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Aula 9 - Pilares Contraventados de Concreto 1) Dimensionamento segundo a direção x

Armado – Pilares de Extremidade e de Canto


Em virtude da forma triangular do diagrama de
Pilares de extremidade momentos iniciais, não se sabe a priori qual é a seção
do pilar que é a mais solicitada.

Por isso, nessa direção devem ser que feitos dois


dimensionamentos: um para a seção do extremo com a
maior excentricidade inicial e outro para uma seção
intermediária.

- Seção de extremidade

Admitindo-se que eia seja positiva e eia > leibl, sendo eib
negativa se elas forem de sentidos opostos, o
dimensionamento da seção do extremo a deve ser feito
Para os pilares de extremidade, a situação de projeto é com a excentricidade ex dada por
indicada na figura a seguir, onde se admite que a força
normal de cálculo atue no eixo x com uma = + ≥ ,
excentricidade inicial .
onde eax é a excentricidade acidental dada na equação
O pilar deve ser dimensionado para as duas situações
de cálculo indicadas na figura, (casos b e c).
=
400

, = 1,5 + 0,03ℎ

Nesta seção, não são consideradas as excentricidades


de segunda ordem e de fluência já que, por hipótese, o
pilar é indeslocável nos seus extremos (o deslocamento
transversal é impedido).

- Seção intermediária

A excentricidade inicial, a ser adotada para uma


seção intermediária é o maior dos valores:

0,6 + 0,4

‘ 0,4
Essa excentricidade é devida aos momentos fletores
transmitidos pelas vigas, os quais podem ser Assim, em uma seção intermediária considera-se a
calculados com o emprego das equações excentricidade:

= = + +
+ +
= + ≥ ,

=
+ + A excentricidade de fluência, é calculada através
da equação
O diagrama de excentricidades iniciais na direção x é
apresentado na figura a seguir, em concordância com
a distribuição triangular dos momentos fletores. = −1

considerando a excentricidade de primeira ordem


verdadeira, = + , sem respeitar a
excentricidade mínima.

O dimensionamento segundo a direção x é feito com o


maior valor de , resultante das equações:

= + +

= + ≥ ,

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Se os efeitos decorrentes dos deslocamentos Para os exemplos 1 e 2 são fixados os seguintes dados:
transversais do eixo do pilar são pequenos ( e
são pequenos), a maior excentricidade será a da
equação
= + ≥ ,

indicando que o pilar é curto e que a ruína ocorrerá na


seção de extremidade.

Em caso contrário, quando o pilar for moderadamente Cálculos preliminares:


esbelto, a equação = + + fornecerá um
valor maior para .

Esse procedimento de projeto fornece bons resultados,


ficando a solução a favor da segurança.

2) Dimensionamento segundo a direção y

Para esta direção considera-se a excentricidade

= + +
Solução:
onde
1) Dimensionamento segundo a direção x
≥ = 1,5 + 0,03ℎ
, a) Índice de esbeltez: λx = 69

A excentricidade de fluência, é calculada como para


os pilares intermediários, ou seja, considerando
= .

Observa-se que a seção do pilar é dimensionada a b) Excentricidades iniciais


flexo-compressão normal nas duas situações de
cálculo. Para obter as excentricidades iniciais, basta dividir os
momentos iniciais de serviço pela força normal de
A eventual consideração de flexão obliqua em uma serviço.
segunda situação de cálculo é desnecessária, pois, em
geral, o dimensionamento predominante corresponde à
primeira situação de cálculo.

Exemplo1:
c) Excentricidade mínima
Dimensionar o pilar de extremidade da figura. O
diagrama de mementos iniciais de serviço no pilar é
indicado na figura.

Seção de extremidade:

d) Excentricidade inicial na seção intermediária

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e) Excentricidade de segunda ordem

Como λx < 90, o pilar é moderadamente esbelto,


podendo-se empregar o processo simplificado da NBR-
6118.

Como v0 > 0,5, adota-se o valor calculado v0 = 0,86.

Os esforços de cálculo são os seguintes:

Empregando-se a tabela A1.4 do Apêndice 1, obtém-se


a área de aço As ≅ 29,00 cm².

f) Excentricidade de fluência Adotando 10φ20, tem-se uma área de aço igual a


31,42cm², como se verifica através da tabela A3.2
(Apêndice 3, Volume 2).

A disposição das barras é indicada na figura a seguir:

2) Dimensionamento segundo a direção y


Seção intermediária:

Excentricidade total:

Logo, deve-se; dimensionar a seção intermediaria com A situação de cálculo e indicada na figura a seguir:
uma excentricidade ex = 6,24 cm.

A situação de cálculo é análoga a situação da figura,


adotando-se apenas duas camadas de armadura.

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Observa-se que todas as seções transversais do pilar
Logo, deve-se dimensionar uma seção retangular com estão submetidas à flexo-compressão oblíqua, como
5 camadas de armadura. Os esforços de cálculo são uma condição inicial.

Nestes casos, os dimensionamentos devem ser feitos


sempre a flexo-compressão oblíqua.
Empregando a tabela A1.14 do Apêndice 1, obtém-se De um modo geral, devem ser adotadas seis situações
a área de aço As = 6,07 cm². de cálculo: duas para a seção do topo, duas para a
seção da base e duas para uma seção intermediária do
Como a seção já possui uma área de aço igual a pilar.
31,42cm² exigida pelo dimensionamento segundo a
direção x, conclui-se que a solução é a indicada na 1) Situações de cálculo na seção de topo do pilar
figura.
A situação de projeto na seção de topo do pilar é
apresentada na figura a seguir, onde eix,t e eiy,t são as
excentricidades iniciais nas duas direções.

As duas situações de cálculo para essa seção


correspondem aos casos b e c da figura.

Pilares de canto

- Situação de cálculo 1:

=
= ,
Nos pilares de canto, devem-se considerar os = , + ≥ ,
momentos iniciais transmitidos pelas vigas que nele
terminam, segundo as duas direções.

Dividindo-se esses momentos pela força normal, - Situação de Cálculo 2:


obtém-se os diagramas de excentricidades iniciais
representados na figura a seguir:

= ,
=
= , + ≥ ,

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2) Situações de cálculo na seção da base do pilar

A situação de projeto na seção da base do pilar é


apresentada na figura a seguir, onde eix,b e eay,b são as
excentricidades iniciais nas duas direções,
consideradas em valor absoluto, pois se admite que a
seção do pilar possua dupla simetria.

As excentricidades iniciais na seção intermediárias são


dadas por
0,6 , + 0,4 ,

0,4 ,

0,6 , + 0,4 ,

0,4 ,
Para uma seção transversal genérica, é necessário
considerar o sinal negativo das excentricidades. As Onde se admite que as maiores excentricidades, em
duas situações de cálculo para essa seção valor absoluto ocorram na seção do topo.
correspondem aos casos b e c da figura.
Como se trata da seção intermediária, devem-se
- Situação de cálculo 3: considerar as excentricidades de segunda ordem e de
fluência.

- Situação de cálculo 5:

=
= ,
= , + ≥ , = + +
=
= + ≥ ,

- Situação de cálculo 4:
- Situação de cálculo 6:

= ,
=
= , + ≥ , =
= + +
= + ≥ ,

3) Situações de cálculo na seção intermediária do pilar

A situação de projeto na seção intermediária do pilar é


apresentada na figura a seguir onde eix e eiy são as Observa-se que, em uma situação geral, devem-se
excentricidades iniciais nas duas direções. realizar seis dimensionamentos a flexo-compressão
oblíqua para saber qual é a situação de cálculo critica.
As duas situações de cálculo para essa seção
correspondem aos casos b e c da figura. Quando esses dimensionamentos são feitos com o
emprego de algum software obtém-se a solução final
com relativa facilidade.

Entretanto, o projeto dos pilares de canto pode ficar


extremamente trabalhoso, quando o dimensionamento
é feito por meio de tabelas.

Nesses casos, é conveniente analisar a ordem de


grandeza das excentricidades antes da realização do
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dimensionamento, para eliminar aquelas situações de
cálculo visivelmente irrelevantes. Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve ser
feito com as excentricidades
Exemplo2:

Na figura a seguir, indica-se a seção do pilar de canto


e os momentos iniciais de serviço nas duas direções.

e) Situação de cálculo 3 (na base)

Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve ser


feito com as excentricidades

Solução:
f) Situação de cálculo 4 (na base)
a) Excentricidade iniciais

Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve ser


feito com as excentricidades

Na seção intermediária:

g) Situação de cálculo 5 (na seção intermediária)

b) Excentricidades mínimas
Excentricidade de segunda ordem:

c) Situação de cálculo 1 (topo) Como > 0,5, adota-se o valor calculado = 0,69.

Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve


ser feito com as excentricidades

= 3,33 e = 4,66

d) Situação de cálculo 2 (no topo)

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Excentricidade de fluência: Na figura a seguir, representam-se as relações
adimensionais entre ey/hy e ex/hx e as possíveis formas
do diagrama de interação.

Essas formas dependem da relação entre as


dimensões da seção transversal e da disposição de
barras de aço.

Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve ser


feito com as excentricidades

h) Situação de cálculo 6 (na seção intermediária)

Para uma seção quadrada, com o mesmo número de


barras em todas as faces, o diagrama de interação terá
uma forma semelhante àquela representada pela curva
a, já que a seção possui a mesma capacidade
resistente em ambas as direções.
Excentricidade de segunda ordem:
Para uma seção retangular, com hy > hx e com as barras
distribuídas ao longo do lado maior, o diagrama de
interação adimensional será das formas b e c.

Excentricidade de fluência: Assim, observando o diagrama de interação, pode-se


concluir que a situação de cálculo 5 é aquela que irá
resultar em uma maior armadura.

Neste caso, não há necessidade de realizar o


dimensionamento para outras situações de cálculo e
adotar a maior armadura.

Logo, o dimensionamento à flexo-compressão deve ser i) Dimensionamento das armaduras para situação de
feito com as excentricidades cálculo crítica

Considerando as excentricidades da situação de


cálculo número 5, obtêm-se os esforços para o
dimensionamento:
Na tabela a seguir, apresentam-se as excentricidades
obtidas para as seis situações de cálculo.

O dimensionamento à flexo-compressão oblíqua pode


ser realizado empregando-se as tabelas do Apêndice 2.
Para isto, devem ser feitos os seguintes cálculos:

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Entrando na tabela A2.3 do Apêndice 2 e fazendo as
devidas interpolações, obtém-se a taxa de armadura ω
= 0,44. A área de aço é dada por

Consultando a tabela A3.2 (Apêndice 3, volume 2),


verifica-se que é possível adotar uma solução com 8
barras de 16 mm, que corresponde a uma área de aço
igual a 16,08 cm².

A solução é representada na figura:

Exercício

Refazer os exemplos 1 e 2 mostrados na aula fazendo


uma memória de cálculo numa folha A4 branca a lápis.

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