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JUR0317_v2.0
TRIBUTÁRIO
PÓS-GRADUAÇÃO
SISTEMA CONSTITUCIONAL
TRIBUTÁRIO: PRINCÍPIOS
E IMUNIDADES
Autoria: Profa. Adriana Mayumi Kanomata
2
SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO: PRINCÍPIOS E
IMUNIDADES
ÍNDICE
3
SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO: PRINCÍPIOS E
IMUNIDADES
LEGENDA DE ÍCONES
INÍCIO
VAMOS PENSAR
GLOSSÁRIO
PONTUANDO
VERIFICAÇÃO
de leitura
REFERÊNCIAS
GABARITO
4
Aula 01
Objetivo
• O tema a ser abordado tem por objeto o estudo das
limitações ao poder de tributar da União, Estados e
Municípios, regras essas previstas na Constituição
Federal.
5
Resumo da Aula
6
governamentais. Esses recursos podem ser captados através do
pagamento de tributos impostos à população que, teoricamente, seria
destinatária dos benefícios promovidos por aqueles objetivos, podendo
e devendo exigir o correto investimento dos valores arrecadados.
ESSE CONCEITO NÃO O MESMO DO ART 3 DO CTN. ESSE É DE HUGO DE BRITO MACHADO
Tributo é a prestação pecuniária compulsória exigida por um ente
público de pessoas físicas e jurídicas pertencentes a um determinado,
exigência essa decorrente de lei. O poder de tributar é uma face da
soberania nacional, sendo certo que soberania representa a prevalência
da vontade do Estado em detrimento das vontades individuais.1
1
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 28 e 29.
2
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997,
p. 73.
7
Destarte, a competência tributária é outorgada pela Constituição
Federal a cada um dos entes federados, que poderão instituir apenas
os tributos presentes dentro da previsão constitucional. Vale lembrar,
ainda, que a Constituição Federal não institui tributos. Ela apenas
outorga competências delimitadas para cada ente político, ficando sob a
responsabilidade desses a instituição dos tributos.
3
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 95-96.
8
Municípios (art. 156 da Constituição Federal): imposto predial e
territorial urbano (IPTU); imposto sobre a transmissão de bens imóveis
(ITBI); e o imposto sobre serviços (ISS). OBS. QUANTO AO DISTRITO
FEDERAL
Lembramos que o Distrito Federal, por consequência do seu perfil
diferenciado, possui competência cumulativa, cabendo-lhe instituir
impostos estaduais e municipais (art. 147, CF). Assim sendo, o Distrito
Federal ficará responsável pela instituição e arrecadação dos seguintes
impostos: ITCMD, ICMS, IPVA, IPTU, ITBI e ISS.
9
sociais. Para tanto, a Constituição Federal também previu condições
a observância do art. 154, I para que as novas contribuições ocorram,
adaptando apenas o último requisito, conforme a seguir exposto:
10
essa nova contribuição social tivesse fato gerador ou base de cálculo de
alguma já existente contribuição social (para a seguridade social).
Art. 60
4
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 105.
11
§ 4º–Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
12
Observação se faz quanto às hipóteses que são exceções ao princípio da
anterioridade, que será estudado oportunamente, nas próximas aulas.
1.3 Princípios
É válido dizer que a criação da norma poderá ser questionada caso seja
confrontante com qualquer princípio constitucionalmente previsto,
cabendo ao Poder Judiciário a declaração de constitucionalidade da
norma questionada.
13
Em muitos casos, o conteúdo da lei, ainda que em apenas uma cláusula,
poderá gerar dúvidas quanto à sua validade, por conta de possível
violação de um ou mais princípios.
Nesses casos, a interpretação das normas deve ser realizada com base
nos próprios conceitos, buscando atingir a finalidade de que o legislador
constituinte buscou ao incorporar ao texto magno determinado
princípio.
5
ATALIBA, Geraldo, Periodicidade do Imposto de Renda I, Mesa de Debates, RDT, n. 63, Malheiros, 1997, p.
35.
14
aplicação, na maior medida possível, ao princípio mais relevante em face
das circunstâncias específicas sob apreciação.6
• Princípio da legalidade
• Princípio da isonomia
• Princípio da irretroatividade
• Princípio da anterioridade
I. exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. (BRASIL, 1988, art. 150)
6
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
dência. 9. ed. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2007, p. 835.
15
A intervenção da Administração Pública no patrimônio dos
administrados não pode ser um ato arbitrário, subjetivo. Deve, ao
contrário, ser ato fundamentado em lei, conforme prevê o art. 5º, II da
Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.
7
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30. ed. São Paulo: Malheiros Edito-
res, 2015, p. 290.
16
Sacha Calmon Navarro, ainda, considerou o princípio em tela como
“princípio fundante dos demais”8 tamanha a importância da legalidade no
Sistema Tributário.
8
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p. 196.
17
Em rigor, é a lei ordinária que será utilizada para esse fim, e apenas
em casos expressamente elencados na Constituição Federal é que o
legislador deverá se valer de lei complementar. São eles:
Isso porque a Medida Provisória tem força de lei ordinária, não podendo,
portanto, adentrar em matéria reservada à lei complementar. Confira-se:
18
• Medida provisória não é instrumento idôneo para iniciar
procedimento legislativo que vise dispor sobre matéria reservada à
lei complementar.
9
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 46.
19
previamente fixados, que o ente tributante não irá agir de forma
arbitrária no exercício da arrecadação.
Em relação ao prazo para pagamento, caso a lei não faça essa previsão,
a autoridade administrativa poderá fixá-lo, sendo elemento essencial
para o cumprimento da obrigação tributária.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
10
20
Destarte, aos outros poderes é vetada a instituição e aumento de
tributos através de portarias, regulamentos, instruções normativas etc.,
mesmo que tenha ocorrido, por lei, a delegação de poderes para tal
atribuição.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
11
21
Importante ressaltar aqui que as obrigações acessórias não se
equivalem aos tributos. Isto quer dizer que elas não se submetem ao
princípio da legalidade, por serem deveres “instrumentais ou formais”.12
Frisamos aqui que os tributos acima indicados são instituídos por lei.
A exceção verifica- se na possibilidade de haver alteração das alíquotas
por decreto, dentro dos limites legais, conforme determina o art. 153,
§1º da Carta Magna:
Art.153.
12
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p.199-200.
22
§ 1º–É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.
23
• Definir um tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as em- presas de pequeno porte.
24
1.8 Princípio da anterioridade
[...]
III–cobrar tributos:
[...]
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
13
25
Por esse princípio, o ente tributante deve observar a anterioridade anual
(art. 150, III, b, CF), e anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c, CF).
26
Atentamos, ainda, não haver confusão entre o princípio da anterioridade
e o princípio da anualidade,
[...]
14
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 49.
27
III. cobrar tributos:
Essa proibição está prevista no art. 150, III, “a” do texto constitucional,
reforçando a preocupação do legislador com a segurança jurídica nas
relações tributárias.
De fato, antes de sua publicação a lei não poderá entrar em vigor e não
poderá atingir fatos pretéritos à sua vigência, sendo a publicação da
lei “condição mesma da sua existência especificamente jurídica. Não
existe como tal no ordenamento jurídico brasileiro uma lei que não foi
publicada”.16
Conclui-se, assim, que a lei tributária deve ser aplicada a fatos futuros,
nunca a fatos pretéritos.
15
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005, p. 95.
16
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 256.
28
O Código Tributário Nacional, no entanto, previu algumas hipóteses em
que se autoriza a aplicação da legislação atual a eventos anteriores à sua
vigência.
29
Conclui-se,
assim, que a lei
tributária deve
ser aplicada a
fatos futuros,
ser aplicado o art. 106, II, c do Código Tributário Nacional, aplicando-se
nunca a fatosa
penalidade menos severa, impondo, destarte, a multa de 5%.pretéritos.
30
VAMOS PENSAR
PONTUANDO
GLOSSÁRIO
31
coincide com o ano civil, iniciando-se em 1º de janeiro e
terminando em 31 de dezembro”
VERIFICAÇÃO
de leitura
32
b. aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza,
em razão de sua procedência ou destino;
c. à União, aos Estados e aos Municípios cobrar tributos em relação
a fatos geradores ocorridos depois do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado;
d. aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco e instituir
impostos sobre templos de qualquer culto;
e. ao Distrito Federal instituir impostos sobre livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão.
33
Questão 4 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA
34
REFERÊNCIAS
GABARITO
Questão 1
Resposta: Alternativa D.
35
arrecadação seja destinada a qualquer outro segmento que não os
três indicados são denominadas como genéricas.
Questão 2
Resposta: Alternativa C.
Questão 3
Resposta: Alternativa C.
36
indicado na afirmativa. Alternativa inverídica, portanto, a que
responde CORRETAMENTE a questão.
Questão 4
Resposta: Alternativa D.
Questão 5
Resposta: Alternativa A.
37
Aula 02
Igualdade, Capacidade
Contributiva e Efeito
Confiscatório
Autoria: Adriana Mayumi Kanomata
Leitura Crítica: Juliana Caramigo Gennarini
38
2. Igualdade, Capacidade Contributiva e Efeito
Confiscatório
[...]
Sacha Calmon Navarro Coelho alerta que o legislador deve ficar atento a
dois pontos, em relação ao princípio da legalidade:
39
B. não discriminar entre os iguais, que devem ser tratados igualmente”.1
A isonomia imposta pelo art. 150, II, da CF impede que haja a diferenciação
tributária entre contribuintes que estejam em situação equivalente, ou seja,
discriminação arbitrária. Justifica-se a diferenciação tributária quando
haja situações efetivamente distintas, se tenha em vista uma finalidade
constitucionalmente amparada e o tratamento diferenciado seja apto a
alcançar o fim colimado.2
1
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p. 245. P
2
AULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
dência. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 194.
40
exação caráter pessoal, graduando-a segundo a aptidão econômica do
contribuinte.
3
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. Malheiros. 2006. São Paulo. p. 102
41
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE
TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS.
[...]
42
determina que a legislação (complementar) institua regimes mais
favoráveis e simplificados no recolhimento de contribuições do
empregador. Não se trata de violação ao princípio da igualdade, mas de
adaptar a tributação com a capacidade contributiva daquele perfil de
empresa.
43
constitucional da separação de poderes. (STF, 2ªT, RE 709315 AgR / RS, Rel.
Min. CELSO DE MELLO, DJe PUBLIC 14-12-2012)
Para ficar mais claro, como as taxas judiciais, todas as vezes em que
um cidadão ingressa na justiça com uma ação judicial, ele deve efetuar
o pagamento de taxas para o Estado, em razão da prestação de um
serviço público, que é a prestação do serviço jurisdicional.
44
que deverá ser pago será o mesmo se o autor da ação for uma grande
empresa com alta capacidade contributiva ou for uma pessoa física
aposentada.
[...]
O art. 150, IV, da Carta Maior prevê que é vedado à União, Estados,
Distrito Federal e Municípios utilizar os tributos para fins de confisco.
45
No entanto, o direito de propriedade não é absoluto. Tanto que o
ordenamento jurídico prevê a possibilidade de se tributar a propriedade
de cada indivíduo.
Entende-se que o tributo deve ser um encargo que seja suportável pelo
contribuinte, sem que lhe traga sacrifícios além do normal, ou seja,
sentido como verdadeira penalidade.
Destarte, o confisco tem a ver com tributação abusiva, que não anda em
compasso com o princípio da razoabilidade.
4
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p. 253.
46
Nesse sentido, é fato que, por exemplo, o imposto de renda que
possuir alíquota que comprometa a subsistência do contribuinte, que
deixe faltar recursos para despesas essenciais, deve ser considerado
confiscatório.
47
Portanto, entre dois princípios constitucionais, o do não-confisco e o
da função social da propriedade, prevaleceu esse último, em prol da
garantia dos cidadãos.
Súmula nº 70:
Súmula nº 323:
48
Súmula nº 547:
VAMOS PENSAR
PONTUANDO
GLOSSÁRIO
49
VERIFICAÇÃO
de leitura
50
a. Os Estados podem instituir tributo com efeito de confisco desde
que se trate de desapropriação de bens de concessionário público
que não cumpriu suas obrigações contratuais.
b. Aos Estados e aos Municípios é vedado exigir ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça.
c. Os Estados ou os Municípios podem instituir impostos sobre
templos de qualquer culto, desde que durante as suas realizações
ocorram doações por parte dos fiéis, pois se trata de formação de
renda e/ou prestação de serviço.
d. Aos Estados e aos Municípios é vedado exigir ou aumentar
tributos nas hipóteses de calamidade pública, salvo quando
absolutamente necessário para evitar danos irreversíveis ao
patrimônio público, ao orçamento público ou à saúde pública.
51
iniciada no mesmo exercício financeiro em que seja publicada a lei
ordinária que os instituir.
a. Somente I é falsa.
b. I e II são falsas.
c. I e III são falsas.
d. II e III são falsas.
e. Todas são falsas.
52
b. é vedado a União transferir o exercício supletivo de sua
competência tributária;
c. a Lei Complementar nº 5.172/66 (CTN) as- segura a harmonia do
Sistema Tributário, colaborando também para sua autonomia;
d. não existe concentração fiscal e tributária na União; há repartição
igualitária dos tributos entre União, Estados, DF e Municípios;
e. o CTN é uma lei ordinária.
REFERÊNCIAS
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1999.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da
Doutrina e da Jurisprudência. 9. ed. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2007.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. 3. ed. São Paulo: Siciliano Jurídico,
2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito Constitucional Positivo. 17. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2000.
VÁRIOS COLABORADORES. Dicionário Didático, 3. ed. São Paulo: Edições SM, 2009.
GABARITO
Questão 1
Resposta: Alternativa A.
53
através de tratamento jurídico diferenciado e simplificação de suas
obrigações (art. 179). É o caso do Simples Nacional, instituído pela Lei
complementar 123/06.
Questão 2
Resposta: Alternativa B.
Questão 3
Resposta: Alternativa A.
Questão 4
Resposta: Alternativa A.
54
Questão 5
Resposta: Alternativa C.
55
Aula 03
56
3. Imunidade Recíproca, Religiosa e no Terceiro
Setor
Art. 150.
[...]
57
receita tributária, daí advindo a importância do tema referente à repartição
das competências no Estado Federal [...] Sendo a federação um pacto de
igualdade entre as pessoas políticas e, sendo a autonomia financeira o
penhor da autonomia dos entes federados, têm-se que qualquer agressão,
ainda que velada, a estes dogmas, constitui inconstitucionalidade.1
Essa proteção está sob o manto de cláusula pétrea prevista no art. 60,
§4º, I da CF, sendo, portanto, imutável.
1
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p. 63.
58
Qualquer emenda que porventura autorizar a União a cobrar qualquer
tributo dos Estados, ou dos Municípios, ou autorizar qualquer destes
a cobrar qualquer tributo da União, ou de qualquer outro Estado, ou
Município, é inconstitucional.2
Em relação aos impostos, por outro lado, a imunidade deve ser aplicada
de forma ampla, a todos os previstos na legislação tributária sem
qualquer exceção, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal:
2
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p.
263.
59
É fato que o texto constitucional não as incluiu ao tratar da imunidade
recíproca. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE
399307, entendeu que referida imunidade poderia ser estendida às
empresas públicas e sociedades de economia mista, desde que se
tratasse de serviço público essencial à população e cuja prestação seja
obrigatória pelo Estado.
60
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário,
nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.”
[...]
[…]
Art. 5º, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
61
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei.
Por exemplo, não incide ICMS sobre a venda de artigos religiosos cujo
produto da venda seja revertido à manutenção da igreja; não incide
imposto de renda sobre os valores recebidos a título de dízimo ou
doação; não incide ISS sobre eventuais serviços religiosos prestados aos
fiéis.
62
imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente
os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e
os serviços “relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas”. 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor
interpretativo das alíneas “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição
Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso
extraordinário provido. (STF, Tribunal Pleno, RE 325822 / SP, Rel. Min.
ILMAR GALVÃO, DJ 14-05-2004)
Art. 150.
[...]
63
Como terceiro setor, entende-se o grupo formado por associações e
entidades sem fins lucrativos, que fornecem bens e serviços públicos e
que, em geral, suprem falhas deixadas pelo Estado.
Frise-se que essa condição deve ser atendida por todos os entes
incluídos no texto constitucional: partidos políticos, sindicatos,
instituições de assistência social e educacionais.
64
Primeiramente, cumpre ressaltar que a vedação à distribuição de
parcela do patrimônio ou rendas não representa proibição na obtenção
de lucro, bem como não impede a remuneração de funcionários.
Súmula Vinculante nº 52
65
incidência de contribuições sociais para a seguridade social, tendo em
vista os serviços prestados à população sem a cobrança de valores.
“Art. 195.
66
CORTE INDICIA QUE SOMENTE SE EXIGE LEI COMPLEMENTAR
PARA A DEFINIÇÃO DOS SEUS LIMITES OBJETIVOS (MATERIAIS),
E NÃO PARA A FIXAÇÃO DAS NORMAS DE CONSTITUIÇÃO E DE
FUNCIONAMENTO DAS ENTIDADES IMUNES (ASPECTOS FORMAIS
OU SUBJETIVOS), OS QUAIS PODEM SER VEICULADOS POR LEI
ORDINÁRIA (ART. 55, DA LEI Nº 8.212/91). AS ENTIDADES QUE
PROMOVEM A ASSISTÊNCIA SOCIAL BENEFICENTE (ART. 195, §
7º, CF/88) SOMENTE FAZEM JUS À IMUNIDADE SE PREENCHEREM
CUMULATIVAMENTE OS REQUISITOS DE QUE TRATA O ART. 55,
DA LEI Nº 8.212/91, NA SUA REDAÇÃO ORIGINAL, E AQUELES
PREVISTOS NOS ARTIGOS 9º E 14, DO CTN. AUSÊNCIA DE
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA OU APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE SOCIAL DE FORMA INVERSA (ADI 2.028 MC/DF,
Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000). INAPLICABILIDADE DO
ART. 2º, II, DA LEI Nº 9.715/98, E DO ART. 13, IV, DA MP Nº 2.158-
35/2001, ÀS ENTIDADES QUE PREENCHEM OS REQUISITOS DO
ART. 55 DA LEI Nº 8.212/91, E LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE, A
QUAL NÃO DECORRE DO VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE
DESTES DISPOSITIVOS LEGAIS, MAS DA IMUNIDADE EM RELAÇÃO
À CONTRIBUIÇÃO AO PIS COMO TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO
CONFORME À CONSTITUIÇÃO. EX POSITIS, CONHEÇO DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO, MAS NEGO-LHE PROVIMENTO
CONFERINDO EFICÁCIA ERGA OMNES E EX TUNC. [...]São
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei. 4. O art. 195, § 7º, CF/88, ainda que não
inserido no capítulo do Sistema Tributário Nacional, mas
explicitamente incluído topograficamente na temática da
seguridade social, trata, inequivocamente, de matéria tributária.
(STF, Pleno, RE 636941/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Dje 04-04-2014)
67
VAMOS PENSAR
PONTUANDO
VERIFICAÇÃO
de leitura
68
a. apenas os respectivos órgãos da Administração Direta;
b. apenas os respectivos órgãos da Administração Direta e as
autarquias;
c. apenas os respectivos órgãos da Administração Direta, as
autarquias e as fundações públicas;
d. toda a Administração Direta e Indireta de cada ente federativo.
e. apenas as autarquias e empresas públicas.
a. impostos e taxas;
b. apenas impostos;
c. impostos, taxas e contribuições;
d. impostos e contribuições.
69
Questão 4 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA
70
REFERÊNCIAS
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1999.
GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. São Paulo: Dialética, 2004.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2003.
GABARITO
Questão 1
Resposta: Alternativa C.
Questão 2
Resposta: Alternativa B.
71
seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que
atendam às exigências estabelecidas em lei.
Questão 3
Resposta: Alternativa B
Questão 4
Resposta: Alternativa C.
Questão 5
Resposta: Alternativa D.
72
Aula 04
73
4. Imunidade Cultural e Teoria Geral das
Imunidades
Art. 150.
[...]
[...]
74
imunidade seria a cultural, considerando o caráter objetivo do privilégio
em tela. Assim, o benefício da imunidade está diretamente vinculado ao
bem, ao objeto, ou seja, ao livro e não à pessoa que produziu o livro (a
igreja, nesse caso).
75
Há, no entanto, discussão quanto à aplicação da imunidade aos
chamados livros eletrônicos, cuja matéria ganhou status de repercussão
geral perante o Superior Tribunal Federal.
76
(RE nº 202.149/RS, redator do acórdão o Ministro Marco Aurélio,
DJe de 11/10/11).
77
papel para jornal, papel couchê, papel offset etc.), lembrando que todos
devem se destinar sempre à impressão.
78
Assim, a análise da imunidade deve ser feita de forma objetiva, atingindo
apenas os tributos relacionados diretamente ao bem, excluindo-se os
impostos que recaem sobre os responsáveis por produzi-los.
79
Por exemplo, o legislador concedeu a imunidade às igrejas e templos
para garantir o incentivo aos cultos de todos os tipos. Buscando
apoiar e incentivar a cultura a educação, ele inseriu no texto
constitucional a imunidade aos livros, jornais e periódicos, evitando,
assim, que a tributação pudesse representar alguma dificuldade no
exercício daqueles direitos fundamentais.
[...]
2
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 214.
80
a. patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b. templos de qualquer culto;
c. patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
d. livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e. fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/
ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser.
3
PAULSEN, Leandro, Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurispru-
dência. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 237.
81
4.3 Diferença entre imunidades, isenções, não
incidência e alíquota zero
As isenções, por sua vez, são exceções à lei tributária, previstas através
de normas infraconstitucionais. Diferentemente da imunidade, é
possível sua revogação através de lei.
82
Podemos ilustrar as diferenças da seguinte forma:
83
O artigo 150, VI da Carta Magna veda expressamente a instituição de
impostos. No entanto, é fato que existem imunidades que versam sobre
impostos, outras que vedam a incidência de taxas, e outras que se
referem às contribuições.
VAMOS PENSAR
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diversos insumos e maquinários, questionou-se perante
os tribunais o que (papel, tinta, máquinas etc) deveria
ser atingido pela norma imunizante. Assim, faça uma
comparação com os fundamentos utilizados no Supremo
Tribunal Federal sobre partes específicas utilizadas na
confecção dos livros. Como parâmetros, podemos indicar
os seguintes julgamentos no STF: RE 202.149 (produto,
maquinário e insumos); RE 392.221 (filmes destinados
à produção de capas de livros); e RE 221.239 (álbuns
de figurinhas e os respectivos cromos adesivos). Não
reconhecendo a imunidade, temos: RE 213.094 (encartes de
propaganda distribuídos com jornais e periódicos) e AgR-
RE 530.121 (serviços prestados por empresas que fazem o
transporte ou a entrega de livros, jornais, periódicos e do
papel destinado a sua impressão).
PONTUANDO
GLOSSÁRIO
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VERIFICAÇÃO
de leitura
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Questão 3 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA
A imunidade tributária:
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às exigências estabelecidas em lei sobre a folha de salários e
demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício.
a. I, II e III;
b. II, III e IV;
c. I e II;
d. II e IV;
e. I e III.
a. impostos, apenas;
b. tributos;
c. contribuições sociais;
d. impostos e contribuições especiais;
e. impostos e taxas.
REFERÊNCIAS
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2003.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à Luz da
Doutrina e da Jurisprudência. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. 3. ed. São Paulo: Siciliano Jurídico,
2003. SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2011.
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GABARITO
Questão 1
Resposta: Alternativa C.
Questão 2
Resposta: Alternativa B.
Questão 3
Resposta: Alternativa D.
Questão 4
Resposta: Alternativa D.
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lei), que são institutos diferentes. Assim sendo, apenas os itens II
e IV utilizaram de forma correta os termos, descrevendo hipóteses
pertinentes à imunidade e constitucionalmente previstas.
Questão 5
Resposta: Alternativa A.
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BONS ESTUDOS!