Você está na página 1de 7

Aula 11 - Disposições Construtivas dos Pilares de Armação longitudinal

Concreto Armado
A taxa de armadura longitudinal ρ deve ser maior que
Considerações gerais a taxa mínima.
=
Nesta aula são apresentadas as disposições
construtivas da NBR-6118 relativas aos pilares de
concreto armado.
= 0,15 ≥ 0,40%
Essas disposições referem-se às dimensões externas
da peça e as armaduras nela contidas.
=
De um modo geral, entende-se que um projeto
consistente não se limita a um cálculo preciso das
solicitações e das dimensões dos elementos Essa taxa deve, também, ser inferior ao valor máximo
estruturais. de 8%, inclusive nos trechos de emenda por traspasse,
como indicado na fig.8.3.1.
Além disso, devem ser tomadas algumas medidas que
facilitem a execução, possibilitando uma maior
uniformidade na concretagem da estrutura.

Nesse sentido, devem-se especificar dimensões


mínimas para as seções transversais dos elementos
estruturais, bem como limitar a taxa de armadura a um
valor máximo compatível com a boa concretagem.

A seguir, apresentam-se as disposições construtivas da


NBR-6118 para o detalhamento dos pilares de concreto
armado.

Dimensões mínimas das seções dos pilares

A seção transversal dos pilares das paredes estruturais


e dos pilares-parede deve possuir uma dimensão O ideal é projetar os pilares de forma a se obter uma
mínima igual a 19 cm. taxa de armadura longitudinal maior ou igual a 1%.
Em casos especiais, permite- se adotar dimensões
Normalmente, essa taxa de armadura e necessária
entre 19 cm e 14 cm. Para essas situações, os esforços para garantir uma adequada ductilidade ao pilar,
solicitantes de cálculo devem ser majorados pelo evitando-se rupturas bruscas.
coeficiente adicional , dado por
O diâmetro mínimo das barras longitudinal, Φ, é de 10
= 1,95 − 0,05 ≥ 1 mm. O diâmetro máximo é igual a 1/8 da menor
dimensão da seção transversal do pilar.
onde b é a menor dimensão da seção transversal do
pilar, em centímetros. Em seções poligonais, deve existir pelo menos uma
barra em cada vértice.
O coeficiente deve majorar os esforços solicitantes
de cálculos finais, quando do dimensionamento das Para seções circulares, o número mínimo de barras
armaduras. longitudinais é igual a seis.

Em qualquer caso, não se permite pilar com seção O espaçamento máximo entre eixos das barras
transversal de área inferior a 360 cm². longitudinais, junto ao contorno da peça, é igual a 40
cm ou duas vezes a menor dimensão da seção
Quando a maior dimensão da seção transversal do pilar transversal.
é superior a cinco vezes a menor dimensão, o elemento
estrutural recebe a denominação de parede estrutural O espaço livre entre duas barras, fora da região de
ou de pilar-parede. emendas, deve ser maior ou igual a:

Para pilares com índice de esbeltes λ > 140, devem-se a) 2 cm;


majorar os esforços finais para dimensionamento pelo b) o diâmetro das barras;
coeficiente adicional. c) 1,2 vezes o diâmetro máximo do agregado.

= 1 + ( − 140)/140 Esses valores se aplicam também em regiões de


emenda por transpasse.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 1
Na fig. 8.3.2, estão representadas as exigências quanto A força máxima Nds que pode atuar em uma barra
ao espaçamento das barras longitudinais. longitudinal de diâmetro Φ é dada por

=
4
onde foi empregada a tensão de escoamento
característica do aço, fyk, a favor da segurança.

A carga crítica da barra com comprimento de


flambagem s é dada por

=
64

onde Es é o módulo de elasticidade do aço e γf é um


Armadura transversal coeficiente de segurança.

Os estribos dos pilares devem amarrar as barras Impondo a condição Nds ≤ Pcr para que não haja
longitudinais, possibilitando sua concretagem na flambagem da barra longitudinal, resulta
posição vertical, além de protegê-las contra a
flambagem.

Os estribos também servem para absorver os esforços 4
transversais de tração que surgem na região das
emendas por traspasse das barras longitudinais. Adotando Es = 20000 KN/cm², =60kN/cm2 (Aço CA-
Para isto, devem ser obedecidas as exigências 60) e = 1,4, chega-se a s ≤ 12Φ, conforme exigido na
seguintes. NBR-6118.

O diâmetro dos estribos, Φt, não deve ser inferior a 5 De um modo geral, os estribos devem ser colocados
mm nem a Φ/4, onde Φ é o diâmetro das barras da em toda a extensão do pilar, inclusive na região de
armadura longitudinal. cruzamento das vigas.

Se a armadura longitudinal for constituída por feixe, Φ Nos pilares intermediária, quando as vigas possuírem a
representa o diâmetro equivalente do feixe. mesma largura do pilar e forem capazes de proteger as
barras longitudinais situadas em todas as faces,
Em toda a extensão da peça, inclusive na região de podem-se eliminar os estribos nessa região de
cruzamento com vigas e lajes, devem ser colocados cruzamento.
estribos, cujo espaçamento s não deve ser maior que
os seguintes valores: As duas situações são apresentadas na fig. 8.4.2.

a) 20cm;
b) menor dimensão externa da seção da peça;
c) 12 Φ

Esses limites para o espaçamento dos estribos visam


garantir que as barras longitudinais não sofram
flambagem, como é ilustrado na fig. 8.4.1.

Se o pilar pertencer a subestrutura de


contraventamento e estiver submetido a esforços
cortantes apreciáveis, além das exigências anteriores,
deve-se realizar o dimensionamento ao esforço
cortante.

Além disso, é conveniente reduzir o espaçamento dos


estribos nas regiões de cruzamento com as vigas para

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 2
melhorar o confinamento dos nós dos pórticos de
contraventamento.

A distribuição dos estribos nos dois tipos de pilares é


indicada na fig. 8.4.3, onde s é o espaçamento dos
estribos definido anteriormente.

Quando houver mais de duas barras no trecho de


comprimento 20 Φt ou barras fora dele, deve-se colocar
estribos suplementares com diâmetros e
espaçamentos também de acordo com as prescrições
para armadura transversal.

Se esses estribos suplementares forem poligonais, a


eles se aplica a mesma regra anteriormente enunciada.

Se o estribo suplementar for constituído por uma barra


reta terminada em ganchos, ele deve atravessar a
seção da peça e seus ganchos devem envolver as
barras longitudinais a serem protegidas.

Se houver mais de uma barra longitudinal a ser


protegida junto a mesma extremidade do estribo, o
Cobrimento da armadura gancho deve envolver um estribo principal em um ponto
junto a uma das barras, o que deve ser indicado no
Os cobrimentos nominais exigidos pela NBR-6118 são projeto de modo bem destacado.
dados em função da classe de agressividade
ambiental. Dessa forma, pode-se admitir que o gancho garanta
proteção contra a flambagem essa barra longitudinal e
No caso dos pilares, os cobrimentos nominais exigidos mais duas para cada lado, não distantes dela mais que
são indicados na tabela 8.5.1. 20 Φt.

Na fig. 8.6.2, são apresentadas as soluções descritas


acima

Em qualquer caso, o cobrimento nominal de uma


determinada barra não deve ser inferior ao diâmetro da
própria barra.

No caso de feixes, esse cobrimento não deve ser


inferior ao diâmetro equivalente do feixe.

Proteção contra a flambagem das barras

Considera-se que os estribos poligonais protegem


contra a flambagem as barras longitudinais situadas em
suas quinas e as por eles abrangidas e situadas no
máximo à distância de 20 Φt da quina, se nesse trecho
de comprimento 20 Φt não houver mais de duas barras,
não contando a barra da quina.
A solução indicada na fig. 8.6.2, letra c, permite reduzir
A fig. 8.6.1 esclarece o texto. o número de barras com ganchos, especialmente em
paredes estruturais, o que facilita a montagem da
armadura e a concretagem.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 3
Deve-se observar que para manter o cobrimento Para as barras comprimidas, o comprimento do trecho
nominal, cnom, é necessário reduzir os lados do estribo de transpasse é loc = lb,nec, onde lb,nec é o comprimento de
poligonal de 2Φt, segundo a direção dos ganchos. ancoragem necessária.

Essa solução foi excluída da NBR-6118, talvez por Para as barras tracionadas, o comprimento do
precaução, devido as dificuldades de controle do traspasse é
processo construtivo.
= ,
O CEB/90 e o EC2 permitem essa solução, mas
consideram que o gancho proteja apenas uma barra
adicional para cada lado, até uma distância de 15 cm. onde αot > 1é dado na tabela a seguir, em função da
porcentagem das barras emendas na mesma seção.
As características geométricas dos estribos poligonais
são dadas na tabela A3.7.

Em geral, todas as barras da armadura longitudinal dos


pilares são emendadas na mesma seção de modo que
αot = 2.

Como uma simplificação a favor da segurança, e para


uniformizar os comprimentos das esperas, pode-se
adotar lb,nec = lb, onde

=
4

Na expressão, Φ é o diâmetro da barra, fyd é a tensão


de escoamento de cálculo do aço e fbd é o valor médio
da tensão de aderência no estado limite último.

= 0,42( ) , ≤ 50

As dimensões das barras adicionais com ganchos são Dependendo da combinação dos esforços solicitantes
indicadas na fig. 8.6.3. do pilar, esforço normal e momentos fletores, podem-
se ter os seguintes casos: todas as barras estão
comprimidas; algumas barras estão tracionadas.

No primeiro caso, o comprimento da emenda será lo =


lb. Entretanto, havendo barras tracionadas, deve-se
adotar

=2

onde foi considerado que αot = 2.

Na fig. 8.7.2, apresenta-se um gráfico que permite


determinar o comprimento das emendas por traspasse
das barras dos pilares em função dos esforços
reduzidos µ e ν.
Emendas das barras
Esse gráfico foi elaborado para o aço CA-50 e para o
As emendas das barras da armadura longitudinal parâmetro δ = 0,20.
podem ser feitas por traspasse, por solda ou através de
luvas rosqueadas.

Dentre esses tipos, a emenda por traspasse e


predominantemente usada nas obras correntes.

Nas emendas por traspasse, as forças são transferidas


das armaduras para o concreto, e vice-versa, através
das tensões de aderência.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 4
Quando a seção do pilar sofre uma redução, como na
figura 8.7.3-b, tolera-se o encurvamento das barras até
uma inclinação máxima dada por 1 na horizontal para 4
na vertical.

Esse encurvamento pode der feito antes da colocação


das armaduras na forma.

Se a inclinação for maior, deve-se empregar


chumbadores, como indicado na figura 8.7.3-c.

Devido à pressão de ponta, as barras que terminam


devem ser cortadas numa distância de 4Φ ≥ 5 cm
abaixo da superfície superior da viga.

A solução com o encurvamento das barras também


conhecida como “engarrafamento”, quando ocorre uma
variação de seção do pilar, deve ser adotada com
cautela, devido ao surgimento de forças horizontais
Ele pode ser usado como uma aproximação para outras decorrentes da mudança de direção das barras.
formas de seção transversal, adotando-se as definições
apropriadas de µ e ν. Essa situação é indicada na fig. 8.7.4.

O gráfico indica um comprimento de emenda lo por


região e é válido para os concretos do grupo I.

A região sombreada do gráfico corresponde aos casos


que se verificam usualmente em todos os pilares
contraventados e na maioria dos pilares de
contraventamento dos edifícios.

Nesses casos, o comprimento das emendas por


traspasse é igual ao próprio comprimento de
ancoragem.

Normalmente, as emendas das barras longitudinais dos


pilares são feitas no nível dos pisos.
A máxima força Fd, atuando no trecho inclinado da
Assim, concretado um piso, as barras do pilar inferior barra, é
param a uma altura lo acima da viga, formando a espera
das barras do pilar superior, como indicado na fig. 8.7.3-
= =
a. 4
onde As1 é a área da seção da barra de diâmetro Φ e fyd
é a tensão de escoamento da armadura longitudinal do
pilar.

Essa força se decompõe em uma componente vertical


Vd e em uma componente horizontal Hd, dadas por

onde α é o angulo de inclinação da barra em relação a


horizontal.

Das equações anteriores, verifica-se que há uma perda


de eficiência na transmissão dos esforços para o pilar
inferior, pois a máxima força vertical Vd que é
transferida a barra é
Para isto, é necessário dar um pequeno encurvamento
nas barras inferiores para que as barras superiores =
fiquem na posição prevista.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 5
Para uma inclinação máxima de 1 na horizontal por
a = 4 na vertical, resulta:

= 0,97

Em geral, essa perda de 3% na capacidade da barra


pode ser desprezada.

Para a mesma inclinação de 1 para 4, resulta a força


horizontal

= 0,24

Cabe salientar que só é permitido o engarrafamento Se a viga for suficientemente alta para que a dobra da
das barras até uma inclinação máxima de 1 na barra longitudinal fique situada a pelo menos 4Φ ≥ 5 cm
horizontal para a = 6 vertical. acima da sua face inferior, podem-se dispensar esses
estribos adicionais, pois a própria viga de piso absorve
O engarrafamento também não é permitido quando as a força horizontal Hd, como indicado na fig.8.7.7.
faces dos pilares ficarem desalinhadas mais do que 7,5
cm. O mesmo se dá quando ocorre redução do número de
barras do pilar superior.
Nesses casos, devem-se usar chumbadores adicionais.
No projeto, deve-se especificar a posição da dobra para
Essa força horizontal deve ser resistida por estribos ou garantir que a mesma fique totalmente dentro da viga.
barras horizontais terminadas em gancho, abraçando a
barra longitudinal do pilar. Além disso, se o pilar for mais largo que a viga, deve-
se observar que haverá barras para as quais essa regra
A área Asw dessa armadura horizontal é dada por não se aplica, exigindo-se o emprego dos estribos
adicionais.
=
Do exposto, verifica-se que a solução mais simples e
eficiente para transferir as forças para as barras
onde fyde é a tensão de escoamento dos estribos. longitudinais do pilar inferior quando há variações de
seção, é o emprego de chumbadores adicionais.
A armadura horizontal deve ser distribuída a uma
distância máxima de 15 cm do ponto de dobramento A tradicional solução com “engarrafamento” das barras
das barras verticais, como indicado na fig. 8.7.5. do pilar pode exigir um grande número de estribos
adicionais, além de estribos variáveis dentro da viga, o
Deve-se observar que, quando várias barras são que dificulta a execução.
curvadas, a força horizontal Hd será a soma da
contribuição de cada barra, como na fig. 8.7.6. Entretanto, essa solução pode ser interessante nos
casos da fig. 8.7.7.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 6
Desenho de armação dos pilares

Na fig. 8.8.1, indica-se um desenho típico de armação


dos pilares contraventados dos edifícios. Os
comprimentos das emendas indicados são iguais ao
valor do lb correspondente a um concreto com fck = 20
MPa.

No térreo, são representadas as barras de espera do


pilar.

Deve-se garantir que essas barras penetrem pelo


menos 0,6 lb dentro da sapata ou do bloco de fundação.

Na passagem do terceiro para o segundo pavimento,


não houve variação das dimensões do pilar.

Porém, a armadura sofreu uma redução, sendo usado


dois chumbadores adicionais para fazer a emenda.

Observam-se, também, os ganchos adicionais para


proteção contra flambagem das barras longitudinais.

O detalhamento é continuado de forma análoga até o


último pavimento do edifício.

Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO II – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 7

Você também pode gostar