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ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO
ARMADURA
TRANSVERSAL EM VIGAS
Autor: Me. Guilherme Perosso Alves
Revisor: Bruno Pereira Dos Santos

INICIAR

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introdução
Introdução
No dimensionamento de uma viga de concreto armado não basta determinar
suas dimensões, as características dos materiais, a quantidade e o diâmetro
de armaduras longitudinais para resistir à flexão. Na grande maioria dos
casos, as vigas estão submetidas a esforços de flexão e de força cortante, por
isso, além das armaduras longitudinais, deve-se dimensionar também as
armaduras transversais, que normalmente são compostas por estribos
verticais para resistir juntamente com o concreto aos esforços cortantes.

Nesta unidade abordaremos a teoria básica por trás do dimensionamento de


vigas à força cortante, bem como a maneira de dimensionar e verificar a viga
para resistir a esse tipo de esforço. Além disso, veremos os conceitos de laje
treliçada, um tipo de laje muito utilizado na atualidade.

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Lajes Treliçadas

Antes de falar sobre as lajes treliçadas, vamos relembrar o conceito e a função


das lajes. As lajes são elementos planos e bidimensionais, cuja espessura é
muito menor que as outras duas dimensões. Nos pavimentos de edifícios,
esses elementos funcionam simultaneamente como placa e chapa.

Nos edifícios, as lajes de concreto armado podem ser maciças, cuja seção
transversal é completamente preenchida por concreto e aço, ou por lajes
nervuradas, em que a parte da seção é preenchida por concreto e aço, e parte
por material inerte, tendo como principal vantagem a redução do peso
próprio da laje. O material inerte utilizado não é considerado no cálculo da
resistência da laje e, atualmente, os elementos mais utilizados para preencher
as regiões sem concreto das lajes são as lajotas cerâmicas, lajotas de concreto
e o poliestireno expandido (EPS) .Um exemplo de seção de laje nervurada é
exibido na Figura 4.1.

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Figura 4.1 - Seção de laje nervurada


Fonte: Bastos (2015, p. 68).

A NBR 6118 (ABNT, p. 97) define as lajes nervuradas como “lajes moldadas no
local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos
positivos esteja localizada nas nervuras, entre as quais pode ser colocado
material inerte”.

As lajes treliçadas são formadas por nervuras e sua armadura de aço é


composta por uma treliça, por isso o nome de “lajes treliçadas”. Veja um
exemplo de nervura pré-moldada com armadura treliçada na Figura 4.2.

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Figura 4.2 - Nervura pré-moldada com armadura treliçada


Fonte: ArcelorMittal (2010, p. 6).

Na maioria das vezes, as lajes do tipo treliçada são formadas por vigotas de
concreto pré-moldadas combinadas a elementos cerâmicos, como verificado
na Figura 4.2. Essas peças, no entanto, também podem ser moldadas no local.

Cálculo Simplificado
As lajes nervuradas podem ser compreendidas como um elemento estrutural
formado por vigas, que podem ser unidirecionais ou bidirecionais,
solidarizadas por uma capa de concreto. A NBR 6118 (2014), no item 14.7.7,
estabelece que as lajes nervuradas podem ser consideradas como elementos
de placa, desde que sejam obedecidas as condições apresentadas no item
13.2.4.2 da mesma norma.

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“A espessura da mesa, quando não existirem tubulações


horizontais embutidas, deve ser maior ou igual a
1/1 da distância entre as faces das nervuras (l ) e não menor que 4
0

cm;
O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5 cm,
quando existirem tubulações embutidas de diâmetro menor ou
igual a 10 mm. Para tubulações com diâmetro ∅ maior que 10
mm, a mesa deve ter a espessura mínima de 4 cm + ∅, ou 4 cm +
2∅ no caso de haver cruzamento destas tubulações;
A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm; Nervuras
com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de
compressão (NBR 6118, 2014, p. 74).

Ou seja, as lajes nervuradas podem ser calculadas simplificadamente como


lajes maciças no regime elástico, desde que atendidas as especificações
citadas acima. Quanto ao projeto das lajes, a NBR 6118, ainda em seu item
13.2.4.2, especifica que:

Para o projeto das lajes nervuradas, devem ser obedecidas as


seguintes condições:
a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou
igual a 65 cm, pode ser dispensada a verificação da flexão da
mesa, e para a verificação do cisalhamento da região das nervuras,
permite-se a consideração dos critérios de laje;
b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre
65cm e 110cm, exige-se a verificação da flexão da mesa, e as
nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento como vigas;
permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre
eixos de nervuras for até 90cm e a largura média das nervuras for
maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de
nervuras maior que 110 cm, a mesa deve ser projetada como laje
maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus limites
mínimos de espessura (NBR 6118, 2014, p. 75).

Em suma, segundo a NBR 6118 (2014), temos três situações de projetos, que
podem ser resumidas da seguinte forma:

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lcc ≤ 65 cm

ã é necessário
n o verificar a mesa à flex oã
{
força constante nas nervuras verificada como laje maci a ç
65 cm ≤ lcc ≤ 110 cm

ã é necessário
n o verificar da mesa à flex oã
{
força constante nas nervuras verificada como vigas

lcc ≤ 90 cm e bw,nerv ≥ 12 cm

ç
{ for a cortante nas nervuras verificadas como laje maci a ç
lcc ≥ 110 cm

{ mesa calculada como laje maci a apoiada nas nervuras ç

No caso em que a laje atenda a condição “a” (l ≤ 65 cm), pode-se realizar o


cc

cálculo simplificado da laje, onde os esforços solicitantes (momentos e


reações) podem ser determinados através do mesmo procedimento utilizado
para lajes maciças apresentado no Item 2.1 dessa apostila.

Importante ainda ressaltar que a NBR 6118 (2014) em seu Item 14.7.7
especifica que nas lajes unidirecionais deve-se realizar o cálculo somente para
a direção das nervuras, desprezando qualquer rigidez transversal e a torção e
as lajes bidirecionais podem ser calculados, para efeitos de esforços
solicitantes, como lajes maciças.

Ao se determinar os momentos nas nervuras através das tabelas conforme


procedimento de lajes maciças, obtém-se o momento por faixa de largura
unitária. Para as lajes nervuradas, deve-se encontrar o momento atuante em
cada nervura, o que depende da distância entre os eixos das mesmas.

Para um projeto mais preciso, quando se quer maior refino no cálculo dos
esforços solicitantes do que aquele proporcionado pelo cálculo simplificado,
pode-se realizar os cálculos dos esforços solicitantes nas lajes através de uma
grelha, ou então, através de modelos numéricos como o Método dos
Elementos Finitos.

Ações Atuantes nas Lajes Treliçadas

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As ações que atuam nas lajes nervuradas são as mesmas que atuam em uma
laje maciça, compostas, basicamente, pelas cargas permanentes e pelas
cargas acidentais. A grande diferença consiste no cálculo do peso próprio
onde deve-se levar em conta o material inerte que reduz o peso das lajes.

Uma opção para a determinação do peso das lajes nervuradas é fazer o


cálculo do peso para uma região conhecida, calculando o volume de concreto
e de enchimento dessas regiões, podendo ser determinado as respectivas
espessuras médias. Será demonstrado esse procedimento com um exemplo
extraído de Bastos (2015), para uma situação de laje nervurada bidirecional.

Considere uma laje nervurada com 24 cm de espessura total e 4 cm de


espessura de capa, bidirecional, e com distância entre os eixos das nervuras
de 48 cm para ambas as direções. O procedimento consiste em separar uma
região da laje com centroide localizado no cruzamento das nervuras e com
lados iguais a distância entre eixos das nervuras conforme pode-se observar
na Figura 4.4.

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Figura 4.3 - Região considerada para o cálculo do peso da laje


Fonte: Bastos (2015, p. 73).

O volume de concreto (Vc) na região pode ser calculado por:


3
Vc = Vc,capa + Vc,nerv = (48484) + (48820) + 2 (20820) = 23.296 cm

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Com o volume de concreto na região, pode-se determinar a espessura média


de concreto (ec) dividindo o volume de concreto pela área (A) da região.
Vc 23.296
¯¯¯¯
ec = = = 10, 11 cm
A 4848

Tendo a espessura média de concreto, a espessura média de enchimento


resulta da diferença entre a espessura da laje (A) e a espessura média de
concreto.
¯¯¯¯
ē ench = h − ec = 24 − 10, 11 = 13, 89 cm

Com as espessuras médias, o cálculo do peso próprio da laje por unidade de


área pode ser facilmente realizado pela multiplicação da espessura média
pelo peso específico do seu respectivo material. Considerando
γc = 25 kN /m e γench = 6 kN /m ,
3 3

Peso concreto: 0, 1011 m 25 kN /m = 2, 53 kN /m 3 2

Peso enchimento: 0, 1389 m 6 kN /m = 0, 83 kN /m 3 2

Peso total: 2, 53 kN /m + 0, 83 kN /m = 3, 36 kN /m
2 2 2

O cálculo do peso para uma laje unidirecional pode ser realizado apenas
considerando a nervura em uma direção e o lado paralelo à direção da
nervura pode ter comprimento unitário.

Dimensionamento
Com a determinação dos momentos, cortantes e reações nas lajes, deve-se
realizar o dimensionamento das lajes.

Flexão nas Nervuras


As nervuras são tratadas como vigas e, para tanto, seu dimensionamento à
flexão obedece a Teoria da Flexão Simples. Deve-se atentar à direção do
momento fletor, pois quando o momento atuante comprime a mesa, pode-se
considerar a contribuição das mesas, sendo, portanto, como o cálculo da

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armadura de flexão (A ) realizado para uma seção T. Quando a mesa


s

encontra-se tracionada, despreza-se sua contribuição e o cálculo da armadura


de flexão é realizado para uma seção retangular.

Como qualquer procedimento de dimensionamento à flexão, é importante


observar algumas questões, tais como fissuração, taxas máximas e mínimas
de armaduras, ancoragem das armaduras nos apoios, etc.

Cisalhamento nas Nervuras


O cisalhamento nas nervuras deve ser verificado em função do espaçamento
das nervuras, conforme apresentado anteriormente. No caso em que as
nervuras estejam espaçadas de comprimentos menores que 65cm, as
nervuras são verificadas à força cortante como lajes maciças, que consiste em
garantir que a força cortante de cálculo (V sd) não ultrapasse o valor da força
cortante máxima (V R 1), conforme a equação a seguir.
d

Para elementos em que 50% da armadura inferior não chega até o


apoio: k = I 1I ;
Para os demais casos: k = I 1, 6 dI , não menor que I 1I com d
em metros;
A 1 : área de armadura que se estende até não menos que (
s

d + lb, nec) além da seção considerada.


As,calc
lb,nec = α. lb
As,ef

α = 1, 0 para barras sem gancho


α = 0, 7 para barras tracionados com gancho, com cobrimento no

plano normal ao do gancho ≥ 3∅

Para os casos em que o espaçamento das nervuras ultrapassa 65cm, o


cisalhamento nas nervuras é verificado como viga.

Flexão na Mesa
Nas lajes com espaçamento entre nervuras menor que 65 cm, não há
necessidade de verificar a mesa à flexão. Nos casos em que o espaçamento
entre nervuras ultrapassa os 65cm, deve-se verificar a mesa à flexão como

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uma laje maciça. É importante ressaltar que é necessário sempre respeitar os


limites mínimos de espessura das mesas apresentados pela NBR 6118 (2014).

praticar
Vamos Praticar
Considerando uma laje nervurada unidirecional com espaçamento entre nervuras
de 40cm, com concreto fck: 30 MPa, taxa de armadura de 0,50 cm²/m que chega até
os apoios, com a seção transversal abaixo e sem aplicação de qualquer tipo de
esforço normal na seção, qual a força cortante máxima (VRd1)? Assinale a
alternativa correta.

Fonte: Elaborada pelo autor.


a) VRd1 = 30kN
b) VRd1 = 18kN
c) VRd1 = 35kN
d) VRd1 = 26kN
e) eVRd1 = 45kN

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Comportamento de
Vigas de Concreto
Armado
Submetidas a
Tensão de
Cisalhamento

Na grande maioria das vezes, as vigas estão submetidas à flexão e esforço


cortante. Os esforços cortantes devem ser avaliados cuidadosamente nos
elementos lineares, pois sua atuação pode levar os elementos ao colapso de
maneira frágil.

Geralmente, no dimensionamento de vigas de concreto armado, o primeiro


passo é o cálculo das armaduras longitudinais e, após isso, procede-se do
cálculo das armaduras transversais para resistir aos esforços cortantes.

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Tensões Principais nas Vigas


O comportamento de uma viga sob flexão simples já foi discutido, entretanto
é importante retomarmos este assunto para avaliarmos as tensões de
cisalhamento que ocorrem nas vigas.

A trajetória das tensões principais em uma viga bi apoiada e submetida a um


carregamento uniformemente distribuído, pode ser observado na Figura 4.4
ainda em estádio I. Na região próxima à linha neutra (L.N.), as tensões
principais têm inclinação de 45° ou 135° com o eixo longitudinal da viga, e em
outras alturas essa inclinação varia entre 0° e aproximadamente 90°.

Como se sabe, com o aumento das tensões de tração surgem fissuras


perpendiculares a essas (quando a tensão de tração ultrapassa a tensão
resistente à tração do concreto).

Na região central da viga, as tensões principais na região inferior da viga


apresentam inclinações de aproximadamente 0° com o eixo longitudinal,
justificando o emprego de armadura longitudinal nessa região. Próximo aos
apoios, onde há menor influência do momento fletor, as tensões principais
encontram-se inclinadas e as fissuras que ocorrem nessas regiões são
causadas basicamente pelas tensões de cisalhamento, por isso são chamadas
de “fissuras de cisalhamento”.

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reflita
Reflita
A análise de tensões é fundamental no
comportamento de qualquer
elemento estrutural. Em uma viga, por
exemplo, dado um ponto qualquer
dela sujeito a um estado plano de
tensões σx, σy e τxy, pode-se obter um
outro plano com inclinação em que as
tensões tangenciais são nulas e as
tensões normais têm valor máximo e
mínimo, que são as chamadas tensões
principais. O mais interessante é que
as tensões principais podem ser
determinadas para qualquer ponto de
um elemento através de um método
analítico, ou até mesmo por meio de
um método gráfico com o chamado
Círculo de Mohr.

Fonte: Carvalho (2014, p. 415).

As tensões de tração, inclinadas próximo aos apoios, exigem o


posicionamento de armadura transversal composta por estribos fechados. É
interessante verificar que na altura da linha neutra o ideal seria que os
estribos tivessem inclinação de 45°, entretanto, por questões construtivas, os
estribos são posicionados, na grande maioria dos casos, com 90° de
inclinação em relação ao eixo longitudinal da viga.

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Figura 4.4 - Tensões principais em viga bi apoiada com carregamento


uniformemente distribuído
Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 4).
Por mais abstrato que este assunto possa parecer, conhecer a distribuição
das tensões principais nas vigas é muito importante para que o projetista
saiba posicionar corretamente as armaduras de tração, assim como conhecer
as posições das bielas de compressão.

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Mecanismos Básicos de
Transferência de Força Cortante
Os mecanismos pelos quais se mobiliza resistência à atuação da força
cortante são variados e complexos, sendo importante conhecê-los.
Basicamente, além da resistência proporcionada pela armadura transversal,
existem ainda cinco mecanismos para resistir a essas tensões, sendo eles
(observe parte desses mecanismos na Figura 4.5).

A. Força cortante no banzo comprimido de concreto (não


fissurado) (Vcz);
B. Atrito das superfícies em regiões fissuradas (Vay), causado pelo
engrenamento dos agregados;
C. Efeito de pino das armaduras longitudinais (Vd);
D. Ação de arco do elemento estrutural;
E. Tensão residual de tração existente nas fissuras inclinadas.

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Comportamento de Vigas com


Armadura Transversal
Nas regiões próximas aos apoios, com o aumento das tensões de tração
inclinada surgem as “fissuras de cisalhamento”. Com a continuidade de
aumento do carregamento e por consequência das tensões, surgem novas
fissuras fazendo com que haja uma redistribuição de esforços internos no

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elemento, os quais dependem da posição e da inclinação das armaduras


transversais.

Com a abertura das fissuras, o aço das armaduras transversais passa a ser
solicitado. Quando a armadura é insuficiente, o aço alcança a tensão de
escoamento e atinge grandes deformações, o elemento apresenta ainda
resistência a força cortante devido aos mecanismos dos estádios de
comportamento, principalmente pelo engrenamento dos agregados quando

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as fissuras apresentam ainda pequenas aberturas. Observe a situação da


Figura 4.6.

Figura 4.6 - Esquema de ruptura de viga com armadura transversal


insuficiente ao cisalhamento
Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 6).

Com o aumento da abertura das fissuras, o atrito entre as faces acaba e,


assim, o banzo comprimido passa a necessitar transferir uma parcela cada
vez maior da força cortante. Além disso, com o aumento das fissuras, o banzo
comprimido vai reduzindo a seção e, dessa forma, chega-se à ruptura do
banzo comprimido.

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praticar
Vamos Praticar
A transferência da força cortante em vigas de concreto armado depende, entre
outras, das propriedades mecânicas do concreto, tanto no que se refere à
compressão quanto à tração, logo, a fragilidade na ruptura é uma possibilidade. Em
relação aos mecanismos de transferência de força cortante nas vigas, assinale a
alternativa correta.

a) A transferência por engrenamento dos agregados, causando atrito entre


as superfícies adjacentes das fissuras, não apresenta grande relevância.
b) As armaduras transversais são um mecanismo adicional de transferência
de força cortante.
c) O efeito de pino nas armaduras longitudinais não é um mecanismo de
transferência de força cortante.
d) A região comprimida do concreto tem importante contribuição na
transferência de forças cortantes.
e) Quanto maior a abertura das fissuras, tanto maior será a transferência de
esforços por atrito causado por engrenamento dos agregados.

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Analogia de treliça
de Ritter-Mörsh

No início do século XX, W. Ritter e E. Mörsh propuseram um modelo que


tentava representar os mecanismos de resistência de uma viga de concreto
armado no estádio II (fissurada). Esse modelo consistia em uma analogia com
uma treliça isostática, em que cada barra da treliça representa uma parte da
viga, sendo: banzo superior é o concreto comprimido; banzo inferior é a
armadura longitudinal tracionada; diagonais comprimidas de concreto e
diagonais tracionadas de armadura transversal.

Esse modelo proposto por Ritter-Mörsh não foi bem aceito inicialmente, mas
com o passar dos anos e a realização de ensaios verificou-se que a teoria
poderia ser empregada e levar a resultados confiáveis. A analogia de treliça de
Ritter-Mörsh constitui uma das mais importantes concepções na história do
concreto armado segundo Lobo Carneiro, pois a partir dela é possível
dimensionar as armaduras transversais e verificar o concreto comprimido,
que vem sendo utilizado há mais de um século e conduzindo a bons
resultados desde então.

Na Figura 4.7 podemos observar a analogia de treliça de Ritter-Mörsh em uma


viga, na região próxima ao apoio (região mais relevante para o

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dimensionamento à força cortante). Em (a) verifica-se uma viga com armadura


transversal inclinada a 45° e em (b) com armadura transversal inclinada a 90°.

Treliça clássica de Ritter-Mörsh – (


θ = 45

)
Na treliça clássica de Ritter-Mörsh, o ângulo de inclinação das bielas
comprimidas é fixo e igual a 45°. Os estribos devem estar próximos uns dos
outros, com espaçamento menor que z para a viga com estribos a 90°, onde z
é o braço de alavanca da viga (distância entre as forças resultantes do banzo
comprimido e tracionado).

Para compreender a analogia de treliça, vamos analisar uma viga bi apoiada,


com carga concentrada P no centro, conforme a Figura 4.8, onde em (a)
vemos o modelo estático e o diagrama de esforços cortantes, e em (b) vemos
o modelo de treliça.

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A força atuante na biela comprimida (Rcb) pode ser deduzida por semelhança
de triângulos e resulta em:

Rcb = √ 2V

Considerando que a largura da viga é b e que a distância perpendicular


w

entre duas bielas comprimidas é dada por / (1 + cot α) conforme pode-


z
√2

se verificar na Figura 4.9 (b), a tensão na biela comprimida (σ ) é dada por: cb

2V
σcb =
b w z (1 + cot α)

Figura 4.8 - Viga com carga concentrada e modelo de treliça


Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 13).

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De maneira análoga, pode-se determinar à força atuante nas diagonais


tracionadas (R ) que no exemplo encontra-se inclinada de um ângulo α.
s,α

V
Rs,α =
senα

Deve-se compreender que as diagonais tracionadas demonstradas na Figura


4.9 (b) representam uma parte da viga com distância dada por
(1 + cot α), a força R que atua nessa região deve ser resistida pela
z
/ √2 s,α

armadura transversal. Essa armadura, deve interceptar as fissuras, por isso,


são dispostas varias barras, denominadas estribos, com espaçamento s entre
elas, e inclinadas de um ângulo α, que na imensa maioria das vezes é de 90°.
Observe essa situação na Figura 4.10.

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Considerando que o número de estribos (n) contidos em z (1 + cot α) é


dado por:

z (1 + cot α)
n =
s

E sabendo que a área de aço de um estribo é dada por A , a área total de sw

estribos neste espaço será dada pelo produto A n. Portanto, a tensão na sw

armadura transversal (σ ), será: sw

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Rs,α
σsw,α =
z(1+cot α)
Asw,α
s

V s
σsw,α =
z (senα + cos α) Asw,α

Conforme comentado, na grande maioria das vezes, a armadura transversal


está inclinada de 90° com a horizontal, por isso, a Tabela 4.1 resume as
resultantes e tensões para essa situação:

Tabela 4.1 - Forças e tensões para estribos inclinados de 90°


Fonte: Elaborada pelo autor.

Pode-se concluir que a tensão nas bielas de compressão será tão menor
quanto mais inclinada for a armadura (até o ângulo de 45º).

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Treliça Generalizada – (θ = variável)


Na treliça clássica, as bielas comprimidas apresentam inclinação de 45°,
entretanto, com o passar do tempo, observou-se que a inclinação das fissuras
era na maioria das vezes menores que isso, chegando até a 30°. Por isso, foi

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proposta uma treliça generalizada, em que o ângulo de inclinação da biela é


variável, podendo ser menor que 45°. A dedução das forças na treliça
generalizada é análoga à da treliça clássica e será apresentada a seguir com
base na Figura 4.10.

Figura 4.10 - Treliça generalizada


Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 16).
A força atuante na biela comprimida (R ) é dada por: cb

V
Rcb =
senθ

A distância perpendicular entre as diagonais comprimidas é dada por


z (cot θ + cot α) senα e considerando que a largura da viga é dada por b , w

a área de concreto onde atua a força R é dada por: cb

b w z (cot θ + cot α) senθ

Portanto, a tensão que atua na biela de compressão (σ ) é: cb

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Rcb
σcb =
b w (cot θ + cot α) senθ

V
σcb =
2
b w z (cot θ + cot α) sen θ

A força atuante na diagonal tracionada (R s,α ) é dada por:


V
Rs,α =
senα

Considerando que a área de aço de um estribo é dada por A e que o sw

número de estribos contidos entre duas diagonais tracionadas é dado pela


razão entre z (cot θ + cot α) e o espaçamento entre os estribos s, a área
total de armadura transversal em z (cot θ + cot α) é:

z (cot θ + cot α)
Asw,α
s

Dessa forma, a tensão atuante na armadura transversal é (σ ): sw

Rs,α
σsw,α =
z(cot θ+cot α)
Asw,α
s

V s
σsw,α =
z (cot θ + cot α) senα Asw,α

Observe que na treliça generalizada as tensões atuantes no concreto e na


armadura transversal estão em função do ângulo θ de inclinação das bielas
comprimidas.

praticar
V P ti
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pVamos Praticar
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Observe a viga da figura a seguir, considerando estribos verticais e espaçados uns


dos outros de 8cm e com diâmetro de 10mm, bielas comprimidas inclinadas de 30°
e braço de alavanca z = 45 cm e largura bw = 20 cm. No que se refere às
tensões da viga solicitada, é correto afirmar que:

a) A tensão nas armaduras é de aproximadamente 408 MPa.


b) A tensão na biela de compressão é de 12 MPa.
c) A tensão na biela de compressão é de 5 MPa.
d) A tensão nas armaduras é de aproximadamente 250 MPa.
e) Caso seja usado o aço CA 50 nos estribos, a tensão de escoamento seria
atingida.

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Dimensionamento
de Elementos
Lineares à Força
Cortante

O dimensionamento de elementos lineares à força cortante é realizado com


base na treliça clássica de Ritter-Mörsh e na treliça generalizada. A NBR
6118:2001 trouxe inovações para o cálculo da armadura transversal e para a
verificação das bielas de compressão pelo efeito da força cortante com
relação à versão anterior NB 1:1978, as principais forma:

Possibilidade de considerar inclinações diferentes de 45° para a biela


de compressão;
Novidades para o cálculo da força cortante absorvida por
mecanismos complementares (V ); c

Definição de um valor a ser adotado para a resistência do concreto


nas regiões fissuradas (f ). cd2

O cálculo ficou dividido em dois modelos, o Modelo de Cálculo I e o Modelo de


Cálculo II, o primeiro é baseado na Treliça Clássica de Ritter-Mörsh com

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ângulo de inclinação das bielas fixo e igual à 45° e o segundo baseado na


chamada Treliça Generalizada com o ângulo de inclinação das bielas
comprimidas variando entre 30° e 45°.

A segurança ao Estado-Limite Último é satisfeita quando são atendidas,


simultaneamente, as duas condições abaixo:

Vsd ≤ VRd2

Vsd ≤ VRd3 = Vc + Vsw

Em que: V : força cortante solicitante de cálculo na seção;


sd

VRd2 : força cortante resistente de cálculo com relação as diagonais de


concreto comprimidas;

VRd2 : força cortante resistente de cálculo com relação as diagonais


tracionadas;

Vc : parcela de resistência relativa aos mecanismos complementares;

Vsw : força cortante solicitante resistida pela armadura transversal.

Modelo de Cálculo I
Este Modelo considera a utilização da Treliça Clássica de Ritter-Mörsh , com
ângulo de inclinação das bielas comprimidas de 45° e com a resistência
proporcionada pelos mecanismos complementares (V ) com valor constante c

e independente da força solicitante (V ). sd

Verificação das Bielas Comprimidas de Concreto


Primeiramente é importante compreender que as bielas de compressão são
atravessadas pelas armaduras transversais que estão tracionadas, conforme
podemos observar na Figura 4.12. Este efeito faz com que haja necessidade
de se reduzir a tensão resistente do concreto considerada para essas regiões.

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Figura 4.11 - Biela comprimida com tração transversal


Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 19).

A NBR 6118:2014 limita a tensão de compressão nas diagonais comprimidas


pelo valor de f para considerar esse efeito.
cd2

fck
fcd2 = 0, 60 (1 − ) fcd = 0, 60αv2 fcd
250

Conforme visto no Item 3.1, a tensão atuante na diagonal comprimida é dada


pela equação:

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2V
σcb =
b w z (1 + cot α)

Com as duas equações acima podemos determinar a máxima força cortante


resistente da seção (V ), substituindo σ por f , considerando que o
Rd2 cb cd2

braço de alavanca z é dado por 0, 9.d (sendo d a altura útil da seção),


considerando que os estribos tem inclinação de 90° (α = 90 ) e fazendo V ∘

como a força cortante máxima resistente da seção V , encontramos: Rd2

fck
VRd2 = 0, 27 (1 − ) fcd b w d
250

Cálculo da Armadura Transversal


Vimos que para satisfazer a segurança da armadura transversal tracionada,
deve-se atender ao seguinte critério V ≤ V . Fazendo com que V seja
sd Rd3 sd

igual a maior força cortante resistente de cálculo com relação à ruptura da


armadura transversal tracionada, temos:

Vsd = VRd3 = Vc + Vsw

Segundo a NBR 6118:2014, a parcela V deve ser definida em função do tipo


c

de solicitação existente no elemento, sendo:

i. Elementos tracionados com linha neutra fora da seção transversal

Vc = 0

ii. Elementos em flexão simples ou flexo-tração com linha neutra passando


pela seção transversal

Vc = Vc1

Vc0 = 0, 6fctd b w d

Em que: Vc0 : representa a força cortante de uma viga sem estribos;

fctd : tensão resistente de cálculo do concreto à tração direta, dada por:

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−−
3 2
fctk,inf 0, 21√f
ck

fctd = =
γ γ
c c

Com f ck
em MPa.

iii. Elementos em flexão-compressão:

M0
Vc = Vc0 (1 + ) ≤ 2Vc0
M Sd,m
áx

Em que: M : Momento fletor que anula a tensão normal de compressão na


0

borda da seção tracionada por M Sd,máx

\({{M}_{Sd,m\acute{a}x}}): Momento fletor de cálculo máximo no trecho em


análise

Com a parcela V , deve-se calcular a força cortante


c Vsw a ser resistida pela
armadura transversal, fazendo:

Vsw = VSd − Vc

A equação que define à tensão na armadura transversal foi demonstrada no


Item 3.1 e é dada por:
V s
σsw,α =
z (senα + cos α) Asw,α

Considerando que o braço de alavanca z é dado por 0, 9.d, substituindo V


por V e fazendo que a tensão na armadura σ
sw seja definida pela tensão
sw,α

máxima admitida na armadura f , temos: ywd

Asw,α Vsw
=
s 0, 9dfywd (senα + cos α)

A tensão máxima admitida na armadura fywd é dependente do tipo de


armadura utilizada:

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Armadura transversal constituídas por barras dobradas inclinadas:

fywd = 0, 7fyd ≤ 435 M P a

Armadura transversal constituídas por estribos:

fywd = fyd ≤ 435 M P a

O ângulo α corresponde a inclinação dos estribos que variam entre 45°


≤ α ≤ 90° e como comentado, na maior grande maioria das vezes os

estribos são verticais, e portanto, α = 90 , nesse caso, tem-se:


Asw,90 Vsw
=
s 0, 9dfywd

Com, A sw,α em cm²/cm; V sw em kN; s e d em cm.

Lembrando que os estribos são, na maioria das vezes, formados por dois
ramos, portanto A equivale, neste caso, a dois ramos. Entretanto, em casos
sw

específicos pode-se utilizar estribos com três ou quatro ramos conforme


pode-se observar em Figura 4.13.

Figura 4.12 - Estribos com 2, 3 e 4 ramos


Fonte: Elaborada pelo autor.

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Modelo de Cálculo II
Este Modelo foi introduzido na norma NBR 6118:2003 e considera a utilização
da Treliça Generalizada, onde as diagonais comprimidas podem ter
inclinações que variam entre 30° e 45°.

Verificação das Bielas Comprimidas de Concreto


Conforme visto no Item 3.1, a tensão atuante na diagonal comprimida é dada
pela equação:

V
σcb =
2
b w z (cot θ + cot α) sen θ

A NBR 6118:2014 limita a tensão de compressão nas diagonais comprimidas


pelo valor de f para considerar esse efeito.
cd2

fck
fcd2 = 0, 60 (1 − ) fcd = 0, 60αv2 fcd
250

Com as duas equações acima podemos determinar a máxima força cortante


resistente da seção (V ), substituindo σ por f , considerando que o
Rd2 cb cd2

braço de alavanca z é dado por 0, 9.d (sendo d a altura útil da seção),


considerando que os estribos tem inclinação de 90° (α = 90 ) e fazendo V ∘

como a força cortante máxima resistente da seção V , encontramos: Rd2

fck
2
VRd2 = 0, 54 (1 − ) fcd b w dsen θ (cot α + cot θ)
250

Vimos que para satisfazer a segurança da armadura transversal tracionada,


deve-se atender ao seguinte critério V ≤ V . Fazendo com que V seja
sd Rd3 sd

igual a maior força cortante resistente de cálculo com relação à ruptura da


armadura transversal tracionada, temos:

Vsd = VRd3 = Vc + Vsw

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Segundo a NBR 6118:2014, a parcela V deve ser definida em função do tipo


c

de solicitação existente no elemento, sendo:

i. Elementos tracionados com linha neutra fora da seção transversal

Vc = 0

ii. Elementos em flexão simples ou flexo-tração com linha neutra passando


pela seção transversal

Vc = Vc1

iii. Elementos em flexão-compressão:

M0
Vc = Vc1 (1 + ) ≤ 2Vc1
M Sd,máx

Em que: M : Momento fletor que anula a tensão normal de compressão na


0

borda da seção tracionada por M Sd,máx

M Sd,máx : Momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise

O valor de V é determinado através da seguinte lei de variação:


c1

Vc1 = Vc0 →

para

VSd ≤ Vc0

Vc1 = 0 →

para

VSd = VRd2

Fazendo interpolação linear para valores intermediários de V , ou seja: c1

VRd2 − VSd
Vc1 = Vc0
VRd2 − Vc0

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A variação obedece ao que está demonstrado na Figura

Figura 4.13 - Variação de Vc1


Fonte: Bastos (2017, p. 24).

Com a parcela V , deve-se calcular a força cortante


c Vsw a ser resistida pela
armadura transversal, fazendo:

Vsw = VSd − Vc

A equação que define à tensão na armadura transversal foi demonstrada no


Item 3.1 e é dada por:
V s
σsw,α =
z (cot θ + cot α) senα Asw,α

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Considerando que o braço de alavanca z é dado por 0, 9.d, substituindo V


por V e fazendo que a tensão na armadura σ
sw seja definida pela tensão
sw,α

máxima admitida na armadura f , temos: ywd

Asw,α Vsw
=
s 0, 9dfywd (cot α + cot θ) senα

Com, A sw,α em cm²/cm; V sw em kN; s e d. em cm.

praticar
Vamos Praticar
A NBR 6118, em seu item 17.4.1, recomenda que o dimensionamento de elementos
lineares à cortante pode ser realizado segundo “[...] dois modelos de cálculo que
pressupõem a analogia com modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a
mecanismos resistentes complementares desenvolvidos no interior do elemento
estrutural e traduzidos por uma componente adicional Vc” (NBR 6118 2014, p. 132).

Sobre os Modelos de Cálculo I e II da NBR 6118:2014, assinale a alternativa correta.

a) O Modelo de Cálculo I é baseado na Treliça Clássica de Ritter-Mörsh e é


válido apenas para armadura transversal com inclinação .
b) O Modelo de Cálculo II é baseado na Treliça Clássica de Ritter-Mörsh e
considera que a inclinação das diagonais comprimidas pode ser menor que
45°.
c) O Modelo de Cálculo II é baseado na Treliça Generalizada e considera que
a inclinação das diagonais comprimidas pode ser menor que 45°.

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d) O Modelo de Cálculo I é baseado na Treliça Clássica de Ritter-Mörsh e


permite considerar que as diagonais comprimidas tenham inclinação entre
30° e 45°.
e) O Modelo de Cálculo II é baseado na Treliça Generalizada e considera que
a inclinação das diagonais comprimidas é fixa e igual a 45°.

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indicações
Material
Complementar

LIVRO

Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais


de Concreto Armado: Segundo a NBR
6118:2014
Editora: EduFSCar
Autores: Roberto Chust Carvalho e Jasson Rodrigues de
Figueiredo Filho
ISBN: 978-8576003564
Comentário: Um dos mais importantes livros sobre
projeto de estruturas de concreto armado brasileiro e
que já está na sua quarta edição. Aborda toda teoria da
flexão simples, bem como do dimensionamento de
peças sob forças cortantes.

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conclusão
Conclusão
As estruturas de concreto armado são as mais utilizadas em edifícios no
Brasil, por isso o assunto é muito importante na formação de um engenheiro
civil. Esse profissional da área deve dominar as técnicas de projeto e
dimensionamento do concreto armado, para que assim possa suprir a
necessidade da sociedade brasileira.

Nesse contexto, chegando ao fim de mais uma unidade, devemos nos


concentrar em tudo aquilo que foi aprendido, pois com o fim desta unidade o
leitor tem condições de realizar o cálculo completo de vigas e lajes de
concreto armado, passando pelo dimensionamento, cálculo das armaduras
longitudinais para resistir a flexão, e pelo cálculo das armaduras transversais
para resistir aos esforços cortantes, além da verificação das seções de
concreto à compressão.

referências
Referências
Bibliográficas

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ARCELORMITTAL. Manual Técnico de Treliças treliçadas. 2010. Disponível


em: http://rangellage.com.br/wp-content/uploads/2019/06/Manual-Lajes-
Treli%C3%A7adas.pdf. Acesso em: 19 fev. 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o


cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.

BASTOS, P. S. S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força


cortante. Bauru/SP, Unesp - Departamento de Engenharia Civil, Notas de
aula, abr./2017. 79p. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Cortante.pdf. Acesso em: 18
dez. 2019.

BASTOS, P. S. S. Lajes de Concreto. Bauru/SP, Unesp - Departamento de


Engenharia Civil, Notas de aula, fev./2015. 119p. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Lajes.pdf. Acesso em: 18 dez.
2019.

CARVALHO, R. C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto


armado: segundo a NBR 6118:2014. São Carlos/SP, EduUFSCar, v. 1., 2014. p.
415.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=6PnLVGnEH5ILebegKLnPHg%3d%3d&l=0yHcgu1QDotGRxwLt6tp8A%3d%3d&cd=x71Zd… 47/47

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