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Temas Especiais de

Concreto Armado
Material Teórico
Dimensionamento de Pilares

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Dimensionamento de Pilares

• Introdução;
• Conceitos Básicos;
• Efeitos de 2ª Ordem;
• Dimensões Mínimas;
• Armadura Mínima e Máxima;
• Classificação de Pilares;
• Excentricidades;
• Parâmetros Geométricos: Índice de Esbeltez, Raio de Giração,
Comprimento de Flambagem;
• Métodos de Cálculo.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a função dos pilares de concreto armado e sua interação com os demais
elementos estruturais;
• Apresentar os efeitos de 2a ordem e as dimensões minimas dos pilares;
• Conceituar as armaduras minimas e máximas dos pilares, bem como a classificação dos
pilares quanto a sua posição na estrutura;
• Apresentar os tipos de excentricidades, os parâmetros geométricos e os metódos de
cálculo de pilares.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Introdução
As estruturas usuais de concreto armado são compostas por lajes, vigas e pilares.
As ações variáveis de utilização dos compartimentos atuam sobre as lajes, e delas
vão para as vigas e, em seguida, para os pilares, que as conduzem até as fundações.

As lajes recebem as ações permanentes (peso próprio, revestimentos etc.) e as vari-


áveis (pessoas, máquinas, equipamentos etc.) e as transmitem para as vigas de apoio.

As vigas, por sua vez, além do seu peso próprio e das cargas das lajes, recebem
também cargas de paredes dispostas sobre elas, além de cargas concentradas pro-
venientes de outras vigas e pilares que nelas nascem, levando todas essas cargas
para os pilares em que estão apoiadas.

Os pilares são responsáveis por receber as cargas dos andares, acumular as rea-
ções das vigas em cada andar e conduzir esses esforços até as fundações.

Nos edifícios de vários andares, para cada pilar e no nível de cada andar, tem-se
o subtotal da carga atuante, desde a cobertura até os andares inferiores das edifi-
cações. Essas cargas, no nível de cada andar são utilizadas para dimensionamento
dos tramos do pilar. A carga total do pilar é utilizada no projeto de cada fundação.

Nas estruturas constituídas por lajes sem vigas, os esforços são transmitidos di-
retamente das lajes para os pilares. Nessas lajes, deve-se dedicar atenção especial à
verificação do puncionamento.

Conceitos Básicos
Os pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto. Eles são geralmente
dispostos na posição vertical, sendo as forças normais de compressão os esforços
internos solicitantes considerados preponderantes.

A função principal dos pilares é a de receber as ações que atuam nos diversos
níveis das construções e conduzi-las até o nível do solo, através das fundações exis-
tentes em suas extremidades inferiores.

O sistema estrutural composto por pilares e vigas constituem os pórticos estru-


turais, que geralmente são os responsáveis pela resistência da estrutura às ações
atuantes, bem como proporcionar a estabilidade global da estrutura.

As ações verticais são transferidas aos pórticos pelas estruturas dos pavimentos,
e as ações horizontais, geralmente provenientes da ação do vento, conduzidas aos
pórticos pelas paredes externas.

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Efeitos de 2ª Ordem
O deslocamento local de 2ª ordem é aquele que ocorre em um lance do pilar
(trecho do pilar entre dois pavimentos), como os deslocamentos horizontais da bar-
ra indicada na Figura 1.

F a F
y

L L y

a) Posição inicial b) Posição final

Figura 1 – Não linearidade Geométrica Gerando Esforços de 2ª Ordem

A não linearidade geométrica ocorre quando as deformações provocam esforços


adicionais que precisam ser considerados no cálculo, gerando os chamados esfor-
ços de segunda ordem, como o momento fletor da Expressão 1.

M=F.a (1)

A norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedi-


mento utiliza os termos “efeitos locais de 2ª ordem”, onde, entre outros, o principal
efeito é o momento fletor de segunda ordem (M2), gerado a partir do deslocamento
lateral da barra, que é igual à expressão 1.

A determinação dos efeitos locais de 2ª ordem em barras comprimidas pode ser


feita por métodos aproximados, entre eles, o do pilar-padrão.

Efeitos de 2ª ordem são aqueles que se somam aos obtidos em uma análise de
1ª ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado na configuração geométrica
inicial), quando a análise do equilíbrio passa a ser efetuada considerando a configu-
ração deformada.

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UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Os efeitos de 2ª ordem, em cuja determinação deve ser considerado o comporta-


mento não linear dos materiais, podem ser desprezados sempre que não representa-
rem acréscimo superior a 10 % nas reações e nas solicitações relevantes na estrutura.

A análise estrutural com efeitos de 2ª ordem deve assegurar que, para as com-
binações mais desfavoráveis das ações de cálculo, não ocorra perda de estabilidade
nem esgotamento da capacidade resistente de cálculo.

A não linearidade física, presente nas estruturas de concreto armado, deve ser
obrigatoriamente considerada.

Dimensões Mínimas
Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado do pilar e propiciar boas
condições de execução, a norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento – determina que a seção transversal dos pilares, qualquer
que seja a sua forma, não deve apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos
especiais, permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde
que no dimensionamento se multipliquem os esforços solicitantes de cálculo a se-
rem considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional γn, obtido na
Expressão (2) e indicado na Tabela (1).

gn = 1,95 – 0,05 b (2)

Onde: b – menor dimensão da seção transversal (cm).

Tabela 1 – Coeficiente Adicional γn para Pilares


b ≥ 19 18 17 16 15 14
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25
Fonte: ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento

Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior a
360 cm2. Assim, a seção transversal mínima de um pilar retangular será 14 cm x
25,7 cm (Figura 2).

Figura 2 – Dimensões Mínimas de Pilar Retangular

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Armadura Mínima e Máxima
A armadura longitudinal mínima de pilar é determinada pela Expressão (3).

Nd
As , mín  0,15  0, 004 Ac (3)
f yd

Onde:

Nd: força normal de cálculo;

fyd: resistência de cálculo de início de escoamento do aço;

Ac: área da seção transversal do pilar.

A armadura longitudinal máxima de pilar é determinada pela Expressão (4).

As,máx = 0,08 Ac (4)

A máxima armadura em pilares deve considerar, inclusive, a sobreposição de


armadura existente em regiões de emenda.

Classificação de Pilares
Os pilares podem ser classificados conforme as solicitações iniciais e a esbeltez.

Quanto às solicitações iniciais, os tipos de pilares são (Figura 3):


• Pilar interno;
• Pilar de borda;
• Pilar de canto.

TIPOS DE PILARES EM
1 - PILAR INTERNO 3 - PILAR DE CANTO
FUNÇÃO DA SOLICITAÇÃO

2 - PILAR DE BORDA

Figura 3 – Tipos de Pilares em Função da Solicitação

11
11
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Os pilares internos são aqueles em que se pode admitir o esforço solicitante da


compressão simples, ou seja, em que as excentricidades iniciais podem ser despre-
zadas (Figura 4).
Nos pilares de borda, as solicitações iniciais correspondem ao esforço solicitante
da flexão composta normal, ou seja, admite-se que tenha excentricidade inicial em
uma direção. Para seção quadrada ou retangular, a excentricidade inicial é perpen-
dicular à borda (Figura 5).
Os pilares de canto são submetidos ao esforço solicitante da flexão oblíqua. As
excentricidades iniciais ocorrem nas direções das bordas (Figura 6).

Figura 4 – Pilar Interno Figura 5 – Pilar de Borda Figura 6 – Pilar de Canto

Excentricidades
As excentricidades nos pilares podem ser (Figura 7):
• Excentricidade de 1ª Ordem;
• Excentricidade Acidental;
• Excentricidade de 2ª Ordem;
• Excentricidade devida à Fluência.

4 - Excentricidade
devida à Fluência

1 - Excentricidade 3 - Excentricidade
de 1ª ordem
TIPOS DE EXCENTRICIDADES de 2ª ordem

2 - Excentricidade
Acidental

Figura 7 – Tipos de Excentricidade

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Excentricidade de 1ª Ordem (e1)
A excentricidade de 1ª ordem (e1) é a excentricidade que ocorre nos pilares de-
vido à possibilidade de ocorrência de momentos fletores externos solicitantes que
podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto teórico de
aplicação da força normal não estar localizado no centro de gravidade da seção
transversal, ou seja, existência da excentricidade inicial (a).

Considerando a força normal (N) e o momento fletor (M) (independente de N),


os possíveis casos de excentricidade de 1ª ordem são:
• Caso 1: Força Normal centrada e Momento Fletor nulo (Figura 8).

e1 = 0 (5)

N
x

Figura 8 – Excentricidade de 1ª ordem – Caso 1


• Caso 2: Força Normal aplicada à distância (a) do centro de gravidade e Mo-
mento Fletor nulo (Figura 9).

e1 = a (6)

x
a

Figura 9 – Excentricidade de 1ª ordem – Caso 2


• Caso 3: Força Normal centrada e Momento Fletor existente (Figura 10).

e1 = M/N (7)

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13
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

N M
x

Figura 10 – Excentricidade de 1ª ordem – Caso 3


• Caso 4: Força Normal aplicada a distância (a) do centro de gravidade e Mo-
mento Fletor existente (Figura 11).

e1 = a + M/N (8)

M
x
a

Figura 11 – Excentricidade de 1ª ordem – Caso 4

Excentricidade acidental (ea)


Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto
– Procedimento, na verificação do estado limite último das estruturas reticuladas,
devem ser consideradas as imperfeições do eixo dos elementos da estrutura descar-
regada. Essas imperfeições podem ser divididas em dois grupos (Figura 12):
• Imperfeições globais;
• Imperfeições locais.

TIPOS DE IMPERFEIÇÕES DO
1 - Imperfeições 2 - Imperfeições
Globais
EIXO DOS ELEMENTOS DA Locais
ESTRUTURA DESCARREGADA

Figura 12 – Tipos de Imperfeições do Eixo dos Elementos da Estrutura Descarregada

14
Muitas das imperfeições podem ser cobertas pelos coeficientes de ponderação,
mas as imperfeições dos eixos das peças não podem. Elas devem ser explicitamen-
te consideradas porque têm efeitos significativos sobre a estabilidade da construção.

Imperfeições globais
Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou não,
deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais (Figura 13).

θa

Figura 13 – Imperfeições Globais

A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelos ângulos θ1 e θa (Expressões


9 e 10).

1 (9)
1 
100 H

11/ n (10)
 a  1
2
Onde:

H: altura total da estrutura (em metros);

n: número total de prumadas de pilares no pórtico plano.

O valor mínimo do ângulo (θ1) para estruturas de nós móveis e imperfeições


locais é apresentado na Expressão (11).

θ1min = 1/300 (11)

O valor máximo do ângulo (θ1) é apresentado na Expressão (12).

θ1máx = 1/200 (12)

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15
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Para edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo, considerar a Ex-


pressão (13).

θa = θ1 (13)

Para pilares isolados em balanço, deve-se adotar a Expressão (12).

A consideração das ações de vento e desaprumo deve ser realizada de acordo


com as seguintes possibilidades:
• Quando 30 % da ação do vento for maior que a ação do desaprumo, conside-
ra-se somente a ação do vento;
• Quando a ação do vento for inferior a 30 % da ação do desaprumo, considera-
-se somente o desaprumo respeitando a consideração de θ1min (Expressão 11);
• Nos demais casos, combina-se a ação do vento e desaprumo, sem necessida-
de da consideração do θ1min. Nessa combinação, admite-se considerar ambas
as ações atuando na mesma direção e sentido como equivalentes a uma ação
do vento, portanto, como carga variável, artificialmente amplificada para co-
brir a superposição.

A comparação pode ser feita com os momentos totais na base da construção e


em cada direção e sentido da aplicação da ação do vento, com desaprumo calcula-
do com θa, sem a consideração do θ1min.

Imperfeições locais
Na análise local de elementos dessas estruturas reticuladas, devem também ser
levados em conta efeitos de imperfeições geométricas locais. Para a verificação de
um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retili-
nidade do eixo do pilar (Figura 14).

Pilar de
contraventamento Pilar contraventado

θ1
Elemento de
travamento

L
θ1

Figura 14 – Elementos de Travamento ou Contraventamento

16
A Figura (15) apresenta a forma da falta de retilinidade no pilar.

ea

θ1
L
θ1 L/2

Figura 15 – Falta de Retilinidade no Pilar

A Figura (16) apresenta a forma do desaprumo do pilar.

ea

L
θ1

Figura 16 – Desaprumo do Pilar

A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ângulo θ1 (Expres-


são 14).

H (14)
ea  1
2

Momento mínimo
Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento, o efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em
estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de 1ª ordem, dado
pela expressão (15).

M1d,min = Nd (0,015 + 0,03h) (15)

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17
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Onde: h – altura total da seção transversal na direção considerada (em metros).

Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições locais
esteja atendido se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A esse mo-
mento devem ser acrescidos os momentos de 2ª ordem.

No caso de pilares submetidos à flexão oblíqua composta, esse mínimo deve


ser respeitado em cada uma das direções principais, separadamente; isto é, o pilar
deve ser verificado sempre à flexão oblíqua composta onde, em cada verificação,
pelo menos, um dos momentos respeita o valor mínimo indicado.

Excentricidade de 2ª Ordem (e2)


A análise global de 2ª ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das
barras, devendo ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo
dos eixos das barras comprimidas.
Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser formados pelas
barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento (Le) aplicando-se às
suas extremidades os esforços obtidos através da análise global de 2ª ordem.
A norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedi-
mento determina que os esforços locais de 2ª ordem em elementos isolados podem
ser desprezados quando o índice de esbeltez for menor que o valor-limite (λ1).
O valor de (λ1) depende de diversos fatores, mas os preponderantes são:
• Excentricidade relativa de 1ª ordem (e1 /h) na extremidade do pilar onde ocor-
re o momento de 1ª ordem de maior valor absoluto;
• Vinculação dos extremos da coluna isolada;
• Forma do diagrama de momentos de 1ª ordem.

O valor-limite (λ1) é dado pela Expressão (16).

e1
25  12, 5
1  h  35    90 (16)
b
1

Onde:

e1: excentricidade de 1ª ordem (não inclui a excentricidade acidental);

e1 / h: excentricidade relativa de 1ª ordem;

αb: coeficiente dependente da distribuição de momentos no pilar.

O valor de αb será obtido para as seguintes condições:


• Para pilares biapoiados sem cargas transversais (Expressão 17).

MB
 b  0, 6  0, 4  0.4  0, 4   b  1, 0 (17)
MA

18
Onde: MA, MB – momentos de 1ª ordem nas extremidades do pilar.

Deve ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para
MB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA, e negativo, em caso contrário.
• Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altu-
ra (Expressão 18).

 b  1, 0 (18)

• Para pilares em balanço (Expressão 19).

MC
 b  0, 8  0, 2  0.4  0, 85   b  1, 0 (19)
MA

Onde:

MA: momento de 1ª ordem no engaste do pilar;

MC: momento de 1ª ordem no meio do pilar em balanço.


• Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momen-
to mínimo (Expressão 20).

 b  1, 0 (20)

Excentricidade devida à Fluência (ecc)


A consideração da fluência é complexa, pois a duração de cada ação tem que ser
levada em conta, ou seja, o histórico de cada ação precisaria ser conhecido.

A norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedi-


mento indica que o cálculo da excentricidade suplementar é obrigatório em pilares
com índice de esbeltez (λ > 90) (Expressão 21).

 
 N sg
 M sg
 ea   2, 718  1
N e  N sg
ecc   (21)
N  
 sg  

Onde:

ea: excentricidade devida a imperfeições locais;

Msg e Nsg: esforços solicitantes devidos à combinação quase permanente;

ϕ: coeficiente de fluência;

Eci: módulo de elasticidade tangente.

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UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Sendo:

10 Eci I c
Ne = (22)
L2e

Onde: Ic – momento de inércia.

Parâmetros Geométricos:
Índice de Esbeltez, Raio de Giração,
Comprimento de Flambagem
O fenômeno da flambagem é o deslocamento lateral na direção de maior esbel-
tez, com força normal de compressão menor do que a força normal de ruptura do
material. A ruína causada pela flambagem é repentina e violenta, mesmo que não
ocorram acréscimos bruscos nas ações aplicadas.

Uma barra comprimida feita por alguns tipos de materiais pode resistir a cargas
superiores à carga crítica (Ncrít), o que significa que a flambagem não corresponde
a um estado-limite último. No entanto, para uma barra comprimida em concreto
armado, a flambagem caracteriza um estado-limite último.

O índice de esbeltez de um pilar é a razão entre o comprimento de flambagem e


o raio de giração, nas direções a serem consideradas (Expressão 23).

Le (23)

i

Onde:

Le: comprimento de flambagem;

i: raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de con-


creto, não se considerando a presença de armadura).

O raio de giração da seção geométrica da peça é definido pela expressão (24).

I (24)
i=
A

Onde:

I: momento de inércia da seção geométrica da peça;

A: área da seção geométrica da peça.

20
Para seção retangular, o índice de esbeltez é dado na Expressão (25).

3, 46 Le (25)

h
Onde:

Le: comprimento de flambagem;

h: dimensão do pilar na direção considerada.

O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculações


na base e no topo:
• Valor do comprimento de flambagem para extremidades articuladas (Expres-
são 26).
Le = L (26)

• Valor do comprimento de flambagem para extremidades articulada e engasta-


da (Expressão 27).
Le = 0,7 L (27)

• Valor do comprimento de flambagem para extremidades engastadas (Expres-


são 28).
Le = 0,5 L (28)

• Valor do comprimento de flambagem para extremidades livre e engastada (Ex-


pressão 29).
Le =2 L (29)

Em função do índice de esbeltez, os pilares podem ser classificados em (Figura 17):


• Pilar curto → λ ≤ 35
• Pilar médio → 35 < λ ≤ 90
• Pilar medianamente esbelto → 90 < λ ≤ 140
• Pilar esbelto → 140 < λ ≤ 200

4 - Pilar Esbelto

CLASSIFICAÇÃO DOS PILARES 3 - Pilar


1 - Pilar Curto Medianamente
CONFORME A ESBELTEZ Esbelto

2 - Pilar Médio

Figura 17 – Classificação dos Pilares conforme a Esbeltez

21
21
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Os pilares curtos e médios representam a grande maioria dos pilares das edifi-
cações. Os pilares medianamente esbeltos e esbeltos são muito menos frequentes.

A norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Proce-


dimento recomenda que, nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado
considerando cada elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas
extremidades aos demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam
os esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de 1ª ordem.

Assim, o comprimento equivalente de flambagem (Le) do elemento comprimido


(pilar), suposto vinculado em ambas as extremidades, deve ser o menor dos valores
da Expressão (30) (Figura 18).

L  h
Le   0 (30)
L

Onde:

L0: distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos


horizontais, que vinculam o pilar;

h: altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura


em estudo;

L: distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar es-
tá vinculado.

Figura 18 – Valores de L e L0

Métodos de Cálculo
Conforme a norma ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto
– Procedimento, o Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada pode ser

22
empregado apenas no cálculo de pilares com λ ≤ 90, com seção constante e ar-
madura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não linearidade geométrica
é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja
senoidal. A não linearidade física é considerada através de uma expressão aproxi-
mada da curvatura na seção crítica.

A equação senoidal para a linha elástica define os valores para a deformação de


2ª ordem (e2) ao longo da altura do pilar. A não linearidade física com a curvatura
aproximada é dada pela Expressão (31).

1 0, 005 0, 005
  (31)
r h   0, 5  h

Onde:

r: raio de curvatura;

h: altura da seção na direção considerada;

ν: valor adimensional relativo à força normal.

O valor adimensional relativo à força normal é dado pela Expressão (32).

Nd
 (32)
Ac f cd

Onde:

Nd: força normal solicitante de cálculo;

Ac: área da seção transversal;

fcd: resistência de cálculo do concreto à compressão.

O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado com a Expressão (33).

L2e 1 (33)
M d , tot   b M 1d , A  N d  M 1d , A
10 r
Onde:

αb: coeficiente dependente da distribuição de momentos no pilar


(Expressões 17, 18, 19 e 20);

Nd: força normal solicitante de cálculo;

Le: comprimento de flambagem;

1/r: curvatura na seção crítica (Expressão 10);

M1d,A: valor de cálculo do momento MA.

23
23
UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Sendo:

M1d,A ≥ M1d,mín (34)

M1,tot ≥ M1d,mín (35)

Onde:

M1d,A: valor de cálculo de 1a ordem do momento MA ;

M1d,mín: momento fletor mínimo;

Ac: área da seção transversal do pilar;

fcd: resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd = fck /γc);

h: dimensão da seção transversal na direção considerada.

O efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído, em estruturas
reticuladas, pela consideração do momento mínimo de 1ª ordem (Expressão 36).

M1d,mín = Nd (0,015 + 0,03 h) (36)

Onde: h – altura total da seção transversal na direção considerada (m).

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Concreto Armado Eu te Amo - Vai para Obra
BOTELHO, M. H. C.; FERRAZ, N. N. Concreto Armado Eu te Amo - Vai para
Obra. Volume 1. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015. (e-book)
Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto
FUSCO, P. B.; ONISHI, M. Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto.
Boston: Cengage Learning Editores, 2017. (e-book)
Caderno de Receitas de Concreto Armado
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado. Vol. 1. Vigas. São
Paulo: LTC, 2017. (e-book)
Caderno de Receitas de Concreto Armado
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado. Vol. 3. Lajes. São
Paulo: LTC, 2017 (e-book)
Curso Básico de Concreto Armado
PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso Básico de Concreto Armado. São
Paulo: Editora Oficina de Textos, 2014. (e-book)

25
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UNIDADE Dimensionamento de Pilares

Referências
BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. Volume
1. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015. (ebook)

BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. Volume


2. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015. (ebook)

FUSCO, P. B. Técnica de Armar as Estruturas de Concreto. 2. ed., rev. e ampl.


São Paulo: Pini, 2013.

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