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Aula 8 - Pilares Contraventados de Concreto Isto pode ocorrer quando há uma variação nas

Armado – Situações de Projeto e Pilares dimensões da seção transversal do pilar ou quando as


Intermediários vigas são excêntricas em relação ao seu eixo.

Situações de projeto dos pilares Os pilares de extremidade correspondem a apoios de


extremidade para as vigas.
Dependendo do seu posicionamento na estrutura, os
pilares podem ser classificados como pilares Nesse caso, os momentos transmitidos pelas vigas
intermediários, pilares de extremidade ou pilares de devem ser considerados e a situação de projeto é de
canto. flexo-compressão normal.

A figura a seguir esclarece essa classificação: Esses momentos são obtidos resolvendo-se o pórtico
ao qual pertencem o pilar e as vigas que nele terminam.

Entretanto, a NBR-6118 permite que se faça um cálculo


aproximado, adotando-se a seguinte distribuição de
momentos nos nós do pórtico:

- Pilar inferior ao nó:

=
+ +

- Pilar superior ao nó:

=
+ +

onde Meng é o momento de engastamento perfeito e


= ⁄ é o coeficiente de rigidez, sendo o momento
de inércia da seção transversal e o vão.
Os pilares intermediários são assim denominados por
corresponderem a apoios intermediários para vigas. Os coeficientes de rigidez das barras são obtidos com
Considerando apenas o carregamento vertical atuante o modelo indicado na figura a seguir.
nas vigas, verifica-se que os momentos que são
transmitidos a esses pilares são pequenos e, em geral,
podem ser desprezados. =4 ⁄
=6 ⁄
=6 ⁄
Quando os vãos da viga, adjacentes ao pilar, forem
muito diferentes entre si, ou quando há significativa
diferença no carregamento desses vãos, pode ser
necessário considerar os momentos iniciais
transmitidos pela viga.

Para isto, pode-se empregar o modelo da figura a Quando a viga possuir um único vão, o engaste perfeito
seguir, considerando um tramo de viga para cada lado deve ser substituído por um apoio simples. Neste caso,
do pilar. o coeficiente de rigidez da viga é

=3 ⁄

Quando a extremidade oposta do pilar for engastada, o


momento fletor nessa extremidade pode ser calculado
=4 ⁄
com uma das expressões anteriores e dividindo-se por
=6 ⁄ 2.
=6 ⁄

Dessa forma, um pilar intermediário contraventado está


em uma situação de projeto de compressão centrada,
a menos que, por razões construtivas, a força de
compressão não atue no seu eixo.

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Na figura, apresenta-se a distribuição dos momentos b) Coeficiente de rigidez da viga:
para os pilares de extremidade.

c) Coeficiente de rigidez dos pilares:

Admitindo que não ocorra variação na seção


transversal do pilar, tem-se que rinf = rsup = rp.

d) Momentos iniciais no pilar:


Para os pilares de canto a situação de projeto é de No andar tipo:
flexo-compressão oblíqua, já que devem ser
considerados os momentos transmitidos por ambas as
vigas que nele terminam.

As expressões
No topo:
=

=
Observa-se que, no topo, não existe o pilar superior,
podem ser empregadas para as duas direções. ocorrendo um aumento do momento fletor no pilar.

Exemplo 1: Por esse motivo, pode haver um acréscimo de


armadura do pilar na passagem do penúltimo para o
Determinar os momentos fletores que a viga VX ultimo pavimento.
transmite ao pilar PY da figura a seguir. A viga é
solicitada por uma carga vertical uniformemente
distribuída igual a 8KN/m.
O diagrama de momentos é mostrado na figura a
seguir:

Solução:

a) Momento de engastamento perfeito

onde lvig = 4,08 m é o vão de cálculo da viga

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Assim, mesmo estando em uma situação de projeto de
compressão centrada, os pilares intermediários devem
Situações de cálculo dos pilares ser dimensionados a flexo-compressão.

Pilares intermediários Na figura a seguir, indica-se a situação de projeto dos


pilares intermediários, onde x e y são as duas direções
principais para as quais o pilar deve ser dimensionado.

Conforme foi visto anteriormente, a situação de projeto


dos pilares intermediários é de compressão centrada,
já que os momentos transmitidos pelas vigas podem
ser desprezados.

Dessa forma, admite-se que a força normal de cálculo Os pilares intermediários devem ser dimensionados
Fd atue no centroide das seções transversais de considerando-se a força normal aplicada no eixo x e no
concreto. eixo y, com as excentricidades ex e ey, conforme
indicado na figura (casos b e c).
Entretanto, a NBR-6118, assim como as demais
normas de projeto, exige a consideração de uma A armadura a ser adotada é a maior obtida nos dois
excentricidade acidental em todos os casos. dimensionamentos, ou seja, não é feita a superposição
das armaduras.
Essa excentricidade tem por objetivo levar em conta
possíveis imperfeições do eixo do pilar, com o A excentricidade é dada por:
conseqüente desvio desse eixo em relação à posição
vertical. = + +
De acordo com o CEB/90, a excentricidade acidental a onde
ser considerada para os pilares contraventados é dada
por:
= excentricidade de primeira ordem;

= onde = ≤ = excentricidade de segunda ordem;


Nessas expressões, l é o comprimento real do pilar em = excentricidade de fluência na direção x.


metros, le é o seu comprimento de flambagem e αa é a
inclinação do eixo do pilar em relação a vertical. A excentricidade acidental é obtida da relação

Adotando o máximo valor; para a inclinação, αa =1/200


=
(ver equação anterior) resulta uma excentricidade 400
acidental
onde lex é o comprimento de flambagem do pilar na
direção x.
=
400 A excentricidade de primeira ordem mínima é dada por
A NBR-6118 adota a mesma formulação do CEB/90
para a consideração das imperfeições geométricas. , = 1,5 + 0,03ℎ

Porém, ela exige a consideração de uma Logo, na equação = + + deve-se


excentricidade de primeira ordem mínima, e1,min, dada adotar para o maior valor entre e 1 , .
por
= ≥ ,
, = 1,5 + 0,03ℎ ,
A excentricidade de segunda ordem, ,é dada por:
onde h é a altura da seção transversal do pilar na
direção considerada, em centímetros. 0,005
=
10 ( + 0,5)ℎ
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conforme o processo simplificado da NBR-6118, Cálculos preliminares:
apresentado na aula anterior.

O parâmetro é dado por:

= ≥ 0,5

onde = ℎ ℎ é a área da seção transversal e é


a resistência à compressão de cálculo do concreto.

A excentricidade de fluência, , é calculada como


visto anteriormente, dada por: Solução:

Iniciar pela direção de maior esbeltez


= −1
1) Dimensionamento segundo a direção x
é a carga de flambagem de Euler definida em x por: a) Índice de esbeltez

Na expressão, adota-se = sem a necessidade


de respeitar a excentricidade mínima. b) Excentricidade de segunda ordem

Com o esforço normal de cálculo Nd = Fd e com o Como λx < 90, o pilar é moderadamente esbelto,
momento fletor de cálculo = dimensiona-se podendo-se empregar o processo simplificado da NBR-
a seção em flexo-compressão normal na direção x. 6118.

Para a direção y considera-se a excentricidade


= + + onde 1 , 2 são obtidas
de forma análoga.

Em ambos os casos, pode-se desprezar a Como v0 > 0,5, adota-se o valor calculado v0 = 0,86.
excentricidade de fluência quando o índice de esbeltez
for menor ou igual a 50.

Evidentemente, o pilar deve possuir um índice de


esbeltez máximo igual a 90, já que além deste limite o
pilar é considerado esbelto.

Exemplo 2:
c) Excentricidade e fluência (λx > 50)
Dimensionar o pilar intermediário da figura:

Para o exemplo são fixados os seguintes dados:

d) Excentricidade mínima

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e) Situação de cálculo

Empregando a tabela A3.2 (Apêndice 3 do Volume 2),


verifica-se que essa área é obtida adotando-se 8 barras
A excentricidade total na direção x é de 20mm (ficando-se com uma área efetiva de 25,13
cm², praticamente igual a área calculada).

A disposição das armaduras para atender ao


dimensionamento na direção x é indicada na fig. 7.4.3.

A situação de cálculo é indicada na figura.

2) Dimensionamento segundo a direção y

As excentricidades são calculadas de maneira análoga,


O ideal é adotar a disposição das barras em duas resultando:
camadas, como está indicado na figura.

Os esforços de cálculo para o dimensionamento a


flexo-compressão normal são os seguintes:

Logo

O dimensionamento à flexo-compressão normal é feito A segunda situação de cálculo é indicada na figura a


com as tabelas do Apêndice 1. seguir:

Observa-se que para o dimensionamento a flexo-


compressão normal segundo esta direção, a
largura da seção transversal é b= 50 cm e a altura é
h = 20 cm.

Dimensionamento:

Observa-se que, para essa direção, é necessário


dimensionar uma seção transversal com 4 camadas de
armadura. Isto pode ser feito com o emprego da tabela
A1.10 do Apêndice 1.

Deve-se observar que a largura da seção é b= 20 cm e


a altura é h=50 cm.

Os esforços para dimensionamento são

Para uma seção com duas camadas de armadura e


com δ = 0,20, a tabela correspondente é a tabela A1.4
do Apêndice 1. Procedendo da forma usual, obtém-se a taxa mecânica
de armadura ω = 0,21 e a área de aço necessária é
Entrando nessa tabela, obtém-se a taxa de armadura
ω = 0,93. A área total da armadura é:
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Como na seção já existe uma armadura com área de
25,13 cm², exigida pelo dimensionamento segundo a
direção x, conclui-se que essa armadura satisfaz com
bastante folga as exigências para a direção y. Portanto,
a direção x é a crítica.

Logo, a solução é a indicada na figura (pilar armado


com 8 barras de 20 mm).

Na tabela a seguir, apresentam-se as opções de


armação desse pilar para diferentes valores de fck.

Conforme se observa, haverá uma redução significativa


da armadura do pilar com o uso de um concreto de
maior resistência.

Exercícios:

Refazer os exemplos 1 e 2 mostrados na aula fazendo


uma memória de cálculo numa folha A4 branca a lápis.

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