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ESTRUTURAS DE

CONCRETO ARMADO
DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DE
PILARES DE CONCRETO
Prof.: Wanderlei Malaquias Pereira Junior

Ano de produção e revisão: 27/02/2017 1


1.1 – Conceitos Iniciais.

São elementos lineares com eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais
de compressão são preponderantes. (ABNT NBR 6118:2014, item 14.4.1.2)

Segundo Pinheiro (2005) os pilares tem


a função principal de receber as
ações atuantes nos diversos níveis e
conduzi-las até as fundações.

Caminho dos carregamentos:

LAJES->VIGAS->PILARES->FUNDAÇÕES

Fonte: www.abcp.org.br
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1.1 – Conceitos Iniciais.

Posição excêntrica do carregamento

Compressão simples

Posição centrada do carregamento


Flexão normal Flexão obliqua

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1.2 – Características geométricas

Os pilares dos edifícios correntes, com estrutura em concreto armado, têm, em geral, seções
transversais constantes de piso a piso. Podem apresentar a forma quadrada, circular, retangular, ou
seções em L, T e U.
As dimensões mínimas da seção transversal de pilares são fixadas no item 13.2.3 da NBR 6118:2014.
Conforme este item, a seção transversal de pilares não deve apresentar dimensão menor que 19cm.
Em casos especiais, permite-se dimensões entre 19 e 14 cm, desde que se multipliquem as ações a
serem consideradas no dimensionamento por um coeficiente adicional  n , de acordo com o indicado
na tabela abaixo. Em qualquer caso a norma não permite pilar com seção transversal de área inferior
a 360 cm².

Tabela 1.0 – Valores do coeficiente adicional ( n )

b (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14
n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

Nesta tabela, b é a menor dimensão da seção transversal do pilar e  n  1,95  0,05b é um coeficiente
que deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo nos pilares, quando do dimensionamento.

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1.2 – Características geométricas

Determinação do comprimento equivalente: Com:


l0 = distância entre as faces internas dos
0  h
e   elementos estruturais;
  h = altura da seção transversal do pilar;
l = distância entre os eixos dos elementos
estruturais aos quais o pilar esta vinculado

No caso de Pilares Engastado-livre,


considerar le=2.l

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1.2 – Características geométricas
Comprimento equivalente para estruturas de múltiplos pavimentos:

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1.2 – Características geométricas
O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração, nas direções a
serem consideradas:

e É chamado de comprimento equivalente pela norma



i
Com o raio de giração sendo: I
i
A
3,46e
Para seção retangular o índice de esbeltez é: 
h

le = comprimento de flambagem;
i = raio de giração da seção geométrica da peça;
I = momento de inércia;
A = área da seção;
H = dimensão do pilar na direção considerada.

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1.2 – Características geométricas
Em função do índice de esbeltez os pilares podem ser classificados como:

Pilar curto se λ ≤ 35
(DISPENSA DOS EFEITOS LOCAIS DE SEGUNDA ORDEM);

Pilar médio se 35 ≤ λ ≤ 90;


(MÉTODO DO PILAR PADRÃO COM CURVATURA APROXIMADA E RIGIDEZ APROXIMADA);

Pilar medianamente esbelto se 90 ≤ λ ≤ 140;


(CONSIDERAÇÃO OBRIGATÓRIA DE FLUÊNCIA E MÉTODO DO PILAR PADRÃO COM CURVATURAL REAL
ACOPLADO A DIAGRAMAS M,N,1/r);

Pilar esbelto se 140 ≤ λ ≤ 200.


(CONSIDERAÇÃO OBRIGATÓRIA DE FLUÊNCIA E MÉTODO GERAL)

λmax < 200 (Item normativo)

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1.3 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de
compressão centrada
No dimensionamento à compressão centrada admite-se que o encurtamento da ruptura do
concreto e do aço seja εc = εs = 0,20%.

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal
No dimensionamento à flexo compressão – normal será utilizado o critérios de armaduras simétricas,
afim de evitar a inversão de armaduras e no caso desta ser a solução mais econômica nos casos de
solicitações alternadas

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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1.4 – Dimensionamento da área de aço devido aos esforços de flexão
normal

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2.0 – Fundamentações para dimensionamento de pilares.
Método geral: Segundo ABNT NBR 6118 (item 15.8.3.2, 2014) consiste na análise não linear de 2ª ordem
efetuada com discretização adequada da barra, consideração da relação momento-curvatura real
em cada seção e consideração da não linearidade geométrica de maneira não aproximada. Para
esbeltez maior que 140 o método torna-se obrigatório. As equações que surgem aqui não tem solução
direta conhecida, portanto é necessário o emprego de métodos iterativos.

Método aproximado: Segundo ABNT NBR 6118 (item 15.8.3.3.1, 2014) em geral procura-se identificar a
seção mais solicitada do pilar e, a partir de algumas simplificações , estabelecer expressões que
permitam calcular o efeito de 2º ordem causado pela deformação da estrutura. Esse método é válido
para esbeltez menor ou igual a 90.

Curvatura aproximada: Aplicável a seções constantes e armadura simétrica e constante


ao longo do eixo e a curvatura é avaliada através de uma curvatura aproximada;

Rigidez aproximada: Aplicável a seções constantes e armadura simétrica e constante ao


longo do eixo e a curvatura é avaliada através de uma rigidez aproximada;

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2.0 – Fundamentações para dimensionamento de pilares.

Método do pilar padrão: Curvatura aproximada

1 d²y M
 
r dx² EI

d 1 M
 
dx r EI

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2.0 – Fundamentações para dimensionamento de pilares.

Método do pilar padrão: Curvatura aproximada A excentricidade de segundo ordem é dada por
e ²  1 
e2   
10  r  base
e ²  1 
M 2d  N d .e 2  N d  
10  r  base
e ²  0,005 
 Nd
10  h(ν  0,5) 
M 2d

Nd
ν
A c f cd

A c  área da seção transversal;


f cd  resistência de cálculo do
concreto à compressão (f ck /  c ).
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3.0 – Classificação dos pilares as solicitações iniciais

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3.0 – Classificação dos pilares as solicitações iniciais

• Pilares internos em que se pode admitir compressão simples, ou seja, em que as excentricidades
iniciais podem ser desprezadas;

• Nos pilares de borda, as solicitações iniciais correspondem a flexão composta normal, ou seja,
admite-se excentricidade inicial em uma direção. Para seção quadrada ou retangular, a
excentricidade inicial é perpendicular à borda.

• Pilares de canto são submetidos a flexão oblíqua. As excentricidades iniciais ocorrem nas
direções das bordas.

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
Excentricidades de 1ª ordem: Decorrentes de situações de projeto devido as ligações.

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
Excentricidade acidental: Se divide em local e global
1
1 
Global 100 l
A excentricidade total é dado por a :
1  1/ n
 a  1
2

com :
l  altura do lance, em metros;


1 / 400  para estruturas de nós fixos;
1mín 
1/300  para estruturas de nós móveis

e imperfeições locais.

1máx  1 / 200
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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
Excentricidade acidental: Se divide em local e global

Local
A excentricidade de um Lance é dado por 1 :

l
ea  1
2

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
Excentricidades de 2ª ordem: efeitos locais de 2ª ordem.
e1
25  12,5
1  h  Cálculo da esbeltez limite para efeito de 2ª ordem
b
com 35  1  90,
onde : e1  excentricidade de 1ª ordem;
e1 / h  excentricidade relativa de 1ª ordem;

Em estruturas de nós fixos


A partir desse valor de esbeltez os efeitos locais de 2º dificilmente será afetada pelo
ordem começam a reduzir a capacidade de carga do efeito de 2º ordem, pois o
pilar efeito de primeira ordem será
preponderante.

e ²  1 
e2    Vêm do método do pilar padrão:
10  r  base curvatura aproximada
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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
O momento máximo em um pilar depende dos valores dos momentos de topo e de base, além da
carga axial e da flambagem, Assim, o momento máximo pode não ocorrer nas extremidades (DA
COSTA, 20--).

Nestes casos, corrige-se o valor do momento máximo através do coeficiente de uniformidade αb que é
calculado para um dos 4 casos abaixo(DA COSTA, 20--):

a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:


Os momentos Mtopo e Mbase são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado
para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se tracionar a
mesma face que MA (momentos em sentido contrário), e negativo no outro caso (momentos em
mesmo sentido) (DA COSTA, 20--).

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
b) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas, ao longo da altura (DA COSTA, 20--):

c) Para pilares em balanço:

O momento Ma é o momento de 1ª ordem no engaste e Mc é o momento de 1ª ordem no meio do


pilar em balanço (DA COSTA, 20--).

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
d)- Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo
estabelecido no item 4.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014):

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4.0 – Determinação dos tipos de excentricidade.
Excentricidade por fluência:
" A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realiada em pilares
com índice de esbeltez   90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando
a excentricidade adicional e cc dada a seguir"

N Sg
 M Sg  
ecc    ea  2,718  1
N e  N Sg
N 
 Sg  
10 E ci I c
Ne 
e ²

onde : e a  excentricidade devida a inperfeições locais;


M Sg e N Sg  esforços solicitantes devidos à combinação quase permanente;
  corficiente de fluência;
E ci  módulo de elasticidade tangente;
 c  momento de inércia;
e  comprimento de flambagem. 30
5.0 – Cálculo de esforços por método da curvatura aproximada.

Momento de primeira ordem advindo das cargas de projeto (Pilares de extremidade e Canto) – M1d,A

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5.0 – Cálculo de esforços por método da curvatura aproximada.
O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão :

e ² 1 M 1d , A
M d, tot   b M 1d , A  N d 
10 r M 1d ,mín
onde :  b  parâmetro definido no item 7.3;
N d  força normal solicitante de cálculo;
e  comprimento de flambagem;
1/r  curvatura na seção crítica.

1 0,005 0,005
 
r h(  0,5) h

A força normal adimensional ( ) foi definida sendo :

Nd
 
A c . f cd 32
5.0 – Cálculo de esforços por método da curvatura aproximada.
O momento solicitante de 1ª ordem deve ser :
M 1d , A  M 1d ,mín

com : M 1d,A  valor de cálculo de 1ª ordem no momento M A ;


M 1d,mín  momento fletor mínimo;
A c  área da seção transversal do pilar;
f cd  resistência de cálculo à compressão do concreto (f cd  f ck /  c );
h  dimensão da seção transversal na direção considerada.

Na NBR 6118 : 2014 consta que " o efeito das imperfeições locais nos pilares
pode ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do
momento mínimo de 1ª ordem dado a seguir."

M 1d ,mín  N d (1,5  0,03h)

com h sendo a altura total da seção transversal na direção considerada, em centimetros. 33


6.0 – Determinação da área de aço por ábacos: Flexão composta normal

O momento fletor total máximo no pilar


deve ser calculado pela expressão :

Nd
ν (relação de cargas)
A c .f cd

Md i
ui  (relação de momentos)
h i .A c .f cd

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7.0 – Disposições da armadura
7.0.1 – Armadura longitudinal
Devem ser dispostas de modo a permitir o lançamento e adensamento do concreto.

Armadura e barras Espaçamento

1
10mm   l  b  20mm 
8  
a   l 
b é a menor dimensão
1,2.d max 
Para área de aço
0,15.Nd
As, min   0,004.Ac
fyd
As, max  8%.Ac

Em seções
poligonais admite-
se no mínimo uma
barra em cada
vértice. 35
7.0 – Disposições da armadura
7.0.2 – Armadura transversal
São constituídas por grampos e estribos. As funções dos estribos são:

• Garantir o posicionamento e impedir flambagem das barras longitudinais;


• Garantir a costura das emendas de barras longitudinais;
• Confinar o concreto e obter uma peça mais resistente e dúctil
Armadura e barras Espaçamento

5mm  20 cm 
e    
 l / 4 st  b(menor dimensão da seção) 
 12. l 

 t 2  1
smax  90000. .
 fyk (fyk em MPa)
 l 

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7.0 – Disposições da armadura
7.0.3 – Proteção contra flambagem

Sempre que houver possibilidades flambagem em barras longitudinais essa deve ser evitada. Segundo
a ABNT NBR 6118:2014o item 18.2.4 considera-se que o estribos garantem proteção contra flambagem
até no máximo uma distância de 20  l do canto, se nesse trecho não houver mais de duas barras, não
contando a do canto.

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7.0 – Disposições da armadura
7.0.3 – Proteção contra flambagem

Quando as condições anteriores não forem obedecidas deve-se haver proteção contra flambagem
na peça.

Proteção contra flambagem


(Estribos suplementares)

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7.0 – Disposições da armadura
7.0.4 – Ancoragem por trespasse
As, nec
lb, nec  α.lb.  lb, min lb, nec - comprimento de ancoragem necessário
As, ef α  1,00 (barras retas)
 0,3.lb α  0,70 (barras com gancho)

lb, min   10. l l fyd
100mm lb  .
 4 fbd
fbd  1 . 2 . 3 . fctd
l, oc  lb, nec  l, locmin 0,7.0,3 3
fctd  fck 2
200mm 1,4

l, ocmin   15. l
 0,6.lb

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8.0 – Roteiro para dimensionamento de pilares internos

• Esforços solicitantes de 1º ordem e pré-dimensionamento;

• Determinação da esbeltez;

• Momento fletor mínimo;

• Esbeltez Limite e verificação do efeito local de 2º ordem;

• Esforços de 2º ordem pelo método do pilar padrão;

• Área de aço da direção;

• Detalhe da seção;

• Detalhe longitudinal;

• Ancoragens.

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9.0-Referencial bibliográfico

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto -
Procedimento. Rio de Janeiro, 2014, 214 p.

ARAÚJO, José Milton de; Cap. 8 Projetos estruturais em concreto armado. Editora Dunas, 2014, Ed. 3, pág.
181 a 208, Rio Grande do Sul.

BASTOS, Paulo Sérgio dos Santos; Notas de Aula de Pilares de concreto armado. 2005, Bauru.

CARVALHO, Roberto Chust de; PINHEIRO, Libânio Miranda; Cap. 5 Cálculo e detalhamento de estruturais
usuais de concreto armado. Editora Pini, 2009, Ed. 1, pág. 310 a 448, São Paulo.

DA COSTA, João Bosco; apostila de pilares de concreto armado II. 20--, PUC-GO, Goiânia, Goiás.

Portal ABCP Org. Disponível em: <http://www.abcp.org.br>. Acesso em 15 de dezembro de 2015.

PINHEIRO, Libânio Miranda; Cap. 17 Notas de aula: Pilares de concreto armado. Editora Pini, 2003, São
Carlos.
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