Você está na página 1de 25

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE TECNOLOGIA

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

DANIEL SILVA BARBOSA

WELLINGTON FLORENCIO DOS SANTOS

2 EXERCÍCIO ESCOLAR

CARUARU

AGOSTO DE 2021
DANIEL SILVA BARBOSA

WELLINGTON FLORENCIO DOS SANTOS

2 EXERCÍCIO ESCOLAR

Relatório com a resolução do Segundo Exercício


Avaliativo da disciplina de Construções de
Concreto 1 do curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Pernambuco no Campus
do Agreste.

Docente: Giuliana F. F. Bono

CARUARU

AGOSTO DE 2021
Sumário

QUESTÃO 1....................................................................................................................... 4

CÁLCULOS ....................................................................................................................... 6

1 Definição dos tipos de vinculação das lajes.................................................................... 6

2 Determinação dos vãos teóricos .................................................................................... 7

3 Momentos fletores atuantes ......................................................................................... 11

4 Cálculo das áreas de aço ............................................................................................. 16

5 Detalhamento das armaduras....................................................................................... 20


QUESTÃO 1

Na Figura 1 indica-se a planta de fôrma para as lajes L1 a L4.

Considera-se: concreto C30, aço CA-50, cobrimento c = 2,5 cm, carga permanente 3,0 kN/m²
(incluindo peso próprio), carga variável 2,0 kN/m². Pede-se:

a) Determinar os momentos fletores atuantes nas lajes L1 a L4 (momentos isolados e


compatibilizados). Apresentar em duas plantas de fôrmas: posicionamento e direções (x ou
y) de todos os momentos fletores de cálculo (positivos e negativos) compatibilizados e
não compatibilizados, relacionados às lajes L1 a L4.
b) Realizar o dimensionamento das armaduras longitudinais (positivas e negativas)
relacionadas às lajes L1 a L4., determinando suas respectivas áreas de aço.
c) Determinar os diâmetros (ϕ), espaçamentos (s), comprimentos das barras sem ganchos (L)
e quantidades de barras (N) relacionados às armaduras dimensionadas no item b), seguindo
todas as especificações da NBR 6118/2014 e as formulações analíticas vistas na disciplina.
d) Apresentar em duas plantas de fôrmas todas as armaduras longitudinais (positivas e
negativas), relacionadas às lajes L1 a L4. Na planta de fôrmas as barras devem ser numeradas
da esquerda para a direita e de cima para baixo. Preencher também as duas tabelas abaixo
com as especificações das barras (Tabela 1) e resumos dos aços Tabela 2)

4
Figura 1: Planta de formas

Tabela 1: Especificação das barras


Comprimento
Nº φ Quant. Total
Unit. (cm)
(m)

Tabela 2: Resumo do aço


Resumo CA-50
φ Massa (kg) Comp. Total (m) Massa total (kg)

TOTAL

5
CÁLCULOS

1 Definição dos tipos de vinculação das lajes

O primeiro passo para o dimensionamento das lajes é a definição das vinculações entre
e que tem por objetivo possibilitar a análise individual de elementos estruturais que na
realidade trabalham em conjunto. Algumas considerações são feitas nessa etapa:

a) Inicialmente suporemos que lajes vizinhas não têm grandes diferenças de espessura. Isso
implica que cada laje tem rigidez suficiente para engastar as lajes vizinhas (salvo exceções).

b) Lajes em balanço são exceção e são automaticamente engastadas em um bordo. Esse é o


caso da laje L3.

c) Uma laje sem balanço não pode ser engastada em uma laje com balanço. Esse é o caso da
laje L2 em relação à laje L3.

d) Bordos sujeitos a diferentes tipos de vinculação devem ser considerados apenas com o tipo
que prevalece, caso do bordo esquerdo da laje L2.

A Figura 2 mostra as lajes individuais com as vinculações entre as lajes obtidas de


acordo com as considerações acima.

Figura 2: vinculações das lajes

6
Para determinar a vinculação que prevalece no bordo esquerdo da laje L2, comparamos
o comprimento da parte engastada 𝑙1 com os terços do vão teórico total da laje. Essa
determinação será feita mais adiante quando definirmos os vãos teóricos das lajes.

2 Determinação dos vãos teóricos

Segundo o Item 14.7.2.2 da NBR 6118/2014 que trata dos vãos efetivos de lajes ou
placas: quando os apoios puderem ser considerados suficientemente rígidos quanto à translação
vertical, o vão efetivo deve ser calculado pela seguinte expressão:

𝑙𝑒𝑓 = 𝑙0 + 𝑎1 + 𝑎2

Os coeficientes 𝑎1 e 𝑎2 são definidos como o menor valor entre metade do apoio


correspondente e 30% da espessura da laje, ou seja:

𝑡1
𝑎1 = 𝑚í𝑛( , 0,3ℎ)
2
𝑡2
𝑎2 = 𝑚í𝑛( , 0,3ℎ)
2

Onde t1 e t2 são a largura dos apoios da laje (largura das vigas), h sua espessura e l0 o
vão livre entre apoios.

Para lajes em balanço, como só possuem um apoio, seus vãos teóricos são: a distância
da extremidade do balanço até o eixo do apoio limitado pelo vão livre acrescido de 30% da
espessura da laje, e para a outra direção, a própria largura da laje.

O objetivo do dimensionamento de elementos estruturais é determinar, entre outras


coisas, suas dimensões físicas de forma que os elementos individuais e a estrutura global
suportem o carregamento atuante e apresentem bom desempenho em serviço. Dessa forma, a
espessura h da laje não é conhecida inicialmente, e, portanto, adotaremos 𝑎1 e 𝑎2 iguais à
metade da espessura dos apoios. Em outras palavras, o vão teórico será a distância entre os
eixos dos apoios (eixos das vigas que suportam as lajes).

Dado que o pré-dimensionamento das vigas já foi realizado e que todas possuem a
mesma espessura 𝑡 = 14 𝑐𝑚, temos:

14
𝑎1 = 𝑎2 = = 7𝑐𝑚
2

7
𝑎1 + 𝑎2 = 14 𝑐𝑚

Portanto, para determinar o vão teórico, basta-nos apenas somar 14 cm ao vão livre das
lajes sem balanço, e 7 cm para a laje em balanço.

Usando a notação da Norma, indicaremos por 𝑙𝑥 o menor vão de uma laje e por 𝑙𝑦 o
maior vão (vãos efetivos). Temos então a organização de todos os vãos (em centímetros) na
Tabela 3.

Tabela 3: Vãos teóricos iniciais


Laje 𝒍𝟎𝒙 𝒍𝟎𝒚 𝒍𝒙 𝒍𝒚
L1 121 251 135 265
L2 356 616 370 630
L3 150 644 157 644
L4 201 251 215 265

Com os vãos teóricos podemos fazer um pré-dimensionamento das espessuras h das


lajes a partir da seguinte formulação teórica:

𝜙
ℎ =𝑑+𝑐+
2

Onde:

• 𝑐 = 2,5 𝑐𝑚 é o cobrimento da laje;

• 𝜙 é o diâmetro das barras de aço (adotaremos nessa etapa 𝜙 = 10𝑚𝑚);

• 𝑑 é a altura útil da laje pré-dimensionada como:

𝑑 = (2,5 − 0,1 𝑥 𝑛) 𝑥 𝑙 ∗

Onde:

• 𝑛 é o número de apoios engastados da laje;

• 𝑙 ∗ é o menor valor entre 0,7𝑙𝑦 e 𝑙𝑥

A Tabela 4 mostra o pré-dimensionamento das lajes. Para a laje L2 foram feitas duas
considerações: o bordo esquerdo totalmente apoiado (L2-1), e o lado esquerdo totalmente
engastado (L2-2).

8
Tabela 4: Pré-dimensionamento da espessura das lajes
Laje 𝒍𝒙 𝟎, 𝟕𝒍𝒚 𝒍∗ n d (cm) h (cm)
L1 135 185.5 135 2 3.11 6.11 8
L2-1 370 441 370 0 9.25 12.25 13
L2-2 370 441 370 1 8.88 11.88 12
L3 157 450,8 157 1 3.77 6.77 10
L4 215 185.5 185.5 2 4.27 7.27 8

A espessura da laje L3 recebeu o valor de 10 cm que é o mínimo para lajes em balaço


segundo o Item 13.2.4.1 da NBR 6118/2014, e as lajes L1 e L4 foram uniformizadas.

De posse das espessuras das lajes, voltamos para a determinação dos vãos teóricos agora
podendo comparar as espessuras dos apoios com 30% da espessura da laje. A Tabela 5 mostra
os valores corrigidos dos vãos.

Tabela 5: Espessura das lajes e correção dos vãos teóricos


Laje h (cm) 𝟎, 𝟑𝒉 t/2 𝒂𝟏 = 𝒂𝟐 𝒍𝒙 𝒍𝒚
L1 7 2.4 7 2.4 125.8 255.8
L2-1 13 3.9 7 3.9 363.8 623.8
L2-2 12 3.6 7 3.6 363.2 623.2
L3 10 3 7 3 153 644
L4 8 2.4 7 2.4 205.8 255.8

Com os valores corrigidos dos vãos, refazemos o cálculo da espessura das lajes como
antes. Esse é um processo iterativo que, a rigor, deve ser repetido algumas vezes até que haja
estabilização dos valores. No entanto, limitaremos, neste trabalho, a corrigir os vãos e as
espessuras uma única vez. A Tabela 6 mostra as espessuras corrigidas.

Tabela 6: Correção das espessuras das lajes


Laje 𝒍𝒙 𝟎, 𝟕𝒍𝒚 𝒍∗ n d h
L1 125.8 179,06 125,8 2 2.88 5.88 7
L2-1 363.8 436.66 363,8 0 9.10 12.10 13
L2-2 363.2 436.66 363,8 1 8.72 11.72 12
L3 153.0 450,8 153 1 3.67 6.67 10
L4 205.8 179.1 179,1 2 4.12 7.12 8

9
Para a laje L1, a espessura mínima definida por norma é 7 cm (cobertura não em
balanço) e para a laje L3 o mínimo é 10 cm (Item 13.2.4.1 da NBR 6118/2014). Adotaremos h
= 8 cm para as lajes L1 e L4 e para a laje L2, h = 13 cm (maior valor). A Tabela 7 resume os
valores que serão usados na continuação do dimensionamento das lajes.

Tabela 7: Valores de cálculo da geometria das lajes


Laje 𝒍𝒙 (𝒄𝒎) 𝒍𝒚(𝒄𝒎) 𝒉(𝒄𝒎) λ Armação
L1 125,8 255,8 8 2,033 1D
L2 363,8 623,8 13 1.715 2D
L3 153 644 10 - 1D
L4 205,8 255,8 8 1.243 2D

𝑙𝑦
A partir dos vãos teóricos, calculamos o parâmetro 𝜆 = com o qual determinamos
𝑙𝑥

se a laje terá armadura principal em uma direção ou em ambas (1D ou 2D). Essa classificação
é prática comum entre projetistas e define que:

• 𝜆 ≤ 2 armadura principal em ambas as direções

• 𝜆 > 2 armadura principal apenas paralelas a 𝑙𝑥

Lajes em balanço são uma das exceções e são sempre armadas em uma direção
(armaduras principais).

Determinadas as espessuras das lajes, precisamos corrigir as vinculações com a laje L2


já que esta apesenta diferença de espessura maior que 2 cm em relação às lajes vizinhas. Esse
procedimento é necessário pois uma laje pouco espessa não possui rigidez suficiente para
engastar outra laje com espessura 2 cm maior. Dessa forma, a laje L2 por ser muito mais espessa
que suas vizinhas, não poder ser engastada nas mesmas sendo definida por uma laje
simplesmente apoiada nos quatro bordos. Já as lajes L1, L3 e L4 são engastadas na L2. Nesse
caso, não há necessidade de comparar o comprimento engastado do lado esquerdo da laje L2
com os terços do vão total a fim de verificar qual tipo de vinculação prevalece no apoio pois, a
partir da diferença nas espessuras, essa definição é automática. A Figura 3 mostra a
configuração final das lajes com seus vão teóricos e suas vinculações.

10
Figura 3: Configuração final das lajes

3 Momentos fletores atuantes

Conhecidos os vãos teóricos, os parâmetros λ, as vinculações e o carregamento,


podemos determinar os momentos fletores máximos (positivos e negativos) a partir de tabelas
obtidas da Teoria das Placas. As tabelas fornecem um coeficiente μ em função do parâmetro λ
e do tipo de vinculação da laje e a partir do valor de μ e do carregamento determinamos os
esforços máximos. De acordo com suas vinculações as lajes são classificadas como na Figura
4.

Figura 4: Tipos de vinculação das lajes

11
O valor do carregamento sobre as lajes foi dado na questão e foi desconsiderada a
necessidade de combinação de ações conforme a seção 11.8 da Norma. Temos então:

𝑝𝑘 = 𝑔𝑘 + 𝑞𝑘

𝑝𝑘 = 3 + 2 = 5 𝑘𝑁/𝑚2

Conhecidos os coeficientes μ, os momentos máximos positivos (𝑀𝑥 𝑒 𝑀𝑦 ) e negativos


(𝑀𝑥′ 𝑒 𝑀𝑦′) são obtidos pela expressão:

𝑝𝑙𝑥2
𝑀=𝜇
100

A Tabela 8 mostra o resultado para as lajes L1, L2 e L4. A laje L3 tem seu momento
máximo calculado de forma específica para lajes em balanço como a seguir.

Tabela 8: Momentos fletores


𝑴𝒙 𝑴′𝒙 𝑴𝒚 𝑴′𝒚
Laje Tipo 𝒍𝒙 (m) λ 𝝁𝒙 𝝁′𝒙 𝝁𝒚 𝝁′𝒚
(𝒌𝑵. 𝒎/𝒎) (𝒌𝑵. 𝒎/𝒎) (𝒌𝑵. 𝒎/𝒎) (𝒌𝑵. 𝒎/𝒎)
L1 3 1.26 2.032 7.03 12.5 1.6 8.2 0.56 0.99 0.13 0.65
L2 1 3.64 1.714 8.74 - 3.58 - 5.78 - 2.37 -
L4 3 2.06 1.243 3.86 9.03 2.56 7.72 0.82 1.91 0.54 1.63

O momento fletor máximo da laje L3 (em balanço) é determinado a partir de uma


configuração específica que buscar simular uma situação bastante desfavorável para a laje.
Analisando a laje como formada por várias vigas, calculamos o momento M no apoio de uma
viga engastada sujeita ao carregamento característico adicionado de mais dois carregamentos
(2 kN/m e 0,8 kN/m) aplicados como mostra a Figura 5.

Figura 5: Configuração para cálculo do momento de viga engastada

12
A partir das equações de equilíbrio obtemos M por somatório de momentos no engaste:

1,532
𝑀𝑘 = 5,0 ∗ + 2 ∗ 1,53 + 0,8 ∗ 1
2

𝑀𝑘 = 9,71 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

As Figuras 6 e 7 mostram os momentos positivos e negativos de que atuam nas lajes.

Figura 6: Momentos positivos isolados

Figura 7: Momentos negativos isolados

Para o dimensionamento das armaduras negativas na união entre as lajes L1 e L4


precisamos de um único valor de momento. Esse valor é obtido com a compatibilização dos
momentos de lajes diferentes. O resultado é um valor intermediário 𝑋𝐴 definido a seguir;

13
0,8𝑋1
𝑋𝐴 = 𝑚á𝑥 {𝑋1 + 𝑋2 , 𝑋1 > 𝑋2
2

No nosso caso, temos 𝑋1 = 1,91 e 𝑋2 = 0,99. A compatibilização nos dá:

0,8 ∗ 1,91 = 1,53


𝑋𝐴 = 𝑚á𝑥 {1,91 + 0,99
= 1,45
2

𝑋𝐴 = 1,53

No instante em que alteramos o momento no engaste, redefinimos o diagrama de


momento fletor como na Figura 8 e os momentos positivos máximos 𝑀𝑥,𝐿1 e 𝑀𝑥,𝐿4 são
alterados. Para estarmos a favor da segurança, tomamos para dimensionamento os maiores
valores de 𝑀𝑥,𝐿1 e 𝑀𝑥,𝐿4 das situações inicial e final. Visto que 𝑀𝑥,𝐿1 diminuiu, manteremos o
valor inicial (𝑀𝑥,𝐿1 = 0,56); o contrário acontece com 𝑀𝑥,𝐿4 então teremos que calcular o novo
valor (maior que o inicial) dado por:

𝑋1 − 𝑋𝐴
𝑀𝑥,𝐿4 = 𝑀𝑖 +
2

1,91 − 1,53
𝑀𝑥,𝐿4 = 0,82 + = 1,01
2

Onde 𝑀𝑖 é o valor inicial do momento e 𝑀𝑥,𝐿4 passa a ser o valor corrigido.

As Figuras 9 e 10 mostram os valores corridos dos momentos positivos e negativos.

Figura 8: Alteração no diagrama de momentos fletores

14
Figura 9: Momentos positivos isolados compatibilizados

Figura 10: Momento negativos isolados compatibilizado

As Tabelas 9 e 10 apresentam os valores calculados para todas as lajes.

Tabela 9: Resumo dos momentos positivos característicos


Mx My
Laje
(kN.cm/m) (kN.cm/m)
L1 56 13
L2 578 237
L4 101 54

Tabela 10: Resumo dos momentos negativos característicos


Momentos
Lajes
(kN.cm/m)
L1-L2 65
L4-L2 163
L1-L4 153
L2-L3 971
15
Como havíamos previsto inicialmente, a laje L1 será armada apenas na direção x uma vez que
o momento máximo na direção y (13 kN.cm/m) é desprezível frente aos demais.

4 Cálculo das áreas de aço

A área de aço das lajes é determinada considerando uma viga com seção de altura h
igual à da laje e largura de 1 metro. Precisamos inicialmente determinar a posição 𝑥 da linha
neutra para em seguida calcular a área de aço necessária 𝐴𝑠 . As equações utilizadas são as
seguintes:

𝑑 2𝑀𝑑
𝑥= (1 − √1 − )
𝜆 𝛼𝑐 𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑑 2

𝛼𝑐 𝜆 𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑥
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑

Onde:

• 𝛼𝑐 = 0,85 e 𝜆 = 0,8 para concretos do Grupo I segundo a NBR 8953/2015


(C20 a C50), esse é o nosso caso.

• 𝑑 é a altura útil da laje (Figura 11), sendo:

𝜙
𝑑 = ℎ−𝑐−
2

Nessa etapa utilizaremos 𝜙 = 10𝑚𝑚, logo 𝑑 = ℎ − 2,5 − 0,5 = ℎ − 3𝑐𝑚

• 𝑏 é a largura da viga equivalente, 𝑏 = 100𝑐𝑚

• 𝑓𝑐𝑑 é o valor de cálculo da resistência à compressão do concreto:

𝑓𝑐𝑘 30𝑀𝑃𝑎
𝑓𝑐𝑑 = = = 21,43 𝑀𝑃𝑎 = 2,143 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝛾𝑐 1,4

• 𝑓𝑦𝑑 é o valor de cálculo da tensão de escoamento do aço utilizado (CA-50):

𝑓𝑦 50 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 = = = 43,48 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝛾𝑠 1,15

• 𝑀𝑑 é o momento de cálculo dado por:

16
𝑀𝑑 = 1,4 ∗ (1,95 − 0,05ℎ) ∗ 𝑀𝑘 , para lajes em balanço (L3)

𝑀𝑑 = 1,4 ∗ 𝑀𝑘 , para as demais lajes

Para garantir uma boa ductilidade dos elementos estruturais e evitar sua ruptura frágil,
o Item 14.6.4.3 da norma limita a posição da linha neutra a 𝑥 ≤ 0,45𝑑 para concretos do Grupo
I, portanto essa verificação também deve ser feita.

Precisamos ainda verificar se a quantidade de aço calculado para as lajes está acima dos
valores mínimos exigidos pela norma. O valor mínimo a ser utilizado é definido a partir do
dimensionamento da viga para um momento mínimo dado por:

𝑀𝑑,𝑚í𝑛 = 0,8 ∗ 𝑊0 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝

Sendo:

𝑊0 o módulo resistente da seção bruta do elemento dimensionado

𝑏ℎ 2
𝑊0 =
6

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 é uma das resistências características do concreto à tração direta definido no


Item 8.2.5 da Norma.

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 1,3 ∗ 𝑓𝑐𝑡,𝑚

2/3
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3 ∗ 𝑓𝑐𝑘

Substituindo 𝑏 = 100 𝑐𝑚 e 𝑓𝑐𝑘 = 30𝑀𝑃𝑎, obtemos o momento mínimo em função da


espessura das lajes:

𝑀𝑑,𝑚í𝑛 = 50,205 ℎ 2 (𝑘𝑁. 𝑚/𝑚)

Ou

𝑀𝑑,𝑚í𝑛 = 5,0205 ℎ2 (𝑘𝑁. 𝑐𝑚/𝑚)

Com esse valor calculamos a área de aço mínima 𝐴𝑠𝑚í𝑛 exigida por norma. É importante
pontuar que a norma ainda estabelece um valor mínimo absoluto para taxa de aço em 0,15%,
portanto, a área de aço adotada é o maior valor entre:

• A área calculada para suportar o carregamento aplicado;

17
• A área necessária para suportar o momento mínimo 𝑀𝑑 , sendo utilizado os
valores:

- 𝐴𝑠𝑚í𝑛 para lajes armadas em uma direção, e

- 0,67 𝐴𝑠𝑚í𝑛 para lajes armadas em duas direções

• A área correspondente à taxa mínima de 0,15% dada por:

0,15
𝐴𝑠 0.15% = ∗ 𝑏 ℎ = 0,15 ℎ
100

As Tabelas 11 a 13 mostram os resultados para as áreas de aço das armaduras principais


das lajes não em balanço. Para as armaduras negativas, como as lajes adjacentes possuem
diferentes alturas, a favor da segurança, foi calculada a área de aço para as duas alturas e
escolhida a maior.

Tabela 11: Armadura positiva principal – Direção x


h d 𝑴𝒌 𝑴𝒅 As
Laje x x/d As 𝑨𝒔𝒎í𝒏 𝑨𝒔𝟎.𝟏𝟓%
(cm) (cm) (𝒌𝑵. 𝒄𝒎/𝒎) (𝒌𝑵. 𝒄𝒎/𝒎) adotada
L-1 8 5 56 78.4 0.109 0.022 0.364 1.53 1.20 1.53
L-2 13 10 578 809.2 0.568 0.057 1.904 2.00 1.95 2.00
L-4 8 5 101 141.4 0.197 0.039 0.661 1.53 1.20 1.53

Tabela 12: Armadura positiva principal - Direção y


h d Mk Md As
Laje x x/d As Asmín 𝑨𝒔𝟎.𝟏𝟓%
(cm) (cm) (kN.cm/m) (kN.cm/m) adotada
L-2 13 10 237 331.8 0.230 0.023 0.770 1.34 1.95 1.95
L-4 8 5 54 75.6 0.105 0.021 0.351 1.03 1.20 1.20

Tabela 13: Armadura negativa


h d Mk Md As
Lajes x x/d As Asmín As,0.15%
(cm) (cm) (kN.cm/m) (kN.cm/m) adotada
8 5 65 91 0.126 0.025 0.423 1.53 1.20
L1-L2 2.00
13 10 65 91 0.063 0.006 0.210 2.00 1.95
8 5 163 228.2 0.321 0.064 1.077 1.53 1.20
L4-L2 2.00
13 10 163 228.2 0.158 0.016 0.528 2.00 1.95
L1-L4 8 5 153 214.2 0.301 0.060 1.010 1.53 1.20 1.53

Para a laje em balanço (L3), a única diferença está na determinação do valor de cálculo
do momento. Segundo o Item 13.2.4.1 da Norma, precisamos multiplicar o valor característico
Mk por um coeficiente adicional 𝛾𝑛 dado por:
18
𝛾𝑛 = 1,95 − 0,05ℎ

Onde ℎ é a espessura da laje em centímetros que para a laje L3 obtivemos ℎ = 10𝑐𝑚


logo, 𝛾𝑛 = 1,45.

O momento de cálculo é, então:

𝑀𝑑 = 𝛾𝑛 ∗ 𝛾𝑔 ∗ 𝑀𝑘

𝑀𝑑 = 1,45 ∗ 1,4 ∗ 9,71

𝑀𝑑 = 19,71 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Na Tabela 14 está a determinação da área de aço para a laje L3.

Tabela 14: Armadura principal da laje L3


h d Mk Md As
Laje x x/d As Asmín As,0.15%
(cm) (cm) (kN.cm/m) (kN.cm/m) adotada
L3 10 7 971 1971.13 2.212 0.316 7.413 1.70 1.50 7.41

Para as lajes L1 e L3 que têm armadura principal em apenas uma direção, devemos
calcular uma armadura de distribuição prevista por norma. A área mínima dessa armadura deve
respeitar 3 limites inferiores:

• Ser maior ou igual que 20% da área da armadura principal da laje segundo o
Item 20.1 da NBR 6118/2014;

• Ser maior ou igual que 50% da área mínima;

• Ser maior ou igual que o mínimo absoluto de 0,9 cm²/m.

A Tabela 15 mostra os resultados para as lajes L1 e L3.

Tabela 15: Armaduras secundárias


Laje Asp 20% Asp As,mín 0.5 As,mím 0.9 cm²/m As,adotada
L1 1.53 0.31 1.53 0.767 0.9 0.90
L3 7.41 1.48 1.70 0.849 0.9 1.48

19
5 Detalhamento das armaduras

Conhecidas a áreas de aço em cada laje, o próximo passo é o detalhamento das


armaduras que consiste em determinar os diâmetros, quantidades, espaçamento e comprimento
das barras de aço de forma a atender a área calculada por metro de laje. Nessa etapa, também
devem ser levadas em consideração algumas restrições de norma e recomendações práticas:

• Segundo o Item 20.1 da NBR 6118/2014, nenhuma barra de flexão deve ter
diâmetro maios que h/8.

• As barras da armadura principal devem apresentar espaçamento no máximo


igual a 2 h ou 20 cm, segundo a mesma norma.

• As barras da armadura secundária devem ter espaçamento de no máximo 33 cm.

• Uma sugestão prática é adotar espaçamentos entre 10cm e 15cm para armaduras
positivas, e espaçamentos entre 15cm e 20cm para armaduras negativas.

• Em relação aos diâmetros, a sugestão é usar valores entre 5mm e 10mm.

Para determinação dos diâmetros e espaçamento das barras, usaremos a tabela da Figura
11 disponibilizada em aula. Para a laje L3, foi adotado um diâmetro de 12,5mm (maior que
10mm) para evitar um espaçamento muito pequeno, no entanto esse valor está de acordo com
a norma pois h/30 = 12,5mm para a laje L3. A Tabela 16 mostra os resultados

Tabela 16: Detalhamento das armaduras


ARMADAS EM 2D (POSITIVA)
Laje Aspx (cm²/m) Φx (mm) sx (cm) Aspy (cm²/m) Φy (mm) sy (cm)
L2 1.95 5 9,5 1.95 5 9,5
L4 1.20 5 16 1.20 5 16
ARMADAS EM 1D (POSITIVA)
As,prinp
Laje Φp (mm) sp (cm) As,sec (cm²/m) Φs (mm) ss (cm)
(cm²/m)
L1 1.53 5 12,5 0.90 5 20
ARMADURA EM 1D (NEGATIVA – BALANÇO)
Laje Asp (cm²/m) Φp (mm) sp (cm) As,sec (cm²/m) Φs (mm) ss (cm)
L3 7.41 12,5 16 1.48 5 13
ARMADURAS NEGATIVAS
Lajes As (cm²/m) Φ (mm) s (cm)
L1-L2 2.00 6,3 15
L4-L2 2.00 6,3 15
L1-L4 1.53 6,3 20
20
Figura 11: Tabela para determinação dos diâmetros e espaçamentos

21
Para determinação do comprimento e da quantidade de barras, usamos as seguintes
equações:

Caso 1: armaduras positivas

• Barras na direção x:

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑙0𝑥 + 𝑡1 + 𝑡2 − 2𝑐

𝑡1 𝑡2
𝑙𝑦0 + +
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 2 2 +1
𝑠

• Barras na direção y:

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑙0𝑦 + 𝑡1 + 𝑡2 − 2𝑐

𝑡1 𝑡2
𝑙𝑥0 + +
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 2 2 +1
𝑠

Onde estamos considerando que:

- o comprimento das barras será de face externa de um apoio à face externa do


outro subtraído o cobrimento em cada lado;

- as barras serão distribuídas entre os eixos dos apoios.

Caso 2: armaduras negativas das lajes não em balanço

• A quantidade é calculada da mesma forma que no Caso 1;

• comprimento

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 2𝑎

𝑎 = 0,25 𝑙𝑚 + 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐

Sendo 𝑙𝑚 :

- o maior 𝑙𝑥 entre as duas lajes na situação


engaste/engaste

- o menor vão na situação engaste/apoio

22
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑙
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼1 𝑙𝑏
𝐴𝑠𝑒𝑓

Sendo:

• 𝛼1 = 1 (ancoragem sem gancho);

• 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑙 a área de aço calculada pelas equações;

• 𝐴𝑠𝑒𝑓 a área de aço efetivamente empregada;

• 𝑙𝑏 o comprimento básico de ancoragem:

𝜙 𝑓𝑦𝑑
𝑙𝑏 = ( )
4 𝑓𝑏𝑑

𝑓𝑦𝑑 = 43,48 𝑘𝑁/𝑐𝑚 2 (𝑗á 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜)

𝑓𝑏𝑑 = 𝜂1 𝜂2 𝜂3 𝑓𝑐𝑡𝑑

𝜂1 = 2,25 (𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠)

𝜂2 = 1,0 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎)

𝜂3 = 1,0 (𝜙 ≤ 32𝑚𝑚)

0,21 2/3
𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓
𝛾𝑐 𝑐𝑘

Com 𝑓𝑐𝑘 = 30 𝑀𝑃𝑎 e 𝛾𝑐 = 1,4 temos: 𝑓𝑐𝑡𝑑 = 1,448 e 𝑓𝑏𝑑 = 3,259 𝑀𝑃𝑎

O comprimento necessário, 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐, ainda deve ser maior que um comprimento de


ancoragem mínimo dado por:

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚í𝑛 ≥ { 10𝜙 }
100 𝑚𝑚

Caso 3: lajes em balanço

• A quantidade é calculada como antes;

• comprimento das barras que cruzam o engaste (sem gancho)

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑎

23
𝑎 = 2,5 (𝑙 − 𝑐)

• comprimento das barras paralelas ao engaste (sem gancho)

𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑙 − 2 ∗ 𝑐

Todos esses cálculos foram realizados na planilha em anexo. As Tabelas 17 e 18


mostram os resumos de acordo com a Figura 12.

Figura 12: Identificação das barras de aço

Tabela 17: Especificação das barras


Comprimento
N Φ (mm) Qtd
Unit. (cm) Total (m)
1 5 8 274 21,92
2 5 22 144 31,68
3 5 15 274 41,1
4 5 18 224 40,32
5 5 67 379 253,93
6 5 40 639 255,6
7 6,3 10 104 10,4
8 6,3 15 144 21,6
9 12,5 41 377 154,57
10 6,3 14 145 20,3
11 5 13 639 83,07

24
Tabela 18: Resumo do aço - CA-50
Comp. Total
φ Massa (kg) Massa total (kg)
(m)
5 0,154 727,62 112,15
6,3 0,245 52,3 12,80
12,5 0,963 154,57 148,90
TOTAL: 273,85

25

Você também pode gostar