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Sociedade:. Ecumênica:. do Triângulo: e da Rosa:. Dourada:.

Fraternidade:. Espiritualista:. do Cruzeiro:. do Sul:.

Introdução ao Baralho Cigano

Cartas 22 à 29– Simbolismo e Significado

Carta 22 – O Caminho
Palavra-Chave: Direção

Essa talvez seja a carta mais neutra de todo o Baralho Cigano.


Dependente de outras lâminas, sua interpretação está sempre ligada ao que
falam aquelas que lhe estão em torno. Alguns alegam que a carta é
potencialmente positiva, aspecto esse que não condiz com a ambiguidade
das mensagens que podem ser extraídas dos seus significados. A lâmina 22
fala exatamente sobre aquilo que representa: caminhos. Pode apresentar
diferentes linhas de interpretação, sejam essas positivas ou negativas,
expressando ainda mensagens como a necessidade de sair do estado de
paralisia mental, emocional, profissional e intelectual.
É uma carta que pode falar de tempo, embora não especifique sozinha
se um acontecimento ocorrerá imediatamente ou com certo retardo. As
possibilidades de leitura do Caminho são bastante fáceis de serem
percebidas. Isso porque o simbolismo impresso nas lâminas do Baralho Cigano é de certa forma bastante
fácil de ser assimilado, sendo em alguns casos, até mesmo óbvio. Assim, se tenho a carta do Caminho e a
Foice, por exemplo, representa uma situação cortada em definitivo. O caminho e a Raposa que falam da
necessidade de usar da inteligência e das próprias armas que estão à disposição, atentando aqui que uma
pergunta de tempo pode revelar com essa combinação algo que chega repentinamente, valendo-se do
simbolismo da raposa em relação à sua agilidade e destreza. O Caminho e o Cavaleiro numa questão sobre
a presença de alguém (não necessariamente na área sentimental), em outro exemplo, podem indicar uma
chegada ou a participação de uma ou mais pessoas. Aqui, no entanto, é preciso atentar para o fato que a
carta do cavaleiro não fala especificamente de um homem, mas de alguém que também pode ser uma
mulher.
Essa é uma dificuldade natural do Baralho Cigana, o qual carece de cartas que revelem o gênero
daqueles que são mostrados, diversamente do Tarô, onde temos dezesseis cartas de corte em relação aos

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Arcanos Menores, além do Imperador e da Imperatriz entre aqueles Maiores. Alguns autores alegam que
as cartas associadas diretamente às figuras de corte do Baralho Cigano (A Casa, As Nuvens, A Serpente, O
Buquê, A Foice, Os Lírios, O Coração, A Criança, A Cegonha, Os Peixes, O caminho e O Chicote)
podem revelar se a pessoa sobre quem se fala é do sexo masculino ou feminino. Essa afirmação faz
sentido, desde que o simbolismo vinculado à carta não seja considerado e se esteja fazendo uma pergunta
bastante direta, recordando que as cartas do Baralho Cigano nem sempre se revestem pelo significado
correspondente àquelas do Tarô.
O Caminho se encontra associado à Rainha de Discos em relação aos Arcanos Menores do Tarô,
assumindo sim parte dos seus significados, como a disposição para confiar nos ciclos que surgem, o
sentido de confiança em si, de estabilidade, de dedicação à novos projetos. É Terra (seu Elemento) sobre
Terra (pelo naipe de Ouros), revelando potencialidades ainda não vislumbradas, solidez, firmeza, avanços.
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Carta 23 – O Rato
Palavra-Chave: Desgaste

O Rato é uma carta do Baralho Cigano que denota fraqueza, desgaste


físico, psicológico, emocional e espiritual. Fala de perdas, de situações
rompidas e desgastadas que alcançam o seu limite, da insistência ou não de
se aceitar condições negativas e abusivas. Expressa perda de energia,
esforços fracassados, sendo a carta dos prejuízos, das brigas, das
derrocadas financeiras, sentimentais e pessoais. Revela que a paz interior
foi rompida, que o indivíduo ou as situações se encontram mergulhadas
numa obscuridade que lhe é peculiar diante dos acontecimentos. Absorve
ainda significados que revelam promiscuidade, sujeira mental e negócios
ilícitos. Sugere má conduta, quebra de regras (é uma das cartas que afirma
traição e roubo), da desconsideração e do desprezo.
Fala de dependência, de ilusões, de situações falidas. Revela as seduções perigosas, o deixar-se seduzir
por pessoas e situações decadentes, revelando o perigo da atração súbita que não deixa espaço para uma
melhor avaliação. Aqui as energias não se harmonizam entre si, o que nos leva à ilusão e fracasso das
possibilidades. Fala de dependência sentimental e emocional, de não deixar as amarras, de se tornar
dependente da vontade e do julgo dos outros.
Adverte sobre o acorrentamento e o engessamento das situações, das ideias e formas de se olhar cada
coisa. Exprime a queda em atoleiros de esperanças frustradas, em dificuldades, dívidas, vícios e situações
obscuras. Fala do se deixar arrastar pelos outros e do envenenamento maledicente. Expressa situações
mórbidas, debochadas, obscuras. Da proximidade de pessoas escusas e que procuram tirar vantagens a
todo custo. É a carta dos vícios como álcool e drogas, da sexualidade distorcida, da prostituição dos
valores e sentimentos que escravizam.
Quando surge como carta aconselhadora ou que sugere caminhos a serem tomados na direção de
uma mudança específica, pede então o distanciamento de pessoas e situações negativas, o não arriscar, não
se envolver em demasia, largar mão, deixar ir, evitar se entregar, não se deixar seduzir por propostas fáceis,
tomar cuidado com atrações fatais, cuidado com ciúmes excessivo e ameaças sentimentais. Associa-se ao

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Sete De Bastões em relação aos Arcanos Menores do Tarô (Valor), mas não abarca os seus significados, a
não ser em seu aspecto negativo. É Terra (pelo seu Elemento) sobre Fogo (pelo Naipe de Paus),
expressando perda de vitalidade, mergulho na obscuridade, peso, falimento e desvios do sentido de
iluminação.
A carta é considerada potencialmente negativa, embora encarne o mesmo aspecto ambíguo de todas
as outras. O desapontamento que o Rato sugere é também aquele do enxergar a verdadeira face de uma
situação, de uma pessoa ou de um problema. Algo não deu certo e as desilusões se apresentam como
aspectos inevitáveis de um determinado problema. Em relação aos relacionamentos, pode indicar
separação, mas nunca como um rompimento definitivo (como ocorre com a Foice), sendo que essa
conclusão dependerá das cartas envolvidas no contexto. Aqui as coisas deram errado, deixaram de ser o
que eram e a alegria cedeu lugar ao desgosto e a frustração. É a carta que fala do vazio, da sensação de
abandono e de não saber como lidar com as diferentes situações que se apresentam na vida. O Rato
menciona ainda uma pessoa que aceita qualquer coisa, que se submete a qualquer humilhação, não
aprendendo nenhum amor próprio por si. Positivamente, expressa atenção, libertação, uso correto da
inteligência, ponto final, escolha de novos caminhos e sair da obscuridade.
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Carta 24 – O Coração
Palavra-Chave: Amor

Da mesma forma que a carta do Caminho, o Coração fala por si em


relação ao seu simbolismo, seja positiva ou negativamente. Essa lâmina é
potencialmente positiva, mas carrega consigo todos os aspectos negativos
que podem ser interpretados quanto ao seu simbolismo, estando sempre na
dependência das cartas que lhe circundam. O Coração fala da entrega de
sentimentos, das relações (independente se amorosas ou não), do
transbordar das emoções, da afetividade e dos diferentes vínculos
emocionais estabelecidos entre as pessoas.
Expressa união, compartilhamento, amizade e situações projetadas para
alcançar o pleno êxito. Contudo é importante que se compreenda que a
carta fala mais ao nível emocional que material. Aqui, na realidade, ocorre
um desprendimento dos aspectos e interesses excessivamente materiais e a
entrada num contexto mais emotivo, com tendências ao instintivo, embora agregue aspectos negativos
como egoísmo, desordem ou complicações.
A interpretação dessa carta sempre estará sujeita àquelas que a acompanha, o que lhe dará o tom
positivo ou negativo. É preciso, no entanto, compreender que a interpretação não se encontra sujeita
apenas ao contexto sentimental e que os principais aspectos de leitura devem ser estendidos aos diferentes
compartimentos da existência, seja profissional, saúde, financeiro e assim por diante. Numa pergunta
simples, essa carta saindo primeiro responderá com um sim ao que fora questionado.
O Coração fala de situações que chegam com forte carga positiva e sentimentos que se
complementam. Três Sugere o início de algo ou sua plenitude, seja uma relação, uma união, parceria,
comemoração. É a carta dos nascimentos, das mudanças de situação, da renovação, da confirmação de

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uma gravidez, por exemplo. Fala da necessidade em se entregar, tomar iniciativa e assumir riscos,
expressando a conclusão de algo, o transbordar dos sentimentos e das emoções.
Pessoalmente gosto de interpretar essa carta no sentido de situações e possibilidades que
transbordam, seja positiva ou negativamente. É a carta que fala também da união, dos pactos, juramentos,
compromissos, casamentos, sociedades, parcerias. Aqui a colheita será boa ou ruim, sempre a depender
dos aspectos associados à cadeia de necessidades, consequências, ação e reação. Fala da alegria de viver as
situações e da renovação dos sentimentos, o que nos leva à contemplação das possibilidades e à satisfação
das realizações. O desapontamento da carta precedente (O Rato), agora cedeu lugar às esperanças que se
renovam. Um novo caminho foi descoberto. A passagem pela decepção foi necessária enquanto
experiência e agora é o momento de olhar novamente para frente e encontrar novos caminhos e soluções.
O Coração encontra-se associado ao Cavaleiro de Copas, abarcando grande parte do seu simbolismo,
onde contemplamos aspectos como bondade e tolerância. O “ferido que cura”; aquele indivíduo que por
compaixão consegue curar e guiar aos outros, mas que não cura as feridas do próprio coração, assumindo
o papel do conselheiro, do ouvinte, daquele que pode curar e orientar os outros, mas que não confia o
bastante na vida para seguir o curso que considera justo para si. É então que a carta do Coração encarna
aquele arquétipo do indivíduo que coloca o relacionamento humano e o amor acima de qualquer coisa,
estando disposto a percorrer longos caminhos e enfrentar contrariedades quando decide se lançar numa
nova experiência, mas permanece sempre insatisfeito e volta continuamente para se certificar daquilo que
deseja.
A carta é Fogo (pelo seu Elemento) sobre Água (pelo Naipe de Copas), sugerindo erupção,
efervescência, situações que estão em ebulição, que se renovam, que rompem a frieza da água e colocam
os sentimentos na esfera do aquecido. O Coração traz consigo um vislumbre e retorno ao passado, de
buscar nas impressões felizes de outrora a energia necessária para o estabelecimento de novas metas. Por
isso a renovação das esperanças. É também uma carta de nostalgia e que fala de tranquilidade necessária
para superar problemas. Expressa o momento de transição, a quietude, a serenidade e tranquilidade que
surgem após um período de intempéries. Traz consigo um período de quietude que indica a possibilidade
de retorno de amores antigos ou situações perdidas, como um emprego ou posição, por exemplo.
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Carta 25 – A Aliança
Palavra-Chave: Comprometimento

Também denominada “O Anel”, essa carta do Baralho Cigano segue a


mesma linha de interpretação positiva do Coração, abarcando, como todas as
outras cartas com valores benéficos, o mesmo sentido ambíguo que se faz
necessário para uma melhor compreensão dos seus valores interpretativos.
Contudo, essa é uma carta potencialmente positiva em diversos aspectos.
Quando surge seguidamente a cartas conturbadas como A Torre, A Foice, O
Rato, a Serpente e outras do Baralho Cigano carregadas com mensagens
tensas, deve ser interpretada como a saída de um estado e entrada em outro.
À esquerda dessas mesmas cartas, a Aliança muitas vezes pode ser lida como
a entrada num estado de obscuridade ou dificuldades, remetendo à quebra de
compromissos, de valores, ao rompimento das emoções, da paz e da tranquilidade.

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Sua linha de interpretação consegue ser bastante prática quando o leitor atenta para as correlações
simbólicas diretas entre os símbolos constituidores de cada lâmina do Baralho Cigano. A Aliança e a Foice
falam de rompimentos, falimentos, tratados e relações desfeitas, não necessariamente encarando um ponto
de vista da leitura focado apenas no campo sentimental, mas podendo ser estendido à todas as outras áreas
da vida de um indivíduo.
Ao lado da Montanha fala da necessidade de se reconciliar com o espiritual ou com os próprios
ideais. Com A Nuvem, remete às alianças que estabelecemos com o espiritual e as forças em que cremos.
Ao lado do Coração pode tanto anunciar um casamento quanto um rompimento, o que dependerá das
cartas que advertem o aspecto conturbado da situação que se verifica. Com a Serpente e o Rato fala de
perdas e traições. Com a Raposa e o Urso do envolvimento com causas ou pessoas ilícitas ou cujos
sentimentos não são honestos como se poderia esperar. A Aliança representa recompensa, decisão,
segurança, projetos que se concluem, da comemoração, das esperanças. É a carta das colheitas e da
recompensa. Algo pode ser esperado valendo-se da leitura e interpretação onde se observam as cartas que
saem antes e depois.
Fala de promoção, reconhecimento profissional ou intelectual, esforços compensados, projetos que
logram êxito e renascimento. Mas a vitória aqui também expressa o sentido de provação, suportar para
alcançar e saber lidar com os próprios sofrimentos. Aprender a vivenciar as coisas boas, dedicar-se mais
tempo, alegrar-se mesmo com adversidades, seguir adiante, enfrentar situações sem medo, confiar mais
em si, ter mais segurança, confiar nas pessoas, envolver-se e arriscar mais são mensagens encerradas nessa
lâmina. A carta é Ar (pelo seu simbolismo) sobre Fogo (pelo Naipe de Paus), expressando
comprometimento, envolvimento acirrado, fidelidade aos compromissos e juramentos. Encontra-se
associada ao Ás de Bastões em relação aos Arcanos Menores do Tarô e abarca todos os seus significados.
Expressa a conclusão de algo, o transbordar dos sentimentos e das emoções, falando também da
união, dos pactos, juramentos, compromissos, casamentos, sociedades, parcerias. Essa carta fala em saber
aproveitar as energias em favor próprio, aproveitando o equilíbrio que pode ser alcançado. Adverte sobre
a necessidade positiva em se tomar decisões, da clareza de julgamentos, da utilização correta das energias.
Um dos chamados dessa carta é aquele de aprender a suportar, a ter forças, a manter uma reserva, a
saber lidar com os problemas. Fala do poder excessivo da imaginação, do inventar problemas, de ver
coisas onde não existem, de fantasiar em demasia. A Aliança expressa ainda o momento em que surge uma
ajuda quando já não se espera mais nada, alertando para soluções repentinas, de lampejos de consciência,
claridade mental que surge do nada e que direcionam as boas soluções. É importante recordar que o
sentido de “aliança” creditado à carta não necessariamente faz referência ao contexto sentimental,
podendo se estender a todas as áreas da vida, revelando pactos, acordos financeiros, parcerias, novos
projetos, agrupamento de pessoas em relação a um fim específico e assim por diante.
Fala de algo que se constrói, devendo ser interpretada sempre na direção de seu significado seja em
que situação for. Favorece trabalho, novos empreendimentos, situações que podem resultar em lucro.
Expressa reunião de pessoas para um intento em comum, mas também fala sobre um indivíduo que se dá
mais aos outros do que a si mesmo. Criatividade, progressos, se lançar em projetos, renovar e consolidar
estão associados a essa carta. Todavia ao lado de cartas negativas como o Rato, por exemplo, pode
representar escravização e necessidade de libertação. Tudo dependerá do contexto do jogo que se realiza.

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Num jogo sequencial (onde as lâminas são dispostas em linha reta) como aquele de quatro e sete cartas, a
sua posição antes ou depois de determinadas cartas deve ser observada.
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Carta 26 – Os Livros
Palavra-Chave: Inteligência

No Baralho Cigano essa é uma carta que remete ao sentido de reflexão,


trabalho, contemplação e estudos, mantendo profundas relações com o
plano mental e intelectual. Pela força do simbolismo que evoca, adverte para
se manter os próprios projetos em reserva, a falar menos sobre a própria
vida, a focar mais em si do eu nos outros, a não se deixar levar pelo aspecto
exterior das diferentes situações. É uma carta que pede muita reflexão sobre
tudo aquilo que se vai fazer, inclusive pedindo muita atenção quanto às
diferentes atitudes que podem ser tomadas. Potencialmente positiva, mas
por vezes de difícil compreensão direta, fala de situações construtivas e que
trazem estabilidade. Os Livros falam daquilo que é estável, seguro, concreto
e na justa medida. Expressa força que brota de um planejamento e de
tentativas sérias. Representa a superação de problemas, investimentos, heranças e permanência de
emprego, de relacionamento e melhoras na saúde, tendendo para a estabilidade. Contudo, é também a
carta do isolamento, da pessoa que se fecha em si e que não se abre aos outros. Fala ainda de situações que
serão resolvidas, assim como da necessidade de proteção contra sentimentos como inveja, ciúmes e
agressões vindas de terceiros.
Embora potencialmente positiva, é mais uma carta de aconselhamento que de previsão. Aqui o
conselho é a prudência, a cautela, a calma. Fala de algo obtido pelo trabalho e pelos próprios esforços,
podendo estar relacionada com um novo emprego, uma recompensa, um ganho, uma melhora. É a carta
da paciência e da perseverança, expressando a necessidade de se buscar com afinco aquilo que se almeja.
Refere-se a reinícios, situações que vão encontrando sua harmonia, habilidades em negociar, ir chegando
com calma, observando, não gastando energia excessiva e não metendo os pés pelas mãos. Negativamente
pode falar de querer colher antes do tempo aquilo que não é de direito. É a carta que apela para que o
intelecto seja ouvido e alcançado, de modo a se construir novos projetos.
A carta dos Livros se encontra associada ao Dez de Discos em relação aos Arcanos Menores do
Tarô, abraçando parte do seu significado. É Terra (pelo seu Elemento) sobre Terra (pelo Naipe de Ouros),
revelando estabilidade, segredos guardados, segurança, introspecção e reserva. A depender das cartas que
lhe surgem acanto, pode apresentar um significado ambíguo bastante complexo e por vezes de difícil
interpretação. Ao lado do Rato, por exemplo, adverte para a perda de energia mental; em concordância
com a Serpente, pode revelar segredos que estão sendo ocultados. Com a Montanha adverte para a
necessidade de uma profunda reflexão na vida, ao passo que em companhia da Torre, por exemplo, sugere
um indivíduo isolado, egocêntrico, que não se deixa alcançar por ninguém e não admite que suas intenções
e ideias sejam contrariadas.
Numa situação conturbada, os Livros podem também podem representar a necessidade em “se
distanciar” de uma série de problema, deixando as preocupações para trás. O conselho mais direto é seguir

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adiante, fugir, deixar para lá. Mas na mesma direção, menciona uma pessoa que opta por fugir dos
problemas ao invés de enfrentá-los ou que procura soluções imediatas. Assim é preciso compreender suas
relações para não se falar em conhecimento quando o aspecto é aquele de uma libertação. É também uma
carta que pede para o indivíduo ser mais racional e menos emotivo, a agir com os pés no chão ao invés de
sonhar e fantasiar as situações, como adverte para o cuidado que devemos ter com conclusões
precipitadas e aéreas, chamando para a razão.
Fala de saber usar as potencialidades da mente, em estabelecer focos sensatos, em aprender a ser
flexível consigo, com os outros e com as situações. Essa carta revela que somente por meio do uso
sensato dos conhecimentos e das decisões tomadas com calma e tranquilidade é que a paz será alcançada.
Expressa a necessidade em se aprender com as dificuldades, em saber como agir, em fortalecer ideias e
relações. Da necessidade em experimentar coisas novas, estabelecer acordos.
Algumas pessoas encontram dificuldade em interpretar essa carta que geralmente traz consigo
mensagens positivas. Aqui temos o conhecimento das situações que permitem saber como agir. A
segurança para avançar, o agir com sabedoria, o colocar-se no lugar dos outros. É a carta do bom
julgamento, alertando muitas vezes que o pior já passou. Pode anunciar viagens e mudanças repentinas ao
lado do Navio, mudanças de caminhos e notícias que chegam repentinamente. É uma das cartas de tempo,
advertindo para algo distante, futuro ou mesmo que já se encontra no passado, não devendo ser remoído.
Em relação à esfera sentimental, a carta sugere algo não concretizado, que deve ainda ser analisado,
estudado, ao invés de se acreditar nas próprias ilusões. Ao lado de outras cartas, o Livro pode revelar a
natureza ocultada ou a personalidade que uma pessoa tende a esconder dos outros ou de si mesmo. Fala
ainda de se livrar dos pesos da consciência e da culpa, sendo que seu aspecto negativo pode estar
vinculado à justiça. Aqui então a mensagem é aquela do cuidado ao se assinar papeis, assumir
compromissos ou firmar contratos.
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Carta 27 – A Carta
Palavra-Chave: Mensagem

Essa é outra carta tão neutra quanto aquela dos Caminhos, sugerindo
claramente aquilo que seu nome e simbolismo revelam. Seu significado
também se aproxima bastante daqueles relacionados com a carta dos Livros.
Aqui surgem mensagens, segredos que se revelam ou que devem ser
guardados, advertindo para o falar demais, sendo em seu aspecto negativo a
carta da fofoca, da intriga e da maledicências.
Pela regra não é positiva nem negativa, dependendo absolutamente do
contexto interpretativo associado às outras cartas que lhe estão em torno.
Pode sugerir propostas, acordos, novas alianças, revelar novas mensagens ou
convites, podendo ainda falar de sentimentos que guardamos e que não
revelamos a ninguém. Seu aspecto negativo pode revelar traições e
desapontamentos, sobretudo quando acompanhada de cartas com significação conturbada. O
desapontamento que essa carta sugere é também aquele do enxergar a verdadeira face de uma situação, de
uma pessoa ou de um problema, após o descobrimento daquilo que estava encoberto.

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Algo não deu certo ou deu certo demais e as desilusões ou novas revelações se apresentam como
aspectos inevitáveis de um determinado problema. É uma carta que confirma tanto o positivo quanto o
negativo, estando associada ao Sete de Espadas em relação aos Arcanos Menores do Tarô, porém
abarcando pouco do seu simbolismo. É Ar (pelo seu Elemento) sobre Ar (pelo Naipe de Espadas),
sugerindo instabilidade, insegurança, revelações e situações inconclusas ou que se mantém escondidas.
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Carta 28 – O Homem
Palavra-Chave: Propósito

Também conhecida como “o Cigano”, a carta representa sempre uma


figura masculina, não sendo necessariamente o próprio consulente. A
lâmina do Homem evoca todas as potencialidades do aspecto fecundador
masculino. O Homem é estável, é prático, é decidido e determinado.
Representa o arquétipo do pai e do macho, do edificador e desbravador,
expressando os poderes do Fogo e o emprego adequado e quase ilimitado
da vontade na construção de todas as coisas que almeja. Esse aspecto nos
chama a atenção para algo com o qual devemos lidar ao movimentar as
cartas do Baralho Cigano e seus arquétipos.
Cada um das Lâminas (as cartas são também assim denominadas) fixa
seu simbolismo e sua estrutura sobre aspectos estáveis bastante definidos,
assim como em símbolos unitários, diferente do que ocorre com os
Arcanos Maiores e Menores do Tarô. Essa é a carta do masculino por excelência. Representa um homem
maduro, autoritário, pleno de segurança e autoconfiança. Fala do homem que sabe aquilo que quer e que
igualmente conhece os meios para conquistar. Corajoso, carrega certa dose de impulsividade e
agressividade. Ele, todavia, não desperdiça sua energia, direcionando sua força de vontade na consumação
dos seus intentos. Inflamado, age com determinação, objetividade e procura objetivos elevados, sendo que
vaidade, intolerância, egoísmo, autoritarismo, agressividade acompanham essa carta.
Essa carta evoca todos os simbolismos associados ao Imperador (Arcano IV) em relação aos Arcanos
Maiores do Tarô. O simbolismo que a carta do Homem procura representar associa-se ao Naipe de Copas
(essencialmente feminino), com o qual se encontra vinculado, da mesma forma que a carta da Mulher ao
se associar ao Naipe de Espadas se apresenta como uma figura ambivalente em razão de sua postura
feminina não se ajustar ao elemento Fogo, essencialmente masculino. O Homem e sua relação com o Ás
de Copas também assume essa ambivalência pelas suas relações com o Elemento Água, essencialmente
feminino.
Assim, a carta do Homem incorpora o arquétipo do indivíduo mais maduro que se apresenta
bondoso e tolerante. É o “ferido que cura”; aquele indivíduo que por compaixão consegue curar e guiar
aos outros, mas que não cura as feridas do próprio coração. Ele anseia por entrar no mundo dos
sentimentos, mas o resultado das experiências negativas pelas quais passou o impedem de se abrir para
novas possibilidades. Criando ambivalências, é temperamental e sensível, dotado de uma forte capacidade
de amar e de um dom de comunicabilidade marcante, onde consegue influenciar os outros a sua volta. Por
essa razão o Homem está saindo das águas do Ás de Copas, numa fuga de si mesmo e tomado pelo medo

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de se afogar numa nova realidade. Ele assume o papel do conselheiro, do ouvinte, daquele que pode curar
e orientar os outros, mas que não confia o bastante na vida para seguir o curso que considera justo para si.
A carta do Homem evoca aspectos que também a conectam em partes ao simbolismo do Hierofante,
especialmente quanto à inflexibilidade e rigidez das ideias. Para entender a carta e sua interpretação, é
necessária uma avaliação daquelas que lhe estão em torno. Assim, um Homem que surge do lado da Torre
e do Chicote, por exemplo, fala de um homem indeciso, fraco, prisioneiro de si e dos próprios
sentimentos. O Homem e O Coração, de um indivíduo que se deixa dominar pela paixão e pelo excesso
de emoção. Homem e Montanha, de um indivíduo isolado, taciturno, fechado, distante e inalcançável.
Homem e a Casa, de uma pessoa excessivamente resignada, que se deixa levar pelas situações, relutante e
inseguro. Homem e Estrela nos remetem a um homem jovial, cheio de esperanças, confiante, alegre e
otimista. Homem e Caixão, de alguém paralisado no tempo, quase morto mesmo, sem motivação, e assim
por diante.
A Lâmina do Homem é Fogo (pelos seu Elemento) sobre Água (pelo Naipe de Copas), sendo essa
uma combinação que fala da necessidade em dominar, que não se deixa envolver por paixões
desnecessárias ou se levar por sentimentalismos, uma vez que o Fogo “foge” da água, ou seja, da esfera
dos sentimentos. Encontra-se associada ao Ás de Copas, abarcando sim alguns de seus significados, como
felicidade, alegria, satisfação, plenitude e oportunidades que surgem repentinamente.
Expressa uma potencialidade que deverá ser interpretada em concordância com as cartas que se
apresentam em conjunto. É uma carta relacionada bastante com o aspecto emocional que envolve as
diferentes situações do cotidiano. Agrega um valor de sentimento e uma carga emotiva evidente,
sobretudo no que diz respeito à esfera dos sentimentos e parcerias. Assim, sempre a interpretamos no
nível das possibilidades que se iniciam, de novos projetos, oportunidades, relacionamentos, ganhos e ajuda
que surge repentinamente. É também uma carta de paz, conciliação e perdão. Particularmente, não a vejo
apenas como a carta que representa o próprio consulente, como sugerem alguns autores, podendo
representar os arquétipos associados à qualquer figura masculina.
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Carta 29 – A Mulher
Palavra-Chave: Geração

Também conhecida como “a Cigana”, a carta representa sempre uma


figura feminina, a qual não necessariamente necessita ser a própria
consulente. Assim, podemos ter aqui o arquétipo da mãe (Mulher e Lua), da
esposa (Mulher e Anel), da amante (Mulher e Coração), da amiga (Mulher e
Cão), da namorada (Mulher e Pássaros), da irmã (Mulher e jardim), da filha
(Mulher e Criança), da chefe (Mulher e Urso).
Essa carta pode encarnar todos os aspectos da mulher, dependendo
para tanto que a leitura seja complementada com as cartas que surgirem em
torno. Em relação aos Arcanos Menores do Tarô encontra-se associada
com a Rainha de Espadas, podendo sim absorver parte do seu simbolismo,
uma vez que essa representa uma mulher mais madura, lúcida,
independente, com certa presença de espírito destacável. Com acurado senso crítico e reprovador, a

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Rainha de Espadas consegue identificar com clareza e sem abalos as situações que a afetam, resistindo ao
aspecto impulsivo de outrora e canalizando seus esforços na resolução sem alardes e maiores sofrimentos.
O simbolismo que a carta da Mulher procura representar associa-se ao Naipe de Espadas, com o qual
se encontra vinculado. Dessa forma, suporta o sofrimento sem alardes, sem se abater, sendo que da
mesma forma que a carta do Homem ao se associar ao Naipe de Copas se apresenta como uma figura
ambivalente em razão de sua postura masculina não se ajustar ao elemento Água, essencialmente
feminino, a Mulher e sua relação com o Ás de Espadas também assume essa ambivalência pelas suas
relações com o Elemento Ar, essencialmente masculino, razão pela qual a carta é Água (Elemento da
mulher) sobre Ar (pelo seu Naipe).
Encontra-se vinculada com o Ás de Espadas, abarcando parte do seu significado. Esse aspecto pode
ter sido proposital, uma vez que esse Ás, ainda que masculino, poderia ser o Arcano dominante em
relação ao Tarô, isso pelo extenso simbolismo que evoca, o qual abrange desde os aspectos mais positivos
de transformação e regeneração, àqueles negativos que evocam destruição e rompimento. O Ás de
Espadas fala de uma realeza superior; de um poder, talvez divino, que não pode ser exercido por nenhuma
criatura. Todos os Ases representam a síntese dos poderes reunidos de cada um dos quatro Naipes, sendo
que aqui temos uma potencialidade criadora especial. Delimitações de espaço, conquistas, imposição de
limites, ataques, defesa, estratégias e conflitos são todos aspectos associados ao Ás de Espada, mas
também ao elemento feminino quando em seu aspecto evolucional elevado.

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