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Estruturas Especiais

Lucas Shima Barroco


© 2016 by Universidade de Uberaba

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por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Editoração
Produção de Materiais Didáticos

Capa
Toninho Cartoon

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE


Sobre os autores
[autor.1]

[texto]
Sumário
Capítulo 1 Xx xxxxxxx xx xxxx x xxx xxxx xxxx x xx xxx xxx xx xx xxxx
x xxx9
x.x10
[titulo.1]10
Apresentação
[texto]
Introdução ao concreto
Capítulo
1
protendido

Lucas Shima Barroco

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Neste momento, você já pode observar
no cálculo estrutural que as tensões que são submetidas
nosso sistema estrutural são advindas da força de gravidade,
vento e cargas móveis que exercem sobre as nossas
estruturas esforços, cortantes, normais e momentos. Nosso
papel como engenheiros é desenvolver uma estrutura que
possa suportar esses esforços de maneira econômica,
duradoura, exequível e funcional.
Já foi notado e estudado que a capacidade de uma viga
de suportar os esforços de flexão está muito ligada com
sua altura útil, bem como a esbeltez de um pilar interfere
diretamente na quantidade de aço necessário para o seu
dimensionamento. O concreto protendido é a adição de
um esforço externo, bem definido buscando uma melhoria
no comportamento da estrutura. De maneira sintética,
pode-se dizer que o concreto protendido é a utilização de
um recurso de engenharia para que as reações em nosso
sistema estrutural aconteçam de acordo com o desejo do
engenheiro e não apenas de acordo com as solicitações da
estrutura (peso próprio, carga permanente, carga acidental,
recalque de apoio e ação do vento), é a inserção de
uma força externa aplicada a critério do engenheiro para
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modificar o estado de tensões da estrutura, pode-se até


dizer “concreto pré-tendido” ou pré-tensionado, do inglês
prestressed concrete. Essa inserção de esforços bem
definida pelo engenheiro estabelece condições benéficas ao
comportamento da estrutura se comparado ao fato de apenas
resistir aos esforços oriundos dos carregamentos.
Então, neste primeiro capítulo, iremos analisar sistemas
estruturais aos quais foram inseridas forças diferentes
do seu carregamento normal, que ocasionam um melhor
desempenho da estrutura. Poderemos analisar que ao
se escolher de maneira racional esforços para serem
introduzidos em uma estrutura, podemos ter uma ampla
gama de benefícios e a nossa estrutura em questão pode
ter uma performance superior aquela em que ela é apenas
dimensionada para suportar os esforços sem receber a
“ajuda” de esforços externos, podemos vencer vãos maiores
com dimensões menores, as estruturas podem suportar mais
cargas e assim terão melhor desempenho e durabilidade.

Objetivos
• Compreender os tipos de aplicabilidade da utilização de
inserção de carregamentos externos à estrutura.
• Compreender os benefícios que os carregamentos
externos podem trazer.
• Explicar a utilização de forças externas à estrutura para
criar benefícios ao seu comportamento.
• Descobrir e entender quais são os benefícios da
protensão e sua necessidade para o concreto armado.
• Entender o modelo numérico de aplicação de protensão
em uma viga.
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Esquema
10 Mandamentos do Concreto Protendido
Conceito de Protensão
Exemplo 1: A roda de carroça
Exemplo 2: O Barril de Madeira
Exemplo 3: A pilha de Livros
Deslocamentos e Cálculo das Tensões na Seção Transversal
Caso 1: Flechas
Caso 2: Flechas
Caso 3: Flechas
Caso 4: Flechas
Caso 1: Tensões
Caso 2: Tensões
Caso 3: Tensões
Caso 4: Tensões

1.1 10 Mandamentos do concreto protendido

Caro(a) aluno(a), o concreto protendido não é novidade, sendo a


obra publicada por Fritz Leonhardt em 1955, Spannbetton für die
práxis, considerada o grande manual da disciplina. Nesta obra,
Leonhardt aborda o concreto protendido tanto em relação ao méto-
do de cálculo quanto a sua execução, e postula 10 itens que fica-
ram conhecidos como os dez mandamentos do concreto protendi-
do, embora a técnica tenha evoluído muito, as observações feitas
nestes dez postulados continuam sendo muito relevantes para o
engenheiro em sua vida de obras e/ou projetos:
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De maneira simplificada:

1. Protender significa submeter o concreto à compressão. A


compressão só pode acontecer onde o encurtamento é pos-
sível, por isso verifique se a estrutura permite que ocorra o
encurtamento da peça.

2. Quando houver mudança de direção das cordoalhas e cabos


pode haver o aparecimento de forças axiais na peça, por isso
verifique a atuação delas.

3. A resistência à compressão do concreto não deve ser total-


mente utilizada, não importa a circunstância. Considere as
dimensões da peça em que será necessária a passagem de
bainhas e cordoalhas, não adianta se utilizar do máximo de
suporte de compressão do concreto sem que possa ocorrer
uma boa concretagem.

4. Não confie na resistência à tração do concreto, dimensione a


protensão de modo que não ocorra tração devido às cargas
permanentes.

5. Dimensione uma armadura de fretagem das tensões de


compressão, lembre-se que a região será submetida a for-
ças de compressão que devem ser distribuídas para a seção
transversal.

6. O aço da protensão tem maior módulo resistência, e é sensí-


vel à corrosão, calor e torções, deve ser manipulado com cui-
dado e posicionado rigorosamente de acordo com o projeto.

7. Garanta que a montagem em campo possa propiciar uma


concretagem praticamente perfeita. Quanto ao lançamento e
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adensamento, lembre-se que as peças protendidas são pe-


ças que receberão um carregamento maior, as falhas de con-
cretagem podem ocasionar fissuras e perda da seção trans-
versal, garanta um bom escoramento para que durante a cura
não ocorram fissuras devido ao seu deslocamento.

8. Verifique novamente o item 1 agora em campo, a peça deve


poder se encurtar, insira apoios entre o dispositivo de tensio-
namento e o concreto tensionado para proteger o concreto.

9. Em peças longas, aplique a proteção ao longo da cura a fim de


que não ocorra a formação de fissuras na peça, não aplique toda
a força de protensão enquanto a peça não atingir o valor de resis-
tência determinado em projeto, observe atentamente os requisitos
de projeto para aplicação da protensão.

10. Não realize a cobertura das faces de protensão ou injeção


da calda de cimento enquanto não forem verificadas se as ten-
sões foram atingidas, e se não há nenhuma obstrução para o
preenchimento das bainhas, siga rigorosamente as normas de
procedimento.

Parada para reflexão


Lembro a você, caro(a) aluno(a), que os conceitos ainda
não farão sentido totalmente, uma vez que o concreto pro-
tendido está sendo apresentado, mas o(a) aluno(a) já pode
refletir o que esses mandamentos representam e como podem ser
entendidos com os conceitos e experiências que teve você teve ao
longo do curso ou até mesmo na sua vida profissional.

Coloque nesta seção um marca páginas e sempre visite os 10 man-


damentos, logo eles serão um conceito natural e aparentemente
óbvio, mas que precisa ser dito.
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1.2 Conceito de Protensão

Neste momento, prezado(a) aluno(a), iremos estudar casos do dia a


dia em que esforços externos às estruturas são aplicados nos mais
diversos objetos, o que se assemelha ao conceito da protensão que é
aplicar um esforço externo à estrutura para um melhor desempenho.

Exemplo 1: A Roda de Carroça

Um exemplo muito comum da utilização de esforços externos é o


da roda de carroça antiga. A mesma era formada pelo eixo de ma-
deira, raios de madeira e um aro de aço. O conjunto era montado
a partir do eixo onde estavam posicionados os raios de madeira;
esse conjunto tinha um diâmetro inicial maior que o diâmetro inter-
no do aro de aço. Para se montar o conjunto, o aro de aço era en-
tão submetido à alta temperatura, e esta alta temperatura fazia com
que o aço sofresse dilatação térmica. Essa dilatação possibilitava,
então, a montagem do conjunto. Ao sofrer o resfriamento, o aro de
aço imprimia ao conjunto uma força de compressão, essa mesma
força consolidava o conjunto atribuindo muito mais rigidez do que
ocorreria apenas com uma montagem simples.
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Figura 1.1 - Roda de Carroça

Fonte: adaptada de Michael & Christa Richert, FREEIMAGES

Exemplo 2: O Barril de Madeira

O barril de madeira, objeto aparentemente muito comum, é um


exemplo de aplicação de forças externas em uma estrutura na bus-
ca de uma melhor performance dela. Neste caso, as “folhas da
madeira” são travadas por meio de anéis concêntricos metálicos.
O que acontece nessa estrutura é que os anéis são inseridos em
uma região com menor diâmetro e são forçados por meio de força
mecânica ou pelo aquecimento deles para uma região de maior
diâmetro, isso acarreta em uma tração nos anéis metálicos e uma
compressão das folhas de madeira. Essa força faz com que o con-
junto se solidarize; e, nesse momento, o barril ganha maior rigidez
e melhor vedação. Note que, desde já, podemos observar ganhos
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interessantes para estruturas: o aumento da rigidez melhora a per-


formance das estruturas, e a melhor vedação pode ser facilmente
comparada com estudos de abertura de fissuras em elementos es-
truturais, que proporcionam melhor durabilidade delas.

Figura 1.2 - Barril de Madeira

Fonte: Xsonicchaos, Pixabay

Exemplo 3: A Pilha de livros

A esta altura você, aluno(a), pode estar interessado(a) em aplicar o


conceito da protensão em sua casa. Aqui, iremos dar um exemplo
mais parecido com a metodologia de ensino de nossos sistemas
estruturais. Imagine agora que você deseja elevar uma determi-
nada pilha de livros, e como engenheiro decidiu que ao invés de
simplesmente elevar a pilha de livros empilhados deitados, você
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deseja levantar os livros aplicando o conceito da protensão. Assim,


elevar uma pilha de livros em pé, aplicando somente uma força
vertical não é possível, pois os livros iriam deslizar entre si, e você
ficaria apenas com os livros das extremidades elevados. Será ne-
cessária a aplicação de uma componente horizontal de força (Fv)
de compressão na pilha de livros. Essa compressão tem que ter
uma intensidade tal que seja suficiente para mobilizar uma força
de atrito entre as capas dos livros maior ou igual à força cortante
(cisalhante) ao longo da pilha de livros.

Figura 1.3 - Pilha de Livros

Fonte: Hermann, Pixabay

Observe que o local da aplicação da força horizontal afetará signi-


ficativamente o resultado do nosso exemplo, se a força for aplica-
da mais próxima a borda superior dos livros teremos um resultado
completamente diferente do que se aplicarmos essa mesma força
mais próxima a borda inferior. É importante o(a) aluno(a) observar
que a distância da aplicação da força de protensão em relação ao
centro de massa de nosso objeto afeta diretamente os efeitos da
força em nossos elementos.

Saiba mais
Você, aluno(a), pode pesquisar outras aplicações do con-
creto protendido fora a utilização em pontes e vigas. Vídeo
demonstrado por alunos mostrando o funcionamento da
protensão nas seções transversais: <https://www.youtube.com/wa-
tch?v=icjDUyWEUx4>, acesso em: 06 abr. 2017.
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Observe que no exemplo, o cabo de nylon representa as cordo-


alhas ou cabos de protensão e as peças de borracha as seções
transversais das vigas.

Vídeo da Arcellor Mittal sobre aplicação de protensão em lajes:


<https://www.youtube.com/watch?v=L15P8CfvlKo>, acesso em:
06 abr. 2017.

Vídeo do Site Inova Civil sobre a protensão: <https://www.youtube.


com/watch?v=-aOtxW09jJA>, acesso em: 06 abr. 2017.

1.3 Deslocamento e Cálculo das


Tensões na Seção Transversal

Iremos agora demonstrar um exemplo com os possíveis ganhos


que podemos obter ao aplicar uma força normal de compressão
(força de protensão) em uma viga submetida a flexão. Vamos quan-
tificar os ganhos, primeiramente, observando os valores da flecha
no meio do vão. Os valores foram obtidos utilizando o programa
Ftool com o objetivo de ajudar nossos estudos.

Dicas
Caso não tenha o programa Ftool, baixe-o no link: <http://
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www.alis-sol.com.br/ftool/>, acesso em: 06 abr. 2017.

Também coloco aqui um vídeo tutorial de como utilizar o Ftool: <ht-


tps://www.youtube.com/watch?v=5qmz4Zvdx5g&t=245s>, acesso
em: 06 abr. 2017.

Dada uma seção de b= 20 cm, h= 60 cm, com L= 9,0 m.

Solicitando a mesma com duas forças cortantes de 120kN nos ter-


ços do vão, submeteremos a mesma a flexão.

Observe que a relação vão por altura é da ordem de 1/15 menor


que as recomendações de pré-projeto que são 1/10 ou 1/12, essa
diferença se dá pois estamos trabalhando com concreto protendido.

Caso 1: Sem Força normal

Figura 1.4 - Carregamentos na estrutura - Caso 1

Fonte: elaborada pelo autor


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Analisemos, agora, as flechas no meio do vão.

Figura 1.5 - Flecha 1

Fonte: elaborada pelo autor

Ao aplicar agora uma força normal de protensão Fp = 400 kN irá se


analisar o seu impacto em posições diferentes da seção transversal.

Parada obrigatória
O concreto protendido é uma tecnologia mais refinada e,
portanto, requer do Engenheiro análises e verificações
mais detalhadas e um controle de obras superior, porém
os ganhos em custo e desempenho superam essa diferença para
estruturas de grande porte.

Caso 2: Com força Normal 15 cm abaixo


do Centro de Gravidade
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Lembrando da Resistência dos Materiais.

Figura 1.6 - Seção com Carregamento 15 cm abaixo do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor

Figura 1.7 - Carregamentos na Estrutura 2

Fonte: elaborada pelo autor


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Esforços aplicados na Estrutura, observe, caro(a) aluno(a), que os


momentos aplicados nas extremidades da barra é um recurso para
que o software (Ftool) considere a excentricidade da força normal,
por meio da fórmula Mx = Fn. e. Esse mesmo recurso será aplicado
nos demais casos alterando o valor da excentricidade “e” e corres-
pondente direção do momento.

Figura 1.8 - Flecha 2

Fonte: elaborada pelo autor


Caso 3: Com força normal 15 cm acima do Centro de Gravidade
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Figura 1.9 - Seção com Carregamento 15 cm acima do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor

Figura 1.10 - Carregamentos na Estrutura 3

Fonte: elaborada pelo autor


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Figura 1.11 - Flecha 3

Fonte: elaborada pelo autor

Flecha no meio do vão δ3 = 3,44 mm, 20% a mais do que o caso em


que a força não é aplicada. Observe que aqui a força aplicada tem a
mesma intensidade, porém não basta apenas aplicar a força, essa
mesma força tem uma posição adequada para ser aplicada na peça.

Caso 4: Com Força Normal aplicada 20 cm


abaixo do Centro de Gravidade

Figura 1.12 - Seção com Carregamento 20 cm abaixo do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor


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Figura 1.13 - Carregamentos da Estrutura 4

Fonte: elaborada pelo autor

Figura 1.14 - Flecha 4

Fonte: elaborada pelo autor

A flecha no meio do vão δ4 = 2,13 mm. Aqui, observa-se um des-


locamento ainda menor do que o obtido no Caso 2 demonstrando
que quanto mais próximo da borda inferior a força de protensão é
aplicada maior é o efeito da força de protensão.

Como foi possível observar no exemplo numérico a inserção de


uma força normal ao eixo da viga pode ter diversos efeitos no com-
portamento da estrutura, ela pode tanto acentuar as flechas e os
momentos da peça quanto pode reduzi-los, e esse último efeito é o
que buscamos na aplicação da protensão, uma redução de tensões
de tração, redução nas flechas e controle de abertura de fissuras.
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Vamos agora analisar os estados de tensão na seção transversal


sobre Viga bi apoiada para cada um dos casos apresentados no
Exemplo 4.

Relembrando
Observe aqui os conceitos que aprendemos na resistência
dos materiais para análise de tensões nas seções.

M x N N .� e p
σx = + +
Wx A W
b.h3 0, 20.0, 603
Ic = = Ic = = 0 0036 m 4
12 12
I 0, 0036
W1 = = = 0 012 m³
y 0, 3

Figura 1.15 - Diagrama de Momento Fletor [kN.m]

Fonte: elaborada pelo autor


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Caso 1: Sem Força de Protensão

M = 360 kN.m

N = 0 kN

ep = 0 cm

y = 30 cm

380
σ1 = − = −31.666, 67 kN m = −3 167 kN / cm 2
0, 012
380
σ2 = = 31.666, 67 kN m = 3 167 kN / cm 2
0, 012
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Caso 2: Com força de Protensão Aplicada


15 cm abaixo do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = 15 cm

y = 30 cm
380 400
σ1 = − − = −35 000 kN / m² = −3 5 kN cm 2
0, 012 0, 20 0 60
380 400 400 0,15
σ2 = + − − = 23 333 kN / m² = 2 33 kN cm 2
0, 012 0, 20 0 60 0, 012
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Caso 3: Com força de Protensão Aplicada


15 cm acima do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = -15 cm

y = 30 cm
380 400 400 0,15
σ1 = − − − = −40 000 kN / m² = 4 00 kN cm 2
0, 012 0, 20 0 60 0, 012
380 400 28.333kN
σ2 = − = = 2 833 kN cm 2
0, 012 0, 20 0 60 m 2
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Caso 4: Com força de Protensão Aplicada


20 cm abaixo do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = -20 cm

y = 30 cm
380 400
σ1 = − − = −35 000 kN / m² = 3 5 kN / cm 2
0, 012 0, 20 0 60
380 400 400 0, 2
σ2 = − − = 21 667 kN / m² = 2,167 kN cm 2
0, 012 0, 20 0 60 0, 012
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Importante!
Observe que em vários casos a tensão de compressão
passa de 3 kN/cm². O(A) aluno(a) deve atentar para essa
informação, pois isso significa que para o modelo em ques-
tão concretos C30 ou de resistência inferior não poderiam ser uti-
lizados. É importante o(a) aluno(a) entender desde já que para
concretos protendidos iremos utilizar concretos de resistências
maiores do que em estruturas usuais.

Sintetizando
As tensões estão demonstrando o que vimos nos desloca-
mentos, as seções que estão com maiores valores para a
tensão sofrem maiores deslocamentos. Durante a análise
das tensões é importante observar o estado em vazio, uma vez que
a protensão é uma força que pode ser aplicada em fases diferentes
da obra. O nível de intensidade que será aplicada de protensão de
acordo com o que a estrutura é solicitada pode ser compatibiliza-
do, assim conforme sua estrutura for recebendo cargas a força de
protensão recebe acréscimos, não pode ser esquecida a exequibi-
lidade para adoção dessa solução.

Ampliando o conhecimento
Um exercício interessante para o(a) aluno(a) é utilizar o
Exemplo 4 e calcular qual seria a força de protensão que
tornaria a tensão de tração nula na borda inferior, isto é,
a peça estaria sendo submetida apenas à compressão. Observe
que a tensão de compressão atingirá grandes valores, será que é
possível executar um concreto para tal condição?
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Considerações finais

Os ganhos da realização da protensão podem ser entendidos


como o resultado de uma escolha pelo engenheiro, limitada pela
natureza, de como ele deseja que resultem as tensões ao longo
de sua peça.

Conclui-se, assim, caro(a) aluno(a), que as aplicações para utili-


zação da protensão são inúmeras. O(A) aluno(a) pôde observar
que os valores envolvidos no exemplo 4 superam os valores usu-
ais para vigas prediais tanto no vão de 9,0 m quanto nos carre-
gamentos de 12 ton. por carga, isso se deu devido ao fato de que
a tecnologia concreto protendido teve maior ganho com grandes
cargas e vãos, outro fator importante foi a relação altura da viga
pelo vão que diminuiu em relação aos valores do concreto arma-
do simples.

Já que o concreto protendido é uma inserção de forças em nos-


sas estruturas, o engenheiro deve sempre estar atento a novos
tipos de combinação de esforços, uma vez que as forças serão
introduzidas em diferentes momentos da vida da estrutura. Com
a utilização da protensão em muitos casos, a situação mais críti-
ca pode ser a do elemento sem cargas, sendo submetido apenas
a protensão. Conclui-se aqui que para dimensionar peças proten-
didas serão exigidos novos passos de verificação da estrutura.

Para se comparar concreto armado normal com concreto pro-


tendido, tomemos como exemplo uma prática simples, que é a
adoção de contraflechas em vigas. Observe que o conceito é
semelhante ao da protensão, a peça em questão é executada
com um deslocamento negativo para que ao ser submetida aos
esforços em sua posição deformada ela tenha uma posição com
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flecha menor. A protensão se usa de forças de compressão para


que ao ser submetida aos carregamentos a peça tenha menores
tensões de tração, ações em que o concreto tem baixo aprovei-
tamento, como foi demonstrado pelos Casos 2 e 4 do Exemplo
4. A protensão pode atuar como uma “contraflecha” reduzindo os
deslocamentos, o que possibilita receber maiores carregamentos
sem aumento das seções transversais dos elementos.
Materiais, equipamentos
Capítulo
2
e posicionamento de
cabos de protensão

Lucas Shima Barroco

Introdução
Neste capítulo, prezado(a) aluno(a), será apresentado os
equipamentos de protensão que serão divididos em:
• Cabos e cordoalhas;

• Bainhas;

• Cunhas e Porta Cunhas;

• Macacos de protensão;

• Concreto;

• Aço.

Também serão demonstrados os tipos de concreto que podem


ser utilizados para protensão de acordo com o tipo de aplicação e
considerações da NBR 6118, bem como será calculado o tempo
de cura equivalente considerando uma variação de temperatura
no processo de cura do concreto.
Você, aluno(a), terá contato com o processo de aplicação de
protensão e os aspectos de projeto que são considerados pela
NBR 6118:2014 para dimensionamento e verificação, cabe aqui
lembrar de uma separação que a norma realiza em relação a
fck’s maiores que 50 mPa.
Será demonstrada a distribuição de cordoalhas ao longo dos
vãos da viga de acordo com as forças de protensão. Não caberá
nessa disciplina exaurir esse assunto, mas sim indicar a(o)
aluna(o) as diretrizes principais para esse aspecto do projeto de
elementos protendidos.
Este capítulo visa deixar as ferramentas para dimensionamento
de elementos de concreto protendido à disposição do(a) aluno(a)
que serão utilizadas no próximo capítulo.

Objetivos
• Conhecer os equipamentos e materiais utilizados na
protensão.
• Entender e relacionar os tipos de aderência utilizados
na aplicação de protensão.
• Identificar de maneira simplificada o traçado dos cabos
e cordoalhas de protensão.
• Calcular e dimensionar os valores de módulo de
elasticidade, resistência à tração do concreto.
• Encontrar na norma as diferenciações utilizadas para
os concretos de alta resistência.
Esquema
Os equipamentos
Cabos e Cordoalhas
Bainhas
Cunhas e Porta Cunhas
Macacos de Protensão
Concreto para Protensão
A cura
Cura a vapor
Maturidade do concreto
Traçados das Cordoalhas
Protensão aderente
Protensão não aderente
Protensão com aderência posterior
Peças pré-moldadas e Protendidas
Exemplo 3

1. Os equipamentos

1.1 Cabos e Cordoalhas

Existem vários tipos de cabos e cordoalhas. A diferença entre cor-


doalhas e cabos está em que nos cabos, os fios formam pernas e
as pernas são então entrelaçadas de forma helicoidal, enquanto
que nas cordoalhas os fios de maior bitola são helicoidais entre si,
já formando a cordoalha (o conceito de aderência será explicado
no próximo tópico deste capítulo).
Do lado esquerdo, vê-se exemplo de cordoalha utilizada para pro-
tensão aderente ou com aderência posterior, enquanto que do lado
direito vê-se cordoalhas, mas para protensão não aderente.
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Figura 2.1 - Cordoalhas de Nuas e Cordoalhas com Bainhas para aplicação sem aderência

Fontes: wikimedia.org Acessos em: 07 abr. 2017

Figura 2.2 - Formação do Cabo de aço

Fonte: Morsing Carl Stahl, Wikimedia Commons (2011, on-line)


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O aço para protensão recebe um nome específico ao invés de CA


(Concreto Armado) ele recebe o nome de CP (Concreto Protendido)
seguido da sua resistência e, então, pela indicação sobre sua rela-
xação, RN (Relaxação Normal) ou RB (Baixa Relaxação).

Tabela 2.1 - Catálogo da Arcelor Mittal


Carga
Carga
Diâmetro Área Área Massa mínima Alongamento
mínima
Produto nominal aprox. mínima aprox. a 1% de após ruptura
de ruptura
(mm) (mm²) (mm²) (kg/1.000 m) deformação (%)
(kN)
(kN)
Fio CP RB (baixa relaxação)
CP 145 RB 9,0 63,6 62,9 500 91,2 82,1 6,0
CP 150 RB 8,0 50,3 49,6 395 74,5 67,0 6,0
CP 170 RB 7,0 38,5 37,9 302 64,5 58,0 5,0
CP 175 RB 6,0 28,3 27,8 222 48,7 43,8 5,0
CP 175 RB 5,0 19,6 19,2 154 33,7 30,3 5,0
CP 175 RB 4,0 12,6 12,3 99 21,4 19,3 5,0
CP 190 RB 6,0 28,3 27,8 222 52,0 46,8 5,0
CP 190 RB 7,0 38,5 37,9 302 72,0 65,0 5,0
Fio CP RN (relaxação normal)
CP 170 RN 7,0 38,5 37,9 302 64,5 54,8 5,0
CP 175 RN 6,0 28,3 27,8 222 48,7 41,4 5,0
CP 175 RN 5,0 19,6 19,2 154 33,7 28,6 5,0
CP 175 RN 4,0 12,6 12,3 99 21,4 18,2 5,0
Fonte: Arcelor Mittal ([2017], on-line)

Observemos o segundo item da tabela “CP 150 RB”:

CP = Fio ou cordoalha para concreto protendido.

150 = fptk = 150 kfg/mm² = 150 kN/cm² é a tensão de ruptura


de tração do fio ou cordoalha, observe que é tensão e não for-
ça, para se obter a força devemos multiplicar a tensão pela área
correspondente.
40 UNIUBE

Importante!
Observe que a nomenclatura das cordoalhas apresenta a
tensão de ruptura das mesmas e diferente do CA50, onde
a tensão fyk do aço era sempre a mesma para o fptk assu-
mirá vários valores diferentes.

Parada obrigatória
Também existem muito mais modelos de aço e cordoalhas
para a utilização em concreto protendido, é interessante que
o(a) aluno(a) pesquise e tenha pelo menos uma noção dos
tipos. A seguir, um link da Companhia Estadual de Obras Públicas
do Sergipe que possui uma ampla lista dos tipos de cordoalhas:
<http://187.17.2.135/orse/esp/ES00064.pdf>, acesso em: 07 abr. 2017.

RB = Baixa Relaxação, significa que a cordoalha


foi tratada mecânica e termicamente para melho-
rar as características elásticas, no caso a redução
da perda de tensão por relaxação do aço.

fpyk = é a tensão do limite de escoamento do aço


de protensão onde houve alongamento de 0,2%
após a sua descarga, no caso de fios e cordoa-
lhas o limite de escoamento é a tensão que resul-
ta em um alongamento plástico de 1%.

Ep = é o módulo de elasticidade do aço de


protensão

Para fios

Ep = 205.000 mPa

Para cordoalhas

Ep = 195.000 mPa
UNIUBE 41

1.2 Bainhas

Caro(a) aluno(a), as bainhas são utilizadas a fim de garantir a me-


todologia de protensão com aderência posterior ou protensão sem
aderência. Elas funcionam como capas isolando concreto das cor-
doalhas que recebem a protensão. São geralmente de aço corru-
gado com flexibilidade suficiente para aplicar curvaturas ou de pvc
no caso da protensão não aderente. Na protensão com aderência
posterior, após a aplicação da protensão é inserida uma nata de
concreto para que as bainhas sejam preenchidas, assim as cor-
doalhas de protensão passam a ter aderência com toda a peça,
esse processo de preenchimento deve ter especial atenção do en-
genheiro, pois uma falha no preenchimento das bainhas pode sig-
nificar uma perda de protensão e significa também que a peça irá
trabalhar diferente do especificado em projeto.

1.3 Bainhas de aço corrugado

Figura 2.3 - Bainhas para protensão

Fonte: Stenzowski ([2017], on-line)


42 UNIUBE

Figura 2.4 - Distribuição das bainhas na seção Transversal da Viga

Fonte: Cichinelli (2012, on-line)

Bainhas em cordoalhas engraxadas têm maior utilização na proten-


são de lajes.

Figura 2.5 - Distribuição de Cabos de protensão com bainhas em laje

Fonte: Shakespeare, Wikimedia Commons (2008, on-line)


UNIUBE 43

Figura 2.6 - Distribuição das Cordoalhas - Traçado Curvo

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/

Post-Tensioning-Cables-2.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017

1.4 Cunhas e Porta Cunhas

Cunhas e Porta Cunhas são os aparelhos que garantem a aplica-


ção da força de protensão na peça, enquanto o macaco hidráulico
aplica a força nas cordoalhas as cunhas travam a cordoalha e os
porta cunhas travam as cunhas nas cabeças das vigas. Podem
ser monocordoalhas, multicordoalhas, bipartidas, tripartidas, todas
trabalham com o mesmo sistema mecânico onde quanto maior a
tensão maior a fixação da cordoalha.
44 UNIUBE

Figura 2.7 - Modelo de Porta cunhas para monocordoalhas

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/

Post-Tensioning-Cables-3.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017

Figura 2.8 - Cunhas Tripartidas

Fonte: Bianchi ([2017], on-line)


UNIUBE 45

Figura 2.9 - Porta Cunhas Multicordoalhas

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/

Stressing_anchorage.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017

1.5 Macacos de Protensão

Esses equipamentos podem ser encontrados dos mais variados


tipos e modelos, porém vale ressaltar que o conjunto macaco e
manômetro devem sempre ser utilizados em conjunto, pois se tra-
tam de aparelhos que são calibrados juntamente por um laborató-
rio de metrologia.
46 UNIUBE

Figura 2.10 - Aplicação de protensão

Fonte: Photographers unknown, Wikimedia Commons (2010, on-line)

Figura 2.11 - Macaco de Protensão Monocordoalha

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Maats_

Ashdod_Prestressed_Concrete.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017


UNIUBE 47

1.6 Concreto para Protensão

O concreto continua sendo a principal matéria-prima de nosso es-


tudo, porém como ele já foi amplamente abordado nas disciplinas
anteriores vamos descrever aqui as suas especificações de acordo
com a NBR 6118:2014 no tocando a utilização de protensão.

Classificação de acordo com a classe de agressividade ambiental,


Tabela 6.1 NBR 6118: 2014.

Tabela 2.2 – Classes de agressividade ambiental (CAA)


Classe de Classificação geral Risco de
agressividade Agressividade do tipo de ambiente deterioração
ambiental para efeito de projeto da estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbana a,b Pequeno

Marinha a
III Forte Grande
Industrial a,b

Industrial a,c
IV Muito Forte Elevado
Respingos de maré
a Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais bran-
da (uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banhei-
ros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos co-
merciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).

b Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma clas-


se acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa
do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em am-
biente predominantemente secos ou regiões onde raramente chove.

c Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamen-


to em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Fonte: NBR 6114:2014


48 UNIUBE

Uma vez classificada a agressividade ambiental deve-se ter um fck


mínimo de acordo com a Tabela 7.1 NBR 6118: 2014.

Tabela 2.3 – Correspondência entre a classe de agres-

sividade e a qualidade do concreto

Classe de Agressividade (Tabela 6.1)


Concretoa Tipob,c
I II III IV

CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45


Relação água/
cimento em massa
CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40


Classe de Concreto
(ABNT NBR 8953)
CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

a O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir os requi-


sitos estabelecidos na ABNT NBR 12655.
c CP corresponde a componentes estruturais de concreto protendido.
b CA corresponde a componentes e elemen-
tos estruturais de concreto armado.

Fonte: NBR 6118: 2014

Como é possível observar e já enunciado em nosso estudo, os


valores para fck em concreto protendido tendem a ser superiores
aos que poderíamos utilizar no caso de peças de concreto armado.
UNIUBE 49

Exemplo 1

Determinar o valor de fck mínimo para uma viga de concreto pro-


tendido sem revestimento de uma edificação industrial de papel e
celulose, localizada em região rural no interior do estado do Paraná.

Resolução

Devemos ter atenção com o que realmente é relevante no dimen-


sionamento, por exemplo, a informação de que a indústria está lo-
calizada no interior neste caso é irrelevante, pois a classe ambien-
tal já se dará como industrial do tipo c, Classe IV segundo a Tabela
6.1 da NBR 6118:2014.

Consultar a Tabela 7.1 Concreto Protendido (CP) Classe IV:

• fck ≥ 40 mPa

• Relação água / cimento ≤ 0,45

O que deve ser considerado, prezado(a) aluno(a), ao utilizar essa


planilha é sempre a condição mais rigorosa, do local, a não ser seja
expressamente permitido pela NBR 6118:2014 considerar algum
fator atenuante, que são os casos das alíneas “a” e “b” da Tabela
6.1, esta atenuação não foi considerada na resolução pois se trata
de viga sem revestimento.
50 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Aproveite para se manter atualizado(a) e pesquise sobre os
cobrimentos mínimos na nova norma NBR 6118:2014 na
“Tabela 7.2 – Correspondência entre a classe de agressivi-
dade ambiental e o cobrimento nominal para Δc = 10 mm” da mesma.

1.7 A Cura

Uma importante metodologia de execução para o concreto pro-


tendido são as peças pré-moldadas e a partir disso as pistas de
protensão e o processo fabril. Não faria sentido para indústria ne-
nhuma posicionar as cordoalhas de protensão, posicionar as arma-
duras passivas de flexão e cisalhamento, realizar a concretagem
com controle de adensamento e depois aguardar 28 (vinte e oito)
dias para que as peças de concreto atingissem a resistência neces-
sária. Como solução desse problema surgiu a cura a vapor, onde
as peças são “curadas” em temperaturas muito maiores do que a
cura in loco tradicional. Cura a vapor não é o único recurso para
acelerar o endurecimento das peças, é adotado também o cimento
alta resistência inicial CP-ARI.

A cura a vapor é realizada em três passos:


UNIUBE 51

Passo 1

Pega – antes de realizar o aquecimento após a concretagem é ne-


cessário aguardar o período de pega, bem como o início do endu-
recimento, período de 2 horas.

Passo 2

Aquecimento – as peças são gradativamente aquecidas até a tem-


peratura de cura, essa elevação costuma ser saindo de 25º C até a
aproximadamente 75º C e tem duração de 3 horas.

Passo 3

Cura – a temperatura elevada é mantida por cerca de oito horas,


esse valor pode variar de acordo com a maturidade desejada para
o final do processo.

Passo 4

Resfriamento – a temperatura é gradativamente reduzida até atin-


gir o valor da temperatura ambiente. Esse processo costuma levar
duas horas.
52 UNIUBE

Figura 2.12 - Gráfico da Cura a Vapor

Fonte: elaborado pelo autor

1.8 Cálculo da Maturidade

A maturidade de um concreto por cura “normal” em temperatura


ambiente é dada pelo produto dos intervalos de tempo pelas res-
pectivas temperaturas acrescidas de 10º C.

M = ∑ ∆(t Ti + 100 )

Essa formulação pode ser aplicada para concretagens em tempe-


raturas próximas a 25º C, porém para cura a vapor ela não retrata
com fidelidade o grau de maturidade. Então, de acordo com A. C.
Vasconcelos (“Manual Prático para a Correta Utilização dos Aços
no Concreto Protendido” LTC, 1980), a maturidade se dará da se-
guinte forma:
UNIUBE 53

(Tmax + 10 )
3
tc + tTmax
M=
(T0 + 10 )
2
2

Onde:

tc = tempo de duração do ciclo (entre aquecimen-


to e resfriamento) [horas]

tTmax = tempo em que a peça fica em temperatu-


ra máxima (Tmax) [horas]

Tmax = temperatura máxima [oC]

T0 = temperatura ambiente [oC]

Exemplo 2 – Cálculo da maturidade para o


gráfico apresentado com cura a vapor:

tc = 13 h

tTmax = 8 h

Tmax = 75 oC

T0 = 25oC

( 75 + 10 )
3
13 + 8
M= = 5263 92 horas
( 25 + 10 )
2
2

Para comparação, vamos calcular quantos dias seriam neces-


sários para atingir essa maturidade na temperatura ambiente
igual a 25º C.
54 UNIUBE

0 = ∑ ∆W 7L + 

(Tmax + 10 )
3
t +t
M = c Tmax
(T0 + 10 )
2
2

Observa-se que para atingir o mesmo grau de maturidade levariam


6,3 dias em comparação com 15 horas da cura a vapor, admitindo-
se que se realizou uma concretagem com concreto ARI, com 6,3
dias teríamos uma resistência de quase 70% da resistência final.

Outros valores importantes

Também iremos necessitar de alguns outros valores para o dimen-


sionamento do concreto protendido:

Resistência à tração média segundo a NBR 6118:2014:

Para concretos até C50:

fct,m = 0,3 fck2/3

Concretos C55 a C90:

fct,m = 2,12 ln (1 + 0,11 fck)

Resistência à compressão e a tração na data da protensão:

Para concretos até C50:


2
f ct ,m = 0 3 f ck 3
UNIUBE 55

Concretos C55 a C90:

f ct ,m = 2 12 ln (1 + 0 11 f ck )

Assim, para resistência à tração superior e inferior:

f ctk ,inf = 0, 7. f ct ,m

f ctk , sup = 1 3 . f ct ,m

Módulo de Elasticidade Inicial do Concreto:

Para concretos até C50:

Eci = α E 5600 f ck

Concretos C55 a C90:


1
 f ck 3
Eci = 21 5 103 α E  10 + 1, 25 
 

fck [mPa]

Eci [GPa]

αE = 1,2 para basalto e diabásio

αE = 1,0 para granito e gnaisse

αE = 0,9 para calcário

αE = 0,7 para arenito


56 UNIUBE

Módulo de Elasticidade para uma determinada idade do concreto:

Para concretos até C50:

 f ckj 
0 ,5

Eci ( t ) =   . Eci
f
 ck 

Concretos C55 a C90:

 f ckj 
0 ,3

Eci ( t ) =   . Eci
 f ck 

1.9 Traçado das cordoalhas de protensão

A aplicação da protensão pode ser realizada se utilizando de vários


tipos de equipamentos. Pode ser classificada de acordo com a in-
tensidade da força de protensão, como: protensão total, protensão
parcial e protensão reduzida, podendo ser do tipo aderente, não
aderente e com aderência posterior.

1.9.1 Protensão Aderente

A protensão aderente é aquela em que as cordoalhas de protensão


têm contato com o concreto da peça já na concretagem. Nesse tipo
de protensão, o tensionamento dos cabos deve ocorrer antes da
concretagem, e só deve ser liberado após o concreto atingir resis-
tências elevadas no processo de cura.
UNIUBE 57

1.9.2 Protensão não aderente

A protensão não aderente é aquela em que as cordoalhas de pro-


tensão não têm contato com o concreto da peça em nenhum mo-
mento da vida útil, as cordoalhas são aplicadas com bainhas engra-
xadas. Nesse tipo de protensão, o tensionamento dos cabos deve
ocorrer depois da concretagem. O tensionamento ocorre em fases
acompanhando o endurecimento do concreto, essa aplicação de
tensões nas fases iniciais da cura (resistência equivalente a sete
dias de cura) colabora para que não ocorra a formação de fissuras.

1.9.3 Protensão com aderência posterior

A protensão não aderente é aquela em que as cordoalhas de pro-


tensão têm contato com o concreto da peça após o tensionamento
das cordoalhas, as cordoalhas são aplicadas com bainhas de aço
com bitola suficiente para inserção de calda de cimento. Nesse tipo
de protensão, o tensionamento dos cabos deve ocorrer depois da
concretagem e ocorre em fases, acompanhando o endurecimento
do concreto, essa aplicação de tensões nas fases iniciais da cura
(resistência equivalente a sete dias de cura) colabora para que não
ocorra a formação de fissuras. Após o endurecimento do concreto e
aplicação das tensões, é realizada a injeção de calda de cimento e o
sistema de ancoramento dos cabos já prevê essa injeção possuindo
orifícios próprios para injeção, após o enrijecimento a peça passa a
trabalhar de maneira monolítica com as bainhas e as cordoalhas.

A seguir, vemos um exemplo de uma viga biapoiada com a pas-


sagem de cabos de protensão, observe que o traçado dos cabos
tem desenho semelhante ao de diagramas de momentos das pe-
ças e leva a força de protensão a atuar na região onde haveria
58 UNIUBE

tracionamento na seção transversal, importante lembrar que o tra-


çado passa abaixo da linha neutra da seção, até porque não faria
sentido solicitar uma seção que estará comprimida a uma com-
pressão pela protensão. Lembrando também que esse traçado não
seria possível para a execução de concreto com aderência inicial,
pois não conseguiríamos ter cabos tensionados nessa posição an-
tes da concretagem, vide a seguir.

Figura 2.13 - Traçado para Cordoalhas sem

Aderência ou com Aderência Posterior

Fonte: elaborado pelo autor


UNIUBE 59

Figura 2.14 - Traçado para Cordoalhas com aderência inicial

Fonte: elaborado pelo autor

Parada para reflexão


Observe que para aderência inicial, não existe como man-
ter um traçado curvo para os cabos, uma vez que ao tracio-
ná-los eles irão assumir o formato linear.
60 UNIUBE

1.10 Peças Pré-moldadas e Protendidas

Para aplicação da protensão em pistas de protensão para concreto


pré-moldado, os seguintes passos são seguidos e necessários.

1. Cabeceira de reação, local onde são posicionadas as pontas


das cordoalhas que serão tracionadas.

2. Passagem das cordoalhas ou cabos (armadura ativa).

3. Posicionamento das armaduras passivas, estribos, porta-es-


tribos, armaduras de pele etc.

4. Colocação das fôrmas e moldes das peças (vigas ou lajes


protendidas).

5. Tracionamento das cordoalhas ou cabos.

6. Concretagem, é importante entender que aqui tem-se fábricas


de pré-moldado. Esse processo pode ser ainda implementa-
do com a cura a vapor e ele acelera a cura do concreto sendo
possível que todo o ciclo entre montagem e endurecimento do
concreto durem apenas 24 (vinte e quatro) horas.

Exemplo 3: Força de Protensão Aplicada


pela Dilatação Térmica

Imagine, aluno(a), que para aplicar protensão, foi executada uma


viga de concreto com comprimento igual a 9,0 m, nessa peça foi
inserida uma cordoalha de Ap = 5,0 cm² sem bainhas, essa cordo-
alha foi mantida durante todo o tempo de cura 80ºC acima da tem-
peratura ambiente, após a cura total do concreto a temperatura da
UNIUBE 61

cordoalha foi baixada de maneira lenta até a temperatura ambien-


te. Qual a força normal exercida por essa cordoalha? Considere:

E p = 195 000 MPa ;

α = 10− [1 º C ];

Lei de Hooke:
P l
δ=
E A ;

Dilatação Térmica:

δ =∝ l ∆T ;

Iremos igualar a dilatação térmica com a Lei de Hooke, após a


redução de temperatura para temperatura ambiente a cordoalha
buscará retornar ao comprimento inicial, porém a aderência com o
concreto irá impedir, criando a força de protensão.

δ = 10−5 ⋅ 9 ⋅ 80 = 0 0072 m
P ⋅9
0, 0072 = P = 78 000 N = 78 kN
195.000 ⋅106 ⋅ 5 ⋅10−4

A força de protensão aplicada é de P=78.000N=78kN. É importante


notar que a força não tem valor elevado, até porque não foi utiliza-
do um macaco de protensão, e sim uma propriedade física que é a
dilatação térmica. O(A) aluno(a) deve se atentar para o fato de que
o alongamento na cordoalha proporcionado pela temperatura gera
um esforço quando essa cordoalha está aderente ao concreto.
62 UNIUBE

Sintetizando...

O Exemplo 2 serve como síntese de como funciona o processo de


protensão nas pistas de protensão. As cordoalhas são tensiona-
das e esticadas, após esse processo é realizada a montagem das
peças com as demais armaduras desses elementos, então a peça
é concretada e é realizado o processo de cura, após o processo
de cura as cordoalhas são liberadas de suas ancoragens, como
elas estão aderentes ao concreto essas não conseguem retornar
ao comprimento inicial e transferem esforços para o concreto.

Saiba mais
Conhecer os equipamentos do mercado: <http://www.sten-
zowski.com.br/produtos/>, acesso em: 10 abr. 2017.

Catálogo de fios e Cordoalhas Arcelor Mittal: <http://longos.arcelor-


mittal.com/pdf/produtos/construcao-civil/fios-cordoalhas/catalogo-
fios-cordoalhas.pdf>, acesso em: 10 abr. 2017.

Considerações finais

A partir do exposto você, caro(a) aluno(a), pôde concluir que a pro-


tensão já possui uma vasta gama de equipamentos e tecnologias
disponíveis para utilização, isso torna o processo de aprendizado
um tanto quanto difuso, mas tenhamos sempre em mente que a
protensão para vigas e lajes é a aplicação de uma força normal à
seção transversal para reduzir os efeitos de tração provenientes
dos carregamentos da estrutura. Essa força terá valor proporcional
aos carregamentos da estrutura para que seus efeitos sejam real-
mente “sentidos” pela estrutura.
UNIUBE 63

Os tipos de aderência podem variar em três modelos, pré-tração


ou aderência inicial, aderência posterior e sem aderência, ambos
pós-tração, isso implica totalmente na tecnologia e método de apli-
cação, uma vez que as forças de protensão são aplicadas em fases
diferentes dos elementos estruturais. A utilização de protensão em
lajes costuma reduzir o número de vigas, podendo até eliminar to-
das elas. Para lajes, a protensão mais utilizada é a sem aderência,
cordoalhas com bainha em polipropileno engraxadas, essas cor-
doalhas são distribuídas nas lajes na parte inferior nos meios dos
vãos e na parte superior acima dos pilares, da mesma forma que
se comporta o diagrama de momentos fletores (pesquise por PTE
Protensão).

A partir do Exemplo 3, o(a) aluno(a) pôde concluir o quanto a pro-


tensão está ligada com os alongamentos do aço, observe que cada
mm acrescido em uma cordoalha representa uma tensão aplicada.
Na protensão com aderência toda a extensão das cordoalhas apli-
ca tensões no elemento estrutural, enquanto que nas cordoalhas
engraxadas esse papel é desempenhado pelas porta cunhas nas
cabeceiras da peça.

Encerrando nosso capítulo, estudamos os tipos de equipamentos,


materiais de protensão, sua aplicação e benefícios. Na próxima se-
ção, estudaremos os valores da protensão.
Cálculo da força de
Capítulo
3
protensão III

Lucas Shima Barroco

Introdução
Neste capítulo, prezado(a) aluno(a), você irá entender como é
realizada o cálculo da força de protensão. Já foi abordado no
Capítulo I o conceito de protensão, no Capítulo II os equipamentos
e como é realizada a protensão e aqui você, aluno(a), irá se
aprofundar nos conceitos abordados.
No Capítulo II foi apresentado que o aço de protensão tem
resistência muito maior que o aço utilizado em concreto armado.
Com isso, iremos estudar as perdas de protensão e essa
necessidade de resistência maior está muito ligada às perdas
de protensão, que tem como causas as características tanto do
concreto como do aço.
Aprendemos que existem três tipos de aderência no tocante às
armaduras de protensão: aderente, pós aderente e sem aderência,
vamos estudar que existem três tipos de protensão aplicada, a
protensão completa, parcial e reduzida, essas classificações
estão em relação à intensidade da força de protensão em relação
à peça e carregamento em que ela está sendo aplicada.
Foi abordado no Capítulo I os 10 mandamentos do Concreto
Protendido. Vamos reavivar os conceitos, principalmente os 5
primeiros, pois se tratam de passos importantes para o engenheiro
no momento do cálculo da força de protensão:
5 dos 10 Mandamentos do Concreto Protendido
1. Protender significa submeter o concreto à compressão.
A compressão só pode acontecer onde o encurtamento é
possível, por isso verifique se a estrutura permite que haja
encurtamento da peça.
2. Quando houver mudança de direção das cordoalhas e cabos
pode haver o aparecimento de forças residuais na peça, por
isso verifique a atuação delas.
3. A resistência à compressão do concreto não deve ser
totalmente utilizada, não importa a circunstância. Considere
as dimensões da peça e que será necessária passagem de
bainhas e cordoalhas, não adianta se utilizar do máximo de
suporte de compressão do concreto sem que possa ocorrer
uma boa concretagem.
4. Não confie na resistência à tração do concreto, dimensione
a protensão de modo que não ocorra tração devido ao peso
próprio.
5. Dimensione uma armadura de fretagem das tensões de
compressão, lembre que a região será submetida a forças
de compressão que devem ser distribuídas para a seção
transversal.

Considere o 1º mandamento, não podemos protender uma peça


que esteja com ligação nas extremidades. O 2º mandamento nos
leva a ser muito criteriosos no cálculo da resistência à tração do
concreto. O 3º nos leva a entender que não podemos criar peças
muito esbeltas, pois não será possível executar uma concretagem
adequada. O 4º mandamento nos leva a buscar uma força de
protensão, tal que pelo menos em vazio não tenhamos tensões
de tração nas peças e o 5º nos lembra de colocar reforços de
armadura nas regiões onde são aplicadas a protensão.
Lembro, caro(a) aluno(a), que é interessante sempre ter à mão
a NBR 6118:2014, pois em certos momentos fica inviável a
apresentação de todo o seu conteúdo, mas que se faz necessário
para alguns cálculos deste capítulo.

Objetivos
• Calcular as perdas de protensão.
• Devido às características do aço.
• Devido às características do concreto.
• Devido ao tipo de protensão.
• Calcular os valores de Protensão.
• Calcular as propriedades dos materiais a partir de sua
nomenclatura e caracterização.
• Definir a força de protensão.

Esquema
Perdas de Protensão
Relaxação do Aço
Fluência
Atrito das Cordoalhas com as Bainhas
Perda de Protensão por Acomodação das Ancoragens
Perda de Protensão pela Deformação imediata do Concreto
68 UNIUBE

Cálculo dos valores da Força de protensão


Pré-tração ou aderência inicial
Perdas imediatas de Força de Protensão
Cálculo da Perda pelo encurtamento imediato do Concreto
Cálculo da Perda por Atrito
Perdas Progressivas
Níveis de Protensão
Protensão Completa
Protensão Limitada
Protensão Parcial

3.1 Perdas de protensão

Para o cálculo da força de protensão que deve ser aplicada em


uma peça você, aluno(a), deve conhecer alguns comportamentos
dos materiais empregados nessa tecnologia, principalmente o aço
de protensão e o concreto.

No Capítulo II foi descrito os tipos de aço empregados na proten-


são, esse material tem resistência muito maior do que o aço do
concreto armado. Vamos entender o porquê!

Existem dois tipos principais de perdas de protensão devidas ao


comportamento do material aço: relaxação e fluência, essas inde-
pendem da geometria de nossa estrutura, enquanto que as perdas
por atrito das cordoalhas com as bainhas e as perdas por acomo-
dação da ancoragem estão relacionadas com o tipo de equipamen-
tos que estamos trabalhando.
UNIUBE 69

3.1.1 Relaxação do Aço

Perda de protensão por relaxação é aquela em que ocorre a redu-


ção das tensões nas cordoalhas sem que ocorra um alongamento
das peças, ou seja, a cordoalha reduz a tensão ao qual é solicitada
sem que ocorra alteração em seu comprimento.

Figura 3.1 - Demonstração da Relaxação do Aço

Fonte: elaborada pelo autor

3.1.2 Fluência

Perda de protensão por fluência do aço é aquela, prezado(a) alu-


no(a), em que ocorre o alongamento das cordoalhas sem que
ocorra um acréscimo nas tensões, ou seja, a cordoalha tem um
deslocamento sem que sejam acrescidos os carregamentos, esse
fenômeno é encontrado também no concreto, porém é apresenta-
do ao longo do tempo.
70 UNIUBE

Figura 3.2 - Demonstração da Fluência

Fonte: elaborada pelo autor

Importante!
Após entender as perdas por fluência e relaxação, pode-
mos perceber por que no Capítulo II ao apresentar os aços
de protensão foi citado que os seus alongamentos têm que
ser superiores às do concreto armado. Imagine a seguinte situação:

Situação 1 - Aço de Concreto Armado CA50

Para alongar um vergalhão de diâmetro de 25 mm com 1,0 m de


comprimento em 10 mm, CA50, serão necessários de acordo com
a lei de Hooke:
UNIUBE 71

D = 25 mm

E = 205.000 mPa

l = 1,0 m

π ⋅ D 2 π ⋅0 0252
A= = = 4 909 ⋅10−4 m²
4 4
F ⋅l δ ⋅ E ⋅ A 0 01⋅205 000 ⋅106 ⋅ 4 909 ⋅10−4
δ= F= = =106 N
EA l 1, 0
F =1000 kN

A força necessária para execução de um alongamento de 10 mm


é de 1000 kN.

Situação 2 – Aço de Protensão – CP 190 RB 12,70

A = 101 mm² para ser equivalente, utilizaremos 5 cordoalhas = 5,05


cm²

D = 12,70 mm

Os valores para deslocamento de 10 mm em 1,0 m cordoalha


equivalem ao alongamento de 1% que já é dado pelas tabelas dos
fornecedores.

F = 168 kN.5 = 845,0 kN


72 UNIUBE

Agora vemos que a força para realizar o deslocamento do aço em


1% é menor para o aço de protensão, por quê? Imagine se por
questões de geometria tivéssemos uma perda de alongamento de
5,0 mm, qual seria a perda de protensão para cada situação?

Situação 1 - Aço de Concreto Armado CA50

Perda de protensão é 50% = 500 kN

Situação 2– Aço de Protensão – CP 190 RB 12,70

Perda de protensão é 50% = 425,5 kN

Observe que a perda é menor para o aço CP, pois a força neces-
sária para alongar a peça é menor, portanto se tivermos aço com
maior alongamento por tensão, as perdas de deslocamentos repre-
sentam uma menor perda.

3.1.3 Atrito das cordoalhas com as bainhas

É a perda de força de protensão devido ao atrito das cordoalhas


com as bainhas. Isso se deve ao fato de que ao serem tracionadas,
as cordoalhas tendem a buscar o traçado linear e as bainhas impe-
dem esse comportamento, porém isso resulta em esforços radiais
em relação às bainhas, ao forçar que as cordoalhas se mantenham
com traçado curvo as bainhas exercem sobre as cordoalhas uma
força de atrito que ocasiona perda de protensão. O cálculo dessas
perdas está intimamente ligado com a geometria, em que as cordo-
alhas são posicionadas dentro dos elementos protendidos.
UNIUBE 73

Figura 3.3 - Perda de Protensão por Atrito

Fonte: elaborada pelo autor

3.1.4 Perda de protensão por acomodação das ancoragens

É a perda de protensão devido às acomodações das ancoragens


ao serem solicitadas. Essa perda acontece de acordo com o tipo de
tecnologia de protensão, isto é, tipo de macaco, tipo de cunhas e
porta cunhas. Desta maneira, a tecnologia aplicada para execução
da protensão deve estar prevista na realização do projeto.

3.1.5 Perda de protensão pela deformação


imediata do Concreto

É considerada a perda de protensão devido ao encurtamento do


concreto, uma vez que esse processo é inerente à protensão, de-
vemos considerar essa perda como prevista e desta maneira sem-
pre deve ser considerada no cálculo da força de protensão.
74 UNIUBE

No caso de protensão com aderência inicial, ao serem liberados os


cabos das cabeceiras de ancoragem o concreto irá se deformar no
primeiro instante e essa perda já deve ser considerada pelo enge-
nheiro projetista.

No caso de vigas onde a protensão é aplicada por macacos hidráu-


licos, protensão sem aderência ou com aderência posterior, estes
se apoiam na peça, ou seja, uma vez que o concreto se deforma
essa diferença já é absorvida pelo próprio processo nas vigas mo-
nocordoalha. Se houverem várias cordoalhas, conforme os cabos
são protendidos, geralmente um a um, o concreto vai se deforman-
do conforme recebe as cargas, então ao tensionar a última cordo-
alha é provável que a primeira já tenha tipo uma perda de proten-
são considerável, se for o caso é interessante fazer um processo
iterativo de tensionamento, a fim de que se mantenham as forças
necessárias para a peça protendida.

Figura 3.4 - Demonstração da deformação imediata do Concreto

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 75

Dicas
Esse tipo de perda deve ser considerado pelo engenheiro
em todos os casos, no caso de múltiplas cordoalhas, sempre que
for tencionado um cabo a mais os anteriores terão perda de proten-
são, caso seja indicado é importante realizar um segundo ou até
terceiro tensionamento de todas as cordoalhas.

3.1.5.1 Valores de Protensão

Vamos aqui estudar os valores de protensão. Observe, caro(a) alu-


no(a), “valores”, isso significa que teremos vários valores de pro-
tensão, isso se deve ao fato de que teremos perdas nos processos
e a consideração de uma perda ou de outra acarretará em nomes
diferentes para as forças de protensão.

Pi = força de protensão inicial, é aquela aplicada pelo macaco de


protensão. No caso das pistas de protensão é aquela força que é
aplicada nas cabeças de ancoragem das cordoalhas, já no caso da
pós tensão é a força aplicada pelos macacos de protensão. Essa
força, bem como o alongamento esperado da peça, deve ser pre-
vista e fornecida pelo projetista.

Pa = é a força que é aplicada realmente nas cordoalhas, é o valor


de Pi subtraída das perdas de relaxação do aço “Δ Ppr1”, das aco-
modações das ancoragens e do escorregamento das cordoalhas
“Δ Panc” e da retração inicial do concreto “Δ Pcs1” (observe que
são retração e retração iniciais, as perdas ao longo do tempo serão
consideradas em P∞).
76 UNIUBE

Para o caso de pistas de protensão, esse é o valor da força que é


ancorada, é o valor imediatamente anterior ao que a força é trans-
ferida para o concreto:

Pa = Pi - Δ Panc - Δ Ppr1 - Δ Pcs1

P0 = é a força de protensão no tempo t = 0, isto é, não considera


as perdas progressivas, que são relaxação do aço “ ” fluência
e retração do concreto. Para se obter esse valor, Pa é subtraído da
deformação inicial do concreto “Δ Pe”.

P0 = Pa - Δ Pe

Pt (x) = é a força de protensão no tempo t = x, isto é, considera as


perdas progressivas parciais, que são relaxação do aço em de-
terminado momento “Δ Pprt ” e fluência “ ” em determinado
momento e retração do concreto “ ” em determinado momento.
Para se obter esse valor, Pi é subtraído dessas perdas progressi-
vas no tempo “t”.

Pt = Pa - Δ Pprt - Δ Pcct - Δ Pcst

P∞ = é a força de protensão no tempo t = ∞, isto é, considera as


perdas progressivas até o momento em que elas causariam toda a
perda de protensão.

Sendo “Δ Ppr2” perda por relaxação posterior do aço, “Δ Pcc” perda


por fluência do concreto e “Δ Pcs2” perda por retração posterior do
concreto.

P∞ = Pi - Δ Pr2 - Δ Pcc - Δ Pcs2


UNIUBE 77

Parada para reflexão


Já que as forças de protensão são diferenciadas em per-
das, vamos aqui fazer os valores acumulados para entender como
se obtém cada uma:

Pi = P∞ +

Observe que as perdas de protensão ocorrem de maneira progres-


siva e têm como causas a natureza dos materiais e das técnicas
empregadas na execução.

3.2 Cálculo dos valores da força de Protensão

A definição dos valores de protensão será de acordo com a solução


adotada pelo engenheiro para cada situação, ou seja, qual o nível
de protensão que será aplicado na peça ou qual tipo de comporta-
mento é esperado para aquele elemento em questão. Após a apli-
cação da protensão, podemos buscar redução de flechas, redução
da fissuração ou que não ocorra nenhuma fissuração, pode-se ter
uma protensão de baixa intensidade, onde será necessária arma-
dura passiva de flexão na borda inferior.

A nomenclatura das cordoalhas já traz os valores de resistência à


tração característicos (NBR 7582).

Exemplo: CP 175 RN, assim 175 é o valor para fptk = 175 kN

Para fios de Relaxação Normal - RN

fpyk = 0,85 . fptk


78 UNIUBE

Para fios de Relaxação Baixa - RB

fpyk = 0,9. fptk

Segundo a NBR 6118:2014 seguem os limites de tensão que po-


dem ser adotados para o aço de protensão.

Para protensão com aderência inicial:

Aços de relaxação normal RN

Pi≤ {0,74 fptk 0,87 fpyk

Aços de baixa relaxação RB

Pi≤ {0,77 fptk 0,85 fpyk

Para protensão com aderência posterior ou sem aderência:

Aços de relaxação normal RN

Pi≤ {0,74 fptk 0,87 fpyk

Aços de baixa relaxação RB

Pi≤ {0,74 fptk 0,82 fpyk

Na utilização de cordoalhas engraxadas, ou seja, protensão sem


aderência:

Pi≤ {0,80 fptk 0,88 fpyk


UNIUBE 79

Nos aços CP-85 e CP 105:

Pi≤ {0,72 fptk 0,88 fpyk

Em um primeiro momento você, aluno(a), entenderá como calcular


as perdas de protensão, a fim de manter uma maior facilidade didá-
tica, os primeiros valores a serem calculados são as perdas iniciais
e assim por diante até as perdas finais, como fluência e retração.

A partir da norma seguem como são determinadas as perdas de


protensão:

As perdas iniciais de protensão são listadas no item 9.6.3.2:

3.2.1 Pré-tração ou aderência inicial

Perdas devido ao atrito nos pontos de desvio da armadura, essa


avaliação deve ser obtida experimentalmente.

Perdas devido ao escorregamento dos fios na ancoragem devem


ser especificadas pelo fabricante dos dispositivos de ancoragem ou
experimentalmente.

Relaxação inicial da armadura deve ser considerada em função do


tempo decorrido entre a concretagem e a liberação do dispositivo
de tração, isto é, a liberação das cordoalhas das cabeceiras de
ancoramento.

Retração inicial do concreto deve ser considerado o tempo entre


a concretagem e a liberação das cordoalhas das cabeceiras de
ancoramento.
80 UNIUBE

Para as perdas iniciais devem ser também considerados os efeitos


de temperatura, quando o concreto for curado termicamente, o que
costuma ser prática para fábricas de pré-moldados.

3.2.2 Perdas imediatas de Força de Protensão

Para a pré-tração ou aderência inicial no momento em que ocorre a


liberação das cordoalhas das cabeceiras da pista de protensão as
peças sofrem o encurtamento, segundo o item 9.6.3.3.1 da norma
essa perda deve ser considerada em regime elástico, consideran-
do a deformação da seção homogeneizada. O módulo de elastici-
dade a ser considerado é correspondente a data em que ocorra a
protensão, sendo corrigido se houver cura térmica.

Para a pós-tração, as perdas imediatas referentes ao encurtamento


imediato do concreto, atrito entre as armaduras e as bainhas e/ou
concreto, deslizamento da armadura na ancoragem e a acomoda-
ção dos dispositivos de ancoragem são calculadas como seguem:
UNIUBE 81

3.2.3 Cálculo da Perda pelo encurtamento


imediato do Concreto

∝ p ⋅ (σ cp + σ cg ) ⋅ ( n − 1)
∆σ p =
2n

Onde:

σcp= tensão ponderada de protensão no baricentro da armadura


de protensão considerando os “n” cabos.

σcg = tensão de compressão resultante no concreto considerando


a aplicação da protensão dos “n” cabos:
Ep
∝ p =�
Ec

Onde:

Ep = módulo de elasticidade da armadura de protensão (aproxima-


damente Ep=195.000 MPa).

Ec = módulo de elasticidade do concreto na data de protensão


(para concreto C30 Ec=30.000 MPa).

3.2.4 Cálculo da Perda por atrito

∆Patr(x)= Pi ∙ [1- e- (μ∑ α + κ∙x)]

Pi = valor da protensão inicial.

X = é a abscissa do ponto onde se calcula a perda expressa em


metros [m].
82 UNIUBE

∑ α = é a soma dos ângulos de desvio e o ponto X da abcissa.

μ = coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha, na falta


de dados experimentais deve ser adotado:

μ = 0,50 entre cabo e concreto (sem bainha);

μ = 0,30 entre barras ou fios com mossas ou saliências e bainha


metálica;

μ = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica;

μ = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada;

μ = 0,05 entre cordoalha e bainha de polipropileno lubrificada;

κ = é o coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas


não intencionais no cabo, na ausência de valores, adotar como
sendo κ=0,01 ∙ μ [1/m].

3.2.5 Cálculo da Perda por deslizamento da armadura na anco-


ragem e acomodação da ancoragem

As perdas devem ser determinadas experimentalmente ou ado-


tados os valores indicados pelos fabricantes dos dispositivos de
ancoragem.

∆σp,anc= determinado pelo fabricante dos dispositivos de


ancoragem.
UNIUBE 83

Figura 3.5 - Tensões de Protensão ao longo do Tempo

Fonte: elaborada pelo autor

Saiba mais
O Professor Paulo Sérgio dos Santos Bastos disponibiliza
uma material on-line onde é explanado um método de cálculo de-
terminístico para essa perda.

<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.
pdf>, acesso em: 20 abr. 2017.

http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap. Protendido.pdf

3.2.6 Perdas progressivas

São calculadas por meio da iteração entre seus efeitos, são eles
retração e fluência. A norma indica dois itens para o cálculo deles:
9.6.3.4.2 a 9.6.3.4.5.
84 UNIUBE

Processo simplificado, adotado para quando a aplicação de proten-


são e a concretagem não tem um espaçamento grande de tempo
grande e o espaçamento entre cordoalhas é baixo, a fim de poder
considerá-los como único com área igual, a somas das áreas e a
posição equivalente calculada mediante a média ponderada pela
posição e força aplicada de protensão em cada cabo.

ε cs ( t , t0 ) ⋅ E p − α p ⋅ σ c , p 0 g ⋅ ϕ ( t , t0 ) − σ p 0 ⋅ χ ( t , t0 )
∆σ p ( t t0 ) =
χ p + χ c ⋅ α p⋅η ⋅ ρ p
σ p0 ∆σ p 0 ( t , t0 )
∆ε pt = ⋅ χ ( t t0 ) + ⋅χp
Ep Ep
σ c, p0 g ∆σ c ( t , t0 )
∆ε ct = ⋅ ϕ ( t , t0 ) + χ p ⋅ + ε cs ( t t0 )
Eci 28 Eci 28

Esse equacionamento parece complexo, porém observe, caro(a)


aluno(a), que ele se limita apenas às quatro operações básicas.

Equações para utilização do método simplificado:

χ ( t t0 ) = −ln 1 −ψ ( t , t0 ) 
χ c = 1 + 0 5 ϕ ( t , t0 )
χ p = 1 + χ ( t , t0 )
Ac
η =1 + e 2p ⋅
Ic
Ap
ρp =
Ac
Ep
∝p =
Eci 28
UNIUBE 85

Onde:

σc,p0g = é a tensão no concreto adjacente ao cabo resultante, pro-


vada pela protensão e pela carga permanente mobilizada no ins-
tante t0 sendo positiva se for de compressão;

φ(t,t0) = é o coeficiente de fluência do concreto no instante t para


protensão e carga permanente aplicadas no instante t0 consultar
a norma;

∆σp0 = é a tensão na armadura ativa devida à protensão e à carga


permanente mobilizada no instante t0, positiva se for de tração;

χ(t,t0) = é o coeficiente de fluência do aço;

εcs (t,t0) = é a retração no instante t, descontada a retração ocorri-


da até o instante t0, conforme item 8.2.11;

ψ(t,t0) = é o coeficiente de relaxação do aço no instante t para pro-


tensão e carga permanente mobilizada no instante t0;

∆σc (t,t0) = é a variação de tensão do concreto adjacente ao cabo


resultante entre t e t0;

∆σp (t,t0) = é a variação de tensão no aço de protensão entre t e t0;

ρp = é a taxa geométrica da armadura de protensão;

ep = é excentricidade do cabo resultante em relação ao baricentro


da seção do concreto;

Ap = é a área da seção transversal do cabo resultante;


86 UNIUBE

Ac = é a área da seção transversal do concreto;

Ic = é o momento central de inércia da seção do concreto.

3.3 Níveis de protensão

Os níveis de protensão são definidos de acordo com a resultante


de tensão na seção transversal.

Relembrando
No Capítulo I foi executado um exemplo onde eram calcu-
ladas as tensões nas seções transversais. O valor desses esforços
dará a definição do nível de protensão.

Foi estudado que a força Pi é a força de protensão inicial e P∞ é


a força de protensão descontando todas as perdas de protensão.

σb = tensão normal na base;

σt = tensão normal no topo;

g1 = peso próprio do elemento estrutural;

g2 = carga permanente adicional;

q1 = carga variável principal;

q2 = carga variável secundária.

Os carregamentos de peso próprio e cargas variáveis causam nes-


se caso forças de tração na borda inferior , enquanto que a força
de compressão da protensão causa compressão.
UNIUBE 87

3.3.1 Protensão completa

A protensão completa implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação frequente de ações.

Combinação frequente de ações:

Assim:

σbg1+ σbg2+ ψ1 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞=0

Atende ao ELS-D - Estado Limite de Serviço de Descompressão.

Lembrando que a tensão causada pela força de protensão tem


duas componentes, a tensão na seção transversal e a componente
devido à excentricidade do local de aplicação da força:
P∞ ,est P∞ ,est ⋅ e p
σ bP∞ = +
Ac Wb

Verificação da compressão na borda superior:

σts≤ 0,7 ∙ fck

Combinação rara de ações:

Não considera o fator de combinação para um valor da carga


variável:

σbg1+ σbg2+ σbq1+ ψ1 σbq2+ σbP∞ ≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções)
88 UNIUBE

Atende ao ELS-F - Estado Limite de Serviço de Formação de


Fissuras.

Para os valores de , utilizar o maior valor entre a combinação


rara e a frequente de ações.

3.3.2 Protensão Limitada

A protensão limitada implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação quase permanente de ações.

Combinação quase permanente de ações:

Assim:

σbg1+σbg2+ψ2σbq1+ψ2σbq2+σbP∞=0

Atende ao ELS-D - Estado Limite de Serviço de Descompressão.

Lembrando que a tensão causada pela força de protensão tem


duas componentes, a tensão na seção transversal e a componente
devido à excentricidade do local de aplicação da força:
P∞ ,est P∞ ,est ⋅ e p
σ bP∞ = +
Ac Wb

Verificação da compressão na borda superior:

σts≤ 0,7 ∙fck


UNIUBE 89

Combinação frequente de ações:

σbg1+ σbg2+ ψ1 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções)

Atende ao ELS-F - Estado Limite de Serviço de Formação de


Fissuras.

3.3.3 Protensão Parcial

A protensão parcial implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação frequente de ações.

Combinação frequente de ações:

Assim:

σbg1+ σbg2+ ψ2 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞=0

Atende ao ELS-W - Estado Limite de Abertura de Fissuras wk = 0,2


mm.
90 UNIUBE

Parada obrigatória
Observe que os níveis de protensão do menor para o maior
são:

1. Protensão Total;

2. Protensão Limitada;

3. Protensão Parcial.

Saiba mais
É interessante que você, aluno(a), a fim de realizar um di-
mensionamento de vigas protendidas estude o item 9.4 da norma
NBR 6118:2014, trata-se dos comprimentos necessários de anco-
ragem, esse item se torna particularmente importante no estudo de
protensão com aderência inicial.

Existe uma apostila disponível on-line do Professor Paulo Sérgio


dos Santos Bastos que pode ser de interesse para você, aluno(a),
se aprofundar no conhecimento de concreto protendido.

<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.
pdf>, acesso em: 20 abr. 2017.
UNIUBE 91

Sintetizando...

Para realizar a fixação do conhecimento, vamos calcular a força


de protensão para a viga a seguir. Dimensionar para proten-
são total.

b=20 cm

h=60 cm

l=9,0 m

g1= 25 ∙0,6 ∙0,2=3,0 kN/m

q1= 15,0 kN/m

Ep = 195.000 mPa

Ic = 3,6 ∙10-3
92 UNIUBE

Wc = 1,2 ∙10-2

ep = 0,20 m

Para a protensão completa, considera-se a combinação frequente


de ações.

σ bg1 + σ bg 2 +ψ 1σ bq1 +ψ 2σ bq 2 + σ bP∞ = 0 (1)


g12 ⋅ l 32 ⋅ 9
− −
σ bg1 = 8 = 8 = −843, 75 kN = −0, 0844 kN cm 2
Wc 0, 012 m2
1512 ⋅ l 152 ⋅ 9
− −
σ bq1 = 8 = 8 = −21093, 75 kN = −2,109 kN cm 2
Wc 0, 012 m2

Substituindo em (1)

−0 0844 + 0, 7 ⋅ ( −2,109 ) + σ bP∞ = 0


σ bP∞ = 1 561 kN / cm²
P∞ ,est P∞,est ⋅ e p
σ bP∞ = + ( 2)
Ac Wb

Substituindo em (2)
P∞ ,est P∞ ,est ⋅ 20
1 561 = + P∞ ,est1 = 624 28 kN
20 ⋅ 60 12000

Verificação para carregamento combinação rara.

σbg1+ σbg2+ σbq1+ ψ1 σbq2+ σbP∞ ≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções) (3) )

fct,m=0,3 fck2/3=0,3 ∙ 352/3=3,21 mPa


UNIUBE 93

Substituindo em (3)

-0,0844- 2,109+ σbP∞ ≤ 1,2 ∙0,321 σbP∞ =2,579 kN/cm²

Substituindo em (2)
P P ⋅ 20
2 579 = ∞ ,est + ∞ ,est P∞ ,est1 = 1031 44 kN
20 ⋅ 60 12000

O valor que deve ser utilizado para para P∞,est1=1031,44 kN.

Com base nesse valor, podemos calcular:


Pi ,est
P∞ ,est1 =
1 + ∆Parb

∆Parb = é um valor arbitrado para a perda, adotaremos 30%.

Pi,est1=1340,87 kN

Determinação da área do aço de protensão e do tipo de cordoalha.

Adotando CP-175 RN 15,2 A = 138,7 mm²

Pi,est1=1340,87 kN=Ap,ef∙σpi,lim

7, 66
n= = 5 52 6 cordoalhas
1, 387
94 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Caro(a) aluno(a), você pode desenvolver o exercício ante-
rior e calcular as perdas de protensão e realizar a verificação das
perdas de protensão.

A primeira verificação que deve ser feita é a resistência à compres-


são do concreto.

Adote como concreto executado com bainhas corrugadas, aplica-


das paralelas ao eixo da peça com C35.

Conclusão

Após as exposições você, prezado(a) aluno(a), pôde compreen-


der que os dimensionamentos e cálculos que envolvem o concreto
protendido têm valores bem diferentes dos que encontramos no
concreto armado, isso deve-se ao fato de ser um material onde a
tecnologia e a precisão são mais presentes e as aproximações são
menos utilizadas quando se comparam os métodos de cálculo do
concreto armado.

É interessante que se você desejar realizar o dimensionamento de


peças protendidas que se aprofunde no estudo e entenda como
definir as perdas de protensão, aprenda a dimensionar as forças
radiais que ocorrem nas curvaturas da armadura de protensão. A
protensão tem muitas particularidades que devem ser considera-
das ao executar um projeto de protensão, as perdas de protensão
são particularmente diferentes de acordo com cada tipo de proten-
são e aderência em que são aplicadas.
UNIUBE 95

Neste capítulo, você pôde aprender a calcular a força de protensão


para que se possa reduzir as tensões de tração na seção
transversal. Vimos que existem 3 níveis de protensão, Completa,
Limitada e Parcial. A adoção de cada uma está ligada com a tensão
resultante na borda inferior do elemento protendido.

Entendemos que podemos classificar as perdas de protensão em


dois tipos principais, as imediatas e as progressivas, onde se des-
tacam como perdas imediatas o encurtamento do concreto a rela-
xação do aço e as acomodações das ancoragens, enquanto que
nas perdas progressivas sobressaem as perdas por retração e flu-
ência do concreto.

A partir do cálculo das perdas de protensão, você pôde concluir que


durante sua vida útil a peça de concreto passa por vários estágios
e valores de tensão, um entendimento desses valores é muito im-
portante para o engenheiro a fim de que não esteja dimensionando
peças com premissas que sejam contra a segurança ou que produ-
zem prejuízo para a peça ao invés de benefícios.

Como tecnologia mais rebuscada, o concreto protendido acaba


exigindo mais técnica do engenheiro de cálculo e também do en-
genheiro de campo, mas isso representa para a obra: redução de
custos, seções com melhor aproveitamento da capacidade resisti-
va e obras com melhor durabilidade e performance no geral.
Introdução às Pontes de
Capítulo
4
Concreto

Lucas Shima Barroco

Introdução
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo iremos estudar as obras
que são definidas como Obras de Arte Especiais, recebem
esse nome devido a diversos fatores, em geral devido
à natureza diferenciada de sua estrutura em relação às
demais obras.
As obras de arte geralmente são executadas e necessárias
para obras de infraestrutura e costumam representar altas
porções do orçamento da obra, se utilizam de técnicas
mais complexas de execução e cálculo, devido a isso elas
acabam recebendo um cuidado especial pelos engenheiros,
buscando sempre uma maneira econômica de resolver as
dificuldades de engenharia dessas estruturas. Essa atenção
criou uma vasta gama de possibilidades para execução
e concepção das Obras de Arte, ao longo do capítulo
conheceremos algumas delas e abordaremos quais suas
aplicações mais usuais.
Para o estudo de pontes, temos que entender que o
conhecimento que foi adquirido ao longo do curso é
necessário, principalmente de estruturas de concreto,
para o avanço na disciplina. É interessante que possamos
realizar análises do que foi aprendido ao longo do curso,
98 UNIUBE

por exemplo, o quanto a altura da viga está ligada com


a capacidade dela de vencer grandes vãos. Para o
desenvolvimento do sistema de suporte das pontes pode
ser utilizada a montagem de grelhas, o que possibilita uma
rigidez maior ao conjunto.

Figura 4.1 – Ponte “JK”

Fonte: Jose Assenco, FREEIMAGES

A Figura 4.1 apresenta a ponte Juscelino Kubitschek, em Brasília,


sobre o Lago Paranoá – 2ª Colocada como uma das Pontes
mais Bonitas do mundo em 2012 pela revista Vogue Casa.
Uma característica diferenciada aplicada ao estudo de
pontes será a natureza dinâmica das cargas. Essa natureza
dinâmica implica a utilização de fatores de majoração devido
ao impacto, bem como a utilização de um conceito aprendido
em Estática que são as linhas de influência, item fundamental
para o cálculo das ações na estrutura. O conceito de trem-tipo
será estudado para que possamos realizar as verificações
em norma aplicadas para pontes.
UNIUBE 99

Objetivos
• Entender o conceito de obras de arte.
• Ser capaz de classificar as pontes de acordo com sua
geometria.
• Ser capaz de classificar as pontes de acordo com seu
sistema estrutural.
• Relacionar os materiais utilizados para execução de
Pontes.
• Identificar os elementos que compõem as pontes.
• Comparar tecnologias de execução de pontes.

Esquema
• Conceituação de Obras de Arte
• Tipos de Obras de Arte
• Pontes
• Viadutos
• Galerias
• Túneis
• Classificação das Pontes e Viadutos
• Classificação quanto a Geometria
• Alinhamento em Planta
• Alinhamento Vertical
• Classificação quanto ao Material
• Classificação quanto ao Tráfego
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• Classificação quanto ao Sistema Estrutural


• Nomenclaturas e Classificação dos Elementos
• Infraestrutura
• Mesoestrutura
• Pilares
• Aparelhos de Apoio
• Encontros
• Superestrutura
• Os Tipos de Superestrutura Principal
• O Posicionamento dos Tabuleiros
• Dimensões e Nomenclatura
• Da ponte
• Do Tabuleiro

4.1 Conceituação de Obras de Arte

As Obras de Arte, OA’s daqui por diante, como são definidas as


pontes, viadutos, galerias e túneis, em geral buscam realizar uma
travessia de um obstáculo que intercepta uma via, este obstáculo
pode ser um vale, um curso de água, uma montanha, podem ser
também um impedimento de origem antrópica (cruzamento de vias,
trecho urbano etc.).

Vamos expandir nossos estudos nas pontes, aprendendo a classi-


ficá-las e conhecer os principais tipos de sistemas estruturais apli-
cados a estas. Nosso foco de estudo serão as pontes de concreto,
apesar delas também serem executadas em aço e madeira.
UNIUBE 101

SAIBA MAIS
O link a seguir, da Secretaria de Transportes do Estado de
São Paulo, do Departamento de Estradas de Rodagem,
traz um documento de Instrução de Projetos “Projeto de Túnel”:
<ftp://ftp.sp.gov.br/ftpder/normas/IP-DE-C00-002_A.pdf>, acesso
em: 20 abr. 2017.
Uma pesquisa interessante ao aluno são os rankings de pontes,
mais extensa, mais alta, mais bonita, maior vão. A seguir, um
ranking pela extensão:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_pontes_mais_extensas_
do_mundo>, acesso em: 20 abr. 2017.

Figura 4.2 – Ponte em Arco na Costa do Pacífico nos Estados Unidos

Fonte: Charles Cuccaro, FREEIMAGES

Apesar do sistema estrutural adotado nessa ponte não ser alvo de


nossos estudos (ponte em arco), ela ilustra muito bem a nomencla-
tura de “Obras de Arte”.

4.1.1 Tipos de Obras de Arte

4.1.1.1 Pontes

Dispositivo estrutural que dá segmento a uma via, passa por cima


de um curso d'água podendo este ser rio, lago ou até um braço de
mar.
102 UNIUBE

Figura 4.3 – Esquema de Ponte

Fonte: elaborada pelo autor

4.1.1.2 Viadutos

Para as pessoas comuns a diferença entre pontes e viadutos é irre-


levante, mas para você, aluno(a), que em breve será engenheiro(a),
entenda que a diferença está na ausência de um corpo hídrico.

Figura 4.4 – Esquema de Viaduto

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 103

Parada para reflexão


Para os casos de viadutos sobre vales você, caro(a) alu-
no(a), pode estar se perguntando, por que não foi realizado
um aterramento no local para garantir a passagem? Geralmente,
essa é sempre a primeira solução dos engenheiros de projetos,
porém existem casos que os volumes de terra que seriam utiliza-
dos para aterro são tão grandes que a solução de engenharia mais
econômica é a execução de viadutos, no caso de ferrovias isso é
ainda mais acentuado, uma vez que o traçado das ferrovias só ad-
mite inclinação muito baixa.

4.1.1.3 Galerias

Destinados a permitir a passagem ou por cima ou por dentro delas


são no geral estruturas celulares aplicadas em local de aterro. No
esquema a seguir o tráfego de carros pode estar passando por
cima enquanto um curso d’água passaria por dentro da galeria.

Figura 4.5 – Esquema de Galeria

Fonte: elaborada pelo autor


104 UNIUBE

4.1.1.4 Túneis

Destinados a permitir a passagem por grandes maciços de terra ou


rocha em geral, são aplicados em terreno natural.

Figura 4.6 – Esquema de Túnel

Fonte: elaborada pelo autor

4.2 Classificação das Pontes e Viadutos

As pontes e viadutos são classificadas com relação a sua geome-


tria, ao sistema estrutural em que ela é desenvolvida e tipo de trá-
fego. Sem mais demora, vamos às classificações:
UNIUBE 105

4.2.1 Classificação quanto a Geometria

4.2.1.1 Alinhamento em Planta

Essa classificação leva em conta a orientação do eixo da ponte


com relação ao curso de água ou vale a ser sobreposto. Podem ser
pontes Retas (1), Esconsas (2) ou Curvas (3).

Figura 4.7 – Classificação quanto ao Alinhamento em Planta

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.1.2 Alinhamento Vertical

Essa classificação leva em conta a orientação do eixo da ponte


com relação ao Eixo Vertical. Essa classificação se deve ao fato
de que o traçado de vias em geral possui muitas curvas verticais e
106 UNIUBE

muitas vezes nossa obra de arte estará em concordância com es-


sas: Pontes Horizontal (1), Em Rampa (2), Tabuleiro Côncavo (3) e
Tabuleiro Convexo (4).

Figura 4.8 – Classificação quanto ao Alinhamento Vertical

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.1.3 Classificação quanto ao Material

Nessa classificação, iremos apresentar figuras. A adoção do ma-


terial pelo engenheiro de projetos leva em conta vários fatores,
como disponibilidade do material, custos, fundação adequada para
o perfil geológico, os principais materiais utilizados para execução
tanto para a mesoestrutura quanto para a superestrutura (essa
UNIUBE 107

nomenclatura será explicada na próxima seção) são: madeira, aço,


concreto (simples, armado e protendido) e para pontes antigas em
arco: alvenaria e rochas.

Figura 4.9 – Ponte Ferroviária de Madeira

Fonte: Corena Golliver, FREEIMAGES

Note que a ponte de madeira é destinada a tráfego ferroviário, trá-


fego esse que trabalha com altos valores de carregamentos.
108 UNIUBE

Figura 4.10 – Ponte de Aço em Arco

Fonte: James Collins, FREEIMAGES

Note que a ponte de aço é destinada a passagem de pedestres.

Figura 4.11 – Ponte de Concreto – Sistema Estrutural de Vigas

Fonte: Local Guy, FREEIMAGES


UNIUBE 109

Figura 4.12 – Ponte de Alvenaria – Sistema Estrutural em Arcos

Fonte: Jimmy Lemon, FREEIMAGES

Importante!
Para execução de pontes em alvenaria e rocha é necessá-
rio utilizar o sistema estrutural de execução em arcos, pois
esses materiais não apresentam resistência para forças de flexão.

Nesta seção foram colocadas fotos de pontes de somente um tipo


de material, porém a execução de OA’s não se limita a isso, podem
ser adotados materiais diferentes na mesma ponte de maneira a
aproveitar a melhor qualidade de cada material, seja ela o custo, o
peso próprio ou capacidade resistiva.
110 UNIUBE

4.2.1.4 Classificação quanto ao Tráfego

No geral, o tráfego define uma nomenclatura para ponte:

• Rodoviária – Tráfego de Veículos;

• Ferroviária – Tráfego de Trens e veículos ferroviários;

• Passarela – Pedestres.

Vamos expandir nosso estudo? Seguem outros tipos de circulação


em pontes e viadutos:

• Travessia de Fauna – normalmente para reduzir o impacto


ambiental de obras;

• Hidroviária – Travessia de Embarcações;

• Aquedutos – Travessia de Curso d’água (empregado na obra


da Transposição do Rio São Francisco);

• Rodoferroviária – Tráfego Misto.


UNIUBE 111

Figura 4.13 – Ponte Estaiada – Tráfego de pedestres e Rodoviário, Varsóvia

Fonte: Michal Zacharzewski, FREEIMAGES

4.2.2 Classificação quanto ao Sistema Estrutural

Os sistemas estruturais em pontes podem variar em muito, pois


levam em conta a altura, o tipo de fundação adequada, o tipo de
tráfego e os vãos necessários. Iremos aqui listar os principais, caso
esse sistema já tenha imagens ilustrando, listaremos o número da
Figura para você verificar. Principais Sistemas Estruturais:

• Pontes em Arcos (Figuras 4.2, 4.10 e 4.12);

• Pontes em Vigas (Figura 4.9 e 4.11);

• Pontes Pênseis (Figuras 4.14 e 4.15).


112 UNIUBE

Figura 4.14 – Ponte Pênsil – 40th Road Bridge

Fonte: Michel Meynsbrughen, FREEIMAGES

Figura 4.15 – Ponte Pênsil – Mackinaw Bridge

Fonte: Martyn E. Jones, FREEIMAGES


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• Pontes Estaiadas (Figuras 4.1, 4.13 e 4.16).

Figura 4.16 – Ponte Estaiada – Millau, França

Fonte: Michel Collot, FREEIMAGES

Ampliando o conhecimento
Observe que as pontes Estaiadas são diferentes das
Pênseis, uma vez que as pontes Estaiadas possuem os
“estais” cabos de aço ligados no tabuleiro da ponte e no mastro
de ancoragem, que pode estar em qualquer posição, já as pon-
tes Pênseis possuem cabos de aço principais que são ancorados
nas cabeceiras das pontes, estes percorrem toda a ponte que,
por sua vez, possui cabos secundários que são ligados aos cabos
principais.
114 UNIUBE

4.2.3 Nomenclaturas e Classificação dos Elementos

As peças e elementos que formam as OA’s recebem nomes es-


pecíficos e são classificados em Superestrutura, Mesoestrutura e
Infraestrutura.

Figura 4.17 – Diagrama com Nomenclatura

Fonte: elaborada pelo autor

Para nos ajudar no entendimento a figura foi preenchida com 3 pa-


drões, um para cada classificação.

4.2.3.1 Infraestrutura

O padrão em xadrez vermelho indica as peças da infraestrutura


:

• Fundações: sapatas para fundações diretas ou blocos e esta-


cas para fundações indiretas.
UNIUBE 115

4.2.3.2 Mesoestrutura

O padrão pontilhado preto define as peças da mesoestrutura :

4.2.3.2.1 Pilares

Recebem as cargas das vigas e as transmitem para a infraestrutura.

4.2.3.2.2 Aparelhos de Apoio

Recebe as ações da superestrutura e as transmite para a mesoes-


trutura, têm a função de permitir pequenos deslocamentos da su-
perestrutura, isso garante proteção dos elementos. São produzidos
com o material cujos nomes são neoprene ou elastômero.

Simples: produzidos apenas com material elastômero, utilizado


para cargas relativamente baixas.

Fretado: produzidos com material elastômero, com a inclusão de


placas de aço. Essas placas aumentam em muito a capacidade de
suporte, para altas cargas.

Deslizante: produzidos com material elastômero, com a inclusão


de placas de aço e a inserção de uma placa de aço inox na su-
perfície. Essa placa permite o deslocamento horizontal da peça
apoiada.
116 UNIUBE

Figura 4.18 – Diagrama Aparelho de Apoio - Simples

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.3.2.3 Encontros

São posicionados nos inícios das pontes e têm a função de arrimar


o solo e receber as cargas das extremidades da superestrutura.’

4.2.3.3 Superestrutura

O padrão em azul listrado define os itens da superestrutura :

A superestrutura é em geral dividida em dois tipos:

• Estrutura Principal: Vigas, tem a função de vencer o vão livre


e se apoia nos aparelhos de apoio;

• Estrutura Secundária: Tabuleiro, é a estrutura que recebe a


ação das cargas e as transmite para a estrutura principal.
UNIUBE 117

4.2.3.3.1 Os tipos de Superestrutura Principal

Figura 4.19 – Diagrama Tipos de Tabuleiro

Fonte: elaborada pelo autor

Dependendo de como é o formato da seção transversal esta tem


comportamento diferente. Para os casos (1) e (3), o tabuleiro irá se
comportar como laje apoiada sobre vigas, enquanto que no Caso
(2) o dimensionamento deve ser realizado como laje.
118 UNIUBE

Relembrando
Lembre dos conceitos de viga e lajes:

Vigas
São elementos submetidos a forças de flexão e têm uma dimen-
são que predomina sobre as outras duas. Recebem carregamentos
normais ao longo do eixo da maior dimensão.

Lajes
São elementos submetidos a forças de flexão e cortante, e têm
duas dimensões que predominam sobre a outra. Recebem carre-
gamentos normais ao longo das maiores dimensões.

4.2.3.3.2 O Posicionamento dos Tabuleiros

O posicionamento dos tabuleiros define em que região os carre-


gamentos serão transferidos do tabuleiro para as vigas, Tabuleiro
Superior (comum), Tabuleiro Intermediário (Rebaixado), ou
Tabuleiro Inferior.

Figura 4.20 – Diagrama Posicionamento dos Tabuleiros

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 119

4.2.3.4 Dimensões e nomenclatura

4.2.3.4.1 Da ponte

Figura 4.21 – Diagrama Vãos da ponte


Fonte: elaborada pelo autor

• Comprimento da ponte: distância medida entre os encontros;

• Vão: distância medida entre os eixos dos aparelhos de apoio,


pode variar ao longo do comprimento em pontes com vários
pilares;

• Vão Livre: é a distância entre as faces de dois pilares


consecutivos;

• Altura de construção: é a distância entre o ponto mais baixo


e o mais alto da ponte;

• Altura livre: é a distância entre o ponto mais baixo da supe-


restrutura e o ponto mais alto do obstáculo abaixo dessa.
120 UNIUBE

4.2.3.4.2 Do Tabuleiro

Figura 4.22 – Diagrama Tabuleiro

Fonte: elaborada pelo autor

• Pista de rolamento: largura disponível para o tráfego, pode


ser subdividida em faixas;

• Acostamento: largura adicional da Pista de rolamento. Serve


para casos de emergências;

• Defensa: elemento de proteção do tráfego, evita também a


queda de veículos;

• Passeio: não demonstrado no diagrama, mas é uma área no


tabuleiro destinada à circulação de pedestres;

• Guarda-roda: posicionado nas extremidades do acostamen-


to, serve para evitar que os veículos acessem o passeio;

• Guarda-corpo: posicionado na extremidade do tabuleiro,


visa proteger os pedestres de queda.
UNIUBE 121

Sintetizando...
As pontes e viadutos têm uma ampla gama de geometrias e
sistemas estruturais, cada um desses tem uma performan-
ce mais adequada para determinado tipo de solução, isso torna o
papel do engenheiro muito importante. Um engenheiro experiente
ao estudar um determinado projeto elimina rapidamente várias so-
luções que não seriam econômicas ou viáveis e, desta maneira,
direciona o estudo para poucos modelos de pontes.

Dicas
Para você, querido(a) aluno(a), estudar ou buscar mais
conhecimento, uma apostila muito utilizada na Engenharia
é a dos Professores Mounir Khalil El Debs e Toshiaki Takeya,
“Introdução às Pontes de Concreto”.

São livros de apoio a esta disciplina:

FRITZ, Leonhardt. Construções em Concreto: Princípios Básicos


da Construção de Pontes de Concreto. Tradução de João Luis
Escosteguy Merino. Rio de Janeiro: Interciência Editora, 1979.

MARCHETTI, Osvaldemar. Pontes de Concreto Armado. São


Paulo: Editora Blucher, 2008.
122 UNIUBE

Conclusão

Concluímos assim, caro(a) aluno(a), que as obras de arte se utili-


zam de uma vasta gama do conhecimento em engenharia. Essas
obras fazem parte de nosso cotidiano e necessitam de atenção
especial pelos engenheiros.

As soluções técnicas para obras de arte especiais são das mais


variadas e para tal devem ser consideradas:

As dimensões:

• A distância entre os encontros, isto é o comprimento da ponte;

• A possibilidade da execução de vários pilares, que definirão


os vãos e vãos livres;

• A altura livre que será necessária tanto para haver concordân-


cia do tabuleiro com o restante da via, quanto para possível
circulação abaixo da ponte ou viaduto;

• A altura total da ponte, pois ela definirá os comprimentos dos


pilares, lembrando que pilares muito compridos tendem a se
tornar esbeltos.

Os materiais:

• Os materiais a serem empregados têm definição derivada das


dimensões das pontes, lembrando que mesmo para o concre-
to protendido existe uma limitação para os vãos;

• Outro limitante para escolha do material é a sua disponibili-


dade. Lembremos que as obras de arte são obras de infraes-
trutura, obras de infraestrutura podem estar localizadas em
regiões muito remotas que não terão a facilidade e disponibi-
lidade que grandes centros urbanos oferecem.
UNIUBE 123

Do sistema estrutural:

• O sistema estrutural a ser adotado tem sua primeira premissa


a partir do perfil de fundação que é possível executar na re-
gião de implantação da obra. A possibilidade de vários pilares
ou não, possibilidade de ancoragem nos encontros (Pontes
Pênseis), possibilidade de ancoragem em outra posição
(Pontes Estaiadas) etc.;

• Outro item que define o tipo de sistema estrutural é o tipo de


carregamento que a estrutura irá receber, esse carregamento
está intimamente ligado ao tráfego desta obra de arte;

• Um item que deve ser considerado no sistema estrutural é o


transporte das peças que irão compor esse sistema estrutural.
No caso de obras moldadas em loco, teremos que conseguir
trazer concreto até o local da obra, em obras de pré-moldados
iremos necessitar de transporte de elementos relativamente
pesados até o local em que este será apoiado. Esse item, se
não for estudado pelo engenheiro, pode trazer grandes preju-
ízos, lembremos peças grandes, pesadas e “delicadas”.

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