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Concreto Armado I
Material Teórico
Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Determinação das Armaduras
de Cisalhamento de Vigas
• Introdução;
• Verificação do Estado Limite Último: Modelos
de Cálculo 1 e 2 da NBR 6118;
• Solicitações Tangenciais em Estado Limite Último;
• Mecanismos de Ruptura de Peças Submetidas
às Solicitações Tangenciais;
• Método de Análise Clássico de Dimensionamento
e Detalhamento de Peças;
• Disposições Gerais e Construtivas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a verificação do Estado Limite Último: modelos de cálculo 1 e 2 da Norma
Brasileira ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento;
• Apresentar as solicitações tangenciais em Estado Limite Último, bem como os mecanis-
mos de ruptura de peças submetidas às solicitações tangenciais;
• Apresentar os métodos de análise clássico de dimensionamento e detalhamento de peças;
• Apresentar as disposições gerais e construtivas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Introdução
As vigas, em geral, são submetidas simultaneamente a momento fletor e à força
cortante. Elas são armadas com barras longitudinais tracionadas, para resistir aos
esforços de flexão, e com estribos, para resistir aos esforços de cisalhamento.
Para pequenos valores das ações atuantes, enquanto a tensão de tração for inferior
à resistência do concreto à tração na flexão, a viga não apresenta fissuras, ou seja, as
suas seções permanecem na condição de deformação denominada Estádio I. Nessa
fase, origina-se um sistema de tensões principais de tração e de compressão.
Com o aumento dos valores das ações, no trecho da viga de momento fletor
máximo, a resistência do concreto à tração é ultrapassada e surgem as primeiras
fissuras de flexão (verticais).
No início da fissuração da região central, os trechos junto aos apoios, sem fissu-
ras, ainda se encontram no Estádio I.
Continuando o aumento das ações, surgem fissuras nos trechos entre as forças
e os apoios, que são inclinados, por causa da inclinação das tensões principais de
tração (σ) (fissuras de cisalhamento).
Com ações elevadas, a viga, em quase toda sua extensão, encontra-se no Está-
dio II. Em geral, apenas as regiões dos apoios permanecem isentas de fissuras, até
a ocorrência de ruptura.
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• Diagonais tracionadas: Armadura transversal (de cisalhamento).
O modelo de cálculo I tem como premissa admitir que a viga em concreto ar-
mado trabalhe como uma treliça isostática que é constituída por bielas de concreto
comprimido que são inclinadas a (450), banzos paralelos e nós rotulados.
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Analogia da Treliça
A analogia da treliça é baseada na relação de semelhança entre uma viga fis-
surada e uma treliça e tem como hipótese que uma carga aplicada em um ponto
qualquer da viga chegará até os apoios percorrendo as barras de uma treliça isos-
tática (Figura 2).
α θ
Na Figura (3), o ângulo (α) é a inclinação das diagonais tracionadas e o ângulo (θ)
é a inclinação das diagonais comprimidas.
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Modelo da Treliça com Contribuição do Concreto (Vc)
Os modelos conceituais de treliça assumem que a biela de compressão do con-
creto é paralela à direção das fissuras e não transferem esforços ao longo das fissu-
ras, resultando aproximações aos resultados obtidos em ensaios laboratoriais.
Os modelos de treliça podem apresentar a influência de dois mecanismos resis-
tentes complementares.
Um mecanismo que ocorre devido à contribuição da resistência à tração do
concreto (Vc). Outro mecanismo ocorre devido à tensão de cisalhamento, que é
transmitida por intermédio das fissuras inclinadas, por meio do fenômeno de engre-
namento (dentes de engrenagem) que ocorre entre agregados (Figura 4),
Engrenamento
Agregado Graúdo
Fissura
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Sendo:
VRd=
3 VC + VSW (3)
Onde:
• VSd: Força cortante solicitante de cálculo, na seção analisada;
• VRd2: Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais com-
primidas de concreto;
• VRd3: Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal,
onde (VC) é a parcela de forca cortante absorvida por mecanismos complemen-
tares ao de treliça;
• VSW: Parcela de força cortante resistida pela armadura transversal.
α θ=45º
Esse modelo admite, também, que a parcela complementar de (VC) tem valor
constante, independente da força cortante solicitante (VSd).
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VRd 2 = 0, 27 αV 2 f cd bw d (4)
Sendo:
f ck (5)
αV 2 = 1 −
250
Onde:
• fck: tensão característica do concreto (MPa);
• bw: largura da viga;
• d: altura útil da viga.
Sendo:
A (7)
= VSw Sw 0,9 d f ywd ( senα + cos α )
s
Onde:
• α: Ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal
do elemento estrutural, podendo tomar seu valor no intervalo (45° ≤ α ≤ 90°);
• fywd: Tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor (fyd) no caso
de estribos e a 70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando,
para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa. No caso de armaduras
transversais ativas, o acréscimo de tensão devida à força cortante não pode
ultrapassar a diferença entre (fpyd) e a tensão de protensão, nem ser superior a
435 MPa.
A Expressão (8) ocorre nos elementos tracionados, quando a linha neutra está
fora da seção transversal:
VC = 0 (8)
VC = VC0 (9)
M0 (10)
VC 0 1 +
VC = ≤ 2 VC 0
M
Sd , máx
Sendo:
VC 0 = 0, 6 f ctd bw d (11)
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Onde:
• bw: Menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d;
• d: Altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de
gravidade da armadura de tração;
• S: Espaçamento entre elementos da armadura transversal (Asw), medido segun-
do o eixo longitudinal do elemento estrutural;
• M0: Valor do momento fletor que anula a tensão normal de compressão na
borda da seção (tracionada por Md,máx), provocada pelas forças normais de di-
versas origens concomitantes com (VSd);
• MSd,max: Momento fletor de cálculo máximo no trecho analisado.
s (VSd − VC ) (14)
ASw =
0,9 d f ywd ( senα + cos α )
α 30º≤θ≤45º
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Considera-se que não haverá esmagamento da biela comprimida de concreto se
for atendida a Expressão (1):
Onde:
Sendo:
f ck (5)
αV 2 = 1 −
250
A armadura transversal (Asw) pode ser calculada por meio das Expressões (2) e (3).
Sendo:
VRd=
3 VC + VSW (3)
Onde:
A (16)
=VSw Sw 0,9 d f ywd senα ( cotg α + cotg θ )
s
s (VSd − VC ) (17)
ASw =
0,9 d f ywd senα (cotg α + cotg θ )
A Expressão (8) ocorre nos elementos tracionados, quando a linha neutra está
fora da seção transversal:
VC = 0 (8)
M0 (19)
VC1 1 +
VC = < 2VC1
M
Sd , máx
Onde:
• VC1 = Vc0 quando VSd = VC0 ... (20);
• VC1 = 0 quando VSd = VRd2 ... (21), interpolando-se linearmente para valores
intermediários.
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Solicitações Tangenciais em
Estado Limite Último
As solicitações tangenciais, ou solicitações de cisalhamento, decorrentes das
ações atuantes em elementos estruturais, são caracterizadas pelos momentos torso-
res (T) e forças cortantes (V) (Figura 8).
ESFORÇOS INTERNOS
MOMENTOS TORSORES (T) SOLICITANTES QUE GERAM FORÇAS CORTANTES (V)
SOLICITAÇÕES TANGENCIAIS
ASw f (20)
=ρ Sw ≥ 0, 2 ct ,m
bw s senα f ywk
Onde:
• Asw: Área da seção transversal dos estribos;
• s: Espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento
estrutural;
• α: Inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;
• bw: largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção;
• fct,m: Resistência à tração direta média.
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Sendo:
A armadura transversal (Asw) pode ser constituída por estribos (fechados na região
de apoio das diagonais, envolvendo a armadura longitudinal) ou pela composição de
estribos e barras dobradas; entretanto, quando forem utilizadas barras dobradas, elas
não podem suportar mais do que 60 % do esforço total resistido pela armadura.
45º≤α≤90º
α θ
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
2 - RUPTURA DA ARMADURA
TRANSVERSAL
Região de
esmagamento
da biela
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A ruptura da biela (diagonal comprimida) determina o limite superior da capaci-
dade resistente da viga à força cortante (V).
Esse limite depende da resistência do concreto à compressão (fck).
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
A armadura transversal mínima deve ser constituída por estribos, com taxa ge-
ométrica dada pela Expressão (20).
ASw f (20)
=ρ Sw ≥ 0, 2 ct ,m
bw s senα f ywk
Assim, a taxa mínima (ρsw,min) da armadura transversal depende das resistências
do concreto e do aço. Os valores da armadura transversal mínima (ρsw,min) são dados
na Tabela (1):
ASw (21)
aSw=
, mín = ρ Sw,mín bw
s
V=
Sd , mín VSw,mín + VC (22)
Sendo:
20
Detalhamento dos Estribos
Diâmetro Mínimo e Diâmetro Máximo
O diâmetro dos estribos deve estar no intervalo da Expressão (24):
bw (24)
5 mm ≤ φt ≤
10
Quando a barra for lisa, o limite do diâmetro dos estribos é o da Expressão (25):
φt ≤ 12 mm (25)
Quando os estribos forem formados por telas soldadas, o diâmetro dos estribos é
dado pela Expressão (26), desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão
da armadura:
φt ,mín = 4, 2 mm (25)
Bom adensamento
Garantir
Para que não ocorra ruptura por cisalhamento nas seções entre os estribos, o
espaçamento máximo deve atender às condições das Expressões (26) e (27).
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
COMPOSIÇÃO DAS
ESTRIBOS COMBINADOS
ESTRIBOS ARMADURAS DE
COM TELAS SOLDADAS
CISALHAMENTO
ESTRIBOS COMBINADOS
COM BARRAS DOBRADAS
Quando essa face também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo
horizontal nessa região, ou complementado por meio de barra adicional.
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Estribo - Ramo
Estribo - Ramo Vertical
Horizontal
d h
Estribo - Ramo
Vertical Estribo - Ramo
ΦL Horizontal
Φt
ΦL
C + Φt +
2
b
Figura 16 – Estribo
Fonte: o autor
O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5mm, sem
exceder 1/10 da largura da alma da viga (Expressão 24).
Quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior a 12mm. No caso
de estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para
4,2mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura
(Expressão 25).
Emendas
São permitidas emendas por transpasse quando os estribos forem constituídos
por telas. Embora não sejam usuais, as emendas por transpasse, também, são
permitidas se os estribos forem constituídos por barras de alta aderência, isto é, se
forem constituídos por barras de aço CA-50 ou CA-60.
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UNIDADE Determinação das Armaduras de Cisalhamento de Vigas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Introdução à engenharia de estruturas de concreto
FUSCO, P. B.; ONISHI, M. Introdução à engenharia de estruturas de concreto.
São Paulo: Cengage Learning Editores, 2017. (e-book)
Concreto Armado Eu te Amo Vai para Obra
BOTELHO, M. H. C.; FERRAZ, N. N. Concreto Armado Eu te Amo Vai para
Obra. 8.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015. v. 1. (e-book)
Caderno de Receitas de Concreto Armado – Vigas
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado – Vigas. São
Paulo: LTC, 2017. v. 1. (e-book)
Caderno de Receitas de Concreto Armado – Lajes
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado – Lajes. São Paulo:
LTC. v. 3. (e-book)
Curso Básico de Concreto Armado
PORTO. T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso Básico de Concreto Armado. São
Paulo: Oficina de Textos, 2014. (e-book)
24
Referências
BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. 4.ed. São
Paulo: Edgard Blucher, 2015. v.1. (e-book)
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