Você está na página 1de 8

Londrina, 20 de abril de 2023.

Eu, Mario Henrique Hidalgo de Almeida, sito à Rua Leonardo Gomes de Castro
número 105, CPF 05905053944, venho por meio deste solicitar ao TCE Pr e PGE Pr para
instaurar um processo visando a autotutela da Administração Pública pelo TCE Pr e a
ilegalidade imposta pela Administração Pública do Paraná em meu caso concreto, onde
tenho tido sérios prejuízos em decorrência deste desvio de legalidade que alterou minha
função de ingresso em concurso público por outra totalmente diversa que nem se quer foi
criada por lei:
Neste e-protocolo (18.806.198-2), que se estende por mais de um ano, a princípio
a Administração Pública pensou que minha função de ingresso por intermédio do
concurso público Seap n° 115/2009 era a de assistente de farmácia e que as atribuições
desta suposta função eram para assistente de farmácia conforme edital de concurso. Mas
já foi reconhecido este primeiro equívoco, de que o edital de concurso não pode legislar e
criar atribuições, e conforme descrito após analisarem esta situação, foi declarado que
minha função legal é ASSISTENTE DE EXECUÇÃO com atribuição prevista em lei,
atribuição esta, totalmente diferente da assistente de farmácia, e ainda, a função
assistente de farmácia não foi criada por lei até o presente momento, o que tornaria
inviável a mudança da minha função ASSISTENTE DE EXECUÇÃO para a suposta
função assistente de farmácia que nem se quer existe no mundo jurídico conforme
demonstrarei. Além deste reconhecimento por meio deste protocolo, na seguida da
descrição do reconhecimento foi colocado minha devida atribuição da função que
ingressei mediante concurso que está prevista pela Resolução N°5.822/05, inclusive a
pessoa colocou esta função na Fl. 78 MOV. 36, vou detalhar neste documento e
demonstrar mais uma vez que NÃO são similares. Por isto, vou trazer por tópicos um
delineamento para reforçar o ato ilegal da administração pública que já foi reconhecido,
mas que ainda não foi devolvida minha função de direito. Já coloquei neste protocolo
também que além dos problemas acarretados a minha função, estou percebendo
problemas físicos e emocional, e também prejuízo financeiro. Vejamos por pontos:

1- MINHA FUNÇÃO DE INGRESSO FOI FINALMENTE RECONHECIDA:

Acreditou-se inicialmente que eu prestei concurso para função assistente de


farmácia, que nem existia na época de 2009, mas como veremos no Ponto 3, nem
podemos se quer aceitar esta função que até o presente momento não existe no mundo
jurídico. Contudo, neste protocolo (18.806.198-2), depois de averiguarem, a
Administração Pública reconheceu minha função, conforme consta na Fl. 76 Mov. 35: “[...]
desta forma, é necessário aqui deixar claro que o QPPE não contemplou a função
ASSISTENTE DE FARMÁCIA. Portanto, não há que se falar, em relação ao edital do
concurso, em função “Assistente de Farmácia” uma vez que a função de ingresso do
candidato, conforme Lei nº 13.666/2002, é de ASSISTENTE DE EXECUÇÃO [...]”.
Quando eu questionei do ponto de vista legal, tiveram que rever e admitir minha
função, pois o nome da função assistente de farmácia só surgiu quando em 2014 criaram
o quadro dos servidores da Secretária de Saúde, isto é, QPSS, e nesta época eu já tinha
5 anos de efetivo exercício na função que assinei meu Termo de Posse, ASSISTENTE DE
EXECUÇÃO, comprovado pelos meus holerites, Termo de Posse, entre outros
documentos. Porém, outra falha que apontarei logo mais é que a “suposta função
assistente de farmácia” não foi criada por lei, o que torna impossível a sua existência.
Quando finalmente admitiram minha função ASSISTENTE DE EXECUÇÃO, colocaram
também o perfil profissiográfico a que prestei o concurso e ingressei no serviço
publico, conforme Fls78 Mov. 36, e este perfil que vocês mesmos confirmam nesta
página do protocolo, dá para notar tamanha diferença entre as duas funções como
mostrarei no Ponto 2.

2- Não há similaridades entre as duas funções: \\\\\\\\\\Cargo Agente de Execução e


função Assistente de Execução e o Cargo Promotor Saúde Execução e função
assistente de farmácia:

Primeiramente, já foi reconhecido pela Administração Pública que não há


similaridade, e não há amparo legal para mudança da função que havia no QPPE para o
QPSS:
No Protocolo n° 13.539.994-9 Despacho n° 318/2015 – PGE, foi aprovado o
Parecer n° 01/2015-PGE, onde fica claro ilegalidade de reenquadrar servidores sem
processo legal por meio de concurso, em funções novas, com novas tabelas salariais,
novo quadro, e etc, conforme:
Página 5 do Parecer n°01/2015 foi reconhecido a ilegalidade do reenquadramento em
questão:
[...]“O que ocorreu, na espécie, foi a transformação […]”.
Vou ratificar este ponto e depois continuar neste parecer, pois como foi dito, foi realizado
uma transformação, e a lei 18.136/2014 Art. 14 e §3°A mudança de função será
regulamentada, por ato conjunto dos titulares das Secretarias de Estado da Administração
e da Previdência – SEAP e da Saúde – SESA, em até 90 dias, a contar da data da
publicação desta lei.
Ou seja, não foi cumprida a lei para que a transformação fosse viável, mas além do
prazo, trarei outras questões que também são necessárias e não tem legitimidade para o
ato. Voltando…
[...]“O que ocorreu, na espécie, foi a transformação de parte dos cargos efetivos
integrantes do QPPE, mediante aproveitamento dos servidores (alocados na SESA),
em cargos de Promotor de Saúde Profissional, Promotor de Saúde Execução ou
Promotor de Saúde Profissional, todos integrantes da nova carreira e do novo
quadro funcional. Essa forma de reorganização da estrutura funcional da
Administração Pública é assim tratada pela doutrina: Como é sabido, o instituto da
transformação pressupõe, na maioria das vezes, uma reformulação do quadro
funcional de determinado órgão ou entidade, com a especificação das funções
inerentes ao cargo extinto na nova estrutura organizacional, com outro nome, e
consequente alteração das simbologias determinadoras dos vencimentos.
(Aqui também ratifico que não extinguiram a função Assistente de Execução, ela
continua ativa com colegas de trabalho efetivos nela).
Note-se que, muito embora o artigo 11 da Lei tenha buscado preservar a
“equivalência” entre os cargos do QPPE com aqueles do QPSS, o novo quadro
contempla trajetória funcional específica para a carreira de Promotor de Saúde,
com tabela de remuneração distinta daquela em vigor no âmbito do QPPE (art. 4°,
§2°, Anexo I da Lei 18.136/2014) e com requisitos para promoção e progressão
próprios. Portanto, em que pese seja possível sustentar-se a constitucionalidade da
reorganização proposta pelo art. 11 da Lei n° 18.136/201412, não é admissível
conceber-se que, na hipótese, ocorreu a tão só mudança de
nomenclatura dos cargos e carreiras integrantes do QPPE - até porque,
como se disse, tais cargos e carreiras continuam existindo por força da Lei n°
13.666/2002. Não se desconhece a intenção da Administração Pública em enaltecer
os servidores alocados na Secretaria de Estado da Saúde-SESA. Entretanto, à luz
dos dispositivos da Lei n° 18.136/2014, o aproveitamento dos servidores alocados
na SESA (seja com fulcro no art. 11 ou no art. 14 da norma) deu-se em carreira e
cargos diversos daqueles integrantes do QPPE e, até então, inexistentes no âmbito
da Administração Pública Estadual”.
Disto posto, coloco ainda que as funções do meu caso concreto são totalmente
distintas, conforme vou expor mais abaixo, e ainda, outro fato que colocarei mais abaixo,
a suposta função assistente de farmácia nem se quer existe no mundo jurídico, pois nem
foi criada por lei!
Tentaram num momento vir com este discurso que era meramente mudança de
nomenclatura apenas, mas como já reconhecido pela PGE, NÃO É SOMENTE
MUDANÇA de NOMENCLATURA, mudou-se todo o quadro, remuneração… e ainda, vou
colocar agora abaixo o perfil profissiográfico das duas funções para testemunharem o
quão são diferentes.
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI N°698568-8, foi julgado
inconstitucional, aqui no Paraná, um caso que ainda que fossem do mesmo cargo,
as funções não são as mesmas, não podendo enquadrar servidores de funções
diferentes. Mas, o meu caso concreto é ainda mais grave, já que são quadros
diferentes, cargos e funções diferentes, remunerações diferentes e tudo mais.
E ainda, neste protocolo pensaram que inicialmente eu estivesse solicitando o inverso, de
que eu queria que a Administração Pública mudasse minha função de assistente de
farmácia para Assistente Administrativo, e vocês responderam que sem concurso não
seria possível por se tratarem de funções diferentes, e testificaram:
fl.25 mov. 9: “Tendo em vista que foi suscitada, na manifestação de fls. 09 (mov. 3),
a questão da ”mudança de função””, previsto no art. 3º, §2º, da Lei nº 18.136/2014,
cumpre informar as seguintes situações acerca deste instituto: 1. Sua efetivação
depende de ato infralegal, consoante disposição dos §2º e 3º do mesmo
dispositivo, o que não ocorreu até a presente data, não sendo possível, portanto,
qualquer alteração funcional por via deste instituto, ainda carente de
regulamentação; 2. Ainda que houvesse a Resolução Conjunta, de que trata o §2º,
do art. 3º da Lei nº 18.136/2014, esta, como ato infralegal, não poderia dispor
contrário à Lei nº 18.601/2015, enquadrando ou retornando o requente à função de
Assistente de Execução, porquanto passou denominar-se “Assistente de
Farmácia”; 3. Por outro lado, é sabido que referido instituto já foi alvo de
declaração de inconstitucionalidade, proferida em face de outros diplomas de
carreiras estaduais, como foi o caso, por exemplo, da ADI n° 698.568-8, do Pleno do
Tribunal de Justiça do Paraná, razão pela qual, cabe o alerta aos Gestores quanto à
fragilidade legal deste instituto”.
Na Lei 18601 (2015) incluí o dispositivo: “IV- mantém as funções dos cargos, suas
atribuições e a equivalência às funções do QPPE para todos os efeitos, inclusive para a
contagem de tempo à concessão de aposentadoria e de abono de permanência,
admitindo-se somente a alteração na denominação das funções conforme os
dispositivos desta Lei”. Mas a PGE já narrou os fatos da ilegalidade imposta, agora, para
além destas ilegalidades que vão além de mera alteração de nomenclatura, vou mostrar
também, as diferenças entre as duas funções, com CBO distintos e atribuições distintas:
Conforme foi reconhecido através deste protocolo que minha função de ingresso foi
ASSISTENTE DE EXECUÇÃO e que o perfil das atribuições desta função também foi
reconhecido neste protocolo na Fl. 78 MOV.36, vou colocar isto abaixo para que a
Administração Pública além de reconhecer que são atribuições distintas, de funções
distintas, para que possam não só reconhecer a ilegalidade, mas devolver minha função
de ingresso na carreira pública, isto é- ASSISTENTE DE EXECUÇÃO!
Perfil profissiográfico do Assistente de Execução (Resolução N°5.822/05)
CARGO: AGENTE DE EXECUÇÃO - AE CARGA HORÁRIA: 40 horas FUNÇÃO:
ASSISTENTE DE EXECUÇÃO JORNADA: 08 horas diárias CÓDIGO DA FUNÇÃO:
AEEX CBO: 4110-05 COMPLEXIDADE/ESCOLARIDADE EXIGIDA Ensino médio
completo, fixado na forma do Anexo II da Lei Estadual N° 13.666, de 05 de julho de 2002.
Auxiliar na execução de atividades específicas nos órgãos do Poder Executivo
Estadual.
Auxiliar na elaboração, planejamento, avaliação, organização e identificação de
ações, atividades e tarefas relacionadas às diversas rotinas da unidade.
Conferir, inspecionar, manipular, instalar, registrar e especificar equipamentos e/ou
materiais.
Controlar, organizar, recuperar, distribuir e selecionar documentos e materiais.
Observar e cumprir normas de segurança e procedimentos técnicos. Manusear,
operar e conservar equipamentos e materiais sob sua responsabilidade.
Colaborar na elaboração e preenchimento de relatórios e outros documentos.
Orientar e instruir pessoas em atividades práticas
Recepcionar e orientar pessoas, prestando informações e dando orientações.

Perfil profissiográfico do assistente de farmácia (não há lei que criou a função)


CARGO: PROMOTOR DE SAÚDE EXECUÇÃO CARGA HORÁRIA: 40 HORAS
SEMANAIS FUNÇÃO: ASSISTENTE DE FARMÁCIA JORNADA: : PEAF
CBO: 5211-30 COMPLEXIDADE/ESCOLARIDADE EXIGIDA Ensino médio completo.
EXIGÊNCIA PARA O INGRESSO 1. Existência de vaga no cargo. Receber, conferir e
classificar produtos farmacêuticos, efetuando controle físico, dispondo-os nas
prateleiras da farmácia, para manter o controle e facilitar o manuseio. Proceder à
fiscalização, controle e registro de entrada e saída de medicamentos,
verificando e controlando as receitas médicas e elaborando relatórios. Manter o
estoque da farmácia observando prazos de validade dos produtos. Comunicar
necessidade de suprimento de medicamentos e demais produtos. Verificar e
controlar o prazo de validade de produtos farmacêuticos, tirando de circulação os
produtos vencidos, conforme normas. Executar o serviço de carregamento e
descarregamento de medicamentos e produtos. Atender aos usuários, verificando e
fornecendo medicamentos solicitados, conforme prescrição, registrando a saída
dos mesmos. Operar equipamentos, sistemas e aplicativos de informática.
Trabalhar segundo normas técnicas de segurança, qualidade, produtividade,
higiene e preservação ambiental.
As diferenças são enormes, a suposta função assistente de farmácia exige
conhecimento específico, habilidades específica do ramo de medicamento, produtos
médicos, e o mais importante para levantamento- a função assistente de farmácia
nem se quer foi criada por lei! Abordarei no ponto 3.

3- A suposta função assistente de farmácia nem se quer existe no mundo jurídico:

A minha função que estou requerendo a devida restituição, isto é, para Assistente
de Execução, esta é uma função legítima, que surgiu no mundo jurídico através da
Resolução N°5.822/05, e como eu disse, ela segue ativa com vários servidores efetivos,
colegas de profissão, mas a suposta função assistente de farmácia é ilegítima, e
conforme o princípio da legalidade e as leis baixo citadas, vou demonstrar esta
ilegalidade:
Na tentativa de aperfeiçoar a atuação de órgãos públicos, não é raro que entes
federativos promovam reestruturação de carreiras, valendo-se do seu poder impositivo,
mediante a criação e extinção de cargos, sua transformação, estabelecimento de classes,
transposição de cargos para novo quadro estrutural e fixação de nova política
remuneratória. O fundamento normativo para tais providências encontra-se no artigo 48, X
da Constituição da República, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 32/01.
Segundo o referido dispositivo, cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do
Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção dos cargos empregos e
funções públicas. Mas como vimos, não cumpriram a lei e ainda mais grave, não criaram
a função assistente de farmácia no mundo jurídico:
A transcrita norma constitucional, que em razão do princípio da simetria vincula
todos os níveis da federação, fixa depender de lei a formação de novos cargos na
estrutura funcional, sua eliminação ou sua transformação, ressalvada apenas a hipótese
do art. 84, VI, ‘b’ da CR, dispositivo que permite ao Chefe do Executivo promover a
extinção de cargo público vago, por meio de ato administrativo. Afastada a hipótese do
artigo 84, VI, ‘b’ da Constituição, a criação, a disciplina, a transformação e a extinção do
cargo público fazem-se necessariamente por lei, sendo nesse mesmo sentido o
ensinamento de Marçal Justen Filho:
“A criação e a disciplina do cargo público faz-se necessariamente por lei no sentido de
que a lei deverá contemplar a disciplina essencial e indispensável. Isso significa
estabelecer o núcleo das competências, dos poderes, dos deveres, dos direitos, do modo
de investidura e das condições de exercício das atividades. Portanto, não basta uma lei
estabelecer, de modo simplista, que ‘fica criado o cargo de servidor público”.
Exige-se que a lei promova a discriminação das competências e a inserção dessa
posição jurídica no âmbito da organização administrativa, determinando as regras que
dão identidade e diferenciam a referida posição jurídica.”
Seguindo este entendimento, na lei 8112/1990 em seu art.3° diz que:
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
efetivo ou em comissão”.
E ainda, temos um acórdão que diz:
“ Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 2ª Câmara,
ACORDAM, por unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos e com fundamento
nos arts. 71, inciso III, da Constituição Federal, 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, e 260, §§ 1º e 2º,
do Regimento Interno, em considerar legal, para fins de registro, o ato de admissão de pessoal de
omissis e fazer a determinação constante do item 1.8 abaixo.
1.8. Determinar à omissis que se abstenha de nomear servidor em vaga cujo
dispositivo legal que a origina ainda não tenha sido publicado em Diário Oficial da
União. (TCU, Acórdão nº 5.733/2018, 2ª Câmara, j. em 17.07.2018.)” (Grifei).
Por que estou trazendo esta legislação?
Pois até o presente momento não houve se quer uma resolução que criasse a
suposta função assistente de farmácia. Ao criar o QPSS, foram colocados os perfis
profissiográficos das funções que constariam no QPPE, porém, ninguém legislou sobre a
função assistente de farmácia até o presente momento, os outros cargos e funções já
tinham suas respectivas resoluções criadas, ou seja, todos os outros já estão amparados
por lei, mas a suposta função assistente de farmácia NÃO É LEGITIMA. Extinguiram
(pela Lei 20199/2020) ao vagar, uma função (assistente de farmácia) que nem se quer
existe/existiu no mundo jurídico, o que torna ainda mais grave a questão. No site
(https://www.administracao.pr.gov.br/Recursos-Humanos/Pagina/Perfil-Profissiografico-
QPPE) é possível conhecer a resolução que criou cada função pública, porém, não há lei
que torna legal a suposta função assistente de farmácia.
A motivação de criar um cargo, que como vimos, precisa de ser por meio de lei,
precisa ter fundamento, o que não se explica para o caso concreto, pois mesmo se
tivesse realmente sido criado por lei a função assistente de farmácia, para trazer uma
função nova para uma demanda fundamentada e atual, esta motivação se esvaziaria com
a sua extinção ao vagar em poucos meses da suposta existência. Por outro lado, a função
Assistente de Execução segue ativa, É LEGITIMA, e meus colegas de função seguem
ativos nela e inclusive tiveram um aumento FINANCEIRO muito significativo
recentemente. Ou seja, não extinguiu-se uma função que pudesse estar ultrapassada,
colocando TODOS os servidores desta função extinta num reenquadramento para uma
nova função criada que atendesse a necessidade da Administração Pública. Não,
realmente isto não ocorreu, simplesmente a Administração Pública usou de uma força
autoritária impondo uma ilegalidade sobre meu caso concreto sem legitimidade alguma.
Estes fatos só apontam para um único caminho, a impossibilidade de reenquadramento. A
mudança da função Assistente de Execução para a função assistente de farmácia (que
nem existe no mundo jurídico) é ato administrativo ILEGAL.

4- Para que o reenquadramento ocorresse, além dos pontos 1, 2 e 3, teríamos


que não houve o cumprimento estipulado na própria lei que criou o QPSS:

Mesmo que todos estas questões anteriores tivessem sido dentro da conformidade
legal, o fato de não terem cumprido com o prazo legal já tornaria nulo este ato de
mudança de função.
A lei que criou o Quadro Próprio dos Servidores da secretária de Estado da Saúde-
QPSS (Lei 18136- 03 de julho de 2014) trouxe em seu art. 3° e §3°, que: “A mudança de
função será regulamentada por ato conjunto dos titulares das Secretarias de Estado da
Administração e da Previdência- SEAP e da SESA, EM ATÉ 90 DIAS, a contar da data da
publicação desta lei”. E somente em 17 de junho de 2016 houve a publicação da
resolução Conjunta SEAP/SESA N°10, mas apesar da resolução em conjunta ser criada,
não houve ato normativo para legitimar algum tipo de transformação de função, apenas
manteve-se as funções existentes e criou-se um perfil profissiográfico para uma função
que não existe no mundo jurídico, isto é, assistente de farmácia. A lei é taxativa em
relação ao prazo, o que tira os efeitos desta suposta transformação no qual fui submetido.
O tema foi profundamente debatido e há muito se encontra sedimentado no âmbito
do STF. É o que dispõe o verbete da súmula vinculante 43: "É inconstitucional toda
modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido".
Neste protocolo (18.806.198-2), vocês reconheceram que não foi criado até o
momento o ato para normatizar e legalizar uma mudança de função, conforme fls 10
mov.3: “[...] Seguindo o entendimento previsto, o artigo disciplina que a mudança
deve ser regulamentada por ato conjunto da SESA e SEAP e, até o presente
momento, não fora editado ato regulatório para o atendimento da solicitação”.

Maria Fernanda Pires de Carvalho Pereira e Tatiana Martins da Costa Camarão ensinam
sobre a transformação de cargos públicos:
“A transformação de cargo público pressupõe a existência da lei, e se dá pela extinção do
cargo anterior e criação do novo. Podem ser providos por concurso ou por simples enquadramento
dos servidores já integrantes da Administração, mediante apostila de seus atos de nomeação. Assim,
a investidura nos novos cargos poderá ser originária ( para os estranhos ao serviço público) ou
derivada (para os servidores que forem enquadrados), desde que preencham os requisitos da lei”.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. SERVIDOR PÚBLICO. OFICIAL


DE JUSTIÇA. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 175/2011:
2. “A transformação de cargos e transferência de servidores para outros cargos ou
para categorias funcionais diversas traduzem, quando desacompanhadas da prévia
realização do concurso público de provas ou de provas e títulos, formas inconstitucionais
de provimento no Serviço Público, pois implicam o ingresso do servidor em cargos
diversos daqueles nos quais foi legitimadamente admitido” (STF, ADIN n. 248).
3. […] às hipóteses de transformação de cargos e a transferência de servidores
para outros cargos ou para categorias funcionais diversas das iniciais, que, quando
desacompanhadas da prévia realização do concurso público de provas ou de provas e
títulos, constituem formas inconstitucionais de provimento no serviço público, pois
implicam o ingresso do servidor em cargos diversos daqueles nos quais foi ele
legitimamente admitido (Alexandre de Moraes, Direito Constitucional, 20ª ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2006, p. 327).
De acordo com o ilustre doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, a
reorganização administrativa deve contar com limites, de modo que o administrador não
altere profundamente a estrutura funcional do órgão a ponto de gerar desfiguração.
Ressalta que sem a existência de lei formal não pode um ato administrativo mudar
atribuições dos cargos para os quais seus titulares se habilitaram por concurso: isso
refletiria desvio de finalidade e, indiretamente, retrataria transformação do cargo
ilegalmente.
Portanto, fica evidente que o ato da administração pública encontra- se eivado de
legalidade e carece de ser anulado, e que minha função seja restituída para todos os
efeitos legais:
Sendo assim, diante dos fatos narrados neste protocolo que se arrasta por
mais de um ano, venho por meio deste, mais uma vez, solicitar que além do
reconhecimento da ilegalidade por parte da Administração Pública, que seja
incluído a função Assistente de Execução no cargo Promotor de Saúde Execução
dentro do QPSS, assim como ocorreu com a função Biomédica reconhecida no
cargo Promotor Saúde Profissional através da Lei 21356-3 de Janeiro de 2023. Que
seja devolvido minha função para todos os efeitos legais, que seja restituída minha
função ASSISTENTE DE EXECUÇÃO, incluído em todos os registros, como por
exemplo, contracheque, dossiê funcional e etc., e para todos os direitos legais.

Mario Henrique Hidalgo de Almeida

Você também pode gostar