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Exercícios de fadiga

Elementos de Máquinas I – ME5510 e NM7510

Elementos de Máquinas II (AC) – ME8520

Prof. Dr. William Maluf

Fonte: aparato de testes de fadiga da Saab


Fonte: https://www.engineerlive.com/content/aerospace-materials-face-testing-times

Lista publicada em: 7/mar/2020 (correção o resultado do q do exercício 1; a versão anterior estava
com um valor errado mas as respostas finais estavam todas corretas).

Atualizações de 11/fev/2020
• Modificação do enunciado do exercício 25 e adequação das respostas parciais, mudança do enunciado do
exercício 5
Atualizações de 26/fev/2019
• Modificação das respostas parciais do exercício 1, item g

Atualizações de 19/set/2018
• Mudança do gráfico do ex. 3
• Inclusão do Cdiv=0,82 no item d do exercício 2

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1) Fadiga: ensaios de fadiga

a) Considere um corpo de provas padrão, feito em aço 6.8, submetido à uma tensão normal ()
atuante de 420 MPa, nas condições de R. R. Moore. Determine a previsão de vida em fadiga (em
número de ciclos). Esboce a curva de fadiga. Use 3 casas decimais para o cálculo dos coeficientes
de Basquin.

b) Considere agora o mesmo corpo de provas do item anterior, submetido ao mesmo ensaio, sob
uma tensão normal () atuante de 290 MPa. Determine a previsão de vida em fadiga (em número
de ciclos).

c) Para o mesmo corpo de provas, sob o mesmo ensaio, qual seria a tensão normal atuante a ser
aplicada, para que o corpo apresente uma vida em fadiga de N=105 ciclos?

d) Um corpo de provas de aço cujas


propriedades obtidas no ensaio de
tração são r=780 MPa e e=690 MPa,
foi ensaiado em condições diferentes do
teste de R. R. Moore.

As condições de teste foram: cp


tamanho padrão, polido, ensaiado sob
torção alternada, confiabilidade de 50%,
T=20º C.

O resultado do teste está apresentado


no gráfico ao lado. Qual o limite de
resistência à fadiga (Sn CP) desse corpo
de provas para situações de torção?

e) Um corpo de provas de aço cujas propriedades obtidas no ensaio de tração são r=1800 MPa
e e=1580 MPa, foi ensaiado em condições do teste de R. R. Moore. Você não tem acesso aos
dados de teste. Qual o limite de resistência à fadiga (Sn CP) desse corpo de provas para situações
de flexão?

f) Um corpo de provas de uma liga de Al de


alta resistência, cujas propriedades foram
obtidas no ensaio de tração foi ensaiado em
condições do teste de R. R. Moore.

Os resultados do ensaio de tração são


r=1080 MPa e e=890 MPa. Por sua vez, o
resultado do teste de fadiga está apresentado
no gráfico ao lado.
Qual o limite de resistência à fadiga (Sn CP)
desse corpo de provas?

g) Tome como base um corpo de provas de Al cujas propriedades obtidas no ensaio de tração são
r=600 MPa e e=520 MPa. Você não tem acesso aos dados de teste. Determine a previsão de
vida em fadiga (em número de ciclos) do corpo de provas sob uma tensão normal () atuante de
200 MPa.
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Respostas do exercício 1

A resolução do item a teve os


coeficientes de Basquin calculados
com 4 casas decimais ao invés de 3,
conforme o enunciado requisitou.

Isso foi feito para ilustrar que pelo fato


de termos equações exponenciais, os
resultados serão mais sensíveis em
relação ao número de casas decimais.

Por isso na disciplina convenciona-se


usar 3 casas decimais para padronizar
as respostas.

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e) O enunciado do exercício não forneceu a curva de
testes do corpo de provas (CP).

Então deve-se consultar a tabela que contém os valores


médios de testes feitos com CP sob as condições de R.
R. Moore.

Nesse caso o corpo de provas é confeccionado com


aço cuja propriedade no ensaio de tração é r=180MPa.

Pelo fato do r>1400MPa, então constata-se que o


limite de resistência à fadiga do cp: Sn CP=700MPa.

A regra é simples: caso seja fornecido o gráfico de


testes, o mesmo deve ser consultado SEMPRE.

g) O enunciado do exercício não forneceu a curva de testes do corpo de provas (cp). Então deve-
se consultar a tabela que contém os valores médios de testes feitos com cp sob as condições de
R. R. Moore. Nesse caso o cp é feito com aço que possui: r=600MPa. Como r>330MPa, então
pode-se afirmar que Sn CP=130MPa.

N=9183908 ciclos

2) Fadiga: Equação de Marin – cálculo do limite de fadiga de peças

Tome como exemplo o


cilindro de laminação
ilustrado na figura ao lado
para responder as perguntas
de a até c listadas a seguir.

a) Determine o limite de resistência à fadiga (Sn) do ponto 1 do cilindro. Sabe-se que que a
confiabilidade é 90%, temperatura de trabalho de 470º C, superfície polida, diâmetro 120mm e
Cdiv=0,7. Sabe-se que o material do cilindro é aço com r=1870 MPa e e=1560 MPa.

b) Determine o limite de resistência à fadiga (Sn) do ponto 1 do cilindro. Sabe-se que que a
confiabilidade é 99,9%, temperatura de trabalho de 412º C, superfície retificada, diâmetro 120mm
e Cdiv=0,95. Sabe-se que o material do cilindro é aço classe de resistência 12.9.

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c) Determine o limite de resistência à fadiga (Sn)
do ponto 1 do cilindro. Sabe-se que que a
confiabilidade é 97,5%, temperatura de
trabalho de 100º C, superfície desbastada com
lixa grossa, diâmetro 400mm e Cdiv=0,55.

Sabe-se que o material do cilindro é aço 8.8 e


foi testado de acordo com os parâmetros
listados nos resultados de teste apresentados
ao lado.

d) Imagine que você resolva construir um modelo em escada da nave espacial Millenium Falcon
usada na série Star Wars®. Suponha que queira projetar o cilindro de acionamento da plataforma
de embarque, listado na figura como elemento 2, para que o mesmo não falhe à fadiga. Sabe-se
que em serviço o cilindro atuará exclusivamente com carga axial. Esse componente será feito de
alumínio (r=820 MPa e e=740 MPa), confiabilidade 99,999%, será utilizado em temperatura
ambiente. Sua seção crítica tem formato retangular com seção 170x30 [mm]. Calcule o limite de
resistência à fadiga (Sn) da seção crítica do cilindro. Considere Cdiv=0,82.

e) Imagine que a peça do item anterior não estivesse sujeita à carga axial e resolva precisasse
fazer a correção por conta da influência do tamanho. Qual seria o coeficiente de tamanho?

f) Para o item anterior, suponha que a seção retangular tivesse 400x350 [mm]. Qual seria o
coeficiente de correção do limite de fadiga por influência da diferença tamanho?

g) Imagine que fosse necessário fazer a correção da influência do acabamento superficial em uma
peça de aço. Suponha que fosse uma peça de aço classe de resistência 6.8, com rugosidade de
20 m. Considere que você não tem acesso aos dados de teste do cp. Qual seria o coeficiente de
correção do limite de fadiga por influência da diferença de acabamento superficial?
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h) Um dispositivo utilizado para funções biomecânicas em um humanoide tem como um de seus
componentes a barra de torção apresentada abaixo. Ela é estampada e tem trechos de seção
triangular, elíptica e retangular. É feita em Alumínio endurecido (r=200 MPa; e=150 MPa), com
95% de confiabilidade, utilizada em temperatura ambiente. Durante os testes de torção do corpo de
provas, feito do mesmo material, faltou energia elétrica e os ensaios foram interrompidos. Os
resultados estão apresentados no gráfico a seguir. Sabe-se que a=20mm e o Cdiv=0,922. O torque
suportado pela peça varia entre 40Nm e 4Nm. Determine se ocorre fadiga na região crítica de seção
transversal B-B, na qual o fator de concentração de tensão K T=2,35 e =4mm. Determine o limite
de fadiga da seção crítica.

Respostas do exercício 2

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d) Devido à sensibilidade do alumínio ao tipo de
acabamento superficial, deve-se SEMPRE
ensaiar o CP nas mesmas condições da peça:
CP=peça= então Csup=1. Como os dados de
teste do CP não foram fornecidos, então utiliza-
se a tabela. Como r=820 MPa (portanto maior
que 330MPa) 𝑆𝑛 𝐶𝑃 = 130𝑀𝑃𝑎. Lembrando
que esse valor foi ensaiado de acordo com as
condições de R. R. Moore (d=7,62 mm; 50%,
flexão rotativa, T=20º C). 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑓 = 0,658
𝐶𝑡𝑎𝑚 = 1 (𝑝𝑒ç𝑎 𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑎 à 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑥𝑖𝑎𝑙);
𝐶𝑠𝑢𝑝 = 1; 𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 = 1; 𝐶𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 0,7;
𝐶𝑑𝑖𝑣 = 0,82
𝑆𝑛 = 130 × 1 × 1 × 1 × 0,7 × 0,658 × 0,82 = 49,1𝑀𝑃𝑎

e) 𝐴95 = 0,05 ∙ 𝑏 ∙ ℎ f) 𝐴95 = 0,05 ∙ 𝑏 ∙ ℎ


𝐴95 = 0,05 ∙ 170 ∙ 30 = 255 𝑚𝑚2 𝐴95 = 0,05 ∙ 400 ∙ 350 = 7000 𝑚𝑚2

𝐴95 255 𝐴95 7000


𝑑𝑒𝑞 = √ =√ = 57,9𝑚𝑚 𝑑𝑒𝑞 = √ =√ = 302,8𝑚𝑚
0,076 0,076 0,076 0,076
Como esse valor está entre 8mm e 250mm
O d é superior à 250mm, então Ctam=0,6
−0,097
𝐶𝑡𝑎𝑚 = 1,189 ∙ 57,9 = 0,8

g) usando o gráfico de rugosidade, com r=600 MPa: Csup=0,81.

h) Cálculo do limite de fadiga na seção crítica

Acabamento superficial do CP=peça=estampado


𝑆𝑛 𝐶𝑃 = 80𝑀𝑃𝑎; 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑓 = 1; 𝐶𝑡𝑎𝑚 = 1;
𝐶𝑠𝑢𝑝 = 1; 𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 = 1; 𝐶𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 1; 𝐶𝑑𝑖𝑣 = 0,922

𝑆𝑛 = 80 × 1 × 1 × 1 × 1 × 1 × 0,922 = 73,8𝑀𝑃𝑎

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3) Fadiga: Carregamentos simétricos – cálculo da espessura e coeficiente de segurança de
uma peça estampada

A haste da peça estampada mostrada na figura é construída em aço classe de resistência 8.8.
Sabe-se que confiabilidade do projeto é 99,9%, Cdiv=0,66 e temperatura ambiente. O design da
peça foi feito com coeficiente de segurança igual a 3. Para a seção crítica da peça use KT=1,79.
A peça está sujeita a uma força axial que varia em função do tempo, apresentada a seguir.

Calcule a mínima espessura h da chapa para as seguintes situações:


a) Peça projetada para resistir à vida infinita.
b) Peça projetada para resistir à uma vida útil de 5000 h.
c) Determine o coeficiente de segurança à fadiga considerando espessura de 6 mm e vida infinita.

Considere a figura fora de escala e dimensões em mm.

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Respostas do exercício 3:

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4) Fadiga: Carregamentos simétricos – dimensionamento de uma válvula gaveta
O parafuso central de uma válvula de gaveta é feito em liga de alumínio recozido (r=220MPa; e=195MPa).
A confiabilidade do projeto é de 90% e a peça é usada em temperatura ambiente. Um corpo de provas
confeccionado com o material da peça foi testado em relação à fadiga. Os dados são apresentados no
gráfico anexo (Cdiv=0,95). A figura está fora de escala e dimensões em mm. KT=2.
a) Verifique o dimensionamento em relação à fadiga sabendo-se que o torque de acionamento varia entre
 15Nm e que d=12mm. Caso houver falha use o critério de Morrow para estimar a vida em fadiga.
b) Qual o máximo torque que pode ser aplicado supondo carregamento simétrico? Use d=12 mm e
coeficiente de segurança 1,5.
c) Verifique o dimensionamento à fadiga pelo critério de Soderberg com torque de acionamento variando
entre 30Nm e 3Nm. Caso ocorra falha estime a vida pelo critério da TAE. Use d=12mm.

Tensão aplicada [MPa]

Respostas: a) n=0,19 e N=238959 ciclos; b) Tmáx=1,9 Nm; c) n=0,19 e N=6093 ciclos.


Respostas parciais: Sn=25MPa (para alumínio e outros materiais não ferrosos adota-se um valor fictício equivalente
que é a tensão correspondente à uma vida de 5x108 ciclos). Ccarga=0,577, Cconf=0,897, Csup=1, Ctam=0,934, Ctem=1,
Cdiv=0,95. Sn=11,5MPa.
a) Como trata-se de tensão de cisalhamento pode-se converter os limites de escoamento e ruptura respectivamente
e
para 112,6MPa e 176 MPa (  e = e  r  0,8 r ). Como o KT=2 e q=0,4 (entalhe com raio 0,3mm, limite de ruptura
3
de 220MPa) e KF=1,4. Tensões: de cisalhamento devido ao torque. Tensão média é nula. Tensão alternada
60,76MPa. Coeficiente de segurança=0,19 (ocorre fadiga!). m8=0,217 e b8=2,951. Calcula-se que a previsão de falha
por Basquin é 238959 ciclos. A de Morrow é a mesma pois ambos critérios apresentam mesmo resultado quando a
tensão média é nula.
b) Use os mesmos valores porém a incógnita é o torque.
c) tensões[MPa]: 86,8 (máxima); 8,7 (mínima); 66,9 (média); 54,7 (alternada). Aplicando o critério de Soderberg
ns=0,19. A TAE=134,8MPa.

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5) Fadiga: Carregamentos assimétricos – cilindro de laminação
O cilindro de laminação da figura abaixo deve ser dimensionado para a vida infinita à fadiga considerando que seja
submetido à torção. O material de fabricação é o aço ABNT 1040 com r=580MPa e e=490MPa. O cilindro é acionado
pela união ranhurada com uma potência de 46 cv. O eixo gira com 120 rpm. O torque de trabalho varia segundo o
gráfico anexo. Superfície em A é retificada e B é usinada. C div=0,77; confiabilidade do projeto é 99% e fator de
sensibilidade ao entalhe é 0,9. Considere a figura fora de escala e dimensões em mm. Temperatura 40°C. O material
da peça foi testado em relação à fadiga. Os dados são apresentados no gráfico anexo.
a) Determine o diâmetro “d” pelos critérios de Soderberg e Goodman (nG=nS=1,35). Considere Ctam=0,71 (não é
permitido usar o coeficiente de correção de tamanho para calcular o diâmetro! Ele foi fornecido para simplificar os
cálculos).
b) Devido à um erro de fabricação o raio de arredondamento “r” ficou com 5 mm. Isso afetará a segurança do projeto
original que foi feito com n=1,35? Considere dado o diâmetro de 66,1mm. Use critério de Goodman. Calcule o fator de
sensibilidade ao entalhe através da fórmula de Neuber.
c) Mantendo-se as proporções do eixo parametrizado utilizado no item a, qual seria a confiabilidade do projeto caso
d=70mm? Utilize critério de Soderberg com coeficiente de segurança 1,35. Use ctam=071.
d) Refaça os cálculos da letra c para nS=1,67.

O torque máximo é igual ao torque


nominal! Já o torque mínimo é zero!
Valores de
tensão em MPa

Respostas: a) dGoodman=64,7mm. dSoderberg=66,6mm. b) nG=1,85 (melhora segurança). c) Superior à 99,99% para nS=1,35.
d) Ficaria entre a confiabilidade de 90% e 95% para nS=1,67.
Respostas parciais: T=2690,5Nm. Sn=180MPa (para aço adota-se um valor que é a tensão correspondente à uma vida de 106 ciclos).
Coeficientes de correção do limite de fadiga: Ccarga=1, Cconf=0,814, Csup=0,92, Ctam=0,71, Ctem=1, Cdiv=0,77. Sn =73,7MPa.
a) Como trata-se de tensão de cisalhamento pode-se converter os limites de escoamento e ruptura respectivamente para 282,9MPa e 464 MPa
(conforme página 1-8 da apostila). KT=2 (figura A3/E3 – D/d= 1,5, A= 0,85260, b=- 0,23339), q=0,9 (dado) e KF=1,9. Tensões: de cisalhamento devido
ao torque. Tensão alternada vale 12,780x106/d3 ; Tensão média vale 12,780x106/d3. Após o cálculo do d pela fórmula de Goodman (d=64,7mm)
pode-se calcular a tensão de cisalhamento asterisco *=248,7MPa.
b) KT=1,56 (figura E3 – D/d= 1,5, A= 0,85260, b=- 0,23339, r/d=5/66,1=0,0756), q=0,85 (constante de Neuber 0,39; r=5mm) e KF=1,476. Tensões:
de cisalhamento devido ao torque. Tensão máxima=46,6MPa. Tensão média nula. Tensão média e a alternada valem 34,4MPa. Como o nG nterior
era de 1,35, o dimensionamento atual (r = 5 mm) proveu mais segurança em relação ao projeto inicial.
c) d=70mm. Os fatores de concentração de tensão do item a não variam pois não ocorre mudança na proporção geométrica. O cilindro está
parametrizado em função de d. Tensão média vale 37,3MPa. Tensão alternada vale 37,3 MPa. Calcula-se Cconf=0,667. A confiabilidade do projeto
aumenta. A confiabilidade do projeto iria aumentar. Antes 1 em cada 100 peças falhava (99%) com valor diferente do especificado. Agora 1 em cada
100000 peças falha com valor diferente do especificado. Exemplo claro de projeto com “baixo” coeficiente de segurança com alta confiabilidade. O
contrário nem sempre é interessante! Caso ns=1,67 a confiabilidade do projeto iria diminuir pois ficaria entre 95% e 90% Cconf=0,882.

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6) Fadiga: Carregamentos assimétricos – suporte (viga de aço) de um motor

A viga de aço da figura abaixo sustenta um motor elétrico de massa 240 kg. Devido a um desbalanceamento
no rotor, provoca na estrutura uma força de desbalanceamento FB(t) que oscila harmonicamente entre +/-
1000 N. Sabe-se que espessura da chapa é de 20 mm. A mesma foi confeccionada com aço classe de
resistência 6.8. O acabamento superficial utilizado no processo de fabricação fez com que a rugosidade final
da superfície da chapa seja de 20m. A confiabilidade do projeto é de 95% e o sistema será utilizado em
temperatura ambiente. Considere g=10 m/s2 e Cdiv=0,8. Ignore a massa da viga. Considere a figura fora de
escala e dimensões em mm. Desconsidere o cisalhamento. Determine:
a) A forma com a qual a carga F(t) varia no tempo
b) O coeficiente de segurança considerando fadiga. Utilize o critério de Goodman. Caso falhe estime a vida
através do critério de Morrow.
c) Suponha que o coeficiente de segurança de fadiga seja nS=2,6. Use o critério de Soderberg e determine
qual deve ser a máxima carga de desbalanceamento que pode existir no motor.
d) Considere KF=5, tensões combinadas (flexão e força cortante). Calcule o coeficiente de segurança por
Soderberg. Se houver falha utilize critério de Morrow para previsão de vida.

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Respostas: a) harmonicamente entre 1400 e 3400N. b) nS=2,47. c) FB=784,4N.
Respostas parciais: Sn=300MPa. Ccarga=1, Cconf=0,868, Csup=0,81 (o enunciado forneceu a rugosidade da
superfície. Na página 2-13 existe um gráfico denominado “variação de Csup com o limite de resistência para
diversos tipos de aço em função da rugosidade esperada”. R=20m x limite de resistência à tração 600
MPa), Ctam=0,818 (A95=170mm2 deqv=47,1mm), Ctem=1, Cdiv=0,8. Sn=138MPa.
a) solicitação máxima=2400+1000=3400N. solicitação mínima=2400-1000=1400N.
b) KT=2,127 (figura A8 – D/d= 1,76, A= 0,95102, b=- 0,28414), q=0,898 (fórmula de Neuber) e KF=2,01.
Tensões: normais devido ao momento fletor. Tensão média é 85,2MPa. Tensão alternada 35,5MPa.
Coeficiente de segurança=2,5 (não ocorre fadiga!).
c) Tensão média é 84,9MPa e a tensão alternada 3,54x10-6xFB. FB=784,4N.
d) Resolução através de tensões combinadas

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7) Fadiga: Carregamentos assimétricos – peça de suspensão de automóvel
Uma peça da suspensão de um automóvel possui a geometria indicada abaixo. Foi usinada em
aço. Selecione, dentre os materiais fornecidos, aquele que garanta um coeficiente de segurança
mínimo de 2,2. A peça é solicitada pelo carregamento F(t) apresentado a seguir. Utilize o critério
de Goodman. São fornecidos: Confiabilidade do projeto: 99,9% Sensibilidade ao entalhe: 0,95
Coeficiente de fatores diversos: 0,85 Temperatura ambiente. Considere a figura fora de escala e
dimensões em mm.

Resposta: Aço ASTM A519 trabalhado a frio (item #2 da lista de opções propostas)
Respostas parciais: Analisando os materiais disponíveis percebe-se que nenhum deles possui limite de ruptura
superior a 1400 MPa o que torna válida a opção de Sn=0,5xr. Ccarga=0,7, Cconf=0,753, Csup (é determinado em
função do limite de resistência à ruptura), Ctam=1, Ctem=1, Cdiv=0,85. Sn=1,01x r0,735. Kt=1,83 (figura E1 –
D/d= 1,3; r/d=0,1), q=0,95 (dado) e KF=1,79. Tensão atuante: normal devido ao carregamento axial. Tensão
máxima=19,1MPa, Tensão mínima=-19,1MPa. Tensão média é nula. Tensão alternada=34,1MPa. Aplicando
Goodman sabe-se que r=351MPa.

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8) Fadiga: Carregamentos assimétricos – alavanca solicitada dinamicamente
A alavanca da figura abaixo é solicitada por uma força F que produz um torque variável no tempo. Essa variação é
ilustrada segundo o gráfico a seguir. São dados: O fator de concentração de tensão estático na seção a-a: 1,25; aço
9.8 forjado; confiabilidade do projeto de 50%; coeficiente de fatores diversos: 0,95; temperatura de trabalho: 200°C.
Deve-se calcular o fator de sensibilidade ao entalhe (Neuber). Considere a figura fora de escala e dimensões em mm.
a) Verifique a segurança do projeto em relação ao fenômeno de fadiga utilizando o critério de Soderberg. Faça
isso considerando APENAS as tensões de flexão causadas na seção a-a. Caso ocorra falha use o critério de
Morrow para fazer a previsão da vida da peça.
b) Refaça o exercício considerando que a força F varie entre +3kN e -2kN. Além disso considere que na seção a-
a atuem tensões normais de flexão e também as tensões de cisalhamento devido à força cortante F. Considere
que houve uma mudança drástica na geometria e no acabamento da peça e por conta disso o KF=1,5 e
Sn=87MPa. Utilize critério de Goodman. Caso ocorra falha use o critério de Morrow para fazer a previsão da
vida da peça.

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Respostas: a) A peça não apresentará falha em relação à fadiga (n>1) porém seu coeficiente de segurança está
muito perto do limite (ns=1,012). b) Peça falha (nG=0,76). Previsão de vida de NMorrow=1278080 ciclos.
Respostas parciais do item a: Sn=450MPa. Ccarga=1, Cconf=1, Csup=0,313; Ctam=0,947 (A95=8,4mm2 deqv=10,472mm),
Ctem=1, Cdiv=0,95. Sn=126,7MPa. Kt=1,25 (dado), q=0,907 (calculado) e Kf=1,227. Com o torque de 100Nm temos uma
força F máxima de 1000N e mínima de –1000N. O braço vale 0,1m. Então o momento fletor na seção de interesse
(aplicado a uma distância de 100-20=80mm) máximo de 80Nm e mínimo de -80Nm. A distância da linha neutra y é
28/2=14mm. I=10976mm4. Tensão normal máxima=102MPa. Tensão normal mínima=-102MPa. Tensão média é nula.
Tensão alternada é 125,2MPa. Coeficiente de segurança de Soderberg é 1,012.
Respostas parciais do item b: Tensão normal máxima=306MPa. Tensão normal mínima=-204MPa. Tensão de
cisalhamento máxima=3000/(6x28)=18MPa. Tensão de cisalhamento mínima=-2000/(6x28)=-12MPa. Tensão normal
de Von Mises máxima=307,6MPa. Tensão normal de Von Mises mínima=205MPa.Tensão média 384,5MPa. Tensão
alternada é 77MPa. Tensão*=700,7MPa. Coeficiente de segurança de Goodman é 0,76. m6=0,323 e b6=3,877.

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9) Fadiga: Decomposição por Rainflow – cálculo do dano acumulado (Miner)
O eixo de um motor elétrico é totalmente usinado com aço cujos limites de resistência são: σr=1200MPa, σe=870MPa.
A curva padrão contendo os resultados do ensaio de R.R. Moore aplicado no corpo de provas é fornecida. Em uma
simulação das condições de partida o eixo foi submetido a um momento fletor M que produziu as tensões normais na
seção 1. Tal comportamento está apresentado no gráfico anexo. Segundo o fabricante, o eixo é capaz de suportar mais
de 200 mil partidas com segurança. A seção 1 é solicitada em flexão alternada, confiabilidade de 99%, C div=0,7. Calcule
o fator de sensibilidade pela fórmula de Neuber. Considere temperatura ambiente, dimensões em mm e figuras fora de
escala. Despreze o cisalhamento na seção 1. Use os seguintes critérios: Soderberg, Morrow e Palmgreen-Miner.
a) Qual a decomposição de Rainflow? Utilize a tabela fornecida.
b) Qual a vida estimada do eixo (em partidas)? Compare com a afirmação do fabricante.

Tensão  (MPa)

Decomposição por Rainflow


ciclo max min m a nS N

Resposta: Vida estimada de 10008ciclos (menor do que 200000 ciclos que o fabricante recomenda).
ciclo Tensões [MPa] nS N
max min m a ciclos
C-D 500 450 869,3 45,8 0,79 105,3x106
B-E 500 400 823,5 91,5 0,68 8,0x106
A-F 600 0 549,0 549,0 0,27 10022

Respostas parciais: Sn=500MPa. Sn=176MPa. KT=1,92, q=0,9 (usando o raio do entalhe como 1mm e constante de
Neuber 0,13) e KF=1,83. m6=0,263 e b6=3,821. Pelo critério de Miner em 1 ciclo temos 9,99x10-5 dano.

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10) Fadiga: Decomposição por Rainflow
A figura abaixo representa a variação no tempo da força em um suporte utilizado na indústria naval. Faça a
decomposição do carregamento utilizando a técnica de Rainflow.

Resposta: a tabela abaixo contém os ciclos de fadiga de acordo com a decomposição Rainflow.
O método utilizado foi:
- Identificar o padrão de repetição (são os períodos nos quais ocorre a repetição dos esforços),
- Selecionar o período de análise (o trecho de análise deve iniciar no ponto de máximo de um período e terminar no
mesmo ponto máximo do próximo período)
- Nomear (A, B, C, D, etc..) os valores máximos e mínimos do período de análise
- Utilizar o critério de seleção de ciclo de fadiga. Exemplo: se o trecho C-D for menor ou igual o trecho D-E, então o
trecho C-D é ciclo de fadiga. Então remove-se o ciclo C-D e redesenha-se o gráfico com os pontos restantes.

O objetivo de realizar a decomposição por Rainflow é o de investigar quais são os ciclos de tensão/carga que
contribuem para o acúmulo de deformações plásticas que resultam na fadiga da peça.

CICLO FMAX (N) FMIN (N)


C-D 400 200
E-F 400 200
G-H 400 200
A-B 600 100

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11) Fadiga: Previsão de vida de peças
Introdução: A figura abaixo representa de modo simplificado o funcionamento de um componente
aeronáutico. Em ocasiões críticas o mesmo é tracionado por forças que variam harmonicamente entre 50kN
e 10kN. Cada ciclo tem duração aproximada de 17 segundos. O fabricante afirma que nessas condições a
peça, feita em alumínio endurecido, suporta 4 milhões de ciclos.
Dados adicionais: O projeto prevê confiabilidade de 90%, rugosidade de 10 m.
Dados do material: r=800 MPa, e=600 MPa, r=0,7r e e=0,53e. Os dados do ensaio de R. R. Moore
realizado em um corpo de provas feito com esse material está apresentado no gráfico abaixo.
Caso seja necessário utilize: Cdiv=1; Ctam= 0,62; CTemp=1. Fator de sensibilidade ao entalhe 0,9.
Pergunta: Verifique pelo critério de Soderberg se o componente sofre fadiga. Caso sofra, estime a vida do
componente em ciclos de funcionamento (teoria de Morrow) considerando como região crítica a seção
mostrada em meio corte e vista superior. Trata-se de chapa infinita de altura “w” cuja seção é retangular e
possui um furo de diâmetro d=60 mm. Considere d=h, s=800 mm e d/w=0,1 (KT=2). A figura está fora de
escala.

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Respostas
a) cálculo do limite de resistência à fadiga da peça: resposta esperada Sn=100 MPa
Sn=180MPa (tensão em 5x108 ciclos no gráfico); Ctam=0,62 (dado); Cdiv=1 (dado); Ctemp=1 (tabela); Cconf=0,897
(tabela); Ccarga=1 (tabela); CSUP=1 (Alumínio sempre ensaiado nas mesmas condições da peça).
Pela equação de Marin: Sn=100 MPa.

b) fatores de concentração de tensão: respostas esperadas KT=2; q=0,9 ; KF=1,9


Estático: KT=2 (tabela de chapa infinita de altura w com furo de diâmetro d sujeita a flexão; d/w=0,1; d=h; d=60mm).
Sensibilidade ao entalhe: q=0,9 (dado no enunciado). Dinâmico: KF=1,9 (calculado). Na apostila antiga esse gráfico era
fornecido.

c) determinação das tensões: respostas esperadas m=307,4 MPa e a=194,8 MPa


Na seção de estudo ocorre flexão (tensão normal). A força varia entre 50kN e 10kN. O braço vale s+0,5h.
𝑀∙𝑦 3 3
4
𝜎= . Nessa seção 𝑦 = ℎ2 e 𝐼 = 𝑤∙ℎ
12
− 𝑑∙ℎ
12
= 9720000𝑚𝑚 .
𝐼

2∙(50∙103 ∙830)∙30 2∙(10∙103 ∙830)∙30


𝜎𝑚𝑎𝑥 = = 256,2𝑀𝑃𝑎. 𝜎𝑚𝑖𝑛 = = 51,2𝑀𝑃𝑎.
9720000 9720000

256,2+51,2 256,2−51,2
𝜎𝑚 = 1,9 ∙ = 292𝑀𝑃𝑎 e 𝜎𝑎 = 1,9 ∙ = 194,8𝑀𝑃𝑎.
2 2

d) aplicação do critério de fadiga: resposta esperada nS=0,4


𝜎𝑎 𝜎 1 194,8 292 1
+ 𝑚 < então: + < . Resulta em um ns=0,4 o que permite concluir que ocorrerá fadiga.
𝑆𝑛 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝜎𝑒 𝑛𝑆 100 600 𝑛𝑆

e) coeficientes de Basquin: respostas esperadas m8=0,150 e b8=3,311

1 0,9∙800 0,85∙8001,53
𝑚8 = 5,7 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 0,150 e 𝑏8 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 3,311
100 1000,53

f) cálculo da vida finita da peça: resposta esperada N=2,44 milhões de ciclos


𝑚 10𝑏 −𝜎𝑚 ∙2−𝑚 0,15 103,311 −292,2∙2−0,15
De acordo com a teoria de Morrow: 𝑁= √ = √ = 2,57 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝜎𝑎 194,8

O fabricante afirmara que o componente suportava 4 milhões. O fabricante forneceu dados incorretos da vida útil de
acordo com os modelos de cálculos empregados.

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12) Fadiga: Previsão de vida de peças
A peça sofre ação de tensão normal média de 200MPa e alternada de 400 MPa. É feita de aço 8.8 e está
sujeita as mesmas condições do ensaio de Moore. Calcule a vida por:
a) Tensão alternada equivalente (TAE) considerando o critério de Goodman
b) Critério de Morrow

Respostas: Snl=400 MPa (o Sn=400 MPa e todos os coeficientes de correção são 1 pois a peça é utilizada nas mesmas
condições do ensaio de Moore). Os coeficientes de Basquin são m 6=0,085 e b6=3,1126. A tensão alternada equivalente
de Goodman é 533,3MPa e NTAE=34420 ciclos. Já por Morrow: NMorrow=159600 ciclos.

13) Fadiga: Previsão de vida de peças


Uma peça foi testada em laboratório e determinou-se que o limite de resistência à fadiga é de 250 MPa. Em
serviço, um exemplar dessa mesma peça está sendo utilizado sob as mesmas condições de teste e está
sob ação de tensão normal média de 200 MPa e alternada de 500 MPa. A peça é feita em aço 8.8. Estime
a vida por:
a) Tensão alternada equivalente (TAE) considerando o critério de Goodman
b) Critério de Morrow

Respostas: Sn=250 MPa (o Sn=250 MPa e todos os coeficientes de correção são 1 pois a peça é utilizada nas mesmas
condições do ensaio de Moore). Os coeficientes de Basquin são m 6=0,1531 e b6=3,3167. A tensão alternada
equivalente de Goodman é 666,7MPa e NTAE=1654 ciclos. Já por Morrow: NMorrow=5989 ciclos.

14) Fadiga: verificação em relação à fadiga


Refaça o exercício 4 dessa lista. Porém considere as seguintes mudanças no enunciado:
• peça sujeita a esforços combinados: torque variando entre -8 Nm e 40 Nm e força axial variando entre -5 kN e
10 kN.; d=18 mm; para efeito do cálculo do KT considere seção circular sujeita à torque pois na apostila não
tem essa mesma seção sujeita ao mesmo tempo à carga axial e torque
• Utilizar critério de Goodman e Morrow.

Respostas parciais: a seção está sujeita ao mesmo tempo à carga axial e torque. Portanto é preciso calcular a tensão
combinada de von Mises.
𝐹𝑚𝑎𝑥 10 ∙ 103 𝐹𝑚𝑖𝑛 −5 ∙ 103
𝜎𝑚𝑎𝑥 = = = 39,3𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = = = −19,6𝑀𝑃𝑎
𝜋 ∙ 𝑑2 𝜋 ∙ 182 𝜋 ∙ 𝑑2 𝜋 ∙ 182
4 4 4 4

𝑇𝑚𝑎𝑥 40 ∙ 103 𝑇𝑚𝑖𝑛 −8 ∙ 103


𝜏𝑚𝑎𝑥 ≅ 3
= 3
= 34,3𝑀𝑃𝑎 ; 𝜏𝑚𝑖𝑛 ≅ 3
= = −6,9𝑀𝑃𝑎
0,2 ∙ 𝑑 0,2 ∙ 18 0,2 ∙ 𝑑 0,2 ∙ 183

𝜎𝑒𝑞 = √𝜎 2 + 3𝜏 2 ; 𝜎𝑚𝑎𝑥 = √39,32 + 3(34,3)2 = 71,2𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = √(−19,6)2 + 3(−6,9)2 = 23𝑀𝑃𝑎 ;

Determina-se o fator de concentração de tensão KT na figura A3/E3 pois foi recomendado no enunciado. Como D/d=1,5,
2 −0,233396 1
então A=0,852609 e b=-0,233396. 𝐾𝑇 = 0,852609 ( ) = 2. 𝑞 = 0,85 = 0,44. KF=1,44.
16 1+
√0,45
71,2+23 256,2−51,2
𝜎𝑚 = 1,44 ∙ = 67,8𝑀𝑃𝑎 e 𝜎𝑎 = 1,44 ∙ = 34,7𝑀𝑃𝑎
2 2

Sn=25MPa (para alumínio e outros materiais não ferrosos adota-se um valor fictício equivalente que é a tensão
correspondente à uma vida de 5x108 ciclos). Ccarga=1, Cconf=0,897, Csup=1, Ctam=0,898, Ctem=1, Cdiv=0,95.
Sn=19,13MPa. Como deve-se aplicar o critério de Goodman, é necessário calcular *=192,6MPa. A tensão média é
67,8MPa enquanto a alternada é 34,7MPa. Então *> m .

Dessa forma o coeficiente de segurança ns=0,47 indicando que a peça sofre fadiga.

Aplicando o critério de Morrow com m8=0,1781; b8=2,834.

𝑚 10𝑏 −𝜎𝑚 ∙2−𝑚 0,1781 102,834 −67,8∙2−0,1781


𝑁= √ = √ = 10,95 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝜎𝑎 34,7

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15) Fadiga: Previsão de vida de peças
As hastes do mecanismo ao lado foram construídas em aço 8.8 e conectadas por pinos. Os pontos críticos
foram simplesmente usinados. Verifique se ocorrerá fadiga na haste AB para uma força F(t) variando entre 0
e 15kN. Utilize o critério de Soderberg. Sabe-se que o Sn=85 MPa. As dimensões estão em mm e as figuras
fora de escala.

Caso a peça falhe utilize o método da tensão alternada equivalente (Basquin) para estimar o a durabilidade
em número de ciclos. Compare o valor com a previsão de vida pelo critério de Morrow. Qual a diferença
porcentual entre eles?

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Respostas parciais:
É preciso descobrir a força que atua na barra BA.
Entretanto o gráfico fornece a variação da força aplicada na haste BCE.
Dessa forma é importante fazer o diagrama de corpo livre dessa barra.
Isolam-se os corpos e marcam-se as forças recebidas.
Devido ao equilíbrio estático a força BA tem sentido (↓) na haste BCE.
Já na barra AB, pelo princípio da ação e reação, a força tem sentido (↑).
O par ação-reação, deve estar em corpos diferentes, terem a mesma natureza
e direção, porém sentidos opostos. Ou seja, a barra BA sofre tração variável.
A força aplicada no pino E varia de entre 0 (Ft min) e 15kN (Ft max).

∑ 𝑀𝐶 = 0 𝐹𝐵𝐴 ∙ 250 = 15 × 103 ∙ 380 𝐹𝐵𝐴 = 22,8𝑘𝑁

Como a barra está sob tensão normal () deve-se escrever o critério de
a m 1
Soderberg dessa forma: + 
S nreal  e nS
Para calcular a tensão normal quando uma peça de seção cilíndrica está sujeita apenas à tração:

𝐹𝑚𝑎𝑥 22800
𝜎𝑚𝑎𝑥 = 2 = = 113,4𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = 0
𝜋∙𝑑 𝜋 ∙ 162
4 4

Determina-se o fator de concentração de tensão KT na figura E1 pois a mesma contém seção circular com um leve
2 −0,30035
entalhe sujeito apenas a tração. Como D/d=32/16=2, então A=1,011470 e b=-0,30035. 𝐾𝑇 = 1,011470 ( ) =
16
1
1,895. 𝑞 = 0,26 = 0,845. KF=1,76. A tensão média é 99,8MPa enquanto a alternada é 99,8MPa. Dessa forma o
1+
√2

coeficiente de segurança ns=0,75 indicando que a peça sofre fadiga.


Pelo critério de Basquin (m6=0,309 e b6=3,785) determina-se que a tensão alternada equivalente é 118,2MPa. Dessa
forma o número de ciclos estimado é de NBasquin-TAE=348089 ciclos. Já o outro método de previsão de vida, de Morrow
apresenta uma estimativa de NMorrow=576519 ciclos. O critério de Morrow estima um número de ciclos 65% maior que
o de Basquin.

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16) Fadiga: Previsão de vida de peças + rainflow
Torres tubulares de seção circular em aço (chamadas também de postes) têm sido bastante utilizadas no setor de
telecomunicações, especialmente o de telefonia móvel. Como uma imposição funcional, tais torres são altas e esbeltas
(altura média em torno de 40 m), sendo, em geral, susceptíveis a vibrações excessivas induzidas pela ação do vento.
Possuindo um caráter essencialmente aleatório, a ação das forças devidas ao vento turbulento impõe a esse tipo de
estrutura ciclos de variações de tensões, o que, dependendo dos tipos de detalhes estruturais adotados, pode resultar
em reduzidos tempos de vida útil para a estrutura (menor que 4 anos). O comportamento da estrutura de um poste de
telecomunicações com 40 m de altura foi investigado experimentalmente por meio de medições da sua resposta
dinâmica sob excitações mecânica e de vento. Verificou–se que, para ação de vento com baixa velocidade média e de
grande frequência de ocorrência na região, o poste apresentou significativas amplitudes de oscilação e severas
variações de tensões em certos detalhes de ligações soldadas. Esse comportamento é indicativo de alto risco de
iniciação de fraturas por fadiga nesses detalhes. A torre de telecomunicações em questão, ilustrada na Figura 1, foi
construída com um novo conceito para prolongar a vida em fadiga. Possui uma seção circular variável ao longo da
altura e espessura de chapa (aço classe 3.6) constante de 4,8 mm, sendo constituída por módulos de seção constante
de 5 m de comprimento, interligados por flanges anulares e parafusos de alta resistência. O comportamento da torre
foi investigado, experimentalmente, por meio de medições da resposta dinâmica desse poste sob excitação mecânica
e de vento. O plano global de instrumentação da estrutura está apresentado esquematicamente na Figura 3.

Suponha que a ação do vento incidindo horizontalmente em M8 cause uma tensão normal na seção crítica (devido à flexão) variando
de acordo com o gráfico abaixo.

Tensão x tempo

80
70
60
50
Tensão (MPa)

40
30
20
10
0
-10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-20
-30
-40
Tempo (horas)

Calcule a vida útil à fadiga (em anos) da seção crítica em M8. Considere o critério de fadiga de Gerber, método de contagem de
ciclos de fadiga Rainflow, previsão de ciclos de fadiga pelo critério de Morrow, teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner. Sabe-
se que na seção crítica o fator de concentração de tensão estático é 2, o fator de sensibilidade ao entalhe é 0,5 e o limite de
resistência à fadiga é 25MPa.

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Resolução do exercício 16) No enunciado acima tudo que está escrito em itálico foi alterado para compor numericamente esse
exercício. O artigo técnico original pode ser encontrado em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-
44672007000200022&script=sci_arttext#tab04 <acessado em Out/2011>.
Referência: BATTISTA, R.C.; CARVALHO, E.M.L; MICHÈLE, S.P; VARELA, W.D. Fatigue life estimates for a
telecommunication tower under wind action. Rev. Esc. Minas vol.60 no.2 Ouro Preto Apr./June 2007 (ISSN 0370-4467).
𝜎𝑎 𝜎𝑚 2 1
Pelo critério de Gerber: +( ) ≤𝑛 . Com os dados do enunciado: 𝐾𝐹 = 0,5(2 − 1) + 1 = 1,5
𝑆𝑛 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝜎𝑟 𝐺

A figura a seguir é fruto da análise de contagem de ciclos de fadiga por Rainflow.

Para construir a tabela abaixo, repetiram-se os cálculos abaixo para cada um dos ciclos de fadiga.
40+40 40−40
𝜎𝑚 𝐺−𝐻 = 1,5 ∙ = 60𝑀𝑃𝑎 e 𝜎𝑎 𝐺−𝐻 = 1,5 ∙ = 0.
2 2

0 60 2 1
.Assim sendo pode-se aplicar: : +( ) ≤ 𝑛 → 𝑛𝐺 = 25.
25 300 𝐺

1 0,9∙300 0,81∙3003
Coeficientes de Basquin: 𝑚6 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 0,344 e 𝑏6 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 3,465
3 25 25

𝑚 10𝑏 − 𝜎𝑚 ∙ 2−𝑚 0,344


103,465 − 80 ∙ 2−0,344
𝑁= √ = √ →∞
𝜎𝑎 0

Repetindo-se os cálculos para todos os ciclos identificados, é possível construir a tabela a seguir.

Ciclo Tensões em MPa nGerber N horas


Máx Min Média Altern.
G-H 40 40 60 0 25 
E-F 50 30 60 15 1,56 
C-D 60 20 60 30 0,81 572920
B-I 10 -30 -15 30 0,83 607884
J-L 30 10 30 15 1,64 
A-M 70 5 56,25 48,75 0,50 140103

Pela teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner podemos estimar que em um ciclo de operação (12 horas) a torre suporta
1,05x10-5 dano.
1 1 1 1 1 1
+ + + + + = 1,05 ∙ 10−5 𝑑𝑎𝑛𝑜
∞ ∞ 572920 607884 ∞ 140103

1𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 → 1,05 ∙ 10−5 𝑑𝑎𝑛𝑜 Dessa forma: sabe-se que a torre acumulará 1 dano em 95238 ciclos.
? 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 → 1 𝑑𝑎𝑛𝑜
1𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 → 12ℎ
Portanto é possível estimar que a torre falhará em 1142856 horas.
95238 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 → ?ℎ

De acordo com os cálculos apresentados a torre com a nova seção transversal duraria pouco mais de 130 anos, confirmando a
eficácia do novo estilo de projeto.

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17) Fadiga: Previsão de vida de peças + rainflow
Não se sabe exatamente quem inventou o microscópio, porém sabe-se muito bem que depois dessa invenção, lá pelo início do
século XVII, nossa percepção do mundo ficou muito diferente. Muitos atribuem a invenção deste instrumento a Galileu, porém foi
Leeuwenhoek quem realmente aperfeiçoou o instrumento e o utilizou na observação de seres vivos. Dotados de apenas uma lente
de vidro, os primeiros microscópios permitiam aumentos de até 300 vezes com razoável nitidez. E todo um mundo que se encontrava
invisível aos nossos olhos, se descortinou. Com este instrumento muito simples, Leeuwenhoek estudou os glóbulos vermelhos do
sangue. Esse cientista também desvendou o extraordinário mundo dos micróbios (ou seja, seres microscópicos), hoje mais
conhecidos como microrganismos. O microscópio simples de Leeuwenhoek, foi aprimorado por Hooke, ganhando mais uma lente.
Deste modo, foram obtidos aumentos ainda maiores. Os microscópios óticos modernos são descendentes sofisticados do
microscópio composto de Hooke e muito mais poderosos do que os pequenos instrumentos usados pelos cientistas no início do
século XVII. Eles são dotados de 2 sistemas de lentes de cristal (oculares e objetivas) que produzem ampliações de imagem que
vão em geral de 100 a 1000 vezes, deste modo revelando detalhes, até então invisíveis para nossa visão. São constituídos por uma
parte mecânica que suporta e permite controlar os movimentos e por uma parte óptica que amplia as imagens.
Componentes

1-Ocular
2-Revólver
3-Objectiva
4-Parafuso macrométrico
5-Parafuso micrométrico
6-Platina
7-Espelho
8-Condensador

Imaginando que o componente mecânico mais crítico desse equipamento é feito de aço classe de resistência 4.6 e encontra-se
sujeito à um quinto do regime de cargas cíclicas abaixo representado.

Tensão x tempo

1000
800
600
Tensão (MPa)

400
200
0
-200 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-400
-600
-800
-1000
Tempo (horas)

Calcule a vida útil em ciclos desse componente.

Considere o critério de fadiga de Gerber, método de contagem de ciclos de fadiga Rainflow, previsão de ciclos de fadiga pelo critério
de Basquin (tensão alternada equivalente, Goodman), teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner. Sabe-se que na seção crítica
o fator de concentração de tensão estático é 2, o fator de sensibilidade ao entalhe é 1 e o limite de resistência à fadiga é 320MPa.

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Resolução do exercício 17) A figura a seguir é fruto de uma análise de ciclos de fadiga realizada através de um filtro de Rainflow.
Note que o enunciado afirma que o referido componente está sujeito à um quinto do regime de cargas. Dessa forma deve-se pegar
as tensões apresentadas no gráfico e dividir por 5.

Ciclo Tensões em MPa Fadiga


Máx Min Média Altern. TAE nGerber N horas
B-C 160 -120 40 280 311,1 1,13 
D-E 0 -180 -180 180 124,1 1,31 
G-H 140 20 160 120 200 1,87 
A-F 180 -180 0 360 360 0,89 959,9
Para construir a tabela acima, repetiram-se os cálculos a seguir para cada um dos ciclos de fadiga.
1 0,9∙400 0,81∙4003
Coeficientes de Basquin: 𝑚6 = 3 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 1,705 ∙ 10−2 e 𝑏6 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 2,607
320 320

160−120 160+120
𝜎𝑚 𝐵−𝐶 = 2 ∙ = 40𝑀𝑃𝑎 e 𝜎𝑎 𝐵−𝐶 = 2 ∙ = 280𝑀𝑃𝑎.
2 2

280 40 2 1
.Assim sendo pode-se aplicar: : +( ) ≤ 𝑛 → 𝑛𝐺 = 1,13.
320 400 𝐺

2,607
−2
280∙400 101,705∙10
Basquin (TAE): 𝜎𝑎´ =
400−40
= 311,1𝑀𝑃𝑎. 𝑁𝐵−𝐶 = 1 → ∞ (não precisa calcular uma vez que o
−2
311,11,705∙10
coeficiente de segurança é maior do que 1, só fiz o cálculo para exibir a fórmula que foi usada para os outros ciclos).

Pela teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner podemos estimar que em um ciclo de operação o componente suporta
1,04x10-3 dano.
1
= 1,04 ∙ 10−3 𝑑𝑎𝑛𝑜
959,9
1𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 → 1,04 ∙ 10−3 𝑑𝑎𝑛𝑜 Dessa forma: sabe-se que o componente acumulará 1 dano em 960 ciclos.
? 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 → 1 𝑑𝑎𝑛𝑜

Exercício 18) Tatsuo Endo e M. Matsuishi desenvolveram um algoritmo para análise de dados de fadiga. Tal método é conhecido
como Rainflow (uma tradução livre seria fluxo de chuva) e encontra-se descrito em um artigo denominado Fatigue of metals subjected
to varying stress, publicado em 1968 pela The Japan Society of Mechanical Engineers.
A estratégia é utilizada para reduzir um espectro de tensões variáveis em um conjunto de reversões simples. Dessa maneira torna-
se possível a aplicação da regra de Miner para avaliar a vida em fadiga de uma estrutura sujeita à cargas complexas.
O uso do método é desnecessário em variações simples como a apresentada na figura abaixo, pois claramente sabe-se que a peça
estaria sujeita a 10 ciclos de tensão (sem unidade no caso pois é um exemplo meramente ilustrativo) variando entre 10 e -10.

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Suponha que você recebesse uma análise de uma peça que possui baixa resistência à fadiga que estivesse experimentando as
cargas apresentadas na figura abaixo. Tal análise utilizou a técnica de Tatsuo Endo e M. Matsuishi para contar os ciclos de fadiga.
Depois de determinados os ciclos de fadiga, algumas peças foram sujeitas à cada ciclo de fadiga separadamente e determinou-se
quantas repetições a mesma suportaria. Esse conjunto de testes foi realizado com confiabilidade de 99,9% nas mesmas condições
de uso da peça.
Verifique se a tabela de contagem de ciclos está certa. Em caso afirmativo, calcule quando a peça falharia se estivesse sujeita ao
carregamento abaixo. Use a teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner. Lembre-se que o número de ciclos N foi determinado
experimentalmente e, portanto, pode ser considerado diretamente nos cálculos. A única dúvida que paira é sobre a decomposição
feita por Rainflow para a contagem dos ciclos.

Tensão x tempo

20
15
10
Tensão (MPa)

5
0
-5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-10
-15
-20
Tempo (horas)

Tabela de Rainflow + contagem do número de repetições até a falha quando a peça suporta cada ciclo individual

Ciclo Tensões (MPa) Amplitude N


Max Min MPa ciclos
D-E 7 -5 12 430
B-C 10 -10 20 70
A-F 20 -10 30 40
I-J 10 0 10 500
H-L -5 -15 10 500
G-M 20 10 10 500

Resolução do exercício 18) O algoritmo consiste em reduzir no domínio do tempo uma sequência de "picos" (tensões positivas) e
"vales" (tensões negativas). A variação no tempo é estudada similarmente ao formato de um "pagode" (tipos diferentes de torres
aparentemente sobrepostas com múltiplas beiradas, comuns na China, no Japão, nas Coreias, no Nepal, e em outras partes da
Ásia. Muitos dos pagodes foram construídos para fins religiosos, geralmente budistas, por isso localizavam-se dentro ou próximo a
templos).
a) Para entender o fluxo de chuva é preciso rotacionar o gráfico de tensão 90 o no sentido horário.
b) Cada pico positivo é imaginado como uma fonte que faria a água da chuva descer pelo telhado imaginário do templo. Conte
um número de ciclo quando a água:
• Atingir o fim da linha do tempo
• Encontrar e se juntar ao fluxo de água que se iniciou em um ciclo anterior
• Fluir em sentido oposto à um pico de magnitude maior
c) Repita o passo anterior para cada vale negativo

A maior parte dos livros de projeto de máquinas ou elementos de máquinas analisaria a variação proposta na figura do exercício de
maneira análoga a apresentada abaixo:

Entretanto a análise culminaria com a tabela abaixo, confeccionada de maneira mais simples ao comparar a amplitude de um trecho
com a amplitude do trecho seguinte. Caso o trecho inicial seja menor do que o seguinte, deve-se considerá-lo como um ciclo de

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fadiga, removê-lo da análise e prosseguir com as comparações. Ou seja: a análise de Rainflow apresentada no enunciado está
correta.
Ciclo Tensões (MPa)
Max Min
D-E 7 -5
B-C 10 -10
A-F 20 -10
I-J 10 0
H-L -5 -15
G-M 20 10

O enunciado afirma que uma peça foi testada até a fadiga sujeita ao carregamento D-E, depois uma nova peça foi testada com o
carregamento B-C, e assim por diante. Então pode-se confiar no número de ciclos que a peça aguentaria, pois, os testes foram
feitos com alta confiabilidade e nas mesmas condições de uso da peça. Então pode-se estimar que em um ciclo de operação a peça
acumula 0,0476 dano.
1 1 1 1 1 1
+ + + + + = 0,0476dano .
430 70 40 500 500 500

1ciclo → 0,0476dano
Dessa forma estima-se que a peça acumulará 1 dano em 21 ciclos.
? ciclos → 1dano
Confirma-se que peça realmente possui baixa resistência à fadiga quando exposta ao ciclo de cargas da figura do enunciado.

Exercício 19) A figura abaixo representa o comportamento médio de corpos de provas submetidos a ensaios de fadiga de flexão
rotativa.

Na média sabe-se que corpos de prova de aço tendem a falhar com 106 ciclos quando sujeitos à uma tensão próxima da metade do
seu limite de ruptura. Esse valor é conhecido como limite de resistência à fadiga S n. Já corpos de prova de Alumínio tendem a
apresentar um comportamento diferente dos de aço e por isso deve-se adotar um limite fictício de resistência à fadiga, normalmente
referencia-se como a tensão que causaria falha em 5x108 ciclos.

Suponha que um determinado componente mecânico confeccionado em aço experimente um regime de cargas cíclicas conforme a
figura abaixo.

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Tensão x tempo

3000

2000
Tensão (MPa)

1000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
-1000

-2000

-3000
Tempo (horas)

Esboce uma curva que contemple a tensão x deformação atuante nesse componente. Faça o histograma de contagem de ciclos
utilizando o filtro de Rainflow.

Componentes similares foram sujeitos à ciclos de fadiga de amplitude 2000MPa, 4000MPa e 6000MPa. Determinou-se nos testes
(realizados com confiabilidade de 99,9% nas mesmas condições de uso do componente) que em média o número de ciclos até a
falha é de respectivamente 30 mil ciclos, 6 mil ciclos e 450 ciclos. Estime quando o componente falhará se suportasse o
carregamento acima. Use a teoria de dano acumulado de Palmgreen-Miner.

Resolução do exercício 19) Os pontos numerados de 1 a 7 foram usados para a análise clássica do hipotético fluxo de chuva que
incidiria sobre o telhado de um templo. A curva que contempla a provável tensão x deformação atuante nesse componente é
apresentada a seguir.

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Ciclo Tensões (MPa) Amplitude N
Max Min MPa ciclos
B-C 2000 -2000 4000 30000
E-F 1000 -1000 2000 6000
A-D 3000 -3000 6000 450

1 1 1
+ + = 2,422  10 −3 dano .
3000 6000 450

1ciclo → 2,422 10−3 dano


. Dessa forma estima-se que a falha acontecerá em 412 ciclos.
? ciclos → 1dano
Exercício 20) A figura abaixo representa o comportamento médio de corpos de provas de aço submetidos à variação de tensão em
função do tempo. Para as situações A, B e C , esboce uma curva que contemple a tensão x deformação atuante nesses
componentes.

Faça o mesmo esboço para uma peça que sofre as variações de carga no tempo equivalentes aos carregamentos abaixo.

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Resolução do exercício 20) Respostas

Respostas

Respostas

página 31
Exercício 21) Considere o sistema de movimentação da figura, onde se deseja estudar a resistência à fadiga do
parafuso na região do colar. Considere os seguintes dados adicionais: aço classe 4.8, laminado a quente, Cdiv=0,8;
índice de falha permitido 1:10 , temperatura ambiente, torque externo T variando entre ±25 Nm.
a) Verifique a resistência à fadiga do componente para d=15mm. Use critério de Soderberg;
b) Projete um novo parafuso para N=25000 ciclos e com fator de segurança 1,5. Preveja a tensão limite através
do critério de TAE. Utilize o mesmo ctam e o q do item a.
c) Refaça o item b fazendo a previsão de vida através do critério de Morrow.
d) Projete um novo parafuso com fator de segurança 1,3. Considere que o torque varia entre +40Nm e -10Nm.
Utilize o mesmo ctam e o q do item a.

Exercício 22) A alavanca da figura abaixo é acionada por um cilindro hidráulico que vem apresentando falhas na região
indicada. A força aplicada na extremidade da alavanca varia entre +15kN e -5kN. Considere os seguintes dados
adicionais: aço classe 6.8, R=10μm; Cdiv=0,7; índice de falha permitido 1:100; temperatura ambiente. Os dados do
ensaio em fadiga do corpo de provas realizados segunda norma ASTM E-466 (RR Moore) para o aço SAE 1045 TF
foram fornecidos. Pede-se:
a) Verifique a resistência à fadiga do componente para d=35mm. Utilize Goodman.
b) Projete um novo cilindro com nf=1,4. Utilize Soderberg. Utilize o mesmo fator de sensibilidade ao entalhe do
item a.
c) Projete um novo cilindro para N=15000 ciclos. Utilize a T.A.E. (Soderberg). Utilize o mesmo ctam e o q do item
a.
Tensão aplicada [MPa]

N [ciclos]
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Respostas parciais do exercício 21
a) Snlocal da peça=59,17MPa; KT=1,72 (figura A3); q=0,61
(constante de Neuber=0,55; r=0,75mm); KF=1,44;
max=37MPa; min=-37MPa; m=0; a=53,28MPa; aplica-se
Soderberg (e=184,8MPa); nS=1,11 (peça não falha à fadiga)
b) o valor de KF é o mesmo do item anterior. Então as tensões
ficam em função do diâmetro. É necessário estimar qual a
tensão que causa a falha com 25 mil ciclos. Os coeficientes de
Basquin são: m6=0,261 e b6=3,341. A tensão que causa falha
nessa quantidade de ciclos é 156 MPa. Dessa forma o
d=12mm.
c) A resposta será a mesma pois a previsão de vida de Morrow
e TAE são iguais para tensão média nula.
d) A ser resolvido. Basta utilizar a fórmula de Basquin para
estimar qual tensão causaria falha com 25 mil ciclos. Essa
tensão se chama limite de durabilidade (Sd). Deixar as tensões
máxima e mínima (bem como a média e alternada) em função
do diâmetro. Daí calcular a tensão alternada equivalente (𝜎𝑎´ ),
𝜎 ∙𝜎
através da fórmula de Soderberg (𝜎𝑎´ = 𝑎 𝑒 ). A tensão
𝜎𝑒 −𝜎𝑚
alternada equivalente ficará em função do diâmetro. Iguale isso
ao Sd e será possível calcular o diâmetro.

Respostas parciais do exercício 22: a) Snlocal da peça=94,9MPa (Sn_cp=280MPa@106 ciclos; Ctemp=1; Csup=0,85; Ccarga=0,7; Ctamanho=1;
Cconf=0,814). Força axial na seção crítica=1,5xF. Seção crítica é circular. Tensões normais [MPa]: máxima 23,4; mínima: -7,8; média:
13,73; alternada: 27,46. KT=1,91 (figura A1); q=0,83 (constante de Neuber=0,37; r=3,5mm); K F=1,76. Tensão*=457,4MPa. nG=3,2
(peça não falha)
b) o valor de KF é o mesmo do item anterior. Então as tensões ficam em função do diâmetro. Ao aplicar o critério de Soderberg
determina-se d=23,4mm.
c) A ser resolvido.

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Exercício 23) O componente mostrado na figura abaixo é fabricado a partir de uma chapa de alumínio
endurecido de 5mm de espessura. No ponto mostrado no desenho o componente sofre a ação de uma força
que varia no tempo conforme o gráfico mostrado. Considerando apenas as tensões de flexão na seção crítica
indicada pede-se:

a) A decomposição RAINFLOW do carregamento, indicando a parcela com mais chance de causar


dano (maior amplitude)
b) Utilizando apenas essa parcela (item a), e desconsiderando a cortante na seção crítica, calcule o
fator de segurança à fadiga por Goodman. Caso ocorra fadiga, calcule a vida esperada pelo critério
da Tensão Alternada Equivalente (TAE).

Dados: peça usinada, confiabilidade de 99,999%; temperatura ambiente, Cdiv=0,8; σr=500 MPa e
σe=350 MPa. O material da peça foi testado segundo o ensaio de R.R.Moore. Os resultados constam do
gráfico anexo. As medidas estão em milímetros, figuras fora de escala, adote valores intermediários.
Critério para analisar um ciclo por RAINFLOW: AB é ciclo  AB  BC

c) Refaça o exercício considerando também a influência da força cortante

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Resolução do exercício 23)
a) Decomposição por RAINFLOW

CICLO FMAX (N) FMIN (N)


A A’
C-D 400 200
E-F 400 200
G-H 400 200
C E G A-B 600 100

Ciclo crítico = A→B (maior amplitude)


D F H

b) Propriedades do material:
R=500 MPa, e=350MPa, Sn=180MPa (vida em 5x108 ciclos no gráfico)
Fatores da equação de Marin: CCARGA=1 (flexão); CCONF=0,659 (99,999%); CDIV = 0,8; CSUP=1 (material não
ferroso); CTEMP=1 (temperatura ambiente). A95=0,05x5x30=7,5mm2
𝐴 95
𝑑𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 = √0,0766 = 9,895𝑚𝑚. CTAM=1,189x(9,895)-0,097=0,952. Sn=90,4 MPa

Fatores de concentração de tensão:


Gráfico A-8 com D/d = 2 e r/d = 0,1  𝐾𝑇 = 0,93232(0,1)−0,30304 = 1,8734
Constante de Neuber para alumínio endurecido: √𝑎=0,75mm0,5 para r=500 MPa
Fato de sensibilidade ao entalhe q=0,698. Então: KF=1,609

Tensões atuantes: utilizam-se os valores de força do ciclo AB definidos por Rainflow. Fazendo o diagrama
de corpo livre, nota-se que as reações de apoio, respectivamente em A e B, são F/2.
Para o cálculo da tensão atuante na
seção crítica deve-se cortar a seção e
carregar as forças que sobraram.

Então pode-se “cortar o lado esquerdo”


e calcular a flexão causada pela força
Fx150 e pela reação de apoio aplicada
em B: (F/2)x(150+150+170).

Ou “cortar o lado direito” e calcular a


flexão causada pela reação de apoio
aplicada em A: (F/2)x(170) .

𝐹𝑚𝑎𝑥 30 𝐹𝑚𝑖𝑛 30
2 ∙ 170 ∙ 2 2 ∙ 170 ∙ 2
𝜎𝑚𝑎𝑥 = = 68𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑚𝑖𝑛 = = 11,3𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑚 = 63,8𝑀𝑃𝑎 ; 𝜎𝑎 = 45,6𝑀𝑃𝑎
5 ∙ 303 5 ∙ 303
12 12

Critério de Goodman: deve ser escrito utilizando-se a tensão normal como variável.
350 − 90,4 45,6 63,8 1
𝜎 ∗ = 500 = 317𝑀𝑃𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝜎 ∗ < 𝜎𝑚 → + < → 𝑛𝐺 = 1,58 (𝑛ã𝑜 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 à 𝑓𝑎𝑑𝑖𝑔𝑎)
500 − 90,4 90,4 500 𝑛𝐺

c) Refazer o exercício levando em consideração a influência da cortante:

Deve-se considerar a ação das tensões combinadas. Então deve-se calcular tensão de cisalhamento
devido à força cortante (força/área), e fazer a tensão equivalente tal qual o exercício 14 dessa lista.
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Exercício 24) Refaça o exercício 3 da lista considerando que a seção crítica está sujeita à cargas
combinadas. Um ciclo de carga tem 2 minutos. E a carga combinada é de força axial variando entre 5kN e -
2kN e momento fletor variando entre 6x105 Nmm e 3x105 Nmm. Considere KT=1,5, q=0,7. Use critério de
Soderberg, e ao invés de usar vida infinita, use a tensão limite da tensão alternada a tensão equivalente a
uma vida de 4000h no local da tensão alternada. Use Sn=106,7MPa. Use a mesma seção retangular bxh
(16xh) do exercício.

Resposta: h>6,1mm.

Exercício 25) Um dispositivo utilizado para funções biomecânicas em um humanoide tem como um
de seus componentes a barra de torção apresentada abaixo. Ela é estampada e tem trechos de
seção triangular, elíptica e retangular. É feita em Alumínio endurecido (r=200 MPa; e=150 MPa),
com 95% de confiabilidade, utilizada em temperatura ambiente. Durante os testes de torção do
corpo de provas, feito do mesmo material, faltou energia elétrica e os ensaios foram interrompidos.
Os resultados estão apresentados no gráfico a seguir. Sabe-se que a=20mm e o Cdiv=0,922. O
torque aplicado na peça varia entre 40Nm e 4Nm. Determine se ocorre fadiga na região crítica de
seção transversal B-B, na qual o fator de concentração de tensão K T=2,35 e =4mm. Verifique a
fadiga através do critério de Goodman. Em caso de falha estime o número de ciclos pelo critério de
Morrow.

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Determinação dos esforços máximos e mínimos Cálculo do limite de fadiga na seção crítica
na seção crítica
Sabe-se que a seção é triangular com a=20mm.

𝑇𝑚𝑎𝑥 𝑇𝑚𝑎𝑥 40 ∙ 103


𝜏𝑚𝑎𝑥 = = 3 = = 100𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑡 𝑎 203
20 20

𝑇𝑚𝑖𝑛 𝑇𝑚𝑖𝑛 4 ∙ 103


𝜏𝑚𝑖𝑛 = = 3 = = 10𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑡 𝑎 203
20 20
Fator de concentração dinâmico KF
Constante de Neuber para alumínio endurecido,
R=200 MPa: √𝑎 = 1,5𝑚𝑚0,5

Fator de sensibilidade ao entalhe:


1 1 Acabamento superficial do CP=peça=estampado
𝑞= √𝑎
= 1,5 = 0,57
1+ 1+
√4
𝑆𝑛 𝐶𝑃 = 80𝑀𝑃𝑎; 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑓 = 1; 𝐶𝑡𝑎𝑚 = 1;
√𝜌
𝐶𝑠𝑢𝑝 = 1; 𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 = 1; 𝐶𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 1; 𝐶𝑑𝑖𝑣 = 0,922
𝐾𝐹 = 𝑞(𝐾𝑇 − 1) + 1 = 0,57(2,35 − 1) + 1 = 1,77
𝑆𝑛 = 80 × 1 × 1 × 1 × 1 × 1 × 0,922 = 73,8𝑀𝑃𝑎
Cálculo das tensões média e alternada ( Conversão dos limites de escoamento e resistência

𝜏𝑚𝑎𝑥 + 𝜏𝑚𝑖𝑛 100 + 10 Informado no enunciado 𝜎𝑟 = 200𝑀𝑃𝑎; 𝜎𝑒 = 150𝑀𝑃𝑎


𝜏𝑚 = 𝐾𝐹 ( ) = 1,77 ( ) = 97,4𝑀𝑃𝑎
2 2 𝜎𝑒 150
𝜏𝑒 = = = 86,6𝑀𝑃𝑎
√3 √3
𝜏𝑚𝑎𝑥 − 𝜏𝑚𝑖𝑛 100 − 10 𝜏𝑟 = 0,8 ∙ 𝜎𝑟 = 0,8 ∙ 200 = 160𝑀𝑃𝑎
𝜏𝑎 = 𝐾𝐹 ( ) = 1,77 ( ) = 79,7𝑀𝑃𝑎
2 2 𝜏𝑒 − 𝑆𝑛 86,6 − 73,8
𝜏 ∗ = 𝜏𝑟 ( ) = 160 ( ) = 23,5𝑀𝑃𝑎
𝜏𝑟 − 𝑆𝑛 160 − 73,8
Aplicação do critério de fadiga: Goodman Estimativa da vida em fadiga da peça

Como o m>* utiliza-se o critério de Goodman Usando o critério de previsão de vida de Morrow:
𝜏𝑒
𝜏𝑎 + 𝜏𝑚 ≤ 1 0,9𝜎𝑅 1 0,9 ∙ 200
𝑛𝐺 𝑚8 =
5,7
𝑙𝑜𝑔 (
𝑆𝑛
)=
5,7
𝑙𝑜𝑔 (
73,8
) = 0,068
86,6
97,4 + 79,7 ≤ 0,85𝜎𝑅1,53 0,85 ∙ 2001,53
𝑛𝐺 𝑏8 = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 𝑙𝑜𝑔 ( ) = 2,459
𝑛𝐺 = 0,49 𝑆𝑛 0,53 73,80,53

Portanto a peça sofre fadiga. Quando isso acontece é 𝑚 10𝑏 − 𝜏


𝑚∙2
−𝑚 102,459 − 97,4 ∙ 2−0,068
0,068

fundamental estimar a vida da peça. 𝑁= √ = √


𝜏𝑎 79,7

𝑁 = 511206 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

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