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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

GRADUAÇÃO EM DIREITO

Resenha Crítica de Caso


Viviane de Souza Corrêa

Trabalho da disciplina: Prática Simulada


do Trabalho

Professor: Guilherme Domingos de Luca

Nova Friburgo

2020

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PEDIDOS NA PETIÇÃO INICIAL TRABALHISTA APÓS REFORMA

Referência: BARBA FILHO, Roberto Dala. Pedidos na petição inicial trabalhista


após a reforma. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região, Curitiba, PR, v. 6, n. 61, p. 98-104, jul./ago. 2017.

Inicialmente, é necessário elucidar que a Lei 13.467/17, conhecida como reforma


trabalhista, foi responsável por inúmeras mudanças na CLT, desde normas de direito material,
até preceitos do processo do trabalho. Dito isto, cumpre explicitar que a presente resenha tem
por escopo analisar o texto de Roberto Dala Barba Filho acerca das mudanças efetuadas pela
reforma trabalhista nos pedidos da petição inicial trabalhista.
Nesse sentido, é certo que o art. 840, §1° da CLT permaneceu sendo o responsável por
dispor sobre os requisitos da petição inicial após a reforma. Contudo, é preciso se atentar à sua
nova redação, tendo em vista que agora há a exigência de que o pedido seja certo, determinado
e líquido. Em que pese na antiga redação do artigo não constar essa exigência, esta já era objeto
de discussão doutrinária. Portanto, é imprescindível abordar o que se entende como certo,
determinado e líquido.
À vista disso é preciso afirmar que para o pedido ser certo, é necessário que ele esteja
expresso, explicado e individualizado na petição inicial. O que se mostra coerente, uma vez que
é crucial existir uma delimitação acerca do que é desejado, principalmente para haja
possibilidade de defesa pela parte contrária. Afinal, se torna dificultoso exercer defesa acerca
de um pedido que se encontra implícito. Além disso, é um risco esperar que o magistrado julgue
aquilo que não está certo.
Não obstante, é necessário aclarar que é cabível em determinadas situações que o pedido
possa ser implícito, trata-se de uma exceção à certeza do pedido. Os pedidos implícitos possuem
previsão no Código Civil, contudo a doutrina e jurisprudência trabalhista aceitam que sua
aplicabilidade se estenda ao Direito do Trabalho. É o caso dos artigos 322, §1° e 323, ambos
do CC.
Em que pese a possibilidade de pedidos implícitos, é aconselhável que todos estejam de
forma expressa na petição inicial, uma vez que é possível que seja gerado discussões
supervenientes acerca desses pedidos.

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Retrato disse é a discussão doutrinária acerca da possibilidade de extensão quanto à
algumas pretensões específicas, tal como a incidência de multa, disposta no art. 467 do CC.
Nesse diapasão, entende-se que, independente do art. 467 do CC ser estendido ou não ao direito
do trabalho, é melhor que não haja tal omissão, visto que poderia abrir margem para que o
magistrado entendesse que ao conceder a incidência de multa, estaria ultrapassando os limites
da demanda.
Ultrapassado isto, no tocante a determinação e liquidez, é certo que existem diversos
entendimentos acerca de sua definição. Dentre eles, aparenta ser o mais correto interpretar a
determinação de forma vinculada com a liquidez. Isto porque, nem sempre é possível separa-
los como autônomos, tendo em vista que em determinadas ações, como as que possuem como
pedido principal o pagamento em quantia certa, a determinação e liquidez se confundem em
uma só. Ao passo que, há obrigações em que é possível distinguir o determinado do líquido,
como em ações onde a pretensão seja meramente declaratória.
Todavia, há exceção quanto ao pedido determinado. Trata-se do pedido genérico,
regulado pelo art. 324, §1° do CPC, que também é aplicável ao Direito trabalhista. Em termos
práticos, é certo que há pedidos em que a documentação necessária pode ser enviada desde o
início, tendo em vista que não só o empregador, como também o empregado a possuem. Em
contrapartida, há casos em que o empregado para comprovar sua pretensão, necessita de
documentos que se encontram somente na posse do empregador, é então que tem-se a
necessidade do pedido genérico, sendo possível porque supõe-se que o reclamante acredita que
o registro efetuado pelo empregador era realizado de maneira correta.
Por fim, é importante evidenciar que a reforma trabalhista teve uma vacatio legis de 120
dias. Portanto, que concerne à petição inicial, fez-se necessário somente observar a norma em
vigor vigente na ocasião do ajuizamento da ação. Sendo certo que, somente após a vacatio legis
os requisitos de pedido certo e determinado se tornaram exigências.
Por todo o exposto, conclui-se que a exigência introduzida pela reforma trabalhista foi
de suma importância. Isto porque, pedidos que não estejam expressos de forma clara possuem
maior probabilidade de não serem analisados pelo judiciário, consequentemente resultando em
insatisfação do reclamante, o que poderá ocasionar na interposição de inúmeros recursos,
sobrecarregando ainda mais o judiciário. Ainda, tal exigência facilita que a pretensão desejada
seja alcançada. Em que pese o Direito do Trabalho ter sido pensado para que pessoas leigas
pudessem exercê-lo, são raros os casos de pessoas que não se valham de advogado para

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ingressar com ação perante a Justiça do Trabalho. Por isto, é coeso que a petição, por ser
elaborada por um profissional da área, deva ser feita da forma mais completa possível.

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