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MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE PORTOS E COSTA


ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO

DPC

CIAGA CIABA

1º Edição
Belém-PA
2010
MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS
ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO

ESPECIAL BÁSICO DE PRIMEIROS


SOCORROS
(EBPS)

1ª edição
Belém-PA
2010
1
© 2010 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas

Autora: Silvia Freire Esteves

Revisão Pedagógica: Erika Ferreira Pinheiro Guimarães Suzana


Revisão Gramatical: Esmaelino Neves de Farias
Designer Gráfico: Roberto Ramos Smith

Coordenação Geral: CF Maurício Cezar Josino de Castro e Souza

____________ exemplares

Diretoria de Portos e Costas


Rua Teófilo Otoni, no 4 – Centro
Rio de Janeiro, RJ
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o
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1825, de 20 de dezembro de 1907
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
2
SUMÁRIO

1 ATIVIDADES DE PRIMEIROS SOCORROS A BORDO ........................................ 5


1.1 Importância das atividades de primeiros socorros a bordo ................................... 5
2 CONCEITO DE PRIMEIROS SOCORROS.............................................................. 8
2.1 Bases do conceito ................................................................................................. 8
3 ETAPAS BÁSICAS EM PRIMEIROS SOCORROS ................................................ 9
3.1 Regras elementares durante uma situação de emergência .................................. 9
3.2 ABCDE da vida ..................................................................................................... 9
3.3 Cinemática do trauma ......................................................................................... 10
3.4 Informações essenciais que o socorrista deve passar aos profissionais ............ 11
3.5 Diferença entre exame primário e exame secundário. ........................................ 12
4 FUNÇÔES VITAIS ................................................................................................. 17
4.1 Funções responsáveis pela manutenção da vida e sua importância .................. 17
5 SINAIS VITAIS E DE APOIO ................................................................................. 18
5.1 Importância dos sinais vitais e de apoio .............................................................. 18
6 PARADA CARDIOPULMONAR (PCP).................................................................. 24
6.1 Causas da parada cardiorrespiratória ................................................................. 24
6.2 Situações em que a respiração artificial e a massagem cardíaca não devem ser
realizadas .................................................................................................................. 25
6.3 Sinais e sintomas de uma PCR ........................................................................... 25
6.4 Técnica de ressuscitação cardiopulmonar (aula prática) .................................... 27
6.5 Desfibrilação........................................................................................................ 30
7 HEMORRAGIAS .................................................................................................... 31
7.1 Tipos de hemorragia ........................................................................................... 32
7.2 Complicações que podem ocorrer em caso de hemorragia aguda ..................... 33
7.3 Identificação e primeiros socorros ....................................................................... 33
8 LESÕES DE TECIDOS MOLES ............................................................................ 36
8.1 Lesões de tecidos moles e primeiros socorros.................................................... 36
8.2 Profilaxia do tétano .............................................................................................. 41
8.3 Importância da aplicação dos princípios de higiene no tratamento de feridas .... 41
8.4 Processo de cicatrização..................................................................................... 44
8.5 Diferença entre inflamação e infecção ................................................................ 46
8.6 Identifição de vírus,bactérias,fungos e protozoários ........................................... 47
3
9 QUEIMADURAS .................................................................................................... 50
9.1 Lesões provocadas por calor .............................................................................. 50
9.2 Sinais,sintomas e primeiros socorros aplicáveis e tipos de queimaduras ........... 51
9.3 Grau das queimaduras e primeiros socorros....................................................... 56
10 LESÕES TRAUMATO-ORTOPÉDICAS .............................................................. 61
10.1 Lesões mais comuns, sinais e sintomas ........................................................... 61
10.2 Técnicas de imobilização .................................................................................. 62
11 INTOXICAÇÕES .................................................................................................. 68
11.1 Tipos de intoxicação,sinais e sintomas ............................................................. 68
11.2 Primeiros socorros em caso de Intoxicação ...................................................... 69
11.3 Animais peçonhentos que provocam intoxicação.............................................. 71
12 ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS ...................................................................... 80
12.1 Tipos de alterações circulatórias e primeiros socorros ...................................... 80
13 CORPOS ESTRANHOS ...................................................................................... 88
13.1 Vias de penetração de um corpo estranho ........................................................ 88
13.2 Procedimento a ser realizado em cada situação ............................................... 90
13.3 Complicações esperadas .................................................................................. 92
14 ESTOJO DE PRIMEIROS SOCORROS .............................................................. 95
14.1 Conteúdo básico ............................................................................................... 95
14.2 Utilização dos medicamentos e substâncias do estojo ..................................... 95
14.3 Reações medicamentosas ................................................................................ 96
15 TRANPORTE DE ACIDENTADOS ...................................................................... 97
15.1 Transporte como medida de primeiros socorros ............................................... 97
15.2 Tipos de transportes .......................................................................................... 98
15.3 Transportes mais utilizados pelas equipes de resgate ...................................... 99
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 104

4
1 ATIVIDADES DE PRIMEIROS SOCORROS A BORDO

1.1 Importância das atividades de primeiros socorros a bordo


Você sabe o que fazer em caso de acidente com pessoas a bordo?
Lembre-se que você é o "medico de bordo", e que não substituirá um
profissional, mas terá que fazer os primeiros socorros até chegar em terra firme;
portanto, tenha sempre à mão sua "farmácia de bordo" e não se esqueça: a
emergência médica (ambulância) já deverá estar avisada quando chegar em terra.
É importante que todos os membros da tripulação se encontrem preparados
para administrar os primeiros socorros. Para isso devem possuir conhecimentos
suficientes para saber quando aplicar medidas urgentes e saber quando o
tratamento poderá ser adiado até a chegada de ajuda especializada.
Os primeiros socorros devem ser aplicados imediatamente para: restabelecer
a respiração e a pulsação, controlar hemorragias e prevenir complicações. É
necessário, pois, relacioná-las:

a) avaliar o paciente no local do acidente;


b) se houver membro ferido, retira-se primeiro as roupas do membro saudável e
só então, as do membro ferido. Se necessário, corta-se a roupa para expor o
ferimento;
c) evitar aglomerações;
d) verificar o pulso radial; se não conseguir, tenta-se na carótida (pescoço). Se o
pulso estiver ausente iniciar as manobras de reanimação;
e) o doente deve ser mantido na posição que mais alivia as dores. Geralmente é
a deitada, pois aumenta a circulação cerebral;
f) deve-se observar a respiração e hemorragias;
g) tranquilizar o doente;
h) se houver suspeitas de ferimentos no pescoço ou na coluna, o doente não
poderá ser removido.

5
As fraturas deverão ser imobilizadas com talas antes de transportar o doente.
Jamais tentar colocar os ossos no lugar. E, ainda:
a) feridas e queimaduras devem ser cobertas a fim de evitar infecções;
b) deve ser feita avaliação de outros ferimentos e evitar perda de calor do corpo.

NOTA: Nunca dar alguém como morto antes de todos concordarem com relação a
sinais que indicam morte:

a) não se sente pulsação e não se ouve som algum quando o socorrista encosta o
seu ouvido ao peito da vítima;
b) a respiração parou por completo;
c) os olhos ficam opacos e fixos; e
d) há progressivo arrefecimento do corpo.

Geralmente os acidentes são formados de vários fatores e é comum, para


quem os presencia ou chega ao acidente logo que este aconteceu, deparar com
cenas de sofrimento, nervosismo, pânico, pessoas inconscientes e outras situações
que exigem providências imediatas.
Apesar da gravidade da situação, deve-se agir com calma, para evitar o
pânico.
Transmita confiança, tranquilidade, alívio e segurança aos acidentados que
estiverem conscientes, informando que o auxílio já está a caminho. Aja rapidamente,
porém dentro dos seus limites; use seus conhecimentos básicos de primeiros
socorros e lembre-se, que às vezes, é preciso saber improvisar para salvar alguém.

Salva uma vida é:


• telefonar para socorro especializado
• manter a respiração
• manter a circulação
• controlar hemorragias
• impedir o agravamento de uma lesão
• prevenir o estado de choque
• proteger as áreas queimadas

6
• manter as áreas com suspeitas de fratura ou luxação protegidas e
imobilizadas
• transportar cuidadosamente.

E mais: inspirar confiança.

Ao abordar a vítima, fale sempre com segurança, observando seu estado de


consciência e não faça nada mais do que rigorosamente essencial para controlar a
situação até a chegada do socorro qualificado.
Se a vítima estiver consciente, perguntar seguidamente: nome, endereço, data etc.
Caso comece a trocar idéias ou não se lembrar, observar e removê-la, o mais rápido
possível, para socorro especializado.

7
2 CONCEITO DE PRIMEIROS SOCORROS

2.1 Bases do conceito


Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que
devem ser prestados rapidamente a uma pessoa - vitima de acidentes ou de mal
súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida - com o fim de manter as funções
vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas e
procedimentos até a chegada de assistência qualificada.
Qualquer pessoa treinada pode prestar os Primeiros Socorros, conduzindo-se
com confiança, mantendo a calma, o próprio controle e o controle de outras
pessoas.
Ações valem mais que as palavras; portanto, o tom de voz tranquilo e
confortante dará, à vitima, sensação de confiança na pessoa que está socorrendo-a.
Com base nesses conceitos, é aconselhável transcrever o que diz o Guia
Médico Internacional para Barcos, da Organização Mundial da Saúde, edição 1988:
“Numa emergência, não haverá provavelmente tempo para procurar e
consultar as secções mais importantes do guia no que diz respeito a primeiros
socorros e à aplicação de respiração artificial, já que um ou dois minutos podem
significar a diferença entre a vida e a morte. Todos os marinheiros devem, portanto,
antes de embarcar, receber um treino básico de primeiros socorros e continuar essa
instrução mesmo quando estiverem no mar. Uma preparação fundamental deve
incluir a respiração artificial, a massagem cardíaca e o controle de hemorragias.
É necessário que a bordo de um barco que não leve médico, haja pelo menos
um membro da tripulação, de preferência mais do que um, não só com
conhecimentos práticos de primeiros socorros, mas também com prática de
enfermagem, administração de oxigênio e medicamentos da farmácia de bordo, de
injecções, etc. Estes conhecimentos não são aprendidos através da simples leitura
das diversas secções deste guia. Devem ser ensinados e praticados antes de serem
aplicados no mar, sempre sob a vigilância de um elemento especializado”.

8
3 ETAPAS BÁSICAS EM PRIMEIROS SOCORROS

3.1 Regras elementares durante uma situação de emergência


Verificar a consciência; solicitar ajuda e realizar o abcde da vida.

3.2 ABCDE da vida

A=ar=desobstrução das vias aéreas;

B=boca= respiração artificial boca-a-boca;

C=coração= massagem cardiorrespiratória;

D=distúrbios neurológicos= verificar se a vítima vê, ouve, fala etc;

E=exposição da vítima= verificar a necessidade de remoção,


aquecimento e outros cuidados.
Figura 1- Etapas básicas da reanimação cardiorrespiratória

9
3.3 Cinemática do trauma
A avaliação de um paciente traumatizado inicia-se na fase pré-hospitalar do
atendimento. Na avaliação da cena permite-se estabelecer uma relação entre os fatos
e as possíveis lesões apresentadas pela vítima. Este estudo denomina-se cinemática
do trauma,biomecânica ou mecanismo do trauma. Por exemplo: um volante deformado
sugere impacto sobre o tórax.
O socorrista deve ter em mente dois tipos de lesões: as identificáveis ao exame
físico e as potenciais, ou seja, não identificáveis, mas que podem existir. Deste modo,
ressalta-se a importância de conhecer-se a história do acidente.

Tipos de trauma

Trauma fechado: também denominado contuso, geralmente é resultante do


impacto do corpo contra uma superfície, ou de um processo de desaceleração intensa
e rápida,ocasionado por quedas, agressões,traumas esportivos e outras causas.

Desaceleração: ocorre quando a parte responsável pela estabilização do


órgão,por exemplo, o ligamento do rim, desloca-se para frente resultando em lesões
expansivas.

Quedas: vítimas de quedas estão sujeitas a múltiplos impactos e lesões. Deve


ser avaliada a altura da queda, visto que a velocidade com que a vítima atinge o
anteparo é proporcionalmente maior e, consequentemente, maior a desaceleração.

Explosões: podem ser consideradas em separado por terem a capacidade de


causar tanto ferimentos contusos como penetrantes, além dos danos causados pelo
deslocamento da onda de pressão. As explosões podem causar lesões primárias
resultantes diretamente da onda de pressão, como por exemplo, roturas do tímpano.
Lesões secundárias resultam de objetos arremessados à distância, como por exemplo,
explosão de granadas; e lesões terciárias, sendo que neste caso, o indivíduo é
projetado como um míssil e é arremessado contra um anteparo ou solo.

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3.4 Informações essenciais que o socorrista deve passar aos profissionais

avaliação do local do acidente


Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros.
Ao chegar ao local de um acidente, ou
onde se encontra um acidentado, deve-se
assumir o controle da situação e proceder a
uma rápida e segura avaliação da ocorrência.
Deve-se tentar obter o máximo de
informações possíveis sobre o ocorrido.
Dependendo das circunstâncias de cada
acidente, é importante também:
• evitar o pânico e procurar a colaboração Figura 2- Atendimento pré hospitalar

de outras pessoas, dando ordens breves,


claras e objetivas;
• manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que
se possa trabalhar da melhor maneira possível;
• a proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da
ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham
perdido o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros;
• é importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e
para quem estiver prestando socorro nas proximidades da ocorrência;
• por exemplo: fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos;
andaimes; vazamento de gás; máquinas funcionando;
• devem-se identificar pessoas que possam ajudar e afastar as outras da
presença de gás;
• deve-se desligar a corrente elétrica e evitar chamas, faíscas e fagulhas;
• retirar vitima de afogamento da água, desde que o faça com segurança para
quem a está socorrendo;
• evacuar área em risco iminente de explosão ou desmoronamento;
• avaliar o acidentado na posição em que ele se encontra, só mobilizá-lo com
segurança (sem aumentar o trauma e os riscos); sempre que possível deve-se

11
manter o acidentado deitado de costas até que seja examinado, e até que se
saibam quais os danos por ele sofridos;
• não se deve alterar a posição em que se acha o acidentado, sem antes refletir
cuidadosamente sobre o que aconteceu e qual a conduta mais adequada a ser
tomada;
• é preciso: tranquilizar o acidentado e transmitir-lhe segurança e conforto. A
calma do acidentado desempenha um papel muito importante na prestação dos
primeiros socorros. O estado geral do acidentado pode se agravar se ele estiver
com medo, ansioso e sem confiança em quem o está cuidando.

É preciso:

SER ÁGIL E DECIDIDO, OBSERVANDO RAPIDAMENTE


SE EXISTEM PERIGOS PARA O ACIDENTADO E PARA QUEM ESTIVER
PRESTANDO O SOCORRO.

3.5 Diferença entre exame primário e exame secundário.

PROTEÇÃO AO ACIDENTADO

EXAME PRIMÁRIO
Figura 3- Técnica de
imobilização cervical

Avaliação e exame do estado geral do acidentado


A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica
ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros.
Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente após a avaliação
do acidente e proteção do acidentado. O exame deve ser rápido e sistemático,
observando-se as prioridades a seguir.

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• Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc.).
• Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar
normalmente pelas narinas ou boca.
• Hemorragia: interna ou externa.
• Pupilas: verificar o estado de reação.
• Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e
extremidades.

Deve-se ter sempre uma idéia bem clara do que se vai fazer para não expor
desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento, tendo o cuidado de
não movimentá-lo excessivamente.
Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo.
• Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e
incapacidades funcionais de mobilização.
• Pedir para apontar onde é a dor, pedir para movimentar as mãos, braços, etc.

Cabeça e pescoço
• Sempre verificando o estado de consciência e
a respiração do acidentado, apalpar, com cuidado,
o crânio à procura de fratura, hemorragia ou
depressão óssea.
• Proceder da mesma forma para o pescoço,
procurando verificar o pulso na artéria
Figura 4- Proteção do pescoço
carótida,correr os dedos pela coluna cervical, com o colar cervical
desde a base do crânio até os ombros, procurando
alguma irregularidade.
• Perguntar a natureza do acidente, sobre a
sensibilidade e a capacidade de movimentação
dos membros visando confirmar suspeita de fratura
na coluna cervical.
Figura 5- Tranquilizando o
acidentado

13
Coluna dorsal
• Perguntar ao acidentado se sente dor.
• Na coluna dorsal, correr a mão pela espinha do acidentado desde a nuca até
o osso sacro.
• A presença de dor pode indicar lesão da coluna dorsal.

Tórax e membros
• Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor quando
o tórax é levemente comprimido.
• Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a
existência de dor ou incapacidade funcional.
• Localizar a dor e procurar deformação e edema.
• Verificar se há dor e ferimentos no abdome.
• Solicitar à vitima que tente mover as pernas e verificar se há dor ou
incapacidade funcional.
• Não permitir que o acidentado tente levantar-se prontamente, achando que
nada sofreu.
• Ele deve ser mantido imóvel, pelo menos para um rápido exame nas áreas
que sofreram alguma lesão.
• O acidentado deve ficar deitado de costas ou na posição que mais conforto
lhe ofereça.

EXAME SECUNDÁRIO
Esta é a segunda etapa na avaliação do acidentado. O acidentado
inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas informações sobre o
seu estado, podem surgir complicações devido à inconsciência.

• O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas


fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral para evitar
aspiração de vômito.
• Limpar a cavidade bucal.
O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado
consciente, só que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e
14
capacidade funcional não poderão ser verificados, o mesmo ocorrendo com
respostas a estímulos dolorosos.
A observação das seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer
outra iniciativa. Ela pode salvar uma vida:

a) falta de respiração;
b) falta de circulação (pulso ausente);
c) hemorragia; e
d) inconsciência.

RELEMBRANDO

Para o bom atendimento é imprescindível:


a) manter a calma; evitar pânico e assumir a situação;
b) antes de iniciar qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e observar se
ela pode oferecer riscos, para o acidentado e para o socorrista;
c) os circunstantes devem ser afastados do acidentado, com calma e educação;
d) saiba que qualquer ferimento ou mal súbito dará origem a uma grande mudança
no ritmo da vida do acidentado, pois o coloca repentinamente em uma situação
para a qual não está preparado e que foge a seu controle. Suas reações e
comportamentos são diferentes do normal, não permitindo que ele possa avaliar
as próprias condições de saúde e as consequências do acidente;
e) em caso de óbito, serão necessárias testemunhas do ocorrido;
f) jamais se exponha a riscos. Utilizar luvas descartáveis e evitar o contato direto
com sangue, secreções, excreções ou outros líquidos. Existem várias doenças
que são transmitidas através deste contato (AIDS, hepatite e outras );
g) em todo atendimento ao acidentado consciente, comunicar-lhe o que será feito
antes de executar para transmitir lhe confiança, evitando o medo e a ansiedade;
h) quando a causa de lesão for um trauma violento, deve-se pressupor a existência
de lesão interna;
i) não ofereça líquido ao acidentado, apenas molhe sua boca com gaze ou algodão
umedecido;

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j) oferecer proteção térmica afim de evitar hipotermia;
k) em locais onde não haja ambulância, o acidentado só poderá ser transportado
apos ser avaliado, estabilizado e imobilizado adequadamente. Evite movimentos
desnecessários;
l) só retire o acidentado do local do acidente se esse local causar risco de vida para
ele ou para o socorrista. Ex: risco de explosão, estrada perigosa onde não haja
como sinalizar, etecétera.
A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de
ação baseando-se no P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais se
desenvolvem todas as medidas técnicas e práticas de primeiros socorros.

• PREVENIR: afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo.


• ALERTAR: contatar o atendimento emergencial informando o tipo de
acidente, o local, o número de vítimas e seu estado.
• SOCORRER: após as avaliações.

16
4 FUNÇÔES VITAIS

4.1 Funções responsáveis pela manutenção da vida e sua importância


São denominadas funções vitais as funções exercidas pelo cérebro e pelo
coração, pois elas são responsáveis para que o ser humano permaneça vivo. Mas
para exercerem suas funções, estes órgãos executam trabalhos físicos e químicos.

O PROLONGAMENTO DA FALTA DE AR CEREBRAL DETERMINA A MORTE


DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E, COM ISTO, A FALÊNCIA
GENERALIZADA DE TODOS OS MECANISMOS DA VIDA, EM UM TEMPO DE
APROXIMADAMENTE 3 MINUTOS.

Para poder determinar, em nível de primeiro socorro, o funcionamento


satisfatório dos controles centrais dos mecanismos da vida, é necessário
compreender os sinais indicadores chamados sinais vitais, vistos a seguir.

17
5 SINAIS VITAIS E DE APOIO

São aqueles sinais que evidenciam o funcionamento e as alterações da


função corporal.

5.1 Importância dos sinais vitais e de apoio


Sua importância está relacionada à existência e manutenção da vida.
O socorrista inicia seu atendimento verificando os sinais vitais.

Técnicas de verificação dos sinais vitais


Os sinais sobre o funcionamento do
corpo humano que devem ser conhecidos são:
• temperatura;
• pulso;
Figura 6 -Técnica de
• respiração; e palpação do pulso
carotídeo com os dedos
• pressão arterial.
médio e indicador

É importante lembrar que no ambiente pré-hospitalar, o uso de equipamentos


como estetoscópio, termômetro ou aparelho de pressão serão inadequados,
podendo fazer seu uso em outras situações após o primeiro atendimento.

5.1.1 Temperatura corporal


A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a perda
de calor pelo organismo; ela é um importante indicador da atividade metabólica, já
que o calor obtido nas reações propaga-se pelos tecidos e pelo sangue circulante.
A temperatura do corpo humano está sujeita a variáveis individuais devido a
fatores fisiológicos como: exercícios, digestão, temperatura ambiente e estado
emocional.
Graças a isto, o homem é um ser homeotérmico que, ao contrário de outros
animais, mantém a temperatura do corpo constante a despeito de fatores externos.

18
Figura 7- Valores de
referência para a temperatura
corporal

5.1.2 Perda de calor


O corpo humano perde calor através de vários processos que podem ser
classificados da seguinte maneira:

• eliminação - fezes, urina, saliva, respiração;


• evaporação - pela pele, associada à eliminação permitirá a perda de calor em
elevadas temperaturas;
• condução - troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto maior é a
quantidade de sangue que circula sob a pele maior é a troca de calor com o
meio. O aumento da circulação explica o avermelhamento da pele quando
estamos com febre.

5.1.3 Verificação da temperatura

Oral ou bucal
• Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC.
Esta via deve ser evitada utilizar em Figura 8- Realizando a
leitura no termômetro
decorrência dos riscos acidentais.
clínico.

19
Axilar
• Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC.
• A via axilar é a mais sujeita a fatores externos.
• O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5 minutos, com o
acidentado sentado, reclinado ou deitado.
• Não se verifica temperatura em vitimas de queimaduras no tórax, processos
inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores.

Retal
• Temperatura média varia de 36,4 a 37ºC.

O ACIDENTADO COM FEBRE MUITO ALTA E PROLONGADA PODE TER


LESÃO CEREBRAL IRREVERSÌVEL.
A TEMPERATURA CORPORAL ABAIXO DO NORMAL PODE ACONTECER
APÓS DEPRESSÃO DE FUNÇÃO CIRCULATÓRIA OU CHOQUE.

Febre
A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal. Ela
ocorre quando a produção de calor do corpo excede a perda. Tumores, infecções,
acidentes vasculares ou traumatismos podem afetar diretamente o hipotálamo e,
com isso, perturbar o mecanismo de regulagem de calor do corpo. Portanto, a febre
deve ser vista também como um sinal de defesa.

A vitima de febre apresenta a seguinte sintomatologia:


• Perda de apetite
• Mal-estar
• Pulso rápido
• Sudorese
• Temperatura acima de 38 graus Celsius
• Respiração rápida
• Hiperemia da pele
• Calafrios
• Dor de cabeça
20
Primeiros socorros para febre
• Aplicar compressas úmidas na testa, pescoço, axilas e virilhas que são as
áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos
• Quando o acidentado for adulto, submetê-lo a um banho frio ou cobri-lo com
coberta fria.

• O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas, mas em
primeiros socorros isto não é possível, pois o socorrista deverá preocupar-se em
atender os sintomas de febre e suas complicações (convulsão).

Pulso
O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o
coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma
artéria e se repete com regularidade, seguindo as batidas do coração.
Existe uma variação média, de acordo com a idade, como pode ser vista no
quadro abaixo.

Figura 10- Técnica de


verificação de pressão
Figura 9- Valores normais de referência de pulso arterial.

RECOMENDA-SE NÃO FAZER PRESSÃO FORTE SOBRE A ARTÉRIA,


POIS ISTO PODE IMPEDIR QUE SE PERCEBAM OS BATIMENTOS.

21
O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho.

Figura 11- Verificação dos pulsos radial e carotídeo

O pulso carotídeo é o pulso sentido na


artéria carótida que se localiza de cada lado
do pescoço. Do ponto de vista prático, a
artéria radial e a carótida são mais fáceis
para a localização do pulso, mas há outros
pontos que não devem ser descartados,
conforme a figura ao lado.

Figura12- LOCAIS PARA


PALPAR O PULSO

Sinais de Apoio
Existem outros sinais vitais que servem de parâmetros na avaliação de um
acidentado, chamados de sinais de apoio. São assim denominados pois fornecem
mais informações sobre o estado da vítima; não são prioritários, porém, dão maiores
subsídios ao socorrista na avaliação primária do acidentado. Podemos citá-los:
a) cor e umidade da pele: qualquer alteração de sua característica normal,
poderá indicar problemas circulatórios e hipotermia. São avaliados pela
observação e toque na vítima e independem do nível de consciência.
b) fotorreatividade pupilar :neste caso o problema está na ausência de reação
pupilar(dilatação-midríase e contração-miose). Quando as pupilas estão

22
paralíticas para midríase pode indicar hipóxia cerebral,edema intracraniano e
traumatismo cranioencefálico. Caso esteja em miose pode indicar
envenenamento, intoxicação.
c) enchimento capilar: pelo tempo decorrido do acidente, estimamos a
perfusão sanguínea ou se houve alguma lesão traumática em algum
segmento que retarde a irrigação sanguínea. Podemos neste caso avaliar
comprimindo a unha e observando enchimento capilar.

23
6 PARADA CARDIOPULMONAR (PCP)

No atendimento ao acidentado seu estado físico poderá se agravar ao ponto de


ter parada cardiorrespiratória. Quando isto ocorre, cessam as funções vitais, fazendo
com que estas deixem de receber oxigênio, sobrevivam apenas por 3 a 5
minutos.Imediatamente um estado de morte aparente se instala, que em
determinadas condições, podem ser recuperadas com as manobras de reanimação
cárdiorespiratória. Estas manobras visam manter a respiração e circulação.

6.1 Causas da parada cardiorrespiratória

Primárias
É quando a parada cardíaca se deve a um problema do próprio coração,
causando uma arritmia cardíaca, devido à chegada de quantidade insuficiente de
sangue oxigenado ao coração, exemplo do infarto agudo do miocárdo.

Secundárias
É quando a parada cardíaca se deve a uma disfunção do coração causada
por problema respiratório ou por uma causa externa, por exemplo obstrução de vias
aéreas, choque elétrico, envenenamento, afogamento, hemorragias, etc.

Figura 13- Demonstração da


manobra de reanimação

24
6.2 Situações em que a respiração artificial e a massagem cardíaca não devem
ser realizadas
No ambiente pré-hospitalar a reanimação está sempre indicada, exceto nos
casos de presença óbvia de sinais de morte (decapitação, esmagamento,
afundamento de tórax, ou lesões graves incompatíveis com a vida); sinais de rigidez
cadavérica; tentativa de reanimação por mais de 15 ou 20 min sem sucesso.

6.3 Sinais e sintomas de uma PCR

Podem ser identificados pelo quadro abaixo.

• Ausência de pulso numa grande artéria, que representa o sinal mais


importante de PCR e determinará o início imediato das manobras de
ressuscitação cardiorrespiratória.
• Respiração arquejante ou apneia, que ocorre cerca de 30 segundos após a
parada cardíaca.
• Coloração arroxeada da pele e lábios (cianose).
• Inconsciência (toda vítima em PCR está inconsciente, mas pode ser por
vários outros motivos).
• Dilatação das pupilas - midríase (após 45 segundos de interrupção de fluxo
de sangue para o cérebro, as pupilas sinalizam a dilatação).

25
Figura 14- Etapas iniciais das manobras de reanimação
cardiopulmonar.

Posicionamento para a RCR

Do acidentado
• Posicionar o acidentado em superfície plana e firme.
• Mantê-lo de peito para cima, pois as manobras para permitir a abertura da
via aérea e as manobras da respiração artificial são melhor executadas nesta
posição.
• A cabeça não deve ficar mais alta que os pés, para não prejudicar o fluxo
sanguíneo cerebral.
• Caso o acidentado esteja sobre uma cama ou outra superfície macia, ele
deve ser colocado no chão ou então deve ser colocada uma tábua sob seu
tronco.

26
Do socorrista
• Este deve ajoelhar-se ao lado do acidentado, de modo que seus ombros
fiquem diretamente sobre o osso esterno do acidentado.

6.4 Técnica de ressuscitação cardiopulmonar (aula prática)


A primeira providência a ser tomada é que o acidentado deverá estar
posicionado adequadamente(decúbito dorsal) de modo a permitir a realização de
manobras como a de ventilação das vias aéreas e de compressão torácica externa.
Perceba se a vítima está respirando normalmente, com movimentos
espontâneos; caso contrário, a ventilação artificial é a primeira medida a ser tomada
na RCR.
Nas vítimas inconscientes, a principal causa de obstrução é a queda da língua
sobre a parede posterior da faringe, impedindo assim a respiração.
Observar prováveis lesões na coluna cervical ou dorsal, antes de proceder às
recomendações seguintes:
• Para manter as vias aéreas permeáveis e promover sua desobstrução,
colocar o acidentado de peito para cima e fazer a hiperextensão da cabeça,
colocando a mão sob a região posterior do pescoço do acidentado e a outra,
na região frontal.
• Em algumas pessoas a hiperextensão (estende o pescoço e afasta a base da
língua da garganta) da cabeça não é suficiente para manter a via aérea
superior completamente livres.
• Pôr uma das mãos na testa e a outra sob o queixo do acidentado; empurrar a
mandíbula para cima e inclinar a cabeça do acidentado para trás até que o
queixo esteja em um nível mais elevado que o nariz.
• Desta maneira, restabelece-se uma livre
passagem de ar quando a língua é
separada da parte posterior da garganta.
• Mantendo a cabeça nesta posição,
escuta-se e observa-se para verificar se o
acidentado recuperou a respiração.
• Em caso afirmativo, coloque o acidentado
na posição lateral de segurança.
Figura 15- Desobstrução das vias
aéreas
27
• Além disso, pode ser preciso a limpeza manual imediata da via aérea para
remover material estranho ou secreções presentes.
• Usar os próprios dedos protegidos com um pano ou luva.

Respiração boca-a-boca
Para iniciar a respiração boca-a-boca e promover a reanimação
cardiorrespiratória, deve-se obedecer à sequência seguinte:
• deitar o acidentado de costas;
• desobstruir as vias aéreas;
• remover prótese dentária (caso haja), limpar sangue ou vômito;
• pôr uma das mãos sob a nuca do acidentado e a outra mão na testa;
• inclinar a cabeça do acidentado para trás ate que o queixo fique em um nível
superior ao do nariz, de forma que a língua não impeça a passagem de ar,
mantendo-a nesta posição;
• fechar bem as narinas do acidentado, usando os dedos polegar e indicador,
utilizando a mão que foi colocada anteriormente na testa do acidentado;
• inspirar profundamente;
• colocar com firmeza a boca sobre a boca do acidentado, vedando-a
totalmente;
• exalar o ar vigorosamente insuflando-os duas vezes até que chegue aos
pulmões da vítima;
• inspirar profundamente outra vez e continuar o procedimento na forma
descrita, repetindo o movimento tantas vezes quanto necessário, até que o
acidentado possa receber assistência médica;

Respiração boca-a-boca com proteção


Este método exige barreiras de
proteção, como máscaras ou filtros.
A respiração por ambu e máscara
protege mais o socorrista, mas geralmente é
menos eficiente que o método boca-a-boca.
Figura16: Verificação da
expansão torácica

28
Se a respiração do acidentado não tiver sido restabelecida após as tentativas
dessa manobra, ele poderá vir a ter parada cardíaca, tornando necessária a
aplicação de massagem cardíaca externa.

Massagem cardíaca externa


Para iniciar a massagem cardíaca, deve-se apoiar as mãos uma sobre a
outra, na metade inferior do osso esterno, evitando fazê-lo sobre o apêndice xifóide,
pois isso tornaria a manobra inoperante.
Com os braços esticados e o peso do corpo aplicar a compressão toráxica,o
suficiente para baixar o esterno de 3,8 a 5 centímetros para um adulto normal e
mantê-lo assim, por cerca de meio segundo.
As compressões torácicas e a respiração artificial devem ser combinadas
para que a reanimação cardiorrespiratória seja eficaz.
A relação ventilações/compressões varia com a idade do acidentado e com o
número de pessoas que estão fazendo o atendimento emergencial.
A aplicação da massagem cardíaca externa pode trazer consequências
graves, muitas vezes fatais como: fraturas de costelas e do esterno, ruptura de
vísceras, contusão miocárdica, ruptura ventricular.
As frequências consideradas ideais, para o trabalho de ressuscitação
combinada de respiração boca a boca e massagem cardíaca externa com uma ou
duas pessoas socorrendo são as seguintes:2 ventilações para cada 30
compressões.

Reavaliação
• Verificar pulso carotídeo após 1 minuto de ressuscitação cardiorrespiratória e
depois, a cada 3 minutos.
• Se o pulso estiver presente, verificar presença de respiração eficaz.
• Respiração presente: manter a vitima sob observação.
• Respiração ausente: continuar os procedimentos de respiração artificial e
contatar com urgência o atendimento especializado.
• Se o pulso estiver ausente, iniciar RCR pelas compressões torácicas.
• Verificar reação das pupilas.

29
Erros comuns na execução da RCR
• Posição incorreta das mãos.
• Profundidade de compressões inadequadas.
• Incapacidade de manter um selamento adequado ao redor do nariz e da boca
durante a ventilação.
• Dobrar os cotovelos ou joelhos durante as compressões levando ao cansaço.
• Ventilações com muita força e rapidez levando à distensão do estômago.
• Incapacidade de manter as vias aéreas abertas.
• Não ativação rápida do atendimento especializado.

FIM DA MASSAGEM CARDÍACA

A AUSÊNCIA DA RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA, PUPILAS DILATADAS E


FIXAS POR 15 A 30 MINUTOS INDICAM MORTE CEREBRAL E QUALQUER
ESFORÇO PARA RESTAURAR A CIRCULAÇÃO SERÁ INÚTIL.

6.5 Desfibrilação
A fibrilação ventricular é uma tremulação da musculatura do coração, e em
razão disto,há a falência da capacidade do coração em bombear o sangue para todo
o organismo.Neste momento, o acidentado estará em parada cardíaca.A fibrilação
ventricular, geralmente está associada a algum tipo de doença cardíaca,ou em
quadros agudos de infarte do miocárdio ou angina de peito.
Para reverter o quadro de desfibrilação ventricular,usa-se o DEA (desfibrilador
automático), assumindo um papel fundamental dentro das emergências médicas e
deve ser usado por todos, após um treinamento.
Ao iniciar as desfibrilações é necessário 3 vezes o choque, sendo de
200J,300J, 360J.Proceder por 3 ciclos junto com a RCR, monitorar sinais vitais e
reiniciar a sequência sempre que necessário até que se restabeleçam os sinais
vitais.
Após a sequência de choques desfibriladores,o acidentado poderá despertar,
recuperar a frequência respiratória, pulsação e pressão arterial satisfatória. É
importante que se proceda a desobstrução das vias aéreas, estabilização física e o
transporte imediato para o hospital.
30
7 HEMORRAGIAS

É a perda de sangue circulante devido ao rompimento de um vaso sanguíneo,


devendo ser controlada imediatamente por meio de uma compressão com gaze,
lenço, camisa, lençol, etc. sobre o ferimento. Um ser humano em idade adulta tem
em média cerca de 5,5 litros de sangue o que corresponde a7% do peso corporal.

O acidentado poderá apresentar alguns sinais e sintomas como: fraqueza ou


desmaio, vertigem, pele pálida, úmida e pegajosa, náuseas, sede, pulsação rápida,
fraca , falta de ar, pupilas dilatadas, zumbidos no ouvido, inquietação. O doente
poderá perder a consciência e parar de respirar, neste caso poderá estar em estado
de choque hipovolêmico em decorrência da grande quantidade de sangue perdido.

Observação - Não coloque sobre o ferimento hemorrágico pó de café, teia de


aranha ou outras substâncias indicadas pela crendice popular, pois elas poderão
infeccionar a ferida.

O torniquete deverá ser aplicado quando falhar outro meio de controle, pois
interrompe a circulação sanguínea normal para além do sítio da aplicação. A falta de
oxigênio e de sangue pode conduzir à destruição dos tecidos e à possibilidade de
amputação do membro.

Uso do torniquete: enrole o pano logo acima do ferimento dando um meio nó;
coloque um pedaço de madeira no meio do nó e dê o nó completo sobre a madeira;
torça o pedaço de madeira o suficiente para controlar a hemorragia.

NOTAS: 1) Informe o médico sobre o uso do torniquete e a hora em que foi


aplicado.

2) Nunca cobrir o torniquete com roupa ou ligaduras, nem escondê-lo.

Cuidados: desaperte o torniquete, a cada 10 min. Caso a hemorragia volte,


aperte- o novamente por 10 min até o médico chegar. Mesmo que a hemorragia não
volte logo, deixe o torniquete baixo, pois em caso de necessidade pode apertá-lo
rapidamente. Mantenha a vítima agasalhada, não lhe ofereça líquidos e, se a vítima
ficar com as extremidades arroxeadas, abaixe um pouco o torniquete.

31
7.1 Tipos de hemorragia
A hemorragia pode ser arterial, quando a lesão atinge uma artéria, provoca
um sangramento vermelho vivo e de grande proporção ,em razão da pressão nesses
vasos. O sangramento venoso ocorre quando o ferimento atinge uma veia,
provocando uma hemorragia de menor porte e de cor mais escura.

Classificação das hemorragias

Hemorragia externa
É resultante de um ferimento com a saída visível do sangue. Exemplos
raladura,corte,perfuração e amputação
Primeiros socorros: compressão do ferimento, elevação de membro,
tamponamento e garrote.

Figura 17- Hemorragia


externa

Hemorragia interna
É resultante de um ferimento profundo com lesão de órgão interno ou de
doenças como úlceras no estômago.

Figura 18-
Hemorragia
interna

As hemorragias num membro fraturado estão geralmente ocultas, mas podem


detectar-se pelo edema que se forma, o tamanho do qual determina a gravidade da
hemorragia.

32
As hemorragias no tórax ou na cavidade abdominal são detectadas quando o
sangue é vomitado.
Sintomas: pulso fraco e rápido, pele fria, sudorese, sede, tonteira e aumento
de respiração.
Se estiver inconsciente, pode estar em estado de choque.

7.2 Complicações que podem ocorrer em caso de hemorragia aguda


Se a hemorragia não for controlada, a vítima poderá ter hipovolemia, entrar
em estado de choque e morrer.

7.3 Identificação e primeiros socorros


Hemostasia é um conjunto de medidas que visam estancar e controlar a
hemorragia,tendo como objetivo conter o sangramento e, assim, tirar a vítima do
iminente estado de morte.

Alguns tipos de hemorragia

Estomatorragia
Figura 19- Sangramento bucal
Hemorragia proveniente da boca.

Primeiros socorros
Dar líquidos gelados para a vítima lavar a boca. Manter a vítima em repouso.
Providenciar socorro médico.

Hemoptise
Hemorragia proveniente dos pulmões.
É quando o sangue sai em golfadas pela boca, vermelho vivo e
espumoso.

Primeiros socorros
Figura 20-
Bolsa de gelo no tórax. Hemorragia
Deitar a vitima de forma que a cabeça fique mais baixa que o pulmonar

corpo.

33
Hematêmese
Hemorragia proveniente do estômago com vômito de sangue.
É quando o sangue sai pela boca como se fosse borra de café;
pode vir ou não com restos de alimentos.

Figura 21-
Hematêmese

Primeiros socorros
Bolsa de gelo abaixo do umbigo. Deitar o doente sem travesseiro e não deixar
ingerir nada.

Otorragia
Hemorragia proveniente do ouvido.

Primeiros socorros
Lateralizar a cabeça de forma que o sangue saia.
Figura 22- Otorragia

Epistaxe ou Rinorragia
Hemorragia proveniente do nariz.

Primeiros socorros
Posicionar o acidentado sentado, com a cabeça inclinada para
Figura 23-
frente. Compressão da
Colocar bolsa de gelo ou compressa fria no nariz. narina

Tapar com algodão ou gaze seca. Comprimir a narina (10 min).

Hematúria
É a presença de sangue na urina,muitas das vezes visível a olho nu e
descritos pelo doente como urina vermelha ou cor de coca-cola.Poderá também ser
detectada através do exame de urina. A hematúria é indicadora de lesão com
hemorragia em algum ponto das vias urinárias,por exemplo bexiga,uretra.

34
Melena
Corresponde a um sangramento gastro intestinal,proveniente do
esôfago,estômago e intestinos. As causas mais comuns são: úlceras gástricas,
varizes de esôfago, cirrose, politraumatismo, queimaduras e outros.É importante
lembrar que todo sangramento digestivo deve ser investigado, pois além de causar
mal-estar podem representar grave risco de vida. Nos casos graves é necessária
reposição endovenosa de líquidos e de sangue.

Menorragia
Caracteriza-se por uma menstruação extremamente abundante ou
prolongada provocada por desequilíbrio hormonal.

Metrorragia
É um sangramento vaginal anormal que se deve à menstruação e acontece
fora do período menstrual. Suas causas podem ser clínicas ou patológicas.

35
8 LESÕES DE TECIDOS MOLES

8.1 Lesões de tecidos moles e primeiros socorros


São feridas nas quais há destruição da pele ou da mucosa, em razão da força
de ação de um agente externo.
Todo o ferimento é uma forma de lesão que afeta os tecidos moles do corpo,
seja externamente ou de maneira não aparente, internas. Os tecidos moles são a
pele, os tecidos gordurosos, músculos e órgãos internos.
O objetivo final do tratamento de qualquer lesão ou ferida traumática é
cicatrizá-la no menor tempo possível, sem deformações e sem perda de função.
Tecnicamente, o método de tratamento varia de acordo com o tipo de
ferimento.
Qualquer forma de atendimento a ferimentos provocados por qualquer tipo de
acidente, sempre deve ser conduzida da seguinte forma:
1. lavar as mãos com água e sabão antes de manipular o ferimento;
2. controlar hemorragia;
3. cuidar e prevenir o estado de choque;
4. procurar auxílio especializado com urgência, nos casos de lesões graves, e
encaminhar o acidentado para atendimento especializado.

De uma maneira prática, os ferimentos podem ser classificados de acordo


com o tipo de agente que os causou e com as complicações que eles podem
apresentar.

Figura 24- Tipos de ferimentos

36
Técnica do Curativo de média complexidade

Figura 25- Técnica do curativo simples

8.1.1 Contusões
São lesões provocadas por forte impacto sobre a pele, sem a presença de
ferimentos abertos, isto é, sem rompimento da pele.
Não há solução de continuidade da pele e ocorre derramamento de sangue no
tecido subcutâneo, ou em camadas mais profundas.
Quando há apenas o acometimento superficial, o acidentado apresenta dor e
inchaço (edema) da área afetada.
Quando há hemorragia , o local adquire uma coloração preta ou azulada,
denominada equimose.
Quando vasos maiores são lesados, o sangramento produz uma tumoração
visível sob a pele, ocorre o hematoma formado pelo sangue extravasado.
Estas lesões quando superficiais não ameaçam a vida, porém podem alertar a
quem estiver fazendo a prestação de primeiros socorros, para a possibilidade de
lesões de órgãos internos.
Esta lesão é das mais frequentes e pode ocorrer nos ambientes de trabalho,
pelos mais diversos motivos, entre os quais batidas em ferramentas, escadas,

37
mobiliários, equipamentos, quedas, sendo também frequente a suas ocorrência no
trajeto residência – trabalho – residência.

Primeiros socorros
As lesões contusas podem ser tratadas de maneira simples, desde que não
apresentem gravidade.
Normalmente, bolsa de gelo ou compressa de água gelada nas primeiras 24
horas e repouso da parte lesada são suficientes.
Se persistirem sintomas de dor, edema, hiperemia, pode-se aplicar
compressas de calor úmido.
Deve ser procurado auxilio especializado. As contusões simples, de um modo
geral, não apresentam complicações, nem necessitam de cuidados especiais.
Todavia, deve-se ficar alerta para contusões abdominais, mesmo que não
apresentem nenhum sintoma ou sinal, pois poderá ter havido complicações internas
mais graves.

8.1.2 Escoriações
São lesões simples da camada superficial da pele
ou mucosas, apresentando solução de continuidade do
tecido, sem perda ou destruição do mesmo, com
sangramento discreto, contudo, costumam ser
extremamente dolorosas.
Não representam risco à vitima, quando isoladas.
Figura 26- Escoriação
Esses tipos de ferimentos, também chamados de
escoriações, esfoliaduras ou arranhões, podem complicar
se não forem tratados adequadamente.
Para atender a esses tipos de ferimentos, deve-se fazer uma assepsia
pessoal, lavando as mãos com água e sabão, que é a medida profilática mais
simples e que pode ser executada praticamente em qualquer ambiente.
Se a área atingida for grande, cobrir com gaze ou curativo improvisado,
deixando sempre espaço para ventilação.
Se for necessário, enquanto não se entrega o acidentado a cuidados
especializados, é conveniente trocar este curativo uma vez por dia, pelo menos. O
objetivo é mantê-lo sempre limpo e seco.
38
8.1.3 Esmagamentos
Trata-se de lesão comum em acidentes automobilísticos, desabamentos, e
acidentes de trabalho.
Pode resultar em ferimentos abertos e fechados.
Existe dano tecidual extenso das estruturas subjacentes.
Os esmagamentos de tórax e abdome causam graves distúrbios circulatórios
e respiratórios.

Primeiros socorros
1. Procurar assistência especializada.
2. Executar o ABC da vida.
3. Transporte rápido, pois o estado do acidentado é potencialmente grave.

8.1.4 Amputações traumáticas


As amputações são definidas como lesões em que há a separação de um
membro ou de uma estrutura do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes,
por esmagamentos ou por forças de tração.
Estão frequentemente relacionadas a acidentes de trabalho e
automobilísticos, tendo maior prevalência em homens jovens.
Seu tratamento inicial deve ser rápido, pela gravidade da lesão, que pode
causar a morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado.
O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do atendimento de
primeiros socorros.
O membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a
maior prioridade é a manutenção da vida.

São 3 os tipos de amputação:

completa ou total: o segmento é totalmente separado do corpo;


parcial: o segmento tem 50% ou mais de área de solução de continuidade com o
corpo; e
desenluvamento: quando a pele e o tecido adiposo são arrancados sem lesão do
tecido subjacente.
39
Primeiros socorros:
1. abrir vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário;
2. controlar a hemorragia;
3. tratar o estado de choque, caso este esteja presente; e
4. cuidados com o segmento amputado:

• limpeza com solução salina, sem imersão em


liquido;
• envolvê-lo em gaze estéril, seca ou
compressa limpa;
• cobrir a área ferida com compressa úmida
em solução salina;
• proteger o membro amputado com dois
sacos plásticos;
Figura 27- Conservando membro
• colocar o saco plástico em recipiente de amputado

isopor com gelo ou água gelada;


• jamais colocar a extremidade em contato direto com o gelo; e
• lesões por objetos perfurantes à pele e tecidos mais profundos ficam
parcialmente exteriorizadas.

Neste caso devemos proceder da seguinte forma:


1. expor a lesão;
2. nunca remover objetos encravados;
3. existe o risco significativo de precipitar hemorragia, devido ao rompimento de
vasos sanguíneos;
4. estabilizar o objeto com curativo apropriado; e
5. não tentar partir ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isto seja
essencial para possibilitar o transporte.

40
8.2 Profilaxia do Tétano

Tétano - Prevenção
O tétano é uma doença infecciosa causada pelo “Clostridium tetani”, e que
incide principalmente no homem. Caracteriza-se por espasmos musculares
generalizados. A contaminação gerada nas feridas profundas são: as que tiveram
contato com terra, esterco, fezes e saliva; as perfurantes e avulsas; as que
resultaram de projéteis, esmagamento, queimadura e congelamento.
A indicação da vacina depende da história vacinal e do tipo de ferimento.

Vacina DT (dupla adulto): – 3 doses, assim:


1ª dose – no dia;
2ª dose – 30 dias da 1ª dose; e
3ª dose – 30 dias da 2ª dose.

8.3 Importância da aplicação dos princípios de higiene no tratamento de


feridas
A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções:
proteção contra infecções, lesões ou traumas e raios solares; e possui importante
função no controle da temperatura corpórea e como frágil escudo de proteção física.
Os ferimentos ou feridas podem ser classificados de várias maneiras:

a) quanto ao agente causal


• Incisas ou cortantes
São provocadas por agentes cortantes, como faca,
bisturi, lâminas, etc.; suas características são: o Figura 28- Ferida
predomínio do comprimento sobre a profundidade, incisa

bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas.


Na ferida incisa, o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo
a outro da lesão, sendo que, na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda.

• Corto-contusas
O agente não tem corte tão acentuado, sendo que a
força do traumatismo é que causa a penetração do
Figura 29- Ferida
instrumento, tendo como exemplo o machado. corto-contusa
41
• Perfurante
São ocasionadas por agentes longos e pontiagudos
como prego, alfinete etc.
Figura 30- Ferida
Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando perfurante

sua gravidade na importância deste órgão.

• Pérfuro-contusas
São as ocasionadas por arma de fogo, podendo
existir dois orifícios, o de entrada e o de saída.

Figura 31- Ferida pérfuro


• Lácero-contusas contusa

Os mecanismos mais frequentes são: a compressão;


em que a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente,
ou por tração; por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas
são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo
clássico as mordidas de cão. Figura 32- Ferida
lácero contusa

• Perfuro-incisas
Provocadas por instrumentos pérfuro-
cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo, um punhal.
Deve-se sempre lembrar que, externamente, poderemos
ter uma pequena marca na pele, porém, profundamente,
podemos ter comprometimento de órgãos importantes como
Figura 33- Ferida no
mostra a figura abaixo na qual pode ser vista lesão no músculo músculo cardíaco

cardíaco.

• Escoriações
A lesão surge tangencialmente à superfície
cutânea, com arrancamento da pele.

Figura 34-
escoriação

42
• Equimoses e hematomas
Na equimose há rompimento dos
capilares, porém sem perda da Figura 35-
Hematoma
continuidade da pele, sendo que no
hematoma, o sangue extravasado forma uma
cavidade.

b) quanto ao grau de contaminação

• Limpas
São as produzidas em ambiente cirúrgico.
A probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.

• Limpo-contaminadas
Também são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas há
contaminação grosseira; por exemplo, nas ocasionadas por faca de cozinha, ou nas
situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados descritos
anteriormente.
O risco de infecção é de 3 a 11%.

• Contaminadas
Há reação inflamatória.
São as que tiveram contato com material como terras, fezes, etc.
Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passaram
seis horas após o ato que resultou na ferida.
O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%.

• Infectadas
Apresentam sinais nítidos de infecção.

43
8.4 Processo de cicatrização
Após ocorrer a lesão a um tecido,
imediatamente iniciam-se fenômenos
dinâmicos conhecidos como cicatrização, que é
uma sequência de respostas dos mais variados
tipos de células (epiteliais, inflamatórias,
plaquetas e fibroblastos), que interagem para o Figura 36- Camadas da pele

restabelecimento da integridade dos tecidos.


O tipo de lesão também possui importância no tipo de reparação; assim, em
uma ferida cirúrgica limpa, há necessidade de mínima quantidade de tecido novo,
enquanto que, por exemplo, em uma grande queimadura, há necessidade de todos
os recursos orgânicos para cicatrização e defesa contra uma infecção. Na sequência
da cicatrização de uma ferida temos a ocorrência de quatro fases distintas:

1. fase inflamatória
Também denominada fase exsudativa pois é caracterizada por dois
processos chamados hemostasia e resposta inflamatória aguda. Dura 72 horas e
corresponde à coagulação sanguínea. Nesta fase a ferida pode apresentar dor,
vermelhidão e edema.
2. fase de epitelização
Após a fase inflamatória, a lesão estará recoberta por células superficiais que,
com o passar dos dias, sofrerão cicatrização.
3. fase celular
Ocorre a secreção de colágeno, matriz da cicatrização, que é responsável
pela força e integridade dos tecidos.
4. fase de fibroplasia
Caracteriza-se pela presença de colágeno, que transforma em uma estrutura
densa e consistente que é a cicatriz.
As feridas vão ganhando resistência de forma constante por até quatro
meses.Esta ação é importante para impedir a cicatrização excessiva que se traduz
pelo quelóide,
O quelóide é uma cicatriz que se projeta além da superfície da pele.

44
Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização normal:
• Idade
Quanto mais idoso, menos flexíveis são os tecidos; existe diminuição progressiva do
colágeno, substância que constitui as fibras do tecido conjutivo.
• Nutrição
Está bem estabelecida a relação entre a cicatrização ideal e um balanço nutricional
adequado.
• Estado imunológico
A ausência de leucócitos prolonga a fase inflamatória e predispõe à infecção
• Oxigenação
A falta de oxigênio leva à síntese de colágeno pouco estável, com formação de
fibras de menor força mecânica.
• Diabetes
A síntese do colágeno está diminuída na deficiência de insulina, há uma piora na
oxigenação e a infecção das feridas é preocupante nessas pacientes.
• Drogas
As que influenciam são os esteróides, que retardam e alteram a cicatrização.
• Quimioterapia
Inibe a fase inflamatória inicial da cicatrização.
• Irradiação
Leva a menor produção de colágeno.
• Tabagismo
Clinicamente observa-se cicatrização mais lenta em fumantes.
• Hemorragia
O acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem na cicatrização.
• Tensão na ferida
Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e interferem com a
boa cicatrização das feridas.

A grande complicação das feridas é a sua infecção, sendo que os fatores


predisponentes podem ser locais ou gerais.

45
Os locais são: contaminação, presença de corpo estranho, técnica de sutura
inadequada, tecido desvitalizado, hematoma e espaço morto.
São fatores gerais que contribuem para aumentar este tipo de complicação:
debilidade, idade avançada, obesidade, anemia, choque, grande período de
internação hospitalar, tempo cirúrgico elevado e doenças associadas, principalmente
o diabetes e doenças imunodepressoras.
Outras complicações são a hemorragia e a destruição tecidual.

8.5 Diferença entre inflamação e infecção

Infecção
Infecção é a presença exacerbada, dentro do corpo, de
um ou vários agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos,
protozoários), e a consequente reação do corpo a eles e às
toxinas por eles produzidas.
Ao mesmo tempo em que é prejudicado, o corpo do
hospedeiro serve de território para o hóspede se multiplicar e
infectar outras pessoas.
Figura 37- Tipos de
Agentes infecciosos entram pelo ar, pela água, pela infecções
comida, pela saliva de mosquitos, carrapatos e animais
raivosos, pelas feridas abertas, pelas trocas sexuais. Há reservatórios inesgotáveis
desses agentes em todos os animais.
A vida está sempre sujeita a riscos, infectar-se é só mais um deles.
Anticorpos e antitoxinas são formados especificamente para interagir com
aquele invasor naquele momento, e é muito raro a infecção virar doença infecciosa
em uma pessoa saudável. No processo infeccioso, o que conta é simplesmente a
capacidade de reação do organismo.

Inflamação
É uma reação do organismo frente a uma
infecção ou lesão dos tecidos. No processo
inflamatório a região fica avermelhada, Figura 38- Tipo de
quente,edemaciada e muito sensível inflamação

46
O calor é originado do fluxo de sangue aumentado na área; o rubor decorre
dos vasos sanguíneos dilatados; o entumescimento é gerado por essa dilatação
mais a formação de uma mistura de líquido, células e fragmentos celulares; e a dor é
consequência da pressão do edema e das substâncias químicas liberadas nos
processos inflamatórios.

8.6 Identificação de vírus, bactérias, fungos e protozoários

Vírus
Figura 39- Tipo
É uma partícula basicamente protéica que pode infectar de vírus

organismos vivos.
Vírus são parasitas obrigatórios do interior celular e isso significa que eles
somente reproduzem-se pela invasão e possessão do controle da maquinaria de
autoreprodução celular.
Das 1.739.600 espécies de seres vivos existentes, os vírus representam
3.600 espécies, com possibilidade de apresentar mutação.

Bactérias
São micro-organismos constituídos por uma
célula, sem núcleo celular, cujos tipos morfológicos
fundamentais são os cocos, bacilos e espirilos. Figura 40- Tipos de
bactéria

Fungos
É um vasto grupo de organismos vegetais de
dimensões consideráveis, como os cogumelos, mas também
muitas formas microscópicas, como bolores e leveduras.
Os fungos ocorrem em todos os ambientes do planeta
e incluem importantes decompositores e parasitas.
Fungos parasitas infectam animais, incluindo humanos
Figura 41- Lesão
e outros mamíferos, pássaros e insectos, com resultados causada por
fungos
variando de uma suave comichão à morte.
Outros fungos parasitas infectam plantas, causando doenças como o
apodrecimento de troncos, aumentando o risco de queda das árvores.

47
Protozoários
São animais unicelulares encontrados em lugares
úmidos, desde a água doce, salobra ou salgada, no solo ou em
matéria orgânica em decomposição, e até no interior do corpo
de outros protistas.
Figura 42-
Protozoário

Lesões cranioencefálicas
O trauma cranioencefálico, TCE, caracteriza-se por qualquer agressão que
acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio,
meninges ou encéfalo e pode ocorrer sobre um crânio parado ou em movimento e
se faz através de dois efeitos traumáticos: o impacto e o efeito inercial (carga de
impulso) devido à aceleração e desaceleração.
Estes dois efeitos traumáticos combinados podem causar lesões por diversos
mecanismos: impacto direto ou golpe, o contragolpe (lesão oposta devido ao choque
interno contra a tábua óssea), impactos internos, cisalhamento (deslizamento entre
si das diversas camadas encefálicas, por possuírem inércia diferentes) e
“tosqueamento”de fibras nervosas (fragmentação da bainha de mielina).
A avaliação neurológica no atendimento inicial é muito importante para o
paciente,pois em alguns casos as mortes por traumatismos estão associadas com o
trauma de crânio atingindo o couro cabeludo, crânio e cérebro
É essencial um padrão de atendimento que envolva avaliação por parte de
um neurocirurgião cuja conduta pode vir a modificar o tratamento desses pacientes.
Nesse caso a transferência precoce e adequada contribui significativamente para a
redução da mortalidade.
O socorrista ao passar o caso do paciente vítima de trauma cranioencefálico
para o neurocirurgião, deve ter disponíveis as seguintes informações:
• idade do paciente e mecanismo de lesão;
• estado cardiovascular e respiratório;
• dados do exame neurológico,
principalmente nível de consciência;
• reações pupilares e presença ou não de
déficit motor localizado de extremidades;
Figura 43- Cérebro

48
• presença e natureza de lesões
associadas não cerebrais; e
• se disponíveis, os resultados e exames já
realizados.

Figura 44- Cérebro


com TCE

49
9 QUEIMADURAS

São lesões produzidas nas camadas de revestimento do corpo humano,


causadas por agentes térmicos(calor,frio, eletricidade),químicos,irradiação etc..
Todo tipo de queimadura é uma lesão que requer atendimento médico
especializado imediatamente após a prestação de primeiros socorros, seja qual for a
extensão e profundidade. O líquido perdido numa queimadura é incolor (plasma). A
quantidade da perda pode ser determinada mais pela área queimada do que pela
profundidade.

9.1 Lesões provocadas por calor


Insolação. A incidência dos raios solares de forma excessiva no corpo
humano pode vir a ocasionar um distúrbio no equilibrio térmico na vítima.
Sintomas: dores de cabeça, calor excessivo, má disposição. O começo é, em
geral, abrupto, com súbita perda de consciência, convulsões, espasmos ou delírio.
Ao exame físico apresenta pele seca, vermelha e quente. Nos casos graves podem
aparecer pequenas manchas hemorrágicas. A temperatura é elevada (±41ºC), pulso
rápido e forte e pode atingir 160 ou mais batimentos por minuto. Respiração rápida e
profunda e a pressão arterial é ligeiramente elevada. As pupilas primeiro contraem-
se e depois dilatam-se. Podem ocorrer câimbras, contrações musculares,
convulsões e vômitos, seguidos de colapsos circulatórios e estado de choque.
Tratamento: imediato, a fim de reduzir a temperatura do corpo, evitar danos
cerebrais ou morte. A vítima deverá ser colocada numa banheira com água ou
molhada com panos frios ou com esponja molhada até que reduza sua temperatura.
Intermação. Trata-se da permanência do indivíduo em locais abafados,
fechados e quente onde o organismo é exposto a níveis de temperatura bem acima
da capacidade térmica corporal,ocasionando um elevado desgaste físico por ação
do calor. Podem ocorrer em pessoas que trabalham próximos a forno de padarias,
fornos siderúrgicos,etc

Os sintomas e os primeiros socorros são semelhantes aos da insolação.

Câimbras. Apresentam-se na forma de dores agudas e espasmos


abdominais ou musculares das pernas e braços. Uma massagem no músculo
afetado ajuda a eliminar o problema.
50
9.2 Sinais,sintomas e primeiros socorros aplicáveis e tipos de queimaduras

Primeiros socorros em queimaduras químicas

O manuseio de produtos químicos requer cuidados


especiais, como o uso de máscaras, luvas e avental. Os ácidos
podem queimar qualquer área do organismo com a qual
entrem em contato, seja com a pele, boca e olhos,neste caso a
área de contato deve ser lavada imediatamente com água. Figura 45- Queimadura
química
As lesões das queimaduras ocasionadas por agentes
químicos aparecem quase que imediatamente após o acidente; há dor e visível
destruição de tecidos.
Cobrir a queimadura de preferência com curativo esterilizado e transportar o
acidentado imediatamente para atendimento especializado.
Alguns gases provocam distúrbios sensoriais que só se manifestam algumas
horas após o acidente como vermelhidão da mucosa nasal e da faringe, rouquidão,
tosse com expectoração sanguinolenta; mas, a principal complicação é o risco de
edema pulmonar até 72 horas após o acidente.

Primeiros socorros em queimaduras térmicas


Esses tipos de queimaduras são causados pela condução de calor através de
líquidos, sólidos, gases quentes e do calor de chamas.
Podem ser extremamente dolorosas e, nos casos de queimaduras de 2º grau
ou de 3º grau em que a profundidade da lesão tenha destruído terminais nervosos
da pele, a dor aguda é substituída por insensibilidade.
Nas queimaduras identificadas como sendo de 1º grau, deve-se lavar com
água corrente, na temperatura ambiente, por um máximo de um minuto, tempo
necessário para o resfriamento local, para interromper o efeito daquilo que está
causando a lesão, aliviar a dor e para evitar o aprofundamento da queimadura.
Não aplicar gelo no local, pois os vasos sanguineos contraem e assim
diminue a irrigação sanguínea.
Em todos os casos de queimaduras, mesmo as de 1º grau, fique atento para a
necessidade de manter o local lesado limpo e protegido contra infecções.

51
As queimaduras de 2º grau requerem outros tipos de cuidados para primeiros
socorros. Além do procedimento imediato de lavagem do local lesado, proteger o
mesmo com compressa de gaze ou pano limpo, umedecido.
Em primeiros socorros não furar as bolhas que venham a surgir no local.
Não aplicar pomadas, cremes, pastas de dente, manteiga, margarina ou graxa de
máquina ou unguentos de qualquer tipo.
Remover jóias e roupas do acidentado para evitar constrição com o
desenvolvimento de edema.
Não retirar roupas ou partes de roupa que tenham grudado no corpo do
acidentado, nem retirar corpos estranhos que tenham ficado na queimadura após a
lavagem inicial.
A identificação do estado de choque poderá ser feita pela observação de
ansiedade; inquietação, confusão, sonolência, pulso rápido, suor excessivo e baixa
pressão arterial.
Realizar normalmente o exame primário, priorizando a manutenção de vias
aéreas, respiração e circulação.
O acidentado deverá ser encaminhado imediatamente para atendimento
especializado.
O acidentado de queimadura térmica na face, cujo acidente ocorreu em
ambiente fechado, deve ficar em observação para verificação de sinais de lesão no
trato respiratório.

9.2.1 Choques elétricos


São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo
corpo humano. Se esta for intensa, determinará a morte pela paralisia do centro
nervoso central que rege os movimentos respiratórios e cardíacos.
Em condições habituais, correntes de 100 a 150 Volts já são perigosas e,
acima de 500 Volts, são mortais.
A intensidade da corrente é o fator mais importante a ser considerado nos
acidentes com eletricidade.

52
Primeiros socorros em queimaduras por eletricidade
Estas queimaduras são produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou
baixa voltagem. Mesmo as lesões que parecem superficiais podem ter danos
profundos alcançando os ossos, necrosando tecidos, vasos sangüíneos e
provocando hemorragias.
A segurança da cena é prioridade para que o socorrista não seja também
uma vítima.
É prioridade interromper o contato entre o acidentado e a fonte de
eletricidade.
Pode haver lesão muscular, de nervos e de órgãos internos como o fígado e
baço.
Abrir as vias aéreas dos acidentados inconscientes com manobras manuais,
instituindo a respiração artificial.
Solicitar imediatamente apoio, se o acidentado estiver inconsciente.

Observar cuidados com a coluna cervical.

OS ACIDENTES COM ELETRICIDADE TAMBÉM OFERECEM PERIGO À


PESSOA QUE VAI SOCORRER A VÍTIMA.

Causas principais
Nos ambientes de trabalho encontramos acidentes quando há:
• falta de segurança nas instalações e equipamentos, como fios descascados,
falta de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que, por defeito, está em
contato com sua carcaça, etecétera;
• imprudência;
• indisciplina;
• ignorância; e
• acidentes.

53
Sintomas. Efeitos gerais:
• mal-estar geral;
• sensação de angústia;
• náusea;
• câimbras musculares de extremidades;
• dormência, formigamento;
• ardência ou insensibilidade da pele;
• visão de pontos luminosos;
• dor de cabeça;
• vertigem;
• alteração do ritmo cardíaco; e
• falta de ar.

Principais complicações:
• parada cardio-respiratória
• queimaduras;
• traumatismo (de crânio, ruptura de órgãos internos, etc.);
• óbito.

Primeiros socorros
• Antes de socorrer a vitima, cortar a corrente elétrica, desligando a chave geral
de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio da tomada (desde
que esteja encapado).
• Se o item anterior não for possível, tentar afastar a vitima da fonte de energia
utilizando luvas de borracha grossa ou materiais isolantes, e que estejam secos
(cabo de vassoura, tapete de borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado,
corda, etc.), afastando a vitima do fio ou aparelho elétrico.

54
Figura 46- Afastando o
acidentado da corrente

Figura 47- Desligando da


chave geral

Não tocar na vitima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que
esta seja interrompida.
• Em caso de parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente as manobras de
reanimação.
• Insistir nas manobras de reanimação mesmo que a vitima não esteja se
recuperando, até a chegada do atendimento especializado.
• Depois de obtida a reanimação cardiorrespiratória, deve ser feito um exame
geral da vitima para localizar possíveis queimaduras, fraturas ou lesões que
possam ter ocorrido no caso de queda durante o acidente.
• Deve-se atender primeiro a hemorragias, fraturas e queimaduras, nesta
ordem.
55
Tratamento:
- alívio das dores;
- prevenção e tratamento do estado de choque; e
- controle de infecções.

9.3 Grau das queimaduras e primeiros socorros

1º grau
Atinge a epiderme (primeira camada da pele)
São caracterizadas pela vermelhidão
dor e edema.

2º grau
Atinge a epiderme e a derme
São caracteristicamente avermelhadas e
dolorosas, com bolhas, edema abaixo da pele e
restos de peles queimadas soltas.
São mais profundas, provocam necrose e
visível dilatação do leito vascular.
A dor e ardência local são de intensidade variável.

3º grau
Atinge todo o tecido de revestimento,
alcançando o tecido gorduroso e muscular podendo
chegar até o osso.

Figura 48-
Queimadura de 3º
grau

56
Figura 49-
Classificação das
queimaduras

1. Extensão da lesão
É a mais importante e se baseia na
·área do corpo queimada.
Quanto maior a extensão da queimadura,
maior é o risco que corre o acidentado.
Uma queimadura de primeiro grau, que
abranja uma vasta extensão, será considerada
de muita gravidade.

A pele tem diversas funções:


• isolar o organismo de seu ambiente
protegendo-o contra invasões de
microrganismos patogênicos; Figura 50- Camadas da pele atingidas pela
queimadura.
• controlar sua temperatura;
• reter os líquidos corporais;
• fornecer informações ao cérebro sobre as condições do ambiente externo, através
de suas terminações nervosas.

57
2. Estimativa da extensão das queimaduras
Para melhor entendermos a avaliação da
extensão das queimaduras, é importante
conhecermos a chamada "regra dos nove", um
método muito útil para o cálculo aproximado da
área de superfície corporal queimada.
O grau de mortalidade das queimaduras está
relacionado com a profundidade e extensão da
lesão e com a idade do acidentado.
Queimaduras que atinjam 50% da superfície
do corpo são geralmente fatais, especialmente em Figura 51- Extensão da queimadura
crianças e em pessoas idosas.
A figura à cima é dotada comumente como exemplo para calcular e avaliar a
extensão das queimaduras em função da superfície corporal total, segundo a "regra
dos nove".
O pescoço, que está incluído na região da cabeça, representa 1% da
superfície corporal.

São consideradas lesões graves queimaduras nas áreas abaixo citadas.

Mãos e pés: podem produzir incapacidade permanente após o processo de


cicatrização devido às retrações.

Face: associa-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de fumaça, intoxicação


por monóxido de carbono e desfiguração.
Olhos: podem causar cegueira.
Períneo: tem alta incidência de infecção, sendo difícil o tratamento.
Queimaduras circunferenciais: qualquer queimadura circunferencial profunda
pode causar complicações graves.
No pescoço, pode causar obstrução de vias aéreas; no tórax, restrição à ventilação
pulmonar e, nas extremidades, obstrução e circulação.

58
3. Mecanismos de lesão
A inalação de fumaça é a principal causa de morte precoce nas primeiras
horas após a queimadura.
A inalação de gases superaquecidos pode causar obstrução de vias aéreas.

Prevenção da hipotermia
A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do organismo cai abaixo
do normal (35°C),de modo não intencional,sendo seu metabolismo prejudicado.Se a
temperatura ficar abaixo de 32°C, a condição pode ficar crítica e até fatal(quando
abaixo de 27°C).

Classificação
A hipotermia pode ser classificada em três tipos: aguda, subaguda e crônica.
Aguda: ocorre uma queda brusca da temperatura corporal,por exemplo quando a
pessoa cai em um lago com gelo.
Subaguda: Acontece em escala de horas, por permanecer em ambientes frios por
longos período de tempo.
Crônica: causada por uma enfermidade.

Etapas
Na primeira, etapa, a temperatura corporal cai de 1 a 2 graus Celsius abaixo
da temperatura normal.
Sintomas: calafrios,respiração rápida,dormência em membros superiores.
Na segunda, etapa, a temperatura cai de 2 a 4 graus Celsius abaixo da
temperatura normal.
Sintomas: calafrios, cianose e confusão mental.
Na terceira, etapa, ocorre um agravamento dos sintomas levando a vítima à
amnésia diminuição do pulso e respiração, paralização dos membros superiores e
inferiores, falha da atividade celular, falha dos órgãos vitais e morte clínica.

59
Primeiros socorros
Chamar socorro especializado, aquecer as axilas e pernas,monitorar funções
vitais e estar preparado para reanimação cardiopulmonar.
É preciso ter cuidado com o reaquecimento rápido, evitando assim a arritmia
cardíaca.

60
10 LESÕES TRAUMATO-ORTOPÉDICAS

São lesões com intensidade, extensão e gravidade que podem variar e que
podem vir a ser produzidas por toda uma gama de agentes. Dentre as lesões mais
comuns podemos destacar: entorse, luxação e fraturas.

10.1 Lesões mais comuns, sinais e sintomas

Entorse

São lesões dos ligamentos das articulações, onde estes se


distendem além de sua amplitude normal, rompendo-se.
Quando ocorre entorse (também conhecida por torcedura
ou mau jeito), há uma distensão dos ligamentos, mas não há o
deslocamento completo dos ossos da articulação. As distensões
são lesões produzidas nos músculos ou seus tendões, geralmente
causados por hiperextensões ou por contrações violentas. Em Figura 52- Bolsa de
gelo no joelho
casos graves, pode haver ruptura do tendão.
As causas mais frequentes da entorse são violências como puxões ou
rotações, que forçam a articulação.
Os locais onde ocorrem mais comumente são as articulações do tornozelo, ombro,
joelho, punho e dedos.
Após sofrer uma entorse, o indivíduo sente dor intensa ao redor da articulação
atingida; dificuldade de movimentação, que poderá ser maior ou menor conforme a
contração muscular ao redor da lesão.
Os movimentos articulares, cujo exagero provoca a entorse, são
extremamente dolorosos e esta dor aumentará diante de qualquer tentativa de se
movimentar a articulação afetada.

61
10.2 Técnicas de imobilização

Primeiros socorros
• Aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas.
• Após este tempo, aplicar compressas mornas.
• Imobilizar o local como nas fraturas.
• A imobilização deverá ser feita na posição que for mais cômoda para o
acidentado.

ANTES DE ENFAIXAR UMA ENTORSE OU DISTENSÃO, APLICAR BOLSA


DE GELO OU COMPRESSA DE ÁGUA GELADA NA REGIÃO AFETADA, PARA
DIMINUIR O EDEMA E A DOR. COBRIR COM CURATIVO SECO E LIMPO,
ANTES DE IMOBILIZAR E ENFAIXAR. AO ENFAIXAR QUALQUER MEMBRO OU
REGIÃO AFETADA, DEVE SER DEIXADA UMA PARTE OU EXTREMIDADE À
VISTA, PARA OBSERVAÇÃO DA NORMALIDADE CIRCULATÓRIA. AS
BANDAGENS DEVEM SER APLICADAS COM FIRMEZA, MAS SEM APERTAR,
PARA PREVENIR INSUFICIÊNCIA CIRCULATÓRIA.

10.2.1 Luxação
São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma
articulação é deslocada de seu lugar.
O dano a tecidos moles pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos, nervos e
cápsula articular.
Os casos de luxação ocorrem geralmente
devido a traumatismos, por golpes indiretos ou
movimentos articulares violentos, mas, às vezes uma
contração muscular é suficiente para causar a
luxação.
As articulações mais atingidas são o ombro,
Figura 53- Luxação
pescoço, cotovelo; a articulação dos dedos e úmero-escapular
mandíbula.

62
Sinais e sintomas
Para identificar uma luxação, devem-se observar as seguintes características:
• dor intensa no local afetado (a dor é muito maior que na entorse), geralmente
afetando todo o membro cuja articulação foi atingida;
• edema;
• impotência funcional; e
• deformidade visível na articulação, podendo apresentar um encurtamento ou
alongamento do membro afetado.
Primeiros socorros
• O tratamento de uma luxação é atividade
exclusiva de pessoal especializado em
atendimento a emergências traumato-
ortopédicas.
• Os primeiros socorros limitam-se à
aplicação de bolsa de gelo ou compressas
frias no local afetado e à imobilização da Figura 54- Luxação cervical
articulação, preparando o acidentado para o
transporte.
• A imobilização e enfaixamento das partes
afetadas por luxação devem ser feitas da
mesma forma que se faz para os casos de
entorse.
• A manipulação das articulações deve ser feita com extremo cuidado e
delicadeza, levando-se em consideração, inclusive, a dor intensa que o
acidentado estará sentindo.
• Nos casos de luxações recidivantes o próprio acidentado, por vezes, já sabe
como reduzir a luxação.
• O acidentado deverá ser mantido em repouso, na posição que lhe for mais
confortável até a chegada de socorro especializado ou até que possa ser
realizado o transporte adequado para atendimento médico.

63
10.2.2 Fraturas
A fratura é uma interrupção na continuidade do osso.
Constitui uma emergência traumato-ortopédica que requer boa
orientação de atendimento, calma e tranquilidade por parte de
quem for socorrer, e transporte adequado. Figura 55- Fratura
diagonal
O envelhecimento e determinadas doenças ósseas
(osteoporose) aumentam o risco de fraturas, que podem ocorrer mesmo após
traumatismos leves. Essas lesões são chamadas fraturas patológicas.
A fratura pode se dar por ação direta, por exemplo, um pontapé na perna,
levando à fratura no local do golpe; ou por ação indireta, por exemplo, a queda em
pé de uma altura considerável, ocorrendo fratura da parte inferior da coluna
vertebral, isto é, o impacto foi transmitido através dos ossos da perna e bacia até a
coluna vertebral.
Nos ambientes de trabalho, a fratura pode ocorrer devido a quedas e
movimentos bruscos do trabalhador, batidas contra objetos, ferramentas,
equipamentos, assim como queda dos mesmos sobre o trabalhador; portanto, pode
ocorrer em qualquer ramo de atividade, ou durante o trajeto residência – trabalho –
residência.
A imobilização deve ser cuidadosa; as lesões secundárias, atendidas com
redobrada atenção, e o transporte para atendimento medico só poderá ser feito
dentro de padrões rigorosos.
Suspeita-se de fratura ou lesões articulares quando houver:
• dor intensa no local, a qual aumenta ao menor movimento;
• edema local;
• crepitação ao movimentar (som parecido com o amassar de papel);
• hematoma (rompimento de vasos, com acúmulo de sangue no local) ou
equimose (mancha de coloração azulada na pele e que aparece horas após a
fratura);
• paralisia (lesão de nervos).

64
Classificação
As fraturas podem se classificadas de acordo com sua exteriorização e com a
lesão no osso afetado.

• Fratura fechada ou interna


É a fratura na qual os ossos quebrados permanecem no interior do membro, sem
perfurar a pele. Poderá, entretanto romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo.
• Fratura aberta ou exposta
É a fratura em que os ossos quebrados saem do lugar, rompem a pele e deixam
exposta uma de suas partes; que podem ser produzidas pelos próprios fragmentos
ósseos ou por objetos penetrantes. Este tipo de fratura pode causar infecções.
• Fratura em fissura
É aquela em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como se fossem
uma rachadura ou fenda.

• Fratura em galho verde


É a fratura incompleta que atravessa apenas uma parte do osso.
São fraturas geralmente com pequeno desvio e que não exigem redução; quando
exigem, é feita com o alinhamento do eixo dos ossos.
Sua ocorrência mais comum é em crianças e nos antebraços (punho).
• Fratura completa
É a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total.
• Fratura cominutiva
É a fratura que ocorre com a quebra do osso em 3 ou mais fragmentos.
• Fratura impactada
É quando as partes quebradas do osso permanecem comprimidas entre si,
interpenetrando-se.
• Fratura espiral
É quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso.
Estas fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção.
• Fratura obliqua
É quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente.
• Fratura transversa

65
É quando o traço de fratura atravessa o
osso numa linha mais ou menos reta.

Primeiros socorros
Controlar eventual hemorragia e
cuidar de qualquer ferimento, com curativo,
antes de proceder à imobilização do
membro afetado.
• Imobilizar o membro, procurando
colocá-lo na posição que for menos
dolorosa para o acidentado, o mais
naturalmente possível
• Usar talas, caso seja necessário,
pois irão auxiliar na sustentação do
membro atingido. Figura 56- Tipos de fraturas

• As talas têm que ser de tamanho


suficiente para ultrapassar as articulações acima e abaixo da fratura.
• Para improvisar uma tala pode-se usar qualquer material rígido ou semirrígido
como tábua, madeira, papelão, revista enrolada ou jornal grosso dobrado.
• O membro atingido deve ser acolchoado com pano limpo, camadas de
algodão ou gaze, procurando sempre localizar os pontos de pressão e
desconforto.
• Prender as talas com ataduras ou tiras de pano, aperta-las o suficiente para
imobilizar a área, com o devido cuidado para não provocar insuficiência
circulatória.
• Fixar em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e acima
e abaixo da fratura.
• Sob nenhuma justificativa, deve-se tentar recolocar o osso fraturado de volta
no seu eixo.
• As manobras de redução de qualquer tipo de fratura só podem ser feitas por
pessoal medico especializado.

66
• Ao imobilizar um membro que não puder voltar ao seu lugar natural, não
forçar seu retorno.
• A imobilização deve ser feita dentro dos limites do conforto e da dor do
acidentado.
• Não deslocar, remover ou transportar o acidentado de fratura, antes de ter a
parte afetada imobilizada corretamente.
• Colocar um curativo seco e fixá-lo com bandagens.
• Não tocar no osso exposto.
• Manter o acidentado em repouso, tranquilizando-o, enquanto se procede a
imobilização da mesma maneira que se faz para os casos de fratura fechada.

Fratura de braços
• Colocar algodão ou pedaços de pano para acolchoar debaixo da axila; em
seguida, usar talas dos lados externo e interno do braço, com comprimento
suficiente para ir até o cotovelo.
• Fixar com tiras de pano ou atadura.
• Fazer uma tipoia para imobilizar o braço com o antebraço flexionado em
ângulo reto, e fixá-la junto ao tórax.

Figura 57- Imobilização nos membros superiores

67
11 INTOXICAÇÕES

As intoxicações ocorrem pelo contato do homem com substâncias como:


agrotóxicos, plantas, desinfetantes, tintas, água sanitária, remédios em geral, etc.
Alguns navios transportam substâncias tóxicas. Todas elas podem causar
sérias intoxicações, pois qualquer substância pode ser tóxica, dependendo da dose
e da maneira de usá-la.

• Vias de penetração
Boca: ingestão de qualquer tipo de substância tóxica,
química ou natural (chumbo, cogumelos venenosos);
Pele: contato direto da pele com a substância;
Nariz: aspiração de vapores ou gases que se desprendem da
substância; Exemplos: gases tóxicos (Co2), fumos;
Olhos: contaminação por contato da substância. Figura 58-
Intoxicação na pele
A via respiratória é a mais comum via de intoxicação na
indústria naval; e a substância tóxica pode consistir em vapor, gás, névoa, spray, pó
ou fumos.

11.1 Tipos de intoxicação,sinais e sintomas


Variam normalmente conforme a substância tóxica e a via de penetração.
Porém, de maneira geral, podemos observar:
- Hálito com odor estranho, no caso de ingestão ou inalação;
- Modificação na coloração dos lábios e parte exterior da boca;
- Dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estômago;
- Sonolência, confusão mental, torpor;
- Delírios, alucinações e estado de coma;
- Lesões na pele, queimaduras intensas com limites bem nítidos;
- Depressão respiratória;
- Dor de coluna, náuseas, vômito, convulsões;
- Pulso rápido ou lento, pele azulada, dificuldade respiratória e inconsciência.

68
11.2 Primeiros socorros em caso de Intoxicação

Se o tóxico foi ingerido estando a vítima consciente:

a) conservar o corpo da vítima aquecido, pela aplicação de cobertores; e


b) encaminhar a vítima ao posto médico ou hospital.

Estando a vítima inconsciente ou em crise convulsiva:

a) se estiver inconsciente, não dê nada para ela beber;


b) verificar se há respiração;
c) abrir a boca da vítima, para verificar se a língua está impedindo a respiração;
d) colocar a vítima em posição lateral, para evitar aspiração de vômito
espontâneo; e
e) encaminhar a vítima ao Posto Médico mais próximo.

Observação: não provoque vômito na vítima.

Se o tóxico foi inalado:

a) levar a vítima imediatamente para local fresco, com maior ventilação, para
expelir os gases;
b) se a vítima não estiver respirando, remover qualquer objeto da boca:
dentadura, alimento, vômito;
c) conservar o corpo da vítima aquecido, enrolando-o em cobertor, se
necessário;
d) encaminhar a vítima rapidamente a um serviço médico.

O tóxico entrou em contato com a pele:

a) colocar o acidentado sob o chuveiro ou jato de água corrente, enquanto tira


toda a sua roupa;
b) vestir a vítima com roupas limpas; e
c) encaminhar o acidentado, rapidamente, a um serviço médico.
69
O tóxico caiu nos olhos:

a) separar bem as pálpebras; lavar imediatamente os olhos durante 15 a 20


minutos com água corrente;
b) não tentar usar nenhum colírio; e
c) encaminhar com urgência ao serviço médico.

Substâncias tóxicas específicas:

• medicamentos:
- sedativos (dormir);
- calmantes (barbitúricos e diazepan);
- A.A.S.

• desinfetantes:
- creolina;
- ácido carbônico.
∗ Causam alergias, queimaduras, etc.

• solventes (derivados do petróleo):


- vapor inalado
∗ Causam sonolência, tontura, náuseas, etc.

• cianeto (gás):
- ácido prússico (usado para fumigação de navios)
∗ Causa dificuldade para respirar, ansiedade, coma, convulsões e/ou morte.

• Dióxido de Carbono (produzido pela fermentação de cereais no porão):


É mais pesado que o ar e Causa: Sufocação, vertigem, dificuldade para respirar,
dor de cabeça, desmaios e perda da consciência.

• Monóxido de carbono:
- incêndio e explosão;
- muito tóxico mesmo em pequenas concentrações.
∗ Causa: fraqueza muscular, inconsciência, etc. Lábios vermelhos e pele da
face rosada (casos graves).
Tratamento: inalação de O2.

70
• Gases refrigerantes:
- inalação de vapor de amoníaco.
∗ Causa: dificuldade para respirar, com dor e lacrimejo dos olhos, irritação
intensa, destruição das vias respiratórias, colapso e morte.

• Dióxido de carbono:
∗ Causa: desmaio.
• Cloreto de metila (gás incolor com odor de éter)
∗ Causa: sonolência, confusão mental, coma, náuseas, vômito, convulsões e
morte (natureza explosiva).
• Tricloreto (gás anestésico volátil usado em cirurgias obstétricas e
dentárias; outras pessoas utilizam como droga a ser inspirada)
∗ Causa: sonolência, confusão mental, vômito, coma e morte.

11.3 Animais peçonhentos que provocam intoxicação

11.3.1 Que são animais peçonhentos?


Animais peçonhentos são aqueles que produzem substâncias tóxicas e
apresentam um aparelho especializado para inoculação desta substância que é o
veneno; e possuem glândulas que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou
aguilhões, por onde o veneno passa ativamente.

11.3.2 Quais são os animais peçonhentos de importância em saúde pública?


Serpentes ou ofídios do grupo da jararaca, cascavel, surucucu e coral
verdadeira; algumas aranhas como a aranha marrom, armadeira e a viúva negra,
além dos escorpiões preto e o amarelo.

11.3.3 Como prevenir acidentes com ofídios?


• Não andar descalço: sapatos, botas ou perneiras devem ser usados, pois
evitam 80% dos acidentes;
• Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer;

71
• Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem, nunca colocar as
mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre
espaços situados em montes de lenha ou entre pedras;
• Não utilizar diretamente as mãos ao tocar em capim, mato baixo, montes de
folhas secas; usar sempre antes um pedaço de pau, enxada ou foice, se for o
caso;
• Tampar as frestas e buracos das paredes e assoalhos;
• Quando entrar em matas de ramagens baixas, ou em pomar com muitas
árvores, parar no limite de transição de luminosidade e espere sempre a vista
se adaptar aos lugares menos iluminados;
• Se por qualquer razão tiver que abaixar-se, além de olhar bem o local, bater a
vegetação ou as folhas: a coloração da jararaca e da cascavel se confunde
muito com a das ramagens e folhas secas e há casos de acidente onde a
pessoa não enxerga a serpente.
• Não depositar ou acumular material inútil junto à habitação rural, como lixo,
entulhos e materiais de construção; manter sempre a calçada limpa ao redor
da casa.;
• Evitar trepadeiras muito encostadas à casa, folhagens entrando pelo telhado
ou mesmo pelo forro.
• Controlar o número de roedores existentes na área de sua propriedade: ao
lado dos outros problemas de saúde pública, a diminuição do número de
roedores irá evitar a aproximação de serpentes venenosas que deles se
alimentam;
• Não montar acampamento junto a plantações, pastos ou matos denominados
“sujos”, regiões onde há normalmente roedores e maior número de serpentes;
• Não fazer piquenique às margens dos rios ou lagoas, deles mantendo
distância segura, e não encostar em barrancos durante a pescaria;
• Manuseio de serpentes vivas deve ser feito com ganchos apropriados, por
pessoas treinadas e com aptidão para o ofício. Não tocar nas serpentes,
mesmo mortas, pois por descuido ou inabilidade há o risco de ferimento nas
presas venenosas;
• No amanhecer e no entardecer, nos sítios ou nas fazendas, chácaras ou
acampamentos, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão,
72
gramados ou até mesmo jardins; é nesse momento que as serpentes estão
em maior atividade;
• Proteger os predadores naturais de serpentes como as emas, as siriemas, os
gaviões, os gambás e cangambás, e manter animais domésticos como
galinhas e gansos próximos às habitações que, em geral, afastam as
serpentes.

11.3.4 Como prevenir acidentes com aranhas e escorpiões?


• Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
• Examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
• Afastar camas das paredes e evite pendurar roupas fora de armários;
• Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
• Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meias-canas e
rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
• Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e
celeiros; evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter
a grama sempre cortada;
• Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são
alimentos para aranhas e escorpiões;
• Preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas,
corujas, sapos, lagartixas e galinhas;
• Limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao
muro ou cercas;
• Não colocar mãos ou pés em buracos, cupinzeiros, monte de pedra ou lenha,
troncos podres etc.

11.3.5 Que tipos de serpentes peçonhentas e potencialmente perigosas


existem no Brasil?
São quatro os tipos (gêneros) de serpentes peçonhentas no Brasil: Bothrops
(jararaca, jararacuçu, urutu, cotiara, caiçaca), Crotalus (cascavel), Lachesis
(sucurucu-pico-de-jaca) e Micrurus (corais-verdadeiras).

73
As jararacas respondem por quase 90% dos acidentes ofídicos registrados,
sendo encontradas em todo o país.
Apesar de comuns, as corais-verdadeiras são causa rara de acidentes, pois
os hábitos dessas serpentes não propiciam a ocorrência de ataque a seres
humanos.
As surucucus são serpentes que habitam matas fechadas sendo, portanto,
encontradas principalmente na Amazônia e, mais raramente, na Mata Atlântica.
Já as cascavéis preferem ambientes secos e abertos, não sendo comuns nas áreas
onde as surucucus predominam.

11.3.6 Existe alguma época do ano em que os acidentes por animais


peçonhentos ocorrem com maior frequência?
Sim, a época de calor e chuvas é a mais propícia para a ocorrência dos
acidentes, pois os animais estão em maior atividade, coincidindo com o período de
plantio e colheita agrícola.
Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, os meses de dezembro a março
concentram a grande maioria dos casos, enquanto que no inverno o número de
acidentes diminui bastante.
Já no Nordeste, o pico coincide com meses de abril a junho.
Na região Norte, apesar de os casos serem mais frequentes também nos três
primeiros meses do ano, não há uma variação tão marcada como nas demais
regiões do país.

11.3.8 Quais são os sintomas de uma pessoa picada por serpente?


No caso de um acidente por jararaca, a região da picada apresenta dor e
inchaço, às vezes com manchas arroxeadas e sangramento pelos orifícios da
picada, além de sangramentos em gengivas, pele e urina.
Pode haver complicações como infecção e necrose na região da picada e
insuficiência renal.
Quadro semelhante ao acidente por jararaca, a picada pela surucucu-pico-de-
jaca pode ainda causar vômitos, diarréia e queda da pressão arterial.
Na picada por cascavel, o local da picada não apresenta lesão evidente,
apenas uma sensação de formigamento; dificuldade de manter os olhos abertos,
74
com aspecto sonolento, visão turva ou dupla são os manifestações características,
acompanhadas por dores musculares generalizadas e urina escura.
O acidente por coral verdadeira não provoca, no local da picada, alteração
importante; as manifestações do envenenamento caracterizam-se por visão borrada
ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento.

11.3.9 Quais os sintomas de uma pessoa picada por escorpião?


A picada por escorpião leva à dor no local da picada, de início imediato e
intensidade variável, com boa evolução na maioria dos casos, porém crianças
podem apresentar manifestações graves, como náuseas e vômitos, alteração da
pressão sanguínea, agitação e falta de ar.

11.3.10 Quais são as aranhas que podem causar acidentes de importância


médica no Brasil?
São três os tipos (gêneros) de aranhas: aranha-armadeira ou aranha-da-
banana, encontrada em várias regiões do país, com predomínio nas regiões Sudeste
e Sul; aranha-marrom, muito comum no Sul, principalmente no Paraná; e viúva-
negra, mais encontrada no litoral do Nordeste.
A tarântula ou aranha-de-jardim e as caranguejeiras, apesar de muito
temidas, não causam acidentes de importância; assim como as aranhas domésticas
que fazem teias geométricas.

11.3.11 Quais os sintomas de uma pessoa picada por aranha?


A aranha-armadeira causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis
no local da picada.
Raramente crianças podem apresentar agitação, náuseas, vômitos e
diminuição da pressão sanguínea.
No caso da aranha-marrom, a picada é pouco dolorosa e uma lesão
endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida
com necrose de difícil cicatrização; raramente podem provocar escurecimento da
urina.
A viúva-negra leva a dor na região da picada, contrações nos músculos, suor
generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
75
11.3.12 Quais são as medidas que devem ser tomadas após mordida de
animal peçonhento?
• Lavar o local da picada de preferência com água e sabão;
• Manter a vítima deitada, evitar que ela se movimente para não favorecer a
absorção do veneno;
• Se a picada for na perna ou no braço, mantê-los em posição mais elevada;
• Não fazer torniquete: impedindo a circulação do sangue, você pode causar
gangrena ou necrose;
• Não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local
da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não
provocar infecção;
• Não dar à vítima pinga, querosene, ou fumo, como é costume em algumas
regiões do país;
• Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que
possa receber o tratamento em tempo;
• Levar se possível, o animal agressor, mesmo morto, para facilitar o
diagnóstico;
• Lembrar que nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonhento.

11.3.13 Como é feito o tratamento dos acidentes por animais peçonhentos?


No caso dos acidentes ofídicos, o soro anti ofídico é o único tratamento
eficaz.
Já para escorpiões e aranhas, os sintomas podem tratados com medidas para
alívio da dor, como compressas mornas; caso não haja melhora, o paciente deve ser
levado ao serviço de saúde mais próximo para se avaliar a necessidade de soro.

11.3.14 O soro pode ser utilizado em casa ou na fazenda, ou deve ser aplicado
somente em hospital?
Não se recomenda o uso de soros fora do hospital, pois a aplicação deve ser
feita na veia e sendo ele produzido a partir do sangue do cavalo, ao ser injetado no

76
organismo humano, pode provocar reações alérgicas que precisam ser tratadas
imediatamente.
Além disso, é preciso conhecer os efeitos clínicos dos venenos para se
indicar o tipo correto e a quantidade de soro adequada para a gravidade.

11.3.15 Que acontece se uma mulher grávida for picada? O soro pode ser
aplicado?
Não há contraindicação para aplicação do soro em gestantes, devendo as
mulheres ter uma atenção especial, pois pode haver descolamento prematuro da
placenta e sangramento uterino.

11.3.16 Em quanto tempo é possível socorrer uma vítima picada por animal
peçonhento?
Não há um tempo limite para tratar uma pessoa picada por animal
peçonhento, devendo esta ser sempre levada para um hospital para avaliação
médica.
No entanto, sabe-se o tempo é um fator determinante para a boa evolução
dos casos; no caso dos acidentes ofídicos, verifica-se que 6 a 12 horas depois do
acidente aumentam os riscos de complicações.

11.3.17 Existe algum soro que possa ser utilizado em qualquer acidente por
animal peçonhento?
Não existe soro polivalente ou universal.
Para cada tipo de acidente, existe um soro específico que deve ser aplicado
em quantidade proporcional à gravidade.
Se uma pessoa picada por jararaca receber o soro para cascavel, além de
não neutralizar os efeitos do veneno, pode ainda apresentar reação alérgica a esse
soro.

11.3.18 O soro pode ser comprado nas farmácias?


Não. Todo soro produzido no Brasil é comprado pelo Ministério da Saúde que
o distribui aos Estados. Este, por sua vez, estabelece quais municípios devem

77
receber o soro de modo a permitir que os pacientes recebam o tratamento
gratuitamente.
A relação dos hospitais que têm o soro está disponível nas secretarias de
saúde estaduais.

11.3.19 Prevenção
- Medidas de biossegurança
- Roupas protetoras (luvas, aventais, etc.)
Picadas de animais peçonhentos.
Mordedura animal: pode causar escoriações, lacerações ou perfurações; há
perigo de infecção (tétano) e raiva.
Deve-se lavar o ferimento com água e sabão, posteriormente fazer um curativo e
notificar (serviço médico).
Mordedura de rato: lavar o ferimento com água e sabão e procurar o serviço
médico para iniciar antibioticoterapia.

Picada de cobra (peçonhenta ou não peçonhenta)


É provável que haja cobras em terra ou no navio, proveniente das cargas. Há
normalmente dor e inchaço à volta do ferimento. No caso das cobras do mar, não
provocam uma reação local, mas sim dores musculares generalizadas.

Tratamento geral:
a) manter o membro elevado, lavar a ferida com água e sabão;
b) serviço de emergência;
c) obter, se possível, descrição da cobra.

Não é recomendado: torniquete , sucção do veneno (pode agravar o sangramento,


contaminar o socorrista ou causar infecção).

Peixes venenosos:
Lavar o ferimento, fazer compressa quente e dar remédio para dor.

78
Escorpiões, centopeias e aranhas: dor local; lavar o ferimento com água e sabão e
fazer curativo.

Abelhas e outros: dor e edema local. Se causar edema na garganta, conduzir ao


hospital; retirar o ferrão.

79
12 ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS

São distúrbios frequentes em emergências e podem ser de origem traumática


ou não, adiante caracterizadas.

12.1 Tipos de alterações circulatórias e primeiros socorros


Epilepsia. Doença neurológica caracterizada por convulsões musculares
desencadeadas por perda parcial ou total dos sentidos.
A fase do ataque é seguida por convulsões
espasmódicas no corpo acompanhadas de movimentos
súbitos dos braços, pernas e cabeça, contorções da face e
emissão de espuma pela boca, os olhos podem revirar-se e Figura 59- Atendimento em
via pública
o doente pode morder a língua. A urina e as defecções
podem ocorrer involuntariamente.

Convulsão
A crise convulsiva caracteriza-se pela perda repentina da consciência,
acompanhada de contrações musculares violentas. As contrações fortes duram de
dois a quatro minutos.
A vítima de uma crise convulsiva perde a consciência e seu corpo fica tenso e
retraído. Em seguida, ela começa a debater-se violentamente e pode apresentar os
olhos virados para cima e os lábios e dedos arroxeados. Em certos casos, a vítima
saliva bastante e urina.
Depois disto, os movimentos vão enfraquecendo e a vítima recupera-se
lentamente.
A crise convulsiva pode acontecer em consequência de febre muito alta,
intoxicação ou, ainda, devido a epilepsia ou lesões no cérebro.

Diante de um caso de convulsão, providenciar o seguinte:


• Deitar a vítima no chão e afastar tudo o que esteja ao seu redor e possa
machucá-la (móveis, objetos, pedras, etc.) e não impeça os movimentos da
vítima.

80
• Retirar as próteses dentárias, óculos, colares e outras coisas que possam
quebrar ou machucar a vítima.
• Para evitar que a vítima morda a língua ou se sufoque com ela, coloque-lhe
um lenço ou pano dobrado na boca entre os dentes.
• No caso de a vítima já ter cerrado os dentes, não tente abrir-lhe a boca.
Desaperte a roupa da vítima e deixe que ela se debata livremente; coloque um
pano debaixo de sua cabeça, para evitar que se machuque.
• A pessoa que está tendo convulsões apresenta muita salivação.
• É preciso tomar mais uma providência para evitar que fique sufocada: deite-a
com a cabeça de lado e fique segurando a cabeça nesta posição. Desta forma, a
saliva escoará com facilidade.
• Não dê à vítima nenhuma medicação ou líquido pela boca, pois ela poderá
sufocar-se.
• Cessada a convulsão, deixe a vítima em repouso até que recupere a
consciência.
• Após a convulsão, a pessoa dorme e este sono pode durar horas.
• Em seguida, encaminhe-a à assistência médica.
• Nunca deixe de prestar socorro à vítima de uma crise epilética convulsiva,
pois sua saliva (baba) não é contagiosa.

Insolação
É o conjunto de sintomas que acomete uma pessoa exposta demasiadamente
ao sol.
Pode manifestar-se de diversas maneiras: subitamente, quando a pessoa cai
desacordado, alterando a pulsação e a respiração; ou após o aparecimento de
sintomas e sinais como tonturas, enjoos, dor de cabeça, pele seca e quente, rosto
avermelhado, febre alta, pulso rápido, respiração difícil.
Enquanto aguarda o socorro médico, procure colocar a vítima à sombra, fazer
compressas frias sobre a sua cabeça e envolver seu corpo em toalhas molhadas,
para baixar a temperatura.
Em seguida, deite a pessoa de costas, apoiando sua cabeça e ombros para
que fiquem mais altos que o resto do corpo.

81
O ideal é que a temperatura desça lentamente, para que não ocorra o colapso
circulatório, próprio de quedas bruscas de temperatura.
Após ter prestado os primeiros socorros, deve se procurar ajuda médica,
urgentemente.

Cãibra
É uma contração muscular súbita de curta duração e geralmente dolorosa de
um músculo ou grupo muscular.
Os atletas atenuam os efeitos do ácido lático e por isso suportam melhor um
acúmulo da substância.
A cãibra também ataca em plena madrugada, quando se está quieto,
dormindo, mas aí o problema é neurológico: uma ordem equivocada para o músculo
se contrair a toda velocidade, provocada muitas vezes por estresse
psicológico.

Tratamento: massagens locais. Figura 60-


Reanimação com
desfibrilador
Estado de choque
O choque é um complexo grupo de síndromes cardiovasculares agudas que
não possui uma definição única que compreenda todas as suas diversas causas e
origens.
Didaticamente, o estado de choque se dá quando há mau funcionamento
entre o coração, vasos sanguíneos (artérias ou veias) e o sangue, instalando-se um
desequilíbrio no organismo. O choque é uma grave emergência medica e seu
atendimento exige ação rápida e imediata.
Vários fatores predispõem ao choque. E, com a finalidade de facilitar a análise
de seus mecanismos, considera-se, especialmente para estudo, o choque
hipovolêmico, por ter a vantagem de apresentar uma sequência bem definida.

82
Há vários tipos de choque, mencionados a seguir.
1) Choque hipovolêmico
É o choque que ocorre devido à redução do volume intravascular por causa da
perda de sangue, de plasma ou de água perdida em diarréia, hemorragias e vômito.
2) Choque cardiogênico
Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue suficiente
para atender às necessidades metabólicas dos tecidos.
3) Choque septicêmico
Pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica.
4) Choque anafilático
É uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que ocorre quando um indivíduo é
exposto a uma substância à qual é extremamente alérgico.
5) Choque neurogênico
É o choque que decorre da redução do tônus vasomotor normal por distúrbio da
função nervosa.

Causas principais do estado de choque


• Hemorragias intensas (internas ou externas)
• Infarto
• Taquicardias
• Bradicardias
• Queimaduras graves
• Processos inflamatórios do coração
• Traumatismos do crânio e traumatismos graves de tórax e abdome
• Envenenamentos
• Afogamento
• Choque elétrico
• Picadas de animais peçonhentos
• Exposição a extremos de calor e frio
• Septicemia

83
No ambiente de trabalho, todas as causas citadas acima podem ocorrer,
merecendo especial atenção os acidentes graves com hemorragias extensas, com
perda de substâncias orgânicas em prensas, moinho, choque elétrico, ou por
envenenamentos por produtos químicos, ou por exposição a temperaturas extremas.

Sintomas
A vitima de estado de choque ou na iminência de entrar em choque apresenta
geralmente os seguintes sintomas a seguir mencionados.
• Pele pálida, úmida, pegajosa e fria. Cianose (arroxeamento) de extremidades,
orelhas, lábios e pontas dos dedos.
• Suor intenso na testa e palmas das mãos.
• Fraqueza geral.
• Pulso rápido e fraco.
• Sensação de frio, pele fria e calafrios.
• Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil.
• Expressão de ansiedade ou olhar indiferente e profundo com pupilas
dilatadas, agitação.
• Medo (ansiedade).
• Sede intensa.
• Visão nublada.
• Náuseas e vômitos.
• Respostas insatisfatórias a estímulos externos.
• Perda total ou parcial de consciência.
• Taquicardia.

Prevenção do choque
Algumas providências podem ser tomadas para evitar o estado de choque.
Dentre elas a vítima deve estar deitada de costas.
• Afrouxar as roupas da vítima no pescoço, peito e cintura e, em seguida,
verificar se há presença de prótese dentária, objetos ou alimento na boca e os
retirar.
• Os membros inferiores devem ficar elevados em relação ao corpo.

84
• Isto pode ser feito colocando-os sobre uma almofada, cobertor dobrado ou
qualquer outro objeto.
• Este procedimento deve ser feito apenas se não houver fraturas desses
membros; ele serve para melhorar o retorno sanguíneo
e levar o máximo de oxigênio ao cérebro.
• Não erguer os membros inferiores da vitima a mais
de 30 cm do solo.
• No caso de ferimentos no tórax que dificultem a
respiração ou de ferimento na cabeça, os Figura 61- Posição lateral
de segurança
membros inferiores não devem ser elevados.
• No caso de a vitima estar inconsciente, ou se
estiver consciente, mas sangrando pela boca ou
nariz, deitá-la na posição lateral de segurança
(PLS), para evitar asfixia.
• Verificar quase que simultaneamente se a vítima respira.
• Deve-se estar preparado para iniciar a respiração boca a boca, caso a vítima
pare de respirar.
• Enquanto as providências já indicadas são executadas, observar o pulso da
vítima.
• No choque, o pulso da vítima apresenta-se rápido e fraco (taquisfigmia).
• Dependendo do estado geral e da existência ou não de fratura, a vítima
deverá ser deitada da melhor maneira possível.
• Isso significa observar se ela não está sentindo frio e perdendo calor.
• Se for preciso, a vítima deve ser agasalhada com cobertor ou algo
semelhante, como uma lona ou casacos.
• Se o socorro médico estiver demorando, tranquilizar a vítima, mantendo-a
calma, sem demonstrar apreensão quanto ao seu estado.
• Permanecer em vigilância junto à pessoa para dar-lhe segurança e para
monitorar alterações em seu estado físico e de consciência.
• Em todos os casos de reconhecimento dos sinais e sintomas de estado de
choque, providenciar imediatamente assistência especializada.
• A vítima vai necessitar de tratamento complexo que só pode ser feito por
profissionais com recursos especiais para intervir nestes casos.
85
Desmaio ou lipotimia
É a perda súbita, temporária e repentina da consciência, devido à diminuição
de sangue e oxigênio no cérebro.

Principais causas
• Hipoglicemia
• Cansaço excessivo
• Fome
• Nervosismo intenso
• Emoções súbitas
• Susto
• Acidentes, principalmente os que envolvem perda sanguínea
• Dor intensa
• Prolongada permanência em pé
• Mudança súbita de posição (de deitado para em pé)
• Ambientes fechados e quentes
• Disritmias cardíacas (bradicardia)

Sintomas
• Fraqueza
• Suor frio abundante
• Náusea ou ânsia de vomito
• Palidez intensa
• Pulso fraco
• Pressão arterial baixa
• Respiração lenta
• Extremidades frias
• Tontura
• Escurecimento da visão
• Devido à perda da consciência, o acidentado cai.

86
Primeiros socorros
A Se a pessoa apenas começou a desfalecer:
• sentá-la em uma cadeira, ou outro local semelhante;
• curvá-la para a frente;
• baixar a cabeça do acidentado, colocando-a
entre as pernas e pressionar a cabeça para baixo; Figura 62- Reanimar
um desmaiado
• manter a cabeça mais baixa que os joelhos; e
• fazê-la respirar profundamente, até que passe o mal-estar.

B Havendo o desmaio:
• manter o acidentado deitado, colocando sua
cabeça e ombros em posição mais baixa em
relação ao resto do corpo. Figura 63- Decúbito
dorsal
• afrouxar a sua roupa. Com elevação dos

• manter o ambiente arejado.


• se houver vomito, lateralizar-lhe a cabeça, para evitar sufocamento.
• depois que o acidentado se recuperar, dar-lhe café, chá ou mesmo água com
açúcar.
• Jamais dar-lhe bebida alcoólica.

87
13 CORPOS ESTRANHOS

Corresponde à introdução, de natureza acidental, de objetos ou corpos


estranhos nas vias digestivas e também nas vias respiratórias.

13.1 Vias de penetração de um corpo estranho

Vias respiratórias
Os corpos estranhos nas vias respiratórias podem causar perturbações de
variável natureza, de acordo com a sua localização.

• Sinais e sintomas
São também variáveis. Pode existir dificuldade respiratória, dor, vômitos e,
nos casos mais graves, asfixia que pode conduzir à morte.
A penetração de corpos estranhos no corpo humano é um tipo de acidente
muito comum e pode ocorrer nas circunstâncias mais inesperadas.
Vários tipos de objetos estranhos ao nosso
corpo podem penetrar acidentalmente nos olhos,
ouvidos, nariz e garganta. São pequenas partículas,
de variada origem e constituição física que, muitas
vezes, apesar de aparentemente inofensivas devido
ao tamanho, podem causar danos físicos e Figura 64- Manobra
de Heimlich
desconforto sério.
É importante o rápido reconhecimento do corpo estranho que tenha penetrado
no corpo.

88
Figura 65- Tipos de
corpos estranhos

Olhos
Os olhos são os órgãos que estão mais em contato com o trabalho e,
portanto, mais susceptíveis de acidente.
Qualquer corpo estranho que penetre ou respingue nos olhos de uma pessoa
constitui um acidente doloroso, e, muitas vezes, de consequências desastrosas.
A atividade de quem for prestar os primeiros socorros na remoção de corpos
estranhos dos olhos de um acidentado deve limitar-se exclusivamente às manobras
que serão explicadas à frente.
O uso de instrumentos como agulhas, pinças, ou outros semelhantes só pode
ser feito por profissional de saúde.
Todo cuidado é pouco nas manobras de remoção de corpos estranhos dos
olhos. Qualquer atendimento malfeito ou descuidado pode provocar lesões
perigosas na córnea, conjuntiva e nas escleróticas.

89
13.2 Procedimento a ser realizado em cada situação

Primeiros socorros
A primeira coisa a ser feita ao se atender um acidentado que reclame de
corpo estranho no olho é procurar reconhecer o objeto e localizá-lo visualmente.
Em seguida, pede-se à vitima que feche e abra os olhos repetidamente para
permitir que as lágrimas lavem os olhos e, possivelmente, removam o corpo
estranho.
Muitas vezes a natureza e o local de alojamento do corpo estranho não
permitem o lacrimejar, pois pode provocar dor intensa e até mesmo lesão de córnea;
nestes casos, não se deve insistir para a vitima pestanejar.
Se for possível, lavar o olho com água corrente. Se o corpo estranho não sair,
o olho afetado deve ser coberto com curativo oclusivo e a vitima encaminhada para
atendimento especializado.

MUITAS VEZES O CORPO ESTRANHO ESTÁ LOCALIZADO NA SUPERFÍCIE


DO OLHO, ESPECIALMENTE NA CÓRNEA E NA CONJUNTIVA PALPEBRAL
SUPERIOR.
O CORPO ESTRANHO LOCALIZADO NA CÓRNEA NÃO DEVERÁ SER
RETIRADO.

O procedimento a ser adotado é o seguinte:


• manter o acidentado calmo e tranqüilo; manter-se calmo;
• não tentar retirar qualquer objeto que esteja na córnea;
• não tocar no olho do acidentado nem deixar que ele o faça;
• não tocar no objeto invasor;
• encaminhar o acidentado para atendimento especializado, se possível com
uma compressa de gaze, lenço ou pano limpo cobrindo o olho afetado, sem
comprimir, fixando-o sem apertar.
O próprio acidentado poderá ir segurando a compressa.
Se o corpo estranho não estiver na córnea, ele pode ser procurado na
pálpebra inferior. Se estiver lá, pode-se removê-lo com cuidado, segundo
procedimento adiante mencionado.
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• Lavar bem as mãos com água e sabão.
• Tentar primeiramente remover o objeto com as lágrimas, conforme instruído
anteriormente.
• Se não sair, podem-se usar hastes flexíveis com ponta de algodão ou a ponta
limpa de um lenço retorcido.
• Enquanto puxa-se a pálpebra para baixo, retira-se o objeto cuidadosamente.

Se o objeto estiver na pálpebra superior, será necessário fazer a inversão da


pálpebra para localizá-lo e removê-lo, como explicado a seguir:
• Levantar a pálpebra superior, dobrando-a sobre um cotonete ou palito de
fósforos.
• Quando o objeto aparecer, removê-lo conforme o auxílio de outro cotonete ou
ponta de tecido ou de lenço limpo, retorcido.
• Se houver risco de lesão ou dor excessiva, suspender a manobra e
encaminhar para socorro especializado.
• Ao encaminhar o acidentado para atendimento especializado, deve-se cobrir
o olho afetado com gaze ou pano limpo.

Figura 66- Remoção de corpos


estranhos

Qualquer líquido que atingir o olho deve ser removido com água corrente. Uma
alternativa para estas opções é fazer com que o acidentado mantenha o rosto, com
o olho afetado, debaixo d'água, mandando-o abrir e fechar repetidamente o olho.
Qualquer procedimento de lavagem de olhos para retirada de líquido estranho
deverá ser feito no mínimo por 15 minutos, pois não se pode perder tempo
procurando saber que tipo de líquido caiu no olho do acidentado.
Providenciar a lavagem imediatamente.
Após a lavagem, com o olho coberto por gaze, o acidentado deve ser
encaminhado para socorro especializado.

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A falta de atendimento e posterior tratamento adequado nos casos de corpos
estranhos oculares podem, em determinadas circunstâncias, causar graves
problemas aos olhos.
Estes problemas podem ir desde dificuldades óticas corrigíveis com lentes,
até a perda da visão ou mesmo do próprio olho.
Um corpo estranho no olho, além de conduzir microrganismos, pode causar
abrasão na superfície da córnea a qual pode vir a infeccionar e causar desde uma
úlcera da córnea até uma inflamação do olho. Muitas vezes uma vítima reclama da
presença de um corpo estranho no olho, que entretanto não é encontrado o corpo
estranho pode já ter saído, mas causou abrasão da córnea.

Ouvidos
Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente
também nos ouvidos, especialmente na área
correspondente ao conduto auditivo externo.
Estes acidentes são mais comuns em crianças.
Insetos, sementes, grãos e pequenas pedras podem se
alojar no ouvido interno. Figura 67- Corpo
estranho no ouvido
Muitas vezes,o cerume endurecido é confundido
com um corpo estranho, causando perturbação na função auditiva e desconforto.

13.3 Complicações esperadas


Erros de conduta e falta de habilidade na realização de primeiros socorros
podem ocasionar danos irreversíveis à membrana timpânica com consequente
prejuízo da audição, seja temporário ou permanente.
Não usar qualquer instrumento na tentativa de remover corpo estranho do
ouvido. Nem usar pinças, tesouras, palitos, grampos, agulhas, alfinetes, posto que o
uso de instrumentos é atribuição particular de pessoal especializado.
É comum insetos vivos alojarem-se no ouvido. Nesses casos uma manobra
que tem dado resultado é acender uma lanterna em ambiente escuro, bem próximo
ao ouvido. A atração da luz atrairá o inseto para fora.

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Nariz
Corpos estranhos no nariz também ocorrem
com mais frequência em crianças; geralmente
causam dor, crises de espirro e coriza e podem
resultar em irritação se não forem removidos Figura 68- Criança
espirrando
imediatamente.
Insetos podem se alojar nas narinas de crianças e adultos, indiferentemente.
Mas, não usar instrumentos como pinça, tesoura, grampo ou similar para removê-
los.
A conduta correta é comprimir com o dedo a narina não obstruída e pedir o
acidentado para assoar, sem forçar, pela narina obstruída.
Normalmente este procedimento ajuda a expelir o corpo estranho. Mas se o
corpo estranho não puder sair com facilidade, devemos procurar auxílio médico
imediatamente.
Manter a vítima calma, cuidando para que não inale o corpo estranho.
A vítima deverá inspirar calmamente pela boca, enquanto se aplicam as
manobras para expelir o corpo estranho.

Garganta
A penetração de um corpo estranho na
garganta pode constituir um problema de proporções
muito graves.
Geralmente as pessoas engasgam-se com
moedas, pequenos objetos, próteses dentárias, Figura 69- Remoção de
corpo estranho da boca.
espinhas de peixe, ossos de galinha e outros
alimentos e até mesmo com saliva.
Antes de qualquer coisa, o acidentado deve ser tranquilizado, fazer com que
respire o mais normalmente possível sem entrar em pânico.
Isto é muito importante, pois qualquer pessoa que engasga, seja com o que for,
tende a ficar nervosa, entrar em pânico e termina por perder o controle da
respiração, o que pode ser desastroso.

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Depois de tranquilizar o acidentado e fazer com que respire normalmente,
identificar o tipo de objeto que causou o engasgo. Feita a identificação, passar
imediatamente a aplicar as técnicas para expelir o corpo estranho.
Uma das principais técnicas recomendadas é a tapotagem.

Tapotagem
É uma técnica feita com as mãos em forma de concha realizando movimentos
de flexoextensão dos punhos sobre a área trabalhada.
A tapotagem pode ser aplicada com o acidentado sentado, em pé ou deitado.

Figura 70- Técnica da tapotagem

94
14 ESTOJO DE PRIMEIROS SOCORROS

Não adianta ter-se um “kit” de primeiros socorros e não saber usá-lo. Mais
simples do que se imagina, estes são alguns itens que não podem faltar a bordo.
Para isto será necessário um treinamento para saber quando e como usá-los.

14.1 Conteúdo básico


A lista abaixo contempla itens de socorro para situação de emergência .
a) luvas de procedimento(látex): serve de barreira para manipulação de ferimentos.
b) gaze: proteção de ferimentos.
c) gaze vaselinada: proteção de queimaduras.
d) atadura de crepe: usada para enfaixar curativos,controlar hemorragias e impedir a
contaminação de feridas.
e) esparadrapo: usado em curativos e imobilizações.
f) colar cervical: usado no pescoço para evitar o agravamento de possíveis lesões.
g) talas: para estabilizar fraturas, luxação e entorse.
h) tesoura: para cortar roupas, ataduras e esparadrapos.
i) soro fisiológico: para lavar as feridas.
Tornam-se também necessários: pinças ,agulhas, bisturis, álcool a 70% e barreiras
para proteção de reanimação.
Acrescente ao seu kit pelo menos alguns tipos de medicações, sempre com
orientação médica: anti-inflamatórios,antiácidos,antiespamódico,antidiarreico,colírio,
analgésico , antitérmico,anti-hemético e histamínicos( para alergia), higienizante tipo
povidine para limpeza de ferimentos, sacos plásticos, garrote e máscaras
descartáveis.

14.2 Utilização dos medicamentos e substâncias do estojo


É importante lembrar que o uso de qualquer substância ou material do kit de
primeiros socorros requer segurança para quem estiver usando.De acordo com o
local de trabalho e o tipo de função realizada, torna-se necessário que a equipe
identifique quais os materiais necessários para compor o estojo de primeiros
socorros.

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14.3 Reações medicamentosas
São provocadas por uso de medicações que provoquem alergia, podendo a
vítima apresentar prurido,vermelhidão,dificuldade para respirar .Em casos mais
graves ter edema de glote.

As soluções mais utilizadas nos curativos são:


• soro fisiológico para limpeza e como
emoliente;
• soluções antissépticas como polvidine
tópico ou tintura a 10% (PVPI – Polivinil
Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%; e
• Álcool iodado com ação secante e Figura 71- Estojo
cicatrizante. de primeiros
socorros

Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas.


• Nas lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser
suturadas, pois são potencialmente infectadas; apenas naquelas que são
profundas, com comprometimento do plano muscular, este deve ser aproximado.
• Nas feridas por arma de fogo, a decisão da retirada do projétil deve ser
avaliada caso a caso. Se houver apenas um orifício, este não deve ser suturado,
devendo-se lavar bem o interior do ferimento, sendo que quando houver dois
orifícios, um deles poderá ser suturado.
• As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o
cuidado com a profilaxia do tétano.

Figura 72- Kit de


curativos

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15 TRANPORTE DE ACIDENTADOS

O transporte correto da vítima é tão importante quanto os cuidados de


primeiros socorros,uma vez que se este for conduzido de forma incorreta, poderá ter
agravado seu estado de saúde.

15.1 Transporte como medida de primeiros socorros


A necessidade do transporte assistido tem crescido nos últimos anos,
principalmente em decorrência do número crescente de acidentes e de remoções de
pacientes para realização de exames complementares.O trauma, um crescente
problema de saúde pública no Brasil, produz cerca de 50.000 mortes por ano e mais
de 350.000 feridos, sendo que 50% dos óbitos ocorrem no momento do acidente, e
30% dentro da primeira hora. A reversão desse quadro inicia com o transporte
adequado das vítimas. As guerras do Vietnã e Coréia, comparadas à Segunda
Guerra Mundial, demonstraram que a rapidez na remoção dos feridos dos campos
de batalha associada a medidas de estabilização do paciente durante o transporte
reduzia significativamente a mortalidade em três vezes, e os cuidados elementares
durante o transporte reduziam em 20% a mortalidade dos feridos.
Vários países da Europa e os Estados Unidos aprimoraram a qualidade das
remoções, reduzindo as taxas de mortalidade durante o transporte a menos de 10%.

15.1.1 Objetivo primário do cuidado pré-hospitalar


• identificar os pacientes com risco de vida;
• conhecer o estado geral da vítima;
• tomar as primeiras medidas básicas; e
• proporcionar atendimento hospitalar definitivo o mais breve possível.

O PRIMEIRO ATENDIMENTO DEVE SER O MAIS COMPLETO DENTRO DO


MENOR TEMPO POSSÍVEL. A CORRETA AVALIAÇÃO DE CADA CASO É
MUITO IMPORTANTE. PROCURE DURANTE O ATENDIMENTO DESENVOLVER
UM CUIDADO HUMANIZADO.

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15.2 Tipos de transportes
Considerações a serem tomadas antes dos transportes. Pergunta-se:
• É possível resgatar ou auxiliar a vítima sem colocar em perigo o socorrista?
• Se não, qual a urgência do resgate e qual o risco potencial para o socorrista?
• É possível reduzir o risco imediato para a vítima sem movê-la?
• Poderão ocorrer lesões adicionais se a vítima for transportada?
• Pode o socorro ser prestado no local, ou é necessário solicitar auxílio também
para o tratamento, além do transporte?
• Os meios de transporte necessários são terrestres, marítimos ou aéreos?
• Qual o paciente suporta?
• É necessário algum tipo de adaptação do veículo para o transporte?
• Não seria melhor esperar uma ambulância?
• De que métodos precisamos ou dispomos para o transporte imediato?
• Transportar para onde?
• Se o local é de difícil acesso, com a vítima gravemente ferida, o que
fazemos?

15.2.1 Razões para um transporte imediato:


• ferimento na cabeça;
• ferimento perfurante abdominal;
• sangramento de qualquer tipo, que altere os sinais vitais;
• desidratação, internação ou choque térmico em ambiente sem água;
• ferimento na caixa do tórax;
• hipotermia / congelamento; e
• perigo iminente no local.

15.2.2 As primeiras medidas básicas:


• manter-se calmo e manter o paciente calmo e deitado;
• verificar os sinais vitais;
• controlar as hemorragias;
• imobilizar todos os pontos suspeitos de fraturas;
• se houver parada respiratória iniciar a respiração boca-a-boca;

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• em parada circulatória fazer massagens cardíacas e ventilação boca-a-boca;
• ter cuidado com a língua;
• Cuidado com a imobilização da coluna cervical; e
• Em envenenamentos não deixar a vítima caminhar.

AO TRANSPORTAR UM DOENTE, NÃO USAR SOMENTE A FORÇA FÍSICA,


MAS, TER CONSCIÊNCIA DO QUE ESTÁ SENDO FEITO E DOS RISCOS QUE A
VÍTIMA CORRE DURANTE A REMOÇÃO. SEMPRE QUE O TRANSPORTE FOR
FEITO POR DUAS OU MAIS PESSOAS, UMA DELAS ASSUMIRÁ O COMANDO
DOS MOVIMENTOS PARA TORNÁ-LOS SUAVES E LENTOS, EVITANDO-SE
QUE SEJAM BRUSCOS E HAJA SOLAVANCOS.

15.2.3 Como transportar um acidentado


Como em geral, no local do acidente, não temos condições de diagnóstico
preciso, devemos sempre transportar as vítimas sobre macas rígidas. Nunca
podemos esquecer de reavaliar as condições vitais da vítima durante o transporte.
O transporte pode ser feito por uma ou mais pessoas com as próprias mãos
ou, de preferência por meio de macas ou padiolas.
Se for necessário levantar o acidentado antes de examiná-lo, manter o corpo
em linha reta e proteger a cabeça.
Depois puxá-lo para um lugar seguro onde possa ser usada a maca.
Devemos adotar o método de uma, duas ou três pessoas.

15.3 Transportes mais utilizados pelas equipes de resgate


Transporte de maca
• É o único transporte recomendado para vítimas com suspeita de fratura de
crânio, coluna ou quadril.
• O posicionamento da vítima sobre a maca rígida é feito através de rolamento
(90 graus), com o auxílio de, no mínimo, três pessoas.
• As macas podem ser de dois tipos: rígidas longas e rígidas curtas.

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As figuras adiante mostram variados aspectos dessas técnicas de transporte,
adotadas até mesmo por equipes de resgate, em situações mais diversas possíveis.

Figura 73- Com paletós, camisas ou Figura 74- Com cintos, cordas
tiras largas de tecido.

Figura 75- Com sacos de estopa, de náilon trançados.

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Figura 76- Com cobertores, toalhas ou colchas.

Transporte com 01 socorrista

Figura 77- Transporte de apoio Figura 78- Nas costas

Figura 79- Nos braços Figura 80- De arrasto

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Transporte com 02 socorristas

Figura 81- Transporte de cadeirinha Figura 82- No colo

Figura 83- Em rede

Transporte com 03 socorristas


Sempre que houver suspeita de fratura no crânio, coluna ou no quadril, serão
necessários três pessoas pelo menos para transportar a vítima.
O transporte em maca é o único recomendado nesses casos e a maca deve
ser dura e plana como as que são feitas com tábuas ou porta (preferencialmente).

Figura 84- No colo

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Figura 85- Usando maca

Transporte em veículos
Quando não temos veículo adequado na remoção do acidentado, devemos
transportá-lo da maneira mais cuidadosa possível a fim de evitar complicações
muitas das vezes irreversíveis. Alguém deverá ir ao lado do paciente para que ele
não se mova. Cuidar para a vítima não sofrer desníveis no corpo.
Durante o transporte, bem como a verificação dos sinais vitais, não se deve
interromper, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem cardíaca,
se estas forem necessárias.

Registros e anotações
É importante o socorrista anotar qualquer intercorrência com seu acidentado.
A bordo não seria diferente; assim deve-se saber:
• a identidade da vítima;
• os nomes das pessoas que a vítima gostaria que fossem notificadas;
• a descrição da ocorrência;
• as medidas especiais de socorro de emergência que foram tomadas; e
• qualquer doença ou incapacidade existente antes do acidente ou da enfermidade
que lhe tenha chegado ao conhecimento.

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REFERÊNCIAS

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www.edof.com.br/socorros.acessado em 29 de abril de 2010

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Clínicas R.S.M. Coimbra, S.C. Soldá, A.A. Casaroli, S. Rasslan Santa Casa de São
Paulo,1997

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