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Pilares em Concreto Armado

Dimensionamento e Detalhamento
Disciplina: Concreto Armado 2
Profº Esp. Emílio Queiroz
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 -
Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT,
2014.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São


Carlos: USP, 2007 Disponível em:
<http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
>. Acesso em: 03 de abril de 2020.

BASTOS, P. S. S. Notas de aula: Pilares de concreto armado. Bauru/SP:


UNESP, 2017. Disponível em:
<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Pilares.pdf>. Acesso em: 03 de
abril de 2020.
• Conceito;
O QUE
VEREMOS • Classificação;

• Solicitações;

• Excentricidade;

• Efeitos de 2ª ordem;

• Esbeltez;

• Comprimento equivalente de flambagem.


Pilares
“Elementos lineares de eixo reto,
usualmente dispostos na vertical, em
que as forças normais de compressão
são preponderantes.”
(ABNT NBR 6118:2014, item 14.4.1.2)
Pilares-parede
“Elementos de superfície plana ou casca cilíndrica,
usualmente dispostos na vertical e submetidos
preponderantemente à compressão. Podem ser compostos
por uma ou mais superfícies associadas. Para que se tenha
um pilar-parede, em alguma dessas superfícies a menor
dimensão deve ser menor que 1/5 da maior dimensão, ambas
consideradas na seção transversal do elemento estrutural.”
(ABNT NBR 6118:2014, item 14.4.2.4)
Pilares-parede
Grupos
Podemos subdividir os pilares em dois grupos: Pilares de
contraventamento e Pilares contraventados. Os pilares de
contraventamento tem como função principal resistir às ações
horizontais (vento). Normalmente estas estruturas são:

● Paredes ou pilares de grandes dimensões;


● Caixas de elevadores e escadas;
● Estruturas treliçadas;
● Pórticos, etc.
Grupos
Os pilares de contraventamento possuem elevada rigidez e,
como consequência, absorvem a maior parte das ações
horizontais.

Os demais pilares da
estrutura fazem parte dos
pilares contraventados.
Posição
Quanto à posição os pilares podem ser classificados em:

Pilar de centro ou intermediário Pilar de extremidade ou borda Pilar de canto

Fonte: BASTOS (2017)


Posição
a) Pilar de centro ou intermediário

São pilares onde teoricamente só existe


força de compressão, como por
exemplo, quando existe continuidade
das vigas e lajes que chegam nesse
pilar. Pilar de centro ou intermediário

Fonte: BASTOS (2017)


Posição
b) Pilar de extremidade ou borda

São solicitados por uma força de


compressão e um momento agindo em
um dos eixos principais de inércia, como
por exemplo quando existe interrupção
das vigas e lajes que chegam nesse
Pilar de extremidade ou borda
pilar numa determinada direção. Fonte: BASTOS (2017)
Posição
c) Pilar de canto

São solicitados por uma força de


compressão e dois momentos agindo
nos eixos principais de inércia, como
por exemplo quando existe interrupção
das vigas e lajes que chegam nesse Pilar de canto

pilar nas duas direções. Fonte: BASTOS (2017)


Solicitações
a) Compressão simples

Também chamada de compressão


centrada, é o tipo de compressão onde
Fonte: BASTOS (2017)
a carga é aplicada no centro geométrico
do pilar. Os pilares submetidos à
compressão simples são os pilares de
centro.
Solicitações
Flexão composta

Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força


normal e momento fletor sobre o pilar. Há dois casos:

● Flexão composta normal (reta)


● Flexão composta oblíqua
Solicitações
b) Flexão composta normal

Existe a força normal e um momento


fletor em uma direção (X ou Y). Este
momento fletor gera uma excentricidade Fonte: BASTOS (2017)
na carga. Os pilares submetidos à
flexão composta normal são os pilares
de extremidade.
Solicitações
c) Flexão composta oblíqua

Existe a força normal e dois momentos


fletores, relativos às duas direções
principais do pilar (X e Y). Estes Fonte: BASTOS (2017)

momentos fletores geram uma


excentricidade na carga. Os pilares
submetidos à flexão composta oblíqua
são os pilares de canto.
Excentricidade
A força normal que atua em um pilar de seção retângular
pode ser aplicada no seu centro geométrico, gerando uma
compressão centrada, a uma distância do centro e sobre um
dos eixos de simetria, gerando uma flexão composta normal,
e em um ponto qualquer da seção, gerando uma flexão
oblíqua. A estas distâncias denominamos excentricidades.
Excentricidade

Fonte: BASTOS (2017)


Excentricidade
Estas excentricidades chamadas de excentricidades de 1ª
ordem são divididas em:

a) Excentricidade inicial;
b) Excentricidade acidental;
c) Excentricidade de forma;
d) Excentricidade suplementar ou fluência;
e) Momento fletor mínimo.
Excentricidade
a) Excentricidade inicial

Em estruturas de múltiplos pavimentos,


ocorre um monolitismo nas ligações de
vigas e pilares que compõem os Fonte: BASTOS (2017)
pórticos. A excentricidade inicial,
oriunda das ligações dos pilares com
as vigas neles interrompidas, ocorre
em pilares de borda e de canto.
Excentricidade
b) Excentricidade acidental

É a excentricidade que pode ocorrer pela incerteza na


localização da força normal ou desvio do eixo da peça durante
a construção, em relação à posição prevista no projeto.
Segundo a ABNT NBR 6118:2014 no item 11.3.3.4 as
imperfeições geométricas do eixo dos elementos estruturais
podem ser divididas em dois grupos: imperfeições globais e
imperfeições locais.
Excentricidade
Imperfeição global: Na análise global das estruturas
reticuladas, sejam elas contraventadas ou não deve ser
considerado um desaprumo dos elementos verticais.

θ1min = 1/300 para estruturas reticuladas


e imperfeições locais;
θ1máx = 1/200;
H é a altura total da edificação em metros;
n é o número de prumadas de pilares no
pórtico plano.

Fonte: ABNT NBR 6118:2014


Excentricidade
Imperfeição local: No caso de
elementos que ligam pilares
contraventados a pilares de
contraventamento, usualmente
vigas e lajes, deve ser
considerada a tração decorrente
do desaprumo do pilar
contraventado. Fonte: ABNT NBR 6118:2014
Excentricidade
Imperfeição local: No caso do
dimensionamento ou verificação
de um lance de pilar, deve ser
considerado o efeito do
desaprumo ou da falta de
retilineidade do eixo do pilar.
Fonte: ABNT NBR 6118:2014
Excentricidade
Admite-se que, nos casos usuais de estruturas reticuladas, a
consideração apenas da falta de retilineidade ao longo do
lance de pilar seja suficiente.
Excentricidade
c) Excentricidade de forma

Quando os eixos das vigas não passam


pelo centro de gravidade da seção
transversal do pilar, as reações das vigas
apresentam excentricidades que são
denominadas excentricidades de forma.
As excentricidades de forma, em geral,
Fonte: BASTOS (2017)
podem ser desprezadas no
dimensionamento dos pilares.
Excentricidade
d) Excentricidade devido à fluência

De acordo com a ABNT NBR 6118:2014 a consideração da


fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com
índice de esbeltez λ > 90
Excentricidade
e) Momento fletor mínimo

Segundo a ABNT NBR 6118:2014 no item 11.3.3.4.3 o efeito


das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em
estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo,
dado pela seguinte fórmula:

Nd = força normal solicitante de cálculo


h = dimensão da seção transversal na direção considerada, em metros
Excentricidade
Quando os momentos atuantes no pilar são muito pequenos
ou zero, o projeto de pilares deve se basear sobre uma
excentricidade mínima haja vista o ocorrido do momento fletor
mínimo.
Efeitos de 2ª ordem
São aqueles efeitos que se somam aos obtidos em uma
análise de 1ª ordem (em que o equilíbrio da estrutura é
estudado na configuração geométrica inicial), quando a
análise do equilíbrio passa a ser efetuada considerando a
configuração deformada.

Estes efeitos são oriundos de dois tipos de não-linearidades:


a não-linearidade geométrica e a não-linearidade física dos
pilares.
Efeitos de 2ª ordem
Não-linearidade geométrica: corresponde aos efeitos
adicionais provenientes do deslocamento horizontal das
estruturas, e ocasionam, o aparecimento de acréscimos de
esforços.
Efeitos de 2ª ordem
Não-linearidade física: leva em conta que os materiais que
compõem a seção de concreto armado, aço e concreto,
possuem comportamentos mecânicos distintos.
Efeitos de 2ª ordem
A ABNT NBR 6118:2014 nos relata
que sob a ação de cargas verticais e
horizontais, os nós de uma estrutura
deslocam-se horizontalmente. Os
esforços de 2ª ordem decorrentes
desses deslocamentos são
chamados efeitos globais de 2ª
ordem.
Efeitos de 2ª ordem
No estado não deformado da
estrutura, o momento fletor na base
será:
M = V·L

No estado deformado da estrutura, o


momento fletor na base será:
M = V·L+ P·Δ
Efeitos de 2ª ordem
Efeitos de 2ª ordem
As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, de nós fixos,
quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por
decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são desprezíveis
(inferiores a 10 % dos respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas
estruturas, basta considerar os efeitos locais de 2ª ordem.

As estruturas são consideradas de nós móveis quando os efeitos


globais de 2ª ordem são importantes, devendo ser considerados,
obrigatoriamente, tanto os esforços de 2ª ordem globais como os
locais.
Efeitos de 2ª ordem
Para classificar a estrutura quanto à deslocabilidade
horizontal dos nós, e permitir a avaliação da importância dos
esforços globais de 2ª ordem e suas conseqüências no
projeto estrutural da edificação, estudamos os coeficientes
GAMA Z (γz), P-DELTA e ALFA (α)

● Estruturas de nós fixos (à estruturas indeslocáveis)


● Estruturas de nós móveis (à estruturas deslocáveis)
Efeitos locais de 2ª ordem
Nas barras da estrutura, como um
lance de pilar, os respectivos eixos
não se mantêm retilíneos, surgindo aí
efeitos locais de 2ª ordem que, em
princípio, afetam principalmente os
esforços solicitantes ao longo delas.
Efeitos locais de 2ª ordem
Os efeitos locais de 2ª ordem
dependem basicamente do
índice de esbeltez do pilar
analisado e da compressão a
que ele está submetido.
Efeitos locais de 2ª ordem
A ABNT NBR 6118:2014 define 4 métodos através dos quais
os efeitos locais de 2ª ordem podem ser avaliados:
1. Pilar-padrão com curvatura (1/r) aproximada;
2. Pilar-padrão com rigidez k aproximada;
3. Pilar-padrão acoplado a diagrama N,M,1/r;
4. Método geral.
Esbeltez
A esbeltez (λ) é um parâmetro adotado como referência para
consideração dos efeitos da flambagem em pilares. A
flambagem é um fenômeno de instabilidade de equilíbrio que
pode provocar a ruptura de uma peça submetida à
compressão, antes de se esgotar a sua capacidade
resistente.
Esbeltez
Considerando o índice de esbeltez, os pilares podem ser
classificados em:

a) Pilares curtos, quando λ ≤ λ1;


b) Pilares medianamente esbeltos, quando 35 < λ ≤ 90;
c) Pilares esbeltos, quando 90 < λ ≤ 140;
d) Pilares muito esbeltos, quando 140 < λ ≤ 200;
A ABNT NBR 6118:2014 não admite pilares com índice de esbeltez superior a 200, exceto
aqueles com pouca compressão, força normal inferior a 0,10 * fcd * Ac, por exemplo, os postes.
Esbeltez
a) Pilares curtos, quando λ ≤ λ1

A norma dispensa a verificação dos esforços locais de 2ª


ordem.

b) Pilares medianamente esbeltos, quando 35 < λ ≤ 90

É obrigatória a consideração dos esforços locais de 2ª ordem.


Esbeltez
c) Pilares esbeltos, quando 90 < λ ≤ 140

É obrigatória a consideração dos esforços locais de 2ª ordem


e a consideração da fluência.

d) Pilares muito esbeltos, quando 140 < λ ≤ 200

Na análise dos efeitos locais de 2ª ordem, devem-se


multiplicar os esforços solicitantes finais de cálculo por um
coeficiente adicional γn.
Esbeltez
O índice de esbeltez é definido pela relação:

le é o comprimento equivalente de flambagem do pilar na direção


considerada
i é o raio de giração da seção geométrica do pilar na direção
considerada
Esbeltez
O raio de giração é definido pela relação:

I é o momento de inércia da seção em relação aos eixos baricêntricos


A é a área da seção transversal de concreto
Esbeltez
Para pilares retangulares temos:

le é o comprimento equivalente de flambagem do pilar na direção


considerada
h é a dimensão da seção transversal na direção considerada
Esbeltez
A ABNT NBR 6118 (2014) nos diz que os esforços locais de 2ª
ordem em elementos isolados podem ser desprezados
quando o índice de esbeltez for menor que o valor-limite λ1
estabelecido pela equação:

e1 é a excentricidade de 1ª ordem (não inclui a excentricidade acidental)


h é a dimensão da seção transversal na direção considerada
ab é um coeficiente em função do tipo de pilar de acordo com a ABNT NBR
6118:2014
Comprimento equivalente de flambagem
O comprimento equivalente de
flambagem, de acordo com a ABNT NBR
6118:2014 no item 15.6 é definido por:

lo é a distância entre as faces internas dos elementos


estruturais, supostos horizontais, que vinculam o pilar;
h é dimensão da seção transversal na direção considerada;
l é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos
Fonte: BASTOS (2017)
quais o pilar está vinculado.
Comprimento equivalente de flambagem
O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende
das vinculações na base e no topo, conforme os esquemas
mostrados:

Fonte: BASTOS (2017)


Profº Esp. Emílio Queiroz
equeiroz.vic@ftc.edu.br
(77) 99108-4522

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