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INTRODUÇÃO

Neste texto serão estudas as lajes maciças, as lajes maciças de forma retangular
apoiadas sobre as quatro bordas são as lajes mais comuns nas construções correntes de
concreto armado. As lajes com uma borda livre, embora bem menos comuns na prática, serão
também estudas.

Os processos de cálculos das lajes demonstradas neste trabalho será aquele já


desenvolvido há muitos anos, possível de ser executado manualmente sem auxílio de
computadores.

Tem o aval da NBR 6118/03 e aplicação segura, demonstrada por centenas de


construções já executadas.

José Eudes Rafael Campos Junior - 20510009


Salatiel Dandolini Kerne – 20902196
ROTEIRO PRÁTICO:
Critérios a serem avaliados

1. Definir os vãos teóricos e vinculações de bordo;


2. Definir os tipos de cada laje;
3. Calcular os parâmetros para uso das tabelas de laje (PINHEIRO, 2007);
4. Determinar as ações e os esforços atuantes nas lajes;
5. Compatibilizar os momentos fletores;
6. Verificar o Estado Limite de Serviço dos deslocamentos verticais máximos;
7. Calcular as reações sobre as vigas V4 e V5 pelo método das áreas de charneiras
plásticas;
8. Dimensionar as armaduras positivas e negativas de todas as lajes;
9. Detalhar e desenhar planta de fôrma e planta de armação (positiva e negativa) de
todas as lajes;

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1. Lajes: Vãos teóricos, vinculações de bordo e tipos de laje.

Os vãos são definidos pela seguinte forma (NBR 6118/03, item 14.6.2.4):

lef = l0 +a1 +a2

onde, a1 = t1 / 2 ; a2 = t2 / 2

Fig. 1- Introdução, Vãos teóricos.

Pode-se dizer que nosso vão teórico encontra-se no “centro” da viga, entre parte externa e
parte interna:

Fig. 2 – Estruturas + vãos teóricos.

Em todas as vigas deste trabalho tem b=14 (t), logo t1 = t2 = 14/2 = 7cm;

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Os vãos teóricos ficam então definidos desta maneira :

Fig. 3 – Vãos teóricos.

Para o cálculo dos esforços solicitantes e das deformações nas lajes torna-se necessário
estabelecer os vínculos da laje com os apoios, sejam eles pontuais como os pilares, ou lineares
como as vigas de borda. Devido à complexidade do problema devem ser feitas algumas
simplificações, de modo a possibilitar o cálculo manual que será desenvolvido.
Nos cálculos é necessário a determinação de Lx e Ly, onde Lx é o menor lado da laje.

Lajes Lx Ly
L1 4,14 5,14
L2 3,04 5,14
L3 1,67 5,14
Tabela 1- Comprimento dos vãos (m).

1.1.Vinculação de bordo.

Para vinculações de bordo o primeiro passo é definir quais sãos as lajes que estão
engastadadas umas as outras, e será adotada a seguinte convenção:

Além das bordas, as lajes recebem nomenclatura para uso de tabelas de acordo com
sua vinculação.
.Vejamos as lajes estudas, com sua vinculação e seu tipo (para consultar tabelas):
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Fig. 4.1 – Vinculação de bordo e tipo de laje, L1. Fig. 4.2 – Vinculação de bordo e tipo de laje, L2.

A laje (l1 e l2) estão engastadas no lado de maior vão (ly) apenas em um dos lados.

Fig. 4.1 – Vinculação de bordo e tipo de laje, L1.

A laje L3, está engastada em um dos lados de maior vão e livre no outro (ly).

Ver Anexo 1, Tipos de lajes em função dos vínculos nas bordas.

1.2. Armação: Armada em uma ou duas direções.


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Uma classificação muito importante das lajes é aquela referente à direção ou direções da
armadura principal, havendo dois casos: laje armada em uma direção e laje armada em duas
direções.
Para sabermos se a laje será armada em uma ou duas direções o cálculo é simples, basta
dividir o maior lado pelo menor :
λ=Ly/Lx

Se: λ< 2, laje armada em duas direções;


λ>2, laje armada em uma direção;
λ=2, laje armada em uma direção;

Se a laje for armada em uma direção, armar no sentindo do menor vão (paralelo ao menor
vão).

Utilizando os valores da Tabela 1, temos:

L1: Ly/Lx = 5,14/4,14 = 1,241, laje armada em duas direções;


L2: Ly/Lx = 5,14/3,04 = 1,690, laje armada em duas direções;
L3: Ly/Lx = 5,14/1,67 = 3,078, laje armada em uma direção.

L1 L2
Lx (cm) 414 304
Ly (cm) 514 514
0,7Ly (cm) 360 360
L* (cm) 360 304
N 1 1
dest (cm) 8,64 7,3
hest (cm) 11,14 9,8
h (cm) 10 10
Tabela 2 – Pré-dimensionamento.

L* é o menor valor entre Lx e 0,7Ly


N é o número de bordas engastadas

dest= (2,5 – 0,1n) L*/100


hest = dest + C
C=2,5 cm
Obs.: A altura adotada foi de 10, pois para termos uma linearidade nas alturas das lajes
e é o mínimo determinado pela NBR 6118:2003.

2. Parâmetros.

Iremos determinar parâmetros para o cálculo das lajes, de acordo com as tabelas de L.M.
Pinheiro.

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2.1. Pré-Dimensionamento: valores de ᴪ2 e ᴪ3.

Já calculado nosso λ e sabendo também o tipo de nossa laje (quanto á vinculação de


bordo) iremos consultar na tabela os valores de ᴪ, e interpolar caso seja necessário.
Consultando a tabela em Anexo 1, Valores de ᴪ. Temos:

Para aço CA-50, temos ᴪ3 = 25

 L1: para λ=1,241 tipo 2B, iremos interpolar:

1,20 1,64
1,24 1,624
1,25 1,62

 L2: para λ=1,690 tipo 2B, iremos interpolar:

1,65 1,50
1,69 1,492
1,70 1,49

 L3: para λ=3,078 tipo 9, λ>2 ᴪ2 = 1,00;


Pré-dimensionamento L3: dest= Lx/(ᴪ2 e ᴪ3)= 6,7 cm
Adotaremos h=10 cm
Lx em metros (m).

3. Determinar as ações e os esforços atuantes nas lajes.

As ações ou carregamentos a se considerar nas lajes são os mais variados, desde pessoas
até móveis, equipamentos fixos ou móveis, divisórias, paredes, água, solo, etc. As lajes atuam
recebendo as cargas de utilização e transmitindo-as para os apoios, geralmente vigas nas
bordas.
Nas construções de edifícios correntes, geralmente as ações principais a serem
consideradas são as ações permanentes (g) e as ações variáveis (q), chamadas pela norma de
carga acidental, termo esse inadequado.

3.1.1 Ações Permanentes.

São ações diretas, que devem ser verificadas e determinadas. Ações que já são
premeditadas em cálculo, ações essas que o próprio nome já as define, são ações que não
variam.

3.1.1. Peso próprio.

O peso próprio da laje é o peso do concreto armado que forma a laje maciça. Para o peso
específico do concreto armado (γconc) a NBR 6118/03 indica o valor de 25 kN/m³. O peso
próprio para lajes com espessura constante é uniformemente distribuído na área da laje.

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gpp = γconc . h = 25 . h
com: gpp = peso próprio da laje (kN/m²);
h = altura da laje (m).

 L1, L2 e L3: gpp = 25 . 0,1= 2,5 kN/ m²

3.1.2. Contra piso.

A camada de argamassa colocada logo acima do concreto da superfície superior das lajes
recebe o nome de contrapiso ou argamassa de regularização. A sua função é de nivelar e
diminuir a rugosidade da laje, preparando-a para receber o revestimento de piso final.
A espessura do contrapiso deve ser cuidadosamente avaliada. Recomenda-se adotar
espessura não inferior a 3 cm. A argamassa do contrapiso tem comumente o traço 1:3 (em
volume), sendo considerado o peso específico (γcontr) de 21 kN/m³.
A ação permanente do contrapiso é função da espessura (e) do contrapiso:

gcontr = γcontr . e = 21 . e

com: gcontr = carga permanente do contrapiso (kN/m²);


e = espessura do contrapiso (m).

 L1, L2 e L3: gcontr = 21 . 0,03= 0,7 kN/ m²

3.1.3. Revestimento do teto.

Na superfície inferior das lajes (teto do pavimento inferior) é padrão executar-se uma
camada de revestimento de argamassa, sobreposta à camada fina de chapisco. Para essa
argamassa, menos rica em cimento, pode-se considerar o peso específico (γrev) de 19 kN/m³.
De modo geral, este revestimento tem pequena espessura, mas recomenda-se adotar
espessura não inferior a 1,5 ou 2 cm. Para o revestimento de teto a ação permanente é:

grev. teto = γrev . e = 19 . e


com: grev. teto = carga permanente do revestimento do teto (kN/m²);
e = espessura do revestimento (m).

 L1, L2 e L3: grev. teto= 19 . 0,04 = 0,8 kN/ m²

3.1.4. Piso.

O piso é o revestimento final na superfície superior da laje, assentado sobre a argamassa de


regularização. Para a sua correta quantificação é necessário definir o tipo ou material do qual
o piso é composto, o que normalmente é feito com auxílio do projeto arquitetônico, que define
o tipo de piso de cada ambiente da construção. Os tipos mais comuns são os de madeira, de
cerâmica, carpetes ou forrações, e de rochas, como granito e mármore.
A Tabela 1 da NBR 6120/80 fornece os pesos específicos de diversos materiais, valores
estes que auxiliam no cálculo da carga do piso por metro quadrado de área de laje.
Lajota cerâmica 18 kN/m³.

 L1, L2 e L3: gpiso= 18 . 0,02= 0,4 kN/ m²

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3.2. Ações variáveis.

A ação variável nas lajes é tratada pela NBR 6120/80 (item 2.2) como “carga acidental”.
Na prática costumam chamar também de “sobrecarga”. A carga acidental é definida pela NBR
6120 como “toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de edificações em função do seu
uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). As cargas verticais que se
consideram atuando nos pisos de edificações, além das que se aplicam em caráter especial,
referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis, utensílios materiais diversos e
veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos indicados na
Tabela 2”.

 L1 e L2: 1,5 kN/ m²


 L3: q= 1,5 kN/ m²

3.3.Ações finais.

‘ Peso Próprio (pp) Contra piso Rev. do teto Piso Ações variáveis Total
(kN/ m²) (kN/ m²) (kN/ m²) (kN/ m²) (kN/ m²) (kN/ m²)
L1 2,5 0,7 0,8 0,4 1,5 7*
L2 2,5 0,7 0,8 0,4 1,5 7*
L3 2,5 0,7 0,8 0,4 1,5 7*
* = Valor final 5,9, acrescidos 1,1que seriam cargas não previstas neste modelo, como: instalação elétrica,
inst. hidráulica, acumulo de sujeira, uso temporário(parcial) como depósito entre outras utilizações.
Tabela 3- Ações finais sobre as lajes.
4. Momentos Fletores.

Exemplo de aplicação da tabela de L. M. Pinheiro, em nosso próprio exemplo.

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Fig. 5- Exemplo momento Fletor.
No exemplo dado anteriormente, tem sua especificações (legendas):

Fig. 5.1- Momento Positivo. Fig. 5.2 – Momento Negativo

Iremos apresentar agora, uma tabela com todos esses valores já prontos para um melhor
entendimento e visão sobre o assunto, na tabela os valores já estão calculados de acordo com
a fórmula anterior mostrada:

Laje Tipo λ p(kN/m²) Lx ux u’x uy u’y Mx M’x My M’y


L1 2B 1,25 7 414 4,55 10,06 2,51 - 5,46 12,07 3,01 -
L2 2B 1,7 7 304 5,61 11,60 1,79 - 3,63 7,50 1,16 -
Tabela 4 – Momentos na L1 e L2.

Como a laje 3 (L3) está em balanço o seu cálculo de momento fletor será diferenciado,
pois a NBR 6118/03, indica que deve ser acrescido na extremidade do balanço uma carga
concentrada de 2 kN, assim fica o seu esquema:

O “g + q” que está no esquema já foi calculado anteriormente, e seu valor é de: 7 kN/m². O
nosso g’ corresponde á uma mureta de ¹/² tijolo de bloco cerâmico de oito furos (1,9 kN/m²),
com 1,20 m de altura, e o valor de q’ é uma carga variável de 2,0 kN/m.

g’ = 1,9 . 1,2 = 2,28 kN/m; q’ = 2 kN/m


g’ + q’ = 2,28 + 2 = 4,28 kN/m

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4.1. Esquema: Momento Fletor.

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