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OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

Uns Fesceninos
Reprodução fac-similar da primeira edição,
a partir de exemplar com notas manuscritas do autor

Organização e prefácio
Carlos Newton Júnior

Edições Bagaço

Recife,2008
Carlos Eduardo Nunes Alves
Prefeito

Dácio Tavares de Freitas Galvão


Presidente da Fundação Cultural Capitania das Artes

Cândida Maria de Araújo Bezerra


Chefe do Departamento de Projetos, Eventos e Atividades Especiais

Anízia Maria Marques


Chefe do Departamento de Atividades Culturais

Hélio de Oliveira
Chefe do Departamento de Patrimônio Cultural dos Bens Móveis e Imóveis

Carlos Magno da Silva Araújo


Francisco Carlos de Souza
João Batista de Morais Neto
Lívio Alves de Oliveira
Luiz Carvalho de Assunção
Marize Líma de Castro
Conselho Editorial

Copyright © by Cassiano Oswaldo Aranha Lamartine

Revisão
Carlos Newton Júnior
Produção Executiva
Anna Maria Jasiello

F224f Faria, Oswaldo Lamartine de, 1919-2007


Uns Fesceninos / Oswaldo Lamartine de Faria; organização e
prefácio Carlos Newton Júnior. - Recife: Bagaço, 2008.
133p.: il.

Reprodução fac-similiar da primeira edição, a partir de


exemplar com notas manuscritas do autor.

1. POESIA POPULAR - BRASIL (NORDESTE). 2. ESCRITORES BRASILEIROS -


DEPOIMENTOS. I. N ewton ]únior, Carlos, 1966-. lI. Título.

CDU 398.5
CDD 398.5
PeR - BPE 08-0555
ISBN: 978-85-373-0452-5

Produção Gráfica
Edições Bagaço
Rua dos Arcos, 150 • Poço da Panela· Recife/PE
CEP 52061-180 • Telefax:(81) 3441.0132
bagaco@bagaco.com.br
www.bagaco.com.br
Sumário 1111111 ~III 111~111111'111 11111 1111~1I1I11111"11~1111I1

07 Oswaldo Lamartine, Virgílio Maia e Uns Fesceninos


Carlos Newton Júnior

Martelo-gabinete para Oswaldo Lamartine de Faria


Virgílio Maia

15 Oswaldo Lamartine
Rachel de Queiroz

19 Oswaldo Lamartine e eu
Ariano Suassuna

21 Uns Fesceninos

133 Oswaldo Lamartine de Faria:nota biobibliográfica


UNS FLSCEN1NOS

Oswaldo Lamartine, Virgílio


Maia e Uns Fesceninos

Carlos Newton Júnior

o Brasil, o pequeno número dos (muitos dos quais não possuem

N de leitores - de um modo ge-


ral e seja qual for o gênero
literário investigado - tem produzido,
nenhum), apaziguando momentanea-
mente o amargor mórbido que a vai-
dade excessiva produz em boa parte
historicamente, a formação de "repú- desses escritores, acenando-lhes com
blicas" de escritores que se sucedem urna possibilidade de reconhecimento
ao longo do tempo corno tábuas de tardio que de fato somente virá para
salvação para que seus componentes os grandes, para aqueles cujas obras
possam sobreviver flutuando no mar permanecerão pelo indiscutível va-
da indiferença nacional. lor estético, participem ou não seus
Não me refiro aqui, evidentemente, autores dessa ou daquela associação
às academias de letras, uniões de es- - confirmando, de resto, a máxima
critores, clubes literários ou similares, que Thomas Mann colocou na boca
instituições mais ou menos conheci- de um dos seus personagens: "Nin-
das e que procuram - cada qual com a guém pode adquirir o que não possui
sua dimensão e o prestígio que possui ao nascer, nem ambicionar o que lhe é
junto à sociedade - justamente res- estranho" .
saltar e propagar aos quatro ventos o Refiro-me, portanto, isto sim, às
valor dos seus membros ou associa- "repúblicas secretas", às quase-seitas

7
OSWALDO L"'\'IARTlT\E DE FARIA

constituídas por escritores dos mais reside ainda hoje. Tendo lido um livro
variados rincões do país, escritores de Oswaldo, Ferros de Ribeiras do Rio
que se correspondem anos a fio, Grande do Norte', Virgílio, que além de
trocam seus livros entre si, compar- grande poeta possui pendores para a
tilham descobertas em bibliotecas etnografia, resolvera dar a sua con-
e sebos, lêem-se e influenciam-se tribuição para o estudo da heráldica
mutuamente, solidarizam-se com dos ferros de marcar bois, analisando
as glórias a1cançadas e as injustiças o caso específico do Ceará e seguin-
recebidas (alguns chegam a ingres- do os passos de Oswaldo, numa trilha
sar em academias, outros são prete- que fora aberta, anos antes, por Ariano
ridos pelo colunista social da vez), Suassuna, através do livro-álbum Fer-
tornam-se grandes amigos e muitas ros do Cariri: uma heráldica sertaneia'. O
vezes morrem sem se conhecerem
ensaio de Virgílio seria publicado em
pessoalmente.
1992, sob o título Álbum de Iniciação à
A amizade que uniu o ensaísta norte- Heráldica das Marcas de Ferrar Gado',
rio-grandense Oswaldo Lamartine de recebendo, em segunda edição, o tí-
Faria e o poeta cearense Virgílio Maia tulo novo de Rudes Brasões', Em carta
foi um caso típico dessas amizades ao escritor e folclorista Veríssimo de
que começam a partir da literatu- Melo, datada de 20 de junho de 1994,
ra para adquirirem a intensidade de Virgílio Maia dava um testemunho
bem-querer quase sempre relacionada
acerca de sua amizade com Oswaldo:
à ligação entre irmãos de sangue. Co-
meçaram a se corresponder no início
dos anos 1990, quando Oswaldo ain- "Ainda não tive a oportunidade e
da residia na cidade do Rio de Janeiro a honra de conhecê-lo pessoalmen-
- onde se encontrava radicado desde te, mas após quase quatro anos de
1957 - e Virgílio em Fortaleza, onde carta pra lá, carta pra cá, livro vai,

1 Mossoró: Coleção Mossoroense, 1984.


2 Recife: Cuariba, 1974.
3 Fortaleza: Biblioteca o Curumim Sem Nome.
4 Rudes Brasões: ferro e fogo das marcas avoengas. Cotia(SP): Ateliê Editorial, 2004.

8
UNS FESCFNINOS

livro vem, considero Oswaldo La- escrevera justamente sobre Oswaldo,


martine de Faria um grande ami- divulgando e comentando alguns
go, e, mais, um Mestre, na nossa discursos do autor e fragmentos de
acepção nordestina do termo. Sei sua correspondências. Depois, com o
que lá onde vive, no Rio, mais exa- retorno definitivo de Oswaldo ao Rio
tamente na 'Ribeira' do Flamengo, Grande do Norte, no final da déca-
está sempre com o sentido posto da de 1990 (decisão que fora toman-
nas cousas do seu Sertão do Seri- do aos poucos, após a morte de sua
dó, na Pátria Sertaneja, que ele co- segunda esposa, Maria de Lourdes
nhece melhor do que ninguém e, Leão Veloso da Rocha, em 1995), os
mais do ninguém, ama. encontros tornaram-se mais freqüen-
Devo à leitura do seu livro 'Ferros tes, ora em Natal, ora na Fazenda
de Ribeiras do Rio Grande do Nor- Acauã, ao pé da Serra dos Macacos,
te' o haver feito o meu' Álbum de no município de Riachuelo, onde
Iniciação à Heráldica das Marcas Oswaldo passou a viver.
de Ferrar Gado'. Sem o primeiro, o Certo dia, precisando consultar um
segundo inexistiria. livro há muito esgotado de Oswal-
Orgulho-me de dizer aos meus do Lamartine, vali-me da biblioteca
amigos: de Virgílio Maia, que, com a atenção
de sempre, enviou-me o volume pelo
- Sou amigo de Oswaldo
correio. Tratava-se de Uns Fesceninos,
Lamartine. "
antologia de poetas norte-rio-gran-
denses que se dedicaram ao gênero
Os dois amigos viriam a se conhe- bur lesco (uma poesia mais próxima
cer pessoalmente em 1995, em Natal, do picaresco do que propriamente
quando ambos viajaram à capital po- do erótico, como o próprio Oswaldo
tiguar para prestigiar o lançamento diria no prefácio da obra), livro pu-
de um livro que Veríssimo de Melo blicado em 1970, em edição especial,

5 MELO, Veríssimo de. Cartas e cartões de Oswaldo Lanutriine. Natal: Fundação José Augusto,
1995.

9
OSWALDO LAMARTlNE DE FARIA

fora do mercado, apenas para bibli- remessa do volume, postado no dia


ófilos e colecionadores. Virgílio me anterior, e acusava o recebimento da
dissera, ao telefone, que o seu exem- Via Sacra Sertaneja (poemas de Vir-
plar continha várias notas do autor, gílio ilustrados pelo artista plástico
escritas de próprio punho, notas em cearense Audifax Rios), elogiando o
que Oswaldo atualizara, acrescenta- bom gosto da edição e agradecendo
ra e corrigira informações, identifi- a lembrança.
cando, ainda, as gralhas da edição.
O nome de Virgílio não aparece
Quando abri o pacote, fiquei encan- no cartão. É que muitas vezes, em
tado com o volume. Não só pela edi- sua correspondência com amigos,
ção em si (extremamente bem reali- Oswaldo, ao invés de escrever o
zada para os padrões da época), mas nome do destinatário, estampava o
sobretudo pelas notas e marcações seu respectivo ferro (obviamente se
de Oswaldo, pelo cuidado minu- o destinatário o possuísse), como
cioso que o levou até a apontar, em faz no referido cartão, encimado
vermelho, com hidrocor, algumas pelo ferro de Virgílio. A assinatura
marcas gráficas impressas à sua re- dele, Oswaldo, já era, por sua vez,
velia. O volume em tudo corrobora- adaptada do seu próprio ferro, com
va a reputação que Oswaldo possuía a "roda" ou "lua" (que diferenciava
de bibliófilo cioso da feitura do livro seu ferro daquele que pertencera
enquanto objeto gráfico. Ele mesmo a seu pai, Juvenal Lamartine de
me confessara, certa vez, sua enor- Faria) sendo usada no lugar da
me antipatia por livro que não fosse letra "O". Outra curiosidade do
costurado e não tivesse colofão. cartão é que Oswaldo apôs, a caneta
A dedicatória do exemplar data de preta, na perna direita do boi em
dezembro de 1993, tempo em que cerâmica de Vitalino, que o ilustra,
Oswaldo e Virgílio ainda não se co- o seu ferro e o de Virgílio um pouco
nheciam pessoalmente. Junto com o acima, como marca e contra-marca,
livro, Virgílio guardara um cartão de procedimento usual entre criadores
Oswaldo em que este anunciava a de gado para indicar que a rês mudou

10
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SONIN'!.lSJJ SND
de proprietário, sendo a que está enviados a outros amigos, a outros
mais acima a marca do dono atual. membros da seita a que Oswaldo
De modo que, quando Dácio Galvão, pertencia, ocupando a indiscutível
Presidente da Capitania das Artes, posição de mestre.
solicitou-me ajuda para homenagear Para minha surpresa e minha alegria,
Oswaldo Lamartine de Faria, que se Dácio aceitou, de pronto, a sugestão.
vivo fosse completaria, em novem- E, na falta de imaginação criadora
bro próximo, 89 anos de idade, su- para um final melhor, termino esta
geri, logo, a reedição de Uns Fesceni- breve apresentação repetindo e adap-
nos. Não uma reedição qualquer, mas tando, para o nosso caso, a mesmís-
uma reprodução fac-similar a partir sima frase de D. Francisco Manuel
daquele exemplar que Oswaldo deu de Melo que Oswaldo Lamartine es-
de presente a Virgílio Maia e que co- colheu para epígrafe do seu livro e o
nheci meio por acaso. Seria, a meu leitor reencontrará logo mais à frente:
ver, uma bela oportunidade para que "Da infelicidade da composição, erros
os leitores, de um modo geral, pu- da escritura e outras imperfeições da
dessem ter acesso às correções que estampa, não há que dizer-vos: vós os
o autor pretendia realizar no caso de vedes, vós os castigais".
uma segunda edição - anotações de
próprio punho que certamente enri-
quecem outros exemplares do livro Recife, 5.IX.2008.
UNS FESCENJNOS

s
Martelo-gabinete* para
~l

t,
Oswaldo Lamartine de Faria
).

a
a

~l

:l

Esta marca recolhe, nos seus traços,


,
.. poeira e chão, memória e fantasia;
é um aboio lendário e majestoso
cavalgando, no ocaso, a serrania;
queima, de cor, um nome sertanejo:
Oswaldo Lamartine de Faria.

Virgílio Maia

,-O martelo-gabinete, também conhecido como "martelo de seis pés", pouquíssimo usado hoje
em dia pelos cantadores nordestinos, pertence à família da sextilha, e não da décima, como
o martelo tradicional. Caracteriza-se por ser uma estrofe de seis versos decassílabos, com o
mesmo esquema rimático do repente, ou seja, ABCBDB. (Nota do Org.)

13
UNS FESCENINOS

Oswaldo Lamartine

RacheI de Queiroz

onheci Oswaldo Lamartine Os outros problemas com que eu me

C quando começava a escrever


o Memorial de Maria Moura,
nos começos de 1990. Eu estava "situ-
defrontava eram os hábitos locais, os
tratos domésticos, a alimentação, as
bebidas. E a roupa. E as armas. Con-
ando" o romance; fixara-o geografica- sultados os meus queridos amigos
mente naqueles sertões que nascem Melquíades e Arair Pinto Paiva (ele
nos fundos de Pernambuco, Paraíba, um estudioso do cangaço), discuti-
Rio Grande do Norte e Ceará, e mar- mos bacamartes e facas de briga, a
cham pelo oeste, na direção de Goiás. introdução do café, então artigo de
Eu me inspirara, para essa localização, luxo, etc, ete. Foi aliás deles dois que

num velho mapa que descobrira nos recebi informação sobre a existência

guardados do meu avô engenheiro, o do "cubico" ou cubículo, uma espécie

Dr. Rufino, onde a região aparecia de- de quartinho subterrâneo, oculto,

senhada apenas nos seus limites ex- onde se punham em segurança ami-
gos que se escondiam ou se prendiam
ternos e marcada pelo letreiro: "Ter-
inimigos.
ritório não mapeado". Parece que
mais tarde, não sei se pelo Marechal Mostraram-me até uma foto das
Rondon, foi mapeada a região. ruínas do "cubico" da casa do sítio

15
OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

da bisavó dos dois, a famosa D. que me consumiria todo o espaço;


Fideralina. Mas quando fui me tor- vai de "jeribita" (cachaça) até as 24
nando mais exigente, tiveram eles enumerações das horas do dia, como
a grande idéia - e me apresenta- "quebra da barra", "pingo do meio
ram ao mestre "sertanólogo", o hoje dia", "roda de sol", etc.
meu amigo, meu irmão, Oswaldo
Na página das dedicatórias, quando
Lamartine. Acho que, no Brasil, nin-
publicado o romance, agradeci a
guém entende mais do sertão e do
Oswaldo pela "inestimável ajuda".
nordeste do que Oswaldo. Quanto a
Foi pouco, mas sendo ele lacônico
mim, senti-me como garimpeiro que
por natureza, não me atrevi a
descobre uma mina. Oswaldo levou a
derramamentos maiores.
sério a tarefa, e passou a me fornecer
toda espécie de informação que eu Contudo, além da realmente "ines-
lhe solicitava: desenhava roupas, cha- timável ajuda", o lucro maior que
péus, cachimbos e, principalmente, as me ficou desse conhecimento foi o
armas dos meus cabras. Tenho aqui fraterno amigo adquirido. E olha que,
ao lado a pasta em que guardo essas a princípio, quando José Bonifácio
preciosidades - desenhos muito bem Câmara e Melquíades me falaram
feitos de punhal (especificando o que dele, eu até cismei um pouco: filho
seria de marfim ou prata no cabo, o de senador e presidente do R. G.
corte e as dimensões da lâmina de do Norte, sociólogo, folclorista? E
aço). Outro desenho, um bacamarte eis que surge aquele anjo magro,
de fabricação inglesa (chamado pelos só querendo falar das coisas de que
cabras "vagalume"), tendo gravado nós ambos gostávamos - quer dizer,
na coronha o nome do fabricante, de sertão. A cada visita ele me trazia
I. Hall. Mas a jóia, entre todos os novas contribuições para a minha
desenhos, é o de uma pistola também história: o nome de um pano, os trocos
inglesa (E.D.N. and North) chamada de moeda, os chás caseiros; tivemos
pelos cabras de "Cotó". E mais, grandes confabulações também sobre
ao lado dos desenhos, o glossário ferros de marcar o gado, objeto de
que não posso reproduzir aqui, já seu grande interesse (a porta do seu

16
UNS Fl5CENINOS

D; apartamento, aqui no Rio, é "ferrada" está na casa dos setenta, vão demorar
~4 como uma rês; e até agora tenho pelo menos ainda uns trinta anos, até
lO resistido em ferrar também a minha, aparecer o outro.
lO operação que ele me recomenda,
com empenho ...).

lo Acho que só de cem em cem anos


a pode nascer algum brasileiro como [O Galo. Natal, Fundação José Augusto,
" Oswaldo Lamartine. E como ele ainda julho de 1997]
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17
UNS FESCENINOS

Oswaldo Lamartine e eu

Ariano Suassuna

P
osso dizer que eu já era amigo onze anos, salvo engano, encontrava-
de Oswaldo Lamartine antes se estudando no Recife ou no Rio.
de conhecê-lo pessoalmente, Tanto eu quanto Oswaldo fomos pro-
ou mesmo através de cartas, urna fundamente feridos na Revolução de
vez que nunca nos correspondemos. 30 e seus desdobramentos: eu perdi
Quando, em 1930, minha família pre- meu pai, assassinado; Oswaldo per-
cisou deixar a Paraíba, por conta das deu um irmão, da mesma maneira. O
perseguições de que éramos vítimas, destino foi, assim, naturalmente, nos
foi o pai de Oswaldo, o então gover- unindo e nos fazendo solidários um
nador Juvenal Lamartine, quem nos com o outro. De longe, nos admiráva-
acolheu; passamos, assim, uma tem- mos mutuamente. Sempre li os seus
porada em Natal, minha mãe, eu e livros a que tive acesso e sabia que ele
meus irmãos, numa casa do Dr. [u- lia os meus. Quando o conheci pes-
venal que ficava junto ao mar e cuja soalmente, ambos já velhos, em Na-
lembrança me serviu para escrever tal, Oswaldo me deu dois presentes.
uma passagem do meu romance O O primeiro deles foi uma carta de
Rei Degolado. Eu tinha cerca de três minha mãe a seu pai, agradecendo a
anos de idade, e Oswaldo, já com acolhida de 30 e elogiando a simpatia

19
OSWALDO LArvlART1NE DE FAR1A

do povo potiguar. O segundo foi ter um dos homens mais íntegros que
me levado ao local onde se erguia a conheci em minha vida. f
i
casa em que fiquei quando menino e
que tanto marcara a minha infância.
Oswaldo foi, sem sombra de dúvida, Recife,lO.lX.2008.

20
UNS FESCEN1NOS

21
n5CENINOS

23
OSWALDO DE FARIA

VOI...2

CAPA DE

I:}UENHODA CAPA ~ltl.l$'mAÇõf.S DE P01'Y

24
08WALDO LAMARTINE FARIA

de Janeiro - GB
1910

25
OSWALDO FARtA

26
UNS

27
OSWA1.DO

UNS FESCENINOS

C!):tetl~n~~oomo n",.,-mu" .••


lÍlicaerót·lca. Parece melhor d.assificada como cantigas d'~rnio e
Dnl,bliJ~e:r, C!Ulta!laS em

28
UNS FESCENLNOS

FESCENINOS UNS FESCENINOS UNS FESCENINOS

(As eróticas), até chegar nas


mtanlte de LadyChatko:rJt.y).
Bemardo Guimarães e, quase de ainda agora, Oswaldo de

29
OSWALDO LA\lART1NE DE FARlA

UNS FESCENINOS

Quent .tetD dellte c'b"'P*1 .eana


QUCnt não tem, come·banana.
te fj)(le rui!) te ellglPlll,
tefodia _~lC~1&,
E agora te iodo eu. •.

30
UNS FESCENINOS

UNS Ff=SCENINOa UNa .FESCENINOS FESCENINOS

Macaoo -J,m, gw:ui1Ja d~


Dou-lhe UDla, d~u-lh~ duas, dou-lhe três,#,

!I

em lasciva em •....
"."'~,,~
e mais das vêzes circunstancial e brincalhona. Dai no gesto pacifico,
i"t<>.••••f'>""''''''' uma

31
OSWAU10 LA'vlART1NF DE FA1{]A

FESCENINOS UNS FESCENtNOS. UNS FESCENINOS

Toous "ir&peçam"
NO' Caiei:
~IenDS(l'padr~
é I) pó...

miIlgwmdo. 1l:!ing:uaIldo, até


essa noo deJ!iat:1a.rlecenun-

32
OJ.IHe ao HaNeV
50NIN,DS'LI SN[1
OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

valõres da Advogado, orador, IlQIlta li


e dl:i mocmade
Depois de fllllidlr em Cearé-Mírim, por vários anos. e de errar por outras cldadet:
do Rio Grande do emigrou para o$ul, inelo fixar-se em Curitlba. onde
a ·14/Ian/19!i1. A literária ficou tõdaespafSll. em Ioma~ revl1!:tas, nem
sequer o seu livro de YeI'llO$, ti que denominara OUUário, leve 11 satlsfaçlio da Y9I'
publicado, (") ,

• ltomulo C. WlIlIder'k!y - rU_lUa dO, pore!!Ia ~·rio-gr.u:uklllilll, WI:! J~,


~ .:no· Val ~,.ltlU .

34
,
UNS FESCEN1NOS

I"

ENTeRRO DO PECADO

Baixa esta luz. impávida. imprudente.


Que no papel da alcova nos retrata.
Nlo vês que o candelabro de ouro e prata
Está nos fitando escandalosamente?

Deixa o teu vulto esparso, alvo e dormente


Tremer de frio, ó juriti ia mata.:
Pois vou fazer dos beijos a sonata,
Em Que te hás de embalar gostoaamente.

Assim, assim, vestido branco,


Põe todo nu teu morno seio franoo
hr~nl'l'\ e perfumado.

Abre os teus braços, mata-me desperto,


Se tens no corpo um cemitério aberto.
o entêrto do pecado, .•

.•

35
UNS FESCFN1NOS

tatu. mora no
Guaxinim, beira de praia,
Bicho. que ..mata
Mora debaixo de saia.

Embora não tenha dente


Tembôcs, lábios, garganta
Enfraquece qualquer homem
cima dêtees

Que em cima
Dêle jamais se esquece
bicho .
Só elogios

37
UNS FESCEN1NOS

CORIOLANO "RIBEIRO

39
OSWALDO LAMARITNE DE FARIA

Coriol.no Ribeiro veio ao mundo lá


tão, fllZ. a fis.l:la!

10

40
UNS FESCENINOS

M DIA - quem conta é n!eIl3tQ


~ estava em São Rafael bebendo comígo em uma bodega, quando
meeena e deu as boras Wl~r:,QQ

E esplanao através da ímaculada para a

e€.u... ..~
Tanto tem o.sel de alto
Como o mar tem de fundura,)
Minha mulher tão magrinha,
Você com. tanta gordura.
permita que algum dia
Me veja nessa fartura

.{tf'

41
UNS FESCENINOS

OAMASCENO BEZERRA

13

43
r
OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

44
UNS FESCENINOS

C s.U!:i:PAl-í.dA nnl1r,,,,, pnra a eon-


vnt'>lf'!(,/,,\ da Assembléia Ocnstituinte no Hio Grande do foi
•.•.
"'lml"d, e lambuzada, em ~""',,ç.

tido Popular, chefiado por José Auguato


A
Bruno Pereira e Gentil Ferreira de Souza denunciavam dcs-

quem é José Ariston


ansíeôaue, um edítertal bomba contra os donos do
estar no

escreveu!

45
--
.OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

Liberdade! Liberdade!
Onde est4s, fel,a da pula?

Não sei, ao a verdade,


Do fato, eomo se deu.
Sei que Mesquita escreveu:
Uberdade! Uberdadé!
E. por infelioidade,
Um guarda-civil recruta
entrando, à fOrça
Sem nada o interceptar,
Chamando por Aguiar:
Onde estás, feia da puta?

ao mote, que custou a DamMeeno

É MERDA.'..

mundo ·ésimplesmente. merdapura,


E a própria vida é merda engarrafada;
amel'da derramada,
Quer seja misturada ou sem mistura.

merda o mal, o bem merda em tintura,


A glória é merda apenas e mais nada.
A honra é merda e merda bem cagada;
é a formosura.

É merda e merda rala a inteligênoia!


De morda viva é .feita a consciência,
t merda o coração, merda o saber.

merda é tôda a humanidade,


merda ti pobre invade,
Que 'um soneto de merda eu quis fazer.,

16

46
UNS FESCEN1NOS

47
OSWALDO LAMARllNE DE FARIA

48
UNS FESCENINOS

A QUADR.ILHA

e
Ao fazer alavantu *"
Sentiu enorme fadiga.
Deu um trovão-de-barriga,
Soltou coriscos do eu...

A!x'l.\n'C$IlIII"nto popular de en íWl111t.

1. ,.

49
UNS FESCEN1NOS

51
OSWALDO LNvlAR'JINE DE FARIA

I
Jarme dos Guimarãos WimdarltlY - E aS$UMSa da 1897 e mal se fê:!: homem também
se fêz
(19$:.l).
Fogo sagrado (19221. Espinho da JUFIImII,
pat1l1mllnltlre~. {19Si). Nalal - (lidaQ
Para li ribalta, além .oas inéditas. tem O oll\em que perdeu ti .ma
• Pedis 11 earvão,
11 01111 ao aol,
i
Adguém ,Chorou a perdida CaJllnltlde (J944j, Uma nolto em TambslI
!:serava _ aora,ão (1l1iS) (1956).~"" ti prinCipais, os
guardados e mais os esquocldos e terão um retrato. da corpo inteiro nosso numllde
e. Formado farmácia. ltmci()nll.rto autÁrqulco e presidente c;lo Clube
H_, (editor relu tia e lIuslra da A~1lI potigllar

52

~,
UNS FESCENIf\OS

Para não haver transtômo


Aqui neste barracão,
vendo fiado a cõrno,··
ladrão.

53
OSWALDO LA!vV\RT1NF DE FARIA

o peido que Jairo deu


Botava abaixo o Alçazar

Sem se poder evitar.


um petdo
Quase que o eu se aíatanha,
chegalse na Espanha,
Botava abaixo o A'cazar...

24

54
UNS FESCENINOS

55
OSWALDO LAMARllNE DE FARIA

56
UNS FESCENINOS

01l:MIOS BEBIAM numa mesa e bêbados se


poesias. Ao lado Zé ia tristonho dIZ;

Não tristeza no mundo,


Que compare à tristeza
Dos olhos de um moribundo,
uma vela acesa.

E êle, parodiando, arrematou:

mundo,
Que se compare à tristeza

Sem ficar de vela acesa ...

57
OSWALDO L,".MARTINE DE FARIA

Embora tudo .aconteça,


eunão.m.e.gabo.
Do peixe, quero a cabeça.
rabo .••

28

58
UNS FESCENINOS

JOSÉ CORIOLANO

59
OSWALDO LAMf\RTINE DE PARI!\

Jo..-e(:ofÍolillfO errl .!panguaç1.l


Do pai, COtloiano Jlibeiro, herdou o dom de rimar. pois
o
filho já nasce pintadQ ...

60
UNS FESCENINOS

t:melhor beber cachaça


Que trabalhar a Navega.

É melhor beber cachaça


,Viver só de má notícia,
prêso pela poJ{cia,
Apanharem plena praça.
Perder df;l Jesus a Graça,
Beijar o Cão Negá-Nega,
em bodega,
de um forno.
É muito melhor ser cõrno
Que trabalhara Navega ...

61
UNS FESCFNINOS

MEDEIROS

63
OSWALDO LAivlARTlNE DE FARIA

foi redator de A Palavra e redator !)sporHllo de


Plllaii..Es::nfa de FarmácIa· fi OdonloltllJlil (ÍfI·Sllo
Chefe da Assistência Oentàrié do Slndicalo das Emori'!Ms

64
UNS FI'SCENINOS

SAUDADE

pomba'"
olhando
A gente bole e rebole
a <<;1,,'''\.1. •• ,

pênk.

65
OSWALDO DE FARIA

I I /

66
UNS Fl'5CENINOS

lUIZ WANDERlEV

67
OSWALDO LAi'vlART1NE DE FAR1A

se
Gostava rnaís da poesla
(I pitoft1$eOS

68
UNS FESCEN1N05

oral, ágtl, .eS]p!)llts,nea,


vhrentes e dos acontecidos em suas vidas, motejaqa
glosada .nc rimar alegre de cada um.
as parteiras lavam os recém-aascídos
am,arx'am os umbigos dos meninos

69
OSWALDO L4.MARIlNE DE FARiA

SOlte os colhões de Tatu.


Solte os ço1hões .~ papai.

Ontem assisti um
Ao Dona Naninba
Gritava: negra maldita,
Softe oscoU .•õês de Tatu.
l:le rôto e quase nu,
calfca.oa abaixo
Josefa sôbre êle vai
enquanto
Os tatuzínhos gritavam:
Sane.os coIhõe6 de •papai.

40

70
UNS FESCENlNOS

MAFUANO COELHO

71
OSWALDO L"'MARTINE DE FARIA

cracor e poeta
bons.

42

72
UNS FESCFNINOS

NTf~E OS MUNICíPIOS do Assu e Mossorõ, exis-


prC)prlJêlllUledenominada Volta do Fio., em razão de um ânguló
condutores
"~.iVi",",,, de Contra as Sêcas

pela abertura puteal, O caso fêz noticia na Imprensa


t'4J!Jlll;i;t':i'~;:; dee palpitles
siv€', da presença de petróleo. E até já se ensaiavam SIO'J/,g'lns
a bufa é nossa MB su~~erjlu
mote que êle tirou em versos:

sitio Volta do Fio


Saiu um peido do chão.

Não foi mero assobio

Um grande peido foi dado,


No sitio Volta do Fio.
Ronco igual, em pleno

não existe vulcão;


cufoi perfurado;
Está fato explicado:
Saiu um pei40 do chão ...

73
OSWALDO L"MARTINE DE FARIA

Sessenta e oito somente.


estou naquela idade,
Considerada 11"\I"IOl"'onlta

Botar o por onde mijo


no por onde vós mljals.

Eu vos peço, .conetntals,

No 'por onde vós mijais.

Está petição redijo,

Botar o por onde mijo

me
Também não vos aflijaís,

No. por onde. vós mijais.

Meus feios modos corrijo;


Porque, pois,
Se boto o por onde mijo

74
UNS FESCENINOS

AcertO' em cheio, de
Transpondo os vossos umbrais,
boto o. por onde mijo
No por onde vós mijais.

Peço pouco e não exijo;


São coisas mui naturais:
Botar o por onde mijo
No por onde vós mijais.

Persevero, não transijo,

Se para tanto me enrí]c


Não há fl'ri:ster enrijais,
Se boto o por onde mijo
No por onde vós mijais.

TOda vez que ti meu botij.o


Se encontra cheio demais,
boto o por onde mijo
por onde mijais.

45

75
UNS FESCEN1NOS

MILi'ON RIBEIRO

77
OSWALDO LALvlARTINE DE FARIA

78
UNS lTSCENINOS

Na PARECEM e não sio, Outros...• e

pareça _mie,.
E quem é, não parecendo.

meu
com absoluta isenção;
convicção:
há quem pareça tem ser.
Só quem poderá dizer
o não ..sendo,
distinguir o que está vendo I

é o verdadeiro saeana
e quem é, não par~,

E a nova tauna e flora. jornal~tica da crônica social, o fê? seu-

o cfonistasoeial
Se não é fresco, parece •••

79
OSWALDO LAMARTINE DE FAlUA

é somente em Natal,
11 .epidemia:
:nn'C!TITlt

POis muita gente aprecia


O cronista social.
O fato é Ç) mais natural
-' Perdoe!.me quem não merece
e quem da culpa padece -,.
mas, se faz um rebolado,
fala meio efeminado •..
Se nio ..' .fresco# parece •••

que. a. NASA,

o sol a lua fÓl'nicam


No leito azul, do infinito.
Se há coisas que bem explicam,
'nUnca,
como muitos animais,
o sol e a lua fomicam,
A posição que praticam?
- ...•
Pode até 'ser'esquiei10 .-
mas todo mundo tem dito
que éumfato indiscutível,
perfeitamente possível,
na leito ,•azul do i·nfinito.

80
UNS FESCEN1NOS

MOYSÉS

81
OSWALDO LAMARTINE DE FARJA

82
UNS FESCENINOS

83
OSWALDO LAMART1NE DE FA1<lA

$e Cetina me matar,
Ninguém lenha. dó. de mim.

Perdôo de antemão,
Se Cetiná·me matar.
Se dela me aproximar
Terei um sem
alguém me vir assim,
Chupando o
Se eu morrer fedendo nela,
Ninguém tenha dó mim •••

das decantadas engaííca-


gens da lírica Cellna.

CeUna cravou Macário


Deixou Setinhono chão.

Se dizia, com vantagem


enorme fogagem
.Cetina .cravou Macário.
um
De sarna, chato (2) e bubão
purgaçao
Que vem deitando a neçrada,
puta engaUcada
Deixou Betinho no chão.

2. Charo: Piolho das virilhas ou publs, (l'hthlrlu.~ inguinallsl.


âCQm~.o càn!l1o 13;,010, vul~l,rml!litlo!

4,

54

84
UN~; FESCENINOS

a lâmina cega de um
das injeções de 914. Ea llC1LtU.'l.:"" 11I'YII'1'4'"

sentir, quando Iamuríento cantava:

Eu fiz um saco meia


Pra suspender os colhões.

Senti grossa acordovsta (•.)


Quando·vi,
Apressado,
Eu fiz um saco de meia.
Depois da brusca cheia
Suspendí por
Sentí doer os Tt>f"ll,r\o~
Onde a mulher tem ta!:l!ac·o,
Eu não tenho, uso um
Pra suspender os colh6es.

saco que eu ~.ml'!lJ'.


Não cabe mais os colhões.

Por esta não esperava,

CordãQ espermátícc.

85
OSWALDO LMvlARTINE DE FARIA

saco
Não cabe mais os eelhões,

Ana
Flor gõsto se pode olhar.

comigo analisou
O pé-da-rabo de Ana.
dirá

Da Urtiga, eu tiro
o os-ne-eaeo
Por gôsto se pode olhar.

Pill ('I
I,lMOU-sc trés vezes 'Inf. de

56

86
UNS FE"CENINOS

- De onde vêm?
respondeu ,Rodolfo, e cagamos
pé oomo boi,
foí ali mesmo que Sesyom, em rimas,

Rodolfo dançando nu
Cagou empécomO.boi.

o que é?
Fol visto no cabaré
Rodolfo dançando nu.
Quando ête mostrou o .
As putas disseram
E um sacana que lá
Me pintou o "
Tocou bronha 1, fez rnlnete,
Cagou em pé como

87
OSWALDO LMvlARTlNE DE FARIA

Sua avó, puta de estrada,

levadu
a êle em
talento, com
apóeríras ou a êle atribuídas, o que é difícil de ser identificado
de ve~ que nada ficou no

marehante a atravessar a carne em uma balsa que


(I empur-
a outra margem, seus cachorros de
vez que todo marchante que se preza os tem grandes e gordos, No
faz~ndo mal~

58

88
UNS FESCEN!NUS

fõia de

De posse do meu pincel


Sou pintor, faço pintura.
Vou fazer a caricatura
Do eu da mãe de Miguel.

basta! Já· ganhou seu dínhêrel Dizia, de e


marehante ...
Doutra feita dísseram a SI€:dê um "".au~u>e
tecido com uma doida quando mexia um

que Ido.da deu


Quase não eabe no eu!

Inda ontem aconteceu


Debaixo da gameleira.
Foi um tiro de ronqueira,
O peido que a.~oida deu.
Tôda a terra estremeceu,
Abalou todo o Assu,
angu,
Botou a perna pr'urn lado,
Deu um1ão n .•••..•••
nA
Quase não cabe no eu., (*)
,

••

89
OSWALDO L,"MARTiNE DE FARIA

Pude iludir uma cega


Dei-lhe uma foda.na eu.

SaindO' de uma bdtfega


De meio lastro queimado,
Com fIluitO'.jeitoe.agrado,
Pude iludir uma cega.
Rolando na .beldroega (*)
Fazendo vez de muçu (* *)
Pratumibar.fIlepl.fs nu.
Faz tempo, mas me recordo,
Vir~.i a c~ade bordo
Dei-lhe umafoda' no cu.
OUtras são típicas da crônica diária da cidade:

Zé. Leão quase se caga


Quarta".ra na· novena.

Quase faz docu bisnaga


Apertado, em plena rua
Ontem,. "O clarão da lua
Zé leio" quase se caga.
Porém encontrou u'a vaga
poude fazer quarentena.
Com franqueza, tive pena
Porvê-Idtão apertado.
Foi feliz não ter caqado
Quarta••f8Irana novena.

90
UNS FLSCENINOS

PEDRO LUZ

91
OSWALDO LAMARTINE DE FARtA

92
UNS FESCENJNOS

AZ ?WITO TEMPO, lllM o


tríscado entendeu de dançar onde não tinha sido convidado nem
êle me&llo

Apanhei mas dancei pu


Lá,no 9ango\(*)do têtéu

Menino, quase eu me fodo


gango ..do

93
OSWALDO LAMARTlNE DE FARIA

Prã continuar vivendo


E andar enooJhido,
Mesmo sem ter fodidó
O doutor andou mexendo,
Andou cortando e cozendo
No buraco do idllio,
Tirou das beiras os cUlos,
Raspou também os colhões,
arrancou 20 botões
00 eu do prfeito Abilio ...

94
UNS FESCENINOS

RAMIRO CAPITAO

95
OSWALDO LAMARITNE DE FAR1A

96
UNS FESCENINOS

para o Rio de J.aneiro


E uma garrafa de cana boa e pura

após
Meu dedo com sua junta

97
UNS FESCEN1NO'i

99
OSWALDO L"M!\RIli\'E DE FAmA

100
UNS ITSCTNIN05

A PELAS ERAS de 40, quandQ ava ~


I"CIrísl:rllelio de umna Fz. Lagoa Nova Pa POtf'l1gi.
EN), Clóvis Lamamne lhe d te: Tôda môça quando mija, I
Deixa um buraco no Ramil'o assim o

Nem
Nem tõda música é balâe,
Nem todo frei calpelaQ,
Nem tudo que amarga é fel.
Nem todo vento é tufão,
Nem tenente é capitão,
Nem botija é botijão,
Mas tôda moça que mija
Deixa um buraco no chão!

água é ,,,,,."'OH<>
Nem tôda 'montanha é serra,
todo é guerra,
Nem todo homem é valente.
todo velho é rtAlmAntA
Nem tôda gruta é rincão,
todo rio é Jordão.
tôda madeira é rija
"88 8 m~ o
Deixa um

101
OSWALDO LAMARTlNE DE FARlA

Tudo no acontece
Tudo no se
Nascer, gozar e sofrer,
seca e
O valentão esmorece,
paz,
Há tumulto, há
Sem explicação
Só a mõça quando mija
Deixa. um buraco chão.

Não
Ou
A coisa que nunca vi
uma
Já não posso assegurar
Se a história é certa ou
Se elas mijando no chão
Deixam um buraco ficar ..

102
UNS FESCENINOS

103
OSWALDO DE FAmA

104
UNS FLSCENINOS

R2S ANOS encarrilhados


telaram a vida de quase todo o mundo por -'1 '_~_'J>_

também se fa:nava sem recditar do


pedidos que lhe chegavam de tôda a parte. l!:
Carlosacoroa a OpJ:;m~~o
ptU)llCa

doutor Carlos Laoerda


~'Ot' que inventou essa
Ajuda a teu irmão,
Publique Fulô do Mato,
ao
Poeta lá do sertão ..

- Seu Renato, faça uns versos mode vê eu vendo

105
OSWALDO L"MARTINE DE FARIA

Batata, batata-doce,
povo
Um quilo dessa batata
bem· dez

Pouco menos de uma mil dezena. de

é.o'IBGB,
sem' fim dcs-camaubaís que crescem em suas a:reias até onde a. vista

que ba.tem nos peitos e ufanos procJ.a.rna.m.ser a maior e a mais bonita


quando.d;la politi~
fIP
ferve de oradores. Alguns mais freqüentes embora menO$favorecidO$

o prefeito COsta Leitão. O caso é que numa dessas últimas campanhas,


dó ..de peito, lá. as..tantas.
rasgo maior de erudição e evocou: São João Batista o incdto.
cidJde:

sendo mesmo o mafdlto


Que ..mandou você ..falar,
E lá·na Praça bradar:
""""L."""" o inclUo!
Um êrro oêsees, admito

Mas você, Costa Leítão, '

Dá .sernefhantecagada
da RedençãofU

A inflação minguava os dinheiros de todos em tôdas as pl.hoeM

106
UNS FESCFNINOS

por e:in:là a febre aftosa


Ul'UbUt~. O
O feijão caro e raro que CllErt.1I.11'a
rodados em lombo de \,;l;\üW.U'<MJ'
~t.:UUULl.u.a :receitavam. as mais diferentes fÕrmtl.las mágicas
AJ,guns falavam. e repisavam. na llel;elll:;lWLQe
cruzeiro. E o poeta também se financ::istllt.

Sé merda fôsse dinheiro


Pobre nascia sem eu!

não
$ervia de brithantina.
Ninguém cagava em
Se merda 'ôsse dinheiro.
Todo. mundo era banqueirol
Sanitário - era baú,
Porém aqui no Assu,
A terra do interêsse,
coisa acontecesse
Pobre nascia sem eu. "

Ac:aDav~a-seo
Rico não tinha 'erota,
Não existia agiota
Se merda fôsse dinheiro.
Todo mundo
Até merda de urubu,
De gato e de cururu.
Iam ser padronizadas,
Depois da lei assinada,
O pobre nio tinha eu•••

107
OSWALDO LAMART1NE DE FARrA

- Ta qui, seu Renato, o bode qui seu Amaro mandô mede vesse-

.o. bode.
que Amara de\.l
Só tem cabeça e cothia.

o bode que Amara deu.

Porque houve intervenção ...

o bodezlnho do Amare.

S6 tom cabeça e colhio.

108
UNS FESCEN1NOS

tem outro jeito?

Renato. Tem que ser aâim " ••.•••••


",

levando dedo no ~ndo


Para poder melhorar.

e cansado,
passadO
levândo dedo no fundo!
O Or. Pedro Segundo,
1:quem vai aproveitar!
terei de suportar
enfadonho suplício:
o fundo em sacrifíci·o
Para poder melhorar ...

109
OSWALDO LMvlARTINE DE FARIA

ilustrar f""'iMontil,ri
Dissa entre assuntos varias;
Eu tenho um &lho escondido

ctllldadO com
Que o bicho que gosta dêle,
e também nIo vê..•

110
U>5 H5CEN1NOS

111
OSWALDO L"'MARTINE FARIA

.I0Il6 LeI_ -ou Zooa Gal!;l é maooll~l'nll\l


SotI2a fêz O primário €I no
adolescente foi eenvocado para a escola da vida e 110
pClbel'e também mo po!)!lW, Qa!Iou ali! 19so; Oe 1933-40
{Ce}, onde colaborou no COrreio da Semana e na Ir.
jajlOllês e tirou quadras nipo.brasíleira!l. Comenta I) fato em mote por êl!il mesmo
glotmllo; TPO pieo e DmI~ I Também falo ja~.

112
UNS FESCENINOS

NS ESPIAM para OS céus para ler as


lllVemo. 'U''''l''.U''_ iwM:redita.dOS,. vêm .~()S VQll,nolrei.
os ,nossos indiscretos poetas, pelo buraco da fechadura.

ápuz ("')
Da rêde me alevantet
Sai·prá fora deeasa,
Abestaíado fjquei!
Nó urinóda natureza
A ltia tava cagando!
fraQm merdeiro de luz.
Por tOda parte espaiande .
•~ afl~andO no <iéu azO.
Sem a menó eirimonha.
Com um retáia de nuve
A fuaUmpou e eu.c,

E pelas brechas das nuvens o abelhudo poeta e

113
OSWALDO L"vlARTlNf DE FARIA

PASSARELA DO MAR

me
Com vergonha, se cobriu
ar,

No Brasil ou no estrangeiro

E pObre tudo teria


Se merda 'ôsse dinheiro.

Provocariam, é lógico,

114
UNS FESCENINOS

Um día, não faz muito tempo', uma história ou estória principiou

Seu doutô, vou le


O causo qui aconteceu
No lugá São Rafaé.
Tôda a hlstora qui hái,
Cuma essa qui se
Tem no meio u'a muíé.

. pegaro o paQe, doutô


Cuma quem pega um nuvi9
Prâ.dele fazê um boi.
Caparo o pade, doutôl
Mas.caparo deferente -
Tá se vendo qu'essa gente --
foi bom capadõ,

115
UNS FESCENJNOS

osd.o
. vento

81

117
UNS FESCENJNOS

XISTEM AINDA Ila. ml'mnri", povo pa'!'I&geM


afamados de repentes-moleques em ocasiões
que os repete diz ser o ::;"~:!:W."U

o amolOg1co caso tt'U Velho


pelas personagens nêle
11l(~n1anCà'vel pllvnlvirla.s

A. aUsêlJ1CÍa do verso obsceno é no sertão um índice de pureza. A


eul todos os versos, de .todos os cicIos mos a Ul1telltÇlío
)íiOmogrific;.a não existe, O pooJ1:1lnhasujo coincide com a civüizaçio.
ei.nmna, automóvel, revistas üustradassã()as

119
OSIVALDO LA\lART1NE FARIA

folheamos a literatura de cordel do Nordeste, raros são os momentos


em ab!)ixo lutha da cintura. Mas a
se resolve a fazer que nem rerrínho de dentista e caseavilhar
allé a é de de

uma feita,
St:.'VerinoPinto
em êste 00

Isso toi antigamente


Quando você era macho.

Passou-lhe a faca por baixo,


O correu nas pernas,
Um

atacado me
espírito mau e bruto.

Que eu êsse produto,


O seu pai com pena,

120
UNS FESCENINOS

cêrea de faxina. Lá ouviu a queixa de uma moça que


'outra:

mulé, 'stoucum tatuzinho tão que nem mais

De volta à disse do """n t"<,,i rir.

Hoje aqui no
muito o que
Vi mõça com tatu
nem pode mais

E eompanrrerro arremateu:

êsse tatu 'stá gordo


coisaêle
Ou é roça, ou 'tanalura;

121
OSWALDO LAIvIARTINE DE FARIA

eaaa, qu'é O

e êsteo compadre João


Qu'stando de prá
Com óleo de copaiba.
purgação.
uma injeção
Que ..deu b.em para provar •.
Nlnguêm pOde censurar,
hºmem nãºse ,governa.
e obra do meio-das-pernas,
denõvo vadiar. (*)

Desconhecemos a paternidade dêsses outros casos adiante ríma-


que ficam à c.spera de no W!JL\UJ.Ui:I;,
De uma eantora de repertóríoapímentado, contam que em peleja
com

Fui casada sete vêzes.


Safe homens conheci.
por Virgem Mari.a,
Sou virgem como nasci!

Nos RQmances do sée. XVI díaía-se


levatl~,!la. (Anota..(lW de t,. C. CII1;Cudo nos

92

122
UNS FESCENINOS

A resposta ê conclusiva" em diagnóstico:

Se essa história
De dois modos se expilic
Ou você não tem boceta,
Ou os homem não pica!

Sobejo dos tempos velhos uma décima. moleque do Sul do Esta.

Eu fui tomar um banho


No rio'çrumatalt(*)
Quando espiei pra
Vi um cabelo no eu,
Erâ um cabelo castanho,
Era de grande tamanho;
Um velho viu, se benzeu,
Me pediu prá amarrá lenha.
Por aqui não há quem tenha
Cabelo no eu como eu.

Falam ainda, os imaginosos, de um outro que em peleja


certo Sinfrônio"'(,,*), dêle reeebe~t o desafio:

Vancêdlzqui ecantadô
Cantadô bom cuma eu:
faÇa uft'lvel'$o arrepetindo
Quatro vez o nome meu!

123
OSWALDO LA,M;\RTINE FARtA

Sinffônio canta mais eu.

de um certo cantador,
que
calos de um adversário. O outro não contou nem uma nem duas e no

Canhotinhe se eu lhe pegar


pensando,

E o cego fica enxergando!

que costumava
tado de seus
ma-roupa para o outro:

124
UNS FESCENINOS

Eu me chamo Cavilosa
Corto mais do que
Tenho uma saia de chita
E um eabeção de carnbrala.
acaso levanto a
O cabra adiante desmaia!

Ea de volta veio em-címa-éa-baena:

Oavilosa, tu não sabes,


É eU te
Se tu levantar a perna,
A saia também arriba.
E mulé que brinca comigo,
Depressa cresce a barriga ..

Doutra feita contam de um cidadão da praça curioso de conhe-


cer o duelo de
cabras bons em marIeto na gemedeira, no'
mal' e 110utrL'S formas A um um terceiro.
tado, relógio de calendárío, sapato de sola dupla,
. Ilante di;l .viola mais "••""ç.~ ••••
-Ie beira de estrada.

que

é um

Ci.lrioSidade •.creseeu. J>l'HYín."" ao erm.uto bardo


vontade em vê-to rimar um mote.

95

12:=;
OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

de
- Ah, do Ca.s.simirlo? Conheço. FoipOO~ de saber! Vou fazer
Vou e cMSimírtocom a. Hisf;órlado ~. E

Foi quando Tomé de Souza


Bania.
Logo no primeiro dia,
Palr'Sl'lIU o espôsa.
Fez que nem uma raposa,
Comeu adiante e atrás.
E lá na beira do cais,
No oitão de uma bodega,
•.••.••
,,,•..•
,, Padre Nobréga,
Que os anos não trazem mais... (*)

Em honra. ao deús Cre


ouvido e guardado nos r mem.ória. do Dr. }LC.,
eatástrqJe universal qua.ndo nem o prot. Albert E1ru;tein se atre-
semelhantes feitol nem efeitos ••

Um peido dadO na China


peJocl;' de do.e (**) irado.
Em Lisboa ouviu •.se o bradO,
na·França causoururna.

126
UNS FESCFNJNOS

no
durou medonho estampido.
sem
desmaiou o Grão-Suítão;
a Europa, em
o motivo não atina;
morreu gente em Cochlnchina,
no Peru sentiu-se o
abalou o mundo inteiro
um peido dado na China.

Horrorosa epidemia
assolou a Gra~Bretanha;
Sardenha. Grécia. I=.SiUarUl
a mortandade varia;
ter mão na Barbaria,
tal perfume acre, danado,
que o eoncflio convocado
deçidiu,que êsse fedor
era essência de bolor,
pelo eu .de dova irado.

Ao 'mundo causou •••.


Qf'll'Inf'n

dêste peldo, o dano imenso.

o Papa, com o 'Clero em pranto;


'té quebranto,
do Brasil, ao sexo amado;
e, o mundo contaminado,
de afronte
o NUa retrocedeu
em Lisboa oU'Iiu ••se o oraDO.

97
OSWALDO LAMART1NE DE FAR]A

o Javary ressentiu-se:
dos Andes, o cumeabríu-se:
o Chimborazo gemeu;
o Ganges estremeceu;
er a voz ferina
tornou gelado o Dohyma,
o Denubio e o
ouviu-se além do Haiti,
riafrança eaUlOurWna ...

E dos escondidos de uma de _Jt11'L •• O M.lI1n:!l.-UlàtlL


mos êstes de esquecidos autores:

Um nêgo deu' urnpeldo


Na casa Venceslau
Matou pQrco
Quebrou setenta jirau.
ficou
A terra tremeu de rnêdo,
odo eu,
O nêgo morreu do peído ...

ll:st.e outro- o pOema das aspas - traduz em. sua. arqtHtetura


o trabalho de um :maisletrado: (")

98

128
UNS FESCENINOS

amor, assim não pode ser


11 n

n n

H H

"

li: .foi no vaquejar das qoo Veri$simo de


me acudí';l de lá, contando.
Remexendo' papéis velhos, encontrei aqUi uns
v. É
'u"'~••.• de um poeta anônimo, genial.

A estória faia de um certo juiz de São José de Mipíbu que foi


atmvés
~jj}'l~I.iIO um buraco
Maria José (dona da pensão onde morava)
Monte de fígaro. trni' ex"colrtdE!llado,.
glosou:

. Eu afirmo e dou-lhe fé
com tõda convicção:

o juiz de São José.

raspou-lhe as beiras grêta,


~ por causa dessa tacêta,
é
que êle, além de juiz,
ê k'Sílrt\l!:llrl"í

99

129
OSWALDO LAMARTINE DE FARIA

c o L o F Ã ,O

tste livro, organizado entre os:anos: de 1987 e 1988, namuf herói·


•• e kal cidade de$ãt) .·~do ~ótIe l.mo,·no tem.po.-. que
se arremedava Serge Voronoft e que o autor dedica ao poeta maldito
.~ ·Ctúdas, pr~' .~ grâ.fi.cade Sdmd.-
Monteiro que (lonsclenf.e e propositadamente ~endou letras
-ttegritadâ família Caledônhl sôbre papeltle'côr palha, Com um
~tid(). de of~. umefeito<.mai$ ....
~ e primitiyo. ~te ~
41 espírito dâ obra, o artista POTY wr.aroto a ilustrou - capa e
lia tem.itieadl:is ·.g'l1tnaras •.dosro~.de feim
do Nordeste. Colaboraram na sua execução téenica os artesõeJ gfáfi-
~; 1Unalclu epaginação;Sehutio lUNtmo,
oortad01'.e encardehador. Esta~o ilWJtrrula, em papel Kraft de 130
com tiragem limitada bummil (1.000) exemplares, torado mercado
Jt ..rubrieadaJ.HIlo .llUtor,.fm ~te .•enjeitadâ.pela.pud.ieiela
oito gráficas da capital cUltural do pais. Em 28/mar/69 era eomeçada
~Boré Ltda-!Rua
camões,' '74/6) que -foi engoUda peJas labaredas prindpiadas nas
dftTadearâs hOI'M·da nOite de Santa DomitiDa e apagadas na honl'
~a do..dia de ..a~ tlo ~joSão Miguel {8 mar}. J)êle,
que sobrou em sobejo, foi impresso nas oficinas da Editira Artenova
~tda., .itRna.AnwUio Uf.Je. fine o edBa e inclnina coleção BrotlM
Le».kon. Foi aprontado no verão do ano embolismal da era Cristã
deM.CM.LXX

130
UNS FESCENINOS

'*
T A B u
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A:BNm
Enlên"o

Bl:(!ho ve»eJloso
cOttlOLANO \UBEIRO
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'l'Imto te ••• o 60l <te aU!) •• '.


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() pê-de.~ de ÃUà •••••.••.•••
llAIdoIfo dMçandll nn . .
Sna avó, p'pla de eotrado ...•....
.,. posse d& meu pincel ..
() ;peido que a dolda dom
PUCle Iludir _
Zi J..eáo \1_
~ega ...
.

DAMASCENO BE'ZERRA . PEDRO LUZ •.


Li'Qudlulel Liberdade! . .. ••.... . 15 Apá.nll.ei mas dMcd nu ....•...
fi~ é __ , ......••. PtIi. ooctl:oonr vivendo .•..••••••.
ENÉ.A8 CALDAS •... , .• ? .....•...• RAMmO CAPITÃO •.............
19 AoI res~vels pelo meu 67
21 RAMmO DAN'I'A8'
23 Ttula. mÔÇA quando
RENATO OALDA8 •........ ,,' .....
J .•.................. Seu D0014r Culos Lacerda ...•.
Não há úisteza. no mundo Batata,' batata·doee .••..........

J.~
Embora ••• aconteça .... fi aendll mesmo <) malillto
se merda tôsse illnbeIro .
JOSÉ CORlo'LANO ... () bode que Amaro deu .
é melhor 1Ie'Qu Illleb~.a .. Levlmdo dedo no fundo ...•.
.lBIItraído .
JOOé MEDEIROS
$lI.udlule ZECA. GALO . 81
Só a )1m; de
Na,~
se merda fÔ$se
~O COEI..HO ••.... ' , eç.aro e palie, doum
No sitio Volta do Fio .. . 00 DO VENTO .•
setnagenário '1_ . '- to~ antigamente i •••••
o po)' !lide JDljo •.• BoJe aqUI. :no Tot.ol'Ó •••..
I!: Me (I COmpadre João .
MILTON RIBEIRo DANTAS ••... 47 FtIt ~ sete V,,""" .
Eu tui tomar _ ba:nll.o
V~ dH. que " ean~õ
50 Cil.nll.otínho $C eu lhe pe&",'
Eu. me ~ CavIlO$.l\ ..
Foi. quanao To. de SoIW\ '"
me matar' Um. peido tlodo na China : .
Cellna eravon Maeó,rlo .•...•••... Um Dêro deu mn pcldo
__ demem ...•... Poem.a IWI 1!$J.l1lS..
() que em $empre usava .. ,. Eu. alInnu c dou·lhe

131
U \;S l'ESCE\; 1\;05

Oswaldo Lamartine de Faria:


nota biobibliográfica

eestirpe sertaneja, do Ser- tura, 1961), ABC da pescaria de açu-

D tão do Seridó, Rio Grande


do Norte, filho do ex-go-
vernador Juvenal Lamartine de Fa-
des no Seridó (Recife: Instituto Joa-
quim Nabuco de Pesquisas Sociais,
1961), Vocabulário do criatório norte-
ria (1874-1956) e de Silvina Bezerra rio-grandense, em parceria com Gui-
de Faria (1880-1961), Oswaldo La- lherme de Azevedo (Rio: Serviço de
martine de Faria nasceu em Natal, a Informação Agrícola do Ministério
15 de novembro de 1919, a mesma da Agricultura, 1966j2ª ed. Natal:
cidade onde veio a falecer, a 28 de Fundação José Augusto, 1997), En-
março de 2007. Casou-se com Cas- couramento e arreios do vaqueiro no Se-
silda Aranha Soares (1916), que lhe ridó (Natal: Fundação José Augusto,
deu dois filhos, Isadora Silvina Ara- 1969), Sertões do Seridó (Brasília: Se-
nha Lamartine (1945-1972) e Cas- nado Federal, 1980), Ferros de ribei-
siano Oswaldo Aranha Lamartine ras do Rio Grande do Norte (Mossoró:
(1948). Teve uma segunda união Coleção Mossoroense, 1984), Apon-
com Maria de Lourdes Leão Veioso tamentos sobre a faca de ponta (Mos-
da Rocha (1917-1995). Publicou, en- soró: Coleção Mossoroense, 1988) e
tre outros livros, A caça nos sertões do Notas de carregação (Natal: Scriptorin
Seridó (Rio: Serviço de Informação Candinha Bezerra; Fundação Hélio
Agrícola do Ministério da Agricul- Galvão, 2001).

133
UNS FESCENINOS

ü>c<:{:',<)
I~ I ET....RAS NATALENSES
rn
I
. ~::J

1. Zila Mamede em sonhos navegando ensaio


Cláudio Calvão

2. Depois comigo
Napoleào de Paiva Soma

3. O Sétimo livro de elegias


\fárcio de Lima Dantas

4. Consagração e glória - Cartas a João Lyra Filho


Roberto da Silva
5. Vozes e reflexões - Anais do I Encontro Natalense de Escritores
de Brandão,
Vasconcelos, Abimael e outros.

6. Encontros passageiros com pessoas permanentes crônicas


Osair Vasconcelos
7. Poesia (1998 - 2007)
Adriano de Sousa
8. O Reinado de Baltazar - Teatro do João Redondo ensaio
Deífíl0
9. Memórias de Bárbara Cabarrús romance
Nivaldete Ferreira
10. Uns Fesceninos C'UC31,nH

Oswaldo Lamartinc de Faria

Próximas Publicações

Vozes e reflexões - Anais do II Encontro Natalense de Escritores


Luís Fernando Verissimo. Zuenir Ventura, Jaguar,
outros. Organizador: Moacy Cirne
Autobiografia poem,is
Nei Leandro de Castro
Panorama da poesia norte-rio-grandense
Rômulo C. Wanderlev
Velhos Escritos de Jorge Femandes '~':>,':"
111..1n1be1'to c'." j 'C"

Autos do Natal (2005 - 20081 .':


Cirne. "ei te ":'.,', >,~ ,- .. ,~e T,,1'50 Correia de Melo Marize de Castro

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