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C ENTRO DE T ECNOLOGIA
P ROGRAMA DE P ÓS -G RADUAÇÃO EM E NGENHARIA E LÉTRICA E
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DE C OMPUTAÇÃO
Ao meu orientador Prof. Dr. Pablo Javier Alsina, sou grato pela confiança depositada
nesse trabalho e toda orientação.
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Vicente Angelo de Sousa Junior, sou grato pela orientação
e pela confiança depositada neste trabalho.
A utilização de Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) para prover serviços como
internet, entregas de mercadorias e táxi aéreo vem se tornando realidade nos últimos
anos. A utilização dessas aeronaves exige uma comunicação segura entre a estação
de controle e o VANT, tarefa facilitada ao se conhecer as características do canal de
comunicação. Este trabalho se destina a apresentar um setup de medição utilizando uma
aeronave não tripulada, e usar os dados medidos para a caracterização do canal de RF.
As medições foram realizadas com um VANT Dji Phantom 3 standard equipado com um
módulo XBee PRO 900HP para a comunicação entre o VANT e a estação de controle em
terra. Os dados coletados foram analisados de modo a caracterizar o desvanecimento
de larga escala (perda de percurso e sombreamento) e o desvanecimento de pequena
escala (multipercurso e doppler) em cenários de caatinga, sobre um lago e uma região
mista com os dois ambientes anteriores. O trabalho a seguir apresenta os dados coletados
nas campanhas de medição, o processamento realizado pelos scripts desenvolvidos e os
resultados da caracterização do Canal RF.
The use of Unmanned Aerial Vehicle (UAV) to provide services such as internet,
goods delivery and air taxi has become a reality in recent years. The use of these
aircraft requires secure communication between the control station and the UAV, a task
made easier by knowing the characteristics of the communication channel. This work
is intended to present a measurement setup using an unmanned aircraft, and to use the
measured data for RF channel characterization. The collected data were analyzed in
order to characterize the large scale fading (path loss and shadowing) and the small scale
fading (multipath and doppler) in caatinga scenarios, over a lake and a region mixed
with the two previous environments. The following work presents the data collected in
the measurement campaigns, the processing performed by the developed scripts and the
results of the RF Channel characterization.
Sumário i
Lista de Figuras v
Lista de Tabelas ix
1 Introdução 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 Fundamentação teórica 11
3 Metodologia 23
i
3.3 Pós-processamento dos dados de RF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5 Resultados Experimentais 53
6 Conclusões 83
Referências bibliográficas 85
Anexo 94
A Informações adicionais 95
I Sobre os softwares usados 105
I.1 Configuração do software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
I.1.1 Código usado para aquisição dos valores de RSSI . . . . . . . . . 113
Anexo 104
Lista de Figuras
3.6 VANT Phantom 3 Standard equipado com o módulo XBee e Power bank. 33
v
4.8 PDF teórico e medido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.9 LCR teórica e medida para frequência máxima Doppler de 4,3 Hz. . . . . 48
4.10 AFD teórico e medido para frequência Doppler máxima de 4,3 Hz. . . . . 48
A.10 PDFs para ambiente lago a 8 m de altura com velocidade de 3 km/h. . . . 100
A.11 PDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h. . . 100
A.12 PDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h. . . 101
A.15 PDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h. . . 102
A.16 PDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h. . . 103
I.4 Interface mostrando o local que indica que o módulo XBee foi reconhecido.108
I.5 Interface para verificar os pacotes gerados, enviados e recebidos. . . . . . 109
I.6 Interface de configuração geral do módulo XBee. . . . . . . . . . . . . . 110
I.7 Interface mostrando as ferramentas disponíveis para análise. . . . . . . . 110
I.8 Interface para geração de pacotes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
I.9 Interface para adicionar um módulo XBee local. . . . . . . . . . . . . . . 112
I.10 Interface para aceitar o módulo XBee local. . . . . . . . . . . . . . . . . 113
I.11 Interface com nível de potência recebida em cada terminal XBee. . . . . . 113
Lista de Tabelas
ix
Lista de Símbolos e Abreviaturas
ACK Acknowledgement
Bc Banda de Coerência
xi
RF Rádio Frequência
Introdução
1.1 Introdução
Veículo aéreo não tripulado (VANT) é um termo genérico dado a aeronaves que
voam sem tripulação. Esse tipo de aeronave vem ganhando notoriedade com aplicações
em diferentes ambientes. Por serem aeronaves que variam em porte, diversos modelos
estão disponíveis para o público, se encaixando em diferentes aplicações. Segundo
(Otake, 2017), (Azambuja, 2016), e (Abade et al., 2016), os VANTs já desempenham
papel importante na agricultura, coleta de dados ambientais, monitoramento de regiões
de floresta, monitoramento de queimadas, sensoriamento remoto, aplicações militares,
entre outras áreas.
Alguns VANTs têm baixo custo e encontram aplicações em áreas diferentes das
tradicionais. Grandes empresas e centros de pesquisa vem testando a viabilidade do uso
de drones para entrega de mercadorias. Por exemplo, a empresa Amazon já testou um
sistema de entrega utilizando VANTs. O foco é utilizar as aeronaves para fazerem o
serviço em regiões distantes e montanhosas (Kimchi et al., 2017).
A rede 5G também será usada para controlar os VANTs. Essa aplicação exige
uma comunicação ultra confiável e de baixa latência. No 5G, essas redes estão sendo
chamadas de Ultra Reliable Low Latency Communication (URLLC) (Sybis et al., 2016).
A implementação da URLLC tem introduzido uma infinidade de desafios em termos
de projeto do sistema de comunicação (Popovski et al., 2017). O sistema de banda
larga móvel atual tem como objetivo a eficiência espectral, podendo utilizar esquemas
de retransmissão de pacotes para obter alta confiabilidade. Este, no entanto, não é o
1.1. INTRODUÇÃO 3
caso do URLLC devido às restrições de latência. O requisito de baixa latência pode ser
alcançado ao desburocratizar a arquitetura da rede 5G e permitir oportunidades de acesso
ao meio mais frequentes. Já a confiabilidade do 5G URLLC pode ser viabilizada por
estratégias avançadas de codificação de canal e diversidade de transmissão e recepção.
Tais estratégias, especialmente a segunda, necessitam de conhecimento prévio do canal
de comunicação para atingir seu ganho máximo.
Como os VANTs estão sujeitos ao efeito Doppler devido à velocidade relativa com
que se movimentam em relação à estação terrestre, é de grande importância modelar esse
efeito. O efeito Doppler atua espalhando o sinal no domínio da frequência, acarretando
seletividade no domínio do tempo. Nessa situação de desvanecimento, é possível que
o tempo de coerência seja menor que o tempo de símbolo, mesmo para transmissões
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
com alta taxa. Isso acarreta desvanecimento rápido que traz como consequência a
variação severa de amplitude e fase do sinal. Já para o processo de recepção, a principal
consequência é o piso de BER (Bit Error Rate), sendo uma situação em que mesmo
aumentando a SNR do sistema, não existe melhora efetiva na BER.
do solo. Geralmente esta região tem um número menor de obstáculos que a região
de Caatinga, como consequência, podem apresentar um perfil mais curto de atraso do
sinal (Khawaja et al., 2019).
Verifica-se na Tabela 1.1 que a grande parte dos trabalhos se concentra no estudo
do desvanecimento plano. São feitos caracterização da perda de percurso, alguns dos
estudos identificam a função de distribuição acumulada (CDF - Cumulative Distribution
Function) e a função densidade de probabilidade (PDF - Probability Density Function)
que melhor descrevem o canal. Poucos estudos utilizaram estatística de segunda ordem.
Também é perceptível a falta de trabalhos sobre regiões de Caatinga e espelho d’água.
VANT.
Similar aos sistemas celulares, modelos analíticos (e/ou empíricos) confiáveis são
necessários para avaliar o desempenho de diferentes técnicas de comunicação sem fio para
VANTs. No contexto dos canais Ar-Terra de VANTs, as abordagens para a caracterização
do canal podem ser classificadas em três abordagens:
espelho d’água)?
Fundamentação teórica
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica sobre caracterização de canal sem fio
móvel, focando nas principais manisfestações físicas e modelos.
De maneira clássica, um sistema de comunicação pode ser visto como uma sequência
encadeada de camadas, em que cada camada desempenha processos específicos e com
objetivos distintos. Essa maneira de organizar o sistema de comunicação traz a vantagem
de dividir as especificações para cada bloco do sistema, modularizando as soluções. De
forma geral, um sistema de comunicação móvel pode ser ilustrado como nas Figuras 2.1
e 2.2.
12 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1 Na
verdade, os processos de Modulação, Conversão ascendente e filtro, Amplificação e Estágio
de RF fazem parte de uma das camadas da pilha de protocolos, a Camada Física. Nas Figuras 2.1 e 2.2,
decidiu-se destacar separadamente alguns blocos dessa camada, principalmente aqueles mais vinculados ao
tema da dissertação.
2.2. DESVANECIMENTO DE LARGA ESCALA 13
ser adequadamente transportado pelo meio de transmissão, que neste caso, é o ar (Haykin
and Moher, 2011).
No receptor (Figura 2.2), percebe-se que muitos dos componentes realizam funções
inversas das suas respectivas contrapartes do transmissor. A antena coleta o sinal na
banda desejada, geralmente degradado por ruído e distorcido pela interação da onda
eletromagnética com o meio de transmissão (canal móvel). O sinal é amplificado com
um amplificador de baixo ruído (LNA - Low-Noise Amplifier), elevando a potência do
sinal com o mínimo de amplificação do ruído. A conversão descendente é responsável
por filtrar e trasladar o sinal para uma frequência adequada a demodulação. O bloco
Compensação do canal tem o objetivo de contrabalancear as anomalias que foram
impostas no canal móvel (e.g., equalização, codificação de canal). Finalmente, o sinal
demodulado é entregue as camadas superiores da Pilha de protocolos, a qual recupera a
informação ou escalona a retransmissão de pacotes recebidos com erro.
A Perda de percurso (path loss) é uma manifestação em larga escala, pois uma
variação significativa do sinal é percebida com o deslocamento por volta de centenas
ou milhares de comprimentos de onda, sendo assim diretamente associada a distância
14 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A equação de Friis mostra que a potência do sinal cai com um fator quadrático da
distância entre transmissor e receptor. A perda por propagação é definida como:
16 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2
λ
Lfs = , (2.2)
4πd
d
PL(dB) = PL(d0 ) + 10nlog (2.4)
d0
Tal modelo indica que a potência média do sinal recebido diminui logaritmicamente
com a distância, sendo expressa usando um expoente de perda de percurso n, que depende
do ambiente de propagação. Geralmente, o valor de n é definido empiricamente baseado
em medições. Já a variável d0 é uma distância referência logo depois do limite do campo
próximo da antena (dentro do campo distante), e d > d0 é a distância entre transmissor e
receptor.
É interessante ver a Tabela 2.2, que relaciona alguns valores do expoente de perda de
percurso com o ambiente de propagação.
d
PL(dB) = PL(d0 ) + 10nlog + Xσ , (2.5)
d0
variação severa de amplitude (deep fading) pode ser percebida para um deslocamento na
escala do comprimento de onda (Rappaport, 2009).
A Figura 2.4 mostra o comportamento do desvanecimento de larga escala (perda
de percurso e sombreamento) bem como do desvanecimento de pequena escala. É
possível verificar que o sinal recebido tem como média a perda de percurso, experimenta
uma variação lenta causada pelo sombreamento e, finalmente, tem variações rápidas e
profundas com a presença do desvanecimento de pequena escala.
A Figura 2.5 ilustra a propagação por multipercursos. É possível perceber que cada
cópia do sinal percorre caminhos com distância diferentes, causando atrasos distintos em
cada cópia recebida. Dessa forma, com a composição de todas as cópias do sinal no
2.3. DESVANECIMENTO DE PEQUENA ESCALA 19
Considerando a Figura 2.6, em que uma estação móvel (drone) percorre uma linha
reta com velocidade constante v ao longo do segmento d, entre os pontos X e Y, enquanto
recebe sinais de uma fonte S (rádio controle) , como ilustrado na Figura 2.6. A diferença
nas extensões do caminho atravessado pela onda da origem S até a estação móvel nos
pontos X e Y é dada por: ∆l = dcos(θ) = v∆tcos(θ), sendo ∆t o tempo para o drone se
deslocar do ponto X ao Y. Dessa forma, a diferença de fase é dada por:
20 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2π∆l 2πv∆t
∆φ = = cos(θ) (2.6)
λ λ
1 ∆φ v
fm = = cos(θ) (2.7)
2π ∆t λ
Algo interessante a comentar é que esse efeito pode ser observado mesmo quando
v = 0, mas se existir movimento dos obstáculos que circundam transmissor e receptor.
Esse movimento pode induzir um deslocamento Doppler devido às variações aleatórias e
dinâmicas de fase e amplitude das várias cópias do sinal que chegam ao receptor.
2 Umsistema pode ser classificado como banda estreita ou banda larga pelo Fator de Banda Fracionária
(FBF). O FBF é definido pela razão entre a largura de banda do sinal e a frequência da portadora.
Conforme classificação adotada pela Comissão Federal de Comunicações (FCC), dos Estados Unidos, e
as recomendações da ITU-R (ITU-R, 2006), define-se como Banda Estreita, BL e UWB os sinais com FBF
menor que 1%, entre 1 − 20% e maior que 20%, respectivamente, sendo considerados UWB também os
sinais com banda maior que 500 MHz.
Capítulo 3
Metodologia
Esse capítulo aborda a metodologia utilizada neste trabalho. São apresentados o setup
de medição, o VANT utilizado nas medições , a configuração dos softwares necessários e
algumas métricas que se pretende explorar no pós-processamento dos dados coletados.
A comunicação entre o rádio controle e a aeronave pode ser feita nas frequências
2,4 GHz ou 5,8 GHz, escolhida antes de a aeronave voar. Os comandos enviados pelo
rádio controle permitem controlar direção, altura e ângulo de orientação da aeronave
manualmente. Rotas podem ser automaticamente traçadas. Para a comunicação entre
24 CAPÍTULO 3. METODOLOGIA
os módulos XBee, a faixa de frequência disponível vai de 902 à 928 MHz, com 64 canais
disponíveis, sendo 63 selecionáveis para transmissão. Cada canal tem uma banda de
200 kHz o que caracteriza um canal de banda estreita como explicado anteriormente e
banda de guarda de mesma largura .
Aplicações comerciais que usam o módulo XBee têm crescido ao longo do tempo
pela diversidade de configurações existentes para os módulos. Por exemplo, o produto
Waspmote, da empresa Libelium, utiliza módulos XBee para soluções com diversas
aplicações de monitoramento (Applications XBee, 2018). Esse sistema de monitoramento
foi utilizado em uma rede de sensores capazes de detectar luz na faixa do infravermelho e
ultravioleta, bem como aptos a verificar compostos de CO e CO2 para monitorar incêndios
florestais na Espanha. Outra aplicação que tem se destacado é a utilização de rede de
sensores para monitoramento de frequência cardíaca em atletas de diferentes esportes. O
trabalho (Zulkifli et al., 2012) traz a aplicação de uma rede Mesh para monitorar um grupo
de atletas. As informações dos esportistas são enviadas a um banco de dados na central
3.1. SETUP DE MEDIÇÃO 25
O VANT utilizado neste trabalho é o Dji Phantom 3 Standard, fabricado pela empresa
chinesa DJI. Esse modelo de aeronave se configura na categoria de quadricóptero, com a
maioria das aplicações voltadas a fotografia e filmagem.
O drone é equipado equipado com uma bateria de 4480 mAh, disponibilizando até
25 minutos de voo. O rádio controle permite comandar a aeronave nas quatro direções,
além de subida, descida e rotação. O VANT possui estabilizador de segurança, que em
caso de emergência, o usuário pode abandonar o controle manual que o VANT estabiliza
no ar automaticamente.
baseia nos dados do GPS. Quando o sinal GPS fica abaixo do limiar especificado,
a aeronave escolhe o barômetro para manter a altitude.
• A- MODE: Essa configuração ocorre quando o sinal GPS é perdido e a troca do
modo para o uso do barômetro é feita. Após o sinal GPS ser retornado acima do
limiar, o VANT volta ao último ponto em que essa condição era válida.
Os módulos são configurados por meio de sua porta serial. O dispositivo pode
comunicar-se com qualquer outro dispositivo que possua uma interface UART (Universal
asynchronous receiver/transmitter) com lógica e tensão compatível, por exemplo, a placa
de interface RS-232 ou USB. Os módulos XBee podem transmitir no modo Full-Duplex,
ou seja, podem transmitir e receber dados simultaneamente. Os módulos possuem quatro
modos de operação:
Para o processo de configuração dos módulos foi utilizado um módulo XBee explorer
USB adapter. Este dispositivo consiste em um adaptador USB-serial para a linha de
produtos DigiR XBee, sendo necessário para a programação e configuração do módulo
XBee. A Figura 3.3 mostra os adaptadores do módulo XBee explorer.
RSSI recebidos na estação em terra. Para contornar este problema, foi implementado um
sistema que extrai os valores da potência do sinal que chega à estação base.
A estratégia de aquisição dos valores de RSSI foi utilizar um microcontrolador
Arduino Uno comunicando-se com o módulo XBee da estação em terra. O esquema
de conexão do microcontrolador Arduino - módulo XBee é visto na Figura 3.4. Com
esta configuração, todos os pacotes que chegam ao módulo XBee são enviados pela porta
Serial Rx ao Arduino, sendo possível selecionar os pacotes que possuem os valores de
RSSI.
Figura 3.4: Comunicação do módulo XBee e o microcontrolador Arduino.
A comunicação entre os módulos é feita por pacotes que variam em: tamanho, tipo de
requisição, pacotes de teste, capacidade de payload e tipo de controle de erro. O algoritmo
de aquisição do RSSI embarcado no Arduino busca pacotes com tamanho superior a 18
bytes, pois estes possuem os valores de potência do sinal em sua estrutura. Os pacotes
de tamanho inferiores são ignorados pelo algoritmo. Uma observação importante é que,
além do tamanho, para o pacote conter a informação desejada, a opção de Test Range
3.2. ESTAÇÃO DE CONTROLE 31
deve estar habilitada no software XCTU. Tal opção é mostrada com mais detalhes no
anexo deste trabalho.
Como apresentado nos capítulos anteriores, a estação de coleta dos dados é composta
por um Notebook com processador Intel(R) Core (TM) i5-7200U 2,70 GHz, memória
RAM 8 GHz e sistema operacional Windows 10 Home Single Language de 64 bits, um
Arduino Uno e um módulo XBee PRO 900HP. A Figura 3.5 apresenta a estação de coleta
da potência do sinal de RF, a tela do notebook exibe a interface do XCTU com os gráficos
da potência do sinal de Downlink, Uplink e porcentagem do sinal que chega com sucesso.
A tela também mostra a interface serial do Arduino com os valores do sinal de Downlink
32 CAPÍTULO 3. METODOLOGIA
que posteriormente podem ser salvos em arquivo no formato txt. Os dispositivos XBees
foram configuradas para enviar pacotes em um intervalo de 300 ms na frequência de
915 MHz. Durante as campanhas de coleta, a estação foi posicionada no solo a uma
distância de 5 m do local de decolagem da aeronave.
Figura 3.6: VANT Phantom 3 Standard equipado com o módulo XBee e Power bank.
Na primeira fase, foi usado um sinal sintético com 48651 amostras. Tal sinal possui
as componentes de desvanecimento larga escala (perda de percurso e sombreamento) e de
pequena escala (mutlipercurso e Doppler). Para separar tais componentes, aplicou-se os
seguintes procedimentos (de Paiva Rolim et al., 2002):
34 CAPÍTULO 3. METODOLOGIA
Para a validação dos scripts de segunda ordem, foi gerado um sinal sujeito ao
desvanecimento de pequena escala com distribuição Rayleigh. Os scripts calculam os
valores do LCR e do AFD teórico normalizado e medido. A partir desses valores, é
possível determinar o espalhamento Doppler. Depois de validado, tal procedimento foi
utilizado com os dados medidos com VANT, como descrito na Seção 5.1. Os scripts
foram construídos da seguinte forma:
Cada passo anterior será descrito com mais detalhes nas próximas subseções, com
suas devidas demonstrações com o sinal sintético.
Baseado em (de Paiva Rolim et al., 2002), um filtro média móvel foi utilizado para o
Passo 1 da separação dos desvanecimentos. O filtro pode ser construído como:
M
1
y[i] = ∑ x[i + k], (3.1)
N + M + 1 k=−N
sendo x[i+k] amostras do sinal, i o índice de amostras do filtro, y[i] a i-ésima amostra
de saída do filtro, N o número de amostras do sinal de entrada antes do ponto i, e M
é o número de amostras, consideradas no cálculo da média, após o ponto i na janela
móvel (Matos et al., 2017). Foi considerado uma janela simétrica em que N = M.
√
NRayleigh (ρ) = 2π fd ρ exp(−ρ2 ). (3.2)
p p
NRice (ρ) = 2π(k + 1) fd ρ exp(−K − (k + 1)ρ2 ) I0 (2 K(K + 1))ρ. (3.3)
√ mm−1/2 2m−1
NNakagami (ρ) = 2π fd ρ exp(−mρ2 ). (3.4)
Γ(m)
!β/2 !β
√ ρ ρ
NWeibull (ρ) = 2π fd p exp − p . (3.5)
(a) (a)
Os valores de AFD dos modelos Rayleigh, Rice, Nagakami e Weibull podem ser
obtidos pelas Equações 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9, respectivamente (Abdi et al., 2000; Sagias
et al., 2004).
exp(ρ2 ) − 1
TRayleigh (ρ) = √ . (3.6)
2π fd ρ
√ p
[1 − Q( 2K, 2(K + 1)ρ2 ) exp(K(K + 1)ρ2 )
TRice (ρ) = q p . (3.7)
2π(K + 1) fd I0 (2 K(K + 1)ρ
" β #
1 − exp − √ρ
(a)
TWeibull (ρ) = " β # . (3.9)
√
β/2
2π fd √ρ exp − √ρ
(a) (a)
LCREmpirica
fˆd = , (3.10)
LCRTeorica_normalizada
É importante deixar claro que essas equações referem-se ao cálculo das estatísticas de
segunda ordem para um determinado nível de potência. Assim, para cada nível calculado
haverá um valor para fˆd .
A maior distância vertical entre a CDF empírica Fn e a CDF teórica F0 é dada por Dn .
Está medida de discrepância é ilustrada na Figura 3.7, em que Fn é a função escada e F0
3.3. PÓS-PROCESSAMENTO DOS DADOS DE RF 39
√
Para que a hipótese H0 não seja rejeitada, o valor Dn deve ser menor Kα / N, sendo α
um nível de significância e N o número de amostras. Assim, quando o valor de Dn é menor
√
que Kα / N, se diz que a hipótese nula não é rejeitada, dado o nível de significância α. O
valor de Kα pode ser calculado como:
Pr(K ≤ Kα ) = 1 − α. (3.12)
A primeira etapa consiste em gerar um sinal com a Equação 2.5, com desvio padrão
do sombreamento de 6 dB e expoente da perda de percurso igual a 4. O sinal passa por
um canal com a distribuição m-Nakagami com o parâmetro m = 4. Em seguida o sinal
passa por um filtro passa baixa para separar as componentes do sinal de pequena e larga
escala, como pode ser observado pelo fluxograma da Figura 4.1. Com a obtenção do
desvanecimento de larga escala, utilizou-se o método da regerão linear para estimar o
expoente da perda de percurso e o desvio padrão do sombreamento.
42 CAPÍTULO 4. TESTE DE VALIDAÇÃO: RESULTADOS SIMULADOS
A implementação do sinal com Doppler pode ser observado com mais detalhes na
Figura 4.2, inicialmente são gerados duas séries temporais de ruído Gaussiano complexo,
em seguida são aplicados a Fast Fourier Transform (FFT) nas séries, o próximo passo foi
aplicar um Filtro Jakes e em seguida fazer a Inverse Fast Fourier Transform (IFFT). A
série imaginaria é deslocada − π2 e somada a parte real.
Figura 4.2: Processo para gerar o desvanecimento de pequena escala do canal Rayleigh.
Figura 4.3: Fluxograma para estimar o doppler via às estatísticas de LCR e AFD.
Foram medidos o LCR e o AFD do sinal para a faixa de potência de -63 a 8 dB/RMS,
em seguida foi calculada a LCR teórica normalizada por fm do canal Rayleigh usando a
Equação 3.2 e o AFD teórico normalizado pela Equação 3.6 apresentadas na Seção 3.3.2.
As subseções seguintes tratam de mostrar os resultados gráficos dos experimentos
descritos nessa parte do trabalho.
Nesta primeira etapa da validação dos scripts, a Figura 4.4 mostra o sinal sintético
gerado e o sinal estimado. Os gráficos mostram a potência recebida do canal completo,
44 CAPÍTULO 4. TESTE DE VALIDAÇÃO: RESULTADOS SIMULADOS
do canal somente com perda de percurso e do canal com desvanecimento de larga escala.
Todas as curvas estão em função da distância entre o transmissor e o receptor.
É possível notar que essa metodologia resulta em uma boa separação das componentes
de larga escala: Perda de percurso e sombreamento. Para construção da Figura 4.4b
foi testado diversas janelas de filtragem para o filtro média móvel, sendo escolhida
empiricamente o tamanho de 50 amostras (N = M = 50 na Equação 3.1) no sinal
completo gerado.
Figura 4.7.
A PDF estimada do desvanecimento foi gerada com o histograma das amostras do
sinal, enquanto que a teórica foi feita com o σ estimado. O resultado pode ser visualizado
na Figura 4.8, mostrando boa convergência dos resultados.
Figura 4.6: Desvanecimento de pequena escala.
Foi usado o desvanecimento mostrado na Figura 4.6 para calcular os valores de LCR
medido. Os valores teóricos do LCR foram obtidos com o uso da Equação 3.2. O
resultado pode ser observado na Figura 4.9. O valor de referência R foi variado, e compõe
o eixo da abcissas dos gráficos e foi dado em dB/RMS. Já o eixo das ordenadas mostra
a taxa de cruzamento do sinal para cada nível de R. As curvas geradas possuem valores
maiores que os valores normalizados, pois estão relacionadas a velocidades relativas entre
os terminais, o que ocasiona um espalhamento Doppler.
Figura 4.9: LCR teórica e medida para frequência máxima Doppler de 4,3 Hz.
Figura 4.10: AFD teórico e medido para frequência Doppler máxima de 4,3 Hz.
A estimação da frequência Doppler foi feita pela Equação 3.10, tanto para o LCR
4.1. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO 49
Também foram feitos Scripts para analisar o LCR e AFD teórico da distribuição de
Weibull e identificar a frequência Doppler. A Figura 4.12 mostra os valores de LCR
do sinal normalizados em função de fd para diferentes parâmetros β. É possível ver
que quanto maior a velocidade de deslocamento, os valores de LCR diminuem para este
canal, tal comportamento pode ser visto em (Fadnis et al., 2014). Além disso, níveis mais
baixos de sinal são cruzados com menor frequência, enquanto níveis mais altos de sinal
50 CAPÍTULO 4. TESTE DE VALIDAÇÃO: RESULTADOS SIMULADOS
são cruzados com mais frequência. Vale ressaltar que a implementação das curvas fez uso
da Equação 3.5 e serve para estimar os valores de fd para os dados medidos caso o canal
se adéque mais ao modelo Weibull.
Resultados Experimentais
O Cenário 1 corresponde a voos sobre uma região com espelho d’água. O local
escolhido foi um lago com aproximadamente 12 mil metros quadrados e profundidade
máxima de 12 metros. O VANT foi configurado para percorrer um trajeto em linha reta
sobrevoando esse local. Durante os voos foram coletados a potência do sinal de RF do
módulo XBee. A Figuras 5.1 e 5.2 mostram as imagens do voo à altura de 8 e 80 metros,
respectivamente. O impacto da diferença de altura ficou bem perceptível, e esta diferença
será analisada para comparar os resultados após o processamento. Já a Figura 5.3 mostra
a área completa do lago circulada em vermelho. O ponto em amarelo indica a localização
da estação de controle e coleta dos dados de RF.
Já a Figura 5.5 mostra uma foto da região a uma altura de 80 metros capturada pelo
VANT durante a coleta dos dados.
Foram feitas duas campanhas de voos nesta localidade. A Tabela 5.4 mostra a variação
dos parâmetros de distância percorrida e velocidade, além do número de amostras
coletadas. Para uma maior velocidade, é necessária uma maior distância de voo, para
que o número de amostras coletadas sejam minimamente suficientes para extrair as
informações desejadas. Nessas medições, a distância percorrida à velocidade de 1 km/h
foi menor, pois o vento estava muito forte na região, e voar a baixa velocidade por longa
distância no sentido do vento, colocaria em risco a integridade do VANT.
60 CAPÍTULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
O Cenário 3 é a região que margeia o lago e sobrevoa uma área de Caatinga, por este
motivo, o ambiente foi denominado Misto. A Figura 5.6 mostra uma foto tirada com o
VANT sobrevoando a região que intersecta a Caatinga e o lago à altura de 80 metros.
A Figura 5.7 mostra a visão aérea da região sobrevoada pelo VANT. É possível
perceber maiores detalhes da região. É perceptível que neste voo, o VANT sobrevoo
apenas uma pequena parte de Caatinga partindo do ponto em amarelo (estação base) e
seguindo a linha indicada na Figura.
5.2. RESULTADOS DO DESVANECIMENTO DE LARGA ESCALA 61
O processamento dos dados iniciou com o uso do filtro média móvel descrito
em (de Paiva Rolim et al., 2002), para separar o desvanecimento de larga escala das
amostras coletadas. O tamanho da escolha da janela foi definido como a menor número
de amostras possível em que o desvanecimento de pequena escala passe no teste KS
62 CAPÍTULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
para alguma das seguintes distribuições Rice, Rayleigh, Nakagami ou Weibull. Com
os valores do desvanecimento de larga escala foram estimados os expoentes de perda de
percurso pelo método da regressão linear, e suas curvas do voo sobre o lago podem ser
visualizadas na Figura 5.8. Observa-se que para voos a altura de 80 metros, a perda de
percurso melhora com a distância, comportamento oposto a altura de 8 metros.
Este comportamento ocorre pelo posicionamento das antenas dos módulos XBees a
bordo do VANT e na estação em terra. As antenas possuem lóbulo omnidirecional, tendo
seu ganho máximo no eixo horizontal e seu ganho mínimo no eixo vertical (logo abaixo
ou acima da antena). Quando o VANT está a uma altura de 8 m sobre a estação em terra,
ao deslocar-se o ângulo entre as antenas modifica-se e o ganho atinge valores próximo do
máximo, como consequência o sinal diminui a sua intensidade por causa da distância. Já
a uma altura de 80 m, quando o VANT desloca-se a uma pequena distância, os ângulos
5.2. RESULTADOS DO DESVANECIMENTO DE LARGA ESCALA 63
entre antenas transmissora e receptora, estão posicionadas de tal forma que os ganhos
não estão maximizados, com o deslocamento da aeronave os ângulos modificam-se e os
ganhos melhoram, com isso, o sinal tem uma melhora da potência, mas isto ocorre até
um certo limite, pois a diminuição da intensidade do sinal pode ser superior ao ganho das
antenas, ou as antenas atingirem seu ganho máximo e depois o sinal iniciar uma curva
descendente como visto para o caso a 8 m. As simulações das antenas são apresentadas
na seção 5.4. Outra observação importante é que a velocidade de 1 km/h a intensidade da
perda de percurso foi maior para todo o trajeto comparado aos casos com velocidade de
3 km/h dado a mesma altura.
Ambiente Altura (metros) Velocidade (km/h) Média (µ) Desvio padrão (σ) janela
Lago 8 1 -0,036457 4,9594 10
Lago 8 3 -0,00010684 5,1219 5
Lago 80 1 0,014171 1,594 15
Lago 80 3 0,019407 1,3563 15
Misto 80 1 0,021741 1,8036 10
Misto 80 3 0,023567 1,4659 20
Mata 80 1 0,0089469 2,6579 10
Mata 80 3 -0,0052443 3,001 15
Fonte: Própria autoria.
1 Os valores obtidos de expoentes da perda de percurso positivos correspondem aos valores de ganho.
66 CAPÍTULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
A média do sombreamento ficou próxima de zero, valor esperado, uma vez que o
sombreamento pode ser representada como uma variável aleatória como a variação da
potência do sinal local em torna da média em área. O desvio padrão foi significativamente
maior para o voo sobre o lago a 8 m de altura. Este resultado implica que o maior desvio
padrão está associado maior variabilidade do sinal, como consequência a comunicação
está sujeito a uma maior probabilidade de falhas sobre a região de baixa altura sobre o
lago comparado as outras regiões. Com isto, foram apresentados os resultados para o
desvanecimento de larga escala em diferentes situações de medição.
O teste KS foi usado para determinar qual o modelo de distribuição melhor descreve
os dados medidos. Com nível de confiança de 95%, a distribuição Weibull foi a indicada
pela teste de aderência KS.
Figura 5.12 mostra as CDFs teórica e medida para o caso do voo sobre o lago com altura
de 8 m e diferentes velocidades.
A Figura 5.13 mostra a CDF sobre o lago para altura de 80 m com diferentes
velocidades. Neste caso, as CDFs não apresentaram mudanças significativa com a
diferença de velocidade, mas pode-se observar visualmente a boa aderência entre os dados
e o modelo estatístico estimado.
5.3. DESVANECIMENTO DE PEQUENA ESCALA 69
comportamento do desvanecimento. A CDF que mais atinge seu valor máximo foi a altura
de 80 metros, especulamos que este comportamento está associado aos ventos laterais que
influenciam o trajeto da aeronave, corroborando com os resultados (e a especulação sobre
sua razão) mostrados nas Figura 5.12 e 5.13.
A Figura 5.15 compara a CDF da medição sobre o lago em diferentes alturas e
velocidade de 3 km/h. Similar aos resultados da Figura 5.13, este caso não apresentou
diferenças significativas para as CDFs dada a mudança de altura, mas pode-se observar
visualmente a boa aderência entre os dados e o modelo estatístico estimado.
Até aqui, foram apresentados as CDFs teóricas e do dados medidos para o voo da
região com a presença de espelho d’água (lago), sendo possível verificar como a mudança
de velocidade e altura influenciou no comportamento do canal. A seguir, são apresentados
os resultados do ambiente misto e Caatinga.
A Figura 5.16 mostra as CDFs para o ambiente misto. É observado que o
comportamento não foi alterado significativamente com a diferença de velocidade.
5.3. DESVANECIMENTO DE PEQUENA ESCALA 71
Por fim, a CDF que descreve o canal sobre a região de mata é apresentada na
Figura 5.17. Este canal não apresentou grande variação com a mudança de velocidade.
Todas as campanhas de medição com o VANT foram afetadas por rajadas de vento
lateral e no sentido oposto nos voos sobre o lago e na região mista. Já para o Caatinga,
os ventos estavam lateralmente e no sentido do trajeto da aeronave. Para o primeiro caso,
a aeronave tinha sua velocidade média diminuída, pelo vento frontal e mudança em seu
ângulo devido ao vento lateral. Para o voo na Caatinga, como o vento tentava acelerar
a aeronave, o VANT tentava compensar fazendo um voo com força oposta as rajadas do
vento, o que ocasiona uma menor velocidade média. Especulamos que essas condições
e a pequena diferença de velocidade inserida no controle automático para os voos são as
principais razões dos resultados não descritivos em relação as diferentes velocidades.
Apenas o ambiente de voo sobre o lago, e a uma altura de 8 metros, apresentou
características mais controladas. Esta região conta com vegetação fechada em volta do
lado que impede a força do vento de atuar sobre a aeronave. Contudo, vento em diversas
direções ainda foi observado. Com isto, é possível analisar esse caso individualmente.
Observa-se na Figura 5.18 que houve uma diferença significativa do Doppler comparando
1 km/h e 3 km/h. Os resultados se aproximam dos valores de máximo teóricos. A
Tabela 5.9 mostra a faixa do Doppler mínimo e máximo teórico para as velocidades de
1 e 3 km/h. Esta Tabela evidencia que os resultados obtidos estão bem caracterizados,
uma vez que a velocidade real do voo foi menor que a tabela, e com isso os resultados da
estimação com os sinais medidos são mais próximos dos valores teóricos.
Figura 5.21: Estimação da velocidade para voos sobre os ambientes de Caatinga e Misto.
A antena apresenta um ângulo de meia potência de 80◦ , como pode ser visto no
diagrama do plano vertical da antena marcada em verde na Figura 5.23. O ganho máximo
foi de 2,11 dBi em torno do seu eixo, formando o ângulo de 90◦ com o elemento irradiante
que se posiciona sobre o eixo Z.
o SWR teve seu maior afundamento, i.e., para essa frequência ocorre a menor perda de
potência do sinal causado pelo casamento de impedância da antena, como consequência,
o coeficiente de reflexão foi o menor.
Figura 5.25: Comportamento dos lóbulos das antenas em relação a altura de 8 metros.
Figura 5.26: Comportamento dos lóbulos das antenas em relação a altura de 80 metros.
• O canal segue uma única CDF, mesmo para diferentes altitudes do VANT?
Sim, o canal seguiu a mesma CDF (Weibull) independente da altura do voo e
velocidade (dentre os medidos), apenas seus parâmetros foram modificados como
apresentados anteriormente na Tabela 5.8;
• O canal segue uma única CDF, mesmo para ambientes distintos (Caatinga e
espelho d’água)? Se sim, quão diferentes são os parâmetros da distribuição
para os diferentes ambientes?
O canal seguiu uma mesma CDF (Weibll). Os parâmetros do canal são exibidos na
Tabela 5.8;
• A velocidade do VANT influencia na escolha da CDF?
A velocidade influenciou de forma notória quando o voo foi sobre o lago a
altura de 8 metros, e pode ser visto na Figura 5.12. Foi constatado que a CDF
também foi modificada quando o voo foi a 1 km/h e teve variação de altura.
A Figura 5.15 mostra tal variação. Para os demais ambientes, a CDF não teve
mudanças significativas, mesmo com a mudança de velocidade;
• Qual comportamento da perda de percurso em uma região com espelho d’água
e Caatinga, considerando velocidades e alturas diferentes?
A perda de percurso para o ambiente sobre o lago teve comportamento diferente.
Independente da velocidade, a medição sobre a altura de 8 metros mostrou um
perfil de decaimento da potência do sinal com a distância. Já a uma altura de 80
metros, ficou constatado que a potência média do sinal aumentou com a distância.
Esse comportamento foi independente da velocidade e é explicado pelo padrão de
radiação da antena, como mostrado na Seção 5.4;
• Modelo clássico como o LCR consegue estimar à frequência Doppler máxima
do canal com precisão, e consequentemente, a velocidade do VANT? A precisão
da estimativa muda com o ambiente?
O método estatístico LCR para estimar o Doppler teve uma boa predição. Contudo,
5.5. DISCUSSÕES SOBRE OS RESULTADOS 81
Conclusões
Este trabalho apresentou a caracterização do canal móvel sem fio usando uma
aeronave remotamente pilotada nos ambientes de lago, caatinga e uma região mista. As
medições da intensidade do sinal eletromagnético foram realizadas com o dispositivo
XBee configurado para trabalhar na frequência de 915 MHz e taxa de envio dos pacotes
de 300 ms. O objetivo foi medir o canal de descida VANT-Terra, com a presença do efeito
Doppler causado pelo movimento do VANT.
outras frequências além da usada para controlar o VANT, trocando apenas o canal de
comunicação, com isso, surge novas perspectivas de trabalhos futuros.
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Apêndice A
Informações adicionais
Figura A.1: CDFs para o ambiente de lago a 8 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.2: CDFs para o ambiente lago a 8 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.3: CDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.4: CDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.5: CDFs para ambiente de caatinga a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.6: CDFs para ambiente de caatinga a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.7: CDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.8: CDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h..
Figura A.9: PDFs para ambiente Misto a 8 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.10: PDFs para ambiente lago a 8 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.11: PDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.12: PDFs para ambiente lago a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.13: PDFs para ambiente de caatinga a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.14: PDFs para ambiente de caatinga a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Figura A.15: PDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 1 km/h.
Figura A.16: PDFs para ambiente Misto a 80 m de altura com velocidade de 3 km/h.
Após a instalação do software XCTU, a interface para o usuário pode ser vista como
ilustrado na Figura I.1. O primeiro passo é conectar o módulo local com computador via
cabo Serial/USB. Ao selecionar a opção Discover Radio indicado pela seta na Figura I.1,
abre-se uma nova aba. Nesse momento, os drives de comunicação são instalados
105
106 ANEXO I. SOBRE OS SOFTWARES USADOS
Logo em seguida uma nova aba é aberta, como mostrado na Figura I.2. É permitida
a configuração dos parâmetros da porta USB. Na configuração escolhida foram mantidos
os valores default indicado pela figura. Dentre os parâmetros que podem ser escolhidos
estão: Bound rate, Date bits, Parity, Stop bits e Flow control.
I.1. CONFIGURAÇÃO DO SOFTWARE 107
O módulo XBee adicionado corretamente pode ser visto na Figura I.4 (indicado pela
seta 1). Após a instalação correta, pode-se explorar algumas funcionalidades do módulo
XBee. Por exemplo, na seta 2 da Figura I.4, ao clicar em Switch to Console, uma nova
janela é aberta. Está nova janela apresenta três estados referente aos pacotes gerados,
indicados pelas setas 2, 3 e 4, na Figura I.5.
108 ANEXO I. SOBRE OS SOFTWARES USADOS
Figura I.4: Interface mostrando o local que indica que o módulo XBee foi reconhecido.
Outro elemento importante na Figura I.5 é o ícone Open, que deve ser clicado para
fechar o circuito e fazer o módulo XBee funcionar. O ícone está indicado pela seta 1. Para
I.1. CONFIGURAÇÃO DO SOFTWARE 109
Seguindo os passos até este ponto, a configuração se deu para o módulo local. É
necessário proceder a inserção do modulo remoto. Esse módulo será adicionado na
seção referente ao Range Test, apesar de existirem outras formas de adicionar a rede.
No menu tools, indicado na Figura I.7, tem opções para a investigação da qualidade
do link de comunicação. A opção utilizada para esse trabalho foi o Teste Range.
• Frame Generator: Local para criar os pacotes a serem transmitidos. Neste trabalho
foi escolhido o protocolo IEEE 802.15.4 e frame type: 0x01 - Tx(transmit) Request:
16-bit address. A Figura I.8 mostra como foram utilizadas as configurações dos
pacotes trocados entre os módulos XBee.
• Range Test: Essa opção permite a realização de um teste de alcance entre dois
módulos. No teste mede-se a RSSI local e remota, em que RSSI é a medição da
intensidade do sinal em dBm para o ultimo pacote que chega ao dispositivo.
Quando o transmissor local envia o pacote de dados ao dispositivo remoto, é
realizada a medida da RSSI quando o pacote chega. Em seguida o pacote é
retransmitido ao módulo local com a informação da RSSI medida. Ao receber o
pacote na estação base, é realizada a medida da intensidade do pacote e o valor é
colocado dentro do frame que é lido pelo software XCTU. Neste ponto, o pacote
tem a informação do RSSI do Downlink e Uplink.
Como as medições foram realizadas tanto no módulo local e remoto, o software
XCTU extrai a informação contida no pacote, referente a RSSI medida no módulo
remoto. São exibidos a RSSI tanto do módulo local quanto do módulo remoto, para
o usuário.
Para realizar o Range Test, dois módulos XBee devem ser configurados de forma
a ter o mesmo Preamble ID e Network ID. Para adicionar o Módulo local,
primeiramente deve-se abrir a aba Range Test em tools, e posteriormente selecionar
o ícone assinalado da Figura I.9.
É aberto um nova janela em que ocorre um busca automática para o novo módulo
XBee conectado. Conclui-se esse procedimento clicando em Add Selected Devices.
Com essa forma de adicionar o módulo local, o mesmo já é iniciado com as
configurações iguais ao módulo remoto. Ao iniciar a análise do enlace, é possível
verificar as RSSIs referentes a cada, como na Figura I.11.
Figura I.11: Interface com nível de potência recebida em cada terminal XBee.
1 int Rssi = 0;
2 void setup () {
3 Serial. begin (9600) ;
4 }
5 void loop () {
6 if (Serial. available () > 18) {
7 int inByte1 = Serial. read () ;
8 if ( inByte1 == 254) {
9 int inByte2 = Serial. read () ;
10 if ( inByte2 == 68) {
11 int inByte3 = Serial. read () ;
12 if ( inByte3 == 66) {
13 int inByte4 = Serial. read () ;
14 if ( inByte4 == 0) {
15 int Rssi = Serial. read () ;
16 Serial. println ( Rssi );
17 }
18 }
19 }
20 }
21 }
22 }