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Recursos expressivos – Efeitos no Clarinete


por Michel Moraes

Muitas vezes ao ouvir um clarinetista tocar um rhythm & blues, jazz, choro ou
peças de música contemporânea, podemos ouvir efeitos sonoros nos remetem à
voz humana. Frullatos, glissandos, bendings e notas “fantasmas”, trouxeram uma
nova gama de expressividade à música, seja erudita ou popular.

Eles começaram a serem usados por músicos negros de New Orleans no final do
século 19. Até então, os músicos de sopro que vinham da tradição européia
visavam o som limpo, cristalino, com precisão e afinação impecáveis. Os negros
começaram a introduzir efeitos que imitavam a fala, como som“rouco”(frullato) ,
pequenas desafinações para cima ou para baixo (bendings), deslizes grandes
(glissandos), bem como notas fantasmas. Essas novas maneiras de tocar
imitando efeitos da voz humana podem ser ouvidas desde as primeiras gravações
de “dixieland” no início do 20, passando pelo blues, swing, bebop, etc, e
acabaram influenciando a escrita para sopros de grandes compositores de música
erudita como Ravel, Stravinski, Gershwin, Copland, Villa Lobos, dentre outros.

O primeiro efeito a ser tratado é o frullato – do italiano frullare, fazer rumor.


Muitos clarinetistas tem me perguntado sobre como produzir esse efeito no
clarinete. Eu conheço dois modos de fazer. Do primeiro modo, basta emitir um
som com a garganta enquanto toca. Cante um “Uuuuu” grave soprando o
clarinete. Isso vai fazer com que saia um frullato suave, bom para ser utilizado
em passagens agudas e rápidas. A desvantagem desta maneira de fazer é que se
você for gravar, e o trecho for muito exposto, há grande chance de aparecer a

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sua voz na gravação.
O outro modo de fazer o frullato é vibrando a língua no céu da boca. Ele vai sair
um pouco mais agressivo, à maneira dos cantores de blues e soul. A
desvantagem é que preciso muito cuidado com a afinação, pois tende a cair,
talvez porque há a tendência a deixar um maior espaço na cavidade bocal para a
língua vibrar.

Usa-se também o frullato no clarinete com o intuito de imitar o trêmulo de


repetição dos instrumentos de cordas. Na partitura, pode-se indicar o frullato com
traços em cima da nota, ou simplesmente escrevendo frullato sobre o trecho a ser
executado
trecho da "Fantasia Sul-américa" de Cláudio Santoro

O bending, do inglês to bend, curvar, como o próprio nome já diz, trata-se de


desafinar a nota, para cima ou para baixo, retornando à afinação original. Basta
relaxar ou apertar o maxilar contra a palheta para conseguir o efeito desejado. É
um efeito muito usado no blues, negro-spirituals e choro. É indicado na partitura
com um pequeno traço curvo.

trecho trancrito de um solo de Benny Goodman onde se usa 'bendings"

O glissando, do italiano glissare, deslizar sobre, consiste em tocar começando


numa nota, terminando em outra mais grave ou aguda, sem se notar quebras
entre elas. É um efeito utilizado muito utilizado por instrumentistas de cordas e
cantores. No registro grave, tire os dedos dos furos do clarinete escorregando
lateralmente, um a um, em sequência. No registro médio e agudo a partir do ré5,
é necessário também relaxar bem garganta e a embocadura em sincronia ao

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movimento de dedos, depois ajustando até chegar à nota desejada. Pode ser
notado na partitura com o termo gliss. sobre as notas ou com um traço.

trecho de solo de Benny Goodman usando um glissando

trecho inicial de "Rhapsody in Blue" de George Gershwin

As notas “fantasmas” são muito utilizadas no jazz, principalmente a partir do


swing do final da década de 30, como um recurso para dar mais balanço à
melodia. Para fazê-lo, encoste bem levemente a língua na palheta enquanto toca
uma nota longa. Isso vai “abafar” o som. Tem que ter uma boa sensibilidade para
fazer isso, pois como a palheta do clarinete é pequena, dependendo do modo que
se faz, pode cessar o som. Depois de praticar assim você já poderá atacar
mantendo a língua na palheta. É indicado na partitura como uma nota para
percussão.
notas fantasmas

Cada instrumentista tem seu modo particular de tocar esses efeitos, não existe
verdade absoluta, e falando sobre meu modo de fazê-los espero poder esclarecer
quem esteja com dificuldade em fazê-los, bem como mostrar uma nova para
quem já conhece.
Agora é só praticar, e note que cada registro apresenta uma dificuldade.

Bons estudos!

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