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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RN.

GLEIDE MARIA DA SILVA MEDEIROS, brasileira, solteira, bióloga, inscrita


no CPF sob nº 028.532.334-21, portadora da cédula de identidade sob nº 1.724.969
SSP/RN, residente e domiciliada na residente e domiciliada na Rua Ruy Barbosa nº
828, Tirol – Natal/RN. CEP 59075-300, vem por seu advogado, com procuração em
anexo, com escritório profissional na Rua da Columbita nº 375 C, Lagoa Nova -
Natal/RN. CEP 59076-100, onde receberá as intimações e notificações de praxe, à
presença de V. Exa., propor

AÇÃO ORDINARIA, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA


INAUDITA ALTERA PARTE E INITIO LITIS

contra a CAIXA ECONOMICA FEDERAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ 00.360.305/0001-04, com endereço para citação na Av. Câmara Cascudo nº
344, Ribeira – Natal/RN. CEP 59025-280, conforme as razões de fato e de direito que
passa a expor.

PRELIMINARMENTE – DA JUSTIÇA GRATUITA

A Autora requerer gratuidade da justiça, por não estar em condições de


arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família,
conforme a lei 1.060/50, e com as modificações produzidas pela lei n° 7.510/86, que
disciplina os requisitos para a sua concessão, sendo bastante a declaração do próprio
interessado.

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DOS FATOS - SÍNTESE DA DEMANDA

A Promovente contratou financiamento através do programa Minha Casa


Melhor, junto ao Promovido, contrato sob nº 8000706-54 (cartão em anexo), pagando
atualmente parcelas mensais no valor de R$ 51,22.

Insta registrar, que a Autora vem adimplindo com o contrato pactuado.

OCORRE QUE, a Requerida diz que a Requerente é devedora do contrato


supracitado, inscrevendo-a indevidamente no Serasa, na qual consta parcela em
aberto no valor de R$ 51,22 de vencimento em 07/12/15 (comprovante em anexo), o
que não é verdade!

Destarde, que a Promovente já adimpliu quanto a parcela cobrada, desde


julho de 2015, não restando qualquer débito, conforme comprovante de pagamento
em anexo (Pagamento 12_2014).

E NÃO É SÓ ISSO MM.!

A Demandante visando ser fiadora no aditivo contratual do programa FIES


para o seu companheiro o Sr. Francisco Cabral Montenegro Júnior, RG 1.051.824
SSP/RN, CPF 701.711.814-68, foi surpreendida pelo indeferimento no pedido pela
existência de tal divida, logo, sendo impossibilitada de atuar como asseguradora do
financiamento estudantil, resultando na perda de nova contratação.

Excelência, por diversas vezes a Promovente chegou a procurar a sua


agência bancária (Caixa Econômica Federal – Praça Natal – Princesa Isabel) para
tratar da errônea inscrição no cadastro de mal pagadores, PORÉM, foi informada que
ainda constavam parcelas em aberto.

Enfim, pelo relatado, não restou saída a Autora senão procurar a tutela
jurisdicional de modo a ter salvaguardados direitos que lhe são inerentes e não foram
observados nem respeitados pelo Réu.

DO DIREITO

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

“Prima facie”, é sabido por todos que o consumidor é a parte hipossuficiente


na relação de consumo.

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O reconhecimento da hipossuficiência da parte Autora contra uma empresa
do porte da Ré, ocasiona, no curso do processo, principalmente a inversão do ônus da
“probandi”, cabendo a este provar que não cometeu falhas na prestação dos serviços
bancários. E neste caso, a aplicação do instituto da inversão do ônus da prova que
visa passar a responsabilidade de provar para o fornecedor (art. 6º,VIII do CDC). É o
que requer.

DO DANO MORAL E O DEVER DE INDENIZAR

Diante de uma autêntica relação de consumo firmada entre a Requerente e a


Requerida (instituição bancária), vislumbra-se, pois, que este enquadra-se na
condição de fornecedora de serviços bancários devendo responder de forma objetiva
pelos vícios ou problemas oriundos de uma má prestação de serviço, é o que
prelecionam os arts. 14 e 22, ambos do codex consumerista:

“Art. 14 – O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código.”

Indubitável a responsabilidade da Demandada em face da prática que é


amplamente rechaçada pelo Judiciário, qual seja, a inscrição indevida no cadastro de
inadimplentes (SPC / Serasa), devendo ser responsabilizada pela ilicitude do ato,
porquanto, além de ser uma prática reincidente entre as instituições financeira, é
deveras abusiva, violando direitos básicos dos consumidores.

No caso em voga, restou claro que a Ré agiu de forma contrária aos preceitos
insculpidos pelo codex consumerista ao inscrever de o nome da Autora no cadastro de
inadimplentes, sem que estivesse em debito.

Fica ainda mais evidente a responsabilidade isolada da Promovida ao atentar


para o fato da inscrição indevida no Serasa, por não tomar as devidas precauções,
mesmo após procurada para tratar do equivoco foi inerte a resolve-lo, por demais,
informando, apenas, que constava parcelas em aberto restando serem adimplidas.

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Dessa forma, não restam dúvidas de que a conduta da Requerida, a inscrição
indevida no Serasa, gera o “fato do serviço”, que resultou numa série de incômodos,
angústia, resultando em enorme abalo emocional à Autora, sendo, suficiente para
comprovar o nexo de causalidade entre o fato e o dano, vindo a ensejar danos morais,
por mais, ser presumido segundo o entendimento do STJ, restando o dever de
indenizar, consoante o art. 6, VI, do CDC.

Acerca do Dano Moral, a jurisprudência do STJ é uníssona ao reconhecer


que o dano moral oriundo da inscrição indevida no Serasa, prescinde de prova,
configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato
e da experiência comum. Esse é o entendimento cristalizado pela corte.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA
EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN
RE IPSA". RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO "QUANTUM".
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS.
INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no AREsp
473.343/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 25/09/2014).

Logo, conforme demonstrado na exodial, a pretensão e argumentos


sustentados pelo autor merecem guarida por esse MM. Juízo, por mais, serem
procedentes.

DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

A antecipação dos efeitos da tutela está prevista no artigo 84 do CDC que


exige o preenchimento de dois requisitos, quais sejam: a fumaça do bom direito e o
perigo da demora.

A fumaça do bom direito reside nos argumentos fáticos e jurídicos acima


expostos, os quais dão conta de que existe o bom direito ora vindicado, notadamente
em face das violações às normas e princípios supramencionados, conforme dá conta a
prova inequívoca em anexo.

Está mais do que claro, indubitavelmente, que o perigo da demora, por sua
vez, consiste no prejuízo sofrido pela Autora ante estar sendo cobrada por divida
adimplida, ademais, inscrita indevidamente no cadastro de inadimplentes (Serasa),
impossibilitando-a de realizar transação financeira.

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Assim, requer a V. Exa. o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela
pelos fundamentos expostos, para que seja determinado a suspensão da cobrança da
parcela e retirada do nome do cadastro dos mal pagadores (Serasa), sob pena de
cerceamento de direito da Requerente, até final decisão da presente ação.

DOS PEDIDOS DEFINITIVOS

Ante o exposto, vem a Autora requerer a V. Exa.:

a) A concessão do benefício da justiça gratuita, nos termos da norma


constitucional prevista no art. 5º, LXXIV, da CF e Lei de nº 1.060/50;

b) A concessão da inversão do ônus da prova, previsto no art. 6, VIII do CDC;

c) A concessão da antecipação dos efeitos da tutela “inaudita altera parte” e “initio


litis”, para que seja determinada a suspensão da cobrança da parcela, e retirada do
cadastro de mal pagadores (Serasa);

d) A citação da Ré, para, querendo, no prazo legal, contestar a presente ação,


sob pena da aplicação dos efeitos da revelia;

e) A integral procedência dos pedidos formulados, de modo a condenar a Ré a


pagar a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por Danos
Morais, devido a inscrição indevida no cadastro de inadimplentes (Serasa), e por todos
os seus reflexos;

f) A confirmação do pedido de antecipação dos efeitos da tutela, acima


formulada;

g) A condenação da Ré nos ônus da sucumbência, notadamente os honorários


advocatícios;

h) Protesta provar a presente ação por todos os meios de prova em direito


admitido, especialmente a prova documental e pericial;

i) A juntada dos documentos em anexo.

Dá à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes Termos, Pede deferimento. Natal/RN, 17 de setembro de 2015.


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Marcos Aurélio de Oliveira Costa Ferreira
Advogado - OAB/RN Nº 13.045

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