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Vigas e pilares em pórticos

Função estrutural dos pórticos (vigas e pilares)

Condução das cargas verticais e horizontais para os elementos de


fundação => comportamento à flexão

– Vigas de secção rectangular, em T ou em L (vigas de bordo)


– A razão vão/altura não deverá exceder o valor de 20
– A relação altura/largura não deverá ultrapassar o valor de 4
(podendo ir a 8 no caso de vigas de altura elevada / arquitectura)
– Em geral a largura não deve ser inferior a 0,20 m (com o
mínimo absoluto de 0,15 m)

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Vigas e pilares em pórticos
Função estrutural dos pórticos (vigas e pilares)

– Pilares de secção circular, quadrada, rectangular

– Respeitar os limites de esbelteza estabelecidos

– A dimensão mínima não deve ser inferior a 0,20 m

– Importância da localização dos pilares na grandeza dos esforços


instalados: pilares centrais (N mais elevados e M reduzidos);
pilares de extremidade ou de canto (N mais reduzidos e M mais
elevado(s))

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ESTRUTURAS PORTICADAS
• CARGAS VERTICAIS

Estudo da influência de diferentes parâmetros:

• Tipo de apoios
• Rigidez relativa de vigas e pilares
• N.º de pisos e de tramos
• Relação entre vãos diferentes

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GEOMETRIA DOS PÓRTICOS
• Pórticos tipo A:

4
CARGAS VERTICAIS
• Carga uniformente distribuída

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CARGAS VERTICAIS
• Influência dos apoios no comportamento dos
pórticos:

• Pórticos baliza do tipo A, com distintas condições de


apoio:
- isostático, apoio duplo, encastramento.

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Viga isostática
Deformada

Deformada característica de uma viga simplesmente apoiada, sujeita


a uma carga uniformemente distribuída.

Valor da flecha:
- f = 5pl4/384EI
- f´= a.f à a = 1,0.
Viga isostática
Momentos flectores (kN.m)

Diagrama de momentos de uma viga isostática para o carregamento


em análise:
•Diagrama parabólico com momento máximo a ½ vão (M +=
pl2/8).
As reacções nos apoios são, naturalmente, duas cargas verticais
com o valor de 150 kN (V=pl/2).
Pórtico P1.1A (isostático)
Deformada

A deformada apresentada ilustra bem o modo de comportamento do


pórtico:
•Trata-se de compatibilizar duas situações distintas:
- Introdução da curvatura apropriada nos elementos flectidos
(neste caso apenas a viga) e manter o ângulo inicial realizado
entre a viga e os pilares (90º).
•A flecha é igual à observada na viga simplesmente apoiada (o
valor indicado na figura corresponde, de facto, ao
deslocamento vertical registado a ½ vão, incluindo, por isso,
uma pequena parcela (0,01cm) que corresponde à
deformação dos pilares).

•Coef. a = 1,00
Pórtico P1.1A (isostático)
Momentos flectores (kN.m)

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O diagrama de momentos apresentado é rigorosamente coincidente


com o observado numa viga isostática para o carregamento em
análise:
•Diagrama parabólico com momento máximo a ½ vão (M +=
pl2/8).
As reacções nos apoios são, identicamente com o que ocorre na
viga, duas cargas verticais com o valor de 150 kN (V=pl/2).
Pórtico P1.1A (apoio duplo)
Deformada

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A fixação do deslocamento horizontal do apoio da extremidade direita é conseguida


através da mobilização de uma força de reacção horizontal no apoio.
Em rigor, instala-se a força estritamente necessária para anular o deslocamento
horizontal que se instalou no anterior apoio móvel, donde se conclui que o valor da
mesma depende não só da carga aplicada, do vão, e da altura do pórtico, como da
rigidez (à flexão) relativa dos pilares e da viga.
Esta relação pode ser expressa pelo parâmetro m=(Iv/l)/(Ip/h), definido através dos
parâmetros:
Iv – momento de inércia da secção da viga;
l – vão da viga;
Iv – momento de inércia da secção do pilar;
h – altura do pilar.
Nota: Admite-se, naturalmente, que pilares e viga são realizados com o mesmo
material.
Quanto menor for m (isto é, quanto maior for a rigidez dos pilares relativamente à
da viga), maior será o valor da referida reacção.
As reacções verticais não sofrem qualquer alteração.
A existência desta força horizontal de reacção vai determinar a instalação de
momentos negativos nos pilares (responsáveis pelas curvaturas presentes na
respectiva deformada). A curvatura resultante (imposta também pela anulação do
anterior deslocamento do apoio direito) e a necessária manutenção do ângulo
inicial entre viga e pilares determinam um impedimento parcial das rotações das
extremidades das vigas, responsável pela redução da respectiva flecha (71% do
valor do pórtico isostático).

•Coef. a = 0,71
Pórtico P1.1A (apoio duplo)
Momentos flectores (kN.m)

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O diagrama de momentos apresentado vem definido, facilmente,


pelas seguintes operações:
•Como já foi referido, as reacções horizontais determinam o
aparecimento de um diagrama triangular nos pilares que, na
extremidade superior, toma o valor: M-=H.h (sendo H o valor
da reacção e h a altura do pilar).
•Em face da existência destes momentos na extremidade
superior do pilar, a condição de equilíbrio no nó determina a
existência de igual momento nas extremidades da viga.
•Consequentemente, o diagrama parabólico associado à carga
uniformemente distribuída será ripado para cima da
quantidade M-, tomando o momento máximo a ½ vão o valor
dado pela relação: M+= M-+(pl2/8).
Note-se que na relação anterior M- tem um valor negativo.

Para o pórtico particular em estudo as transformações supra


referidas conduziriam aos seguintes valores:

•M-= pl2/30,7
•M+= pl2/10,8
Pórtico P1.1A (encastramento)
Deformada

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No terceiro caso que aqui se ilustra, introduz-se um apoio de


encastramento na base dos pilares. Consequentemente, à anulação
do deslocamento horizontal do apoio direito, acresce agora um
impedimento total da rotação existente na base do pilar (a tangente à
deformada nesses nós, deve manter a direcção vertical
correspondente à geometria inicial do pórtico).
Assim, e à semelhança do registado no caso anterior, também nesta
situação a anulação da rotação que, como se viu nos casos
anteriores, tenderia a ocorrer na base dos pilares é conseguida
através da mobilização dos momentos flectores de reacção que,
pelas razões invocadas, caracterizam os apoios de encastramento.
Quanto à grandeza destes momentos são igualmente válidas as
afirmações realizadas no caso anterior para a reacção horizontal.
Finalmente, e no que se refere à deformada do pórtico, importa fazer
notar a dupla curvatura instalada nos pilares (sinal claro da existência
de inversão de sinal no diagrama de momentos correspondente),
para além de nova redução da flecha a meio vão (66% e 93% dos
valores anteriormente determinados), na sequência do aumento de
rigidez global do pórtico determinada pela introdução de apoios de
encastramento.
•Coef. a = 0,66
Pórtico P1.1A (encastramento)
Momentos flectores (kN.m)

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Relativamente ao diagrama de momentos apresentado importa


apenas salientar os seguintes aspectos:
•Inversão de sinal no diagrama de momentos do pilar (o
momento de encastramento (positivo) é contrariado pelo
momento variável introduzido ao longo do pilar pela reação
horizontal (negativo);
•Aumento do momento de continuidade (ou, se se preferir do
momento de encastramento parcial da viga), com nova
redução do momento máximo a meio vão.

•M-= pl2/26,2
•M+= pl2/11,5
CARGAS VERTICAIS
CONCLUSÕES
• Influência dos apoios no comportamento dos
pórticos:

• Aumento da rigidez do pórtico com o grau de restrição


dos apoios

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CARGAS VERTICAIS
• Influência da rigidez relativa entre pilares e vigas no
comportamento dos pórticos:

• Pórticos baliza dos tipos A, B, C e D.

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Pórtico P1.1B
Deformada

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Substituição da viga (0,30x0,50) por uma de (0,30x0,80)


Redução significativa da flecha – 35% (viga substancialmente mais
rígida).
Reacções horizontais e momentos de encastramento reduzem-se
bastante (cerca de 1/3).

•Coef. a = 0,23
Pórtico P1.1B
Momentos flectores (kN.m)

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Aumento da relação de rigidez viga-pilar à redução significativa dos


momentos nos apoios da viga (rotação da viga reduzida (viga muito
rígida), apesar de pouco impedida pelos pilares).
Consequência à aumento acentuado do momento máximo a ½ vão
(no entanto esta viga tem também uma capacidade resistente muito
acrescida) à pl2/9.

•M-= pl2/70,3
•M+= pl2/9
Pórtico P1.1C
Deformada

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Substituição dos pilares (0,30x0,30) por pilares (0,30x0,80)


Redução significativa da flecha – 35% (pilares substancialmente mais
rígidos, praticamente impedem rotação da viga nos apoios, com a
consequente redução da flecha =~ viga bi-encastrada).
Reacções horizontais e momentos de encastramento aumentam
relativamente ao caso de referência (cerca de 1,6-1,8).

•Coef. a = 0,27 (viga bi-encastrada: a = 0,20)


Pórtico P1.1C
Momentos flectores (kN.m)

20

Redução da relação de rigidez viga-pilar à aumento significativo dos


momentos nos apoios da viga (rotação da viga muito reduzida,
porque fortemente impedida pelos pilares de elevada rigidez).
Consequência à aumento acentuado dos momentos nos apoios (M-
=~pl2/13=~pl2/12) e consequente redução do momento positivo a ½
vão.

•M-= pl2/12,9
•M+= pl2/21,1
Pórtico P1.1D
Deformada

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Substituição do pilar esquerdo de (0,30x0,30) por um pilar de


(0,30x0,80).
Deformada não simétrica. Modos de deformação distintos nos dois
pilares: pilar esquerdoà tipo consola
pilar direito à tipo pórtico
Menor redução da flecha – 68%.

•Coef. a = 0,44
Pórtico P1.1D
Momentos flectores (kN.m)

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Diagrama não simétrico.


Aumento significativo do momento na extremidade esquerda da viga
(rotação da viga muito reduzida, porque fortemente impedida pelo
pilar de elevada rigidez).
Consequência à redução do momento positivo a ½ vão.

•M-= pl2/11,6
•M+= pl2/15,4 (pl2/15,1)
•M-= pl2/29,4
CARGAS VERTICAIS
CONCLUSÕES
• Influência da rigidez relativa entre pilares e vigas no
comportamento dos pórticos:

• A rigidez relativa das vigas e pilares influencia


acentuadamente o comportamento do pórtico

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CARGAS VERTICAIS
• Influência do n.º de pisos:

• Pórticos de um, três e cinco pisos, do tipo A.

24
Pórtico P1.1A
Deformada

25

•Coef. a = 0,66
Pórtico P1.1A
Momentos flectores (kN.m)

26

•M+= pl2/11,5
•M-= pl2/26,2
Pórtico P1.3A
Deformada (carga nos três pisos)

27

Flecha a ½ vão corresponde à flecha efectiva na viga, após dedução


dos deslocamentos verticais nas respectivas extremidades.

•Coef. a3 = 0,60
•Coef. a2 = 0,41
•Coef. a1 = 0,48
Pórtico P1.3A
Momentos flectores (kN.m)

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Diagrama resultante da acção simultânea das três cargas.


Momento crescente no vão: pisos 3 à 1à 2.

Piso 3:
•M-= pl2/23,4
•M+= pl2/12,1

Piso 2:
•M-= pl2/15,9
•M+= pl2/16,1
CARGAS VERTICAIS
CONCLUSÕES
• Influência do n.º de pisos:

• Pouco significativa, registando-se, no entanto, uma


diminuição da restrição à rotação dos apoios no último
piso

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CARGAS VERTICAIS
• Influência do n.º de tramos:

• Pórticos de três tramos (tipo A).


• Diferentes tipos de vãos;
• Comparação com vigas contínuas.

30
Pórtico P3.3_666
Deformada

31

Flecha a ½ vão corresponde à flecha efectiva na viga, após dedução


dos deslocamentos verticais nas respectivas extremidades.
Pórtico de referência.
Flecha reduzida no tramo central, por influência dos tramos de
extremidade.
Ligeiro aumento da flecha nos vãos de extremidade, por comparação
com o pórtico equivalente de dois tramos.
Pilares intermédios sem curvatura evidente.

•Coef. ae = 0,39
•Coef. ai = 0,16
Pórtico P3.3_666
Momentos flectores (kN.m)

32

Momentos flectores nos tramos de extremidade muito idênticos aos


observados no pórtico equivalente de dois tramos.
No tramo central regista-se uma ligeira redução dos momentos nos
apoios intermédios (face a idênticos momentos nos vão de
extremidade) e mais acentuada no momento positivo a 1/2 vão.
Pilares intermédios sem curvatura evidente.

Piso 3:
•M-= pl2/28,7
•M+= pl2/16
•M-= pl2/10,6 / M-= pl2/11,3
•M+= pl2/27,6

Piso 2:
•M-= pl2/18,2
•M+= pl2/19,1
•M-= pl2/11 / M-= pl2/11,8
•M+= pl2/24,8
Pórtico P3.3_626
Deformada

33

Idêntico ao pórtico P3.3_646 à mais acentuados os efeitos


associados aos vãos muito diferenciados.

•Coef. a = 0,45
Pórtico P3.3_626
Momentos flectores (kN.m)

34

Idêntico ao pórtico P3.3_646.


Momentos nos vãos centrais negativos em todo o vão. Momento
máximo significativamente superior a pl2/8.
Maior diferença nos momentos das extremidades das vigas
adjacentes aos pilares intermédios à maiores momentos nos pilares.
Reduzida influência da redução do vão central, nos valores dos
momentos instalados nos vãos de extremidade.

Piso 3:
•M-= pl2/27,3
•M+= pl2/14,8
•M-= pl2/12,6 / M-= pl2/16,7

Piso 2:
•M-= pl2/17,3
•M+= pl2/17,3
•M-= pl2/13 / M-= pl2/22,6
Viga V3.3_626
Deformada

35

Comportamento análogo ao verificado no pórtico P3.3_626, mas


mais acentuado.

•Coef. a = 0,59
Viga V3.3_626
Momentos flectores (kN.m)

36

Idem.
A rigidez dos pilares intermédios atenua os efeitos no tramo central,
decorrentes da influência dos tramos laterais. Na falta deles, regista-
se neste caso um agravamento da referida influência.
Momento máximo significativamente superior a pl2/8 à
consequências para o dimensionamento da viga.

•M+= pl2/11,7 (pl2/12,2)


•M-= pl2/11,6
Pórtico P3.3_626 (Vc: 0,30x0,20)
Deformada

37

Idêntico ao pórtico P3.3_626.


As rotações nos apoios intermédios são maiores.

•Coef. a = 0,56
Pórtico P3.3_626 (Vc: 0,30x0,20)
Momentos flectores (kN.m)

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Momentos nos vãos centrais negativos em todo o vão ou quase.


Momento máximo não é muito diferente de pl2/8.
Muito maior diferença nos momentos das extremidades das vigas
adjacentes aos pilares intermédios à muito maiores momentos nos
pilares.
Redução, nos tramos de extremidade, dos momentos instalados nos
apoios intermédios.
A viga central não é tão afectada pelos tramos adjacentes, pois a sua
reduzida rigidez permite acomodar as necessárias rotações, sem que
tal acarrete momentos de extremidade muito elevados.

Piso 3:
•M-= pl2/24,1
•M+= pl2/12,8
•M-= pl2/19,3 / M-= pl2/63,4

Piso 2:
•M-= pl2/16,1
•M+= pl2/16,4
•M-= pl2/15,1 / M-= pl2/79,2
Pórtico P3.3_626 (Pi: 0,30x0,80)
Deformada

39

Idêntico ao pórtico P3.3_626.


As rotações nos apoios intermédios são menores. As vigas estão
“encastradas” nos pilares intermédios.

•Coef. a = 0,37
Pórtico P3.3_626 (Pi:0,30x0,80)
Momentos flectores (kN.m)

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Tomando como referência o pórtico P3.3_626:


Muito maior diferença nos momentos das extremidades das
vigas adjacentes aos pilares intermédios à muito maiores
momentos nos pilares à mais acentuado ainda que no caso
anterior;
A viga central não é tão afectada pelos tramos adjacentes,
pois a elevada rigidez dos pilares intermédios reduz
substancialmente as rotações induzidas pelos tramos
adjacentes nos apoios intermédios;
Momentos no tramo central mais próximos dos valores
associados ao respectivo vão;
Forte migração de momentos dos apoios de extremidade para
os apoios intermédios.

Piso 3:
•M-= pl2/54,7
•M+= pl2/16,5
•M-= pl2/9,7 / M-= pl2/41
Piso 2:
•M-= pl2/20,5
•M+= pl2/19,3
•M-= pl2/10,1 / M-= pl2/73,9
CARGAS VERTICAIS
CONCLUSÕES
• Influência do n.º de tramos:

• Pouco significativa, se tramos da mesma ordem de


grandeza

• Muito significativa, e altamente influenciável pela rigidez


relativa das vigas e pilares, no caso de vãos muito
diferenciados

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