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Análise estrutural.

Parte 2
Análise estrutural.

Considerações gerais
A análise estrutural implica na determinação da resposta da estrutura (esforços
internos, reações e deslocamentos) às ações e combinações de ações a ela impostas. A
análise estrutural (determinação de esforços e deslocamentos) depende das
características de rigidez e deformabilidade da estrutura, do comportamento das seções,
das imperfeições de fabricação e montagem, do comportamento das ligações e,
principalmente, da estabilidade dos elementos e da estrutura como um todo. (Souza,
2017)
Na análise estrutural, pode-se estabelecer o equilíbrio na posição inicial
indeslocada, que se denomina análise de primeira ordem, e se tem como resposta um
comportamento geometricamente linear. Outra possibilidade, mais apropriada para a
verificação da estabilidade, é considerar o equilíbrio da estrutura em uma posição
deslocada, neste caso tem-se uma resposta geometricamente não linear, sendo a análise
denominada análise não linear geométrica ou, se forma simplificada, análise de segunda
ordem. (Souza, 2017)
Análise estrutural.

Considerações gerais
Em estruturas de edifícios de múltiplos andares, ocorrem efeitos de 2º ordem
globais (denominados P-delta maiúsculo) e locais nos elementos constituintes
(denominados p-delta minúsculo). Esses efeitos são oriundos das forças verticais
multiplicadas pelos deslocamentos horizontais que geram esforços adicionais e alteram
os próprios deslocamentos, caracterizando um comportamento geométrico não linear.
(Souza, 2017)

Fonte: Resposta estrutural em função do modelo de análise. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Análise estrutural.

Análise estrutural: NBR 8800/2008 Item 4.9.4 Classificação


Em seu item 4.9.4 a NBR 8800/2008 classifica a estrutura quanto à deslocabilidade
em função da relação entre o deslocamento lateral de cada andar relativo à sua base,
obtida em análise de 2º ordem, e o deslocamento obtido em análise de 1º ordem para as
combinações de ações últimas pertinentes.
• Estrutura de pequena deslocabilidade quando a relação entre os deslocamentos em 2º
ordem e os deslocamentos em 1º ordem não ultrapassar 1,1 em todos os andares;

• Estrutura de média deslocabilidade quando essa relação estiver entre 1,1 e 1,4 em
pelo menos um dos andares;

• Estrutura de grande deslocabilidade quando a relação entre os deslocamentos de 2º


ordem e os deslocamentos em 1º ordem ultrapassar 1,4 em pelo menos um dos
andares.
A relação entre os deslocamentos de 1º e 2º ordem podem ser determinados de
forma aproximada pelo parâmetro B2.
Análise estrutural.

Análise linear de 1º ordem: NBR 8800/2008 Anexo D

Para estruturas de pequena deslocabilidade a análise estrutural pode ser


realizada em 1º ordem desde que sejam obedecidas as seguintes exigências:

• A força axial de cálculo, em cada uma das combinações últimas, em todas as barras que
participam do sistema de estilização lateral não deve superar 50% da força normal de
escoamento da seção transversal destas barras;

• As imperfeições geométricas devem ser incluídas na análise;

• Os efeitos de segunda ordem locais devem ser considerados na determinação dos


• esforços de cálculo nas barras da estrutura.

Cumpridas essa exigências para análise de 1º ordem o coeficiente de flambagem pode ser
K = 1 no dimensionamento das barras comprimidas.
Análise estrutural.

Análise linear de 1º ordem: NBR 8800/2008 Anexo D

Os esforços de cálculo finais das barras considerando os efeitos de 2ª ordem locais


podem ser obtidos majorando os esforços de 1ª ordem pelo parâmetro B1 dado por:

Em que:

NSd1 - Força axial de compressão solicitante de cálculo na barra considerada obtida em


análise de
1ª ordem;

Ne - Força axial de flambagem elástica com o comprimento real da barra; considerando se


for o
caso as imperfeições de material.
Análise estrutural.

Análise linear de 1º ordem: NBR 8800/2008 Anexo D


Cm - Coeficientes de uniformização de momentos fletores dado por:

Quando houver forças transversais entre as extremidades da barra no plano de flexão:

Quando não houver forças transversais entre as extremidades da barra no plano de flexão:

M1/M2 é a relação entre os módulos do menor e do maior momento fletor nas


extremidades da barra (estrutura Nt) que deve ser tomada positiva quando os
momentos provocarem curvatura reversa e negativa quando os momentos provocarem
curvatura simples. Momentos fletores de extremidades em sentidos contrários tracionam
o mesmo lado da seção e provocam curvatura reversa. Se a força axial nas barras for de
tração, deve ser considerado B1=1,00.
Análise estrutural.

Análise linear de 1º ordem: NBR 8800/2008 Anexo D

Fonte: Determinação de Cm e do sinal da relação Mnt,Sd,1 / Mnt,Sd,2. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Análise estrutural.

Coeficiente de amplificação B2: NBR 8800/2008 Anexo D


O coeficiente de amplificação B2 precisa ser calculado para todos os andares da
estrutura, ou seja, cada andar possui um coeficiente B2.

∑NSd - Somatório da força normal de cálculo nos pilares do andar considerado;

∑HSd – Força cortante no andar considerado produzida pelas forças horizontais de cálculo;

∆h - Deslocamento relativo entre os níveis superior e inferior de cada andar obtido em análise
de 1ª ordem;

Rm - Coeficiente de ajuste, 0,85 para estruturas aporticadas e 1 para os demais casos;

h - Altura do pavimento;
Análise estrutural.

Coeficiente de amplificação B2: NBR 8800/2008 Anexo D

Cada andar possui um coeficiente B2.

Seu valor é tanto maior quanto menor for a rigidez da estrutura a


deslocamentos laterais, isto é, quanto maior for a relação Δh/ΣHSd, e quanto
maiores forem as forças gravitacionais ΣPSd.

Em estruturas espaciais a análise estrutural deve ser feita em todos os planos de


trabalho.

Se a estrutura original for indeslocável lateralmente, o efeito global de


segunda ordem P-Δ não existirá. Assim, se a estrutura estiver sendo analisada pelo
MAES, não faz sentido dividi-la em estrutura nt e estrutura lt.
Análise estrutural.

Imperfeições iniciais geométricas: NBR 8800/2008 Item 4.9.7.1.1


Nas estruturas de pequena e média deslocabilidade, os efeitos das imperfeições
geométricas iniciais devem ser levados em conta diretamente na análise por meio da
consideração, em cada andar, de um deslocamento horizontal relativo entre os níveis inferior e
superior (interpavimento) de h/333, sendo h a altura do andar.

Alternativamente estes efeitos podem ser levados em conta pela aplicação, em cada
andar, de uma força horizontal fictícia (força nocional) igual a 0,3% do valor das cargas
gravitacionais de cálculo aplicadas em todos os pilares e outros elementos resistentes a
cargas verticais, no andar considerado. Não é necessário somá-las às reações horizontais de
apoio.

Os efeitos das imperfeições geométricas iniciais deverão ser considerados


independentemente em duas direções ortogonais em planta da estrutura. Esses efeitos podem
ser entendidos como um carregamento lateral mínimo. Entende-se aqui como carregamento
lateral mínimo o fato de não se considerar imperfeição geométrica nas combinações de ações
que contenham os carregamentos de vento.
Análise estrutural.

Imperfeições iniciais geométricas: NBR 8800/2008 Item 4.9.7.1.1

O efeito dessas imperfeições pode ser levado em conta substituindo-se os


deslocamentos interpavimentos pelas forças nocionais correspondentes.

Fonte: Imperfeições geométricas iniciais da estrutura. (Fonte: Fakury, Silva e Caldas, 2017).
Análise estrutural.

Imperfeições iniciais de material: NBR 8800/2008 Item 4.9.7.1.2

O efeito das imperfeições iniciais de material é o conjunto das


plastificações parciais no aço e da não linearidade do comportamento do
concreto, considerado na análise estrutural reduzindo a rigidez à flexão e a
rigidez axial de todas as barras para 80% dos valores originais.
Análise estrutural.

Método da amplificação dos esforços solicitantes (MAES): NBR 8800/2008 Anexo D

Para as estruturas de pequena deslocabilidade onde a análise em 1ª ordem não for


possível e nas estruturas de média deslocabilidade os esforços solicitantes finais de cálculo
devem ser obtidos em análise de 2ª ordem. É permitido qualquer método de análise
rigorosa, simplificada ou aproximada. É sugerido o método de amplificação de esforços
baseado nos coeficientes B1 e B2 que pode ser considerado uma aproximação aceitável
para os efeitos de 2ª ordem locais e globais.

• uma estrutura nt com todas as ações atuantes, mas com os seus nós impedidos de se
deslocar lateralmente por meio de contenções horizontais fictícias em cada andar;

• uma estrutura lt submetida apenas ao efeito das reações das contenções horizontais
fictícias aplicadas em sentido contrário, nos mesmos pontos onde tais contenções
foram colocadas.
Análise estrutural.

Método da amplificação dos esforços solicitantes (MAES): NBR 8800/2008 Anexo D

O momento fletor MSd e a força axial NSd, solicitantes de cálculo, em qualquer ponto
da estrutura analisada, são dados por:

• Mnt e Nnt são, respectivamente, o momento fletor e a força axial solicitantes de cálculo,
obtidos por análise elástica de primeira ordem, com os nós da estrutura impedidos de se
deslocar horizontalmente (usando-se, na análise, contenções horizontais fictícias em cada
andar);

• Mlt e Nlt são, respectivamente, momentos fletor e a força axial solicitante de cálculo,
obtidos por análise elástica de primeira ordem, correspondente apenas ao efeito dos
deslocamentos horizontais dos nós da estrutura (efeito das reações das contenções fictícias
aplicadas em sentido contrário, nos mesmos pontos onde tais contenções foram colocadas);
Análise estrutural.

Método da amplificação dos esforços solicitantes (MAES): NBR 8800/2008 Anexo D

• B1 é um coeficiente de amplificação para consideração do efeito local N-δ no


valor do momento fletor, aplicado apenas à estrutura nt;

• B2 é um coeficiente de amplificação para consideração do efeito global P-Δ no


valor do momento fletor e da força axial, aplicado apenas à estrutura lt.
Análise estrutural.

Método da amplificação dos esforços solicitantes (MAES): NBR 8800/2008 Anexo D

Fonte: Modelo para análise aproximada de 2º ordem. (Fonte: Souza, 2017).


Análise estrutural.

Análise de segunda ordem


Em resumo a determinação dos esforço de segunda ordem pode ser determinados, da
seguinte forma:

• Efetua-se uma análise de segunda ordem para cada uma das possíveis combinações
últimas de ações que podem solicitar a estrutura;
• Leva-se em conta o efeito das imperfeições iniciais geométricas por meio de forças
nocionais, exceto nas combinações de ações em que existam forças horizontais;
• Considera-se o efeito das imperfeições iniciais de material usando as rigidezes reduzidas
dos componentes estruturais (80% das rigidezes originais).

Todo o estudo apresentado neste capítulo aplica-se somente às estruturas nas quais,
em nenhum andar, o coeficiente B2, calculado com as rigidezes reduzidas, ultrapassa 1,55 (se
B2 for calculado com as rigidezes originais, esse limite passa a ser 1,40). O coeficiente B2
representa em cada andar da estrutura, em termos aproximados, a relação entre o
deslocamento lateral obtido da análise de segunda ordem e o da análise de primeira ordem.
Análise estrutural.

Análise estrutural para estados-limites de serviço

Para determinar as respostas da estrutura a estados-limites de serviço (os


deslocamentos da estrutura) pode ser feita análise estrutural de primeira ordem
não sendo necessário considerar os efeitos das imperfeições geométricas e de
material desde que o maior coeficiente B2 não supere 1,55.
Análise estrutural.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de Estruturas de Aço e de


Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. 1 ed. Rio de Janeiro, 2008. 237 p.

FAKURY, Ricardo Hallal; SILVA, Ana Lýdia Reis de Castro e; CALDAS, Rodrigo Barreto.
Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto. São Paulo:
Pearson, 2017. 496 p.

SOUZA, Alex Sander Clemente de. Dimensionamento de Elementos e Ligações em Estruturas de


Aço. São Paulo: Edufscar, 2017. 261 p.
Obrigado!

prof.luizsilva@unyleya.edu.br

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