionário Nº _____ Data _____ / _____ / 20_____ Hora: ____:____


Gênero: ( )F ( )M ( )Outro: ______________________ Idade: ________
Setor/Lotação de exercício: _____________________________________________
Função ou Cargo: _____________________________________________________
Qual seu Nível na Instituição?
Sou Técnico Administrativo do Nível:
⬜ A ⬜ B ⬜ C ⬜ D ⬜ E

Sou Docente Básico, Técnico e Tecnológico do Nível:


⬜ DI ⬜ DII ⬜ DIII ⬜ DIV ⬜ Titular

Sou Docente do Magistério Superior do Nível:


⬜ Auxiliar|Assistente-A|Adjunto-A ⬜ Assistente ⬜ Adjunto ⬜ Associado ⬜ Titular

Ano de admissão na UFRN: _____________________________________________

Possui exposição direta a agentes: ( )Químicos ( )Biológicos ( )Irradiação Ionizante ( )Não


Outros: _____________________________________________________________

Parte II – Percepções a respeito dos Exame Médicos Periódicos

1. Qual o seu entendimento sobre o Exame Médico Periódico?

2. Quais são os seus motivos para não realizar o Exame Médico Periódico?
118

3. Quais circunstâncias ou fatores facilitariam você realizar o Exame Médico Periódico?

4. Quais os pontos positivos e negativos que você pode elencar sobre o processo de
Exame Periódico?

5. Quais sugestões você pode nos dar para resolver esses pontos negativos?
119

APÊNDICE C – CONVITE ELETRÔNICO PARA RESPONDER AO QUESTIONÁRIO 16

Se você está recebendo este Convite é EXATAMENTE porque não tem utilizado bem uma das
principais ferramentas de Vigilância em Saúde do Servidor!

O EXAME MÉDICO PERIÓDICO

POR FAVOR, conte-nos como podemos melhorar sobre isso.

Como?
Peço simplesmente que, através da imagem abaixo, responda um rápido Questionário, para que
possamos conhecer um pouco mais sobre você e suas necessidades!

Link alternativo: https://forms.gle/NsZ5zuHXC6ZNqGgo7

______________________________________

Este Questionário é o instrumento de coleta de dados da seguinte Dissertação de Mestrado:

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DOS SERVIDORES QUE NÃO REALIZAM


OS EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE


MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
Orientadora: ProfªDrª CLEONICE ANDRÉA ALVES CAVALCANTE
Mestranda: AYSLA MONIQUE FERNANDES FERREIRA DOS SANTOS
Linha de pesquisa: EPIDEMIOLOGIA, VIGILÂNCIAS E O CUIDADO EM SAÚDE

16
A imagem do convite pertence a Superintendência de Informática da UFRN. Disponível em:
https://progesp.ufrn.br/saude.
120

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO | Saúde do Servidor17

17
A imagem do convite pertence a Superintendência de Informática da UFRN. Disponível em:
https://progesp.ufrn.br/qualidade-vida.
121
122
123
124
125

APÊNDICE E – SITE DOS EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS18

18
Disponível em: http://bit.ly/ExamesPeriodicosUFRN.
126
127
128
129
130
131
132
133
134

ANEXO A – Carta de Anuência DAS


135

ANEXO B – Carta de Anuência Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas


136

ANEXO C – Termo de Concessão Unidade SIASS


137

ANEXO D – Parecer favorável pelo Comitê de Ética da UFRN


138
139
140
141
142
143

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