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EN G ENHA R I A C I VI L

CAMPUS ALTO PARAOPEBA

DI SC I PL I NA: ESTR UTUR A S DE


C ON C R ETO A R MA DO I I
1. Pilares
Caminho da cargas
1.1. Introdução

Pilares são elementos


estruturais lineares de eixo
reto, usualmente dispostos
na vertical, em que as forças
normais de compressão são
preponderantes e cuja
função principal é receber as
ações atuantes nos diversos
níveis e conduzi-las até as
fundações.
Junto com as vigas, os
pilares formam os pórticos,
que na maior parte dos
edifícios são os responsáveis
por resistir às ações verticais
e horizontais e garantir a
estabilidade global da
estrutura.

As ações verticais são


transferidas aos pórticos
pelas estruturas dos
andares, e as ações
horizontais decorrentes do
vento são levadas aos
pórticos pelas paredes
externas.
Se o pilar trabalha preponderantemente à compressão e sabemos que o
concreto resiste bem a este esforço, podendo trabalhar em estruturas
convencionais com tensões de compressão de 20 à 50 MPa (o que não
é pouco!!!!),
Porque os pilares precisam de armadura?

Precisa de
uma
contenção
A contenção é feita pelas armaduras transversais: ESTRIBOS

Mas, os estribos tem outra função! QUAL?


 Combater a flambagem da armadura longitudinal (vertical)
Funções das armaduras longitudinais:

 Colaboram com o concreto para resistir às tensões de compressão;


 resistem às tensões de tração;

Funções das armaduras transversais:

 Mantêm as armaduras longitudinais na posição de projeto;


 Evitam a flambagem das armaduras longitudinais;
 Resistem ao cisalhamento;
 Impedem fissuras de fendilhamento devido a tração transversal à
direção de compressão.
Fendilhamento:

Armadura
transversal

Atuação favorável dos estribos para


evitar fissuras por fendilhamento na
região de ancoragem reta (FUSCO, 2000).
1.2. Características geométricas

Dimensões mínimas
Dimensão mínima da seção transversal: 19cm (item 13.2.2 NBR6118)
 permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm,
desde que se multipliquem as ações a serem consideradas no
dimensionamento por um coeficiente adicional n.
Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de
área inferior a 360 cm 2.

n = 1,95-0,05x15 = 1,2
Comprimento Equivalente
Do item 15.6 - NBR6118, nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode
ser realizado considerando cada elemento comprimido isoladamente,
como barra vinculada nas extremidades aos demais elementos
estruturais que ali concorrem.

viga
Para tanto, o
comprimento
equivalente (le) do pilar,
suposto vinculado em
ambas as
extremidades, deve ser
o menor dos seguintes pilar
valores:
l0  h
le  
l viga
Índice de esbeltez
O índice de esbeltez () é uma grandeza que depende:
 do comprimento do pilar ;
 da sua seção transversal (forma e dimensões)
 das condições de extremidade.
Do item 15.8.2 - NBR6118, o índice de esbeltez de ser calculado pela
expressão:

le I
λ ,i
i A
i = raio de giração em x ou y
I = momento de inércia em x ou y
A = área da seção transversal do pilar

Iy Ix le, y le, x
iy  e ix   λy  e λx 
A A ix iy
Para seção retangular:

b  h3 h  b3
Ix  Iy 
12 12
h b
ix  iy 
12 12

le, x  12 le, y  12
x  y 
b h
Quando a deformação ocorre na direção do eixo x (portanto esbeltez x), a
rotação da seção transversal ocorre segundo o eixo y (assim raio de
giração iy).

Quanto maior o índice de esbeltez, maior a possibilidade de haver


flambagem (perda de equilíbrio) do pilar, que ocorre sempre segundo o eixo
de menor inércia da seção (ou eixo segundo o qual o índice de esbeltez é
maior).
1.3. Classificação dos pilares

Quanto à posição em planta


 central (interno) : P5
 lateral (de borda): P2,
P4, P8 E P6
 canto: P1, P3, P7 e P9
 central (interno):
• Momentos fletores transmitidos são pequenos e podem ser
desprezados;
A NBR 6118 indica que vigas contínuas poderão ser calculadas
como simplesmente apoiadas nos pilares centrais, portanto sem
transmissão de momentos para esses pilares.
• Situação de projeto: compressão centrada (excentricidades iniciais
podem ser desprezadas).
 lateral:
• Momentos fletores são transmitidos
por uma viga;
• Situação de projeto: flexão
composta.
 canto:
•As duas vigas que neles chegam,
em duas direções, são ali
interrrompidas;
• Momentos fletores são
transmitidos por duas vigas;
• Situação de projeto: flexão oblíqua.
Quanto à esbeltez
Do item 15.8.2 – NBR6118

• pilares curtos:   1
• pilares medianamente esbeltos: 1    90
• pilares esbeltos:90    140
• pilares muito esbeltos: 140    200

excentricidade

Vinculação
Limitações do índice de esbeltez:

De acordo com o item 15.8.1 - NBR6118, os


pilares devem ter índice de esbeltez menor
ou igual a 200 (λ ≤ 200).
1.4. Ações atuantes

a) Ações Verticais
Reações de vigas;
Peso próprio;
Reação de pilares superiores.

b) Momentos fletores transmitidos pelas


vigas
Caso de apoio extremos. Este assunto será abordado no item 1.5 –
Excentricidades.
1.5. Excentricidades

a) Excentricidades de primeira ordem


 Excentricidade inicial;
 Excentricidade acidental;
 Excentricidade mínima;
 Excentricidade de forma;
 Excentricidade suplementar.

b) Excentricidades de segunda ordem


Excentricidade Inicial
A excentricidade inicial é oriunda das ligações dos pilares com as vigas
neles interrompidas. O que ocorre em pilares de borda e de canto.
A partir das ações atuantes em cada tramo do pilar, as excentricidades
iniciais no topo e na base são obtidas com a expressão:

M
ei 
N
M topo
ei ,topo 
N

M base
ei ,base 
N
Os momentos no topo e na base podem ser obtidos no cálculo do pórtico,
usando, por exemplo, o programa Ftool (gratuito).
A NBR 6118 – item 14.6.6, permite o método aproximado mostrado no
esquema estático apresentado na figura abaixo:
Para esse esquema estático, pode ser considerado, nos apoios extremos,
momento fletor igual ao momento de engastamento perfeito multiplicado
pelos coeficientes estabelecidos nas seguintes relações:

rinf  rsup
 Na viga: M viga   M eng
rvig  rinf  rsup

rsup
 no tramo superior do pilar: M sup   M eng
rvig  rinf  rsup

rinf
 no tramo inferior do pilar: M inf   M eng
rvig  rinf  rsup
I
r = rigidez de cada elemento: r
l
Vão efetivo da viga – item 14.6.2.4 – NBR 6118

lvig  lef

lef  l0  a1  a2

 t1  t2
 
a1   2 a2   2

0,3h 
0,3h
I
r = rigidez de cada elemento: r 
l
I  inércia do elemento
l  comprimento do elemento conforme figura abaixo
Excentricidade acidental

Conforme a antiga NBR 6118/78, item 4.1.1.3, o cálculo ou verificação de


pilares deveria ser feito à flexo-compressão com a consideração de uma
excentricidade acidental (ea), para levar em conta a incerteza da posição
da força normal e o desvio do eixo da peça durante a construção, igual a
h/30 (sendo h a maior dimensão da seção na direção considerada) e não
menor que 2 cm. Este valor absoluto de 2 cm poderia levar a
excentricidades acidentais exageradas para pilares de pequenas
dimensões.

A NBR 6118/2014, em seu item 11.3.3.4, define a consideração destas


imperfeições geométricas do eixo dos elementos estruturais divididas em
dois grupos: imperfeições globais e imperfeições locais.
a) Imperfeições globais
Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou
não, deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais
conforme mostra a figura abaixo:

Na figura acima:
l é a altura total da estrutura (em metros);
n é o número total de elementos verticais contínuos (número de pilares
no pórtico analisado);
θ é o ângulo devido a imperfeição de execução (desaprumo).
NBR 2007 NBR 2014

θ1min =1/400 para estruturas de nós fixos θ1min =1/300 para estruturas reticuladas
θ1min =1/300 para estruturas de nós móveis θ1max =1/200
θ1max =1/200

Esse desaprumo não precisa ser superposto Ver abaixo letras a, b e c (item 11.3.3.4.1)
ao carregamento de vento. Entre os dois,
vento e desaprumo, pode ser considerado
apenas o mais desfavorável (que provoca o
maior momento total na base de construção).
b) Imperfeições locais
Na análise local de elementos de estruturas reticuladas, devem também
ser levados em conta efeitos de imperfeições geométricas locais. Para a
verificação de um lance de pilar deve ser considerado o efeito do
desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar .
Nos casos usuais a consideração da falta de retilinidade é suficiente. A
excentricidade acidental ea pode ser obtida pela expressão:

l
ea  1 
2
Para pilares em balanço a excentricidade acidental ea pode ser obtida pela
expressão:

ea  1  l
Excentricidade Mínima

Segundo a NBR 6118 (2014), o efeito das imperfeições locais nos pilares
pode ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do
momento mínimo de 1ª ordem, dado por:

M1d ,min  N d  e1d ,min

M1d ,min  N d  (0,015  0,03  h)

Onde h é a “altura” (dimensão) total da seção transversal na direção


considerada, em metros.
y

Cuidado!!!!

Na norma NBR 6118:2014


hy x está diferente!
Vamos seguir o cálculo da
literatura!!!

hx

e1d ,min, x  (0,015  0,03  hx)

e1d ,min, y  (0,015  0,03  hy)


Onde h é a “altura” (dimensão) total da seção transversal na direção considerada,
em metros.
Excentricidade de forma

Quando os eixos baricêntricos das vigas não passam pelo centro de


gravidade da seção transversal do pilar, as reações das vigas apresentam
excentricidades que são denominadas excentricidades de forma (efx).
As excentricidades de forma, em geral, não são consideradas no
dimensionamento dos pilares. Isto porque, as ligações monolíticas entre
vigas, pilares e lajes não permite a determinação da exata posição da
carga vertical transmitida ao pilar. No entanto, em situações em que essa
posição é bem definida e não coincide com o baricentro do pilar, deve-se
considerar essa excentricidade no dimensionamento do pilar.
No nível da cobertura, os pilares são pouco solicitados e dispõem de
armadura mínima, em geral, capaz de absorver os esforços adicionais
causados pela excentricidade de forma.
Excentricidade suplementar
A excentricidade suplementar leva em conta o efeito da fluência.
De acordo com a NBR 6118:2014 (item 15.8.4), o cálculo da
excentricidade suplementar é obrigatório em pilares com índice de
esbeltez λ > 90.
O valor dessa excentricidade ec, em que o índice c refere-se a “creep”
(fluência, em inglês), pode ser obtida de maneira aproximada pela
expressão:
 N Sg 
 M Sg  N e  N Sg 
ec   
 ea  2,718  1
 N Sg 
  
 
O valor do coeficiente de fluência ϕ(t∞,t0) é definido em função da umidade
ambiente e da espessura fictícia 2Ac/u, onde Ac é a área da seção
transversal e u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera. Os
valores dessa tabela são relativos a temperaturas do concreto entre 10°C
e 20°C, podendo-se, entretanto, admitir temperaturas entre 0°C e 40°C.
b) Excentricidade de segunda ordem
As excentricidades de 2ª ordem podem ser obtidas por métodos
aproximados. Esses métodos serão vistos com mais detalhes nos
próximos itens.

1 l
2
e2     e  Obtida pelo método do
r 
2 pilar-padrão com
curvatura aproximada
A análise dos efeitos locais de 2ª ordem ao longo dos eixos dos pilares
deve ser feita de acordo com o prescrito no item 15.8 da NBR 6118/2014.
Segundo o item 15.8.2, tais esforços locais de 2ª ordem podem ser
desprezados quando o índice de esbeltez do elemento (λ) for menor que o
valor limite λ1 definido neste item. A consideração destes efeitos é
realizada através de uma excentricidade adicional de 2ª ordem.

A esbeltez limite pode ser calculada pela seguinte expressão:

25  12,5e1 / h
1 
b

35  1  90
O coeficiente αb deve ser obtido conforme estabelecido a seguir:

a) Pilares bi-apoiados sem forças transversais

MB
 b  0,6  0,4 com 0,4   b  1
MA

MA é o momento fletor de 1a ordem no extremo A do pilar (maior valor


absoluto ao longo do pilar biapoiado);
MB é o momento fletor de 1a ordem no outro extremo B do pilar.

b) Pilares bi-apoiados com forças transversais significativas, ao


longo da altura

 b  1,0
c) Pilares em balanço

 b  0,8  0,2
MC com 0,85   b  1
MA
Na expressão acima:
MA é o momento fletor de 1ª ordem no engaste;
MC é o momento fletor de 1ª ordem no meio do pilar em balanço

d) Pilares bi-apoiados ou em balanço com momentos fletores


menores que o momento mínimo

 b  1,0
Importante
Efeitos de 1ª ordem: o equilíbrio da estrutura é estudado na
configuração geométrica inicial.

Efeitos de 2ª ordem: o equilíbrio da estrutura é estudado na


configuração deformada.
Efeitos de 2ª ordem

Esforços de 2ª ordem decorrentes do deslocamento


Globais horizontal dos nós que podem ocorrer na estrutura
devido a ação das cargas verticais e horizontais.

Locais Ex.: falta de retilineidade num lance de pilar

Ex.: pode ocorrer em pilares-parede


(pilar-parede: a menor dimensão < 1/5
Localizados da maior)
Importante
Estruturas de nós móveis: os deslocamentos horizontais dos nós
NÃO são pequenos. No dimensionamento devem ser obrigatoriamente
considerados os efeitos globais e locais de 2ª ordem (ver itens 15.4.2 e
15.7 da NBR 6118).

Estruturas de nós fixos: os deslocamentos horizontais dos nós SÃO


pequenos. (ver item 15.4.2 da NBR 6118).

Efeitos de 2ª ordem em ESTRUTURAS DE NÓS FIXOS

Globais de 2ª ordem Pode ser desprezado (ver item 15.6 da NBR 6118)

Locais de 2ª ordem Podem ser desprezados se  < 1 (item 15.8.2)


Excentricidade Total
et  e1  e2
ei   a  ea
sendo que e1  
e1d ,min
e2 é obtido conforme o item 15.8.3

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