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1.

MEMORIAL DESCRITIVO BASE PARA DIMENSIONAMENTO DE UM


TRAPICHE
As presentes normas utilizadas no dimensionamento de estruturas de madeira (sem
consideração dos efeitos dinâmicos) são apresentadas a seguir:

● NBR 7190/97: Projeto de Estruturas de Madeira;


● NBR 7188/2013: Carga Móvel Rodoviária e de Pedestres em Pontes, Viadutos e
Passarelas e Outras Estruturas;

1.2. DADOS DO PROJETO

1.2.1. Dimensões dos elementos estruturais (cm):

● Tábuas do Assoalho: (2,5 x 22)


● Longarinas Primárias e Secundarias: (6,0 x 12,0)
● Transversinas de Apoio: (6,0 x 12,0)

Obs: Usar a imagem da passarela a seguir somente para orientação do posicionamento das
peças.
1.2.2. Tipo de madeira

Para realizar a escolha das espécies de madeira foram selecionadas apenas madeiras
dicotiledôneas conforme a especificação da NBR 7190. Na determinação da madeira do
assoalho, escolheu-se os elementos de madeira utilizou-se Ipê.

Madeira Classe γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑡0,𝑘 𝑓𝑐0,𝑘


(kN/m³) (MPa) (MPa)
(Espécie) (C)
Ipê 60 10, 68 96,80 76,00

Fonte: Autores, 2019.

A NBR 7190 (1998) explica no item 6.1.3 que, a resistência é determinada de maneira
convencional pela máxima tensão que pode ser aplicada a corpos-de-prova isentos de defeitos
do material considerado, até o aparecimento de fenômenos particulares de comportamento
além dos quais há restrição de emprego do material em elementos estruturais. De modo geral
estes fenômenos são os de ruptura ou de deformação específica excessiva.

Levando em consideração os aspectos levantando no item 6.3.1 da NBR 1790,


conceitua-se os seguintes itens da tabela 1:

γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = Peso específico aparente da madeira;

𝑓𝑡0,𝑘 = Resistência à tração característica paralela as fibras;

𝑓𝑐0,𝑘 = Resistência à compressão característica paralela as fibras;

1.2.3. Ligações

Para os elementos no qual tem-se necessidade de unir-se uma ou mais peças,


utilizou-se ligações do tipo parafusadas com reforço de chapa metálica onde, para efeito de
cálculo considerou-se 3% do peso próprio do elemento especificado para representar as
ligações.
Figura 1 – Conexão de perfis de madeira através de chapas metálicas.

Fonte: ArchDaily, 2017.

Figura 2 – Conexão de perfis de madeira

Fonte: ArchDaily, 2017.


2. MEMORIAL DE CÁLCULO
2.1. PROPRIEDADES E PARÂMETROS INCIAIS

Para determinação das resistências de cálculo paralelas às fibras, utilizou-se a equação


1 de acordo com o item 7.2.6 da NBR 9170:

𝑓𝑤𝑘
𝑓𝑤𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑 γ𝑤
(1)

Onde:

● 𝑓𝑤𝑑 = Resistência características da madeira em MPa;

● 𝑘𝑚𝑜𝑑 = Coeficiente de modificação da madeira;

● γ𝑤 = Coeficiente de ponderação para estados limites últimos, sendo 1,4 para tensões

de compressão e 1,8 para tensões de tração (Item 6.4.5 NBR 7190);

O coeficiente de modificação da madeira (𝑘𝑚𝑜𝑑) é determinado a partir da

multiplicação de outros três parâmetros:

𝑘𝑚𝑜𝑑¹: Leva em conta a classe do carregamento determinado (Tab. 10 NBR 7190);

𝑘𝑚𝑜𝑑²: Leva em conta a classe de umidade e o tipo de material empregado. (Tab 11 NBR

7190);

𝑘𝑚𝑜𝑑³: Leva em conta se a madeira é de primeira ou segunda categoria, sendo 𝑘𝑚𝑜𝑑³ = 0,8 para

segunda e 𝑘𝑚𝑜𝑑³ = 1,0 no caso de primeira categoria.

Tabela 1 – Valores para 𝑘𝑚𝑜𝑑 conforme a madeira selecionada.

Madeira Classe 𝑘𝑚𝑜𝑑¹ 𝑘𝑚𝑜𝑑² 𝑘𝑚𝑜𝑑³ 𝑘𝑚𝑜𝑑, 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙


(Espécie) (C)
Ipê 60 0,70 0,80 0,80 0,45

Fonte: Autores, 2019.


A determinação dos valores de cálculo da resistência da madeira (tabela 3),
apresentados na tabela 3, foi obtida a partir da caracterização completa da resistência da
madeira serrada (valores especificados na tabela 1).

Tabela 2 – Valores de resistência de cálculo conforme a madeira selecionada.

Madeira Classe 𝑓𝑡0,𝑑 𝑓𝑐0,𝑑


(Espécie) (C) (MPa) (MPa)

Ipê 60 24,20 24,43

Fonte: Autores, 2019.

2.2. DETERMINAÇÃO DOS CARREGAMENTOS DA ESTRUTURA

Para o levantamento de cargas em função dos elementos componentes do trapiche


(tabela 4), utilizou-se conforme a NBR 7188 item 6.1, uma sobrecarga (Sc.) distribuída,
aplicada sobre o pavimento entre os guarda-corpos de 5 kN/m².

Tabela 3 – Levantamento de cargas dos elementos do trapiche

Peças da Área da peça Carregamentos


Passarela (m²) (kN/m²)
Assoalho (22 cm x 2,5 cm) 0,0055 2,56
Longarina (12 cm x 6,0 cm) 0,072 15,84
Transversina (12 cm x 6,0 0,072 9,12
cm)
TOTAL 27,52
Fonte: Autores, 2019.

a) Para o levantamento de cargas no assoalho têm-se:


❖ Sc = 5 kN/m². 𝑒𝑡á𝑏𝑢𝑎𝑠
❖ Ppassoalho = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜. ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜

Onde:

● Sc = Sobrecarga;
● Pp = Peso Próprio;
● γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = Peso específico aparente da madeira;

● 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = base do assoalho;

● ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = altura do assoalho.

● 𝑒𝑡á𝑏𝑢𝑎𝑠 = espaçamento entre as tábuas do assoalho (50 cm).

b) Para levantamento de cargas nas longarinas têm-se:


❖ Sc = 5 kN/m². 𝑒𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎𝑠

❖ Ppassoalho = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜. ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜

❖ Pplongarina = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎. ℎ𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎

Onde:

● Sc = Sobrecarga;
● Pp = Peso Próprio do elemento estrutural;
● γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = Peso específico aparente da madeira;

● 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = base do assoalho;

● ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = altura do assoalho.

● 𝑏𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎 = base do assoalho;

● ℎ𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎 = altura do assoalho.

● 𝑒𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎𝑠 = espaçamento entre as longarinas.

c) Para as transversinas têm-se:


❖ Sc = 5 kN/m². 𝑒𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑛𝑎

❖ Ppassoalho = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜. ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜

❖ Pplongarina = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎. ℎ𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎


❖ Pptransversina = γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒. 𝑏𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑛𝑎. ℎ𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑛𝑎

Onde:

● Sc = Sobrecarga;
● Pp = Peso Próprio do elemento estrutural;
● 𝑒𝑡á𝑏𝑢𝑎𝑠 = espaçamento entre as tábuas do assoalho.

● γ𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = Peso específico aparente da madeira;

● 𝑏𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = base do assoalho;

● ℎ𝑎𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙ℎ𝑜 = altura do assoalho.

● 𝑏𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎 = base da peça da longarina;

● ℎ𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑟𝑖𝑛𝑎 = altura da peça da longarina;

● 𝑏𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑛𝑎 = base peça da transversina;

● ℎ𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑛𝑎 = altura peça da transversina.

2.3. MOMENTOS FLETORES (Mf)

Peças da Momento Fletor Característico Momento Fletor de Cálculo


Passarela kN.m kN.m

Assoalho 0,064 0,089


Longarina 17,82 24,95
Transversina 2,56 3,58

Gráfico de Momento Fletor no Assoalho (0,5m)


Gráfico de Momento Fletor nas Longarinas (3,0m)

Gráfico de Momento Fletor nas Transversinas (1,5m)

Obs: Lembrando que nesse modelo há duas longarinas internas, logo o vão útil do assoalho de
1,50m diminui para 0,50m.

Para determinar o momento fletor máximo de cálculo, multiplica-se o momento fletor


característico máximo por 1,4.
2.4.MÓDULO DE RESISTÊNCIA DOS ELEMENTOS (W)

Tabela 5 – Valores do módulo de resistência elástico.

Peças da Seção dos Wx Wy


Passarela Elementos (bxh) m³ m³

Assoalho 0,22 m x 0,025 m 2,29 x 10-5 2,02 x 10-4


Longarina 0,12 m x 0,6 m 7,2 x 10-3 1,44 x 10-3
Transversina 0,12 m x 0,6 m 7,2 x 10-3 1,44 x 10-3

2
𝑏𝑥ℎ
𝑊𝑥 = 6

2
ℎ𝑥𝑏
𝑊𝑦 = 6

Onde:

2.5. TENSÕES SOLICITANTES (σ𝐼)

Tabela 6 – Tensões solicitantes nos elementos.

eças da Passarela σ𝑥 σ𝑦
(MPa) (MPa)
Assoalho 3,88 0,44
Longarina 3,46 17,32
Transversina 0,50 2,48

Os valores são obtidos através das equação 4 a seguir:

𝑀𝑑
σ𝑦 = 𝑊𝑖

Onde:
● 𝑀 𝑑 = Momento fletor de cálculo;

● 𝑊𝑖 = Módulo de resistência elástico do elemento correspondente.


OBS: Fazer uma planilha contendo todos esses valores menores e comparar os valores
dessas tensões solicitantes obtidas acima com as tensões resistentes na tabela 2. Logo, se
a tensão solicitante for menor do que a tensão resistente o dimensionamento estará
correto.

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