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TIPOS DE ROMANCE

Estudos Literários

A classificação dos tipos de romances é um tanto confusa pelo simples


fato de dependerem de pontos de vista. Por isso todas são passíveis de
discussão. Nosso objetivo não é discutir o problema, nem os pontos de vista
dos estudiosos do assunto, mas, sim, apresentar os tipos como referenciais
para pesquisas mais profundas. Assim, relaciono abaixo, apenas alguns, de
acordo com o tipo de abordagem (tema principal), conforme pesquisas
feitas em diversas fontes:

1. O Romance Urbano tem como principal característica retratar e criticar


os costumes da sociedade. Daí, historicamente, ser sinônimo de romance
realista, especialmente no século XIX. Um de seus principais representantes
é Thomas Hardy, autor de Judas, o Obscuro (Jude the Obscure, 1896). A
fórmula do romance francês conquistou adeptos importantes em todas as
literaturas e é nesse estilo que o romance urbano chega ao Brasil. Seu
introdutor foi Joaquim Manoel de Macedo, quando em 1844, publica A
Moreninha, um romance adaptado ao nosso cenário, retratando os
costumes, as manias, e as mediocridades da sociedade carioca da época. A
descrição desses costumes (festas e tradições), a caracterização do espaço
urbano, deu a obra também um valor documental. Outros representantes
foram José de Alencar, Senhora, Lucíola; Manuel Antônio de Almeida,
Memórias de um Sargento de Milícias; Érico Veríssimo, Clarissa, Olhai os
Lírios dos Campos; para só citar esses nomes.

2. O Romance Sertanejo ou Regionalista (tipicamente brasileiro) aborda


questões sociais a respeito de determinadas regiões do Brasil, destacando
suas características. Foi a atração pelo pitoresco e o desejo de explorar e
investigar o Brasil do interior, que fizeram os autores românticos se
interessarem pela vida e hábitos das populações que viviam distantes das
cidades. Bernardo Guimarães foi um dos iniciadores do regionalismo
romântico com a publicação de O Ermitão de Muquém (1869), seguido por
Visconde de Taunay e Franklin Távora. Uma safra de bons escritores
continuou a retratar o homem no ambiente das zonas rurais, com seus
problemas geográficos e sociais. Por exemplo: Graciliano Ramos, Rachel de
Queiroz, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Jorge Amado, entre outros.

3. O Romance Histórico surgiu no início do século XIX, e tinha como


característica a reconstrução dos costumes, da fala e das instituições do
passado. Para tanto, servia-se de enredo fictício e a mistura de
personagens históricos e de ficção O primeiro romance histórico da
literatura universal foi Waverley (1814), de Sir Walter Scott; mas o que
serviu de modelo a todos os outros, foi O Coração de Midlothian (The Heart
of Midlothian, 1818) do mesmo autor. O maior de todos os romances
históricos foi Guerra e Paz (Voina i mir, 1869), de Tolstoi. Do romance
histórico derivou-se o subgênero chamado "romance de capa e espada",
cujo mestre foi o francês Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros
(Les Trois Mousquetaires, 1844). No Brasil, foi um dos principais meios
encontrados pelos românticos para a reinterpretação nacionalista de fatos
e personagens da nossa história, numa revalorização e idealização de nosso
passado. Nessa linha, os autores mais importantes são: José de Alencar, As
Minas de Prata, A guerra dos Mascates; Bernardo Guimarães, Lendas e
Romances, Histórias e Tradições da Província de Minas Gerais; Franklin
Távora, O Matuto, Lourenço. Atualmente nosso o romance histórico,
consegue fundir narrativa policial, fatos políticos e abordagem histórica
como em Agosto, de Rubem Fonseca, que expõe os acontecimentos
políticos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio; Olga, de Fernando Morais
que retrata a história da esposa de Luís Carlos Prestes, entregue aos
alemães nazistas pelo governo de Getúlio; para só citar esses.

4. O Romance Indianista traz o índio e os costumes indígenas, como foco


literário. Considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, o índio
era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência,
representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista,
além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. O indianismo
fez de certos romances excelentes documentos históricos. José de Alencar
é o nosso mais representativo autor indianista, como nos provam os dois
melhores romances que escreveu, O Guarani e Iracema (a mais bela lenda
indígena transformada em prosa). Mais modernamente, o indianismo é
visível em Macunaína, de Mário de Andrade; Cobra Norato, de Raul Bopp e
Martin Cerrerê, de Casiano Ricardo.

5. O Romance Psicológico prefere perscrutar e analisar os motivos íntimos


das decisões e indecisões humanas. O primeiro exemplo perfeito do gênero
foi: As ligações Perigosas (Les Liaisons Dangereuses, 1782), de Choderlos
Laclos. Entretanto, o prestígio do romance psicológico só chegou ao auge
por volta de 1880, quando Stendhal foi redescoberto e Dostoievski
traduzido. Deste último, Crime e Castigo (Prestuplenie i Nakazanie, 1866)
é uma das obras-primas do gênero. Na Literatura Brasileira o romance
psicológico tem seu marco inicial com Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Outros romances foram: Perto do Coração Selvagem e Laços de Família, de
Clarice Lispector; São Bernardo, de Graciliano Ramos; A Menina Morta
Cornélio Pena; Crônica da Casa Assassinada, Lúcio Cardoso; entre outros.

6. O Romance Gótico surgiu como uma reação ao racionalismo iluminista


e, ao mesmo tempo, ao aristocratismo. Foi cultivado, sobretudo na
Inglaterra e caracterizou-se pelo vivo interesse na Idade Média: a beleza da
arquitetura gótica, as sociedades secretas, a Inquisição, e os monges.
Geralmente, é ambientado em cenário lúgubre e desolado: conventos,
castelos assombrados, cemitérios. Aborda toda série de horrores, mistérios
terrificantes, torturas etc. A Alemanha produziu um dos mais conhecidos
romances góticos: As Drogas do Diabo (Elixiren des Teufels, 1816) de
Hoffmann. Nos Estados Unidos, o gênero foi representado por Charles
Brockden Brown, que influenciou os contos de horror de Edgar Allan Poe.
Na Inglaterra, Mary Shelley, que escreveu Frankenstein (1818), em que já
aparecem elementos de ficção científica. No Brasil, Álvares de Azevedo
(1831-1852), nos deixou muitos poemas, contos e peças teatrais com
ingredientes que o tornam o mais representativo autor brasileiro da
literatura gótica. A Lira dos Vinte Anos (1853) e a coletânea de contos A
Noite na Taverna (1855), publicados após sua morte, é considerado o que
há de mais gótico na literatura brasileira.
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/374583

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