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Coletânea de exercícios sobre Propriedades e Seleção de Materiais para


aplicações de engenharia - Parte 3

Research · April 2016


DOI: 10.13140/RG.2.1.1138.7287

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Luis Guerra Rosa


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Luís Guerra Rosa

Coletânea de exercícios
sobre

Propriedades e Seleção de Materiais


para aplicações de engenharia

Parte 3

2016
Parte 3  Página 1
Aulas de Problemas (das semanas 6 & 7)
Exercício 1
a) Tendo em vista a seleção de um material para uma dada aplicação, qual o significado (definição) de índice de
material, M (em inglês, material index) ?
b) Um remo comporta-se como uma viga (corpo essencialmente sujeito a flexão); pretendendo-se uma viga com
rigidez específica e peso mínimo. Para efeito de seleção de materiais para remos, qual o índice M que se deve
considerar sem atender ao custo? E atendendo ao custo?
c) Qual o significado (definição) de tenacidade à fratura, K1c (em inglês, fracture toughness)? Como se pode
determinar o K1c de um dado material?
d) Qual o significado (definição) de critical strain energy release rate Gc = K1c2 / E e quais são as suas unidades no
Sistema Internacional?
d) Considere o gráfico da Figura 1 (note a presença de linhas referentes a diferentes valores de Gc = K1c2 / E) e
responda às seguintes questões:
d1) o compósito CFRP tem maior ou menor tenacidade à fratura que as ligas de Al ?
d2) o polipropileno (PP) tem um valor de Gc superior ou inferior ao das ligas de Al ?
d3) o policarbonato (PC) tem maior ou menor tenacidade à fratura que o vidro (soda glass) ?
d4) Indique os valores médios (aproximados) de Gc da resina epóxi (epoxy), do vidro (soda glass) e do compósito
GFRP (epóxi reforçado com fibras de vidro) e explique por que razão o valor de Gc do compósito GFRP é muito
superior ao valores de Gc dos seus constituintes.
d5) Compare os valores de K1c dos compósitos GFRP e CFRP (epóxi reforçado com fibras de carbono). Eles diferem
ou não nos valores de E e de Gc? Sendo assim, quais as melhores aplicações para estes dois tipos de compósitos?

Figura 1
Parte 3  Página 2
Aulas de Problemas (das semanas 6 & 7)
Exercício 2
a) Qual o significado (definição) de tensão limite de fadiga de um material (em inglês, fatigue strength ou endurance
limit) ?

b) Tendo em conta o esquema apresentado na Figura 2, explique por que razão o valor da amplitude de tensão
aplicada a cada provete é dado pela equação:
32 (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 C) (d) (𝑙)
𝜎𝑎 =
𝜋 a D03

em que D0 é o diâmetro do provete (na zona de prova).

Posição do peso-cursor C
que faz com que o
momento fletor no
provete seja nulo
(“posição de calibragem”)

Figura 2 – Esquema de uma máquina de ensaios de fadiga por flexão rotativa.

Considere agora a Figura 3 (na página seguinte), na qual se representam os resultados de ensaios de fadiga por
flexão rotativa obtidos em provetes do aço BM45 quando ensaiados em ar (ambiente normal do laboratório de
ensaios) e quando ensaiados em solução aquosa salina com 3.5% em peso de NaCl.
c1) Indique o valor da tensão limite de fadiga do aço BM45 ensaiado em ar
c2) Indique o valor da tensão limite de fadiga do aço BM45 ensaiado em solução aquosa com 3.5% NaCl
c3) Se o aço BM45 for sujeito a ciclos de fadiga com amplitude de 500 MPa, preveja o nº de ciclos necessários para a
rotura quando o aço está simplesmente exposto ao ar, e quando está a exposto a solução aquosa com 3.5% NaCl.
c4) Se o aço BM45 for sujeito a ciclos de fadiga com amplitude de 200 MPa, preveja o nº de ciclos necessários para a
rotura quando o aço está simplesmente exposto ao ar, e quando está a exposto a solução aquosa com 3.5% NaCl.
c5) Admitindo que os provetes rodam a uma velocidade constante de 1500 r.p.m., qual a frequência (em Hz) a que se
realizaram os ensaios para a obtenção das curvas S-N representadas na Figura 3? E qual o tempo (em dias, horas,
e minutos) necessário para que um provete seja sujeito a 107 ciclos (sem que haja qualquer interrupção durante o
ensaio)?
Figura 3
Parte 3  Página 4
Aulas de Problemas (das semanas 8 & 9)
Exercício 3
a) Apresente uma definição de calor específico ou capacidade calorífica. Por que razão nos gases (ao contrário da
generalidade dos materiais) se usa o símbolo Cv (em vez de Cp) para representar o calor específico?
b) Quais são as unidades do calor específico no Sistema Internacional?
c) Explique como calcularia o calor específico por unidade de volume, (Cp)vol , a partir do calor específico por unidade
de massa, Cp .
d) Ao pretender escolher um material para um sistema de armazenagem de calor, qual dos dois índices (Cp)vol ou Cp
usaria como critério de seleção?
Exercício 4
a) Explique a diferença de significado entre condutividade térmica (thermal conductivity) e difusividade térmica
(thermal diffusivity)?
b) Um aço AISI 1030 tem condutividade térmica  = 52 W m-1 K-1, densidade  = 7800 kg m-3, e calor específico Cp =
485 J kg-1 K-1. Calcule a sua difusividade térmica (a)?
c) Considere o gráfico da Figura 4 (note a presença de linhas referentes a diferentes valores de .Cp = /a ):
c1) Desenhe no gráfico da Figura 4 a linha referente a .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1.
c2) Uma vez que a grande maioria dos materiais sólidos (são excepções: as espumas, a cortiça, a madeira) se
concentram ao longo da linha referente a .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1, preveja o valor do calor específico de uma liga
metálica com densidade  = 7380 kg m-3.
c3) Escolha, a partir do gráfico, os materiais mais adequados para funcionarem como isolamento térmico em
paredes no interior de habitações. Note que devem ter baixa condutividade térmica mas também devem
requerer o mínimo possível de quantidade de calor para aumentarem de temperatura quando se liga o sistema
de aquecimento central da habitação.

Figura 4
Parte 3  Página 5
Aulas de Problemas (das semanas 8 & 9)
Exercício 5 — Considere uma caneca feita em material cerâmico (louça ou porcelana) cuja espessura é de 2 mm
e que fica demasiado quente para ser acariciada pela palma da nossa mão cerca de 10 segundos após ter sido cheia
com café quente.
a) Calcule, aproximadamente, o valor da difusividade térmica do material da caneca.
b) Assumindo que o calor específico por unidade de volume (.Cp) dos materiais sólidos é mais ou menos constante e
igual a 2 × 106 J m-3 K-1, calcule o valor aproximado da condutividade térmica do material da caneca.
c) Admitindo que a caneca era feita numa liga metálica com difusividade térmica de 2 × 10-5 m-2 s-1, qual seria o
tempo necessário para sentir a temperatura do café na palma da sua mão.

Exercício 6 — Os requisitos para a seleção de um material para um radiador de um automóvel estão resumidos
na Tabela seguinte.
Função  radiador de um automóvel (permutador de calor)
Constrangimentos  % de alongamento (elongation f)  10%
 máxima temperatura de utilização (maximum service temperature)  180 °C
 preço  7 EUR/kg
 durabilidade em água (durability in fresh water) = muito boa
Objetivo  maximizar o índice condutividade térmica × tensão de cedência,  y
Variáveis livres  espessura do material
 escolha do material

Usando a base de dados e o software do CES EduPack 2015 no nível 2 (Level 2) indique os 4 materiais mais
adequados.

Exercício 7 — Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements” calcule a percentagem de
expansão de cada elemento entre os 0 K (zero absoluto: –273°C) e a sua temperatura de fusão (melting
temperature) através da expressão:
(Thermal expansion coefficient at 300K) × (Melting temperature in °C + 273) / (106)
Represente num gráfico de barras os valores calculados através da expressão e indique nesse gráfico as posições do
alfa iron (Fe-), do copper (Cu), do gold (Au) e do carbon Diamond (C).

Exercício 8
a) Apresente uma definição de calor de vaporização (em inglês, heat of vaporization or latent heat of boiling).
b) Apresente uma definição de energia de coesão de um sólido (em inglês, cohesive energy).
c) Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements”, represente num gráfico o calor de
vaporização dos vários elementos versus a respetiva energia de coesão. Existe ou não uma relação entre calor de
vaporização e energia de coesão? Que tipo de relação?
d) Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements”, represente num gráfico o calor de fusão
(em inglês, heat fusion) dos vários elementos versus a respetiva energia de coesão. Existe ou não uma relação
entre calor de fusão e energia de coesão? Que tipo de relação?
Parte 3  Página 6
Aulas de Problemas (das semanas 11* e 12*)

Exercício 9
Uma liga para utilização a altas temperaturas sofre fluência estacionária (steady-state creep), seguindo a lei
exponencial, quando está sujeita a uma tensão de 70 MPa e a uma temperatura de 1000°C. O exponente de fluência
é n = 5 e a energia de ativação é Qc = 300 kJ/mol.
Uma modificação recente no processo de fabrico da liga fez aumentar a sua resistência à fluência. A tensão pode agora
ser aumentada para 80 MPa sem que ocorra alteração na velocidade de deformação por fluência (creep rate) a 1000°C.
No entanto, um fabricante de motores aeronáuticos está mais interessado em aumentar a temperatura do motor do
que o nível das tensões. Por isso, calcule (faça uma estimativa) qual o aumento possível na temperatura de utilização
caso se empregue a liga melhorada (com novo processo) numa situação em que a tensão é 70 MPa.

Exercício 10
a) Uma tubagem com raio de 20 mm e espessura de parede de 4 mm, em aço 2¼ Cr-Mo, contém um fluido quente e
sob pressão. À temperatura de 600°C a pressão na tubagem é 10 MPa. Na Tabela I apresentam-se as constantes
ou parâmetros de fluência do aço 2¼ Cr-Mo. Usando a lei exponencial para o regime de fluência estacionária
(steady-state creep), calcule a velocidade de deformação por fluência (creep rate) na parede da tubagem.
Tabela I
𝜀𝑜̇ (veloc. de referência) 𝜎𝑜 (tensão de referência) n (expoente Qc (energia de ativação)
Material
[s-1] [MPa] de fluência) [kJ/mol]
2¼ Cr-Mo
3,48 × 1010 169 7,5 280
steel

b) Usando a lei de Monkman-Grant, efetue uma previsão do tempo até a rotura da tubagem nas condições da alínea
a), assumindo que a constante de Monkman-Grant para o aço 2¼ Cr-Mo é 0,06.
c) Se a velocidade de deformação por fluência (creep rate) num dado componente fabricado em aço 2¼ Cr-Mo não
poder exceder o valor de 10-8 s-1 a 500°C, qual será o valor máximo admissível para a tensão nesse componente
ou peça a essa temperatura de 500°C? (Use a informação das alíneas anteriores.)

Exercício 11
Os projetistas de uma instalação da indústria química estão preocupados com a possível rotura de um tirante
importante fabricado em liga especial. Por isso, levaram a cabo ensaios de fluência em provetes da liga metálica,
sujeitando-os a tensão  = 25 MPa a 620°C e verificaram que a velocidade de deformação em regime de fluência
estacionária (steady-state creep) é 𝜖̇ = 3.1 × 10-12 s-1.
Em serviço, prevê-se que durante 30% do tempo a tensão e a temperatura possam subir para 30 MPa e 650°C
respetivamente, enquanto no resto do tempo se verificam as condições nominais (tensão de 25 MPa e temperatura
de 620°C).
Calcule a velocidade média de deformação por fluência (creep rate) nas condições acima descritas.
Use a lei exponencial para o regime de fluência estacionária (steady-state creep)
𝑄
𝜀̇ = 𝐴 𝜎 𝑛 exp (− )
𝑅𝑇
e considere para a liga em questão: Q = 160 kJ/mol; n = 5.
Parte 3  Página 7
Exercício 12
a) A velocidade de deformação a temperatura constante no regime de fluência estacionária (steady-state creep)
depende da tensão aplicada de acordo com a equação:

em que B e n são constantes.


Diga como é que B varia com a temperatura e explique porquê.

b) A Figura 5 mostra o comportamento em fluência a 500°C do


aço 12% Cr usado em pás de turbinas.
Determine o valor de B a esta temperatura; bem como o
valor de n (o exponente de fluência deste aço).

c) Uma pá de turbina em aço 12% Cr com comprimento de


10cm funciona com uma folga inicial de 100m entre a sua
ponta e o seu suporte num gerador que opera a 515°C.
Determine a vida da pá assumindo que ela funciona
ininterruptamente, sujeita a uma tensão de 60 MPa ao longo
do seu eixo. (A energia de ativação para a fluência do aço
12% Cr é Q = 103 kJ/mol).

d) Explique por que razão, na prática, é necessário usar um


cálculo mais elaborado do que aquele em que se assume
que a tensão é constante ao longo do eixo da pá de turbina.
Figura 5
Exercício 13
a) Use o gráfico da Figura 6 para identificar materiais que sejam adequados para suportar uma tensão de 100 MPa a
950°C com uma velocidade de deformação em fluência (creep strength) inferior a 10-6 s-1. Para escolher os materiais
mais adequados, tenha em conta as linhas a tracejado, as quais indicam valores de .

Figura 6
Parte 3  Página 8

b) Use o gráfico da Figura 7 para identificar outros materiais com potencial capacidade para serem usados à
temperatura de 950°C.

Figura 7

Exercício 14
a) Defina o que se entende por coeficiente de atrito.
b) Explique por que razão o coeficiente de atrito é independente da área de contacto entre as superfícies.

Exercício 15
Para cada um dos tipos de utilização referidos na Tabela I, indique se o atrito que se deseja é alto ou baixo, e qual o
grau de desgaste (wear rate) pretendido: muito ou pouco.
Tabela I
Atrito Desgaste
Utilização desejado desejado
alto baixo muito pouco
Empunhadura de uma raquete de ténis × ×
Solas de sapatos de corrida × ×
Pneus de automóveis × ×
Superfície deslizante dos skis para a neve × ×
Broca de perfuração para metais × ×
Lixas para polimento de madeira × ×
Base para suportar um chapéu-de-sol numa esplanada × ×
Parte 3  Página 9

Exercício 16

a) Quais as principais características que devem ter os materiais indicados para serem usados nos calços de travão
(brake pads)?
b) Com a base de dados e o software do CES EduPack 2015 no nível 2 (Level 2) encontre, usando a ferramenta
“Search”, os materiais que são usados em calços de travão.
c) Faça a mesma pesquisa mas para materiais que são usados em discos de travão (brake discs).

Exercício 17
a) Uma estátua toda ela em bronze, pesando 4 toneladas, e com uma base retangular de 80cm × 100cm é colocada
em cima de um pavimento em granito. Considerando que a tensão de cedência do bronze é 240 MPa, calcule a
área real de contacto, Ar , entre a base da estátua e o pavimento.
b) Se a estátua em bronze referida na alínea anterior fosse colocada em cima de uma superfície em liga de chumbo
com tensão de cedência de 10 MPa, qual seria agora a área real de contacto?

Exercício 18
Considere um travão para uma bicicleta formado por um par de calços, cada um com área 5cm × 1cm, os quais
pressionam em faces opostas um disco de aço. Os calços são alinhados de modo a que a direção da sua maior dimensão
fique segundo a direção tangencial da rotação do disco; e o centro de cada calço fique a uma distância de 10cm do
centro do disco. O travão é testado numa máquina rotativa de modo a simular os esforços e o desgaste sofrido em
serviço. O disco roda a uma velocidade constante, e os calços pressionam-no durante um período de 10 segundos em
cada minuto; cada calço aplicando uma força perpendicular de 1 kN.
a) Determine a velocidade de rotação do disco (em rpm: revoluções/voltas por minuto) caso se pretenda simular a
travagem numa bicicleta que vai a 20 km/hora com rodas (incluindo o pneu) cujo diâmetro é 70cm.
b) Sabendo que quando se aplicam os calços a máquina regista um aumento no torque (momento torsor) de 30 Nm,
determine a força de atrito em cada calço e, consequentemente, determine o coeficiente de atrito.
c) Apresente uma estimativa da espessura de material removido por hora de ensaio, assumindo que a constante de
Archard para o par tribológico de materiais envolvidos é ka = 2 × 10-8 MPa-1.
d) Que outros fatores podem influenciar a taxa de desgaste (wear rate) durante a utilização em serviço?
Parte 3  Página 10
RESOLUÇÕES
Exercício 1
a) Tendo em vista a seleção de um material para uma dada aplicação, qual o significado (definição) de índice de
material, M (em inglês, material index) ?
Resposta:
Um índice é uma forma de medir a performance de um material para uma dada aplicação, tendo em conta os
constrangimentos impostos pelo projeto. Por vezes o índice é expresso por uma única propriedade (por exemplo,
tensão de cedência σy ou condutividade térmica λ). Mas na maioria dos casos o índice é uma combinação de
propriedades (por exemplo, o produto de σy . λ)

b) Um remo comporta-se como uma viga (corpo essencialmente sujeito a flexão); pretendendo-se uma viga com
rigidez específica e peso mínimo. Para efeito de seleção de materiais para remos, qual o índice M que se deve
considerar sem atender ao custo? E atendendo ao custo?
Resposta:
Os remos são projetados à rigidez, ou seja, para uma deformação elástica específica quando sujeitos a um
determinado carregamento.

Assim, sem atender ao custo, o índice M que se deve considerar é:

Atendendo ao custo do material, o índice M que se deve considerar passa a ser:


em que Cm representa o custo por kg.
Parte 3  Página 11

c) Qual o significado (definição) de tenacidade à fratura, K1c (em inglês, fracture toughness)? Quais as suas unidades
no Sistema Internacional? Como se pode determinar o K1c de um dado material?
Resposta:
The fracture toughness, K1c , (units: MPa m1/2 or MN/m1/2) measures the resistance of a material to the propagation
of a crack. A material with low fracture toughness, if it contains a crack, may fail before it yields. A tough material
will yield, work harden even when cracked – the crack makes no significant difference.
K1c is measured by loading a sample containing a deliberately-introduced interior crack of length 2c (center-cracked
plate, see Figure 1) or a surface crack of length c (compact tension specimen), and recording the tensile stress * or
the bending load F* at which the crack suddenly propagates. The quantity K1c is then calculated, respectively, from
the equations indicated in Figure 1.

d) Qual o significado (definição) de critical strain energy release rate Gc = K1c2 / E e quais são as suas unidades no
Sistema Internacional?
Resposta:
If we fracture a sample across a cross-section area A you make an area 2A of new surface, requiring an energy of at
least 2A. Joules to do so.  is the surface energy, with units of Joules per square meter. Consider first the question
of the necessary condition for fracture. It is that sufficient external work be done, or elastic energy released, to at least
supply the surface energy,  per unit area, of the two new surfaces that are created. We write this as G ≥ 2  , where
G is called the strain energy release-rate. In practice, it takes much more energy than 2  because of plastic
deformation round the crack tip. But the argument still holds: growing a crack costs energy Gc J/m2 for the two
surfaces – a sort of “effective” surface energy, replacing 2  .

d) Considere o gráfico da Figura 1 (note a presença de linhas referentes a diferentes valores de Gc = K1c2 / E) e
responda às seguintes questões:
d1) o compósito CFRP tem maior ou menor tenacidade à fratura que as ligas de Al ?
Resposta: o compósito CFRP (K1c médio ≈ 12 MPa m1/2) tem menor tenacidade à fratura que as ligas de Al (K1c
médio ≈ 28 MPa m1/2)
d2) o polipropileno (PP) tem um valor de Gc superior ou inferior ao das ligas de Al ?
Resposta: o polipropileno (PP) (Gc médio ≈ 11 kJ/m2) tem um valor de Gc muito semelhante ao das ligas de Al (Gc
médio ≈ 11 kJ/m2)
d3) o policarbonato (PC) tem maior ou menor tenacidade à fratura que o vidro (soda glass) ?
Resposta: o policarbonato (PC) (K1c médio ≈ 30 MPa m1/2) tem muito maior tenacidade à fratura que o vidro (K1c
médio ≈ 0.6 MPa m1/2)
Parte 3  Página 12

d4) Indique os valores médios (aproximados) de Gc da resina epóxi (epoxy), do vidro (soda glass) e do compósito
GFRP (epóxi reforçado com fibras de vidro) e explique por que razão o valor de Gc do compósito GFRP é muito
superior ao valores de Gc dos seus constituintes.
Resposta:
The approximate toughnesses Gc for the 3 materials are:

CFRP is tougher than either of its components because of the energy dissipated in the process zone as broken
fibers of glass are pulled out of the epoxy matrix. (mecanismo de dissipação de energia)

d5) Compare os valores de K1c dos compósitos GFRP e CFRP (epóxi reforçado com fibras de carbono). Eles diferem
ou não nos valores de E e de Gc? Sendo assim, quais as melhores aplicações para estes dois tipos de compósitos?
Resposta:
GFRP and CFRP have almost the same value-ranges of fracture toughness, K1c , but they differ in their values of E
and Gc
GFRP, with the higher values of Gc = K1c2 / E, is the better choice for energy absorbing applications.
CFRP, with higher stiffness (E) and the same fracture toughness (K1c) as GFRP, is the better choice for load-limited
applications.

Figura 1
Parte 3  Página 13

Aulas de Problemas (das semanas 6 & 7)


Exercício 2
a) Qual o significado (definição) de tensão limite de fadiga de um material (em inglês, fatigue strength ou endurance
limit) ?

Resposta:
Fatigue strength or endurance limit is the stress amplitude σa, about zero mean stress, below which fracture does
not occur, or occurs only after a very large number ( Nf > 107) cycles.

Design against high-cycle fatigue is therefore very similar to strength-limited design, but with the maximum stresses
limited by the endurance limit σe rather than the yield stress σy .
Parte 3  Página 14
b) Tendo em conta o esquema apresentado na Figura 2, explique por que razão o valor da amplitude de tensão
aplicada a cada provete é dado pela equação:
32 (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 C) (d) (𝑙)
𝜎𝑎 =
𝜋 a D03

em que D0 é o diâmetro do provete (na zona de prova).

Posição do peso-cursor C
que faz com que o
momento fletor no
provete seja nulo
(“posição de calibragem”)

Figura 2 – Esquema de uma máquina de ensaios de fadiga por flexão rotativa.

Resposta:

Peso de C
d
𝑀𝑦
𝜎𝑎 =
𝐼
em que: M é momento fletor aplicado na secção de prova (provete com diâmetro D0)
y é o raio da secção de prova (y = D0/2)
I é o momento de inércia da secção de prova:
𝜋 𝜋 𝐷0 𝜋
𝐼 = 𝑟 4 = ( )4 = D4
4 4 2 64 0
Quando o peso-cursor C está na “posição de calibragem” a força F é zero; mas quando o peso-cursor C se desloca
para a direita (distância d), a força F passa a ser:
(𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 C) (d)
𝐹=
a
Assim, o momento M aplicado na secção de prova é: M = F . 𝑙

pelo que:
𝑀 𝑦 (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 C) (d) (𝑙) 64 D0 32 (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 C) (d) (𝑙)
𝜎𝑎 = = 4 =
𝐼 a 𝜋D0 2 𝜋 a D03
Parte 3  Página 15

Considere agora a Figura 3 (na página seguinte), na qual se representam os resultados de ensaios de fadiga por
flexão rotativa obtidos em provetes do aço BM45 quando ensaiados em ar (ambiente normal do laboratório de
ensaios) e quando ensaiados em solução aquosa salina com 3.5% em peso de NaCl.
c1) Indique o valor da tensão limite de fadiga do aço BM45 ensaiado em ar
Resposta: σe = 273 MPa
c2) Indique o valor da tensão limite de fadiga do aço BM45 ensaiado em solução aquosa com 3.5% NaCl
Resposta: σe ≈ 165 MPa
c3) Se o aço BM45 for sujeito a ciclos de fadiga com amplitude de 500 MPa, preveja o nº de ciclos necessários para a
rotura quando o aço está simplesmente exposto ao ar, e quando está a exposto a solução aquosa com 3.5% NaCl.
Resposta: Nf ≈ 1.2 × 104 ciclos quando o aço está simplesmente exposto ao ar
Nf ≈ 9 × 103 ciclos quando o aço está exposto a solução aquosa com 3.5% NaCl
c4) Se o aço BM45 for sujeito a ciclos de fadiga com amplitude de 200 MPa, preveja o nº de ciclos necessários para a
rotura quando o aço está simplesmente exposto ao ar, e quando está a exposto solução aquosa com 3.5% NaCl.
Resposta: (ver Figura 3)
Quando o aço está simplesmente exposto ao ar, os ciclos de fadiga com amplitude de 200 MPa não provocam a
rotura (pelo menos até Nf = 107 ciclos).
Quando o aço está exposto a solução aquosa com 3.5% NaCl, os ciclos de fadiga com amplitude de 200 MPa
provocam a rotura ao fim de Nf ≈ 1.05 × 106 ciclos.
c5) Admitindo que os provetes rodam a uma velocidade constante de 1500 r.p.m., qual a frequência (em Hz) a que se
realizaram os ensaios para a obtenção das curvas S-N representadas na Figura 3? E qual o tempo (em dias, horas,
e minutos) necessário para que um provete seja sujeito a 107 ciclos (sem que haja qualquer interrupção durante o
ensaio)?
Resposta: 1500 r.p.m. equivale a aplicar, em cada 60 segundos, 1500 ciclos de tensão. A frequência será
portanto: 1500/60 segundos = 25 Hz (25 ciclos/s)
O tempo (em dias, horas, e minutos) necessário para que um provete seja sujeito a 107 ciclos será:
107 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
= 4 × 105 𝑠 = 111, 11111 ℎ = 4 𝑑𝑖𝑎𝑠 15 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 6 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
25 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠/𝑠
Figura 3
Parte 3  Página 17
Aulas de Problemas (das semanas 8 & 9)
Exercício 3
a) Apresente uma definição de calor específico ou capacidade calorífica. Por que razão nos gases (ao contrário da
generalidade dos materiais) se usa o símbolo Cv (em vez de Cp) para representar o calor específico?
Resposta:
Calor específico ou capacidade calorífica (em inglês, specific heat ou heat capacity) é a energia necessária para
fazer subir de 1 grau Kelvin a temperatura de 1 kg de uma substância ou material.
Na generalidade dos materiais usa-se o símbolo Cp para representar o calor específico porque a
determinação/medição é realizada a pressão constante (pressão atmosférica normal).
Nos gases é mais habitual medir a capacidade calorífica a volume constante e por isso se usa o símbolo Cv .
b) Quais são as unidades do calor específico no Sistema Internacional?
Resposta: as unidades do calor específico são J kg-1 K-1
c) Explique como calcularia o calor específico por unidade de volume, (Cp)vol , a partir calor específico por unidade de
massa, Cp .
Resposta: o calor específico por unidade de volume, (Cp)vol , pode ser calculado multiplicando o calor específico
por unidade de massa, Cp , pela densidade  :
(Cp)vol = Cp . 
d) Ao pretender escolher um material para um sistema de armazenagem de calor, qual dos dois índices (Cp)vol ou Cp
usaria como critério de seleção?
Resposta: The best choice for a heat storing device of minimum mass is the material with the greatest value of Cp;
the best choice for one of minimum volume (thus compact) is that with the greatest value of (Cp)vol
(NOTE: provided, in both cases, the material meets all the other constraints, e.g. an adequate maximum service
temperature).

Exercício 4
a) Explique a diferença de significado entre condutividade térmica (thermal conductivity) e difusividade térmica
(thermal diffusivity)?
Resposta:
A condutividade térmica  é a propriedade que mede a capacidade de um material conduzir/transferir calor em
condições estáveis de temperatura (ou seja, quando o perfil de temperaturas não muda com o tempo):

sendo q é o fluxo de calor por unidade de área (unidades do fluxo de calor: J s-1 m-2 = W m-2); T1 e T2 são as
temperaturas separadas pela distância d.
No Sistema Internacional, as unidades da condutividade térmica são: W m-1 K-1 .
A difusividade térmica (símbolo a) é a propriedade que governa o fluxo de calor no material em condições
transientes (ou seja, quando a temperatura varia com o tempo) estando relacionada com a condutividade
térmica, a densidade e o calor específico através da expressão:

𝑎=
. 𝐶𝑝
No Sistema Internacional, as unidades da difusividade térmica são: m2 s-1 .

b) Um aço AISI 1030 tem condutividade térmica  = 52 W m-1 K-1, densidade  = 7800 kg m-3, e calor específico Cp =
485 J kg-1 K-1. Calcule a sua difusividade térmica (a)?
Resposta:
 52 W m−1 K −1 52 J s−1 m−1 K −1
𝑎= = = = 1,375 × 10−5 m2 s−1
. 𝐶𝑝 7800 kg m−3 . 485 J kg −1 K −1 7800 kg m−3 . 485 J kg −1 K −1
Parte 3  Página 18

c) Considere o gráfico da Figura 4 (note a presença de linhas referentes a diferentes valores de .Cp = /a ):

3 × 106

Figura 4

c1) Desenhe no gráfico da Figura 4 a linha referente a .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1.
Resposta: Uma vez que:

= . 𝐶𝑝
𝑎
para se colocar no gráfico a linha referente a .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1 a melhor maneira é escolher um ponto para o

qual a razão é igual a 3 × 106 J m-3 K-1 ; assim, escolhendo por exemplo o ponto com a = 10-6 m2/s obtém-se  =
𝑎
3 W m-1K-1 . Após se marcar o ponto no gráfico, faz-se passar por esse ponto uma linha reta com declive 1 no
gráfico log-log (ver Figura 4 em cima).
c2) Uma vez que a grande maioria dos materiais sólidos (note que são exceções: as espumas, a cortiça, a madeira)
se concentram ao longo da linha referente a .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1, preveja o valor do calor específico de uma liga
metálica com densidade  = 7380 kg m-3.
Resposta: Usando .Cp = 3 × 106 J m-3 K-1 e uma vez que a liga tem densidade  = 7380 kg m-3, obtém-se:
3 × 106 J m−3 K −1
𝐶𝑝 = = 406,5 J kg −1 K −1
7380 kg m−3
c3) Escolha, a partir do gráfico, os materiais mais adequados para funcionarem como isolamento térmico em
paredes no interior de habitações. Note que devem ter baixa condutividade térmica mas também devem
requerer o mínimo possível de quantidade de calor para aumentarem de temperatura quando se liga o sistema
de aquecimento central da habitação.
Resposta: Polymer foams have the lowest values of λ and at the same time lie on the lowest contour of
volumetric specific heat (Cp)vol =  Cp .
Parte 3  Página 19

Aulas de Problemas (das semanas 8 & 9)


Exercício 5 — Considere uma caneca feita em material cerâmico (louça ou porcelana) cuja espessura é de 2 mm
e que fica demasiado quente para ser acariciada pela palma da nossa mão cerca de 10 segundos após ter sido cheia
com café quente.
a) Calcule, aproximadamente, o valor da difusividade térmica do material da caneca.
Resposta:
Assumindo que a distância característica x (em metros) percorrida por uma frente térmica no intervalo de tempo t
num material com difusividade térmica a é dada aproximadamente por:
𝑥 ≅ √2 𝑎 𝑡
-7 2 -1
para x = 0,002 m, t = 10 s, obtém-se: a = 2 × 10 m s .

b) Assumindo que o calor específico por unidade de volume (.Cp) dos materiais sólidos é mais ou menos constante e
igual a 2 × 106 J m-3 K-1, calcule o valor aproximado da condutividade térmica do material da caneca.
Resposta:
Uma vez que podemos escrever:

. 𝐶𝑝 = = 2 × 106 J m−3 K −1
𝑎
para a = 2 × 10-7 m2 s-1, obtém-se:  = 4 × 10-1 J m-1K-1s-1 = 4 × 10-1 W m-1K-1

c) Admitindo que a caneca era feita numa liga metálica com difusividade térmica de 2 × 10-5 m2 s-1, qual seria o
tempo necessário para sentir a temperatura do café na palma da sua mão.
Resposta:
Assumindo:
𝑥 ≅ √2 𝑎 𝑡
para x = 0,002 m e a = 2 × 10-7 m2 s-1, obtém-se: t = 10-1 segundos = 0,1 s.
Parte 3  Página 20

Exercício 6 — Os requisitos para a seleção de um material para um radiador de um automóvel estão resumidos
na Tabela seguinte.
Função  radiador de um automóvel (permutador de calor)
Constrangimentos  % de alongamento (elongation f)  10%
 máxima temperatura de utilização (maximum service temperature)  180 °C
 preço  7 EUR/kg
 durabilidade em água (durability in fresh water) = very good
Objetivo  maximizar o índice condutividade térmica × tensão de cedência,  y
Variáveis livres  espessura do material
 escolha do material

Usando a base de dados e o software do CES EduPack 2015 no nível 2 (Level 2) indique os 4 materiais mais
adequados.
Resposta:
Method: use a Limit stage to apply all the constraints; then make a Graph stage with thermal conductivity λ on one
axis and yield strength σy on the other. A line of slope –1 corresponds to the condition λ.σy = constant.

Results: Age hardened wrought Al-alloys; Brass; Copper; non-age hardened wrought Al-alloys.
Parte 3  Página 21

Exercício 7 — Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements” calcule a percentagem de
expansão de cada elemento entre os 0 K (zero absoluto: –273°C) e a sua temperatura de fusão (melting
temperature) através da expressão:
(Thermal expansion coefficient at 300K) × (Melting temperature in °C + 273) / (106)
Represente num gráfico de barras os valores calculados através da expressão e indique nesse gráfico as posições do
alfa iron (Fe-), do copper (Cu), do gold (Au) e do carbon Diamond (C).

Resposta:
Parte 3  Página 22
Exercício 8
a) Apresente uma definição de calor de vaporização (em inglês, heat of vaporization or latent heat of boiling).
Resposta:
O calor de vaporização (ou calor latente de ebulição) é o calor necessário para vaporizar a unidade de massa (1 mol)
de um sustância quando esta se encontra no seu ponto de ebulição a pressão normal (101 kPa).
b) Apresente uma definição de energia de coesão de um sólido (em inglês, cohesive energy).
Resposta:
A energia de coesão de um sólido é a energia por mol (um mol são 6.022 x 1023 átomos) necessária para separar
completamente os átomos do sólido.
c) Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements”, represente num gráfico o calor de
vaporização dos vários elementos versus a respetiva energia de coesão. Existe ou não uma relação entre calor de
vaporização e energia de coesão? Que tipo de relação?
Resposta:

Existe uma boa correlação entre o calor de vaporização e a energia de coesão para cada elemento são próximos.
Existem vários casos em que as duas quantidades são quase iguais.
d) Usando o software do CES EduPack 2015 e selecionando “The Elements”, represente num gráfico o calor de fusão
(em inglês, heat fusion) dos vários elementos versus a respetiva energia de coesão. Existe ou não uma relação
entre calor de fusão e energia de coesão? Que tipo de relação?
Resposta:

A correlação entre calor de fusão e energia de coesão existe mas é bastante mais débil que a entre o calor de
vaporização e a energia de coesão.
The latent heat of fusion is about 1/25th of the cohesive energy. Bonding in the liquid is still quite strong compared to
the solid.
Parte 3  Página 23
Aulas de Problemas (das semanas 11* e 12*)

Exercício 9
Uma liga para utilização a altas temperaturas sofre fluência estacionária (steady-state creep), seguindo a lei
exponencial, quando está sujeita a uma tensão de 70 MPa e a uma temperatura de 1000°C. O exponente de fluência
é n = 5 e a energia de activação é Qc = 300 kJ/mol.
Uma modificação recente no processo de fabrico da liga fez aumentar a sua resistência à fluência. A tensão pode
agora ser aumentada para 80 MPa sem que ocorra alteração na velocidade de deformação por fluência (creep rate) a
1000°C.
No entanto, um fabricante de motores aeronáuticos está mais interessado em aumentar a temperatura do motor do
que o nível das tensões. Por isso, calcule (faça uma estimativa) qual o aumento possível na temperatura de utilização
caso se empregue a liga melhorada (com novo processo) numa situação em que a tensão é 70 MPa.
Uma possível forma de Resolução:
From the power-law creep equation (13.5)

Retaining the same strain-rate means that:

or:

So the temperature can be raised to T2 = 1304 K = 1031°C.


Parte 3  Página 24
Exercício 10
a) Uma tubagem com raio de 20 mm e espessura de parede de 4 mm, em aço 2¼ Cr-Mo, contém um fluido quente e
sob pressão. À temperatura de 600°C a pressão na tubagem é 10 MPa. Na Tabela I apresentam-se as constantes
ou parâmetros de fluência do aço 2¼ Cr-Mo. Usando a lei exponencial para o regime de fluência estacionária
(steady-state creep), calcule a velocidade de deformação por fluência (creep rate) na parede da tubagem.
Tabela I
𝜀𝑜̇ (veloc. de referência) 𝜎𝑜 (tensão de referência) n (expoente Qc (energia de activação)
Material
[s-1] [MPa] de fluência) [kJ/mol]
2¼ Cr-Mo
3,48 × 1010 169 7,5 280
steel

Resolução:
Valor da tensão máxima na parede da tubagem: σ = pr/t = 10×20/4 = 50 MPa
Usando a equação

em que R (a constante dos gases perfeitos) = 8.31 J/mol/K, obtém-se:

3.48 6,62 x 10-11 /s


169

b) Usando a lei de Monkman-Grant, efetue uma previsão do tempo até a rotura da tubagem nas condições da alínea
a), assumindo que a constante de Monkman-Grant para o aço 2¼ Cr-Mo é 0,06.
Resolução:
Usando a lei de Monkman-Grant

0.06
obtém-se: 𝑡𝑓 = 6.62×10−11 = 906.34 × 106 s = 251762 horas (≈ 10490 dias).

c) Se a velocidade de deformação por fluência (creep rate) num dado componente fabricado em aço 2¼ Cr-Mo não
poder exceder o valor de 10-8 s-1 a 500°C, qual será o valor máximo admissível para a tensão nesse componente
ou peça, à temperatura de 500°C? (Use a informação das alíneas anteriores.)
Resolução:
Usando a equação para o regime de fluência estacionária, podemos escrever para 500°C:

3.48
169
ou seja:
3.48 (– 43.568)
169

3.48 × 1.198 × 10-19


169
e aplicando logaritmos, obtém-se:
log(10-8) = log(3.48) + log(1010) + 7.5 [log  – log(169)] + log(1.198) + log(10-19)
– 8 = 0.5416 + 10 + 7.5 log  – 16.709 + 0.0785 – 19
7.5 log  = – 8 – 0.5416 – 10 + 16.709 – 0.0785 + 19
7.5 log  = 17.0889
log  = 2.27852
 = 189.9 MPa
Parte 3  Página 25

Exercício 11
Os projetistas de uma instalação da indústria química estão preocupados com a possível rotura de um tirante
importante fabricado em liga especial. Por isso, levaram a cabo ensaios de fluência em provetes da liga metálica,
sujeitando-os a tensão  = 25 MPa a 620°C e verificaram que a velocidade de deformação em regime de fluência
estacionária (steady-state creep) é 𝜖̇ = 3.1 × 10-12 s-1.
Em serviço, prevê-se que durante 30% do tempo a tensão e a temperatura possam subir para 30 MPa e 650°C
respetivamente, enquanto no resto do tempo se verificam as condições nominais (tensão de 25 MPa e temperatura
de 620°C).
Calcule a velocidade média de deformação por fluência (creep rate) nas condições acima descritas.
Use a lei exponencial para o regime de fluência estacionária (steady-state creep)
𝑄
𝜀̇ = 𝐴 𝜎 𝑛 exp (− )
𝑅𝑇
e considere para a liga em questão: Q = 160 kJ/mol; n = 5.

Resolução:
First scale the strain-rate in stress, keeping the temperature fixed:
 at 25 MPa and 620°C:
 at 30 MPa and 620 ºC:

Then scale the strain-rate with temperature, keeping the stress fixed:

Hence at 30 MPa and 650 ºC, 𝜀̇ = 15.5 × 10−12 s−1.

Finally, find the average strain-rate, multiplying each strain-rate by the % of the time for which the different
conditions apply:
Parte 3  Página 26

Exercício 12
a) A velocidade de deformação a temperatura constante no regime de fluência estacionária (steady-state creep)
depende da tensão aplicada de acordo com a equação:

em que B e n são constantes.


Diga como é que B varia com a temperatura e explique porquê.

Resolução:
A constante B é diretamente proporcional a exp (-Q/RT)
em que Q é a energia de ativação para a fluência; R é a constante dos gases perfeitos; T é a temperatura absoluta.
Os mecanismos de fluência são controlados pela difusão, e por isso a velocidade de deformação varia com a
temperatura segundo a lei exponencial do processo de difusão (processo “termicamente activado”).

b) A Figura 5 mostra o comportamento em fluência a 500°C do


aço 12% Cr usado em pás de turbinas.
Determine o valor de B a esta temperatura; bem como o
valor de n (o exponente de fluência deste aço).

Figura 5
Resolução:
Parte 3  Página 27

c) Uma pá de turbina em aço 12% Cr com comprimento de 10cm funciona com uma folga inicial de 100m entre a
sua ponta e o seu suporte num gerador que opera a 515°C. Determine a vida da pá assumindo que ela funciona
ininterruptamente, sujeita a uma tensão de 60 MPa ao longo do seu eixo. (A energia de ativação para a fluência
do aço 12% Cr é Q = 103 kJ/mol).

Resolução:

d) Explique por que razão, na prática, é necessário usar um cálculo mais elaborado do que aquele em que se assume
que a tensão é constante ao longo do eixo da pá de turbina.

Resposta:
Na prática é necessário usar um cálculo mais elaborado para se ter em conta a variação da tensão ao longo da pá
provocada pela aceleração centrípeta (a qual varia com o raio, ou distância ao centro de rotação da turbina).
Assim, existe um gradiente na velocidade de deformação ao longo da pá.
Parte 3  Página 28

Exercício 13
a) Use o gráfico da Figura 6 para identificar materiais que sejam adequados para suportar uma tensão de 100 MPa a
950°C com uma velocidade de deformação em fluência (creep strength) inferior a 10-6 s-1. Para escolher os materiais
mais adequados, tenha em conta as linhas a tracejado, as quais indicam valores de .

Figura 6

Resposta:
Parte 3  Página 29

b) Use o gráfico da Figura 7 para identificar outros materiais com potencial capacidade para serem usados à
temperatura de 950°C.

Figura 7

Resposta:
Parte 3  Página 30

Exercício 14
a) Defina o que se entende por coeficiente de atrito.
Resposta:
The coefficient of friction μ is defined as:

where Fn is the normal load pressing the sliding surfaces together, and Fs is the force opposing the
sliding motion.

b) Explique por que razão o coeficiente de atrito por ser considerado independente da área de contacto entre as
superfícies.
Resposta:
Surfaces are never perfectly flat. Thus when two surfaces are placed in contact they touch only at points where
asperities meet. The load Fn is supported solely by the contacting asperities. The real contact area Ar is only a
tiny fraction of the apparent, nominal, area An . Even small loads cause large contact stresses, enough to cause
plastic deformation. The contact points flatten, forming junctions with a total area Ar .
Some authors consider that the total load transmitted across the surface is approximately:

where σy is the yield strength. Thus the real contact area is given by:

– it depends on the normal load but not on the nominal area An .


Note: other authors consider:
The contact points flatten, forming junctions with a total area Ar – each contact resembles a local hardness
indentation. Hence the total load transmitted across the surface is:

where H is the hardness, and σy is the yield strength.

Exercício 15
Para cada um dos tipos de utilização referidos na Tabela I, indique se o atrito que se deseja é alto ou baixo, e qual o
grau de desgaste (wear rate) pretendido: muito ou pouco.
Respostas:
Tabela I
Atrito Desgaste
Utilização desejado desejado
alto baixo muito pouco
Empunhadura de uma raquete de ténis × ×
Solas de sapatos de corrida × ×
Pneus de automóveis × ×
Superfície deslizante dos skis para a neve × ×
Broca de perfuração para metais × ×
Lixas para polimento de madeira × ×
Base para suportar um chapéu-de-sol numa esplanada × ×
Parte 3  Página 31

Exercício 16

a) Quais as principais características que devem ter os materiais indicados para serem usados nos calços de travão
(brake pads)?
Resposta:
Brake pad material must apply friction without vibration, wear or fade. That is not easy when you imagine that, to
stop a one-tonne car from 100 km/h (60 mph) requires that you find somewhere to put about 0.4 MJ. That’s
enough (if you don’t lose any) to heat a kg of steel to 800°C. Brake materials must apply friction at temperatures
that can approach 800°C, and they must do so consistently and without the stick-slip that causes ‘brake squeal’.
That means materials that can tolerate heat, conduct it away to limit temperature rise, and lubricate, since it is
this that quenches squeal.
Brake pad materials consist of a matrix, an abrasive additive to increase friction, a reinforcement to help conduct
heat and a lubricant to suppress vibration. A typical pad material has a phenolic matrix with particles of silicates,
silicon carbide (sandpaper grit) to control friction, and graphite or MoS2 (molybdenum disulfide) as a lubricant.
Those on a military jet, a 747 airliner, or a F1 car are carbon or ceramic, required to tolerate the high temperatures
that are generated at the sliding surfaces.
b) Com a base de dados e o software do CES EduPack 2015 no nível 2 (Level 2) encontre, usando a ferramenta
“Search”, os materiais que são usados em calços de travão.
Resposta:

c) Faça a mesma pesquisa mas para materiais que são usados em discos de travão (brake discs).
Resposta:
Parte 3  Página 32

Exercício 17
a) Uma estátua toda ela em bronze, pesando 4 toneladas, e com uma base retangular de 80cm × 100cm é colocada
em cima de um pavimento em granito. Considerando que a tensão de cedência do bronze é 240 MPa, apresente
uma estimativa da área real de contacto, Ar , entre a base da estátua e o pavimento.
Resposta:
Usando a expressão:

obtém-se Ar = (4000 × 9.8 N) / (240 × 106 N m-2) = 1.63 × 10-4 m2 = 163 mm2
b) Se a estátua em bronze referida na alínea anterior fosse colocada em cima de uma superfície em liga de chumbo
com tensão de cedência de 10 MPa, qual seria agora a área real de contacto?
Resposta:
Usando uma expressão idêntica, mas com σy = 10 MPa, obtém-se:
Ar = (4000 × 9.8 N) / (10 × 106 N m-2) = 39.2 × 10-4 m2 = 3920 mm2

Exercício 18
Considere um travão para uma bicicleta formado por um par de calços, cada um com área 5cm × 1cm, os quais
pressionam em faces opostas um disco de aço. Os calços são alinhados de modo a que a direção da sua maior dimensão
fique segundo a direção tangencial da rotação do disco; e o centro de cada calço fique a uma distância de 10cm do
centro do disco. O travão é testado numa máquina rotativa de modo a simular os esforços e o desgaste sofrido em
serviço. O disco roda a uma velocidade constante, e os calços pressionam-no durante um período de 10 segundos em
cada minuto; cada calço aplicando uma força perpendicular de 1 kN.
a) Determine a velocidade de rotação do disco (em rpm: revoluções/voltas por minuto) caso se pretenda simular a
travagem numa bicicleta que vai a 20 km/hora com rodas (incluindo o pneu) cujo diâmetro é 70cm.
Resposta:
20km/hora = 20000/3600 m/s = 5.56 m/s.
Uma revolução/volta da roda demora: (π × 0.7)/5.56 = 0.40s
Assim, a velocidade de rotação do disco será: 60 × (1/0.40) rpm = 150 rpm
b) Sabendo que quando se aplicam os calços a máquina regista um aumento no torque (momento torsor) de 30 Nm,
determine a força de atrito em cada calço e, consequentemente, determine o coeficiente de atrito.
Resposta:
A força de atrito Fs atua a uma distância de 0.1m, com metade do torque vindo de cada lado do disco.
Assim a força de atrito Fs por calço é Fs = 15/0.1 = 150 N, e o coeficiente de atrito será: μ = 150/1000 = 0.15
c) Apresente uma estimativa da espessura de material removido por hora de ensaio, assumindo que a constante de
Archard para o par tribológico de materiais envolvidos é ka = 2 × 10-8 MPa-1.
Resposta:
Em cada 10s de travagem, o número de revoluções é 10/0.40, e a distância de escorregamento por revolução é:
2π × 0.1m.
Assim, a distância de escorregamento por hora será: 60 × (10/0.40) × (2π × 0.1) = 942 m
Espessura de material removido por hora de ensaio = (ka × Fn × distância de escorregamento por hora)/An =
= (2×10-8)×10-6 × 1000 × 942 / (0.05 × 0.01) = 37.7 μm.
d) Que outros fatores podem influenciar a taxa de desgaste (wear rate) durante a utilização em serviço?
Resposta:
Other factors: running wet will provide some lubrication, but corrosion of the disk and pad will accelerate loss of
material (as will entrainment of grit and wear debris if the brakes become dirty).

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