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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PILARES DE CONCRETO ARMADO –


SEGUNDO A NBR 6118:2014

DISCIPLINA: ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO II – NOTAS DE AULA

Prof. M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira

JUAZEIRO-BA, 2019

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 1


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SUMÁRIO

1.0 – Introdução
2.0 – Cargas nos Pilares
3.0 – Características Geométricas
3.1 – Dimensões Mínimas dos Pilares
3.2 – Comprimento de Equivalente (  e )

3.3 –Raio de Giração (i)


3.4 – Índice de Esbeltez (λ)
4.0 – Classificação dos Pilares Quanto à sua Posição em Planta
5.0 – Determinação Aproximada dos Momentos na Ligação Viga-Pilar
6.0 – Classificação dos Pilares em Função de sua Esbeltez
7.0 – Dispensa dos Efeitos Locais de Segunda Ordem
a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais
b) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:
c) Para pilares em balanço
d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento
mínimo:
8.0 – Critérios da NBR 6118:2014 para Consideração dos Efeitos de 2ª Ordem
a) Pilares Curtos (λ ≤ λ1)
b) Pilares Mediamente Esbeltos (λ1 < λ ≤ 90)
c) Pilares Esbeltos (90 < λ ≤ 140)
d) Pilares Muito Esbeltos (140 < λ ≤ 200)
9.0 – Tipos de Excentricidades Consideradas no Dimensionamento dos Pilares
9.1 – Excentricidade inicial ( ei )

9.2 – Excentricidade de Forma ( e f )

9.3 – Excentricidade Acidental ( ea )

9.4 – Excentricidade Mínima de Primeira Ordem ( e1mín )

9.5 – Excentricidade de Fluência ou Suplementar ( ec )

9.6 – Excentricidade de Segunda Ordem ( e2 )

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10.0 – Cálculo dos Efeitos de 2ª Ordem Segundo a NBR 6118:2014


10.1 – Método Geral – processo exato (NBR 6118/2014 item 15.8.3.2)
10.2 – Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada (NBR 6118/2014
item 15.8.3.3.2)
10.3 – Método do Pilar-Padrão com Rigidez к Aproximada (NBR 6118/2014 item
15.8.3.3.3)
10.4 – Método do Pilar-Padrão acoplado a Diagramas M, N, 1/r (NBR 6118/2014
item 15.8.3.3.4)
10.5 – Método do Pilar-Padrão para Pilares de Seção Retangular Submetidos à
Flexão Composta Oblíqua (NBR 6118/2014 item 15.8.3.3.5)
11.0 – Situações de Projeto e de Cálculo dos Pilares
11.1 – Seções de Extremidade e Seções Intermediárias de Pilares
a) Pilares curtos: λ ≤ λ1
b) Pilares medianamente esbeltos: λ1 < λ ≤ 90
c) Pilares esbeltos: 90 < λ ≤ 140
d) Pilares muito esbeltos: 140 < λ ≤ 200
12.0 – Disposições Construtivas dos Pilares Segundo a NBR 6118:2014
12.1 – Cobrimento da Armadura
12.2 – Armadura Longitudinal dos Pilares
12.2.1 - Armadura Longitudinal Mínima
12.2.2 - Armadura Longitudinal Máxima
12.2.3 – Diâmetro Mínimo e Máximo das Barras
12.2.4 – Espaçamento Mínimo e Máximo entre as Barras Longitudinais
12.2.5 – Emendas das Barras Longitudinais por Traspasse
12.3 – Armadura Transversal dos Pilares
12.3.1 – Diâmetro dos Estribos
12.3.2 – Espaçamento Longitudinal dos Estribos
12.4 – Proteção Contra Flambagem das Barras (NBR 6118:2014 – item 18.2.4)
12.5 – Desenho da Armação dos Pilares
13.0 – Estimativa de Carga Vertical nos Pilares e Pré-dimensionamento

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PILARES

1.0 – Introdução

Pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto, usualmente dispostos na


direção vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes e cuja função
principal é receber as ações atuantes nos diversos níveis da edificação e conduzi-las até as
fundações.
As disposições dos pilares na planta de forma de um edifício são importantes, pois o
posicionamento destes, juntamente com as vigas, formam pórticos que proporcionam
rigidez e são os responsáveis por resistir às ações verticais (gravitacionais e de serviço) e
horizontais (vento) e garantir a estabilidade global da estrutura.
Em virtude do tipo de material (concreto) e da solicitação preponderantemente de
força de compressão, os pilares apresentam rupturas frágeis. A ruína de uma seção
transversal de um único pilar pode ocasionar o colapso progressivo dos demais pavimentos
subseqüentes provocando, assim, a ruína de toda a estrutura.
Os pilares têm forma prismática ou cilíndrica (usualmente com seção transversal
quadrada, retangular ou circular), sendo uma das dimensões (comprimento) bem maior que
as outras duas. Para critérios de dimensionamento de acordo com a NBR 6118:2014, os
pilares são tratados como elementos lineares e, geralmente, isolados.

2.0 – Cargas nos Pilares

Nas estruturas usuais, compostas por lajes, vigas e pilares, o caminho das cargas
começa nas lajes, que delas vão para as vigas e, em seguida, para os pilares, que as
conduzem até a fundação.
As lajes recebem as cargas permanentes (peso próprio, revestimentos etc.) e as
variáveis (pessoas, máquinas, equipamentos etc.) e as transmitem para as vigas de apoio.
As vigas, por sua vez, além do peso próprio e das cargas das lajes, recebem também
cargas de paredes dispostas sobre elas, além de cargas concentradas provenientes de outras
vigas, levando todas essas cargas para os pilares em que estão apoiadas.

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Os pilares são responsáveis por receber as cargas dos andares superiores, acumular
as reações das vigas em cada andar e conduzir esses esforços até as fundações (Figura 1).
Nos edifícios de vários andares, para cada pilar e no nível de cada andar, obtém-se o
subtotal de carga atuante, desde a cobertura até os andares inferiores. Essas cargas, no nível
de cada andar, são utilizadas para dimensionamento dos tramos (lances) do pilar. A carga
total é usada no projeto da fundação.

Figura 1: Cargas nos pilares.


Nas estruturas constituídas por lajes sem vigas, os esforços são transmitidos
diretamente das lajes para os pilares. Nessas lajes, deve-se dedicar atenção especial à
verificação de punção.

3.0 – Características Geométricas

3.1 – Dimensões Mínimas dos Pilares


Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado e propiciar boas condições de
execução, a NBR 6118:2014, no seu item 13.2.3, estabelece que a seção transversal dos
pilares e pilares-paredes maciços, qualquer que seja a sua forma, não deve apresentar
dimensão menor que 19 cm.
Em casos especiais, permite-se que a menor dimensão do pilar esteja compreendida
entre 19 cm e 14 cm. Nestes casos, é preciso multiplicar os esforços finais de cálculo
(esforço normal e momentos) empregados no dimensionamento dos pilares por um

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coeficiente adicional γn, de acordo com a Tabela 1. Em qualquer caso, não se permite pilar
com seção transversal de área inferior a 360 cm2.

 n  1,95  0,05  b (1)

Onde:
 b é a menor dimensão da seção transversal do pilar, em centímetros.
Quando a maior dimensão da seção transversal do pilar é superior a cinco vezes a
menor dimensão, o elemento estrutural é denominado de pilar-parede.

Tabela 1: Valores do coeficiente de majoração adicional γn.


b (cm) > 19 18 17 16 15 14

γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

3.2 – Comprimento de Equivalente (  e )

O comprimento de equivalente  e (chamado na NBR 6118:2014, item 15.6, de

comprimento equivalente) do pilar, suposto vinculado em ambas as extremidades, deve ser


tomado como o menor dos seguintes valores (Figura 1A):

  h
e   0 (2)
 

Figura 1A: Determinação do comprimento de equivalente.

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Onde:
  0 é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos

horizontais, que vinculam o pilar;


 h é a altura da seção transversal do pilar, medida na direção em estudo;
  é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está
vinculado.
No caso de pilar engastado na base e livre no topo,  e  2   (item 15.8.2 da NBR

6118/2014).
Como o comprimento equivalente  e depende da dimensão do pilar na direção
considerada, com isso, nota-se que poderão existir casos em que se têm comprimentos de
equivalentes diferentes para as direções principais x e y.

3.3 – Raio de Giração (i)


Define-se o raio de giração i como sendo:

I
i (3)
Ac

Onde:
 I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x ou y;
 Ac é a área da seção transversal.

Para peças com seção transversal retangular (Figura 2), temos:

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 Em relação ao eixo x  Em relação ao eixo y

hx3  h y
3
hx  h y
Ix  Iy 
12 12

hx  h y
3
hx3  h y
12 iy  12
ix 
hx  h y hx  h y

hy hx
ix  iy 
12 12 Figura 2: Seção transversal retangular.

3.4 – Índice de Esbeltez (λ)


O índice de esbeltez (λ) é uma grandeza que depende do comprimento do pilar, da
sua seção transversal (forma e dimensões) e das condições de extremidades. O índice de
esbeltez é dado pela seguinte relação:
e
 (4)
i
Onde:
  é o índice de esbeltez na direção considerada, x ou y;
  e é o comprimento de flambagem na direção considerada, x ou y;

 i é o raio de giração em x ou y.

De maneira análoga ao que foi feito para o raio de giração, no caso peças com seção
transversal retangular, temos que:

 e, x  e, x 12  e, y  e , y 12
x   x  e y   y  (5)
iy hx ix hy

Observa-se na Figura 3 que, quando a deformação ocorre na direção do eixo x


(portanto esbeltez  x ), a rotação da seção transversal ocorre em relação ao eixo y (assim o

raio de giração usado será i y ).

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Quanto maior o índice de esbletez, maior será a possibilidade de haver flambagem


do pilar, que ocorre sempre em relação ao eixo de menor inércia da seção (ou na direção do
eixo com maior índice de esbeltez).

Figura 3: Pilar de seção retangular (flambagem em relação ao eixo de menor inércia y).

4.0 – Classificação dos Pilares Quanto à sua Posição em Planta

Os pilares podem ser classificados dependendo do seu posicionamento na planta de


forma (posição na estrutura) de um pavimento de um edifício em estudo em: pilares
intermediários (centrais), pilares de extremidade (laterais) e pilares de canto, conforme as
Figuras 4 a 7. Essa classificação permite considerar as diferentes situações de projeto e de
cálculo, em relação aos esforços solicitantes, em que cada um desses pilares se enquadra.

Figura 4: Situação de projeto do pilar. Figura 5: Pilar intermediário.

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Figura 6: Pilar de extremidade. Figura 7: Pilar de canto.

Nos pilares intermediários ou centrais, os momentos que as vigas transmitem a esses


pilares são pequenos e, em geral podem ser desprezados. Dessa forma, um pilar
intermediário está em uma situação de projeto de compressão centrada.
Nos pilares de extremidade (laterais) os momentos transmitidos pelas vigas (em
uma direção, x ou y) devem ser considerados. Dessa forma, a situação de projeto é de
flexão composta normal ou reta, ou seja, existe uma excentricidade inicial em uma das
direções principais.
Para os pilares de canto a situação de projeto é de flexão composta oblíqua, já que
devem ser considerados os momentos transmitidos pelas vigas nas duas direções “x” e “y”,
ou seja, existem excentricidades iniciais nas duas direções principais.

5.0 – Determinação Aproximada dos Momentos na Ligação Viga-Pilar

Na ligação viga-pilar existe certa rigidez (não é uma rótula), e o momento fletor
transmitido pela viga para o pilar não pode ser desprezado. O que ocorre, na verdade, é que
o sistema de vigas e pilares que compõem a estrutura da edificação funciona como um
pórtico espacial, o qual deveria ser calculado para determinar de forma exata os momentos
nas ligações entre vigas e pilares.
Segundo a NBR 6118:2014 (item 14.6.6.1), quando não for realizado um cálculo
mais rigoroso da influência da solidariedade dos pilares com a viga, deve ser considerado,

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nos apoios extremos, momento fletor igual ao momento de engastamento perfeito


multiplicado pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes relações:
 Momento na extremidade do pilar (inferior ao nó, ou seja, abaixo do nó em estudo)
rinf
M p inf  M eng  (6)
rinf  rsup  rviga

 Momento na extremidade do pilar (superior ao nó, ou seja, acima do nó em estudo)


rsup
M p sup  M eng  (7)
rinf  rsup  rviga

 Momento na extremidade da viga (considerando o equilíbrio do nó)


rinf  rsup
M viga  M eng  ou M viga  M p inf  M p sup (8)
rinf  rsup  rviga

Onde:
 Meng – momento de engastamento perfeito;
Ii
 ri  , sendo Ii inércia do elemento em estudo e  i o comprimento (Figura 8).
i

(9)

Figura 8: Modelo estático adotado nos casos de apoios extremos de vigas contínuas.

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6.0 – Classificação dos Pilares em Função de sua Esbeltez

No cálculo de pilares, a consideração da flambagem (efeitos de segunda ordem


devido à não-linearidade geométrica, onde as deformações da estrutura influenciam nos
esforços internos) está relacionada às condições de apoio, comprimento e seção transversal
do pilar, através do índice de esbeltez (λ). Dependendo do valor desse índice as abordagens
consideradas no processo de dimensionamento dos pilares poderão exigir um maior ou
menor grau de simplificação nos cálculos a serem efetuados.
De acordo com o índice de esbeltez (λ), os pilares podem ser classificados em:
 Pilares curtos ou robustos → λ ≤ λ1;
 Pilares mediamente esbletos → λ1 < λ ≤ 90;
 Pilares esbeltos → 90 < λ ≤ 140;
 Pilares muito esbeltos → 140 < λ ≤ 200.
O índice de esbeltez limite λ1 será definido adiante.
A NBR 6118:2014 (item 15.8.1) não admite pilares com índice de esbeltez λ
superior a 200. Apenas nos casos de elementos pouco compridos com força normal
N d  0,10 f cd Ac , o índice de esbeltez pode ser maior que 200.

Para pilares com índice de esbeltez superior a 140, na análise dos efeitos locais de 2ª
ordem, devem-se multiplicar os esforços solicitantes finais de cálculo por um coeficiente
adicional n1.

 n1  1  0,01  140 / 1,4 (9)

7.0 – Dispensa dos Efeitos Locais de Segunda Ordem

O conceito de esbeltez limite surgiu a partir de análises teóricas de pilares,


considerando material elástico-linear. Esse limite corresponde ao valor da esbeltez a partir
do qual os efeitos de segunda ordem começam a provocar uma redução da capacidade
resistente do pilar.
Em estruturas de nós fixos, dificilmente um pilar de pórtico, não muito esbelto, terá
seu dimensionamento afetado pelos efeitos de segunda ordem, pois o momento fletor total
máximo provavelmente será apenas o de primeira ordem, num de seus extremos.

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De acordo com o item 15.8.2 da NBR 6118:2014, os esforços locais de 2ª ordem em


elementos isolados podem ser desprezados quando o índice de esbeltez λ for menor que o
valor limite λ1 (dado na expressão a seguir). O valor de λ1 depende de diversos fatores, mas
os preponderantes são:
 A excentricidade relativa de 1ª ordem e1/h na extremidade do pilar, na direção
considerada, onde ocorre o momento de 1ª ordem de maior valor absoluto. O valor
de e1 é igual a excentricidade de 1ª ordem, não incluindo a excentricidade acidental;
 A vinculação dos extremos da coluna isolada;

 A forma do diagrama de momentos de 1ª ordem.

O valor de λ1 pode ser calculado pela expressão (item 15.8.2 da NBR 6118/2014):

25  12,5  e1 h
1  sendo 35  1  90 (10)
b
O valor de αb, que depende da vinculação da coluna isolada e do carregamento
atuante, deve ser determinado da seguinte forma:

a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:

MB
 b  0,60  0,40  sendo 0,40   b  1,0 (11)
MA

onde:
 MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar, obtidos na análise de
1ª ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momentos totais (1ª ordem + 2ª
ordem global) no caso de estruturas de nós móveis. Deve ser adotado para MA o
maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal será positivo, se
tracionar a mesma face que MA, e negativo em caso contrário, como mostra a Figura
9.

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Figura 9: Momentos MA e MB nas extremidades de um pilar.

b) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:

 b  1,0
c) Para pilares em balanço:

MC
 b  0,80  0,20  sendo 0,85   b  1,0 (12)
MA
onde:
 MA é o momento de 1ª ordem no engaste e MC é o momento de 1ª ordem no meio do
pilar em balanço.

d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento


mínimo:

 b  1,0

Se o maior momento calculado ao longo do pilar for menor que o momento mínimo
definido no item 11.3.3.4.3 da NBR 6118:2014, dado por:

M 1d ,mín  N d  (0,015  0,03  h) (13)

Onde:
 M1d,mín é o momento mínimo total de 1ª ordem;
 h é altura da seção transversal medida na direção considerada (em metros);

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 Nd é o esforço normal de cálculo.

8.0 – Critérios da NBR 6118:2014 para Consideração dos Efeitos de 2ª Ordem

Ainda de acordo com a NBR 6118:2014 (item 15.8.3), dependendo do índice de


esbeltez do pilar, os efeitos de 2ª ordem podem ser desprezados ou não. No caso negativo, a
partir do valor do índice de esbeltez define-se o processo a ser utilizado no cálculo dos
efeitos de 2ª ordem, conforme exposto a seguir:

a) Pilares Curtos (λ ≤ λ1)


Para os pilares curtos os efeitos de segunda ordem podem ser desprezados.

b) Pilares Mediamente Esbeltos (λ1 < λ ≤ 90)


Os pilares medianamente esbeltos que são aqueles para os quais podem ser
considerados os efeitos de segunda ordem por processos aproximados como o método do
pilar-padrão com curvatura aproximada ou o método do pilar-padrão com rigidez к
aproximada.

c) Pilares Esbeltos (90 < λ ≤ 140)


Os pilares esbeltos são aqueles para os quais é possível considerar-se nos projetos os
efeitos de segunda ordem a partir do processo aproximado que é o método do pilar-padrão
com curvatura real acoplada a diagramas de M – N – 1/r (momento – normal – curvatura).
Para esses pilares a consideração dos efeitos da fluência é obrigatória.

d) Pilares Muito Esbeltos (140 < λ ≤ 200)


Para os pilares muito esbeltos a consideração dos efeitos de segunda ordem é feita
por processos exatos. Para esses pilares o método geral (para avaliar os efeitos de segunda
ordem) e a consideração dos efeitos da fluência são obrigatórios.

9.0 – Tipos de Excentricidades Consideradas no Dimensionamento dos Pilares

Para o dimensionamento dos pilares, é necessário obter as excentricidades


pertinentes a cada tipo de pilar analisado. Essas excentricidades nos pilares ocorrem não
apenas por conta das solicitações iniciais (momentos transmitidos pelas vigas) atuantes nos

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pilares, mas também por causa de diversos fatores adicionais como: os efeitos de 2ª ordem,
as imperfeições geométricas locais e a fluência do concreto.
De maneira geral, as excentricidades podem ser divididas em:
 Excentricidade inicial;
 Excentricidade de forma;
 Excentricidade acidental;
 Excentricidade mínima de primeira ordem;
 Excentricidade de fluência ou suplementar;
 Excentricidade de segunda ordem.

Apresentam-se a seguir os critérios para a obtenção dessas excentricidades em


pilares isolados, de acordo com as recomendações da norma NBR 6118:2014.

9.1 – Excentricidade inicial ( ei )

Os pilares de extremidade (laterais) e os de canto, por estarem monoliticamente


ligados à extremidade de uma viga, estão submetidos a um momento fletor inicial, que pode
ser representado por uma excentricidade inicial ( ei ) da força de compressão atuante na
seção.
Numericamente as excentricidades iniciais (nas extremidades do pilar) são iguais
aos valores dos momentos com plano de ação contendo cada eixo principal, divididos pelo
módulo da força normal de compressão, conforme as expressões a seguir:

M 1d , A M 1d , B
e1, A  e e1, B  (14)
Nd Nd

Onde:
 Nd a força normal solicitante de cálculo;
 M1d,A e M1d,B são os momentos solicitantes de cálculo nas extremidades do pilar
(devidos às ligações dos pilares com as vigas) .

Neste texto adota-se, de acordo com a NBR 6118:2014, para ei a maior


excentricidade em valor absoluto (obtida a partir de MA).

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Além das excentricidades iniciais nas extremidades do pilar, precisa ser realizada
uma análise dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo do seu eixo. Normalmente, em pilares
de edifícios, os máximos momentos iniciais ocorrem em suas extremidades e os máximos
momentos de 2ª ordem ocorrem em suas seções intermediárias. Por esse motivo, deve-se
considerar uma excentricidade inicial na seção intermediária (meio do vão) do pilar, dada
por:

e1,c  0,6  e1, A  0,4  e1, B  0,4  e1, A (15)

sendo que o sinal de e1,B é obtido com o mesmo raciocínio aplicado à determinação do
coeficiente  b (conforme apresentado no item 7.0): positivo se MB tracionar a mesma face
que MA e negativo em caso contrário, conforme Figura 10.
A NBR 6118:2014, embora não mencione explicitamente a excentricidade inicial a
ser adotada para a seção intermediária, adota o mesmo procedimento mostrado
anteriormente.

Figura 10: Extremidades iniciais nas seções de extremidade e na seção intermediária.

9.2 – Excentricidade de Forma ( e f )

Em edifícios, as posições das vigas e dos pilares dependem fundamentalmente do


projeto arquitetônico. Assim, é comum em projetos a coincidência entre faces (internas ou
externas) das vigas com as faces dos pilares que as apóiam.

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Quando os eixos baricêntricos das vigas não passam pelo centro de gravidade da
seção transversal do pilar, as reações das vigas apresentam excentricidades que são
denominadas excentricidades de forma. A Figura 11 apresenta exemplos de excentricidades
de forma em pilares intermediários, de borda (extremidade) e de canto.

Figura 11: Exemplos de excentricidades de forma em pilares.

As excentricidades de forma, de maneira geral, quando se fazem os projetos de


estruturas de edifícios sem assistência de programas computacionais elaborados para este
fim, não são consideradas no dimensionamento dos pilares. O momento fletor produzido
pelas excentricidades no nível de cada andar é equilibrado por um binário, produzindo, em
cada piso, pares de forças de sentidos contrários e de mesma ordem de grandeza, que
tendem a se anular (Figura 11A). No nível da fundação, a não consideração da
excentricidade de forma se justifica pelas elevadas forças normais atuantes, cujos
acréscimos de excentricidades são pequenos, não alterando os resultados do
dimensionamento. No nível da cobertura, os pilares são poucos solicitados e dispõem de
uma armadura mínima capaz de absorver o acréscimo de esforços causados pelas
excentricidades de forma, não sendo necessário, portanto, considerá-la.
Programas computacionais elaborados para análise estrutural e dimensionamento
com os critérios dos estados limites últimos e verificações de aberturas de fissuras e
deslocamentos com os critérios dos estados limites de serviço, consideram as
excentricidades de forma.

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Figura 11A: Excentricidades de forma e binários correspondentes.

9.3 – Imperfeição Geométrica Local - Excentricidade Acidental ( ea )

Na análise local de elementos isolados de estruturas reticuladas, nesse caso a


verificação de um lance de pilar, a NBR 6118:2014 (item 11.3.3.4.2) prevê a consideração
de uma excentricidade acidental ( ea ) para levar em consideração as imperfeições

geométricas locais por ocasião da construção dos pilares. As imperfeições podem ser a falta
de retilineidade do eixo do pilar ou o desaprumo (Figura 12).

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Figura 12: Imperfeições geométricas locais em pilares.

Conforme a NBR 6118/2014, admite-se que, nos casos usuais (e a norma não faz
nenhuma referência ao que seria um caso usual), a consideração apenas a falta de
retilineidade do pilar é suficiente com relação à verificação da segurança estrutural. Assim
a excentricidade acidental pode ser obtida a partir das seguintes expressões:


ea  1  (16)
2

1
1   1mín (17)
100  

Onde:
 1 é o desaprumo de um elemento vertical contínuo;
  é o comprimento equivalente do pilar na direção considerada, em metros;

 1mín  1 para imperfeições locais;


300

 1máx  1 .
200
Para pilares em balanço, obrigatoriamente deve ser considerado o desaprumo, dado
pela expressão abaixo. Essa expressão também pode ser utilizada para calcular a
excentricidade acidental nas seções de extremidade.

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ea  1   (18)

Para pilares isolados em balanço, deve-se adotar 1 = 1/200.

9.4 – Excentricidade Mínima de Primeira Ordem ( e1mín )

A NBR 6118:2014 estabelece ainda que para o dimensionamento o momento total


de 1ª ordem, precisa respeitar o valor mínimo (já apresentado anteriormente), dado por:

M 1d ,mín  N d  0.015  0,03  h   N d  e1mín (19)

e1mín  0.015  0,03  h (20)

onde:
 Nd é a força normal de cálculo;
 h é a altura medida na direção considerada, em metros;
 M 1d ,mín é o momento total de 1ª ordem mínimo a ser considerado no

dimensionamento;
 e1mín é a excentricidade mínima de primeira ordem.

A NBR 6118:2014 estabelece ainda que nas estruturas reticuladas usuais (e mais
uma vez a norma não faz nenhuma referência ao que seria um caso usual) admite-se que o
efeito das imperfeições locais esteja atendido se for respeitado esse valor de momento total
mínimo. A este momento devem ser acrescidos os momentos de 2ª ordem definidos na
Seção 15 desta norma.
No caso de pilares submetidos à flexão oblíqua composta (pilares de canto), esse
mínimo deve ser respeitado em cada uma das direções principais, separadamente; isto é, o
pilar deve ser verificado sempre à flexão oblíqua composta onde, em cada verificação, pelo
menos um dos momentos respeita o valor mínimo indicado.
Um texto específico sobre a consideração do momento mínimo de primeira ordem
será apresentado separadamente destas notas de aula.

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9.5 – Excentricidade de Fluência ou Suplementar ( ec )

A fluência, ou seja, o acréscimo de deformações no concreto ao longo do tempo sob


a aplicação de uma tensão constante gerada pelas ações permanentes, gera esforços
adicionais no lance de pilar em virtude do aumento de deslocamentos.
A excentricidade suplementar leva em conta o efeito da fluência. A consideração da
fluência é complexa, pois o tempo de duração de cada ação tem que ser levado em conta,
ou seja, o histórico de cada ação precisaria ser conhecido.
De acordo com a NBR 6118:2014, item 15.8.4, a consideração da excentricidade de
fluência deve ser obrigatoriamente considerada em pilares com índice de esbeltez λ > 90
(pilares esbeltos e muito esbeltos). O valor dessa excentricidade ecc , em que o índice c

refere-se a “creep” (fluência, em inglês), pode ser obtida de maneira aproximada pela
seguinte expressão:

  N sg
 M sg   
ecc    ea    2,718  1
N e  N sg
(21)
N 
 sg   

Onde:
10  Eci  I c
 Ne   é a carga crítica de Euler;
 2e
 Nsg e Msg são os esforços solicitantes característicos para a combinação quase
permanente;
 ea é a excentricidade acidental;

  é o coeficiente de fluência;
 Eci módulo de elasticidade inicial do concreto;
 Ic é o momento de inércia da seção de concreto segundo a direção do carregamento
analisado;
  e é o comprimento equivalente do tramo do pilar.

A parcela de momento gerada a partir da consideração da fluência, deve ser somada


ao momento de 1ª ordem.

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9.6 – Excentricidade de Segunda Ordem ( e2 )


A força normal atuante no pilar, sob as excentricidades de 1ª ordem, provoca o
fenômeno da flambagem, que causa deformações que dão origem a uma nova
excentricidade, denominada excentricidade de 2ª ordem, podendo causar uma instabilidade
da peça.
A determinação dos efeitos locais de 2ª ordem, segundo a NBR 6118:2014 (item
15.8.3), em barras submetidas à flexo-compressão normal, pode ser feita pelo método geral
(processo exato) ou por métodos aproximados.
Os métodos adotados pela NBR 6118:2014 para determinação dos efeitos locais de
2ª ordem são apresentados a seguir.

10.0 – Cálculo dos Efeitos de 2ª Ordem Segundo a NBR 6118:2014


Para determinação dos efeitos locais de 2ª ordem, existem diversos métodos que
apresentam razoável precisão quando aplicados às situações específicas. Assim, os métodos
mais simplificados servem apenas para algumas situações e os mais rigorosos, aplicam-se
para todas as situações, mas que dependem de um trabalho numérico, muitas vezes só
possível de ser executado com o auxílio de programas computacionais específicos.

10.1– Método Geral – processo exato (NBR 6118/2014 item 15.8.3.2)


O método consiste em estudar o comportamento da barra à medida que se dá o
aumento do carregamento ou de sua excentricidade. O método geral é aplicável a qualquer
tipo de pilar, inclusive nos casos em que as dimensões da peça, a armadura ou a força
aplicada são variáveis ao longo do seu comprimento.
O método geral justifica sua utilização pela qualidade dos seus resultados, que
retratam com maior precisão o comportamento real da estrutura, pois consiste na análise
não-linear de segunda ordem efetuada com discretização adequada da barra, considerando a
relação momento-curvatura real de cada seção, e considerando a não-linearidade
geométrica de maneira não aproximada.
O método geral deve ser empregado obrigatoriamente para pilares muito esbeltos (λ
> 140), mas por ser geral também pode ser aplicado nos casos em que o índice de esbeltez

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seja menor. Esse método só pode ser aplicado com o auxílio de uma ferramenta
computacional adequada.

10.2 – Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada (NBR 6118/2014 item


15.8.3.3.2)
O método do pilar padrão com curvatura aproximada é permitido para pilares de
seção constante e de armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo e λ ≤ 90. A não-
linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a configuração
deformada da barra seja senoidal. A não-linearidade física é considerada através de uma
expressão aproximada da curvatura na seção crítica (seção transversal que apresenta maior
valor de momento fletor levando em conta os momentos de 1ª e 2ª ordens). A
excentricidade de 2ª ordem e2 é dada por:

 2e 1
e2   (22)
10 r

1
sendo a curvatura na seção crítica, que pode ser avaliada pela expressão aproximada:
r

1 0,005 0,005 Nd
  e d  (23)
r h   d  0,5 h b  h  f cd

Onde:
 h é a altura da seção medida na direção considerada;
  d é o esforço normal adimensional de cálculo.

O momento total máximo no pilar, ou seja, a soma dos momentos de 1ª ordem com
os momentos de 2ª ordem, é calculado pela seguinte expressão:
 2e 1
M d ,tot   b  M 1d , A  N d    M 1d , A e M 1d , A  M 1d ,mín (24)
10 r
Onde:
  b é o mesmo coeficiente definido no item 7.0;

 M 1d , A é o valor do momento de cálculo de 1ª ordem MA;

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10.3 – Método do Pilar-Padrão com Rigidez к Aproximada (NBR 6118/2014 item


15.8.3.3.3)
O presente método pode ser empregado no dimensionamento de pilares com λ ≤ 90,
com seção constante e armadura simétrica e constante ao longo do seu eixo. A não-
linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformada da
barra seja senoidal. A não-linearidade física é considerada por uma expressão aproximada
da rigidez.
O valor de cálculo do momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da
majoração do momento de 1ª ordem pela expressão:

 b  M 1d , A  M 1d , A 
M Sd ,tot    (25)
2  M 1d ,mín 
1

120 
d
sendo o valor da rigidez adimensional  dado aproximadamente pela expressão:
 M Rd ,tot 
  32  1  5    d (26)
 h  N d 

Em um processo de dimensionamento, toma-se MRd,tot = MSd,tot. Em um processo de


verificação, onde a armadura é conhecida, MRd,tot é o momento resistente calculado com
essa armadura e Nd = NSd = NRd.
As demais variáveis possuem o mesmo significado do método anterior. Usualmente,
2 ou 3 iterações são suficientes quando se optar por um processo iterativo, já que o valor de
M Sd ,tot depende к, e vice-versa. Contudo, uma solução analítica pode ser obtida a partir da

substituição da equação (25) na expressão (26), em um processo de dimensionamento, recai


na seguinte formulação:

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10.4 – Método do Pilar-Padrão acoplado a Diagramas M, N, 1/r (NBR 6118/2014 item


15.8.3.3.4)
A determinação dos esforços locais de 2ª ordem em pilares com λ ≤ 140 pode ser feita
pelo método do pilar-padrão ou pilar-padrão melhorado, utilizando-se para a curvatura da
seção crítica os valores obtidos de diagramas M, N, 1/r específicos para o caso.
Se λ > 90, é obrigatória a consideração dos efeitos da fluência.

10.5 – Método do Pilar-Padrão para Pilares de Seção Retangular Submetidos à


Flexão Composta Oblíqua (NBR 6118/2014 item 15.8.3.3.5)
Quando a esbeltez de um pilar de seção retangular submetido à flexão composta
oblíqua for menor ou igual a 90 (λ ≤ 90) nas duas direções principais, podem ser aplicados
os processos aproximados descritos nos itens 10.2, 10.3 e 10.4, simultaneamente, em cada
uma das duas direções.
A amplificação dos momentos de 1ª ordem em cada direção é diferente, pois
depende de valores distintos de rigidez e esbeltez.
Uma vez obtida a distribuição de momentos totais (1ª e 2ª ordens), em cada direção,
deve ser verificada, para cada seção ao longo do eixo, se a composição desses momentos
solicitantes fica dentro da envoltória de momentos resistentes para a armadura escolhida.
Essa verificação pode ser realizada em apenas três seções: nas extremidades A e B e em um
ponto intermediário onde se admite atuar concomitantemente os momentos Md,tot nas duas
direções (x e y).

11.0 – Situações de Projeto e de Cálculo dos Pilares


As situações de projeto dos pilares dependem apenas de sua posição em relação à
estrutura e dos esforços iniciais nos mesmos. Portanto, conforme mencionado no item 4.0, a
situação de projeto dos pilares intermediários é de compressão centrada, dos pilares de
extremidade é de flexão composta normal e dos pilares de canto é de flexão composta
oblíqua.
Nas situações de cálculo, ou seja, as admitidas para o dimensionamento, além das
excentricidades iniciais da situação de projeto, devem ser consideradas as excentricidades

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 26


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que levam em conta efeitos adicionais, tais como as imperfeições geométricas, os efeitos de
2ª ordem e os efeitos da fluência do concreto.

11.1 – Seções de Extremidade e Seções Intermediárias de Pilares


No dimensionamento, além das seções das extremidades, também precisam ser
analisadas as seções intermediárias do pilar.
Para compreender as diferentes situações em que se encontram essas duas seções,
pode-se partir de uma estrutura de nós indeslocáveis, onde os nós extremos de um pilar não
têm deslocamentos horizontais, pois os mesmos podem ser considerados fixos nas vigas
dos pavimentos. Os pavimentos constituídos por lajes e vigas funcionam como um
diafragma horizontal impedindo, assim, os deslocamentos no seu plano.
Entretanto, em uma seção intermediária do pilar, existem deslocamentos de 2ª
ordem, que precisam ser considerados no projeto. Por outro lado, as excentricidades iniciais
nas seções intermediárias são menores que as das seções extremas (pois os momentos
solicitantes iniciais são menores).
As situações de cálculo nas seções de extremidade e na seção intermediária
precisam ser consideradas separadamente, as resistências destas seções precisam ser
verificadas separadamente e a área de armadura a ser adotada na transversal seção, será a
maior entre as verificações das várias seções.

a) Pilares curtos: λ ≤ λ1
Quando λ < λ1, os efeitos locais de 2ª ordem podem ser desprezados em cada
direção analisada. Somando-se a excentricidade inicial e a relativa à falta de retilinidade
(excentricidade acidental), geram-se as situações de cálculo para esses pilares.

b) Pilares medianamente esbeltos: λ1 < λ ≤ 90


Nos casos de projetos de pilares em λ > λ1, os efeitos locais de 2ª ordem precisam
ser obrigatoriamente considerados. A determinação dos efeitos de 2ª ordem pode ser feita
por métodos aproximados, como o método do pilar padrão. Os efeitos da fluência do
concreto podem ser desprezados nos pilares medianamente esbeltos (λ1 < λ ≤ 90). A
excentricidade de 2ª ordem pode ser vista na Figura 13.

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Figura 13: Excentricidades iniciais e de segunda ordem em pilares.

Lembra-se, novamente, que nas seções de extremidade não se incluem os efeitos de


2ª ordem, devendo considerá-los apenas na seção intermediária.
Somando as excentricidades, geram-se as situações de cálculo para esses tipos de
pilares.

c) Pilares esbeltos: 90 < λ ≤ 140


Para λ ≥ 90 é obrigatória a consideração dos efeitos da fluência do concreto,
efetuada por meio de uma excentricidade ecc. A determinação dos efeitos locais de 2ª ordem
pode ser feita pelo método do pilar padrão ou pilar padrão melhorado, utilizando-se para a
curvatura da seção crítica valores obtidos dos diagramas de momento fletor, força normal e
curvatura ( M  N  1 r ) específica para o caso.

d) Pilares muito esbeltos: 140 < λ ≤ 200


Uma classificação adicional pode ser feita para pilares que apresentam índices de
esbeltez compreendidos entre 140 < λ ≤ 200, denominados muito esbeltos. Neste caso, para
a consideração dos efeitos de 2ª ordem, deve-se recorrer ao Método Geral, que consiste na
análise não-linear de 2ª ordem efetuada com discretização adequada da barra, considerando
a relação momento-curvatura real em cada seção e a não-linearidade geométrica de maneira
não aproximada, conforme mencionado anteriormente.

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12.0 – Disposições Construtivas dos Pilares Segundo a NBR 6118:2014


De uma forma geral, entende-se que um projeto consistente não se limita a um
cálculo preciso das solicitações e das dimensões dos elementos estruturais. Além disso,
devem ser tomadas algumas medidas que facilitem a execução dos elementos estruturais,
possibilitando uma maior uniformidade na concretagem da estrutura.
Nesse sentido, deve-se especificar dimensões mínimas para as seções transversais
da peças estruturais, bem como limitar a taxa geométrica de armadura a um valor máximo
compatível com uma boa concretagem.
A seguir, são apresentadas as disposições construtivas recomendadas na NBR
6118:2014 para o detalhamento dos pilares de concreto armado.

12.1 – Cobrimento da Armadura

Para atender aos requisitos estabelecidos na NBR-6118: 2014, o cobrimento mínimo


da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento
considerado.
Para garantir o cobrimento mínimo (Cmín) o projeto e a execução devem considerar
o cobrimento nominal (Cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de
execução (Δc). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os
cobrimentos nominais, estabelecidos na tabela 4, para Δc = 10 mm.
Os cobrimentos nominais exigidos na Norma (item 7.4.7.6) são dados em função da
classe de agressividade ambiental. No caso dos pilares, os cobrimentos nominais exigidos
são indicados na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Cobrimentos nominais em função da classe de agressividade, para Δc = 10 mm.


Classe de Agressividade I II III IV
Cobrimento Nominal (mm) 25 30 40 50

Em qualquer caso, o cobrimento nominal de uma determinada barra não deve ser
inferior ao diâmetro da própria barra. No caso de feixes de barras, esse cobrimento não
deve ser inferior ao diâmetro equivalente do feixe.

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12.2 – Armadura Longitudinal dos Pilares


As barras da armadura longitudinal devem estar bem distribuídas ao longo da
periferia da seção, ou, em caso de pilares retangulares, nas situações de flexão composta
normal reta e oblíqua, devem ser dispostas conforme a configuração de barras adotadas no
processo de dimensionamento. Geralmente, são colocadas simetricamente em faces
opostas.
As armaduras longitudinais colaboram para resistência à compressão, diminuindo a
seção do pilar, e também resistem às tensões de tração. Além disso, têm a função de
diminuir as deformações do pilar, especialmente as decorrentes da retração e da fluência.

12.3 - Armadura Longitudinal Mínima


A ruptura frágil das seções de concreto, quando da formação da primeira fissura,
deve ser evitada, considerando-se, para o cálculo das armaduras um momento mínimo dado
pelo valor correspondente ao que produziria a ruptura do concreto simples.
De acordo com a NBR 6118:2014, em seu item 17.3.5.3.1, a armadura longitudinal
mínima de um pilar deve ser obtida a partir da seguinte expressão:

Nd
Asmín  0,15   0,004  Ac (27)
f yd

As
Definindo a taxa geométrica de armadura como sendo   , temos então que a
Ac

taxa geométrica mínima de armadura para os pilares pode ser escrita em função de  d

(esforço normal reduzido de cálculo):

f cd
 mín  0,15   d  0,4% (28)
f yd

12.4 - Armadura Longitudinal Máxima


A especificação de valores máximos para as armaduras decorre da necessidade de se
assegurar condições de ductilidade e de se respeitar o campo de validade dos ensaios que
deram origem às prescrições de funcionamento do conjunto concreto-aço.

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De acordo com a NBR 6118:2014, em seu item 17.3.5.3.2, a maior armadura


possível em pilares deve ser de 8% da seção real de concreto, considerando-se inclusive a
sobreposição de armaduras existente nas regiões de emenda por traspasse das barras (Figura
14), com isso temos:

8
Asmáx   Ac (29)
100

A taxa geométrica de armadura máxima é tomada como sendo igual a  máx  8% .

Figura 14 – Limitações da taxa de geométrica de armadura na região de emendas por


traspasse.
12.5 - Diâmetro Mínimo e Máximo das Barras
O diâmetro mínimo das barras longitudinais (   ) dos pilares não deve ser inferior a

10 mm e nem superior a 1 8 da menor dimensão da seção transversal do pilar, ou seja:

10mm     b (30)
8
12.6 - Distribuição das Armaduras na Seção Transversal do Pilar
As armaduras longitudinais devem ser dispostas na seção transversal de forma a
garantir a adequada resistência do elemento estrutural. Em seções poligonais, deve existir
pelo menos uma barra em cada vértice e em seções circulares, no mínimo seis barras
distribuídas ao longo do perímetro. A Figura 15 apresenta o número mínimo de barras para
alguns tipos de seção.

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 31


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Figura 15 – Número mínimo de barras nas seções de pilares.

12.7 - Espaçamento Mínimo e Máximo entre as Barras Longitudinais


Para garantir adequada concretagem é necessário que o concreto tenha um mínimo
de espaço para passar entre as armaduras longitudinais. Por esse motivo impõem-se
limitações ao espaçamento mínimo livre (a) entre as barras da armadura longitudinal.
O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no
plano da seção transversal, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores
(Figura 16):
 20 mm;
 Diâmetro da barra (   ), do feixe de barras ou da luva adotada na emenda;

 1,2  d máx ( d máx é a dimensão máxima do agregado graúdo).

Esses valores também se aplicam na região de emenda por traspasse.

Figura 16 – Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais.

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 32


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Quando estiver previsto no plano de concretagem o adensamento através de abertura


lateral na face da forma, o espaçamento das armaduras deve ser suficiente para permitir a
passagem do vibrador.
O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de barras,
deve ser menor ou igual a duas vezes a menor dimensão da seção no trecho considerado,
sem exceder 400 mm.

12.8 - Emendas das Barras Longitudinais por Traspasse


Em função do processo construtivo empregado para execução dos pilares, as barras
longitudinais desses elementos precisam ser emendadas ao longo de seu comprimento. As
emendas das barras podem ser feitas por traspasse, por solda ou através de luvas
rosqueadas. Dentre esses tipos, a emenda por traspasse é predominantemente mais usada
nas obras correntes, por seu menor custo, além da facilidade na montagem das barras da
armadura na construção.
Nas emendas por traspasse as forças são transferidas das armaduras para o concreto,
e vice-versa, através das tensões de aderência.
A NBR 6118:2014 recomenda que a emenda por traspasse seja evitada para barras
de diâmetros maiores que 32 mm.
O comprimento de traspasse nas barras longitudinais comprimidas é determinado
pela seguinte expressão:

 0 c   b,nec   0 c,mín (31)

O valor de  0 c,mín é o maior entre os seguintes casos:

 20cm

 0 c ,mín   15  
0,6  
 b

O valor de  b,nec é dado pela seguinte expressão:

As ,nec
 b,nec   1   b    b,mín (32)
As ,ef

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O valor de  1 é igual a 1 para barras sem gancho, e As,ef é a área de aço usada
efetivamente no detalhamento, enquanto As,nec é a área de aço necessária.
O valor de  b,mín é o maior entre: 0,3   b , 10   e 100 mm.

O comprimento de ancoragem básico é dado por:

 f yd
b   (33)
4 f bd
A resistência de aderência de cálculo (fbd) entre armadura e concreto na ancoragem
de armaduras passivas deve ser obtida pelas seguintes expressões (NBR 6118:2007, item
9.3.2.1), para aço CA-50:

f bd  0,3375  3 f ck2 (para situação de boa aderência) (34)

f bd  0,2363  3 f ck2 (para situação de má aderência) (35)

Recomenda-se que as emendas das barras sejam feitas no terço inferior ou superior
da altura do pilar, pois, em caso de ocorrência de efeito de segunda ordem, o momento
máximo, na região central da altura do pilar, não romperá a emenda. O ideal é que a
emenda seja feita no nível de cada pavimento e, dessa forma, o tamanho final de uma barra
(para um lance do pilar) será igual à distância de piso a piso somado ao comprimento da
emenda (Figura 17).
Quando a seção do pilar sofre uma redução, como na figura 17-b, as barras do tramo
inferior do pilar devem ser ligeiramente dobradas para dentro, de modo a se efetuar a
emenda. Se a redução na seção for maior grande, provocando grandes inclinações nessas
dobras, deve-se empregar chumbadores (barras complementares) que servirão de arranque
para a parte superior do pilar, como indicado na figura 17-c.
Devido à pressão de ponta, as barras que terminam em locais próximos da superfície
(laje da cobertura por exemplo), devem ser dobradas ou cortadas a uma distância de
4     5 cm abaixo da face superior da viga ou laje, de modo a evitar o rompimento da

capa de concreto.

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 34


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Figura 17 – Emendas das longitudinais.

12.9 – Armadura Transversal dos Pilares


A armadura transversal de pilares, constituída por estribos e, quando for o caso, por
grampos suplementares, deve ser colocada em toda a altura do pilar, sendo obrigatória sua
colocação na região de cruzamento com vigas e lajes.
Os estribos têm as seguintes funções:
 Garantir o posicionamento e impedir a flambagem das barras longitudinais;
 Garantir a costura das emendas de barras longitudinais;
 Confinar o concreto e obter uma peça mais resistente ou dúctil.

12.10 – Diâmetro dos Estribos


Segundo a NBR 6118:2014 (item 18.4.3), o diâmetro dos estribos em pilares não
deve ser inferior a 5 mm nem a 1/4 do diâmetro da barra isolada ou do diâmetro equivalente
do feixe que constitui a armadura longitudinal, ou seja:

5,0mm

t  
 
 4

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 35


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12.11 – Espaçamento Longitudinal dos Estribos


O espaçamento longitudinal entre os estribos, medido na direção do eixo do pilar,
para garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais e garantir a
costura das emendas de barras longitudinais nos pilares usuais, deve ser igual ou inferior ao
menor dos seguintes valores:
 200 mm;
 Menor dimensão da seção;
 24    para CA-25 e 12    para CA-50 (  é o diâmetro da barra longitudinal).


Os estribos podem apresentar diâmetro t  desde que as armaduras sejam
4
constituídas do mesmo tipo de aço e o espaçamento longitudinal respeite também a
seguinte limitação:

 t2  1
S máx  90.000     (fyk em MPa) (36)
   f yk

A Figura 18 indica, resumidamente, os valores dos espaçamentos máximos e


mínimos das armaduras transversais e longitudinais recomendados pela NBR 6118:2007.

Figura 18 – Principais recomendações para os espaçamentos entre as armaduras do pilares.

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 36


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12.12 – Proteção Contra Flambagem das Barras (NBR 6118:2014 – item 18.2.4)
Sempre que houver possibilidade de flambagem das barras da armadura, situadas
junto à superfície do elemento estrutural, devem ser tomadas precauções para evitá-la.
Os estribos poligonais impedem a flambagem das barras longitudinais situadas em
seus cantos e as por eles abrangidas, situadas no máximo à distância de 20  t do canto,

desde que nesse trecho de comprimento 20   t não existam mais de duas barras, não

contando a do canto. Quando houver mais de duas barras no trecho de comprimento 20  t

ou barras fora dele, deve haver estribos suplementares

Figura 19 – Proteção contra a flambagem das barras longitudinais.

Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em ganchos
(90º a 180º), ele deve atravessar a seção do elemento estrutural e os seus ganchos devem
envolver a barra longitudinal. Se houver mais de uma barra longitudinal a ser protegida
junto à extremidade do estribo suplementar, seu gancho deve envolver um estribo principal
em ponto junto a uma das barras, o que deverá ser indicado no projeto de modo bem
destacado (Figura 20).

Figura 20 – Posicionamento dos ganchos dos estribos suplementares.

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 37


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12.13 – Desenho da Armação dos Pilares


Na Figura 21, indica-se um desenho típico de armação para os pilares dos edifícios.
No térreo são representadas as barras de espera do pilar. Os comprimentos das emendas
indicados são iguais ao valor de  0 c   b ,nec   0c ,mín correspondente a um concreto com fck

= 20MPa. Na passagem do segundo para o terceiro pavimento não houve variação das
dimensões do pilar. Porém, a armadura sofreu uma redução. O detalhamento é continuado
de forma análoga, até o último pavimento do edifício.

Figura 21 – Desenho de armação dos pilares.

13.0 – Estimativa de Carga Vertical nos Pilares e Pré-dimensionamento


Durante o desenvolvimento e desenho da planta de fôrma é necessário definir as dimensões
dos pilares, antes mesmo que se conheçam os esforços solicitantes atuantes.
Alguns processos podem ser utilizados para a fixação das dimensões dos pilares, entre eles
a experiência do engenheiro. Um processo simples, que auxilia na definição das dimensões do pilar,
é a estimativa da carga vertical no pilar pela sua área de influência, ou seja, a carga que estiver na
laje dentro da área de influência do pilar “caminhará” até o pilar. A Figura 22 mostra como se pode,
de modo simplificado, determinar a área de influência de cada pilar.

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No entanto, é necessário ter um valor que represente a carga total por metro quadrado de
laje, levando-se em conta todos os carregamentos permanentes e variáveis. Para edifícios de
pequena altura, com fins residenciais e de escritórios, pode-se estimar a carga total de 10 kN/m².
Edifícios com outros fins de utilização podem ter cargas superiores e edifícios onde a ação do vento
é significativa, a carga por metro quadrado deve ser majorada.
É importante salientar que a carga estimada serve apenas para o pré-dimensionamento da
seção transversal dos pilares. O dimensionamento final deve ser obrigatoriamente feito com os
esforços solicitantes reais, calculados em função das cargas (reações) das vigas e lajes sobre o pilar,
e com a atuação das forças do vento e outras que existirem.

Figura 22: Processo simplificado para determinação da área de influência dos pilares.

Para o pré-dimensionamento, no caso de seções retangulares, como estimativa inicial para a


menor dimensão da seção transversal (b) recomenda-se os seguintes valores:
 b > 14 a 19 cm - obras até 2 pavimentos;
 b > 15 a 20 cm - obras até 4 pavimentos;
 b > 20 a 30 cm - obras até 12 pavimentos.

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A outra dimensão, conhecido o valor estimado do esforço normal, pode-se


determinar a partir da expressão (37) considerando o valor adimensional reduzido  entre
1,0 e 1,2.
(37)

Nos casos mais comuns dos projetos usuais, pode-se ajustar as dimensões das
seções transversais tomando como referência os valores de , conforme mostrado na Figura
23.

Figura 23: Valores de referência de esforço normal reduzido para ajuste da seção transversal.

Obviamente o método exposto trata-se de um procedimento aproximado e existem


inúmeros outros processos aproximados na literatura técnica, os quais servem de parâmetro inicial.
Posteriormente devem ser realizados todos os cálculos pertinentes ao dimensionamento dos pilares.

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Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), “NBR 6118:2014 - Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento”, Rio de Janeiro, 2014.
ALVA, G. M. S., DEBS, A. L. H. C., GIONGO, J. S., Concreto armado: projeto de pilares de
acordo com a NBR 6118:2003 – Notas de Aula, São Carlos-SP, 2008.
BASTOS, P. S. S., Pilares de Concreto Armado – Notas de Aula, Bauru-SP, 2017.
CARVALHO, R. C. & PINHEIRO, L. P., “Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto
armado”, Vol. 2, Ed. Pini, 589 p., São Paulo, 2009.
COVAS, N. C. & KIMURA, A. E., “Efeitos locais de 2ª ordem em pilares”, São Paulo, 2003.
FRANÇA, R. L. S., “Contribuição ao estudo dos efeitos de segunda ordem em pilares de concreto-
armado”, Tese de doutoramento, São Paulo, 1991.
FUSCO, P. B., “Estruturas de Concreto – Solicitações Normais”, LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora, Rio de Janeiro, 1981.
FUSCO, P. B., “Técnica de armar as estruturas de concreto”, Ed. Pini, 396 p., São Paulo, 1995.
IBRACON, “Comentários Técnicos e Exemplos de Aplicação NB-1”, Comitê Técnico Concreto
Estrutural, São Paulo, 2007.
IBRACON, “Comentários Técnicos e Exemplos de Aplicação NB-1”, Comitê Técnico Concreto
Estrutural, São Paulo, 2015.
KIMURA, A. E., Cálculo de Pilares de Concreto Armado – Introdução, Visão e Exemplos –
Apostila, São Paulo, 2017.
MACGREGOR, J. G & WIGHT, J. K., “Reinforced Concrete: Mechanics and Design”, Pearson -
Prentice Hall, New Jersey, 2005.

Além dessas referências bibliográficas citadas anteriormente, este material foi


elaborado a partir de diversos trabalhos disponíveis na Internet, desenvolvidos por:
 Profa .Dra. Ana Lúcia Homce de Cresce El Debs;
 Prof.Dr. José Samuel Giongo;
 Prof.Dr. Libânio Miranda Pinheiro;
 Eng.MsC. Murilo A. Scadelai;
 Eng.MsC. Gerson Moacyr Sisniegas Alva;
 Eng. Leonardo de Araujo dos Santos;
 Eng. Alio Ernesto Kimura;
 Prof.Dr. Ricardo L. Silva e França;
 Prof.Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos;

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 Prof. Dr. José Luiz Pinheiro Melges;


 Prof. Dr. José Milton de Araújo.

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