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VIOLA CAIPIRA

MÉTODO SÃO GONÇALO

PROFESSOR CÁSSIO FONSECA


Profº. Cássio Fonseca

PREFÁCIO

Este método é o resultado de um trabalho prático e pesquisas sob viola


caipira e suas possibilidades como instrumento musical.

Após vários estudos realizados em campo e pesquisa feita através de outros


materiais cheguei à conclusão de criar algo que possa facilitar o aprendizado
teórico para um resultado satisfatório na prática.

Vale lembrar que cada violeiro tem seu “método” pessoal, que é seu atalho de
aprendizagem musical, este pode ser desenvolvido de forma prática apenas
observando outros violeiros, ou mesmo de pai para filho como tradições de folias
de Reis, Festas do Divino, São Benedito, enfim vários violeiros apenas aprendem
para manter os costumes e preservar suas raízes, ou de “ouvido” ouvindo outras
referências e “imitando” no instrumento.

Nos dias de hoje com a tecnologia, e vários métodos desenvolvidos temos um


vasto material para pesquisas, estudos práticos em vários níveis do básico ao
avançado.

Utilizando das pesquisas feitas, desenvolvi um método dinâmico que


mescla o básico e o avançado em uma maneira facilitada de compreensão do
leitor. Este método é para violas com a afinação Cebolão em Ré (D/A), esta é a
afinação que uso com mais freqüência em meus trabalhos.

Desejo a você um bom estudo, de uma maneira fácil vamos aprender os


segredos da viola caipira.

“Vamu lá....”

O autor.
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ÍNDICE

01------------PARTES DA VIOLA

02------------AFINAÇÃO

03------------CIFRAS

04------------DICÍONARIO DE ACORDES TRÍADES

05------------RITÍMOS

06------------TABLATURAS (LEITURA)

07------------ACORDES 1ª E 2ª INVERSÕES

08------------TRÍADES (ESTRUTURAÇÃO)

12-----------DISPOSIÇÕES FINAIS

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Partes da viola

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AFINAÇÃO
A viola é um instrumento muito particular de seu tocador, cada um usa sua
“afinação” temos mais de 25 espalhadas por ai, neste método usaremos a “CEBOLÃO”
Ré maior (D).

Que ficaram assim as cordas;

Lembrando que as cordas da viola assim como do violão inicia da direita para a esquerda
ou seja o 1º par são as cordas mais “finas” e o 5º são as mais “grossas”. Vale prestar
sempre atenção que a viola tem cordas 8ªs “oitavadas”, ou seja, cada par da 3ª corda até
a 5ª são afinadas com a mesma nota em oitavas diferentes, as duas primeiras já não são
afinadas na mesma oitava.

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CIFRAS
As cifras são a metodologia escrita usada para facilitar a leitura da harmonia pelo
musico. Em qualquer que seja o instrumento a cifra sempre representara o acorde que se
pede no momento da em que a musica esta sendo desenvolvida.

Em outras palavras quando você tocar um G (sol maior) o violão tocara o mesmo acorde
o piano e assim todos os instrumentos harmônicos tocarão a mesma nota em que a cifra
se encontra na melodia.

“Vejamos agora as principais cifras dos acordes tríades que aprenderemos que são
representadas pelas sete letras iniciais do alfabeto ocidental”.

A LÁ MAIOR Am LÁ MENOR A7 LÁ C/ SÉTIMA


B SÍ MAIOR Bm SÍ MENOR B7 SÍ C/ SÉTIMA
C DO MAIOR Cm DO MENOR C7 DO C/ SÉTIMA
D RÉ MAIOR Dm RÉ MENOR D7 RÉ C/ SÉTIMA
E MI MAIOR Em MI MENOR E7 MI C/ SÉTIMA
F FÁ MAIOR Fm FÁ MENOR F7 FÁ C/ SÉTIMA
G SOL MAIOR Gm SOL MENOR G7 SOL C/ SÉTIMA

No conceito musical temos acordes enarmônicos, ou seja, a mesma freqüência


com dois nomes diferentes neste momento irá entender os “acidentes” sustenido e
bemol.

Sustenido; (#) sua função é aumentar em meio tom o valor original de uma nota.

Bemol; (b) sua função é diminuir o valor de uma nota em meio tom.

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Dicionário Acordes Afinação Cebolão (D)

Acordes Maiores naturais 1ª posição;

Acordes Menores 1ª posição; (m)

Acordes com Sétima; (7)

“Tocar a partir do O Não tocar a corda com o X”

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Lembrando a posição das mãos esquerda e direita com sua digitação e postura
dos dedos nos acordes.

Vale salientar a importância de usar a postura da digitação correta tanto para


elaboração de um acorde quanto para uma linha melódica. Pois a digitação é um
elemento fundamental para uma boa técnica e tocabilidade do instrumento.

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Dicionário de Acordes

Acordes Maiores Naturais 2ª posição

Acordes Menores 2ª posição

Acordes com Sétima 2ª posição

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Ritmos
Neste momento iremos aprender alguns ritmos utilizados na viola caipira;
lembrando que a viola é um instrumento muito explorado e têm vários outros ritmos a
serem aplicados. Aprenderemos alguns dos ritmos mais usados no universo deste
instrumento.

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Escalas duetadas
Neste momento iremos aprender a desenvolver o sistema de escalas duetadas.

O intervalo que a viola usa é o de 3ª (terça maior) ou 6ª (menor) na afinação


Cebolão.

Um intervalo harmônico é a distancia entre duas notas tocadas de formas


simultâneas com o mesmo “ataque” quando auferidas.

Uma “moda de viola” é uma melodia composta por duetos de intervalos dentro de
uma tonalidade.

Ex; Rei do Gado, Ferreirinha, Saudade de minha terra, entre outras que usam o
mesmo sistema de intervalos harmônicos para desenvolver seu sistema melódico.

Uma curiosidade;

No inicio de formação de duplas sertanejas para unir as vozes eles usavam o


intervalo da viola como 1ª e 2ª voz. Isso é visível na grande maioria das duplas
sertanejas consideradas “raízes” da música caipira. Um grande expoente desta vertente
é a dupla Tonico e Tinoco ícones considerados patrimônios da música caipira, que
usavam o intervalo da viola para cantar suas canções como 1ª e 2ª voz.

Hoje em dia com o passar dos tempos e um conhecimento mais aprimorado de


teorias, varias duplas usam intervalos já não com os padrões iniciais de cantar em 3ª.
Temos duplas que trocam de voz no decorrer da canção ou abre outras vozes que não
contem a idéia inicial trazida pela viola caipira.

Enfim tomei este gancho pra gente aprender o que é uma escala...

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Lembrando que usaremos a metodologia da tablatura.

Como se desenvolve a metodologia da tablatura?

A tablatura é o método para “facilitar” o aprendizado de leitura e práticas de


melodia. Sua forma usa números e cordas para a tocabilidade da peça apresentada.

Ex;

1c – 0 – 2 –
3c – 0 – 1 –

No exemplo acima temos a seguinte melodia!

Na primeira corda (1c) tocamos o (0), ou seja, a corda solta paralelamente na


terceira corda (3c) tocamos o (0), ou seja, a terceira corda solta ambas 1ª e 3ª cordas
sem apertar em nenhuma casa. No segundo sistema tocamos a primeira corda (1c)
apertando a casa (2) simultaneamente tocamos a terceira corda (3c) apertando a casa
(1). Este metodologia facilita a leitura do musico iniciante para desenvolver a peça a qual
deseja.
O ponto negativo é que o sistema de tablatura não trabalha com o valor de tempo
ou seja, se o musico não conhecer o tempo de duração da nota ele não consegue tocar
dentro da melodia apresentada o valor de duração de notas.
Casas da viola;
As “casas” são os intervalos entre um traste e outro. Exemplo;

Obs. Vale ressaltar que o 0 (zero) é a corda solta sem apertar em nenhuma casa.

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Agora sim iremos aprender três modos de desenvolver uma escala inicial.
Neste momento trabalharemos intervalos, digitação, agilidade e clareza de sons.

1ª Escala
1 1 4 4 1 1 4 (dedos mão esquerda)
3c – 0 – 1 – 3 – 5 – 7 – 8 – 10 – 12
4c – 0 – 2 – 4 – 5 – 7 – 9 – 11 – 12
2 2 3 3 2 2 3 (dedos mão esquerda)

2ª Escala
3 3 3 3 3 3 3 (dedos mão esquerda)
2c – 0 – 2 – 4 – 5 – 7 – 9 – 11 – 12
3c – 0 – 1 – 3 – 5 – 7 – 8 – 10 – 12
1 1 2 2 1 1 2(dedos mão esquerda)

3ª Escala

2 2 2 2 2 2 2(dedos mão esquerda)


1c – 0 – 2 – 4 – 5 – 7 – 9 – 11 – 12
3c – 0 – 1 – 3 – 5 – 7 – 8 – 10 – 12
1 1 2 2 1 1 2(dedos mão esquerda)

4ª Escala
1 1 1 1 1 1 1(dedos mão esquerda)
1c – 0 – 2 – 4 – 5 – 7 – 9 – 11 – 12
2c – 0 – 4 – 5 – 7 – 9 – 10 -12 – 14
3 2 3 3 2 2 3(dedos mão esquerda)

Vamos La!

Como estudar este momento do nosso aprendizado...

1º - Estudar os duetos de forma lenta até que o estudo possibilite uma velocidade com propriedade e
agilidade.
2º - Educar a digitação de maneira correta para que não “vicie” no momento em que necessite
executar uma melodia para que os dedos da mãe esquerda tenham independência e agilidade.
3º - Criar um estudo automatizado das escalas e das digitações, pois a partir desse momento você
criara uma forma de desenvolver escalas futuras em suas peças.
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Dicionário de Acordes

1ª inversão
A primeira (1ª) inversão é a alteração da nota fundamental no caso a Tônica que é
o primeiro grau da tríade pela 3ª (terça nota). Ou seja, o acorde ao invés de ter a
formação 1º-3ª-5ª terá a formação 3ª-1º-5ª ou poderá ser 3ª-5ª-1º o importante é ter a
terça nota da tríade na primeira nota da tríade. Um exemplo simples é só colocar ela no
baixo como nota inicial do acorde.

Ex;

Posição fundamental 1ª Inversão

Acordes Maiores 1ª Inversão.

Obs. Atentar o numero da casa que inicia o acorde.

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Por motivo de estética não apresentaremos a 1ª inversão dos acordes menores tendo
em vista a dificuldade da estruturação do acorde tendo em vista que este método é para um
estudante em nível inicial do instrumento.

EX;

A seguir aprenderemos a 2ª inversão que na pratica têm o mesmo principio da 1ª


alterando a posição fundamental e colocando no lugar da Tonica o 5º grau da tríade.

Ex:

Fundamental 2ª inversão

Acordes Maiores 2ª Inversão

Obs. O acorde de D/A é feito em posição aberta na viola com a afinação Cebolão D.

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Acordes Menores 2ª Inversão

Triade

Tríade é uma formação de acordes composta por três notas, podendo elas ser
maiores, menores, aumentadas ou meio diminutas.
A seguir veremos como se forma uma tríade.
Para isso precisamos ter o conhecimento inicial da “Escala Cromática”
A escala cromática é a escala composta por 12(doze) notas sendo elas as notas naturais
e as notas enarmônicas.

Escala Cromática
C# D# F# G# A#
C Db
D Eb
E F Gb
G Ab
A Bb
B
Obs. Na escala cromática toda nota enarmônica tem uma relativa

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Nossa viola é da família dos instrumentos “temperados” com a divisão feita por
trastes e casas.
Instrumentos “não temperados” são os que não tem divisão por “casas” como o violino e
a rabeca.
Em nosso instrumento as notas enarmônicas (# - b) são feitas na mesma casa de sua
relativa ex;
G# = Ab.

Vamos analisar o braço de nossa viola...

Agora que já temos o conhecimento do braço e da escala cromática vamos partir para a
estruturação de uma tríade.
Ex: C (Dó Maior)
Para compor o acorde de C (dó) maior precisamos de três notas que são elas;
Tônica = 1ª grau da escala / 3ª = a terça nota da escala e 5ª o quinto grau.

C# D# F#
C D E F G
Db Eb Gb
1º 3ª 5ª

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Para eu estrutura uma tríade maior em forma simples tem um atalho inicial bem
eficaz.
Eu uso a tônica 1º na escala cromática contando com ela eu “ando” 5(cinco) casas
para frente. Lembrando que conto ela como a casa 1(um) no caso do exemplo de C(Dó
maior) se contar as 5 casa dará como minha 3ª nota o E(Mi) e a 5ª nota andamos 8(oito)
casas contando com a 1ª nota no nosso caso o C(Dó). Com a contagem das 8(oito)
casas dará a nota G(sol).
O resultado será este;
C# D# F#
C D E F G
Db Eb Gb
1º 3ª 5ª
1 2 3 4 5 6 7 8

Para a tríade menor a contagem altera somente no 3º(terço grau) ai ao invés de


contarmos 5(cinco) partindo da tônica(1º) eu conto 4(quatro) casas e para o 5º(quinto
grau) eu mantenho a mesma contagem de 8(oito) casas partindo da tônica.
Ex: Cm (Dó menor)
C# D# F#
C D E F G
Db Eb Gb
1º 3ª 5ª
1 2 3 4 5 6 7 8

Um detalhe importante qual nota eu uso o D#(Ré sustenido) ou o Eb(Mi bemol)?


Quando surgir esta duvida basta contar nos “dedos” a nota a usar seguindo a
ordem da escala.
Ex:
C–D–E–F–G Neste caso eu uso o E(mi) como terça nota e não o F(fá) que na ordem é minha 4ª (quarta) nota da escala.
T 2 3 4 5 No caso da tríade de Cm(Dó menor) eu usarei o Eb(mi bemol) tendo em vista que Independente do
acidente E(mi) é minha 3ª nota na escala de C(Dó) independente se for maior, menor, aumentado, ou meio
diminuto.

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