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FACULDADE DE DIREITO
Segunda resenha
Juiz de Fora
24 de novembro de 2023
Resenha sobre a obra: A INDICAÇÃO DE VALORES NA INICIAL
TRABALHISTA E SEU REFLEXO NO ACESSO À JUSTIÇA
Ora, criar requisitos de difícil cumprimento para a peça inicial serve como um
subterfúgio para não permitir o acesso à justiça, garantido pela Constituição, e,
neste ponto, os autores adentram o foco do trabalho quais sejam, os § 1º e 3º do
art. 840 da CLT.
A alteração feita no §1º do art. 840 que passou a exigir um pedido certo,
determinado e com a indicação de valores para todas as petições iniciais, e não só
aquelas sujeitas ao rito sumaríssimo, aliada a imposição de sucumbência, é citado
pelos autores como uma afronta ao jus postulandi, pois o trabalhador, em grandes
partes das demandas da justiça trabalhista, não está de posse dos documentos
para a correta apuração do valor do pedido, de forma que o coloca numa situação
tal que, caso peça menos do que tem direto, não haverá por conseguir o que lhe é
justo devido, e caso peça a mais, estará sujeito a arcar com a sucumbência da
diferença.
Inicialmente citam que apesar do art. 319 do CPC exigir o valor da causa
como requisito da inicial a melhor doutrina afirma que a importância dada ao valor
da causa é principalmente a determinação do procedimento e base de cálculo para
o recolhimento de custas, honorários de sucumbência, dentre outros, e que o
simples fato de o valor ser citado da inicial, mesmo “ainda que não tenha conteúdo
econômico imediatamente aferível”, demonstra não tratar-se de uma antecipação
da liquidação, que poderá ocorrer em momento futuro. Citam também que mesmo
que a parte autora não consiga qualificar de forma exaustiva a parte ré a petição
inicial não será indeferida caso isso torne “excessivamente oneroso o acesso à
justiça”. Ora, tal previsão está de acordo com o preceito constitucional de acesso à
justiça e, portanto, deve ser observado de forma analógica para legislação
trabalhista, haja vista ainda constar nesta o jus postulandi.
Além disso, afirmam que, devido a omissão do legislador trabalhista em
prever a possibilidade de demandas de caráter genérico, especialmente quando
não possível ao autor determinar o valor da causa por depender de documentos
que estejam de posse do réu, permite a aplicação da legislação civil de forma
subsidiária, especialmente as dispostas nos incisos II e III do §1º do art 324 do
CPC e que, na seara civil, o STJ vem se posicionando sobre a não exigência da
liquidação na inicial quando requeiram cálculos complexos. Ora se assim o faz na
seara civil o mesmo entendimento deve ser feito para esfera trabalhista.
Por fim, o texto recorre a uma comparação entre a legislação civil, onde a
disparidade de poder entre os postulantes é quase nula, e a trabalhista, pós
reforma, e cita que esta disparidade de forças na justiça trabalhista aliada a
manutenção do jus postulandi, torna tal legislação alterada verdadeira limitação ao
acesso à justiça e, portanto, inconstitucional. Tal entendimento foi reforçado pelo
recente julgamento da ADI 5766 que julgou inconstitucionais os arts. 790B caput e
§4º e o art 791-a §4º.