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Acordes Alternativos:
Além da Bossa Nova
Conrado Paulino
Portanto, este método não esgota o assunto, mesmo porque a todo momento
somos surpreendidos por técnicas inusuais ou por acordes com distribuições de
notas surpreendentes (e inteligentes).
Um caso extremo é do violonista clássico iraniano Mehrdad Mahdavi, que utiliza o
nariz e os lábios em seus arranjos. E não o faz por “circo” e sim motivado por
necessidade musical e pelas limitações técnicas naturais do violão.
Tem vários vídeos desse violonista no YouTube. Veja neste link um notável arranjo
do Preludio em C# menor Op 3 No 2 de Rachmaninoff, em que ele resolve o
“déficit” de dedos utilizando (bastante) o nariz e principalmente os lábios para
pressionar os baixos. www.youtube.com/watch?v=F88ci6ggp5I
Devido à sua proposta prática, este é um método que presenta poucos textos e
partituras, focando principalmente na questão técnica e indo direto aos exemplos.
Ele complementa os livros “Método de Violão e Guitarra III: Formação e
Distribuição de Acordes e Iniciação ao Arranjo” e “Como construir, distribuir e cifrar
acordes: Regras de Harmonia Vertical”. Estes sim contêm grande e valiosa
informação teórica sobre a formação dos acordes e seu uso tanto no
acompanhamento como no arranjo para violão solo e guitarra fingerstyle.
Observações importantes:
Outras observações:
> No caso da explicação dos acordes que utilizam o recurso de “cross strings”, para
facilitar a leitura e a localização das notas, optamos por utilizar partitura e tablatura,
escrevendo os acordes na forma de arpejos, de forma a separar cada uma das
notas. Porém, esses acordes podem ser tocados também com todas as notas
simultaneamente.
Note que trata-se de uma meia pestana, ou seja, o dedo 2 pressiona entre a 6ª
corda e a 4ª corda, deixando as cordas restantes livres.
Para conseguir fazer isso é necessário dobrar a última falange do dedo 2 (os
violonistas costumam chamar isso informalmente de “quebrar a ponta do dedo”)
Obs: “falange” é cada um dos ossos que formam os dedos. O nome exato do
osso da ponta do dedo (a parte que tem unha) é metafalange. Ou seja, para
fazer a meia pestana com dedo 2 como Toninho Horta, é necessário “quebrar”
(ou “curvar”) a metafalange.
> A partir dessa matriz, podemos completar estes acordes com complementos
que não seriam possíveis de tocar sem usar essa digitação alternativa
Confira nos exemplos a seguir: (lembrar que notas estão indicadas na ordem
das cordas e não da altura.)
Exemplos:
-----------------------------------------------
Desta vez a pestana parcial (ou “meia pestana com dedo 2”) está pressionando
as notas da 3a e 2a cordas, no caso, o Do# e o Mi#.
Obs: este acorde é um caso de terça implícita. Repare que a 3a não está sendo
tocada e, no entanto, pelos complementos utilizados o ouvido “deduz” que o acorde
é maior.
As quarto primeiras notas (do grave para o agudo) poderiam pertencer a um acorde
de Si menor com 7a menor e 5a diminuta, mas a 13 maior que está na 1ª corda
dissipa a dúvida (“mata a charada”, como se diz popularmente).
O motivo é que os acordes Xm7(b5) não podem ter 13 maior (nem seu equivalente,
a 6a maior).
Pareceria que o ouvido “sabe” essa regra e deduz imediatamente que o acorde,
embora não tenha 3ª, é maior.
Às vezes não é imprescindível usar a meia pestana com dedo 2, mas
faze-lo pode facilitar a troca de um acorde para o outro, ou então ajudar
a manter a melodia soando.
Veja dois exemplos:
Neste exemplo, a meia pestana com dedo 2 pressiona mais uma vez a 3a e a 2a
corda. Este recurso permite passar com facilidade do primeiro para o segundo
acorde, alternando as notas Re e Do na melodia, como mostram as imagens a
seguir.
Um parêntesis especial: Problemas de cifrado dos acordes aumentados
Para entender melhor, experimente tocar o acorde do Ex. 4 – feito com quatro
intervalos de segunda – exatamente nas cordas sugeridas na tablatura.
(confira atentamente as cordas e casas de cada nota)
Evidentemente, é impossível tocar as notas nessa ordem e nesses lugares que a
tablatura sugere.
Isso é o chamado cross strings, que acontece quando uma nota mais aguda
encontra-se numa corda mais grave e vice-versa.
Como vimos no Exemplo 5, esse tipo de relação corda-nota frequentemente obriga
ao executante a mudar a ordem “natural” e intuitiva das cordas e,
consequentemente, a ordem dos dedos da mão direita.
Isso porque, como dissemos antes, alguma nota aguda é tocada numa corda mais
grave e vice-versa (note, por exemplo, a relação corda-nota entre o La e o Si no
exemplo acima)
Repare que o trabalho da mão esquerda foi facilitado, porém a dificuldade passou
para a mão direita. Não se preocupe: no início, é mesmo difícil associar cada nota
com a corda onde se encontra e é comum se atrapalhar com os dedos da mão
direita.
Isso acontece porque, como dissemos, este tipo de acorde subverte a sequência
normal das notas, aquela em que as mais agudas são tocadas em cordas mais
agudas, e as notas mais graves são tocadas em cordas mais graves.
> Falsos harmônicos:
Além de permitir tocar notas separadas por graus bem próximos, este tipo de
distribuição possibilita o efeito chamado “falso harmônico”.
Quando arpejamos esses acordes, a mistura das cordas soltas com as presas cria
uma sonoridade parecida com a da harpa, dando a impressão de que todas as
notas são harmônicos naturais, como aqueles tocados na 12a casa.
Mas, para obter esse efeito, é imprescindível deixar as notas soando o máximo
possível, sem abafá-las (o que formalmente se denomina “tocar legatto”).
É difícil imaginar esse efeito apenas a partir de um texto, por isso recomendo
escutar os CDs “Five O’Clock Bells” e “The Velvet Touch of Lenny Breau” do
excepcional violonista e guitarrista Lenny Breau – prematuramente falecido em
1984 - e também o CD “Reckless Precision” do seu discípulo Tuck Andress.
O Ex. 6 é uma peça curta construída inteiramente com acordes cross strings que
mostra algumas das possibilidades deste tipo de distribuição de acordes.
Confira cuidadosamente as cordas indicadas na tablatura
Exemplos de acordes com notas dispostas em
intervalos de segunda
Falar de acordes cujas notas tem distancias de segunda entre elas é, na maioria
dos casos, sinônimo de falar em acordes cross strings, já que o “truque” para
conseguir tocar duas, três ou até quatro segundas seguidas está no
aproveitamento da corda solta.
Apresentamos a seguir exemplos variados de acordes com pelo menos dois
intervalos de segunda.
Às vezes essas segundas são consecutivas, como no Exemplo 1 (as notas estão
na ordem natural da escala, ou seja, fundamental-2ª-3ª menor-4ª e 5ª, neste
caso). Mas, isso é menos comum. O mais frequente é que existam dois grupos de
intervalos de segunda com duas notas cada um, e que essas notas não sejam
consecutivas, como, por exemplo, Do-Re e Sol-La (segundas “consecutivas”
seriam “Do-Re, Re-Mi, Mi-Fa)
Neste tipo de acorde, deduzir a corda em que é tocada cada nota é fundamental.
Não basta olhar para o “desenho” da mão, é imprescindível verificar onde toca
cada nota e, consequentemente, como fica a mão direita nos acordes com esse
tipo de disposição de vozes.
Por esse motivo, desta vez cada foto vem acompanhada da partitura.
Pela sua vez, a partitura apresenta dois compassos. No primeiro estão escritas
todas as notas do acorde. A seguir, o segundo compasso o acorde em forma de
arpejo com a indicação da corda onde é tocada cada nota.
Note como é difícil e confuso tocar o acorde apenas lendo o primeiro compasso
de cada exemplo. Alguns acordes parecem impossíveis.
Por isso um ótimo exercício é tentar descobrir onde toca cada acorde lendo
apenas o primeiro compasso dos exemplos a seguir, utilizando o segundo
compasso como gabarito, ou seja, como resposta à “charada”
1) Am(9)(11)
(este acorde pode ser cifrado como Am(add9)(add11).
A expressão “add” serve para avisar que a 9ª e a 11ª foram adicionadas à tríade,
e que o acorde não tem sétima menor .
Obs: o dedo 3 não está pressionando nenhuma nota, isto é, não está sendo usado
nesse acorde.
2) Am7(13)
3) D7(9)(#11)/C
Este acorde também é raro. A disposição das suas notas apresenta quatro
intervalos de segunda, e também consecutivos. Ou seja, as notas estão
dispostas em graus conjuntos (no caso, Do, Re, Mi, Fa# e Sol#)
E, além de serem notas consecutivas, todas essas notas estão separadas por
um tom (ou seja, segundas maiores). O resultado é um acorde que parece ter sido
feito utilizando a escala hexafônica (também chamada de escala de tons inteiros)
Veja na partitura:
4) DMaj7(9)/C#
6) EMaj7(6)
Este acorde aparece no meu arranjo de “O Circo Místico” (Edu Lobo-Chico Buarque).
Ele tem três segundas com notas consecutivas (Si para Do#, Do# para Re# e Re#
para Mi. Podemos chamar informalmente este acorde de um “caso extremo de cross
strings”, já que a nota seguinte ao “Si” da 2ª corda está na 5ª corda, um “salto” grande
para a mão direita.
Um ótimo exercício é arpejar este acorde, tocando as notas na ordem da partitura (ou
seja, da mais grave a mais aguda) e não na ordem das cordas.
Eu particularmente utilizo os dedos p, a, p, i, a, m, respectivamente.
Mas há outras possibilidades.
7) GMaj7(6)(9)
Este é um caso de acorde com dois intervalos de segunda (Mi para Fa# e La para Si),
mas não são notas consecutivas nem tem “cordas cruzadas” (cross strings)
Observações sobre a escolha do lugar das notas:
Alguns destes acordes podem ser tocados com outras digitações, dependendo da
escolha das cordas. A decisão vai depender da facilidade/preferência técnica de
cada um e da sonoridade do acorde, que muda bastante conforme as cordas
escolhidas.
Veja um exemplo:
8) CMaj7(b6)(9)
CMaj7(b6)(9)
Veja mais um exemplo de um acorde com duas digitações diferentes (observe
atentamente as indicações das cordas) :
9) Em6(9)
Observe também que no arranjo aparecem outros recursos técnicos que citamos
neste livro, entre eles acordes com pestana parcial e acordes com grande abertura
(estes últimos, fruto do “excesso” de intervalos de segunda)
Veja em: https://www.youtube.com/watch?v=_mnFypMYUx8
Aqui é importante diferenciar o uso do polegar do mesmo lado dos quatro dedos
restantes com o uso do polegar virado ao contrário, “apontando” no sentido
oposto aos outros dedos e vindo por trás da escala do violão (ou guitarra)
Com relação ao uso do polegar do mesmo lado dos outros quatro dedos (isto é,
todos igualmente alinhados perante a escala do instrumento e “apontando” para
cima), há alguns antecedentes na literatura violonista. Mas ninguém fez uso mais
intenso deste recurso do que o grande mestre Guinga e, principalmente, o virtuoso
violonista brasileiro Marcus Tardelli. Este último gravou o excelente “Unha e
carne”, um maravilhoso disco dedicado exclusivamente à complexa obra do
Guinga.
Foi essa complexidade que “empurrou” naturalmente o grande Marcus Tardelli a
usar o polegar, já que há várias músicas de Guinga em que é impossível juntar a
harmonia e a melodia com a técnica tradicional. O acompanhamento dos acordes
de Guinga já ocupam os quatro dedos utilizados normalmente, de forma que “falta
dedo” para conseguir adicionar a melodia.
Consciente desse desafio, Marcus Tardelli percebeu que precisava “poupar” dedos,
daí o uso intenso da meia pestana com dedo 2 mostrada entre as páginas 4 e 7
deste livro, assim como o uso das outras pestanas alternativas. E, além disso,
precisava de mais um dedo para conseguir unir a melodia e a harmonia.
Daí para o uso quase constante do polegar como 5° dedo foi um pulo.
Importante:
Não há uma forma “certa” de utilizar o polegar como 5° dedo. Dependendo da mão
do violonista, ele pode pressionar com a parte lateral do dedo, ou então “de frente”,
utilizando o lado oposto à unha.
Além disso, o dedo por ser utilizado “reto” ou “articulado” (isto é, levemente
dobrado na falange)
Para ter uma referência, observe o jeito do grande Marcus Tardelli.
Ele utiliza o polegar pressionando com a lateral do dedo e, dependendo da corda, o
polegar fica reto ou dobrado (às vezes, bastante dobrado, ficando quase paralelo
às cordas)
Mas, como dito acima, não há uma única forma.
Com a prática o violonista irá encontrar a altura e o ângulo de ataque mais
conveniente de acordo com a sua mão, para depois desenvolver um “calo”, similar
aos calos dos quatro dedos “normais”.
6) Em7(b5)(9)(11) ou Edim7(9)(11) –
A partir da 5ª corda: Mi, La, Sib *, Fa#, Sol * -
Este acorde é utilizado por Marcus Tardelli no seu arranjo de “Valsa de Eurídice”,
de Vinicius de Moraes.
Ele é muito interessante porque combina a pestana parcial superior com dedo 2 -
mostrada na página 4 deste método - com o uso do polegar como 5° dedo.
Repare que o dedo 2 está pressionando o Si da 6ª corda e o Mi da 5ª corda ao
mesmo tempo.
O polegar permite apertar o Mi da 2ª corda, criando um belo intervalo de 2ª menor
com o Re# que está sendo apertado com o dedo 4 na 3ª corda.
Obs: Esse mesmo arranjo de Marcus Tardelli é também (muito) bem tocado pelo
excelente violonista canadense Karl Marino. Porém, curiosamente, e apesar dele
não demonstrar nenhuma dificuldade com o uso do polegar, em lugar de usá-lo, ele
faz uma pestana cruzada com o dedo 1! (na minha opinião, muito mais difícil)
O acorde EMaj7/B fica então (da 6ª até a 1ª corda): Si (dedo 2), Mi (dedo 2), Sol#
(dedo 1), Re# (dedo 4), Mi (dedo 1) (pestana cruzada) , Si (dedo 3)
8) C#m7(9) – Do#, Mi *, Si, Re#, Sol#, Mi (solto)
> Para decidir qual opção de digitação seria a mais conveniente em este ou
em outros casos, é preciso levar em conta as circunstâncias, principalmente
verificar qual é o acorde que vem antes e qual vem depois.
No citado arranjo de Valsa de Eurídice, Marcus Tardelli eventualmente
usa o polegar em acordes que, isoladamente, não seria necessário.
Mas, ao tocar dessa forma ele sempre obtém alguma vantagem técnica ou
expressiva. Provavelmente a troca para o próximo acorde fica facilitada,
ou pode ser que em um determinado caso usar o polegar ajude a manter o
dedo que está tocando a melodia, sem abafá-la antes da hora.
Ou seja, é preciso analisar a troca de acordes e fazer o balanço da relação
custo-benefício.
Aliás, deixar a melodia “cantábile” e com a duração exata das notas é
especialidade de Marcus. E boa parte disso é fruto do uso que ele faz do
polegar como quinto dedo.
10) Bm6(9) – Si, Re, Sol#, Re. Do# * , Fa# *
Este é um dos poucos acordes que tem uma voz dobrada, no caso, a 3ª menor
6) Acordes do 3° A do arranjo de “Sim ou não”
(Djavan, arranjo Conrado Paulino)
Repare no o uso do polegar como 5° dedo para tocar o baixo (neste caso, o
Si bemol na 6ª corda). “Roubei” este acorde do grande Tuck Andress.
Conforme o contexto harmônico, a maioria dos acordes pode ter outro nome.
Isso acontece especialmente com os acordes do tipo Xm7(b5) (também chamados
de “meio diminutos”).
As notas do acorde acima, dependendo da harmonia, podem formar um
acorde do tipo Xm7(b5). Por esse motivo, o acorde desse último exemplo pode ser
cifrado também como Bbm7(b5)(11)/Fb ou C#m6(9)/E, entre outros nomes.
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>Acordes que exigem grande abertura podem acontecer pelo uso de segundas
(ou seja, notas muito próximas, separadas por meio ou um tom) ou pelo uso de
grandes intervalos (notas distantes)
Lembre que o uso da expressão “add” significa que algum complemento foi
adicionado ao acorde, mas, sem a 7ª menor. Ou seja, é uma forma de dizer que a
presença da nota acompanhada da expressão “add” não implica em haver também
uma sétima menor no acorde. Como explicamos antes, o símbolo “add” é utilizado
porque, para alguns músicos, a 9ª, a 11ª e a 13ª pressupõe a presença da sétima
menor. Assim, um acorde F#m11 é igual a F#m7(11).
Para não haver dúvidas se o acorde tem 7ª explicita ou não, utiliza-se o “add”.
O nome do acorde acima, se for falado por extenso, é “Fa# menor com 11ª adicionada”
6) G#m(add9)(add11) (ou G#m (no 7th)(9,11) etc) ( Sol#, La#, Do#, Si °, Do#)
Obs: Este é mais um acorde com a 7ª implícita e, pelos graus presentes no acorde,
essa sétima poderia ser menor ou diminuta. Mas, é menos provável que seja um
acorde diminuto porque, além de não ter a 7ª diminuta explícita, carece também
da 5ª diminuta, intervalo fundamental nos acordes diminutos. Ainda assim, poderia
ser um G#dim7(9)(11), embora seja uma opção um tanto radical devido à presença
de duas tensões (a 9ª e a 11ª)
Este acorde foi usado na introdução da música “Qual a palavra”, de Alaíde Costa,
gravada no CD “Canções de Alaíde”, Grav. Eldorado/ Nova Estação, 2014.
A combinação de cordas presas com cordas soltas gera uma sonoridade
interessante, assim como o “mix” de intervalos entre as notas
Dependendo da preferência do executante, esse acorde pode ser tocado com esta
digitação (repare que no exemplo anterior o dedo 2 não está sendo utilizado.
Já no exemplo a seguir é o dedo 4 que fica livre)
9) BbMaj7(6)(9)(#11) (Sib, Fa, Sol, Do, La, Mi °)
Este é um caso de pestana parcial com o dedo 3. Note que, apesar da pestana,
a 1ª corda está livre.
Este acorde em particular “dobra” a 7ª maior na 1ª corda, mas, aproveitando o
dedo 4, poderíamos ter tocado a 9ª (ou seja, o Do da 1ª corda), resultando num
BbMaj7(#5)(9).
Obs: Muitos guitarristas de rock costumam fazer pestana com dedo 3 para tocar
os acordes maiores que tem fundamental na 5ª corda, de forma a usar apenas
dois dedos - em lugar de quatro - para fazer esses acordes, sendo o dedo 1 para
a fundamental e o dedo 3 para a 5ª, a 8ª e a 3ª .
13) GMaj7(9) (também cifrado como GMaj9) (Sol, Re, La, Re, Fa#, Si)
Este é mais um exemplo de meia pestana com dedo 4. Porém, desta vez é uma “meia
pestana superior”, isto é, ela pressiona as cordas de cima, o que é normalmente mais
difícil. Repare que o dedo 4 está pressionando o Si da 6ª e o La da 4ª ao mesmo tempo.
É necessário achar o ângulo certo do dedo 4 para que ele efetivamente pressione essas
cordas e, ao mesmo tempo, deixe livre as primas (a 3ª, 2ª e 1ª cordas)
Este acorde utiliza uma meia pestana com dedo 3, que está pressionando a 5ª
e a 3ª corda ao mesmo tempo. Para isso, é necessário “quebrar” a última
falange e ao mesmo tempo curvar o resto do dedo formando um arco, de forma
a permitir que esse dedo 3 não encoste na 2ª e na 1ª corda.
Utilizo este acorde no meu arranjo de “Desafinado”, nos compassos 15 e 16
(a melodia é o Fa e o Reb)
Obs: Normalmente, as notas que podem estar no baixo de um acorde são as quatro que
formam a tétrade, isto, a fundamental, a 3ª, a 5ª e a 7ª.
Fora isso, pode ser utilizada qualquer uma das 12 notas musicais no baixo,
porém, se não for uma nota da tétrade, o resultado será uma sonoridade “dissonante” (o
que não significa “errada”) , próxima da sonoridade dos
poliacordes.
É o caso deste último acorde. A nota do baixo é Do, ou seja, a quarta aumentada da
fundamental do acorde (que é Gb), ou seja, não
é nenhuma das quatro notas da sua tétrade
A ideia de utilizar algum recurso “informal” ou “incomum” na digitação dos acordes tem
como motivo comum conseguir tocar certas notas de forma simultânea que, de outra forma
(ou seja, utilizando os 4 dedos de forma convencional), não seria possível.
Há um acorde que talvez seja aquele que gera a primeira dúvida ou a primeira “vontade”
de fazer alguma coisa diferente para conseguir toca-lo, que é o acorde Xm7(b5)(9).
Como foi dito em algum lugar deste método, é difícil fazer acordes meio-diminutos com
nona no violão (um tipo de acorde facílimo de fazer no piano, e justamente porque esse
instrumento privilegia a distribuição dos acordes por segundas, ao contrário do violão)
A inteligência musical de pessoas como Toninho Horta possibilitou encontrar um recurso
incomum que permitiu resolver esse problema, como mostra o exemplo 4 da página 5.
Muitos anos antes, o grande Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955) já utilizava a
“pestana cruzada” nas suas composições.
E, como explicado na página 15, o uso do polegar vindo “de cima”, pressionando os
bordões, é de antigo e disseminado uso entre os guitarristas de blues, rock e jazz.
Já o uso do polegar como 5° dedo, “alinhado” com os outros dedos da mão esquerda, é
um recurso bem mais recente. E, face ao avanço da harmonia – com seus acordes
carregados de complementos – a incorporação do polegar na digitação de acordes foi um
passo quase óbvio.
Neste livro vimos a “pestana parcial superior com dedo 2” (ou “pestana Toninho Horta,
como costuma-se dizer”), a “pestana cruzada”, o “polegar como 5° dedo”, e as pestanas
com os dedos 2, 3 e/ou 4.
Há ainda outros recursos que não foram abordados aqui, como o “tapping” e a dificílima
“pestana invertida”, em que o dedo (geralmente o 2 ou 3) está dobrado, apontando “para
baixo” (e não “para cima”, como normalmente) e pressiona com o lado externo,
permitindo, dependendo das cordas pressionadas, que as cordas abaixo do dedo utilizado
fiquem livres.
E há ainda mais de um vídeo no YouTube de violonistas utilizando o nariz para pressionar
os baixos...
O grande virtuoso Marcus Tardelli é, na minha opinião, quem mais domina todos esses
recursos e quem melhor os aplica, sempre com finalidade exclusivamente musical, sem
nenhuma intenção de fazer qualquer demonstração vazia e gratuita de virtuosismo. Tanto
é verdade que, se não prestarmos atenção, as incríveis e ousadas peripécias técnicas que
ele faz durante seus concertos passam desapercebidas.
Recomendo fortemente assistir a este vídeo e prestar atenção à mão esquerda deste
mestre. Aqui aparecem a maioria das “digitações alternativas” conhecidas, aplicadas de
forma incrivelmente inteligente (como solução técnica) e musical (como solução
interpretativa)
https://www.youtube.com/watch?v=4qt8fvwI2x8
EXERCÍCIOS:
Observações:
a) Vários destes acordes utilizam cordas soltas, na maioria das vezes na situação de
“cross string”, de forma que a nota mais aguda se encontra na corda mais grave,
e vice-versa.
c) Para compreender melhor a formação dos acordes, a disposição das vozes, o uso
dos complementos (ou “tensões”, ou “graus altos”) e a forma moderna de cifrar os
acordes, recomenda-se adquirir o método “Harmonia Vertical: Como Construir,
Distribuir e Cifrar os Acordes”, deste mesmo autor.
(a nota do exemplo acima pode ser tocada também na 5ª corda. Para acha-la,
basta sair da corda solta e seguir nota por nota – imaginando a partitura – até
chegar no Re da 17ª casa)
Esta imagem foi retirada do “Método de Violão e Guitarra, Volume I”, deste autor.
Isso significa que é uma informação ministrada a um iniciante, mas,
surpreendentemente, na minha vida de professor encontrei muitos alunos
avançados que não conheciam esta dica ou que, no mínimo, ainda faziam confusão
com a altura da nota indicada na partitura e a altura no instrumento.
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& 4 # b ˙˙˙ #˙ ˙˙˙˙˙
# ˙˙ # ˙˙˙˙
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EMaj7(6) E7(13) EMaj7(b6) E7(b13)
# œœ a a n œœœœœ #œ n œœœœ
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œ œ œ œ
C#m7(b5)(11)(b13) GMaj7(#5)(9) /D# GMaj7(#5)(9) F#7(b9)(#11)/A#
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Conrado Paulino
www.conradopaulino.com.br
Bônus
Técnica:
Exercícios para Abertura e
Controle dos dedos
Estes exercícios vão lhe permitir ganhar abertura na mão esquerda, além de
desenvolver o controle individual e consciente de cada dedo
Siga as instruções e pratique devagar, acelerando gradativamente, mas, sem
deixar de respeitar as orientações do texto.
Não há problema nenhum se começar a estudar os exercícios com o
metrônomo muito lento como, por exemplo 40 bpm.
Se sentir dificuldade no começo, faça os exercícios 4 ou 6 casas “acima”, isso
fará você começar num lugar do braço do instrumento em que as casas são
menores, portanto, exigem menos abertura.
Outra forma de facilitar o exercício no início dos estudos é dobrar o número de
tempos (ou “beats”) de cada acorde. Por exemplo, no Exercício 1 cada acorde
dura um tempo, mas, você pode tocar dois tempos por acorde, de forma a dar
um tempo maior à mão para executar a mudança.
O importante é que o cérebro “preste atenção” a cada um dos dedos e que os
controle individualmente. Com a prática, o cérebro “estende uma fiação” até
cada dedo para melhor controla-lo. Na realidade, essa “fiação” já existia, mas
não tinha sido colocada em uso no nível de precisão psicomotora que a
execução de um instrumento exige. Ou seja, o controle está em você, só
precisa “acordá-lo”.
Bons estudos.
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CDs (físico e digital, disponíveis nas principais plataformas: iTunes, Spotify, Deezer.
Tidal, GooglePlay, YouTube Music, etc)
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2) Método de Violão e Guitarra - Volume II: Escalas Maiores e Menores (com CD)
Volume II: Samba, Samba com dois acordes por compasso, Partido Alto, Samba
em compassos ímpares, Choro, Ritmos latinos (Bolero, Bolero invertido,
Salsa). Inclui Introdução à linha de baixo do Choro + CD com 68 faixas.