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Graduação em Engenharia Civil

Disciplina: Estruturas de Concreto, Obras de Arte e Projetos Viários

Introdução à Pilares
Introdução

Pilares são “Elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças
normais de compressão são preponderantes.” (NBR 6118/2014, item 14.4.1.2).

Pilares-parede são “Elementos de superfície plana ou casca cilíndrica, usualmente dispostos na


vertical e submetidos preponderantemente à compressão. Podem ser compostos por uma ou mais
superfícies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas superfícies a menor
dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seção transversal do elemento
estrutural.” (item 14.4.2.4).

Pilares
O dimensionamento dos pilares é feito em função dos esforços externos solicitantes
de cálculo, que compreendem as forças normais (Nd), os momentos fletores (Mdx e
Mdy) e as forças cortantes (Vdx e Vdy) no caso de ação horizontal.

2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE
Segundo a NBR 6118 (item 6.4.1), “A agressividade do meio ambiente está
relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto,
independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem
térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das
estruturas.”

Pilares
Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada
de acordo com o apresentado na Tabela 1 e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo
as condições de exposição da estrutura ou de suas partes (item 6.4.2).

Conhecendo o ambiente em que a estrutura será construída, o projetista estrutural


pode considerar uma condição de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela 1.

Pilares
Pilares
3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO

Conforme a NBR 6118 (item 7.4), a “... durabilidade das estruturas é altamente
dependente das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do
cobrimento da armadura.” Valores expressos na Tabela 2.

Pilares
ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA
Define-se cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsável
pela proteção da armadura num elemento. Essa camada inicia-se a partir da face mais
externa da barra de aço e se estende até a superfície externa do elemento em contato com o
meio ambiente. Em vigas e pilares é comum a espessura do cobrimento iniciar na face
externa dos estribos da armadura transversal, como mostrado na Figura 1.

Pilares
A NBR 6118 (item 7.4.7.1) define o cobrimento mínimo da armadura como “o menor
valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.”
Para garantir o cobrimento mínimo (cmín), o projeto e a execução devem considerar o
cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de
execução (∆c). As dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os
cobrimentos nominais

Nas obras correntes o valor de ∆ c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser
reduzido para 5 mm quando “houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de
tolerância da variabilidade das medidas durante a execução” das estruturas de concreto,
informado nos desenhos de projeto.
A Tabela 3 (NBR 6118, item 7.4.7.2) apresenta valores de cobrimento nominal com tolerância
de execução (∆c) de 10 mm, em função da classe de agressividade ambiental.

Pilares
Pilares
Estruturas de Nós Fixos e Móveis
São aquelas “quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por
decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a 10 % dos respectivos
esforços de 1a ordem), Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2a
ordem.”

No item 15.4.1 a NBR 6118 apresenta definições de efeitos globais, locais e localizados
de 2ª ordem: “Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se
horizontalmente. Os esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados
efeitos globais de 2a ordem. Nas barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos
eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2a ordem que, em princípio,
afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas.

Pilares
Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não
retilinidade maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de 2a
ordem maiores, chamados de efeitos de 2a ordem localizados (ver Figura 15.3).
O efeito de 2a ordem localizado, além de aumentar nessa região a flexão longitudinal,
aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade de aumentar a armadura
transversal nessas regiões.” (ver Figura ).

Efeitos de 2a ordem localizados (NBR 6118).

Pilares
b) Estruturas de nós móveis
São “aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em decorrência,
os efeitos globais de 2a ordem são importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforços de
1a ordem). Nessas estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2a ordem globais
como os locais e localizados

Pilares contraventados e elementos de contraventamento (FUSCO, 1981).

Pilares
Estruturas de nós fixos e móveis (FUSCO, 1981).

Pilares
Excentricidade de 1a Ordem
A excentricidade de 1a ordem (e1) é devida à possibilidade de ocorrência de momentos fletores externos
solicitantes, que podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto teórico de aplicação da
força normal não estar localizado no centro de gravidade da seção transversal, ou seja, existência da excentricidade
inicial a, como indicada na Figura .
Considerando a força normal N e o momento fletor M (independente de N), a Figura mostra os casos
possíveis de excentricidade de 1a ordem.

Casos de excentricidade de 1a ordem.

Pilares
Excentricidade Acidental
“No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, dever ser considerado o efeito do
desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar [...]. Admite-se que, nos casos usuais de estruturas
reticuladas, a consideração apenas da falta de retilinidade ao longo do lance de pilar seja suficiente.”
(NBR 6118, 11.3.3.4.2). A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelo ângulo 𝜃1 :

com: H = altura do lance, em metro, conforme


mostrado na Figura
1mín = 1/300 para estruturas reticuladas e
imperfeições locais;
1máx  = 1/200

Imperfeições geométricas locais.


Pilares
A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ângulo 𝜃 1

Excentricidade de 2a Ordem

“A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das barras,
devendo ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos das
barras comprimidas, de acordo com o prescrito em 15.8. Os elementos isolados, para fins de
verificação local, devem ser formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com
comprimento le , de acordo com o estabelecido em 15.6, porém aplicando-se às suas
extremidades os esforços obtidos através da análise global de 2a ordem.” (NBR 6118, item
15.7.4).

Pilares
- Conforme a NBR 6118 (15.8.2), “Os esforços locais de 2a ordem em
elementos isolados podem ser desprezados quando o índice de esbeltez
for menor que o valor-limite 𝛌1 [...]. O valor de 𝛌 1 depende de diversos
fatores, mas os preponderantes são:
- a excentricidade relativa de 1a ordem e1 /h na extremidade do pilar
onde ocorre o momento de 1a ordem de maior valor absoluto;
- a vinculação dos extremos da coluna isolada;
- a forma do diagrama de momentos de 1a ordem.”

Pilares
Pilares
a) para pilares biapoiados sem cargas transversais atuantes:

MA é o momento fletor de 1ª ordem no extremo A do pilar (maior valor absoluto ao longo


do pilar bi apoiado);
MB é o momento fletor de 1ª ordem no outro extremo B do pilar (toma-se para MB o sinal
positivo se tracionar a mesma face que MA e negativo em caso contrário).

Pilares
b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:

𝛼𝑏=1

c) para pilares em balanço:

𝑀𝐶
𝛼𝑏= 0,8 + 0,2 ≥ 0,85
𝑀𝐴

Sendo: 0,85 ≤ 𝛼𝑏 ≤1,0

MA é o momento fletor de 1ª ordem no engaste;


MC é o momento fletor de 1ª ordem no meio do pilar em balanço.

Pilares
d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento
mínimo estabelecido em 11.3.3.4.3:

𝛼𝑏=1

ÍNDICE DE ESBELTEZ

O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de


giração, nas direções a serem consideradas (NBR 6118, 15.8.2):

Pilares
com o raio de giração sendo:

Para seção retangular o índice de esbeltez é:

onde:  = comprimento de flambagem;


e

i = raio de giração da seção geométrica da peça


(seção transversal de concreto, não se
considerando a presença de armadura);
I = momento de inércia;
A = área da seção;
h = dimensão do pilar na direção considerada.
Pilares
O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculações na base e
no topo, conforme os esquemas mostrados na Figura

Comprimento de flambagem.

Pilares
“Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando cada
elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos
demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam os esforços
obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de 1a ordem.” (NBR
6118, 15.6).

Assim, o comprimento equivalente (e), de flambagem, “do elemento comprimido


(pilar), suposto vinculado em ambas as extremidades, deve ser o menor dos seguintes
valores:

Pilares
com: o = distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que
vinculam o pilar
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;
 = distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.”

Pilares
Em função do índice de esbeltez, os pilares podem ser classificados como:

a) Pilar curto se 𝛌 ≤ 35;


b) Pilar médio se 35 < 𝛌 ≤ 90;
c) Pilar medianamente esbelto se 90 < 𝛌 ≤ 140;
d) Pilar esbelto se 140 < 𝛌 ≤ 200.

Pilares
DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM

De acordo com a NBR 6118 (15.8.3), o cálculo dos efeitos locais de 2a ordem pode ser feito
pelo Método Geral ou por métodos aproximados. O Método Geral é obrigatório para
elementos com 𝛌 > 140.
A norma apresenta diferentes métodos aproximados, sendo eles: método do pilar-padrão com
curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2)
método do pilar-padrão com rigidez Κ aproximada (15.8.3.3.3),
método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r (15.8.3.3.4)
método do pilar-padrão para pilares de seção retangular submetidos à flexão composta
oblíqua (15.8.3.3.5). Serão agora apresentados
os métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e com rigidez aproximada, que são
simples de serem aplicados no dimensionamento.

Pilares
SITUAÇÕES BÁSICAS DE PROJETO
Para efeito de projeto, os pilares dos edifícios podem ser classificados nos seguintes
tipos: pilares intermediários, pilares de extremidade e pilares de canto. A cada um desses tipos
básicos corresponde uma situação de projeto diferente.

Pilar Intermediário

Nos pilares intermediários considera-se a


compressão centrada na situação de projeto, pois
como as lajes e vigas são contínuas sobre o pilar,
pode-se admitir que os momentos fletores
transmitidos ao pilar sejam pequenos e
desprezíveis. Não existem, portanto, os momentos
fletores MA e MB de 1a ordem nas extremidades do
pilar.

Pilares
RELAÇÃO ENTRE A DIMENSÃO MÍNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAÇÃO
A NBR 6118 (item 13.2.3) impõe que “A seção transversal de pilares e pilares-parede maciços, qualquer que
seja a sua forma, não pode apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais, permite-se a
consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem os esforços solicitantes de
cálculo a serem considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional γn de acordo com o
indicado na Tabela 13.1 . Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior a
360 cm2.”, o que representa a seção mínima de 14 x 25,7 cm.
A Tabela apresenta o coeficiente adicional. É importante salientar que o texto indica que todos os esforços
solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por γn , ou seja, a força normal e os momentos fletores que
existirem.

Pilares
CÁLCULO DOS PILARES INTERMEDIÁRIOS
Roteiro de Cálculo
No pilar intermediário, devido à continuidade das vigas e lajes sobre o pilar, tem-se que os
momentos fletores de 1a ordem são nulos em ambas as direções do pilar
(MA = MB = 0), portanto, e1 = 0

a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo pode ser determinada como:

Pilares
Pilares
d) Momento de 2a ordem
Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

Pilares
Para flexão composta Normal (VENTURINI, 1987).

Pilares
Pilares
Exemplos Numéricos

Os exemplos numéricos a seguir são de pilares intermediários, biapoiados na base e no topo,


de nós fixos (contraventados) e sem forças transversais atuantes. Os cálculos serão feitos em
função dos momentos fletores solicitantes Os seguintes dados são comuns em todos os
exemplos: concreto C20; aço CA-50 ;
d’ = 4,0 cm ; coeficientes de ponderação: γc = γ f =1,4 e γ s = 1,15.

Pilares
Exemplo 1

Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na Figura , sendo


conhecidos:
Nk = 785,7 kN ; seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)
comprimento equivalente (de flambagem): ex = ey = 280 cm

Pilares
RESOLUÇÃO

Embora a armadura longitudinal resultará do cálculo segundo a direção de menor rigidez do pilar (dir. y), a título
de exemplo será demonstrado também o cálculo segundo a direção x.
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é Nd = γn . γ f . Nk = 1,0 . 1,4 . 785,7 = 1.100 kN
com γn determinado na Tabela 13.1, em função da largura da seção transversal do pilar. Tratando-se de um
pilar intermediário, não existem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem em ambas as direções do
pilar.

b) Índice de esbeltez

O índice de esbeltez deve ser calculado para as direções x e y, conforme os eixos mostrados na A fim de
padronizar e simplificar a notação, aqui considera-se a direção, e não o eixo do pilar, o que pode ser diferente de
considerações adotadas em outras disciplinas.

Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Direção X

Pilares
Pilares
Pilares
Exemplo 2

Este segundo exemplo é igual ao primeiro, com exceção da maior força normal de compressão. São conhecidos:

Nk = 1.071 kN
seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)
comprimento de flambagem:
ex = ey = 280 cm
coeficientes de ponderação:
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15

Pilares
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