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Nota de esclarecimento

Este material foi concebido com recortes do livro Estruturas de Madeira e Estruturas
Metálicas, da professora Rosiane Camargos dos Santos (SANTOS, 2019), com o objetivo
de atender à linha metodológica traçada para a disciplina Estruturas de Madeira, em
regime remoto emergencial.

Barras de madeira tracionadas

Os elementos estruturais se comportam de maneiras diferentes dependendo dos esforços


que estejam atuando na estrutura e, desta forma, apresentam resistências diferentes para
cada tipo de solicitação.
A madeira é um material que apresenta boa resistência tanto à tração, quanto à
compressão, mas, por ser um material anisotrópico, apresenta diferentes propriedades nas
direções tangenciais e longitudinais e, com isso, diferentes resistências.
Os elementos em madeira possuem uma boa resistência ao esforço de tração aplicado
paralelamente às fibras e geralmente são formados por seções transversais maciças
retangulares, simples ou múltiplas, ficando o ponto crítico geralmente situado na região
das emendas.
As barras de madeira submetidas ao esforço solicitante de tração axial podem ser
encontradas em diversos elementos estruturais, por exemplo, em tirantes ou pendurais,
em barras de contraventamentos de pórticos e em barras de sistemas treliçados, compondo
as estruturas de coberturas, edificações, galpões ou pontes.

Critério de cálculo de barras de madeira tracionadas

A NBR 7190 (ABNT, 1997) estabelece o critério de dimensionamento das barras de


madeira tracionadas. Em estado limite último, considera-se a área liquida da seção
transversal An, de modo que a tensão solicitante de cálculo, d, seja menor que a
resistência a tração paralela às fibras da madeira, ft0,d, logo,
Nd
d   f t 0,d
An

onde, Nd é o esforço solicitante de cálculo (determinado a partir da combinação de ações


por meio da análise estrutural) e ft0,d determinado pela seguinte equação:

f t 0, k
f t 0,d  K mod .
t

para Kmod dado em anexo e t = 1,8.


A área líquida da seção transversal, An, é determinada a partir da redução das áreas
projetadas para os furos e entalhes da área bruta, Ag, sendo a área projetada determinada
da seguinte forma:
Para ligações por meio de prego, deve-se reduzir uma área equivalente ao diâmetro do
prego, d, multiplicado pela espessura da peça, b, logo,

An  Ag  n . d . b

em que n equivale ao número de furos da seção.


Para ligações por meio de parafusos, deve-se reduzir uma área equivalente ao diâmetro
do furo, d', multiplicado pela espessura da peça, b, portanto,

An  Ag  n . d ' . b 

em que d’ equivale ao diâmetro do parafuso somado a uma folga de 0,5 mm.


Na determinação da área líquida da seção transversal é preciso levar em consideração a
quantidade de furos presentes na seção.
Além disso, deve-se verificar, ainda, a esbeltez do elemento, que deve ser menor ou igual
a 170, ou seja:
L
 170
I A

onde, L equivale ao comprimento do elemento, I representa o momento de inércia e A a


área da seção transversal.
Exemplo

Como exemplo, vamos verificar a segurança de um tirante de Angelim Pedra


(ft0,k = 52,85 MPa) com seção transversal de 22 cm x 4 cm e Kmod = 0,56. O tirante está
ligado por duas talas laterais de madeira por parafusos de 25 mm e submetido à cargas de
tração Nd = 33 kN.

Dimensões em centímetros
52,85
f t 0,d  0,56 .  16,44 MPa
1,8

An  4 . 22  2 .2,5  0,5. 4  88  2 . 2,55 . 4  67,6 cm2  67,6 .10 4 m 2

33.10 3
d   4,88 MPa
67,6 .10 4

 d  f to ,d  4,88 MPa  16,44 MPa

Referências

Estruturas de madeira e estruturas metálicas. Rosiane Camargos dos Santos. Londrina:


Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
NBR, ABNT. 7190-Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 1997.
Anexo
Coeficiente de Modificação (Kmod)

Kmod = Kmod1 . Kmod2 . Kmod3

Tabela 01. Classes de carregamento (adaptada da ABNT)

Tabela 02. Valores de Kmod1 (adaptada da ABNT)

Tabela 03. Valores de Kmod2 (adaptada da ABNT)


Tabela 04. Classe de umidade (adaptada da ABNT)

Tabela 05. Valores de Kmod3 (adaptada da ABNT)

1ª Categoria: Todas as peças classificadas como isentas de defeitos, por meio de um


método visual normalizado, e submetidas à classificação mecânica que garante a
homogeneidade da rigidez das peças que compõem o lote;
2ª Categoria: Madeira não classificada ou de classificação inferior a descrita para madeira
de primeira categoria.

Tabela 06. Coeficiente de fluência (adaptada da ABNT)

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