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Eu, Mario Henrique Hidalgo de Almeida, sito à Rua Leonardo Gomes de Castro
número 105, CPF 05905053944, venho por meio deste solicitar ao TCE Pr e PGE Pr para
instaurar um processo visando a autotutela da Administração Pública pelo TCE Pr e a
ilegalidade imposta pela Administração Pública do Paraná em meu caso concreto, onde
tenho tido sérios prejuízos em decorrência deste desvio de legalidade que alterou minha
função de ingresso em concurso público por outra totalmente diversa que nem se quer foi
criada por lei:
Neste e-protocolo (18.806.198-2), que se estende por mais de um ano, a princípio
a Administração Pública pensou que minha função de ingresso por intermédio do
concurso público Seap n° 115/2009 era a de assistente de farmácia e que as atribuições
desta suposta função eram para assistente de farmácia conforme edital de concurso. Mas
já foi reconhecido este primeiro equívoco, de que o edital de concurso não pode legislar e
criar atribuições, e conforme descrito após analisarem esta situação, foi declarado que
minha função legal é ASSISTENTE DE EXECUÇÃO com atribuição prevista em lei,
atribuição esta, totalmente diferente da assistente de farmácia, e ainda, a função
assistente de farmácia não foi criada por lei até o presente momento, o que tornaria
inviável a mudança da minha função ASSISTENTE DE EXECUÇÃO para a suposta
função assistente de farmácia que nem se quer existe no mundo jurídico conforme
demonstrarei. Além deste reconhecimento por meio deste protocolo, na seguida da
descrição do reconhecimento foi colocado minha devida atribuição da função que
ingressei mediante concurso que está prevista pela Resolução N°5.822/05, inclusive a
pessoa colocou esta função na Fl. 78 MOV. 36, vou detalhar neste documento e
demonstrar mais uma vez que NÃO são similares. Por isto, vou trazer por tópicos um
delineamento para reforçar o ato ilegal da administração pública que já foi reconhecido,
mas que ainda não foi devolvida minha função de direito. Já coloquei neste protocolo
também que além dos problemas acarretados a minha função, estou percebendo
problemas físicos e emocional, e também prejuízo financeiro. Vejamos por pontos:
A minha função que estou requerendo a devida restituição, isto é, para Assistente
de Execução, esta é uma função legítima, que surgiu no mundo jurídico através da
Resolução N°5.822/05, e como eu disse, ela segue ativa com vários servidores efetivos,
colegas de profissão, mas a suposta função assistente de farmácia é ilegítima, e
conforme o princípio da legalidade e as leis baixo citadas, vou demonstrar esta
ilegalidade:
Na tentativa de aperfeiçoar a atuação de órgãos públicos, não é raro que entes
federativos promovam reestruturação de carreiras, valendo-se do seu poder impositivo,
mediante a criação e extinção de cargos, sua transformação, estabelecimento de classes,
transposição de cargos para novo quadro estrutural e fixação de nova política
remuneratória. O fundamento normativo para tais providências encontra-se no artigo 48, X
da Constituição da República, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32/01.
Segundo o referido dispositivo, cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do
Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção dos cargos empregos e
funções públicas. Mas como vimos, não cumpriram a lei e ainda mais grave, não criaram
a função assistente de farmácia no mundo jurídico:
A transcrita norma constitucional, que em razão do princípio da simetria vincula
todos os níveis da federação, fixa depender de lei a formação de novos cargos na
estrutura funcional, sua eliminação ou sua transformação, ressalvada apenas a hipótese
do art. 84, VI, ‘b’ da CR, dispositivo que permite ao Chefe do Executivo promover a
extinção de cargo público vago, por meio de ato administrativo. Afastada a hipótese do
artigo 84, VI, ‘b’ da Constituição, a criação, a disciplina, a transformação e a extinção do
cargo público fazem-se necessariamente por lei, sendo nesse mesmo sentido o
ensinamento de Marçal Justen Filho:
“A criação e a disciplina do cargo público faz-se necessariamente por lei no sentido de
que a lei deverá contemplar a disciplina essencial e indispensável. Isso significa
estabelecer o núcleo das competências, dos poderes, dos deveres, dos direitos, do modo
de investidura e das condições de exercício das atividades. Portanto, não basta uma lei
estabelecer, de modo simplista, que ‘fica criado o cargo de servidor público”.
Exige-se que a lei promova a discriminação das competências e a inserção dessa
posição jurídica no âmbito da organização administrativa, determinando as regras que
dão identidade e diferenciam a referida posição jurídica.”
Seguindo este entendimento, na lei 8112/1990 em seu art.3° diz que:
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
efetivo ou em comissão”.
E ainda, temos um acórdão que diz:
“ Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 2ª Câmara,
ACORDAM, por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos e com fundamento
nos arts. 71, inciso III, da Constituição Federal, 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, e 260, §§ 1º e 2º,
do Regimento Interno, em considerar legal, para fins de registro, o ato de admissão de pessoal de
omissis e fazer a determinação constante do item 1.8 abaixo.
1.8. Determinar à omissis que se abstenha de nomear servidor em vaga cujo
dispositivo legal que a origina ainda não tenha sido publicado em Diário Oficial da
União. (TCU, Acórdão nº 5.733/2018, 2ª Câmara, j. em 17.07.2018.)” (Grifei).
Por que estou trazendo esta legislação?
Pois até o presente momento não houve se quer uma resolução que criasse a
suposta função assistente de farmácia. Ao criar o QPSS, foram colocados os perfis
profissiográficos das funções que constariam no QPPE, porém, ninguém legislou sobre a
função assistente de farmácia até o presente momento, os outros cargos e funções já
tinham suas respectivas resoluções criadas, ou seja, todos os outros já estão amparados
por lei, mas a suposta função assistente de farmácia NÃO É LEGITIMA. Extinguiram
(pela Lei 20199/2020) ao vagar, uma função (assistente de farmácia) que nem se quer
existe/existiu no mundo jurídico, o que torna ainda mais grave a questão. No site
(https://www.administracao.pr.gov.br/Recursos-Humanos/Pagina/Perfil-Profissiografico-
QPPE) é possível conhecer a resolução que criou cada função pública, porém, não há lei
que torna legal a suposta função assistente de farmácia.
A motivação de criar um cargo, que como vimos, precisa de ser por meio de lei,
precisa ter fundamento, o que não se explica para o caso concreto, pois mesmo se
tivesse realmente sido criado por lei a função assistente de farmácia, para trazer uma
função nova para uma demanda fundamentada e atual, esta motivação se esvaziaria com
a sua extinção ao vagar em poucos meses da suposta existência. Por outro lado, a função
Assistente de Execução segue ativa, É LEGITIMA, e meus colegas de função seguem
ativos nela e inclusive tiveram um aumento FINANCEIRO muito significativo
recentemente. Ou seja, não extinguiu-se uma função que pudesse estar ultrapassada,
colocando TODOS os servidores desta função extinta num reenquadramento para uma
nova função criada que atendesse a necessidade da Administração Pública. Não,
realmente isto não ocorreu, simplesmente a Administração Pública usou de uma força
autoritária impondo uma ilegalidade sobre meu caso concreto sem legitimidade alguma.
Estes fatos só apontam para um único caminho, a impossibilidade de reenquadramento. A
mudança da função Assistente de Execução para a função assistente de farmácia (que
nem existe no mundo jurídico) é ato administrativo ILEGAL.
Mesmo que todos estas questões anteriores tivessem sido dentro da conformidade
legal, o fato de não terem cumprido com o prazo legal já tornaria nulo este ato de
mudança de função.
A lei que criou o Quadro Próprio dos Servidores da secretária de Estado da Saúde-
QPSS (Lei 18136- 03 de julho de 2014) trouxe em seu art. 3° e §3°, que: “A mudança de
função será regulamentada por ato conjunto dos titulares das Secretarias de Estado da
Administração e da Previdência- SEAP e da SESA, EM ATÉ 90 DIAS, a contar da data da
publicação desta lei”. E somente em 17 de junho de 2016 houve a publicação da
resolução Conjunta SEAP/SESA N°10, mas apesar da resolução em conjunta ser criada,
não houve ato normativo para legitimar algum tipo de transformação de função, apenas
manteve-se as funções existentes e criou-se um perfil profissiográfico para uma função
que não existe no mundo jurídico, isto é, assistente de farmácia. A lei é taxativa em
relação ao prazo, o que tira os efeitos desta suposta transformação no qual fui submetido.
O tema foi profundamente debatido e há muito se encontra sedimentado no âmbito
do STF. É o que dispõe o verbete da súmula vinculante 43: "É inconstitucional toda
modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido".
Neste protocolo (18.806.198-2), vocês reconheceram que não foi criado até o
momento o ato para normatizar e legalizar uma mudança de função, conforme fls 10
mov.3: “[...] Seguindo o entendimento previsto, o artigo disciplina que a mudança
deve ser regulamentada por ato conjunto da SESA e SEAP e, até o presente
momento, não fora editado ato regulatório para o atendimento da solicitação”.
Maria Fernanda Pires de Carvalho Pereira e Tatiana Martins da Costa Camarão ensinam
sobre a transformação de cargos públicos:
“A transformação de cargo público pressupõe a existência da lei, e se dá pela extinção do
cargo anterior e criação do novo. Podem ser providos por concurso ou por simples enquadramento
dos servidores já integrantes da Administração, mediante apostila de seus atos de nomeação. Assim,
a investidura nos novos cargos poderá ser originária ( para os estranhos ao serviço público) ou
derivada (para os servidores que forem enquadrados), desde que preencham os requisitos da lei”.