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Esta apostila, intitulada “Elementos Estruturais de Fundações”, foi originalmente elaborada pelo
Prof. Dr. Ricardo Carrazedo, com o auxílio do doutorando Diogo Silva de Oliveira. O texto original
foi revisado pelos colaboradores Profa. Dra. Alessandra Lorenzetti de Castro, Prof. Dr. Libânio
Miranda Pinheiro, doutorandos Gustavo de Miranda Saleme Gidrão, Mariana Lavagnolli Rossi,
Paula de Oliveira Ribeiro, Herbert Medeiros Torres Lopes e Nicolle Lorrayne Domingos Guerra.
Os autores e colaboradores esperam que este material contribua para a formação dos futuros
profissionais do curso de Engenharia Civil por meio da apresentação dos conhecimentos
fundamentais para a elaboração de projetos de elementos estruturais de fundações em concreto
armado, essenciais para o bom desempenho das edificações encontradas amplamente na prática
das construções.
1 Viga de equilíbrio
A viga de equilíbrio, também conhecida como viga alavanca, é utilizada quando existe a
necessidade de posicionar um pilar próximo à divisa de um terreno, absorvendo os esforços
adicionais ocasionados por conta da excentricidade existente entre o centro geométrico do
pilar e o centro geométrico da fundação. Essas vigas podem ser usadas para equilibrar
sapatas ou blocos sobre estacas, como mostrado na Figura 11.
(a) (b)
Figura 11 - Viga de equilíbrio: (a) equilibrando sapata; (b) equilibrando bloco sobre estaca.
Por conta da elevada magnitude dos esforços, as vigas de equilíbrio acabam tendo grandes
dimensões, e muitas vezes se torna uma alternativa econômica dimensioná-la com seção
transversal variável, aumentando a largura ou a altura, ou ambas, à medida que se aproxima
da sapata ou bloco a serem equilibrados. É recomendado que na região da sapata ou bloco
de fundação, a viga de equilíbrio esteja inserida nesses elementos, como pode ser visto na
Figura 1.2.
No caso de vigas equilibrando blocos sobre estacas, como a estaca ou tubulão possui um
diâmetro pequeno, a consideração de uma força concentrada para a estaca é mais adequada.
Figura 1.4 - Esquema estático detalhado e diagramas de momento fletor e de força cortante em viga de
equilíbrio de sapata. [Fonte: Alonso, 1983]
Figura 1.5 - Esquema estático simplificado e diagramas de momento fletor e de força cortante em viga de
equilíbrio de sapata
Os diagramas de momento fletor e força cortante podem ser obtidos usando-se as resultantes
P1 e R1 no método simplificado (Figura 1.5) ou os valores de q e q’ no método detalhado
(Figura 1.4). De acordo com Alonso (1983), o equacionamento para o cálculo dos esforços
solicitantes nas diferentes seções da viga de equilíbrio, a partir do método detalhado, é
apresentado a seguir.
𝑏02
′
𝑏02 (𝑞 ′ − 𝑞) 2
𝑀1 = −𝑞 ∙ + 𝑞 ∙ =− ∙ 𝑏0 (1.1)
2 2 2
𝑉2 = +∆𝑃 (1.4)
𝑃1
𝑉 = 0 → 𝑞 ∙ 𝑥0 = 𝑃1 → 𝑥0 = (1.5)
𝑞
𝑞 ∙ 𝑥02 𝑏0
𝑀0 = − 𝑃1 ∙ (𝑥0 − ) (1.6)
2 2
1.2 Dimensionamento
Para vigas equilibrando sapatas, o dimensionamento como uma viga comum, cuidando
apenas para detalhar de maneira adequada a armadura de tração da viga junto ao pilar de
divisa, como será visto mais à frente.
cisalhamento);
Figura 1.6 - Viga de equilíbrio com extremidade se comportando como consolo curto.
Para o dimensionamento como consolo curto ou muito curto, El Debs (2000) sugere as
verificações da Tabela 1.1.
Tabela 1.1 - Resumo das verificações para o dimensionamento [Fonte: El Debs (2000)]
Verificação do esmagamento
do concreto 0,18
f cd
0,175 f cd 6, 0 MPa
( d)
2
( 0,9 ) + a
2
V
wd = d
bd
Nota: (1) O maior dos valores obtidos com a expressão de consolo curto (coluna da esquerda) e com
a expressão de consolo muito curto.
b - largura da viga;
= 1,4 .
1.3 Detalhamento
A armadura de tração da viga de equilíbrio junto ao pilar de divisa deve ser concentrada na
face superior da viga e dobrada na forma de laços, envolvendo a armadura longitudinal do
pilar. Quando a viga de equilíbrio, associada a blocos sobre estacas, forma um balanço ou
um consolo, ao longo da altura da viga também devem ser dispostas armaduras em laços
para controlar a fissuração da diagonal comprimida, como mostrado na Figura 1.7.
(a) (b)
Figura 1.8 - Detalhamento da armadura de suspensão em viga de equilíbrio: (a) planta; (b) corte.
Resolução
a) Método simplificado
No método simplificado a carga do pilar é representada por uma força concentrada no centro
do pilar e a reação da sapata é representada por uma reação concentrada no centro de
gravidade da sapata, conforme a figura a seguir.
Reações de apoio
b) Método detalhado
No método detalhado, as forças aplicadas pelo pilar e a reação da sapata são representadas
por forças distribuídas
P1 1000 R 1136,8
Sendo q ' = = = 50kN / cm e q = 1 = = 7,58kN / cm .
b0 20 b 150
b0 ² 20²
M = (q '− q) = (50 − 7,58) = 8484kN .cm = 84,84kN .m
2 2
Q = 0 50 20 − 7,58 x0 = 0 x0 = 131,93cm
b 20
2
x 131,93²
M 0 = q ' b0 x0 − 0 − q 0 = 50 20 131,93 − − 7,58
2 2 2 2
Centro da sapata
b − b0 b² 150 − 20 150²
M = q ' b0 − q = 50 20 − 7,58 = 43681, 25kN .cm = 436,81kN .m
2 8 2 8
b 150
Q = q ' b0 − q = 50 20 − 7,58 = 431,15kN
2 2
b b² 20 150²
M = q ' b0 b − 0 − q = 50 20 150 − − 7,58 = 54725kN .cm = 547, 25kN .m
2 2 2 2
O modelo da viga de equilíbrio pelo método detalhado pode também ser resolvida com auxílio
do Ftool.
1.5 Referências
ALONSO, U. R. (1983). Exercícios de Fundações. Ed. Edgard Blücher Ltda., São Paulo;
2 Viga baldrame
2.1 Definição
2.2 Exemplo
2.2.1 Carregamento
A carga considerada em uma viga do pavimento tipo é usualmente composta pelo peso da
laje, do seu revestimento, pela sobrecarga, pelo peso próprio da viga e da parede. Portanto,
o carregamento de uma viga do pavimento tipo de um edifício como a apresentada na figura
acima é dado por:
glaje =
( 0,1m 25kN / m³ ) 15,14m² = 7,57kN / m
5m
grevestimento =
( 0,05m 19kN / m³) 15,14m² = 2,88kN / m
5m
2kN / m²
q= 15,14m² = 6, 06kN / m
5m
Quando considerada uma viga baldrame, em geral construída sobre o terreno, há uma
redução da carga em comparação com a viga do pavimento tipo. Isto ocorre quando o solo
compactado absorve as cargas provenientes da laje. Portanto, o carregamento da viga
baldrame deste exemplo pode ser obtido apenas com a soma do peso da viga (2,5 kN/m) e
da parede (5,4 kN/m), resultando em 7,9 kN/m.
b. Com molas nos apoios para representar as fundações em contato com o solo
A reação vertical do solo sob a viga baldrame foi representada por molas a cada 1 metro com
rigidez obtida pela multiplicação do coeficiente de reação do solo pela área da viga em contato
com o solo.
d. Mesmo modelo da análise anterior (item c). Mas incluindo um momento no primeiro
apoio (22,4 kN.m)
• Modelo d: mesma configuração do modelo c mas com momento aplicado pelo pilar.
• Modelo d: mesma configuração do modelo c mas com momento aplicado pelo pilar.
b) Molas representando as
12,1 -19,2 22,2 17,3
fundações.
c) Molas representando as
fundações e o contato da 10 -16,2 19,3 15,2
viga com o solo.
• De uma maneira geral, nos modelos c e d foi observada uma redução na força
cortante.
2.3 Referências