Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Concreto Armado I
Material Teórico
Projeto e Dimensionamento de Lajes
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Projeto e Dimensionamento de Lajes
• Introdução;
• Concepção Estrutural;
• Tipos de Lajes Utilizadas em
Estruturas de Concreto Armado;
• Ações nas Lajes: Permanentes e Acidentais;
• Levantamento das Ações Características
Permanentes e das Ações Características Acidentais;
• Determinação das Solicitações Características e Valores de Cálculo;
• Método de Dimensionamento de Czerny.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a concepção estrutural dos tipos de lajes utilizadas em concreto armado e as
ações nas lajes, permanentes e acidentais;
• Conceituar as solicitações características e os valores de cálculo;
• Apresentar o método de dimensionamento de Czerny.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
Introdução
As edificações são estruturas constituídas para diversas finalidades. Em ge-
ral, são construções com pavimentos que são compartimentalizados conforme
a sua utilização.
Concepção Estrutural
As lajes são elementos estruturais planos que possuem duas dimensões muito
maiores que a terceira, que é sua espessura.
Os apoios das lajes, geralmente, são vigas que estão nas suas bordas, embora,
no caso das lajes cogumelo, possam ter como apoio os pilares.
Nos edifícios mais usuais, as lajes maciças têm grande contribuição no consumo
de concreto, sendo de, aproximadamente, 50% do total de concreto consumido na
construção das edificações.
As lajes podem ter três tipos de vínculos em suas bordas (Figura 1):
• Borda livre;
• Borda simplesmente apoiada;
• Borda engastada.
TIPOS DE VÍNCULOS
1 - BORDA LIVRE 3 - BORDA ENGASTADA
NAS BORDAS DE LAJES
2 - BORDA SIMPLESMENTE
APOIADA
8
• Borda Livre: A borda livre caracteriza-se pela ausência de apoio, apresentan-
do, portanto, deslocamentos verticais;
• Borda Simplesmente Apoiada: A borda simplesmente apoiada caracteriza-se
pela existência de apoio, portanto, neste tipo de vinculação, não há desloca-
mentos verticais;
• Borda Engastada: A borda engastada caracteriza-se pela existência de apoio,
que não permite deslocamentos verticais, bem como tem as rotações impedi-
das. Este é o caso, por exemplo, de lajes que apresentam continuidade, sendo
o engastamento promovido pela laje adjacente.
Uma diferença significativa que possa existir entre as espessuras de duas lajes
adjacentes pode limitar a consideração de borda engastada somente para a laje com
menor espessura, admitindo-se simplesmente apoiada a laje com maior espessura.
Devem ser tomados cuidados na consideração dessas vinculações, devendo-se ain-
da analisar a diferença entre os momentos atuantes nas bordas das lajes, quando
consideradas engastadas.
1 2A 2B
3 4A 4B
5A 5B 6
9
9
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
t1 LO t2 LO
t1/2 t2/2
L
• Vão Livre (L0): O vão livre das lajes é a distância entre as faces internas dos
apoios. O vão livre para as lajes em balanço é a distância da extremidade livre
até a face do apoio;
• Vão Efetivo (Lef): O vão efetivo é a distância determinada pela Expressão (1).
Lef L0 a1 a2...1
Onde:
t1
a1 ; 0, 3h ... 2
2
t1
a2 ; 0, 3h ... 3
2
As lajes são armadas em função da relação (Ly/Lx), conforme as Expressões (4) e (5).
Ly
2 laje armada em duas direções... 4
Lx
Ly
2 laje armada em uma direção... 5
Lx
Nas lajes armadas em duas direções, tem-se duas armaduras, que são calculadas
para resistir aos momentos fletores que atuam nessas duas direções ortogonais
(Figura 4).
10
Lx
Ly
As lajes armadas em uma direção também têm armaduras nas duas direções.
A armadura principal, posicionada na direção do menor vão, é calculada para resis-
tir ao momento fletor nessa direção obtido, ignorando-se a existência de momento
fletor da outra direção. Esse tipo de laje é calculado como se fosse um conjunto de
vigas-faixa de um metro de largura, na direção do menor vão (Figura 5).
1m
Lx
Ly
11
11
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
No caso dos edifícios, as lajes ainda atuam como elementos que constituem diafrag-
mas rígidos (elemento de rigidez infinita no seu próprio plano), distribuindo os esforços
horizontais do vento para as estruturas de contraventamento (pórticos, paredes, núcle-
os de rigidez etc.), que são responsáveis pela estabilidade global dos edifícios.
Para determinação das ações atuantes nas lajes, têm-se as normas técnicas da
ABNT NBR6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR
8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas - Procedimentos e NBR 6120:2019
– Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Também, em função da utili-
zação, deve-se ter atenção às ações específicas que podem ocorrer em alguns tipos
de lajes, como, por exemplo, as cargas provenientes de equipamentos mecânicos
ou de máquinas especiais.
12
PAREDES PISO
CONTRAPISO
13
13
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
revestimento geralmente é feita no traço em volume 1:3:4 (cal: cimento: areia), cujo
peso específico é determinado pela norma ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o
cálculo de estruturas de edificações (Expressão 8).
O peso específico da parede pode ser dado em função do peso total da parede,
composta pelos tipos de elementos que compõem a alvenaria e pelas argamassas
de assentamento e de revestimento, ou pelos pesos específicos individuais dos ma-
teriais que a compõe.
A Tabela (2) apresenta alguns exemplos de pesos específicos de diversos mate-
riais que podem compor as paredes de alvenaria.
14
Tabela 2 – Peso Específico Aparente dos Materiais de Construção que Compõem Paredes de Alvenaria
Material Peso Específico Aparente γap (kN/m3)
Blocos vazados de concreto 14
Blocos cerâmicos furados 13
Blocos cerâmicos maciços 18
Blocos Artificiais Blocos de concreto
6,5
celular autoclavado
Blocos de vidro 9
Blocos sílico-calcáreos 20
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cal 12 a 18 (15)
Argamassas Argamassa de cimento e areia 19 a 23 (21)
Argamassa de gesso 12 a 18 (15)
Argamassa autonivelante 24
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações
Ações Variáveis
As ações variáveis, também chamadas de cargas acidentais ou de sobrecargas,
podem ser obtidas na norma ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de
estruturas de edificações.
As sobrecargas são as ações variáveis que podem atuar sobre a estrutura de
edificações em função do seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos
etc.). Elas são cargas verticais que atuam nos pisos de edificações, além das que se
aplicam em caráter especial, e são supostas uniformemente distribuídas, com os
valores mínimos indicados na Tabela (3).
15
15
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
Exemplo 1
Determinar a carga distribuída permanente para a laje de uma sala de um edifí-
cio residencial que é apresentada na Figura (8).
Dados:
• Piso: hPiso = 2,0 cm; γPiso = 10 kN/m3
• Regularização: hRegularização = 3,0 cm; γRegularização = 21 kN/m3
• Laje: hLaje = 10 cm; γLaje = 25 kN/m3
• Revestimento: hRevestimento = 1,5 cm; γRevestimento = 19 kN/m3
• Sala de edifício residencial → q = 1,5 kN/m2
Piso hPiso
Laje hLaje
Revestimento hRevestimento
Solução:
• Carga das Ações Permanentes:
» Laje de Concreto Armado → hLaje x γLaje = 0,10 x 25 = 2,500 kN/m2;
» Piso → hPiso x γPiso = 0,02 x 10 = 0,200 kN/m2;
» Camada de Regularização → hRegularização x γRegularização = 0,03 x 21 = 0,630 kN/m2;
» Revestimento de Teto → hRevestimento x γLaje = 0,015 x 19 = 0,285 kN/m2;
gTOTAL = 3,615 kN/m2.
16
• Carga das Ações Variáveis:
» Sala de edifício residencial → qTOTAL = 1,5 kN/m2
• Carga Total das Ações:
» Carga Total das Ações = Carga das Ações Permanentes + Carga das Ações Va-
riáveis;
» F = gTOTAL + qTOTAL = 3,615 + 1, 500 = 5,115 kN/m2.
PParede Alvenaria e h L
g Parede 9
ALaje ALaje
Sendo:
ALaje Lx Ly...10
Onde:
» gparede: carga uniforme da parede (kN/m2);
» γalvenaria: peso específico da alvenaria (kN/m3);
» e: espessura total da parede (m);
» h: altura total da parede (m);
» L: comprimento da parede sobre a laje (m);
» Lx: menor lado da laje (m);
» Ly: maior lado da laje (m).
• Com Revestimento (Expressão 11).
Parede h L
g Parede 11
ALaje
Sendo:
» γParede = γAlvenaria eAvenaria + γArgamassa eArgamassa ...(12)
Onde:
» gparede: carga uniforme da parede (kN/m2);
17
17
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
Exemplo 2
Determinar a carga distribuída da alvenaria situada sobre uma laje armada em
duas direções apresentada na Figura (9).
Dados:
Parede
2m
3m
Solução:
Ly 3
1, 5 2 laje armada em duas direções
Lx 2
Parede h L 2,14 2, 80 3
gParede 3, 00 kN/m 2
ALaje 3 2
18
Paredes Sobre Lajes Armadas em Uma Direção
Para as lajes que são armadas em uma direção, têm-se duas situações:
• Parede com direção paralela à direção principal da laje (menor vão) (Figura 10).
(2/3) Lx
Lx Parede
I II I
Ly
Neste caso, a laje fica com duas regiões com carregamentos diferentes:
» Região (I): não ocorre a carga da parede;
» Região (II): ocorre a carga da parede (Expressão 13).
PParede 3 PParede
g Parede 13
2 2 Lx 2
x x
L L
3
Sendo:
Onde:
» PParede: peso total da parede;
» Lx: menor vão da laje;
» e: espessura da parede;
» h: altura da parede.
• Parede com direção perpendicular à direção principal (Figura 11).
19
19
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
1m
Parede
P
Lx
Ly
P Alvenaria e h 15
Onde:
» P: peso da alvenaria em um metro de comprimento.
2 - COMBINAÇÕES ÚLTIMAS
ESPECIAIS OU DE CONSTRUÇÃO
20
• Combinações Últimas Normais (Expressão 16)
m n
Fd gi FGi , k q FQ1, k oj FQj , k ...16
i 1 j 2
Onde:
» Fd: valor de cálculo das ações;
» γg: coeficiente de ponderação das ações permanentes;
» FGi,k: valor característico das ações permanentes;
» γq: coeficiente de ponderação das ações variáveis;
» FQ1,k: valor característico da ação variável considerada como ação principal
para a combinação;
» Ψ0j: fator de combinação;
» ΨojFQj,k: valor reduzido de combinação da cada uma das demais ações variáveis.
• Combinações Últimas Especiais ou de Construção (Expressão 17):
m n
Fd gi FGi , k q FQ1, k oj , ef FQj , k ...17
i 1 j 2
Onde:
» FQ1,k: valor característico da ação variável admitida como principal para a
situação transitória considerada;
» Ψ0j,ef: fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que po-
dem agir concomitante com a ação principal FQ1, durante a situação provisória.
Obs.: Ψ0j,ef é igual a Ψ0j adotado nas combinações normais, salvo quando a
ação principal FQ1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que
Ψ0j,ef pode ser tomado com o correspondente Ψ2j.
• Combinações Últimas Excepcionais (Expressão 18):
m n
Fd gi FGi , k FQ , exc q oj , ef FQj , k ...18
i 1 j 2
Onde:
» FQ,exc: valor da ação transitória excepcional.
21
21
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
O momento negativo adotado será o maior valor entre 80% do maior momento
entre as lajes contíguas ou a média entre os dois momentos.
pL2x
mx ...19
x
pL2x
my ... 20
y
pL2x
m bx ... 21
x
22
pL2x
m by ... 22
y
Onde:
» mx: momento fletor positivo na direção x;
» my: momento fletor positivo na direção y;
» mbx: momento fletor negativo de borda na direção x;
» mby: momento fletor negativo de borda na direção y;
» p: carga atuante uniformemente distribuída;
» Lx: menor vão da laje;
» αx, αy, α2, βx, βy: coeficientes tabelados por Czerny.
23
23
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Concreto Armado Eu te Amo Vai para Obra
BOTELHO, M. H. C.; FERRAZ, N. N. Concreto Armado Eu te Amo Vai para
Obra. Volume 1. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015 (e-book).
Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto
FUSCO, P. B.; ONISHI, M. Introdução à engenharia de estruturas de concreto.
São Paulo: Cengage Learning Editores, 2017 (e-book).
Caderno de Receitas de Concreto Armado
NETO, PILOTTO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado – Vol. 1 – Vigas.
São Paulo: LTC, 2017 (e-book).
Caderno de Receitas de Concreto Armado
NETO, PILOTTO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado – Vol. 3 – Lajes.
São Paulo: LTC, 2017 (e-book).
Curso Básico de Concreto Armado
PORTO. T.B.; FERNANDES, D. S. G. Curso Básico de Concreto Armado. São
Paulo: Editora Oficina de Textos, 2014 (e-book).
24
Referências
BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. Volume 1.
8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015 (e-book).
25
25