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Estruturas de

Concreto Armado I
Material Teórico
Projeto e Dimensionamento de Lajes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Projeto e Dimensionamento de Lajes

• Introdução;
• Concepção Estrutural;
• Tipos de Lajes Utilizadas em
Estruturas de Concreto Armado;
• Ações nas Lajes: Permanentes e Acidentais;
• Levantamento das Ações Características
Permanentes e das Ações Características Acidentais;
• Determinação das Solicitações Características e Valores de Cálculo;
• Método de Dimensionamento de Czerny.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a concepção estrutural dos tipos de lajes utilizadas em concreto armado e as
ações nas lajes, permanentes e acidentais;
• Conceituar as solicitações características e os valores de cálculo;
• Apresentar o método de dimensionamento de Czerny.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

Introdução
As edificações são estruturas constituídas para diversas finalidades. Em ge-
ral, são construções com pavimentos que são compartimentalizados conforme
a sua utilização.

Os compartimentos das edificações recebem ações conforme a sua utilização.


Para isso, são construídos elementos divisórios (paredes de alvenaria, divisórias de
painéis etc.), que procuram delimitar as superfícies de cada compartimento.

As estruturas de concreto armado são constituídas de elementos estruturais pla-


nos horizontais, denominados lajes, que definem o piso desses compartimentos.

Concepção Estrutural
As lajes são elementos estruturais planos que possuem duas dimensões muito
maiores que a terceira, que é sua espessura.

As lajes são, em geral, horizontais, sendo a sua principal função a de receber


os carregamentos atuantes no pavimento em que se situam e transferi-los para
os apoios. Esses carregamentos são função da compartimentalização e do uso da
construção como, por exemplo, pessoas, móveis, equipamentos, paredes, veículos.

Os apoios das lajes, geralmente, são vigas que estão nas suas bordas, embora,
no caso das lajes cogumelo, possam ter como apoio os pilares.

Nos edifícios mais usuais, as lajes maciças têm grande contribuição no consumo
de concreto, sendo de, aproximadamente, 50% do total de concreto consumido na
construção das edificações.

As lajes podem ter três tipos de vínculos em suas bordas (Figura 1):
• Borda livre;
• Borda simplesmente apoiada;
• Borda engastada.

TIPOS DE VÍNCULOS
1 - BORDA LIVRE 3 - BORDA ENGASTADA
NAS BORDAS DE LAJES

2 - BORDA SIMPLESMENTE
APOIADA

Figura 1 – Tipos de Vínculos nas Bordas de Lajes


Fonte: Acervo do conteudista

8
• Borda Livre: A borda livre caracteriza-se pela ausência de apoio, apresentan-
do, portanto, deslocamentos verticais;
• Borda Simplesmente Apoiada: A borda simplesmente apoiada caracteriza-se
pela existência de apoio, portanto, neste tipo de vinculação, não há desloca-
mentos verticais;
• Borda Engastada: A borda engastada caracteriza-se pela existência de apoio,
que não permite deslocamentos verticais, bem como tem as rotações impedi-
das. Este é o caso, por exemplo, de lajes que apresentam continuidade, sendo
o engastamento promovido pela laje adjacente.

Uma diferença significativa que possa existir entre as espessuras de duas lajes
adjacentes pode limitar a consideração de borda engastada somente para a laje com
menor espessura, admitindo-se simplesmente apoiada a laje com maior espessura.
Devem ser tomados cuidados na consideração dessas vinculações, devendo-se ain-
da analisar a diferença entre os momentos atuantes nas bordas das lajes, quando
consideradas engastadas.

Na Figura 2 são apresentados os casos de vinculação de lajes, com bordas sim-


plesmente apoiadas e engastadas.

1 2A 2B

Quatro bordas Uma borda menor Uma borda maior


simplesmente apoiadas engastada engastada

3 4A 4B

Duas bordas adjacentes Duas bordas menores Duas bordas maiores


engastadas engastadas engastadas

5A 5B 6

Uma borda maior Uma borda menor Quatro bordas


apoiada apoiada engastadas

Figura 2 – Vinculação de Lajes com Bordas Simplesmente Apoiadas e Engastadas


Fonte: Acervo do conteudista

Tipos de Lajes Utilizadas em


Estruturas de Concreto Armado
Quando se inicia o cálculo de lajes, deve-se determinar os vãos livres (L0), os vãos
efetivos (Lef), bem como a relação entre os vãos efetivos (Figura 3).

9
9
UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

t1 LO t2 LO
t1/2 t2/2
L

Figura 3 – Vãos de Lajes


Fonte: Acervo do conteudista

• Vão Livre (L0): O vão livre das lajes é a distância entre as faces internas dos
apoios. O vão livre para as lajes em balanço é a distância da extremidade livre
até a face do apoio;
• Vão Efetivo (Lef): O vão efetivo é a distância determinada pela Expressão (1).

Lef  L0  a1  a2...1

Onde:

 t1 
a1   ; 0, 3h  ... 2 
2 
 t1 
a2   ; 0, 3h  ... 3
2 

Nas lajes em balanço, o vão efetivo é o comprimento da extremidade da laje até


o centro do apoio.

Em geral, para facilidade do cálculo, é usual considerar os vãos teóricos até os


eixos dos apoios.
• Relação entre os Vãos Efetivos: Para fazer a relação entre os lados de uma
laje, denomina-se (Lx) o menor vão efetivo, e (Ly) o maior vão efetivo.

As lajes são armadas em função da relação (Ly/Lx), conforme as Expressões (4) e (5).

Ly
 2  laje armada em duas direções...  4 
Lx
Ly
 2  laje armada em uma direção... 5 
Lx

Nas lajes armadas em duas direções, tem-se duas armaduras, que são calculadas
para resistir aos momentos fletores que atuam nessas duas direções ortogonais
(Figura 4).

10
Lx

Ly

Figura 4 – Lajes Armadas em Duas Direções


Fonte: Acervo do conteudista

As lajes armadas em uma direção também têm armaduras nas duas direções.
A armadura principal, posicionada na direção do menor vão, é calculada para resis-
tir ao momento fletor nessa direção obtido, ignorando-se a existência de momento
fletor da outra direção. Esse tipo de laje é calculado como se fosse um conjunto de
vigas-faixa de um metro de largura, na direção do menor vão (Figura 5).

1m

Lx

Ly

Figura 5 – Lajes Armadas em Uma Direção


Fonte: Acervo do conteudista

Na laje armada em uma direção, a armadura de distribuição é posicionada na


direção do maior vão. Essa armadura deve ter a seção transversal mínima dada pela
norma ABNT NBR6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.
Como a armadura principal é calculada para resistir à totalidade dos esforços, a
armadura de distribuição tem o objetivo de solidarizar as faixas de laje da direção
principal, prevendo-se, por exemplo, uma eventual concentração de esforços.

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

Ações nas Lajes: Permanentes e Acidentais


As ações, ou carregamentos, que atuam nas lajes podem ser diversos como, por
exemplo: pessoas, mobiliário (mesas, cadeiras, armários etc.), equipamentos fixos
(motores de elevadores, bombas de pressurização, elevadores de veículos etc.), equi-
pamentos móveis (estantes móveis etc.), veículos (automóveis, motocicletas, bicicle-
tas etc.), divisórias, paredes, água (reservatórios, piscinas etc.), solo (jardins etc.).

As lajes recebem as cargas de utilização e as transmitem para os apoios, que


podem ser as vigas existentes em suas bordas, ou diretamente para os pilares, no
caso de lajes cogumelo.

No caso dos edifícios, as lajes ainda atuam como elementos que constituem diafrag-
mas rígidos (elemento de rigidez infinita no seu próprio plano), distribuindo os esforços
horizontais do vento para as estruturas de contraventamento (pórticos, paredes, núcle-
os de rigidez etc.), que são responsáveis pela estabilidade global dos edifícios.

Para determinação das ações atuantes nas lajes, têm-se as normas técnicas da
ABNT NBR6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR
8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas - Procedimentos e NBR 6120:2019
– Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Também, em função da utili-
zação, deve-se ter atenção às ações específicas que podem ocorrer em alguns tipos
de lajes, como, por exemplo, as cargas provenientes de equipamentos mecânicos
ou de máquinas especiais.

Geralmente, nas edificações mais comuns, as principais ações a serem conside-


radas são (Figura 6):
• Ações permanentes (g);
• Ações variáveis (q), também chamadas de cargas acidentais.

AÇÕES NAS LAJES DE AÇÕES VARIÁVEIS


AÇÕES PERMANENTES
EDIFICAÇÕES (CARGAS ACIDENTAIS)

Figura 6 – Ações nas Lajes de Edificações


Fonte: Acervo do conteudista

As principais ações permanentes diretas são (Figura 7):


• Peso próprio da laje;
• Contrapiso;
• Revestimento do teto;
• Piso;
• Paredes.

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PAREDES PISO

AÇÕES PERMANENTES NAS


PESO PRÓPRIO DAS LAJES REVESTIMENTO DO TETO
LAJES DE EDIFICAÇÕES

CONTRAPISO

Figura 7 – Ações Permanentes nas Lajes de Edificações


Fonte: Acervo do conteudista

Ação Permanente Direta – Peso Próprio da Laje


O peso próprio da laje é o peso do concreto armado que constitui a laje ma-
ciça (concreto e armaduras de aço). O peso próprio das lajes maciças com es-
pessura constante é uniformemente distribuído na área da laje. A norma ABNT
NBR6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, indica o peso
específico do concreto armado como sendo o valor apresentado na Expressão (6).

γconc = 25 kN/m3 ...(6)

Ação Permanente Direta – Contrapiso


Quando a laje é concretada, a sua superfície superior geralmente fica irregular.
Essa condição faz com que seja necessário aplicar uma camada de argamassa para
sua regularização e nivelamento, preparando-a para receber o revestimento final do
piso. Essa camada colocada logo acima do concreto da superfície superior das lajes
recebe o nome de contrapiso, ou argamassa de regularização.

As lajes que são concretadas utilizando-se níveis a laser e réguas vibratórias, ou


bambolês, não necessitam da camada de regularização.

A espessura do contrapiso pode variar, recomendando-se adotar no cálculo es-


trutural uma espessura não inferior a 3 cm. A argamassa do contrapiso, geralmen-
te, é feita no traço em volume 1:3 (cimento: areia), cujo peso específico é determi-
nado pela norma ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de
edificações (Expressão 7).

γcontrapiso = 21 kN/m3 ...(7)

Ação Permanente Direta – Revestimento do Teto


Na superfície inferior das lajes (teto do pavimento inferior), geralmente é
executada uma camada de revestimento de argamassa, sobreposta a uma camada
fina de chapisco. A espessura do revestimento pode variar, recomendando-se
adotar no cálculo estrutural uma espessura não inferior a 1,5 cm. A argamassa de

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

revestimento geralmente é feita no traço em volume 1:3:4 (cal: cimento: areia), cujo
peso específico é determinado pela norma ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o
cálculo de estruturas de edificações (Expressão 8).

γrevestimento = 19 kN/m3 ...(8)

Ação Permanente Direta – Piso


O piso é o revestimento final na superfície superior da laje, sendo assentado
sobre a argamassa de regularização. Para a sua correta quantificação é necessário
definir o tipo ou material do qual o piso é composto, o que normalmente é feito
com o memorial descritivo que acompanha o projeto arquitetônico. O tipo de piso
pode variar para cada ambiente da edificação.

Os tipos mais comuns de piso são os de madeira, de cerâmica, carpetes ou for-


rações, e de rochas (granito, mármore etc.). A Tabela (1) apresenta alguns exemplos
de pesos específicos de diversos materiais que podem ser utilizados como revesti-
mento final de pisos.

Tabela 1– Peso Específico Aparente dos Materiais de Construção


Material Peso Específico Aparente γap (kN/m3)
Ardósia 28
Rochas naturais Granito, sienito , pórfirio 27 a 30 (28,5)
Mármore e calcário 28
Lajotas cerâmicas 18
Pisos
Porcelanato 25
Louro, Imbuia, Pau Óleo 6,5
Madeiras
Angico, Cabriúva 10
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações

Ação Permanente Direta – Paredes


A carga que é proveniente das paredes que estão apoiadas sobre as lajes maciças
deve ser determinada em função do tipo de armação da laje (armada em uma ou
em duas direções).

Através do memorial descritivo do projeto de arquitetura é possível conhecer


os tipos de elementos que compõem a parede de alvenaria (tijolo maciço de barro
recozido, bloco etc.).

O projeto de arquitetura fornece a espessura e a altura da parede, bem como a


sua disposição e extensão sobre cada laje.

O peso específico da parede pode ser dado em função do peso total da parede,
composta pelos tipos de elementos que compõem a alvenaria e pelas argamassas
de assentamento e de revestimento, ou pelos pesos específicos individuais dos ma-
teriais que a compõe.
A Tabela (2) apresenta alguns exemplos de pesos específicos de diversos mate-
riais que podem compor as paredes de alvenaria.

14
Tabela 2 – Peso Específico Aparente dos Materiais de Construção que Compõem Paredes de Alvenaria
Material Peso Específico Aparente γap (kN/m3)
Blocos vazados de concreto 14
Blocos cerâmicos furados 13
Blocos cerâmicos maciços 18
Blocos Artificiais Blocos de concreto
6,5
celular autoclavado
Blocos de vidro 9
Blocos sílico-calcáreos 20
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cal 12 a 18 (15)
Argamassas Argamassa de cimento e areia 19 a 23 (21)
Argamassa de gesso 12 a 18 (15)
Argamassa autonivelante 24
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações

Ações Variáveis
As ações variáveis, também chamadas de cargas acidentais ou de sobrecargas,
podem ser obtidas na norma ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de
estruturas de edificações.
As sobrecargas são as ações variáveis que podem atuar sobre a estrutura de
edificações em função do seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos
etc.). Elas são cargas verticais que atuam nos pisos de edificações, além das que se
aplicam em caráter especial, e são supostas uniformemente distribuídas, com os
valores mínimos indicados na Tabela (3).

Tabela 4 – Cargas Variáveis


Carga Uniformemente
Local
Distribuída (kN/m2)
Dormitórios 1,5
Sala, copa, cozinha 1,5
Sanitários 1,5
Edifícios Residenciais Despensa, área de serviço e lavanderia 2
Quadras esportivas 5
Salão de festas, salão de jogos 3
Áreas de uso comum 3
Salas de uso geral e sanitários 2,5
Regiões de arquivos deslizantes 5
Edifícios Comerciais,
Corporativos e Call center 3
de Escritórios Corredores dentro de unidades autônomas 2,5
Corredores de uso comum 3
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas de edificações

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

Levantamento das Ações


Características Permanentes
e das Ações Características Acidentais
As ações características que atuam nas estruturas dependem da finalidade de
cada tipo de estrutura.

Exemplo 1
Determinar a carga distribuída permanente para a laje de uma sala de um edifí-
cio residencial que é apresentada na Figura (8).

Dados:
• Piso: hPiso = 2,0 cm; γPiso = 10 kN/m3
• Regularização: hRegularização = 3,0 cm; γRegularização = 21 kN/m3
• Laje: hLaje = 10 cm; γLaje = 25 kN/m3
• Revestimento: hRevestimento = 1,5 cm; γRevestimento = 19 kN/m3
• Sala de edifício residencial → q = 1,5 kN/m2

Piso hPiso

Camada de Regularização hRegularização

Laje hLaje

Revestimento hRevestimento

Figura 8 – Laje do Exemplo 1


Fonte: Acervo do conteudista

Solução:
• Carga das Ações Permanentes:
» Laje de Concreto Armado → hLaje x γLaje = 0,10 x 25 = 2,500 kN/m2;
» Piso → hPiso x γPiso = 0,02 x 10 = 0,200 kN/m2;
» Camada de Regularização → hRegularização x γRegularização = 0,03 x 21 = 0,630 kN/m2;
» Revestimento de Teto → hRevestimento x γLaje = 0,015 x 19 = 0,285 kN/m2;
gTOTAL = 3,615 kN/m2.

16
• Carga das Ações Variáveis:
» Sala de edifício residencial → qTOTAL = 1,5 kN/m2
• Carga Total das Ações:
» Carga Total das Ações = Carga das Ações Permanentes + Carga das Ações Va-
riáveis;
» F = gTOTAL + qTOTAL = 3,615 + 1, 500 = 5,115 kN/m2.

Paredes Sobre Lajes Armadas em Duas Direções


Para as lajes que são armadas em duas direções, considera-se simplificadamente
a carga da parede uniformemente distribuída na área da laje. A carga é o peso total
da parede dividido pela área da laje.
• Sem Revestimento (Expressão 9).

PParede  Alvenaria e h L
g Parede   9
ALaje ALaje

Sendo:

ALaje  Lx  Ly...10 

Onde:
» gparede: carga uniforme da parede (kN/m2);
» γalvenaria: peso específico da alvenaria (kN/m3);
» e: espessura total da parede (m);
» h: altura total da parede (m);
» L: comprimento da parede sobre a laje (m);
» Lx: menor lado da laje (m);
» Ly: maior lado da laje (m).
• Com Revestimento (Expressão 11).

 Parede h L
g Parede   11
ALaje

Sendo:
» γParede = γAlvenaria eAvenaria + γArgamassa eArgamassa ...(12)

Onde:
» gparede: carga uniforme da parede (kN/m2);

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

» γParede: peso específico da parede (kN/m2);


» γAlvenaria: peso específico da alvenaria (kN/m3);
» eAlvenaria: espessura da alvenaria (m);
» γArgamassa: peso específico da argamassa (kN/m3);
» eArgamassa: espessura da argamassa (m).

Exemplo 2
Determinar a carga distribuída da alvenaria situada sobre uma laje armada em
duas direções apresentada na Figura (9).

Dados:

Tijolos → γTijolos = 13 kN/m3;

Revestimento → Argamassa em ambos os lados da parede;

→ γRevestimento = 21 kN/m3; eRevestimento = 2 cm;

Altura da parede → h = 2,80 m;

Espessura da parede → ealvenaria = 10 cm.

Parede
2m

3m

Figura 9 – Laje do Exemplo 2


Fonte: Acervo do conteudista

Solução:

Ly 3
  1, 5  2  laje armada em duas direções
Lx 2

 Parede   Alvenaria e Alvenaria   Argamassa e Argamassa

 Parede  13  0,10  2  21  0, 02   2,14 kN/m 2

 Parede h L 2,14  2, 80  3
gParede    3, 00 kN/m 2
ALaje 3 2

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Paredes Sobre Lajes Armadas em Uma Direção
Para as lajes que são armadas em uma direção, têm-se duas situações:
• Parede com direção paralela à direção principal da laje (menor vão) (Figura 10).

(2/3) Lx

Lx Parede
I II I

Ly

Figura 10 – Parede na Direção Principal de Laje Armada em Uma Direção


Fonte: Acervo do conteudista

Neste caso, a laje fica com duas regiões com carregamentos diferentes:
» Região (I): não ocorre a carga da parede;
» Região (II): ocorre a carga da parede (Expressão 13).

PParede 3 PParede
g Parede    13
2  2 Lx 2
 x  x 
L L
3 

Sendo:

PParede   Alvenaria e h Lx  14 

Onde:
» PParede: peso total da parede;
» Lx: menor vão da laje;
» e: espessura da parede;
» h: altura da parede.
• Parede com direção perpendicular à direção principal (Figura 11).

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

1m

Parede
P
Lx

Ly

Figura 11 – Parede Perpendicular à Direção Principal de Laje Armada em uma Direção


Fonte: Acervo do conteudista

Neste caso, a alvenaria será uma carga concentrada (Expressão 15).

P   Alvenaria e h  15 

Onde:
» P: peso da alvenaria em um metro de comprimento.

Determinação das Solicitações


Características e Valores de Cálculo
Conforme a norma ABNT NBR8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas –
Procedimento, as combinações últimas das ações podem ser (Figura 12):
• Combinações Últimas Normais;
• Combinações Últimas Especiais ou de Construção;
• Combinações Últimas Excepcionais.

1 - COMBINAÇÕES COMBINAÇÕES 3 - COMBINAÇÕES


ÚLTIMAS NORMAIS ÚLTIMAS DAS AÇÕES ÚLTIMAS EXCEPCIONAIS

2 - COMBINAÇÕES ÚLTIMAS
ESPECIAIS OU DE CONSTRUÇÃO

Figura 12 – Combinações Últimas das Ações


Fonte: Acervo do conteudista

20
• Combinações Últimas Normais (Expressão 16)

m  n 
Fd    gi FGi , k   q  FQ1, k   oj FQj , k ...16 
i 1  j 2 

Onde:
» Fd: valor de cálculo das ações;
» γg: coeficiente de ponderação das ações permanentes;
» FGi,k: valor característico das ações permanentes;
» γq: coeficiente de ponderação das ações variáveis;
» FQ1,k: valor característico da ação variável considerada como ação principal
para a combinação;
» Ψ0j: fator de combinação;
» ΨojFQj,k: valor reduzido de combinação da cada uma das demais ações variáveis.
• Combinações Últimas Especiais ou de Construção (Expressão 17):

m  n 
Fd    gi FGi , k   q  FQ1, k   oj , ef FQj , k ...17 
i 1  j 2 

Onde:
» FQ1,k: valor característico da ação variável admitida como principal para a
situação transitória considerada;
» Ψ0j,ef: fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que po-
dem agir concomitante com a ação principal FQ1, durante a situação provisória.

Obs.: Ψ0j,ef é igual a Ψ0j adotado nas combinações normais, salvo quando a
ação principal FQ1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que
Ψ0j,ef pode ser tomado com o correspondente Ψ2j.
• Combinações Últimas Excepcionais (Expressão 18):

m n
Fd    gi FGi , k  FQ , exc   q  oj , ef FQj , k ...18 
i 1 j 2

Onde:
» FQ,exc: valor da ação transitória excepcional.

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

Método de Dimensionamento de Czerny


O Método de Czerny é um dos métodos de cálculo para lajes armadas em duas
direções. Ele é baseado na Teoria da Elasticidade, em que os momentos fletores
positivos e negativos são dados por equações específicas.

Czerny desenvolveu esse método simplificado para o cálculo de lajes maciças, o


qual consiste em tabelas semi-empíricas que foram baseadas na Teoria da Elasticidade.

O cálculo dos momentos fletores e dos deslocamentos utilizando as Tabelas de


Czerny não leva em consideração a rigidez à torção das lajes. Essa condição simpli-
fica a análise da estrutura, pois considera as lajes como painéis isolados, apoiados
em vigas indeformáveis.

As tabelas de Czerny são utilizadas de acordo com as condições de contorno de


cada laje e a carga atuante em cada estrutura.

As condições de contorno (apoios) usualmente empregadas no cálculo são repre-


sentadas na Figura 1.

Os momentos fletores e o deslocamento imediato no meio do vão (flecha) são


calculados através das Expressões (19, 20, 21, 22 e 23), sendo L x sempre o menor
vão da laje.

Como as Tabelas de Czerny determinam momentos fletores isolados em bordas


que são contínuas em um painel de lajes, torna-se necessário uniformizar esses
momentos negativos atuantes nessas regiões de continuidade de lajes.

O momento negativo adotado será o maior valor entre 80% do maior momento
entre as lajes contíguas ou a média entre os dois momentos.

A correção dos momentos positivos é realizada da seguinte maneira: soma-se o


momento positivo da laje em questão à metade da diferença entre o momento ne-
gativo e o momento negativo corrigido da laje na direção que está sendo calculado.
Tal correção somente será realizada se o momento sofrer acréscimo, do contrário
permanece o calculado inicialmente.

pL2x
mx  ...19 
x

pL2x
my  ... 20 
y

pL2x
m bx   ... 21
x

22
pL2x
m by   ... 22 
y

Onde:
» mx: momento fletor positivo na direção x;
» my: momento fletor positivo na direção y;
» mbx: momento fletor negativo de borda na direção x;
» mby: momento fletor negativo de borda na direção y;
» p: carga atuante uniformemente distribuída;
» Lx: menor vão da laje;
» αx, αy, α2, βx, βy: coeficientes tabelados por Czerny.

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UNIDADE Projeto e Dimensionamento de Lajes

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Concreto Armado Eu te Amo Vai para Obra
BOTELHO, M. H. C.; FERRAZ, N. N. Concreto Armado Eu te Amo Vai para
Obra. Volume 1. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015 (e-book).
Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto
FUSCO, P. B.; ONISHI, M. Introdução à engenharia de estruturas de concreto.
São Paulo: Cengage Learning Editores, 2017 (e-book).
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NETO, PILOTTO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado – Vol. 3 – Lajes.
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Referências
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